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Internacional<br />

Maryanne Diamond<br />

Presidente da União Mundial de Cegos<br />

Entrevista: Rodrigo Santos<br />

Tradução: Maria do Rosário Cunha*<br />

“Não será esta crise a impedir-nos<br />

de cumprir o nosso objetivo”<br />

Ao longo do seu percurso já ocupou diversos cargos<br />

em organizações de defesa dos direitos das pessoas<br />

com deficiência. Atualmente é Diretora de Relações<br />

Internacionais e Institucionais da Vision Australia, uma<br />

instituição, sem fins lucrativos, que presta serviços a<br />

pessoas com deficiência visual. Mas até 2012, a<br />

principal prioridade de Maryanne Diamond é a<br />

presidência da União Mundial de Cegos.<br />

Pergunta: Quais são as expetativas da União<br />

Mundial de Cegos relativamente aos Objetivos de<br />

Desenvolvimento do Milénio (ODMs), agora que<br />

estes abrangem questões especificamente<br />

relacionadas com a deficiência?<br />

Resposta: Que todos os Estados garantam ativamente<br />

o cumprimento dos ODMs e incluam as pessoas com<br />

deficiência, em mais do que uma declaração geral de<br />

inclusão. Questões como a educação, a igualdade de<br />

género, a participação no trabalho são temas nucleares<br />

do trabalho da União Mundial de Cegos e estão<br />

espelhadas no nosso Plano de Ação 2009-2012.<br />

P: Atendendo aos objetivos estratégicos definidos<br />

até 2012 pela UMC, quais considera serem as<br />

maiores conquistas que conseguiram atingir até à<br />

data, e quais serão os próximos passos da UMC<br />

para a construção de uma sociedade totalmente<br />

inclusiva?<br />

R: Se nos reportamos ao presente período do<br />

mandato, nós, seguramente, já acedemos à informação<br />

da agenda mundial. Com a nossa proposta de tratado à<br />

WIPO [Organização Mundial da Propriedade<br />

Intelectual] existe um acordo universal sobre a<br />

necessidade de melhorar o acesso à informação por<br />

parte das pessoas cegas. Falta apenas chegar a um<br />

acordo mais detalhado ou encontrar um instrumento<br />

que possibilite torná-lo uma realidade. Com a<br />

“Educação para Todos”, uma iniciativa do ICEVI<br />

[Conselho Internacional para a Educação das Pessoas<br />

com Deficiência Visual] e da UMC, já alcançámos<br />

OUTUBRO | NOVEMBRO | DEZEMBRO | N.0 | 2011 |<br />

4<br />

grandes resultados. Graças a esta iniciativa centenas<br />

de crianças frequentam hoje o sistema de<br />

ensino.Também já colocámos o <strong>Braille</strong> na agenda.<br />

Celebrámos 2009 olhando para trás 200 anos. Com o<br />

Congresso Mundial <strong>Braille</strong>21, celebrámos o braille de<br />

olhos no futuro. O nosso trabalho em colaboração e<br />

parceria com várias organizações tem sido um grande<br />

sucesso para a UMC. O trabalho com os outros é o<br />

garante de que os educamos não só a eles, como a<br />

nós próprios. Um exemplo disto é a constituição da<br />

Vision Alliance. Trata-se do reconhecimento da<br />

importância de questões como a prevenção, tratamento<br />

e reabilitação educacional/funcional.<br />

P: Como encara a UMC o papel de blocos e<br />

parcerias internacionais de associações de<br />

pessoas cegas e amblíopes que partilham a mesma<br />

língua, assim como, a possível constituição de um<br />

grupo de membros da UMC de língua (oficial)<br />

portuguesa?<br />

R: A UMC já integra esses grupos como membro<br />

internacional. Foi constituída a União Francófona de<br />

Cegos e mais recentemente a União Árabe de Cegos.<br />

Pensamos que grupos como estes têm um papel muito<br />

importante a desempenhar, na defesa dos direitos das<br />

pessoas com deficiência visual, e podem apoiar-se<br />

mutuamente, independentemente da sua área<br />

geográfica.<br />

P: Perante os cenários de crise financeira dos<br />

governos, como pensa que estas situações<br />

poderão afetar os direitos das pessoas cegas e<br />

amblíopes? Em geral, pensa que a limitação dos<br />

recursos financeiros constituirá um sério obstáculo<br />

para a prossecução de uma sociedade plenamente<br />

inclusiva?<br />

R: Esta crise financeira teve repercussões a nível<br />

mundial e a União Mundial de Cegos não foi excluída.<br />

Sentimos, tal como muitas outras organizações,<br />

dificuldades em encontrar recursos para desempenhar<br />

o nosso trabalho. Alcançar um mundo plenamente<br />

inclusivo é um objetivo a longo prazo e esta crise não<br />

vai perdurar para sempre no tempo. Por isso, não será<br />

esta crise a impedir-nos de cumprir o nosso objetivo.<br />

Podemos sim atuar de uma forma distinta, temos de<br />

nos tornar mais criativos e inovadores. Ou seja,<br />

encarar o nosso trabalho de uma perspetiva diferente.<br />

P: Quais são, na sua opinião, as prioridades-chave<br />

para os próximos anos para todos os membros da<br />

UMC e para a própria UMC?<br />

R: Desde logo, dotar as pessoas com deficiência visual<br />

de ferramentas necessárias para que possam, elas<br />

próprias, defender os seus direitos (self-advocacy);<br />

oferecer-lhes uma educação de qualidade; promover a<br />

igualdade de acesso ao mercado de trabalho; e<br />

possibilitar a sua participação na comunidade, como<br />

qualquer outro cidadão. LB<br />

* Responsável pelo Departamento de Relações<br />

Internacionais da ACAPO

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