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Diversidade Sexual na Escola - Notícias

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A Han<strong>na</strong>h tinha a minha guarda e foi um sacrifício ela conseguir<br />

me colocar <strong>na</strong> escola. No começo foi uma maravilha. No fi<strong>na</strong>l do<br />

ano eu estava organizando a festa de Dia das Bruxas, e dei meu telefone<br />

para todos os colegas da turma. No dia seguinte alguns pais<br />

começaram a me ligar e me ofender no telefone, dizer que era<br />

uma perversão... Fiquei em pânico. Não teve festa. Um dia cheguei<br />

<strong>na</strong> escola, quando ia entrar pelo portão um pai me puxou e falou<br />

que eu não podia entrar, eu era uma anomalia. Veio um monte de<br />

pai, mãe e aluno fazer isso também. Daquele dia em diante eu<br />

nunca mais voltei pra escola.<br />

Jovem transexual<br />

Um professor questionou a sexualidade da<br />

alu<strong>na</strong> em reunião de pais e filhos. A mãe<br />

pegou a meni<strong>na</strong> pela garganta <strong>na</strong> frente de<br />

todo mundo. Aquilo me apavorou.<br />

Professora Já tivemos casos aqui <strong>na</strong> escola, e<br />

o grande problema não é conosco,<br />

professores. A gente ficava muito<br />

espantado – tatuagem, roupa curta...<br />

Agredia. E os professores conversavam<br />

com ele para fazer algo mais <strong>na</strong>tural.<br />

Mas os alunos não aceitavam,<br />

e ele acabou se afastando da escola,<br />

acho que nem estuda mais.<br />

Professora<br />

Eu fiz um trabalho de educação ambiental<br />

onde a gente buscava os alunos <strong>na</strong>s escolas,<br />

levava pro núcleo, lanchava e ia pro campo.<br />

Tava num ônibus com uma turma, aquela zo<strong>na</strong><br />

de sempre. Tinha um menino efemi<strong>na</strong>do, e<br />

nenhum aluno discrimi<strong>na</strong>va, era o xodozinho<br />

da turma. O professor da turma começou<br />

a gritar mais alto que os outros pra ele “ô<br />

homo, ô homo, senta aí homo sapiens”.<br />

Professora<br />

Mas aí a gente já teve até aqui <strong>na</strong> escola e viu que não é bom mesmo<br />

[ter alunos homossexuais]. Porque o menino dava sempre em<br />

cima dos caras e os caras batiam nele. Aí ficava a maior bagunça.<br />

Então era melhor que não tivesse. Ficava a maior pancadaria. Os<br />

alunos não sabem lidar. Que pe<strong>na</strong> que foi tirado da escola, porque<br />

eu havia conseguido que ele se comportasse melhor...<br />

Professor<br />

Há pessoas hoje que dizem que<br />

o preconceito contra homossexuais<br />

diminuiu muito e quase não existe<br />

mais. Será? Sem dúvida os homossexuais<br />

estão mais visíveis hoje do<br />

que há cinqüenta anos, mas isso<br />

diminuiu a violência contra esse<br />

grupo?<br />

Uma pesquisa realizada pelo<br />

IBOPE revelou que 56% dos entrevistados<br />

mudariam sua conduta<br />

com o colega de trabalho se soubessem<br />

que ele é homossexual. Um<br />

em cada cinco se afastaria e passaria<br />

a evitá-lo. 36% deixariam de<br />

contratar um homossexual para um<br />

cargo em sua empresa, mesmo que<br />

ele fosse o mais qualificado entre<br />

os pretendentes ao cargo. 45% trocariam<br />

de médico se descobrissem<br />

que ele é gay. 79% ficariam tristes<br />

se tivessem um filho homossexual.<br />

8% seriam capazes de castigá-lo.<br />

62% dos entrevistados acham que o<br />

pai deve tentar convencer seu filho<br />

a mudar de condição quando descobre<br />

que é homossexual.<br />

Na 8ª série, fui chorando pra direção por causa<br />

da perseguição dos alunos. A diretora me incentivou,<br />

disse que era um bom aluno. Eu não desisti<br />

de estudar, mas mudei de escola.<br />

Jovem gay<br />

Esse preconceito se reflete também<br />

em atos, que vão do cotidiano<br />

constrangimento e desrespeito à<br />

violência mais extrema. Anualmente,<br />

aumenta o número de gays assassi<strong>na</strong>dos<br />

no Brasil. Não estamos<br />

falando de crimes comuns, mas de<br />

crimes cuja maior motivação é o<br />

ódio contra homossexuais. Segundo<br />

levantamento do Grupo Gay da<br />

Bahia, nos últimos 25 anos aconteceram<br />

cerca de 2.600 assassi<strong>na</strong>tos<br />

de gays, lésbicas e travestis no<br />

Brasil, contabilizando mais de cem<br />

mortes por ano. Isso significa que,<br />

a cada três dias, um homossexual é<br />

assassi<strong>na</strong>do no Brasil.<br />

SEXISMO E HOMOFOBIA NA ESCOLA<br />

Na escola, os preconceitos e<br />

os atos de discrimi<strong>na</strong>ção contra<br />

homossexuais muitas vezes são <strong>na</strong>turalizados<br />

e ba<strong>na</strong>lizados. Os próprios<br />

educadores não consideram

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