19.04.2013 Views

Pierre Monbeig - SEAD/UEPB - Secretaria de Educação a Distância ...

Pierre Monbeig - SEAD/UEPB - Secretaria de Educação a Distância ...

Pierre Monbeig - SEAD/UEPB - Secretaria de Educação a Distância ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

D I S C I P L I N A<br />

Introdução à Ciência Geográfica<br />

<strong>Pierre</strong> <strong>Monbeig</strong> – O nascimento da<br />

Geografia científica no Brasil<br />

Autores<br />

Aldo Dantas<br />

Tásia Hortêncio <strong>de</strong> Lima Me<strong>de</strong>iros<br />

aula<br />

14


Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio Gran<strong>de</strong> do Norte<br />

Reitor<br />

José Ivonildo do Rêgo<br />

Vice-Reitora<br />

Ângela Maria Paiva Cruz<br />

Secretária <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> a <strong>Distância</strong><br />

Vera Lúcia do Amaral<br />

Coor<strong>de</strong>nadora da Produção dos Materiais<br />

Marta Maria Castanho Almeida Pernambuco<br />

Coor<strong>de</strong>nador <strong>de</strong> Edição<br />

Ary Sergio Braga Olinisky<br />

Projeto Gráfico<br />

Ivana Lima (UFRN)<br />

Revisores <strong>de</strong> Estrutura e Linguagem<br />

Eugenio Tavares Borges (UFRN)<br />

Janio Gustavo Barbosa (UFRN)<br />

Thalyta Mabel Nobre Barbosa (UFRN)<br />

Revisora das Normas da ABNT<br />

Verônica Pinheiro da Silva (UFRN)<br />

Revisoras <strong>de</strong> Língua Portuguesa<br />

Janaina Tomaz Capistrano (UFRN)<br />

Sandra Cristinne Xavier da Câmara (UFRN)<br />

Dantas, Aldo.<br />

Governo Fe<strong>de</strong>ral<br />

Presi<strong>de</strong>nte da República<br />

Luiz Inácio Lula da Silva<br />

Ministro da <strong>Educação</strong><br />

Fernando Haddad<br />

Secretário <strong>de</strong> <strong>Educação</strong> a <strong>Distância</strong> – SEED<br />

Carlos Eduardo Bielschowsky<br />

Divisão <strong>de</strong> Serviços Técnicos<br />

Catalogação da publicação na Fonte. UFRN/Biblioteca Central “Zila Mame<strong>de</strong>”<br />

Universida<strong>de</strong> Estadual da Paraíba<br />

Reitora<br />

Marlene Alves Sousa Luna<br />

Vice-Reitor<br />

Aldo Bezerra Maciel<br />

Coor<strong>de</strong>nadora Institucional <strong>de</strong> Programas Especiais - CIPE<br />

Eliane <strong>de</strong> Moura Silva<br />

Revisor Técnico<br />

Leonardo Chagas da Silva (UFRN)<br />

Revisora Tipográfica<br />

Nourai<strong>de</strong> Queiroz (UFRN)<br />

Ilustradora<br />

Carolina Costa (UFRN)<br />

Editoração <strong>de</strong> Imagens<br />

Adauto Harley (UFRN)<br />

Carolina Costa (UFRN)<br />

Diagramadores<br />

Bruno <strong>de</strong> Souza Melo (UFRN)<br />

Dimetrius <strong>de</strong> Carvalho Ferreira (UFRN)<br />

Ivana Lima (UFRN)<br />

Johann Jean Evangelista <strong>de</strong> Melo (UFRN)<br />

Introdução à ciência geográfica: geografia / Aldo Dantas, Tásia Hortêncio <strong>de</strong> Lima Me<strong>de</strong>iros. –<br />

Natal, RN : EDUFRN, 2008.<br />

176 p.<br />

1. Geografia – Brasil. 2. Geografia - teoria. 3. Geografia científica – Brasil. 4. Socieda<strong>de</strong>.<br />

5. Prática pedagógica. I. Me<strong>de</strong>iros, Tásia Hortência <strong>de</strong> Lima. II. Título.<br />

CDD 910<br />

RN/UF/BCZM 2008/35 CDU 918.1<br />

Copyright © 2008 Todos os direitos reservados. Nenhuma parte <strong>de</strong>ste material po<strong>de</strong> ser utilizada ou reproduzida sem a autorização expressa da<br />

UFRN - Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio Gran<strong>de</strong> do Norte e da <strong>UEPB</strong> - Universida<strong>de</strong> Estadual da Paraíba.


1<br />

2<br />

3<br />

Apresentação<br />

Em 2008, faz 74 anos <strong>de</strong> institucionalização da universida<strong>de</strong> brasileira e também da<br />

Geografia, que teve na Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Filosofia, Ciências e Letras da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

São Paulo o seu embrião. Em seu nascedouro, a Geografia tem a tutela da universida<strong>de</strong><br />

francesa através <strong>de</strong> dois jovens geógrafos: <strong>Pierre</strong> Deffontaines e <strong>Pierre</strong> <strong>Monbeig</strong>. Deffontaines<br />

volta logo para a França, <strong>Monbeig</strong> permanece no Brasil durante 11 anos. É sobre esse<br />

geógrafo e sua obra que trata esta aula, o qual, fiel discípulo da Geografia francesa, recolhe<br />

a concepção <strong>de</strong> “paisagem” do mestre Vidal, no sentido em que a mesma reflete no espaço<br />

uma fisionomia <strong>de</strong> algo essencialmente dinâmico e que se amplia na região, dotada <strong>de</strong><br />

personalida<strong>de</strong>. Entretanto, a sua análise vai mais longe ao acrescentar a esse conceito o<br />

jogo das combinações dos diversos elementos que compõem a paisagem. Consi<strong>de</strong>rando<br />

a multidimensionalida<strong>de</strong> do homem, <strong>Monbeig</strong> agrega ao seu pensamento a dimensão da<br />

cultura. Foi um geógrafo sério, mo<strong>de</strong>sto, mas firme em suas convicções. Nunca se arvorou<br />

revolucionário nem criador <strong>de</strong> “novas geografias”, entretanto, soube muito bem aproveitar o<br />

que <strong>de</strong> essencial havia sido <strong>de</strong>ixado pelos mestres do passado e, em seus trabalhos, soube<br />

introduzir novas propostas.<br />

Objetivos<br />

Compreen<strong>de</strong>r a importância da formação das<br />

Universida<strong>de</strong>s para a institucionalização da<br />

Geografia brasileira.<br />

Enten<strong>de</strong>r como professores estrangeiros contribuíram<br />

para a afirmação da Geografia científica no Brasil.<br />

Perceber a importância <strong>de</strong> <strong>Pierre</strong> <strong>Monbeig</strong> na formação<br />

<strong>de</strong> professores e no <strong>de</strong>senvolvimento da pesquisa<br />

geográfica nacional.<br />

Aula 14 Introdução à Ciência Geográfica 1


2<br />

Aula 14 Introdução à Ciência Geográfica<br />

Notas biográficas<br />

<strong>Pierre</strong> <strong>Monbeig</strong> nasceu no norte da França, em Marissel, em 15 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1908, era<br />

filho <strong>de</strong> professores. Logo cedo foi com os pais para Paris, on<strong>de</strong> passou sua infância<br />

e juventu<strong>de</strong>. Viveu na Paris da Belle Epoque e conviveu com os infortúnios da Primeira<br />

Gran<strong>de</strong> Guerra. Foi nesse período <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s agitações políticas e <strong>de</strong> ameaças sofridas pelo<br />

seu país que realizou seus estudos primários no Liceu Montaigne e o secundário no Luis le<br />

Grand, na capital francesa. Viveu na margem esquerda do rio Sena, conhecendo bem os bairros<br />

<strong>de</strong> Saint Michel e <strong>de</strong> Saint Germain, on<strong>de</strong> havia, nesse período, gran<strong>de</strong> agitação intelectual e<br />

on<strong>de</strong> se situavam as escolas e institutos <strong>de</strong> ensino superior.<br />

Suas inquietações intelectuais <strong>de</strong>s<strong>de</strong> cedo o levaram para os estudos humanísticos. Fez<br />

seus estudos superiores na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Paris. Em 1927, com apenas 19 anos, concluiu o<br />

curso <strong>de</strong> História e Geografia e em 1929 obteve o título <strong>de</strong> “Agregé” (título acadêmico francês<br />

no qual se “agregam” cursos), preparando-se para a carreira <strong>de</strong> professor do ensino superior.<br />

Entre 1929 e 1931 estudou na Escola <strong>de</strong> Autos Estudos Hispânicos, on<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolve<br />

trabalho <strong>de</strong> pós-graduação, o que contribui para o seu <strong>de</strong>sempenho como professor, carreira<br />

que se inicia em 1931 no Liceu Malherbe, em Caen, na Normandia. Com a experiência<br />

adquirida através dos estudos <strong>de</strong>senvolvidos na Espanha e com a ativida<strong>de</strong> do magistério,<br />

<strong>Monbeig</strong> qualifica-se profissional e intelectualmente. Essa qualificação lhe cre<strong>de</strong>ncia para<br />

ser convidado a fazer parte da missão <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s nomes franceses que viriam para o Brasil<br />

trabalhar na recém fundada Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo-USP. Aqui, ele viveria a sua gran<strong>de</strong><br />

aventura intelectual, pois vem para uma Universida<strong>de</strong> que foi a primeira pensada e estruturada<br />

<strong>de</strong> forma mo<strong>de</strong>rna e aberta à formação profissional e intelectual das novas li<strong>de</strong>ranças que<br />

surgiram no Brasil a partir daquele momento.


Contexto geral <strong>de</strong> implantação<br />

da USP e da Geografia<br />

A Revolução <strong>de</strong> Trinta abriu perspectivas <strong>de</strong> expansão e diferenciação da<br />

economia brasileira colocando em xeque as velhas estruturas, entre elas as do<br />

ensino baseadas em faculda<strong>de</strong>s isoladas e com preocupação apenas <strong>de</strong> formação<br />

profissional. As reflexões científicas, o <strong>de</strong>senvolvimento da pesquisa, a procura<br />

<strong>de</strong> novos rumos científicos e sociais vão encontrar guarita nas Universida<strong>de</strong>s,<br />

principalmente a partir das Faculda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Filosofia, Ciências e Letras.<br />

As li<strong>de</strong>ranças paulistas, sobretudo após o insucesso da Revolução <strong>de</strong> 1932,<br />

procuraram implantar as sementes da renovação educacional, visando a uma<br />

transformação mo<strong>de</strong>rnizadora da mentalida<strong>de</strong> e dos objetivos das li<strong>de</strong>ranças<br />

das classes mais favorecidas. Daí a fundação da Universida<strong>de</strong>, no estado<br />

mais rico da fe<strong>de</strong>ração, e a contratação <strong>de</strong> professores estrangeiros para<br />

ministrarem as disciplinas em um país que não dispunha <strong>de</strong> quadros suficientes<br />

e qualificados.<br />

Na nova Universida<strong>de</strong> a disciplina Geografia foi inicialmente confiada a<br />

<strong>Pierre</strong> Deffontaines, geógrafo francês que teve uma gran<strong>de</strong> influência no<br />

<strong>de</strong>senvolvimento do ensino <strong>de</strong>sta disciplina no Brasil e que permaneceria<br />

apenas um anão na Universida<strong>de</strong>, transferindo-se em seguida para o Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro. <strong>Pierre</strong> Deffontaines, brilhante e comunicativo, não só exerceu influência<br />

sobre seus alunos como também, reunindo-se a intelectuais paulistas como<br />

Caio Prado Júnior e Rubens Borba <strong>de</strong> Morais, fundou uma Associação dos<br />

Geógrafos Brasileiros, inicialmente paulista, por atuar apenas naquele estado.<br />

Através <strong>de</strong> viagens, <strong>de</strong> pesquisas e <strong>de</strong> conferências Deffontaines <strong>de</strong>spertou<br />

o interesse pela geografia e preparou o terreno para o trabalho que seria<br />

<strong>de</strong>sempenhado, a partir <strong>de</strong> 1935, por seu colega e compatriota <strong>Pierre</strong> <strong>Monbeig</strong>.<br />

Este chegou a São Paulo muito jovem, com a experiência apenas do ensino<br />

secundário, <strong>de</strong>parando-se com a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> substituir um mestre<br />

bem mais experiente e dinâmico. Não <strong>de</strong>sanimou e continuou o trabalho do<br />

seu antecessor, tendo a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> contribuir para a sistematização e<br />

consolidação da geografia brasileira, por um longo período <strong>de</strong> 11 anos, já que<br />

a Segunda Guerra, rebentando na Europa, forçou-o a permanecer no Brasil,<br />

po<strong>de</strong>ndo consolidar o curso <strong>de</strong> Geografia da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo e<br />

expandir em dimensões nacionais a Associação dos Geógrafos Brasileiros<br />

(ANDRADE,1994).<br />

Aula 14 Introdução à Ciência Geográfica 3


4<br />

Aula 14 Introdução à Ciência Geográfica<br />

A Geografia <strong>de</strong> <strong>Monbeig</strong><br />

A matriz regional<br />

A<br />

Geografia regional, à qual <strong>Monbeig</strong> se vincula, nasce do quadro propiciado pelo Tableau<br />

<strong>de</strong> la Géographie <strong>de</strong> la France (1903), <strong>de</strong> Paul Vidal <strong>de</strong> la Blache e das primeiras teses<br />

<strong>de</strong> doutoramento (Doctorat d’Etat), orientadas por ele mesmo. Essas teses fizeram<br />

gran<strong>de</strong> sucesso entre 1919 e 1945 e correspondiam à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se dar uma dimensão<br />

concreta ao inventário do espaço através <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>scrição minuciosa e tão exaustiva quanto<br />

possível dos fatos observados sobre o terreno.<br />

A Geografia regional “à francesa” retrata perfeitamente a sua época, a <strong>de</strong> uma França<br />

majoritariamente rural e estável, on<strong>de</strong> as regiões parecem imutáveis e congeladas pelo<br />

tempo. A primazia dada à Geografia regional faz com que outros quadros <strong>de</strong> estudo, em<br />

escalas diversas, não sejam <strong>de</strong>senvolvidos pelos geógrafos <strong>de</strong>sse período.<br />

Consi<strong>de</strong>rada como uma individualida<strong>de</strong>, como uma personalida<strong>de</strong> geográfica, como<br />

alguma coisa única, e até mesmo excepcional, a região leva a Geografia a ser vista apenas<br />

como uma disciplina pouco preocupada em fazer generalizações e sem instrumental capaz<br />

<strong>de</strong> agrupar as similitu<strong>de</strong>s espaciais a fim <strong>de</strong> criar princípios gerais.<br />

A França do entre-guerras é um país ainda rural: em 1931, a população rural francesa<br />

representa 49% do conjunto da população do país e apenas 17 cida<strong>de</strong>s ultrapassam os<br />

100.000 habitantes. Com um conjunto <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s pouco extensas e com crescimento lento,<br />

não é espantoso que os geógrafos franceses <strong>de</strong>ssa época tenham <strong>de</strong>senvolvido a Geografia<br />

rural como especialida<strong>de</strong> dominante da Geografia francesa.<br />

Nos anos 1920 e 30, essa Geografia é feita <strong>de</strong> maneira multidirecional: formas <strong>de</strong><br />

utilização do solo, habitat rural, gêneros <strong>de</strong> vida, sistemas <strong>de</strong> cultura etc. Depois, sob a<br />

influência <strong>de</strong> historiadores como Marc Bloch, a análise da formação das paisagens agrárias<br />

vai constituir abordagem central da Geografia rural e abrir a via <strong>de</strong> uma outra especialida<strong>de</strong>:<br />

a Geografia histórica.<br />

Os geógrafos franceses têm o sentimento <strong>de</strong> que dispõem <strong>de</strong> dois instrumentos com<br />

os quais seriam capazes <strong>de</strong> tratar <strong>de</strong> todos os problemas que se po<strong>de</strong> encontrar: a análise<br />

regional, para tomar contato com as realida<strong>de</strong>s em nível mais local e mais mo<strong>de</strong>sto; e a<br />

análise <strong>de</strong> situação, que permite assinalar as relações existentes entre um ponto ou uma<br />

região e os espaços que a cercam.<br />

É com esses instrumentos que eles exploram novos domínios: a Geografia agrária, a<br />

Geografia urbana, a Geografia política e, em certa medida, a Geografia econômica e tropical.


Através da análise <strong>de</strong> situação, a consi<strong>de</strong>ração das dimensões sociais e políticas das<br />

distribuições geográficas progri<strong>de</strong>m, mas sem gran<strong>de</strong>s rupturas. A Segunda Guerra Mundial<br />

constitui uma ruptura essencial. As questões com as quais a socieda<strong>de</strong> francesa se <strong>de</strong>para<br />

passam a ser as da reconstrução do país, da mo<strong>de</strong>rnização <strong>de</strong> uma economia que se retardou<br />

com relação às dos países vizinhos, da <strong>de</strong>scolonização e dos problemas do <strong>de</strong>senvolvimento<br />

do Terceiro Mundo.<br />

A vinda para o Brasil<br />

Como afirmamos anteriormente, <strong>Monbeig</strong>, por sua formação, pertence à geração do<br />

entre-guerras. Ele vem para o Brasil com a bagagem simples que os geógrafos, naquele<br />

momento, sabiam manejar – o trabalho <strong>de</strong> campo, a análise regional, a análise <strong>de</strong> situação<br />

– e aplica esses conhecimentos no intuito <strong>de</strong> conhecer e estudar o Brasil. O tema <strong>de</strong> sua<br />

tese inscreve-se na tradição regional. Ele ensina os jovens geógrafos brasileiros a fazerem<br />

pesquisa <strong>de</strong> campo e tenta compreen<strong>de</strong>r o país analisando sua situação sob o tabuleiro<br />

político e econômico mundial.<br />

Estando no Brasil, <strong>Monbeig</strong> toma consciência dos <strong>de</strong>safios que se colocam à Geografia<br />

mais cedo do que se permanecesse na Europa. Sendo sensível à exigência <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

que se apresenta no Brasil do Estado Novo, ele: mensura o papel das cida<strong>de</strong>s na exploração<br />

do espaço brasileiro e é tocado pela rapi<strong>de</strong>z do <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>sse espaço; percebe que<br />

o instrumento que constitui a análise dos gêneros <strong>de</strong> vida não dá conta do essencial num<br />

país <strong>de</strong> povoamento recente, on<strong>de</strong> a economia está em reconstrução permanente.<br />

Antes da Segunda Guerra Mundial, o método regional quase não havia sido aplicado fora da<br />

Europa e do mundo mediterrâneo, on<strong>de</strong> alguns geógrafos haviam produzido excelentes teses.<br />

Por volta da Segunda Guerra Mundial, dois geógrafos franceses tentam aplicar a<br />

démarche regional no Novo Mundo: <strong>Pierre</strong> <strong>Monbeig</strong>, no Brasil, e Jean Gottmann, nos Estados<br />

Unidos. Virginia at mid-century é o resultado da tentativa <strong>de</strong> Gottmann, que é bastante<br />

consciente das insuficiências dos métodos que havia aprendido na França, um meio tão<br />

industrializado, urbanizado e com economia tão flexível quanto a do lado leste dos Estados<br />

Unidos. Ele continua, pois, a se interessar pela abordagem regional, no sentido mais amplo<br />

do termo aplicado ao Novo Mundo. Publica, então, em 1958, Megalopolis, que é o resultado<br />

<strong>de</strong>ssa reflexão.<br />

<strong>Pierre</strong> <strong>Monbeig</strong> se dá conta muito rapidamente da insuficiência das ferramentas <strong>de</strong><br />

que dispõe e toma emprestado da Geografia americana a idéia <strong>de</strong> front pioneiro, zonas<br />

<strong>de</strong> expansão <strong>de</strong> fronteira agrícola, e constata que ela permite compreen<strong>de</strong>r uma parte da<br />

dinâmica brasileira, mas que o povoamento que caracteriza o front pioneiro é geralmente<br />

apenas provisório.<br />

É através da evidência do papel da re<strong>de</strong> ferroviária – a re<strong>de</strong> ferroviária que ainda<br />

não existia, e começa efetivamente por São Paulo, no Brasil teve papel fundamental para<br />

Aula 14 Introdução à Ciência Geográfica


Aula 14 Introdução à Ciência Geográfica<br />

a circulação <strong>de</strong> pessoas e mercadorias – e das cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> São Paulo, em particular, que<br />

<strong>Monbeig</strong> chega a fazer sentir a especificida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse espaço brasileiro. Ele permanece, em<br />

certo sentido, fiel ao espírito regional, mas apelando para um arsenal <strong>de</strong> métodos que ele<br />

teve <strong>de</strong> improvisar durante sua estada no Brasil.<br />

Trabalho <strong>de</strong> campo e paisagem<br />

Uma das originalida<strong>de</strong>s das geografias da primeira meta<strong>de</strong> do século XX é <strong>de</strong>marcada<br />

pelo trabalho <strong>de</strong> campo.<br />

Em uma época em que os estudos <strong>de</strong> Letras e <strong>de</strong> Ciências Sociais eram exclusivamente<br />

livrescos, o contato com o campo dava à Geografia uma forte especificida<strong>de</strong>. O romancista<br />

Julien Gracq, que era inicialmente – sob seu verda<strong>de</strong>iro nome, Jean Poirier – um geógrafo,<br />

conta com emoção suas primeiras experiências <strong>de</strong> campo, sob a batuta <strong>de</strong> Martonne, por<br />

volta dos anos 1930.<br />

Para geógrafos como <strong>Monbeig</strong>, o campo constituía verda<strong>de</strong>iramente uma das<br />

especificida<strong>de</strong>s essenciais da disciplina. Po<strong>de</strong>ríamos mesmo falar, em relação aos geógrafos<br />

<strong>de</strong> sua geração, <strong>de</strong> uma verda<strong>de</strong>ira mística do campo – não existiria trabalho científico em<br />

Geografia sem trabalho <strong>de</strong> campo. A mística do campo caminhava junto com a da unida<strong>de</strong> da<br />

Geografia. Sobre o terreno, o que a paisagem revela é uma mistura <strong>de</strong> traços físicos, <strong>de</strong> traços<br />

ligados à vida, à vegetação, à vida animal e, numa certa medida, aos solos e às marcas da ação<br />

humana. O geógrafo <strong>de</strong>veria, i<strong>de</strong>almente, ser capaz <strong>de</strong> abordar todos esses aspectos.<br />

<strong>Monbeig</strong> distingue-se dos geógrafos que trabalham então na França pela atenção que<br />

dá ao meio como realida<strong>de</strong> viva. Ele insiste no papel da floresta e no cortejo <strong>de</strong> doenças que<br />

lhe são associadas e sublinha, ainda, os problemas que causa o esgotamento dos solos. É<br />

um dos primeiros a compreen<strong>de</strong>r que, se os geógrafos po<strong>de</strong>m continuar a fazer pesquisa,<br />

ao mesmo tempo, no domínio físico e no domínio humano, eles <strong>de</strong>vem guardar presente no<br />

espírito o papel que o meio tem na vida dos homens.<br />

A exemplo <strong>de</strong> seus mestres e dos geógrafos <strong>de</strong> sua época, <strong>Monbeig</strong> perseguia dois<br />

objetivos: encontrar um “terrain” e ensinar Geografia. Inicialmente, ele acreditava que o seu<br />

“terrain” seria a Espanha, mais especificamente as ilhas Baleares, no entanto, as circunstâncias<br />

o trouxeram ao Brasil, país que lhe abria várias possibilida<strong>de</strong>s para o trabalho <strong>de</strong> campo e para<br />

a implantação <strong>de</strong> uma Geografia “científica” numa Faculda<strong>de</strong> em processo <strong>de</strong> criação.<br />

Não há qualquer dúvida <strong>de</strong> que esse estudioso foi formado na tradição das gran<strong>de</strong>s teses<br />

regionais da Escola Francesa <strong>de</strong> Geografia. No entanto, <strong>de</strong>vemos reconhecer que sua obra<br />

vai além da simples <strong>de</strong>scrição empírica: chega a um nível explicativo geral e constantemente<br />

enriquece a disciplina introduzindo elementos novos para a discussão geográfica, como foi o<br />

caso, em sua tese, da pequena discussão que fez sobre a psicologia ban<strong>de</strong>irante, a qual passou<br />

quase <strong>de</strong>spercebida (ou foi propositadamente <strong>de</strong>ixada <strong>de</strong> lado) pela banca examinadora, o que<br />

provocou certa indignação por parte do examinado. <strong>Monbeig</strong> consi<strong>de</strong>ra que as “atitu<strong>de</strong>s do


espírito” constituem um elemento fundamental e essencial para se compreen<strong>de</strong>r os modos <strong>de</strong><br />

ocupação do espaço e, nesse sentido, <strong>de</strong>vem ser objeto <strong>de</strong> pesquisa na Geografia. Para ele,<br />

os modos <strong>de</strong> pensar e os modos <strong>de</strong> vida caminham juntos, portanto, <strong>de</strong>vem ser estudados<br />

como um par. <strong>Monbeig</strong> escapa, assim, da crítica feita à tradição das monografias regionais,<br />

acusadas <strong>de</strong> negligenciar a interação dos elementos explicativos.<br />

Com o passar do tempo e com a influência que sofre do “terrain” que adota para<br />

<strong>de</strong>senvolver as suas pesquisas, a sua inserção na tradição da Escola Francesa exprime-se<br />

não somente na importância que dá à história como elemento explicativo, mas também pela<br />

<strong>de</strong>scrição minuciosa da paisagem e dos homens, chamando a atenção, principalmente, para<br />

o fato <strong>de</strong> que a caracterização dos tipos e personagens da socieda<strong>de</strong> local é <strong>de</strong> fundamental<br />

importância para a análise geográfica.<br />

Para <strong>Monbeig</strong>, “o campo <strong>de</strong> estudo do geógrafo é a paisagem”. O domínio do geógrafo<br />

é, primeiramente, o que se po<strong>de</strong> ver na superfície da Terra: as rochas, os solos, as águas, o<br />

relevo, os vegetais, os animais, os homens. Mas paisagem é também o que se po<strong>de</strong> sentir:<br />

a atmosfera, os ventos, os cheiros e odores. O geógrafo é aquele que ama viajar, olhar em<br />

torno <strong>de</strong>le mesmo, farejar odores, sentir a atmosfera; é também o homem do “corpo-a-<br />

corpo”, sempre pronto para interrogar as pessoas e para ouvi-las.<br />

Indiscutivelmente, a noção <strong>de</strong> paisagem comporta pontos frágeis. Costuma-se reduzir<br />

a paisagem à análise do visível. Sabemos que algumas realida<strong>de</strong>s escapam à visão, mas<br />

cabe ao geógrafo perceber na paisagem fatos da subjetivida<strong>de</strong> e da cultura, assim como as<br />

estruturas sociais. Para <strong>Monbeig</strong>, a paisagem é o reflexo das civilizações e evolui com estas.<br />

Como a cultura <strong>de</strong> um grupo evolui, sua paisagem também evolui: o mesmo suporte<br />

natural viu suce<strong>de</strong>rem-se paisagens diferentes, sendo cada uma reflexo da civilização<br />

do grupo em dado momento <strong>de</strong> sua história. Assim a paisagem não é mais consi<strong>de</strong>rada<br />

como produto da geologia e do clima, mas como reflexo da técnica agrícola ou industrial,<br />

da estrutura econômica ou social [...] (MONBEIG, 1940, p. 238-239).<br />

O entendimento do autor é <strong>de</strong> que o geógrafo <strong>de</strong>ve <strong>de</strong>senvolver a visão <strong>de</strong> observador<br />

face à paisagem. Essa observação dar-se-ia através da escolha que ele faz entre os<br />

objetos presentes na superfície do globo. Sua atenção <strong>de</strong>ve voltar-se, por exemplo, na<br />

direção daqueles elementos que são bastante gran<strong>de</strong>s para serem claramente visíveis: os<br />

movimentos do terreno, córregos e riachos, rios etc.; ele leva em consi<strong>de</strong>ração as plantas<br />

– mas percebidas em seu conjunto –, estepes, pradarias, florestas, charneca, matagal e<br />

outras formas <strong>de</strong> vegetação silvestre. Uma gran<strong>de</strong> árvore chama sua atenção apenas se<br />

estiver isolada e servir <strong>de</strong> sinal na paisagem. O geógrafo nota as culturas, as fazendas e suas<br />

construções, as vilas e as cida<strong>de</strong>s.<br />

Como sabemos, a especificida<strong>de</strong> da Geografia é caracterizada pela tensão entre as<br />

ciências da natureza e as ciências humanas. A Geografia que se constitui no fim do século<br />

XIX e que é praticada durante cerca <strong>de</strong> 60 anos sob o mo<strong>de</strong>lo da Escola Francesa <strong>de</strong> Geografia<br />

<strong>de</strong>senvolve uma estratégia epistemológica do misto, ou melhor, do entre-dois, da passagem,<br />

entre o físico e o social.<br />

Aula 14 Introdução à Ciência Geográfica


Aula 14 Introdução à Ciência Geográfica<br />

<strong>Monbeig</strong>, sem nenhuma dúvida, enten<strong>de</strong> a Geografia como essa tensão, como esse<br />

misto entre socieda<strong>de</strong> e natureza/entre senso comum e ciência, como é possível perceber<br />

no trecho que segue:<br />

Ver como a paisagem é reflexo da civilização, tal é uma das principais tarefas do<br />

geógrafo; é um trabalho <strong>de</strong> análise que ele precisa fazer para distinguir o que provém<br />

do solo, do clima e também da técnica agrícola, da organização social. A análise da<br />

paisagem apresenta-se como um jogo <strong>de</strong> quebra-cabeças; mas, enquanto o jogo se<br />

torna logo fastidioso, é apaixonante o estudo da paisagem: apaixonante porque nos<br />

põe em contato com a humil<strong>de</strong> tarefa quotidiana e milenar das socieda<strong>de</strong>s humanas; ela<br />

mostra o homem lutando sem cessar para aperfeiçoar-se (MONBEIG, 1940, p. 248).<br />

A prática vidaliana <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong> campo e a incorporação em suas pesquisas mostram<br />

muito bem como o “terrain”, em certa medida, substitui o livro, o texto e, até mesmo, o arquivo<br />

histórico. Ele adquire um valor heurístico fundamental, visto que constitui o substrato no qual<br />

se lê a relação homem/meio, que se torna, a partir do início do século XX, a problemática<br />

explícita da Geografia humana francesa. Des<strong>de</strong> então, as manifestações elementares da vida,<br />

as formas <strong>de</strong> trabalho, dos <strong>de</strong>slocamentos, do habitat, da vestimenta e, mesmo, dos lazeres<br />

são consi<strong>de</strong>radas como sinais das interações entre as socieda<strong>de</strong>s locais e o meio ambiente.<br />

São elementos do “gênero <strong>de</strong> vida”, forma particular <strong>de</strong> uma ecologia específica, que Vidal<br />

transforma em um conceito fundamental da Geografia humana.<br />

Geografia e cultura<br />

A idéia <strong>de</strong> que o papel da Geografia é o <strong>de</strong> localizar, <strong>de</strong>screver e comparar é um lugar<br />

comum da Geografia da época. <strong>Monbeig</strong> retoma isso à sua maneira e incorpora à análise os<br />

elementos da cultura. Dessa maneira, caminha em direção à idéia <strong>de</strong> que a Geografia não<br />

estuda relações <strong>de</strong> causalida<strong>de</strong> simples, mas recíprocas.<br />

De maneira geral, a Geografia francesa, tal qual se <strong>de</strong>senvolveu no início do século<br />

XX, mobilizava instrumentos que se adaptavam bem às realida<strong>de</strong>s do mundo pré-<br />

industrial, mas não eram capazes <strong>de</strong> dar conta <strong>de</strong> formas <strong>de</strong> organização do espaço que<br />

resultavam da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>.<br />

<strong>Monbeig</strong> é sensível aos limites da abordagem regional e do instrumental <strong>de</strong> análise<br />

geográfico da época, o que o leva constantemente a buscar respostas em dimensões<br />

não consi<strong>de</strong>radas pela Geografia vidaliana. Uma <strong>de</strong>ssas buscas é o interesse pelas<br />

questões da cultura.<br />

O interesse pelas dimensões culturais da realida<strong>de</strong> geográfica é tão velho quanto pela<br />

Geografia humana. Na primeira meta<strong>de</strong> do século XX, no entanto, a concepção morfológica<br />

ou naturalista, que prevalecia na disciplina, fazia com que se retivesse da cultura apenas<br />

seus aspectos materiais – lugares <strong>de</strong> culto, em matéria <strong>de</strong> religião, e nada <strong>de</strong> doutrinas, da<br />

fé, das práticas etc. <strong>Monbeig</strong>, aliás, lastima o fato <strong>de</strong> não se levar em consi<strong>de</strong>ração todas as<br />

dimensões da vida religiosa. É um dos aspectos pelos quais ele se mostra o mais mo<strong>de</strong>rno.


A curiosida<strong>de</strong> pelos fatos culturais não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> mover os trabalhos <strong>de</strong>sse homem<br />

<strong>de</strong> ciência e inquieto. Ele parece antecipar o que é idéia dominante hoje: que não há fatos<br />

ecológicos, <strong>de</strong>mográficos, sociais, econômicos, políticos que não estejam situados num<br />

certo contexto cultural. <strong>Monbeig</strong> parece sempre querer construir uma Geografia a partir<br />

<strong>de</strong> pressupostos mais críticos que os <strong>de</strong> seu tempo. A cena geográfica monbeigana não<br />

é concebida como sendo estática; ele a concebe como um feito <strong>de</strong> uma pluralida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

indivíduos cujas trajetórias se inscrevem no espaço. O que se apreen<strong>de</strong> não é a paisagem,<br />

mas uma série <strong>de</strong> paisagens superpostas, uma suce<strong>de</strong>ndo à outra. Para compreen<strong>de</strong>r essas<br />

paisagens, essa realida<strong>de</strong> geográfica, é necessário partir dos dados <strong>de</strong> base, que constituem<br />

os indivíduos (ou agrupamentos) e as trajetórias que eles <strong>de</strong>screvem.<br />

1.<br />

2.<br />

1<br />

2<br />

Ativida<strong>de</strong> 1<br />

Qual o contexto em que se <strong>de</strong>senvolve a Geografia no Brasil e qual a<br />

importância <strong>de</strong> <strong>Pierre</strong> <strong>Monbeig</strong>?<br />

Mostre <strong>de</strong> que maneira a vinda para o Brasil contribui para que<br />

<strong>Monbeig</strong> mu<strong>de</strong> a sua maneira <strong>de</strong> fazer Geografia.<br />

sua resposta<br />

Aula 14 Introdução à Ciência Geográfica


10<br />

Resumo<br />

Aula 14 Introdução à Ciência Geográfica<br />

Leitura complementar<br />

AB’SÁBER, Aziz. <strong>Pierre</strong> <strong>Monbeig</strong>: a herança intelectual <strong>de</strong> um geógrafo. Estudos Avançados,<br />

v. 8, n. 22, p. 221-232, 1994.<br />

Neste artigo, o também geógrafo Aziz Ab’Sáber faz uma gran<strong>de</strong> homenagem póstuma<br />

ao seu mestre <strong>Monbeig</strong>, mostrando como ele era um professor diferenciado e que marcou,<br />

além da Geografia brasileira, a memória <strong>de</strong> seus discípulos: “difícil relembrar a figura do<br />

bom, seguro e inteligente mestre que adotou o Brasil como sua segunda pátria, até o fim<br />

<strong>de</strong> seus dias”. Além da homenagem, Ab’Sáber faz uma retrospectiva que vai da chegada<br />

<strong>de</strong> <strong>Monbeig</strong> ao Brasil, passando por suas ativida<strong>de</strong>s extraclasse, sua carreira acadêmica, o<br />

exemplo que foi como intelectual e sua preocupação com os estudos geográficos no Brasil.<br />

SALGUEIRO, Heliana Angotti (Org.). <strong>Pierre</strong> <strong>Monbeig</strong> e a geografia humana brasileira.<br />

Bauru: EDUSC, 2006.<br />

Coletânea que reúne ensaios <strong>de</strong> historiadores e geógrafos brasileiros e franceses <strong>de</strong><br />

renome internacional em torno da obra <strong>de</strong> <strong>Pierre</strong> <strong>Monbeig</strong>. Os autores realçam o caráter<br />

fundador e antecipatório da obra <strong>de</strong> <strong>Monbeig</strong> que, já em sua época, colocava em evidência<br />

complexos problemas vividos por nós até hoje. Os ensaios trazem ainda inúmeras sugestões<br />

<strong>de</strong> pesquisas.<br />

A aula traz um breve histórico da trajetória pessoal e intelectual <strong>de</strong> <strong>Pierre</strong> <strong>Monbeig</strong>,<br />

mostrando em que contexto este chega ao Brasil; a influência do pensamento<br />

vidaliano em sua formação; e como a sua estada e contato com a Geografia <strong>de</strong><br />

um país em formação – o Brasil – influenciaram a sua forma <strong>de</strong> pensar.


Auto-avaliação<br />

Elabore um pequeno texto sobre a importância <strong>de</strong> <strong>Pierre</strong> <strong>Monbeig</strong> para a<br />

Geografia brasileira, consi<strong>de</strong>rando:<br />

a) que a Geografia no Brasil surge no contexto <strong>de</strong> implantação das universida<strong>de</strong>s na década<br />

<strong>de</strong> 1930, permitindo a vinda da missão francesa para a estruturação acadêmica das<br />

mesmas;<br />

b) que, no caso específico da Geografia, a vinda <strong>de</strong> <strong>Pierre</strong> <strong>Monbeig</strong> é um marco;<br />

c) que é fundamental enten<strong>de</strong>r que esse geógrafo é filho da Escola Francesa <strong>de</strong> Geografia e traz<br />

consigo uma bagagem intelectual calcada no pensamento <strong>de</strong> Paul Vidal <strong>de</strong> la Blache (veja as<br />

aulas 10 – A Geografia vidaliana e o seu contexto – e 11 – A abordagem regional vidaliana),<br />

mas que ao chegar ao Brasil percebe a insuficiência <strong>de</strong>ssa abordagem e, embasado em<br />

largo trabalho <strong>de</strong> campo, cria novos conceitos para dar conta da nova realida<strong>de</strong>.<br />

Referências<br />

ANDRADE, Manuel Correia <strong>de</strong>. <strong>Pierre</strong> <strong>Monbeig</strong> e o pensamento geográfico no Brasil. Boletim<br />

Paulista <strong>de</strong> Geografia, n. 72, p. 63-82, 1994.<br />

DANTAS, Aldo. <strong>Pierre</strong> <strong>Monbeig</strong>: um marco da geografia brasileira. Porto Alegre: Sulina, 2005.<br />

MONBEIG, <strong>Pierre</strong>. Ensaios <strong>de</strong> geografia humana brasileira. São Paulo: Livraria Martins, 1940.<br />

Aula 14 Introdução à Ciência Geográfica 11


12<br />

Anotações<br />

Aula 14 Introdução à Ciência Geográfica


Introdução à Ciência Geográfica – GEOGRAFIA<br />

Ementa<br />

A construção do conhecimento geográfico. A institucionalização da geografia como ciência. As escolas do<br />

pensamento geográfico. A relação socieda<strong>de</strong>/natureza na ciência geográfica. O pensamento geográfico e seu<br />

reflexo no ensino. A geografia brasileira. Ativida<strong>de</strong>s práticas voltadas para a aplicação no ensino.<br />

Autores<br />

n Aldo Dantas<br />

n Tásia Hortêncio <strong>de</strong> Lima Me<strong>de</strong>iros<br />

Aulas<br />

01 O saber geográfico<br />

02 A ação humana<br />

03 A Geografia na Antiguida<strong>de</strong><br />

04 A Geografia na Ida<strong>de</strong> Média<br />

05 Os tempos mo<strong>de</strong>rnos<br />

06 Espaço e mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong><br />

07 A institucionalização da Geografia<br />

08 A Geografia <strong>de</strong> Humboldt e Ritter<br />

09 A Geografia ratzeliana e seu contexto<br />

10 A Geografia vidaliana e o seu contexto<br />

11 A abordagem regional vidaliana<br />

12 Os movimentos <strong>de</strong> renovação<br />

13 A institucionalização da Geografia no Brasil<br />

14 O nascimento da Geografia científica no Brasil<br />

15 Milton Santos: o filósofo da técnica<br />

1º Semestre <strong>de</strong> 200 Impresso por: Texform Gráfica

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!