click to download - Bad Books don't E-zine! - Bad Books Don't Exist!
click to download - Bad Books don't E-zine! - Bad Books Don't Exist!
click to download - Bad Books don't E-zine! - Bad Books Don't Exist!
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Duas Conchas<br />
Não havia ven<strong>to</strong>, não havia ondas, nem uma brisa se sentia naquele recan<strong>to</strong> de mundo a que<br />
alguém um dia chamou de praia.<br />
Era cedo, mui<strong>to</strong> cedo, a manhã estava com um céu azul tão brilhante que o mar sentia-se<br />
envergonhado por naquele dia não ter semelhante cor, e ao mesmo tempo sentia-se<br />
protegido... mas não aquela concha que nessa manhã deu à praia (vamos chamar-lhe de A) .<br />
Não estava só ... lá ao longe outra concha (a que vamos chamar de G) vislumbrava aquele<br />
acontecimen<strong>to</strong> ... a chegada de mais uma concha àquela praia .<br />
Todos os anos este invulgar even<strong>to</strong> ocorria, este ano pertencia a A e a G .<br />
Elas (as conchas) eram lançadas no al<strong>to</strong> mar por alguém ( a que vamos chamar de destino) e<br />
as duas primeiras conchas a alcançar aquele aglomerado de <strong>to</strong>rrões de terra, viviam para<br />
sempre felizes . Mas desta vez e infelizmente as coisas não acabavam com um final feliz ...<br />
não desta vez .<br />
Para G era a primeira vez que acontecia esta aventura ... para A ... também .<br />
Contudo não seria a primeira vez que aquelas conchas se encontravam ... aquele olhar<br />
trocado entre ambas dizia tudo ... de certeza que em outra realidade já teriam partilhado<br />
confidências .<br />
Este dia foi marcado por alegrias mil entre as duas conchas . Foi um dia de sussurros, de<br />
brincadeiras, de alegria partilhada, de maneiras iguais de ver o mundo e até várias cusquices<br />
sobre ele e sobre a vida (a curta vida delas) . G transbordava de alegria, tanta ... tanta que<br />
poderia o mundo acabar ali aos seus pés que ele viveria para sempre feliz para onde quer que<br />
fosse.<br />
O dia passou num ápice (rápido demais mesmo ...) e G reparou que A estava quase<br />
desfalecida, o longo caminho percorrido até alcançar aquela praia era a razão.<br />
G na sua simplicidade/cortesia, segurou em A e delicadamente dei<strong>to</strong>u-a num lei<strong>to</strong> de algas<br />
verdes (construídas por si) ... umas lindas algas verdes que davam cor de esperança aquele<br />
lugar.<br />
Passaram-se vários dias e A não melhorava .<br />
O dia de G era preenchido a tentar animar aquela outra concha .<br />
Ele contava histórias, desenhava na areia lindas figuras só para a animar, procurava os<br />
melhores raios de sol para aquecê-la e quando ficavam fortes demais ... procurava a melhor<br />
sombra .<br />
The Pickwick Society - vol. I Pág. 32 de 117