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o lince 01 - Jornal O Lince

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Aparecida, 20 de junho de 2008<br />

NOVA NOVA FASE FASE - - ANO ANO 2 - - Nº Nº 1 118<br />

1 - - 20 20 de de junho junho de de 200 2008 200 - - APARECIDA-SP<br />

APARECIDA-SP<br />

Fundado em 20 de outubro de 1969<br />

DIRETOR FUNDADOR: Benedicto Lourenço Barbosa<br />

Tem Tem o o que que le ler le<br />

.................................................................................................................................<br />

...................................................................................................................................................................................................<br />

Educação Educação m mmusical<br />

m usical poderá poderá r rretor<br />

r etor etornar etor nar<br />

ao ao cur currículo cur rículo escolar<br />

escolar<br />

O PROJETO de Lei 2732/2008,<br />

com relatoria do Deputado Frank Aguiar,<br />

que determina a obrigatoriedade do ensino<br />

musical na educação básica, foi aprovado<br />

dia 28 de maio, ao meio-dia, por<br />

unanimidade, pela Comissão da Educação,<br />

Cultura e Desporto da Câmara dos<br />

Deputados. Para ter valor de lei, falta apenas<br />

a votação na Comissão de Constituição<br />

e Justiça. A votação foi acompanha-<br />

da pelo Grupo de Articulação Parlamentar<br />

Pró-Música (GAP), que é formado por<br />

86 entidades, como universidades, associações<br />

e cooperativas de músicos. O<br />

Projeto de Lei é fruto de uma mobilização<br />

desse grupo.<br />

O Projeto, originado no Senado sob o<br />

número 330/2006, é de autoria de<br />

Roseana Sarney (PMDB-MA) e relatoria<br />

de Marisa Serrano (PSDB-MT). Contou<br />

também com o apoio da Comissão de<br />

Educação, através dos senadores Roberto<br />

Saturnino, Sérgio Zambiasi, Romeu Tuma,<br />

Cristóvam Buarque, Juvêncio da Fonseca<br />

e Leonel Pavan. A aprovação no Senado<br />

também foi unânime.<br />

O ensino de música nas escolas foi<br />

Confira o texto da relatoria clicando o link:<br />

http://www.queroeducacaomusicalnaescola.com/relatorio_frank.pdf<br />

Cor Coral Cor al Educanto Educanto se se pr prepar pr par para par a par para par a lançar lançar CD<br />

CD<br />

O CORAL Municipal Educanto<br />

é uma das mais louváveis e bem sucedidas<br />

iniciativas da atual administração<br />

municipal de Aparecida.<br />

Idealizado pelo prefeito José Luiz<br />

Rodrigues, o Coral Educanto tornou-se<br />

realidade a partir da iniciativa da Professora<br />

Therezinha Amaral Rocha de<br />

Moraes, Diretora de Educação e Cultura,<br />

que, no início de 2002, resolveu<br />

encampar um projeto educacional voltado<br />

para a formação musical de crianças<br />

e jovens do município através do<br />

canto coral.<br />

Desde então, centenas de crianças e<br />

jovens tiveram a oportunidade de iniciarem-se<br />

musicalmente. Muitos deles ficaram<br />

no aprendizado elementar, naquilo<br />

que se poderia chamar de alfabetização<br />

musical. O que é um feito significativo<br />

quando se fala em formação geral<br />

do cidadão num país que aboliu o ensino<br />

musical há quase quarenta anos. Alguns<br />

outros, porém, permaneceram e,<br />

hoje, compõem um grupo coeso e afina-<br />

w w w . j o r n a l o l i n c e . c o m . b r<br />

Madrigal Madrigal do do Coral Coral Coral Educanto Educanto em em estúdio estúdio estúdio de de gravação<br />

gravação<br />

gravação<br />

do que se prepara para gravar o seu primeiro<br />

CD.<br />

São quase vinte jovens talentos com<br />

a emoção à flor da pele e prontos para<br />

cantar sob a regência da competentíssima<br />

Nair Antunes Cavaterra, acompanhada<br />

pelos exímios pianistas<br />

Anderson e Idazil Peixoto.<br />

Um pequeno estúdio foi montado e<br />

as primeiras músicas já estão sendo gravadas.<br />

Uma experiência estimulante<br />

para uma moçada que demonstra uma<br />

paixão enorme pela arte de Euterpe.<br />

Paixão demonstrada na dedicação aos<br />

ensaios e às gravações, na busca pelo<br />

fazer correto, no desejo de sempre retomar<br />

quando se percebe que ainda se<br />

pode melhorar um pouco, na vontade<br />

de dar ao ouvinte aquilo que cada um<br />

pode expressar como o máximo de sua<br />

voz e de seu aprendizado, enfim, permitir,<br />

através de suas vozes, que a música<br />

cumpra o desígnio para o qual foi criada:<br />

produzir o encantamento.<br />

O projeto do CD prevê também a<br />

gravação de algumas músicas de compositores<br />

aparecidenses e a presença<br />

de alguns cantores convidados pertencentes<br />

a outros e áureos tempos da<br />

música local.<br />

A previsão de lançamento, ainda sem<br />

data marcada, é ainda para este ano. Talvez<br />

durante as comemorações dos 80<br />

Nossas Nossas Origens Origens 3<br />

3<br />

O LIVRO que encerra a<br />

trilogia "Nossas Origens", de autoria<br />

do prof. Benedicto Lourenço Barbosa,<br />

está no prelo e será lançado em<br />

breve. O volume três traz documentos<br />

e informações inéditas a respeito<br />

do período compreendido entre<br />

1891, quando Aparecida foi elevada<br />

à condição de distrito, até 1945, data<br />

que marca o bicentenário de inaugu-<br />

retirado do currículo na década de 1970.<br />

Com seu retorno, a idéia não é formar<br />

músicos profissionais, mas sim permitir<br />

que as crianças e jovens usufruam dos<br />

benefícios que esse ensino pode trazer<br />

para o seu desenvolvimento e a sociabilidade.<br />

anos de emancipação político-administrativa<br />

de Aparecida, em dezembro.<br />

Outras 145 crianças participam do<br />

projeto "Música com Energia" (nome<br />

recebido por contar com o apoio da<br />

Empresa Bandeirante de Energia S.A.)<br />

através de grupos menores formados em<br />

várias escolas da cidade.<br />

Pr Prof Pr of ofessor of essor essora essor a Glória Glória e e alunos alunos da da AP APAE AP AE de de Guar Guaratinguetá<br />

Guar tinguetá<br />

ração da "Cappella d'Apparecida"<br />

construída a mando do Padre José<br />

Alves Vilela.<br />

Por ocasião do lançamento oficial,<br />

uma novidade será apresentada ao<br />

público leitor: um estojo contendo<br />

os três volumes da coleção. A pedido<br />

do autor, o estojo foi especialmente<br />

confeccionado pelos alunos da Oficina<br />

da APAE de Guaratinguetá.<br />

...................................................................................................................................................................................................<br />

11


E DITORIAL<br />

DITORIAL<br />

Há dez anos, um relatório publicado<br />

pela UNESCO estimava que seriam necessários<br />

cerca de 6 bilhões de dólares<br />

para promover a escolarização de todas<br />

as crianças do Planeta, ou seja, atender,<br />

por completo, a demanda por educação<br />

básica em todos os países do mundo; US$<br />

9 bilhões para assegurar água potável e<br />

saneamento para todo o globo e US$ 13<br />

bilhões seriam suficientes para resolver<br />

os problemas básicos de saúde e nutrição<br />

do planeta azul. Em resumo, 30 bilhões<br />

de dólares seriam mais que suficientes<br />

para resolver questões básicas que ainda<br />

afligem países e povos em toda a epiderme<br />

terrestre.<br />

Esses números seriam expressivos se<br />

não tivéssemos dados de comparação que<br />

os tornam relativamente insignificantes<br />

diante dos patéticos - porque não dizer<br />

ridículos - gastos efetuados com coisas absolutamente<br />

supérfluas se confrontadas<br />

com algumas dessas necessidades básicas<br />

da humanidade.<br />

Algumas cifras publicadas na mesma<br />

época apontam que somente nos Estados<br />

Unidos, US$ 8 bilhões eram gastos com<br />

cosméticos, afinal os estadunidenses,<br />

como certo escritor brasileiro, devem constantemente<br />

desculparem-se com as feias<br />

diante da "tão fundamental beleza"; na<br />

Europa, US$ 11 bilhões são "deliciosamente"<br />

aplicados em sorvete e US$ 17<br />

bilhões "generosamente" gastos em ração<br />

para animais de estimação (afinal, já disse<br />

um certo Ministro brasileiro, animal<br />

também é gente!). E não podemos nos<br />

esquecer dos US$ 50 bilhões para cigarros<br />

(somente na Europa), dos US$ 400<br />

bilhões para narcóticos, e dos US$ 780<br />

bilhões para gastos militares no mundo.<br />

Enquanto, no mundo, 11 milhões de<br />

crianças, por motivos insignificantes,<br />

morriam e continuam a morrer, anualmente,<br />

e outras quinhentas mil ficam cegas<br />

por falta de vitamina A, gastam-se 435<br />

bilhões de dólares com publicidade.<br />

A mesma UNESCO - e no mesmo relatório<br />

- constatou, nos países subdesenvolvidos,<br />

um investimento médio na educação<br />

básica de cerca de 260 dólares por<br />

aluno/ano. Quase dez vezes menos do que<br />

aquilo que os países desenvolvidos apresentam<br />

como média de investimento, ou<br />

PROJETO GRÁFICO: Marco Antônio Santos Reis<br />

REVISÃO: Heloísa Helena Arneiro Lourenço Barbosa<br />

JORNALISTA RESPONSÁVEL: Rita de Cássia Corrêa (MTB 26.190/SP)<br />

IMPRESSÃO: Gráfica e Editora Santuário<br />

TIRAGEM: 3000 exemplares - Distribuição Gratuita<br />

Os artigos assinados são de exclusiva responsabilidade de seus autores.<br />

Registro no Oficial de Registro de Imóveis, Títulos e Documentos e Civil<br />

de Pessoa Jurídica - Comarca de Guaratinguetá - SP,<br />

sob nº 26, fls. 17 do livro B-1.<br />

22<br />

Quanto vale a Educação?<br />

Alexandre Marcos Lourenço Barbosa<br />

seja, mais de 2.400 dólares/ano por<br />

aluno.<br />

Realmente, a escala de valores hoje<br />

predominante é irrepreensível quando<br />

o assunto é a manutenção de privilégios<br />

e a promoção da desigualdade. Assim se<br />

manifesta o triunfo da ordem capitalista<br />

no mundo globalizado. Triunfo provisório<br />

é bem verdade, ideologicamente<br />

sustentado, também é claro, mas enquanto<br />

perdura, ceifa vidas e amolga<br />

sonhos.<br />

As coisas mudaram quase nada nestes<br />

últimos 10 anos, não obstante a existência<br />

de recursos financeiros globais e<br />

os planos decenais de educação estabelecidos<br />

em vários países, inclusive no<br />

Brasil. Onde estaria, então, o foco da ineficiência<br />

do sistema educacional brasileiro<br />

para fazer destravar certas engrenagens<br />

que insistem em permanecerem<br />

emperradas? Por que a educação brasileira<br />

não avança ou, quando avança, o<br />

faz timidamente?<br />

Com o intuito de contribuir para o<br />

debate, O <strong>Lince</strong>, nesta edição, traz uma<br />

entrevista especial com o senador<br />

paulista Aloízio Mercadante, do PT, tratando<br />

exclusivamente da educação pública<br />

no Brasil e, em particular, no Estado<br />

de São Paulo, unidade da federação<br />

recentemente apontada pelo Ministério<br />

da Educação por descumprir a determinação<br />

constitucional de investimentos<br />

mínimos percentuais no setor.<br />

Crítico contumaz dos rumos<br />

adotados pelo governo paulista sob a<br />

bandeira tucana, a quem não poupa restrições,<br />

Mercadante, entretanto, se preserva<br />

otimista quanto ao futuro da educação<br />

brasileira nos próximos anos vinculando<br />

a melhoria do sistema educacional<br />

ao crescimento econômico do país,<br />

condição necessária, segundo ele, para<br />

a ampliação dos investimentos públicos<br />

em educação e sua conseqüente<br />

melhoria.<br />

Saiba mais sobre educação e desenvolvimento<br />

no Brasil e no Mundo lendo<br />

"Tecnologias do Conhecimento - Os desafios<br />

da educação" (Ed. Vozes), do economista<br />

Ladislau Dowbor ou acessando<br />

o site oficial do Banco Mundial:<br />

www.worldbank.org<br />

PROPRIETÁRIO:<br />

Alexandre Marcos Lourenço Barbosa<br />

ENDEREÇO: Rua Alfredo Penido, 1<strong>01</strong><br />

Tel.: (12) 9138-5576 — redacao@jornalo<strong>lince</strong>.com.br<br />

ÁGORA GORA<br />

DAR BOM-DIA é uma boa maneira<br />

de demonstrar respeito pelas pessoas. Faz bem para<br />

quem dá e para quem recebe.<br />

Pode ser uma simples inclinação de cabeça, como<br />

fazem os orientais ou um beijo na face como faziam<br />

os primeiros cristãos e fazem árabes e italianos,<br />

mesmo entre os homens. Na Rússia, o beijo na<br />

boca, também entre homens, é a saudação mais<br />

usual, me contou o Andrei que achou um pouco<br />

estranho esse costume quando foi visitar os parentes<br />

que moram lá.<br />

É muito chato não receber de volta o bom-dia<br />

que se deseja a alguém. Acho que quem não dá<br />

bom-dia, também não cuida do meio ambiente. É<br />

uma tese que venho estudando. É antiga e já pude<br />

comprová-la diversas vezes. Você também pode comprovar,<br />

é só reparar no cara que rasga aquela fitinha<br />

do maço de cigarros e joga na rua, tira o último<br />

cigarro da carteira, amassa e também joga na rua.<br />

Repare naquele outro que desenrola a bala e atira o<br />

papel em qualquer lugar, menos no cesto de lixo.<br />

Nas viagens, preste atenção naquela turma que joga<br />

latinha de cerveja na estrada, pela janela do carro. Sei<br />

que é um imbecil que atira a latinha, mas a impressão<br />

é de que todos que estão no carro também são<br />

porcos. Observe o fumante que esmaga, no chão, a<br />

bita de cigarro como se fosse a coisa mais natural do<br />

mundo. Experimente cumprimentar essa gente para<br />

ver se comprova a minha tese. Gente porca não dá<br />

bom-dia.<br />

Outro dia, passava, de manhã, pela rua mais<br />

chique de São Paulo, a Oscar Freire, caminho meu<br />

para o trabalho. De dentro de uma loja chiquérrima,<br />

saiu um sujeito de terno preto com uma bolota de<br />

papel na mão. Falei: "bom-dia!" É claro, ele não só<br />

não respondeu como atirou a bolota longe, no meio<br />

da rua. Fiquei desconcertado. Lembrei da Laila, minha<br />

cachorrinha, que faz cocô na grama do jardim.<br />

DO O LEITOR<br />

LEITOR<br />

Bom-dia!<br />

Getúlio Martins<br />

Só que ela depois raspa, com as patas, a grama para<br />

esconder o cocô, parece que fica com vergonha. O<br />

homem de terno nem isso.<br />

No mês de maio, ganhei experiências duas vezes,<br />

ao aceitar os convites para falar para adolescentes<br />

do Programa Jovem Parceiro, na Ericsson, em<br />

São Paulo, e para crianças e adolescentes do Projeto<br />

São Geraldo patrocinado pelos Redentoristas, no<br />

Potim. O assunto era Meio Ambiente. Fiquei comovido<br />

com a participação da moçada. Eles têm<br />

interesse de verdade pelo tema. Saí convencido de<br />

que as gerações futuras vão cuidar melhor do meio<br />

ambiente do que a minha geração e as passadas<br />

cuidaram. Eles têm consciência da importância: das<br />

árvores; da reciclagem; da economia de água e energia<br />

elétrica; de lavar a caixa d'água das casas; do<br />

cuidado com os animais; da limpeza das ruas, calçadas<br />

e margem dos córregos; do tratamento dos esgotos;<br />

do uso da bicicleta, ou da caminhada, ao<br />

invés do automóvel em deslocamentos curtos; do<br />

respeito com os idosos; do controle do barulho; dos<br />

prejuízos ambientais provocados pelas queimadas;<br />

e do consumo consciente.<br />

Eles disseram mais coisas importantes para<br />

melhorar ou preservar o nosso planeta. Não consigo<br />

me lembrar de tudo agora.<br />

No final, cada criança e adolescente escolheu<br />

duas ações que pode fazer, sem depender de ninguém,<br />

para compensar o desprezo dos adultos que<br />

até agora não souberam lidar com a natureza.<br />

Ficar inconformado quando se ouve notícias<br />

de degradação ambiental é bom sinal, mas ajuda<br />

mais quem toma atitude e faz alguma coisa. Das<br />

idéias das crianças e adolescentes você também pode<br />

escolher duas para realizar todos os dias, nem que<br />

seja só um: bom-dia!<br />

Getúlio Martins é doutor em Saúde Pública<br />

pela Universidade de São Paulo<br />

Por trás das cortinas<br />

Luiz Célio Gomes Filho, de Londres<br />

A ECONOMIA é fascinante como<br />

parte da história. Depois do texto "Em tempos de<br />

tempestade, quem planta colhe", podemos ver o<br />

mercado adaptando-se ao novo rumo financeiro<br />

que o Brasil vem tomando. Tendo passado por uma<br />

crise internacional, com alguns arranhões, a Bovespa<br />

bateu seu 10º recorde no dia 20 de Maio. Já as bolsas<br />

Asiáticas, Européias e Americanas caíram depois de<br />

um aumento no preço do barril de petróleo.<br />

As ações da Petrobrás tiveram uma grande atuação<br />

no mercado financeiro, pois essas ações ajudaram<br />

a Bovespa a manter o equilíbrio. A Petrobrás é<br />

uma das poucas empresas petrolíferas que lucra<br />

quando o preço do petróleo cai e também é cautelosa<br />

quanto à quantidade de petróleo que exporta,<br />

para que não falte petróleo no Brasil.<br />

No dia seguinte, a Bolsa de Valores caiu 1,66%<br />

e não foi pior por conta das ações da Petrobrás.<br />

Não podemos esperar um tipo de mercado nacional<br />

financeiro fechado, como um dia já foi o<br />

sonho Americano.<br />

Os Estados Unidos já não são mais perfeitos<br />

como no passado. Com essa desaceleração no mercado<br />

de construção, há mais de dois anos, o recesso<br />

do mercado Americano ainda não teve fim e, com<br />

isso, o efeito colateral sofrido por outros países.<br />

Essa é a parte da economia que o Brasil não tem<br />

controle. Mas graças à política econômica mais estável,<br />

agora, podemos ter uma segurança maior.<br />

Por conta das grandes empresas brasileiras de<br />

matéria-prima que têm um corpo financeiro melhor<br />

estruturado, fomos capazes de atingir um título<br />

de país seguro para investimentos, concedido ao<br />

Brasil entre os meses de abril e maio de 2008. Duas<br />

agências de avaliação de risco concederam o grau de<br />

investimento ao país, afirma uma reportagem<br />

publicada pelo jornal britânico "Financial Times".<br />

Essas empresas estão fortemente presentes no<br />

rumo das conseqüências do mercado econômico<br />

nacional. Alguns dos negócios fechados com estas<br />

empresas, muitas vezes, são mantidos em sigilo até<br />

a consolidação do negócio. Por exemplo, no dia 22<br />

de maio do corrente ano, a Gerdau comprou 29%<br />

do capital da Villares.<br />

As ações das duas caíram no primeiro dia. A<br />

Villares é hoje a maior produtora de aços especiais<br />

para construção mecânica da América Latina e a<br />

terceira maior produtora mundial de cilindros forjados<br />

e fundidos para laminação.<br />

Com isso o país passa a ter uma vantagem em<br />

ser gerador de recursos (matéria-prima).<br />

Mas tamanha segurança não é para ser festejada.<br />

De acordo com George Soros, o guru do mundo<br />

das finanças, o momento de verdadeira crise econômica<br />

mundial ainda não chegou. A crise de crédito<br />

mundial foi suprida, mas o marasmo nas finanças<br />

mundiais ainda vai ser sentido por um longo tempo.<br />

(A entrevista com George Soros você pode ver<br />

no site http://www1.folha.uol.com.br/folha/bbc/<br />

ult272u403576.shtml.)<br />

O Brasil tem grande participação na fatia do<br />

mercado de matéria-prima mundial. Mas mesmo<br />

com toda essa força por trás das cortinas, temos que<br />

estar preparados para a colocação de Soros. Afinal,<br />

uma pessoa com tamanha magnitude, com conhecimento<br />

pra mudar a economia de todo um país,<br />

tem quer ser ouvida e respeitada.<br />

Dentro desse cenário, podemos ter um pouco<br />

mais de tranqüilidade. Parece que temos certo equilíbrio<br />

na balança da economia e um objetivo a ser<br />

alcançado.<br />

Precisamos torcer por uma administração de<br />

valor e destreza neste momento da economia.<br />

As noticias sobre economia têm maior atenção<br />

quando são assustadoras, mas, nesta época morna,<br />

precisamos de mais cautela nos contratos fechados,<br />

nas novas políticas implantadas, nas compras e vendas<br />

de empresas etc, pois neste momento são tomadas<br />

decisões que afetarão o futuro, provavelmente<br />

não muito distante.<br />

Por isso, admiro a construção da história no<br />

mundo das finanças, assim como perceber que o<br />

Brasil pode ser um exemplo de economia. E que<br />

temos grande chance de ver nosso sonho sendo<br />

realizado.<br />

Luiz Célio Gomes Filho é bacharel<br />

em Administração de Empresas<br />

Olá, Meu nome é Marlise Stapait, sou arte-educadora na cidade de Joinville (SC) e<br />

gostaria de elogiar o artista plástico Jorge Azeredo, que foi extremamente receptivo comigo,<br />

quando pedi para usar as suas obras em minhas aulas. A experiência foi ótima e os resultados<br />

surpreendentes. Abraços a todos!<br />

Aparecida, 20 de junho de 2008


Aécio Lucas:<br />

arte não se ensina, apenas se aprende<br />

A ponte metálica de Guaratinguetá<br />

Basílica Velha de Aparecida<br />

Prefeitura de Guaratinguetá<br />

Basílica Nova de Aparecida<br />

TALVEZ esteja na ascendência espanhola<br />

a explicação para o fervor d`alma<br />

encontrado em Aécio Deodato Lucas. É<br />

também latina a sua forma expansiva e<br />

bem-humorada de tratar os amigos e a vida.<br />

Para Aécio, os revezes são, invariavelmente,<br />

transformados em aprendizado, em<br />

lições de bem viver, em oportunidades únicas<br />

de valorização da vida. Sua humildade,<br />

traduzida num jeito simples de ser e de<br />

olhar para as coisas, faz colossal a sua pessoa,<br />

o que torna, por essa mesma razão,<br />

muito fácil sentir-se à vontade em sua presença.<br />

Realmente, este artista<br />

guaratinguetaense nascido na serrana e<br />

valeparaibana Piquete-SP, há quase 65 anos,<br />

contagia com o maduro entusiasmo colhido<br />

na trilha de uma experiência sábia.<br />

Na infância, a rica vivência bucólica na<br />

pequena cidade natal e as viagens ao litoral<br />

norte paulista (Ubatuba, especialmente)<br />

criaram em Aécio a estima pelos belos lugares<br />

e paisagens que se refletiria, posteriormente,<br />

em seus quadros. "Gosto de pintar<br />

lugares bonitos", nos diz o artista.<br />

Marcado pelo autodidatismo e pela influência<br />

de seu pai Antonio Lucas, homem<br />

de notáveis pendores artísticos, Aécio, na<br />

precocidade de seus 12 anos, começou a<br />

desenhar, com nanquim, plantas de casa<br />

seguidas de outros projetos arquitetônicos<br />

e industriais.<br />

Aos poucos, os contornos dos desenhos<br />

se viram substituídos pelas cores nas<br />

telas. Com pinceladas horizontais, a tinta<br />

Aparecida, 20 de junho de 2008<br />

ARTE RTE<br />

vai preenchendo a lacuna branca que se<br />

transformará em quadro. Primeiro, o fundo<br />

verde-azulado dos céus, montanhas,<br />

planícies e mares. Depois, em outros planos<br />

perspectivos, nascem as marinhas, os<br />

casarios, as igrejas e os detalhes florais.<br />

Os reflexos, técnica utilizada em abundância,<br />

dão o toque final em suas criações.<br />

Na paleta, apenas as cores básicas.<br />

Tudo se mistura na tela. "Sou capaz de<br />

mudar um quadro inteiro, mesmo depois<br />

de pronto, graças às técnicas que fui desenvolvendo",<br />

conta o autodidata para<br />

quem "ninguém ensina arte ao outro. Ensinam-se<br />

técnicas, ainda sim, sem impôlas",<br />

talvez querendo dizer que mesmo<br />

uma técnica ensinada proficientemente,<br />

ao transfigurar-se em arte ganha os aspectos<br />

singulares do criador.<br />

Certa vez, narra o artista, estava ele e<br />

mais cinco pintores em uma praia de<br />

Paraty, dentre eles a reconhecida Djanira,<br />

quando se propuseram o desafio de pintar,<br />

cada um, a mesma paisagem. O resultado<br />

foram seis telas desiguais, com a diversidade<br />

sendo encontrada até nas cores.<br />

Alguns chegaram a perguntar onde o colega<br />

havia enxergado tal cor ou coisa.<br />

O episódio exemplifica, para Aécio,<br />

que ninguém pinta igual e, portanto, o que<br />

define o artista não é a técnica, apesar de<br />

ela ser fundamento da obra de arte. O próprio<br />

Aécio corporificou essa constatação<br />

quando se enveredou no aprendizado do<br />

"bico-de-pena". Para ele, não fosse o ri-<br />

gor adquirido com o desenho técnico e a<br />

inspiração advinda da admiração dos<br />

belíssimos desenhos de Tom Maia, lá pelos<br />

idos anos 1980, ele jamais teria sido<br />

capaz de produzir os seus próprios trabalhos<br />

"bico-de-pena".<br />

A versatilidade plástica desse artista<br />

se expande em seus trabalhos com crayon.<br />

Há alguns anos, sua acurada técnica reproduz<br />

retratos com fidelidade<br />

inquestionável. Sua visão parcialmente<br />

comprometida pela diabete não impede<br />

que, a partir de uma pequena fotografia<br />

3x4, produza uma bela estampa do tamanho<br />

desejado pelo cliente.<br />

Radicado em Guaratinguetá-SP, desde<br />

1968, Aécio já expôs em algumas mostras<br />

de arte individuais e coletivas. Entre as<br />

individuais estão uma exposição "óleo<br />

sobre tela", realizada em 1985, no Museu<br />

Histórico e Pedagógico Conselheiro<br />

Rodrigues Alves, e outras duas de desenhos<br />

"bico-de-pena", no mesmo espaço,<br />

em 2002 e 2004. Em 1992, expôs nas festividades<br />

do centenário de sua cidade natal<br />

e, em 1997, no Salão de Artes da Escola<br />

de Especialistas de Aeronáutica.<br />

Juntamente com o prof. Benedito<br />

Dubsky Coupé - autor dos textos - desenhou<br />

todos os prédios antigos e igrejas de<br />

Guaratinguetá publicados em um caderno<br />

comemorativo em homenagem ao aniversário<br />

do Conselheiro Rodrigues Alves,<br />

com o apoio da Secretaria da Cultura do<br />

Estado de São Paulo.<br />

Alexandre Marcos Lourenço Barbosa<br />

Aécio Lucas e sua obra<br />

Entre os anos de 2002 e 2005, dedicou-se<br />

à idealização e realização do<br />

projeto cultural Páteo D`Arte, produzindo<br />

exposições semanais, cursos de<br />

teatro e aulas de pintura. É bom frisar<br />

o cunho social de tal iniciativa ao atender,<br />

gratuitamente, os alunos materialmente<br />

carentes, mas artisticamente<br />

talentosos. Afinal, talento não escolhe<br />

berço.<br />

Hoje, encontramos Aécio Lucas no<br />

aconchego de seu apartamento, em<br />

Guaratinguetá-SP, junto aos filhos (Alexandre,<br />

Cristiano e Guilherme) e esposa,<br />

e em eventos e projetos sócio-culturais<br />

da cidade que adotou, mas a sua<br />

arte, desconhecendo limites, transpôs<br />

fronteiras e espalhou-se para Canadá,<br />

Espanha, Estados Unidos, Finlândia,<br />

França, Itália e por muitos rincões deste<br />

Brasil.<br />

Privado de uma perna, o destino não<br />

conseguiu amputar-lhe a alegria de viver,<br />

o senso de humor, a generosidade, a<br />

solidariedade, a veia artística e, Aécio<br />

Lucas, não se consumindo em egoísmos<br />

e fatalismos, é, por isso mesmo, símbolo<br />

puro da vitalidade e da dedicação ao<br />

vero, ao belo e ao justo: haveria melhor<br />

definição para um artista?<br />

Leia e veja mais em:<br />

www.flogao.com.br/aeciolucas<br />

alexandre@jornalo<strong>lince</strong>.com.br<br />

33


O artista<br />

A Bahia sempre foi um imenso "Celeiro<br />

das Artes" na História da Arte Brasileira.<br />

De lá, surgiram grandes e excelentes artistas<br />

que souberam dignificar o nome da terra<br />

e, quando se fala disso, vem à tona o<br />

nome de Carlos Bastos, considerado, por<br />

unanimidade, "O Príncipe dos Pintores da<br />

Bahia". Ele não foi simplesmente o pintor,<br />

o muralista, ou o grande desenhista que<br />

era - foi mais além. Carlos Bastos representa<br />

o "marco" do pioneirismo da arte moderna<br />

da Bahia, cuja história não será a<br />

mesma sem sua presença.<br />

Nasceu Carlos Frederico Bastos, no ano<br />

de 1925, lá no Solar da Jaqueira, em Salvador,<br />

precisamente a 9 de outubro.<br />

A época de Carlos Bastos foi talvez a<br />

44<br />

ARTES RTES<br />

CARLOS BASTOS<br />

A Modernidade do Barroco em sua Obra<br />

Painel da Assembléia Legislativa<br />

melhor, no que tange às artes plásticas de<br />

Salvador, pois lá estavam dentre outros,<br />

Sante Scaldaferri, Ruben Valentim,<br />

Calazans Neto, Hansen Bahia, José Pancetti,<br />

Mirabeau Sampaio, Manoel do Bonfim, João<br />

José Rescála, Genaro de Carvalho, Mario<br />

Cravo Júnior, Raimundo de Oliveira, Jenner<br />

Augusto, Carybé, Luiz Jasmim, Hélio Basto<br />

e os mais novos, Emanoel Araújo, Juarez<br />

Paraíso, Riolan Coutinho e Ligia Milton.<br />

Todos artistas de uma constelação radiante,<br />

que procuravam, a cada dia, fazer uma<br />

arte verdadeiramente consistente, modernizada,<br />

mas com caráter justo e evolução<br />

consciente.<br />

Carlos Bastos começou (suas primeiras<br />

obras são assinadas Carlos Frederico)<br />

sua carreira de pintor na adolescência. Mais<br />

tarde, na Escola de Belas Artes da UFBA,<br />

estudou cerca de dois anos, transferindose,<br />

mais tarde, para a Escola Nacional de<br />

Belas Artes, no Rio de Janeiro, até 1945.<br />

Em 1947, viaja para os Estados Unidos,<br />

onde permanece por dois anos, precisamente<br />

em Nova York. Em 1949, de volta<br />

a Salvador, realiza importante exposição<br />

de suas obras na Biblioteca Pública. Nesta<br />

época, o artista teria várias obras suas cortadas<br />

e destruídas por "pseudo-representantes"<br />

do espírito acadêmico de um certo<br />

segmento regional - na minha opinião, idiotas<br />

que se diziam possuir formação acadêmica<br />

e só freqüentarem exposições de<br />

cunho também acadêmico. Gente de visão<br />

curta e efêmera, incapazes de atinar que<br />

Arte também significa evolução de Mente<br />

e Espírito. Muitas de suas obras da "fase<br />

modernista" se perderam, aliás, isto seria<br />

Vinícius e Gessy Gesse<br />

Marta Vasconcelos<br />

Gilberto Gomes<br />

Aparecida, 20 de junho de 2008


um prenúncio perverso de perseguição à<br />

obra de Carlos Bastos, principalmente seus<br />

grandes murais - alvos de politicagem barata<br />

e ignorância extrema de certas pessoas<br />

endinheiradas, que se diziam donas do<br />

poder. Devo lembrar o sumiço do painel<br />

da Boate Anjo Azul, o incêndio criminoso<br />

do painel da Assembléia Legislativa de Salvador<br />

(considerado o maior painel da<br />

América Latina) e, por fim, a destruição do<br />

famoso painel que retratava o Comércio<br />

do Porto de Salvador - este, destruído por<br />

supra ignorância do proprietário de uma<br />

rede de lojas, também em Salvador.<br />

Hoje, a pintura de Carlos Bastos tem<br />

raízes extremamente barrocas e, embora<br />

modernizada com o passar do tempo, conserva,<br />

no entanto uma forte característica<br />

figurativa, onde o desenho se destaca, por<br />

vezes, num forte realismo fantástico.<br />

Retratista dos melhores, fiel ao modelo,<br />

conservador de um belo desenho, mas<br />

acima de tudo, muito criativo. Sua obra se<br />

destaca de longe, devido a sua singularidade<br />

e expressão próprias contidas numa<br />

harmonia onde cores e formas se arrojam<br />

numa concepção ousada.<br />

Após o incidente na exposição de 1949,<br />

Carlos Bastos viajou para a França, onde se<br />

aprofundou nas técnicas de pintura mural<br />

na Escola Superior de Belas Artes de Paris.<br />

Três anos depois, retorna ao Brasil, radicando-se<br />

no Rio de Janeiro até por volta de<br />

1959. Retorna, nesse mesmo ano, a Salvador,<br />

onde expõe regularmente, além de criar<br />

cenários para peças teatrais (ganhador<br />

do prêmio "Jabuti de Ouro" como melhor<br />

ilustrador do ano de 1958), ilustrações de<br />

livros e os desenhos de seu álbum "Igrejas,<br />

Santos e Anjos da Bahia", lançado, seis anos<br />

depois, em São Paulo.<br />

Dentre as inúmeras exposições realizadas,<br />

destaco as individuais de 1948, Galeria<br />

Norlyst - Nova York, 1953, Galeria<br />

Copacabana Pálace - Rio de Janeiro, 1956,<br />

Galeria Vimarte, também no Rio, 1960,<br />

Galeria Oxumaré - Salvador, 1960, Galeria<br />

Atrium - São Paulo, 1969, Galeria Portal,<br />

também em São Paulo, 1970, Museu de<br />

Arte de Porto Alegre, 1975, Galeria Círculo<br />

- Salvador, 1976, Foyer do Teatro Castro<br />

Alves - Salvador, sendo esta uma grande<br />

retrospectiva de 50 anos da obra do pintor.<br />

Carlos também participou de dezenas<br />

de salões e exposições coletivas, dentre as<br />

quais: 1944, Primeiro Salão de Arte Americana<br />

- Associação Cultural Brasil Estados<br />

Unidos; Salvador, 1949, Primeiro Salão<br />

Baiano de Belas Artes; Salvador, 1954,<br />

Segunda Bienal de São Paulo; 1956, Museu<br />

de Arte Moderna, também em São Paulo;<br />

1960, Arte Moderna Brasileira - Paris - França;<br />

1962, Galeria USIS - Los Angeles - EUA,<br />

1965; Artista Brasileiros, Museu Hermitage<br />

- Leningrado - Rússia, 1969; Primeira Bienal<br />

de Artes Plásticas de Salvador, 1972; Galeria<br />

Schettini - Milão - Itália, 1985; Galeria<br />

de Arte 2000, Exposição Afro-Bahia - São<br />

José - Costa Rica etc.<br />

Carlos Bastos foi, sem dúvidas, um dos<br />

maiores artistas brasileiros de sua época.<br />

Sua mente era fantástica e muito criativa.<br />

Sua obra não se repetia tal a sua grande<br />

capacidade em interpretar o casario, as<br />

negras de torso e bata, os anjos, os santos, a<br />

gente do povo e tudo o mais que a Bahia<br />

sempre ofereceu àqueles que a retrataram<br />

com amor e singularidade - tal como sempre<br />

fez, esse genial "Príncipe dos Pintores<br />

da Bahia".<br />

Gilberto Gomes é artista plástico, professor<br />

e crítico de arte<br />

gilbertogomes@jornalo<strong>lince</strong>.com.br<br />

Aparecida, 20 de junho de 2008<br />

ARTES RTES<br />

Uma das primeiras obras<br />

Terra<br />

Jorge Amado e Zélia<br />

OSMANOS<br />

Restaurante e Churrascaria<br />

QUALIDADE<br />

EM REFEIÇÕES<br />

Churrasco à Moda<br />

Serviço à La Carte - Refeições<br />

O MELHOR SERVIÇO DA CIDADE<br />

Av. Monumental Papa João Paulo II, 48<br />

Em frente à Basílica Nova — Aparecida-SP<br />

Auto-retrato — Fase modernista<br />

Agildo Ribeiro<br />

Mulher com o gato<br />

55


..........................................................................................................................................<br />

66<br />

GRAFIAS RAFIAS<br />

Canto da Criação<br />

Narrativa transreligiosa<br />

Benedicto Lourenço Barbosa<br />

No reino do Grande Espírito e dos Espíritos,<br />

Nos páramos celestes, nos céus dos céus,<br />

O Eterno inominável e irretratável, o repouso deixou<br />

E se fez Criador onipotente e onisciente,<br />

Jurisprudente com toda sua glória e majestade,<br />

Transluzente, imanente e transcendente, o tempo<br />

Ele criou e o espaço também, e deles se fez Senhor.<br />

No espaço criou as esferas luminosas e iluminadas<br />

Com suas órbitas e rotas, os caminhos celestes,<br />

E as constituiu em estrelas, cometas, planetas,<br />

E satélites estabelecendo leis de auto-sustentação.<br />

Agrupou-as em sistemas, constelações e galáxias,<br />

O movimento era o canto das estrelas e a dança<br />

Das galáxias. Nos espaços vazios... as trevas silentes.<br />

Cada estrela com sua luminosidade, cor e velocidade,<br />

Seu calor e peso bailavam num Universo dinâmico,<br />

Sem cessar na roda do tempo; fantásticas eram<br />

As distâncias e os sons inaudíveis, silêncio estelar.<br />

Em um dos universos-ilha, a Via Láctea, uma das<br />

Estrelas, de cor amarelada, denominaram Sol.<br />

O Sol, não tão grande com as gigantes Antares<br />

E Betelgeuse, nem tão pequena como as anãs,<br />

Sem o brilho das estrelas brancas ou azuis, possuía<br />

Seus planetas e satélites e a todos emitia luz e calor,<br />

mais ou menos, de acordo com as distâncias.<br />

Dos seus planetas, o azulado foi denominado Terra.<br />

Em seus movimentos, em volta de si e de sua estrela,<br />

O planeta Terra tinha o dia e a noite e as estações.<br />

Primavera, verão, outono e inverno, um ano terrestre.<br />

Como determinar a duração de um dia galáctico ou divino?<br />

Como medir o espaço e o tempo das galáxias e precisar<br />

Como cada astro, gigante ou não, se sustenta no espaço?<br />

O Planeta Terra, com seu núcleo ígneo, em processo<br />

de esfriamento, gerou vapores e nuvens e estas em águas<br />

agruparam-se em diferentes leitos tornando-se<br />

pequenos córregos, riachos, ribeirões e pequenos ou<br />

grandes rios. E todas as águas o grande Oceano.<br />

As terras emersas eram o continente único - Pangéia.<br />

Benedicto Lourenço Barbosa<br />

é professor de Filosofia e Sociologia<br />

.......................................................................................................................................<br />

As férias chegaram!<br />

Mas assim de repente?<br />

Elas chegaram muito rápidas,<br />

Mas alegram muita gente.<br />

Eu sinto falta de algumas coisas,<br />

Que, por 30 dias, não vou ver.<br />

Mas preciso me acalmar<br />

Porque elas eu já vou ter.<br />

Sinto falta, por exemplo,<br />

De alguns colegas da escola.<br />

As meninas conversando<br />

E os meninos jogando bola.<br />

Tombado pela memória<br />

(De um passeio em Paraty)<br />

Velho casarão na esquina da vida, instalado<br />

laico perto da igreja vazia.<br />

Quantas vezes por imponência, pôde<br />

segredar o ouro dos pensamentos e Bandeiras.<br />

Porão esquecido, por onde luzes de ordem<br />

iluminaram os sonhos que hoje repousam<br />

guardando relíquias de antes.<br />

Vastos salões, quase imperiais, assim<br />

como deve ser a vida.<br />

Amplo quintal, formas vivas de crianças<br />

de época.<br />

Com árvores diversas assim como as<br />

cores desbotadas na aquarela da memória.<br />

Velho casarão, estímulo primaz da existência<br />

que canta a paisagem que marca a<br />

beleza do espaço.<br />

Do homem que sonha partido pela fugaz<br />

realidade, mas que insiste embrenhado<br />

nos acordes do tempo que traduz num violino<br />

imaginário vozes de anjos.<br />

Casarão de muitas janelas, tanto quanto<br />

suas donzelas expostas aos versos do<br />

seresteiro vagabundo.<br />

De quartos imensos, tanto quanto foram<br />

os ideais de civis em revolta pela paz e de<br />

coronéis que iam tecendo em segredo seus<br />

próprios jazigos.<br />

Casarão de telhados altos, aproximando-se<br />

de Deus.<br />

Com portas trancadas por chaves vigiadas<br />

pelo bedel da história sem fim.<br />

Velho casarão, por insistência do tempo,<br />

refaz um incrível momento.<br />

Recria as frestas por onde capta o brilho<br />

Férias! Já?<br />

Sofia Helena Arneiro Lourenço Barbosa<br />

Lúcio Mauro Dias<br />

Sinto falta das matérias,<br />

Como a de português.<br />

É muito interessante,<br />

Posso até aprender inglês.<br />

Sinto falta das atividades,<br />

Que faço com dedicação.<br />

Tenho que estudar sempre<br />

Mas nunca falta diversão.<br />

Mas, agora, quando as férias acabam,<br />

E eu volto para a escola.<br />

Lembram-se da primeira estrofe:<br />

Eu não dou mais bola.<br />

Sofia Helena tem 10 anos<br />

e gosta de escrever histórias<br />

sofiahbarbosa@jornalo<strong>lince</strong>.com.br<br />

Poema à última tarde...<br />

Dentro da palidez dos temporais<br />

Um sol vermelho de corais e flores<br />

Pousa nos beirais de alguns olhos<br />

que ainda podem ver<br />

Tantas vozes a anunciar um outro ciclo.<br />

Presas dentro das espirais do tempo<br />

Grávidas de vida, ávidas pelo grito<br />

Devorador de silêncios e mitos do paraíso<br />

Rasgando as faces e crenças,<br />

Libertando manadas de anjos malditos<br />

Que cuspiam navalhas sobre os vivos<br />

Dentro da palidez dos temporais<br />

Quando o sol era mais que vermelho<br />

E mortais eram os corais e flores<br />

Tonho França<br />

Tomei-te pelas mãos<br />

E três vezes falei teu nome<br />

E três vezes lancei-te ao mar<br />

Para que andasse nua pelas ondas<br />

E teu seio claro alimentasse<br />

as constelações<br />

E foste o recomeço da vida<br />

Foi dentro da palidez dos temporais<br />

De uma manada de sóis vermelhos<br />

Que tomei-te pelas mãos<br />

E três vezes matei-me.<br />

Tonho França é poeta e autor do livro<br />

“Sinos de Outono”, entre outros<br />

tonhofrança@jornalo<strong>lince</strong>.com.br<br />

Paraty — Aécio Lucas<br />

do sol, a lua defasada de poesia e as estrelas<br />

salpicando de esperança os olhos livres do<br />

escravo.<br />

Brinda com os velhos os centenários<br />

anos do amor.<br />

Velho casarão, mais velho e vasto é o<br />

coração que insiste e segue desprendido da<br />

saga da vida e exposto ao impacto de antigas<br />

lembranças.<br />

Lúcio Mauro Dias escreve para jornais da região<br />

Aparecida, Aparecida, 20 de 20 novembro de junho de 2007 2008


Marco Antônio Santos Reis<br />

Deve ter sido o vento. Deve ter<br />

sido aquele zumbido balouçante<br />

nos meus ouvidos infantes,<br />

quando ao subir e descer<br />

no balanço de cordas gastas,<br />

mal amarradas no galho forte<br />

da mangueira que alguma<br />

coisa gravou-se, alguma coisa<br />

cravou-se nalguma parte<br />

indelével do que eu viria a ser.<br />

Deve ter sido o cheiro de<br />

manga.<br />

Do balanço se via o lado de lá do muro,<br />

quando subia. Via-se o chão, quando descia.<br />

O balanço era a vida, de um lado o<br />

sonho. De outro, o chão.<br />

Havia árvores do outro lado do muro.<br />

Laranjeiras. Havia um olhar sem pecado.<br />

Castanho claro, bem simples. Sem<br />

nenhum atrativo além da curiosidade de<br />

vê-la, a olhar para o nada, sobre a sombra,<br />

embaixo da laranjeira.<br />

Aparecida, 20 de junho de 2008<br />

GRAFIAS RAFIAS<br />

marcoreis@jornalo<strong>lince</strong>.com.br<br />

Contos súbitos<br />

HIPOCONDRÍACO<br />

HIPOCONDRÍACO<br />

CIBERNÉTICO<br />

CIBERNÉTICO<br />

A cada acesso, uma varredura no antivírus.<br />

MARGINAL<br />

Cheia de buracos, furtava a calma<br />

dos motoristas.<br />

ATENTADO<br />

- Embaixador, tem um pontinho vermelho<br />

dançando em sua testa.<br />

A SAGA DO HERÓI<br />

Envolveu-se com a heroína.<br />

E foi o seu fim.<br />

MOTOBOY<br />

Saiu voando pelas ruas.<br />

Uma carreta podou-lhe as asas.<br />

FUMANTE<br />

Sentou-se debaixo da árvore.<br />

Os cigarros espantaram as cigarras.<br />

REMORSO<br />

Sentiu um nó na garganta.<br />

E os pés balançando no ar.<br />

MÃO ÚNICA<br />

Perdeu uma das mãos no acidente de trânsito.<br />

Dirigia na contramão.<br />

TPM<br />

Todo mês ficava monstruada.<br />

Mas, sob suas garras, quem sangrava<br />

era os outros.<br />

NO BALANÇO<br />

Wilson Gorj<br />

Às vezes um tímido aceno,<br />

respondido meio a medo,<br />

pois que ainda era cedo para<br />

acenos destemidos.<br />

E a balançar eu subia. A balançar,<br />

descia, no mesmo<br />

horário, a cada dia.<br />

Ficava feliz quando a via.<br />

Triste quando o balanço subia<br />

e do lado de lá não havia<br />

quem me deixava feliz quando<br />

eu via. E era assim que se<br />

passava o dia. E outro. E<br />

outro. E muitos, e muitos dias.<br />

Tantos, que a corda rompeu-se. A madeira<br />

corroeu-se. Nem balanços existem<br />

mais. Nem mangueira. O terreiro<br />

virou praça, onde funciona a feira.<br />

Na barraca de laranjas, olhos simples,<br />

olham para lugar nehum. Nem um tímido<br />

aceno, que já é tarde para acenos<br />

destemidos...<br />

HOMEM-BOMBA<br />

Apaixonou-se por um militante<br />

da Al Qaeda.<br />

A paixão mais explosiva da sua vida.<br />

DESCOMPASSO<br />

Casaram-se ao som d'As Quatro Estações.<br />

O casamento não durou duas.<br />

BLECAUTE<br />

Quando o elevador parou,<br />

teve um enfarte.<br />

Foi para o andar de cima.<br />

TRIÂNGULO AMOROSO<br />

Hipotenusa amava Isósceles.<br />

Faltava livrar-se do obtuso marido.<br />

ANATOMIA AMERICANA<br />

Memorizou cada membro<br />

do corpo docente.<br />

Na escola, não errou um.<br />

RATAZANA<br />

Na casa enorme, vivia sozinha<br />

com sete gatos.<br />

À noite, a solidão vinha<br />

lhe roer o coração.<br />

ESCONJURO<br />

Expulsaram-lhe todos os demônios.<br />

O vazio que agora sente<br />

nem Jesus preenche.<br />

Wilson Gorj<br />

é autor do livro "Sem contos longos"<br />

gorj@jornalo<strong>lince</strong>.com.br<br />

omuroeoutraspgs.blogspot.com<br />

Um sonho de outono<br />

Nuno Marques<br />

Rubem Braga já passara por isto. Já li<br />

também muitos relatos a este respeito. Talvez<br />

seja sina de todo ser. O fato é que, lá<br />

pelos idos de 1954, esta mesma experiência<br />

rendeu ao escritor uma crônica de nome<br />

Era um sonho feliz, que, reunida a outras<br />

no belo livro Recado de primavera, foi<br />

publicada em 1984.<br />

Sabe aquela sensação de não sabermos<br />

se estamos dormindo ou acordados? Pois<br />

é. E o mais interessante é que, ao acordar,<br />

reconhecemos o ambiente familiar à nossa<br />

volta, mas ainda sentimos que o que vivemos<br />

fora bem real, pois o gosto está na<br />

boca, o cheiro na pele e a visão, pálido<br />

manto diáfano que turva, mas não esconde<br />

a verdade, volta-nos em clipes oníricos,<br />

formando um mosaico em nossa mente,<br />

uma colcha de retalhos, uma calçada de<br />

Ipanema.<br />

Eu estava num campo. Andava pela relva<br />

e sentia a brisa de outono me fazer carinhos.<br />

Pássaros entoavam cantos diversos<br />

em silvos babilônicos. Alguns davam vôos<br />

rasantes; outros se exibiam ou construíam<br />

ninhos para suas amadas. Um pouco mais<br />

à minha frente, o capim alto — parecia plantação<br />

de trigo, sapezal, sei lá — bailava em<br />

movimentos sinuosos. Ora escondia ora<br />

revelava uma parte do rio Paraíba que corria<br />

incólume, banhando corpos, levando<br />

os pecados de Iara para Iemanjá. Ao fundo,<br />

podia ver a silhueta da Serra da<br />

Mantiqueira contornando até onde minha<br />

vista fosse. Quebra Cangalha, Marins, Galinha<br />

Choca...<br />

Sentei-me na grama e fechei os olhos.<br />

Lancei o corpo para trás, pendendo um<br />

pouco a cabeça. Ainda de olhos cerrados,<br />

imaginava o céu limpo do outono borrado<br />

por alguns chumaços de nuvens. Do jeito<br />

que estava, imaginava às minhas costas o<br />

horizonte como um grande peixe escamado.<br />

Perdi-me em devaneios e talvez sonhei<br />

o sonho do meu sonho num cochilo etéreo.<br />

Delírio ou não, ela estava lá. Passeava para<br />

cá, ia para lá como se flanasse pelo jardim.<br />

Firmei a vista e achei seu rosto familiar.<br />

Sua face delicada era uma, era outra, era<br />

todas as outras faces que eu queria. Ela<br />

passava rápido e cada vez mais se achegava.<br />

Trajava roupas indianas, delicadas vestes<br />

transparentes, que não vulgarizavam<br />

sua beleza, realçavam-na ao sopro do vento.<br />

Agora tinha a certeza de que sonhava e<br />

não queria acordar daquele sonho.<br />

Ela parou. Eu me levantei e estendi-lhe<br />

os braços. Por alguns segundos, tive medo<br />

de ser ignorado e padecer eternamente com<br />

as mãos estendidas para o infinito. Mas ela<br />

chegou, tocou-as, pegando-as delicadamente.<br />

Eu nunca a vira tão linda como naquele<br />

dia. Senti minha face corar com o sorriso<br />

que ela me deu. Teria lido meus pensamentos?<br />

Eu lia os seus... Ela me puxou, olhou<br />

bem nos meus olhos, e eu olhei nos seus.<br />

Os detalhes da maquiagem, a gota na testa,<br />

o perfume... Eu a achava singela, naturalmente<br />

pura. Num enleio súbito, me abraçou;<br />

primeiro, suavemente, em seguida indefinidamente.<br />

Eu era dela, ela, minha.<br />

Sentia o calor de seu corpo inundando minha<br />

alma. Não queria mais que o mundo<br />

se acabasse. Queria apenas sorver aquele<br />

prazer edênico. Já não tinha mais medo de<br />

morrer. Soube ali que a vida é perene. Uma<br />

voz, então, ecoou em meus ouvidos: "Vá,<br />

sorria; abrace todas as pessoas que vir".<br />

Fui sugado e, de repente, abri os olhos<br />

em minha cama. Sentei-me. Olhei para os<br />

lados. Eu estava só. Tentei fechar os olhos,<br />

não adiantou. Levantei-me e fui para o<br />

quintal. Devia ser quase umas cinco horas.<br />

A madrugada era fresca. Algumas canções<br />

martelavam minha cabeça. Olhei para o<br />

mata-borrão do céu e me encantei com a<br />

bela rainha. Entendi o que seria dormir nos<br />

braços morenos da lua, embora não estivesse<br />

em Itapuã. Fui tomar banho, preparar<br />

minhas coisas, pois precisava trabalhar.<br />

O sonho não saía de minha cabeça. No caminho<br />

de casa até o local que pegava carona,<br />

cruzei com um estranho que me sorriu.<br />

Estranhei, mas correspondi ao sorriso dele.<br />

E assim foi com mais um, mais outro e<br />

outros tantos. Uma senhora que fechava o<br />

portão e acenava para o filho não se conteve.<br />

Além do sorriso, me desejou um bom<br />

dia. Vá com Deus! Bom trabalho...<br />

— Fica com Ele, minha senhora...<br />

E ela escancarou-me seus dentes alvos,<br />

brancos como a nuvem do meu sonho.<br />

Enquanto esperava no ponto, cumprimentava<br />

a todos com um sorriso, às vezes<br />

um meneio de cabeça. E todos correspondiam<br />

ao meu aceno com um sorriso<br />

lírico.<br />

A carona chegou, e entrei sorrindo. Já<br />

não me continha mais. Meu amigo se espantou<br />

e sorriu para mim. Não podia<br />

abraçá-lo no carro, mas apertei-lhe a mão<br />

como nunca o fizera. Ríamos, ríamos muito.<br />

Não havia tristeza, só a alegria nos ungia.<br />

No trabalho, cada encontro com um<br />

colega ou com um amigo transformava-se<br />

em festa. Todos comungaram naquele dia,<br />

celebrando a vida, praticando o amor. E o<br />

dia voou.<br />

De volta para casa, à noitinha, fiquei<br />

destramando com minha família o emaranhado<br />

de meu sonho e as conseqüências<br />

de eu ter seguido o conselho daquela diva.<br />

Pensamos juntos que se cada um a quem<br />

sorri, sorriu para outras pessoas e estas para<br />

outras tantas, quanta gente não ficara feliz<br />

naquele dia! Tinha saído de minha cidade<br />

para trabalhar noutra cidade e entrado em<br />

contato com outras pessoas de outras cidades<br />

que também retornaram para suas cidades<br />

e se encontraram com outras pessoas<br />

de outras cidades... Uma amiga me falou<br />

que sorriu e abraçou uma pessoa naquele<br />

dia que viajou para outro país...<br />

nunomarques@jornalo<strong>lince</strong>.com.br<br />

77


DROPS ROPS MEMÓRIA EMÓRIA<br />

88<br />

- Epitáfios -<br />

Nós, que aqui estamos,<br />

por vós esperamos.<br />

"A natureza e as suas leis jaziam na<br />

noite escondidas.<br />

Disse Deus 'Faça-se Newton'<br />

e houve luz nas jazidas".<br />

lápide de Isaac Newton, físico inglês<br />

(1643 - 1727).<br />

"Considero minhas obras como<br />

cartas que escrevi à posteridade<br />

sem esperar resposta".<br />

Villa-Lobos, compositor e violonista<br />

brasileiro (1887 - 1959)<br />

"Nunca morreu, nunca nasceu.<br />

Apenas visitou a Terra entre<br />

11 de dezembro de 1931<br />

e 19 de janeiro de 1990".<br />

Rajneesh (Osho), religioso indiano.<br />

"Sem o melhor amigo,<br />

sem o pior inimigo".<br />

Lucius Cornelius Sulla, ditador romano<br />

(138 a.C. - 78 a.C.)<br />

"Finalmente não estou me tornando<br />

mais estúpido".<br />

Paul Erdos, matemático húngaro (1963 - 1996)<br />

"Aqui jaz, muito a contragosto,<br />

Tancredo de Almeida Neves".<br />

Político mineiro (1910 - 1985)<br />

"O que aqui dorme agora causou mais<br />

pena do que inveja; e sofreu mil vezes<br />

a morte, antes de perder a vida.<br />

Não faças barulho, passante; guardate<br />

bem de acordá-lo, pois é esta a<br />

primeira noite que o pobre Scarron<br />

consegue cochilar".<br />

Paul Scarron, poeta francês (1610-1660).<br />

"Namorados, não passais de longe<br />

pela minha tumba; sentai-vos nela e<br />

bebei um copo de vinho em minha<br />

memória".<br />

Eduardo Zamacois, romancista cubano<br />

(1876 - 1971)<br />

"Aqui jaz Fernando Sabino, que<br />

nasceu homem e morreu menino".<br />

Escritor mineiro (1923-2004)<br />

"Desculpe a poeira".<br />

Dorothy Parker, escritora americana<br />

(1893 - 1967)<br />

"O tempo não pára..."<br />

Cazuza, compositor (1958 -1990).<br />

"Assassinado por imbecis de ambos<br />

os sexos".<br />

Nelson Rodrigues, escritor pernambucano<br />

(1912 - 1980)<br />

"Eu sabia que se eu esperasse<br />

tempo suficiente uma coisa<br />

dessas acabaria acontecendo".<br />

George Bernard Shaw, dramaturgo irlandês<br />

(1856 - 1950)<br />

"Perdoem-me por não me levantar".<br />

Ernest Hemingway, escritor americano<br />

(1899 - 1961).<br />

"Não espero nada. Não temo nada.<br />

Sou livre."<br />

Nikos Kazantzakis, escritor grego<br />

(1883 - 1957).<br />

"Mântua me deu a vida; Bríndisi,<br />

a morte; Nápoles, a sepultura."<br />

Virgílio, poeta romano (70 a.c - 19 a.c)<br />

"Isto é tudo, pessoal!"<br />

Mel Blanc, dublador do Pernalonga<br />

(1908-1989)<br />

COM ALEGRIA, li que o<br />

aparecidense Jorge Kadri é embaixador do<br />

Brasil na Guiné Bissau. Tenho muito interesse<br />

pelos países africanos e um carinho<br />

especial pelos de Língua Portuguesa.<br />

Em 1985, eu e minha irmã Glória, num<br />

misto de curiosidade e desejo de conhecer<br />

a Terra de nossos ancestrais, resolvemos<br />

visitar a África. Mas a África é um continente!<br />

Qual país escolher?<br />

Nós duas, a Luiza Helena Teixeira e<br />

mais três amigas de São Paulo, Constância,<br />

Terezinha e Otília escolhemos o Senegal.<br />

No final de dezembro, chegamos a Dacar.<br />

O impacto do novo misturou-se com a<br />

emoção. Tínhamos feito o caminho inverso<br />

do navio negreiro. Éramos seis<br />

retornadas à Terra-Mãe.<br />

Em Dacar, no café da manhã, conhecemos<br />

o Ministro dos Negócios Estrangeiros<br />

da Guiné Bissau, Senhor Júlio Semedo.<br />

Num português gostoso, nossa conversa<br />

se alongou e fomos convidadas a conhecer<br />

seu país numa outra oportunidade.<br />

Em 1987, voltamos ao Senegal. Depois<br />

de alguns dias, contratamos uma van e atravessamos<br />

essa parte da África, observando<br />

José Affonso de Freitas<br />

Efigênia Augusta de Freitas<br />

Aparecidenses em Bissau<br />

Casa do Senhor Semedo. A partir da esquerda: Terezinha, Constância,<br />

Luiza Helena, Glória, Senhor Semedo, Otilia e Senhora Semedo<br />

NASCEU em Aparecida, no dia 06<br />

de junho de 1908.<br />

A poesia da hora do seu nascimento -<br />

06 horas da tarde - e as festividades de um<br />

dia consagrado ao Divino Espírito Santo<br />

marcaram a alma do menino poeta e do<br />

músico devoto.<br />

Seus pais, Pedro Silvério de Freitas e<br />

Julieta Alvarenga de Freitas, moravam na<br />

Ladeira Monte Carmelo, na época conhecida<br />

como Rua da Calçada. Esta rua está<br />

sempre presente em seus versos. Ali também<br />

nasceram seus irmãos: Maria Benedita,<br />

José Geraldo e Benedito José.<br />

A escolha do nome coube à mãe, devota<br />

de São José, e à madrinha, Dona Marciana,<br />

grande amiga dos redentoristas. Disso<br />

resultou José Affonso.<br />

Seus estudos primários foram feitos no<br />

Grupo Escolar "d'Apparecida do Norte",<br />

concluindo-os em 1919. Essa escola ficava<br />

na Travessa Escolar, hoje, Travessa Pedro<br />

Natalício de Castro.<br />

Para o jornal o Santuário de 25/05/1984<br />

ele disse: "Nasci mais ou menos em frente<br />

onde hoje está situado o Hotel Glória. A<br />

casa onde nasci tinha menos de três metros<br />

de frente. No meu tempo de infância, o que<br />

mais me emocionava eram as romarias que<br />

vinham de São Paulo, a cada dia 8 de se-<br />

RETRATO ETRATO<br />

Catedral de Bissau<br />

Glória Freitas e Constância<br />

a floresta, a savana, o Rio Gâmbia, as aldeias<br />

e o povo trabalhando nos campos de arroz.<br />

Conversamos muito com as pessoas.<br />

Víamos os guineenses decididos construindo<br />

seu país.<br />

Na estrada, já perto de Bissau, avistamos<br />

uma festa em um sitio. O presidente<br />

João Bernardo Vieira estava presente. Nosso<br />

motorista foi conversar com o segurança<br />

presidencial. Contou que estava viajando<br />

com seis professoras brasileiras e pediu<br />

licença para participarmos da festa. Vistoriaram<br />

nossos passaportes e entramos. Fomos<br />

recebidas com muita atenção. O presidente<br />

nos falou dos laços de amizade<br />

Guiné Bissau-Brasil.<br />

Aquela festa para nós era um presente.<br />

Os guineenses lembravam os afro-descendentes<br />

aqui do Brasil. Os instrumentos de<br />

percussão, a alegria da dança e da música.<br />

Em Bissau, conversamos com professores.<br />

Cantamos músicas infantis para as<br />

crianças; elas cantaram as delas para nós.<br />

Uma frase de Amilcar Cabral me chamou<br />

a atenção: "As crianças são as flores da nossa<br />

luta, a razão principal do nosso combate".<br />

Vendo a dedicação daqueles professores,<br />

tembro. Elas formavam aquela fila enorme<br />

e assim subiam a 'Calçada', à noite, com<br />

os romeiros levando nas mãos velas acesas."<br />

O músico José Affonso de Freitas estudou<br />

solfejo e teoria musical com o prof.<br />

Joaquim Santiago e violão prático com José<br />

Dorgã. José Affonso participou de um grupo<br />

regional de clarineta e violões do qual<br />

faziam parte também, entre outros,<br />

Aristóbolo de Aquino (clarineta), Gegê<br />

(bandolim) e Murillo do Amaral (violão).<br />

percebi que o pensamento de Amilcar<br />

Cabral estava vivo.<br />

No contato com as pessoas nas ruas, o<br />

assunto era carnaval, futebol, café e as belezas<br />

da Bahia. Em Bissau, nos sentimos<br />

em um país irmão.<br />

Fomos recebidas pela Família Semedo.<br />

Naquele diálogo, várias vezes chegamos à<br />

constatação de que o Oceano Atlântico era<br />

pouco para nos separar. Em relação à cultura<br />

gastronômica, sentimos que o tempero<br />

era o mesmo, muita pimenta, muitas frutas<br />

semelhantes, legumes, a hospitalidade,<br />

a música ritmada...<br />

Na Catedral de Bissau, frente a Nossa<br />

Senhora da Conceição, cantamos: "Daínos<br />

a bênção, ó Mãe Querida"... pedindo<br />

a proteção dela para o povo guineense.<br />

Aqui em Aparecida, nos tempo idos,<br />

a Glória e eu fomos catequistas do menino<br />

Jorge Kadri. Hoje, pedimos à Mãe<br />

Aparecida que ilumine os trabalhos do<br />

aparecidense-embaixador na Guiné-<br />

Bissau.<br />

Efigênia Augusta de Freitas<br />

é professora de História<br />

Em sua barbearia, junto ao Hotel Negro<br />

Reis, atendeu por mais de 50 anos a<br />

várias gerações de aparecidenses e a romeiros.<br />

José Affonso e Dona Benedita Santana<br />

de Freitas se casaram em 1931. Na Rua 1º<br />

de Maio, nasceram seus cinco filhos: Maria<br />

Aparecida, Luíz Afonso, Maria da Glória,<br />

Benedita Antônia (a Besa) e Efigênia<br />

Augusta.<br />

Aos poucos, a árvore centenária<br />

enraizada no chão que a viu nascer e crescer,<br />

tombou. Levou consigo parte da história<br />

de Aparecida. Deixou sua obra,<br />

traduzida em sons, versos e filhos.<br />

Zé Affonso se fez poeta. E tudo isso,<br />

tendo apenas os estudos primários. Deixou-nos<br />

vários poemas esparsos e o livro<br />

"AQUÉM DO LAGO AZUL, publicado em<br />

1984, e no qual Irmã Olga de Sá, prefaciando-o,<br />

entre outras coisas diz:<br />

"Zé Affonso, como uma árvore plantada<br />

à beira do Paraíba, atendeu ao apelo de<br />

amadurecer escrevendo verso. Natural e<br />

sereno, como o fluir íntimo e profundo de<br />

sua existência".<br />

Biografia fornecida pela família Freitas<br />

Aparecida, 20 de junho de 2008


A doação<br />

FRUTO de uma longa pesquisa,<br />

nossa tese de doutorado intitulada "A Ação<br />

Romanizadora e a Luta pelo Cofre: D.<br />

Epaminondas, Primeiro Bispo de Taubaté<br />

(1909-1935)", defendida junto ao programa<br />

de pós-graduação da Faculdade de Filosofia,<br />

Letras e Ciências Humanas da Universidade<br />

de São Paulo, no ano de 2006,<br />

inclui-se na atual tendência historiográfica<br />

que, a partir da década de 1980, vem percorrendo<br />

o caminho da reavaliação<br />

conceitual dos mais variados temas, neste<br />

caso, o da História da Igreja. Dessa forma,<br />

o trabalho buscou contribuir, mesmo que<br />

em espectro reduzido, para a reescrita da<br />

História da Igreja católica no Brasil.<br />

Cientificamente orientado, a tese traça<br />

um plano analítico que, amparado pelo<br />

conceito weberiano de "dominação burocrática",<br />

visa mapear, por meio da consulta<br />

de um grande corpo documental composto<br />

pela correspondência entre os membros<br />

da Igreja e por inúmeros jornais da<br />

época, as ações romanizadoras de D.<br />

Epaminondas Nunes de Ávila e Silva, primeiro<br />

bispo da recém-criada diocese de<br />

Taubaté, durante um período marcado por<br />

conturbadas mudanças vividas pela Igreja<br />

católica e pelos inevitáveis conflitos que,<br />

naturalmente, antecedem as acomodações.<br />

Com o advento da República e, em seguida,<br />

com o fim do Padroado, a Igreja se<br />

encontrou na obrigação de zelar por sua<br />

própria manutenção material. Além dessa<br />

reorganização, passava também por mudanças<br />

significativas no que diz respeito à<br />

Doutrina. Denominada de "Reforma<br />

Aparecida, 20 de junho de 2008<br />

HISTÓRIA ISTÓRIA<br />

Dom Epaminondas<br />

e a luta pelo cofre de Aparecida<br />

Ultramontana", suas ações objetivavam<br />

valorizar o religioso sobre as coisas mundanas<br />

que, devido ao desenvolvimento<br />

tecnológico de fins do século XIX e início<br />

do XX, estavam ganhando cada vez mais<br />

espaço na sociedade. Reafirmando a posse<br />

do monopólio do sagrado, a Igreja buscou,<br />

com isso, legitimar a sua dominação sobre<br />

o fiel, passando a combater, cotidianamente,<br />

doutrinas socialistas.<br />

Educado nos moldes ultramontanos, D.<br />

Epaminondas, principal ator social da tese,<br />

teve seu governo diocesano marcado por<br />

intensas atividades que visavam, justamente,<br />

a imposição do modelo burocrático de<br />

dominação, o que, aliás, já vinha sendo feito,<br />

em termos regionais, pelos padres da<br />

Congregação do Santíssimo Redentor em<br />

Aparecida. Para a melhor efetivação da<br />

reforma, houve, em 1908, no Estado de São<br />

Paulo, a criação das dioceses de Campinas,<br />

Botucatu, Ribeirão Preto, São Carlos<br />

do Pinhal e Taubaté. A de São Paulo foi<br />

elevada à categoria de Arquidiocese sob o<br />

comando do arcebispo D. Duarte Leopoldo.<br />

D. Epaminondas, nomeado primeiro<br />

bispo da diocese de Taubaté, foi incumbido<br />

de enquadrar nos moldes ultramontanos<br />

a grande região que a abarcava, e as questões<br />

relacionadas às romarias, irmandades<br />

e festas religiosas, atividades essas que ainda<br />

expressavam fortes elementos do catolicismo<br />

luso-brasileiro, faziam parte do<br />

plano de ação do bispo. Era preciso controlar<br />

as práticas religiosas que,<br />

costumeiramente, envolviam a massa de<br />

fiéis e, para tanto, a mudança teve seu início<br />

no interior da própria Igreja.<br />

Dentro do processo de romanização, a<br />

criação de seminários tinha especial atenção.<br />

Investir na formação do corpo eclesiástico,<br />

dando ênfase ao dever da obediência<br />

e coesão hierárquica, significava ter a<br />

disponibilidade de inserção constante de<br />

funcionários devidamente enquadrados<br />

para atender às novas necessidades de<br />

gerenciamento da máquina burocrática.<br />

Percebeu-se que a Igreja passou a exercer<br />

não mais uma dominação carismática e,<br />

sim, uma dominação racional, sobretudo,<br />

legal.<br />

Não há dúvidas sobre a eficácia das<br />

ações de D. Epaminondas em relação a<br />

imposição das novas regras a serem seguidas<br />

tanto pelo corpo eclesiástico, quanto<br />

pelo massa de crentes. No entanto, o foco<br />

principal da tese fica por conta do víeis<br />

político do bispo, extremamente perceptível<br />

quando este interveio junto aos seus<br />

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superiores na defesa dos interesses de sua<br />

diocese, principalmente no que se refere<br />

aos esforços dispensados no processo de<br />

acumulação patrimonial.<br />

Quando da criação da diocese de<br />

Taubaté e da demarcação do território sob<br />

sua administração, uma questão ficou em<br />

evidência. O Santuário de Nossa Senhora<br />

de Aparecida, localizado no espaço geográfico<br />

da diocese de Taubaté, ficou sob o<br />

comando direto da Arquidiocese de São<br />

Paulo. Fonte de preciosa renda, o Santuário<br />

foi objeto de intensa disputa entre bispo<br />

e arcebispo, ou seja, entre membros da<br />

própria Igreja e detentores de altos cargos<br />

na sólida hierarquia clerical. Posto, estava,<br />

a "Luta pelo Cofre".<br />

O bispo de Taubaté, preocupado com a<br />

sustentação material de sua diocese, não<br />

abriu mão da disputa por Aparecida e, após<br />

muitas e intensas trocas de argumentações<br />

sobre a legitimidade do controle sobre o<br />

cofre, o desgaste tornava-se cada vez mais<br />

visível, por vezes chegando ao público leigo<br />

que, por meio de jornais, punha-se a par<br />

de assuntos estritamente inerentes à esfera<br />

eclesiástica.<br />

Ao perceber que a situação era<br />

irreversível, D. Epaminondas tratou logo<br />

de trabalhar em um novo plano que resultaria<br />

na implantação, em Taubaté, de um<br />

núcleo de fé ultramontana em devoção à,<br />

então pouco conhecida, Santa Terezinha.<br />

Sendo a cidade um centro difusor das idéias<br />

do projeto romanizante, por apresentar<br />

centro urbano mais expressivo em âmbito<br />

regional resultado da crescente migração<br />

da população que antes se ocupava na, agora,<br />

decadente economia cafeeira, a construção<br />

do "Santuário de Santa Terezinha"<br />

teve por objetivo deter a afluência de fiéis<br />

a Aparecida.<br />

Enfim, analisando o governo diocesano<br />

de D. Epaminondas, pode-se concluir que,<br />

além da atuação comum aos bispos da época,<br />

quais sejam, o controle sobre o clero, o<br />

enquadramento das irmandades leigas e a<br />

burocratização da diocese, suas ações<br />

romanizadoras, como reposta ao confronto<br />

com o arcebispo D. Duarte, focou-se na<br />

devoção a Santa Terezinha, sendo<br />

construído, em Taubaté, o primeiro santuário<br />

do mundo em sua honra.<br />

Isnard Albuquerque Câmara é Doutor<br />

em História Social pela Universidade<br />

de São Paulo e professor da Universidade<br />

de Taubaté-SP<br />

Prof. Dr. Isnard Albuquerque Câmara<br />

O cofre<br />

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99


Senador Aloízio Mercadante<br />

O <strong>Lince</strong> - Senador, os índices de desempenho<br />

da educação brasileira, de um<br />

modo geral, denunciam a falência de nosso<br />

sistema escolar, que não consegue dar<br />

conta da tarefa institucional de ensinar<br />

bem os nossos alunos. Como o senhor vê<br />

este quadro da educação brasileira hoje?<br />

Mercadante - Este é o maior problema<br />

estrutural do Brasil. Nós precisamos<br />

de uma educação pública universal<br />

de qualidade, e o esforço nessa direção<br />

tem que mover não apenas o governo federal,<br />

mas governos estaduais e municipais.<br />

Acho que no Estado de São Paulo é<br />

particularmente grave essa situação porque<br />

essa política de progressão continuada,<br />

na realidade aprovação automática,<br />

durante todos esses anos, levou a uma<br />

situação caótica. O salário dos professores<br />

é uma aberração no estado mais rico<br />

do Brasil. O governo federal fez agora o<br />

FUNDEB, que aumenta o repasse para as<br />

prefeituras para melhorar os salários dos<br />

professores que acho que é a preliminar,<br />

nós fizemos o PROUNI, criamos em torno<br />

de 500 mil vagas para alunos das escolas<br />

públicas terem a perspectiva de poder<br />

fazer um curso superior e abrimos<br />

doze novas universidades federais e ampliamos<br />

outras treze universidades que<br />

já existiam. Com isso, abre uma perspectiva<br />

mais promissora, o aluno se sente<br />

mais motivado para poder acessar a uma<br />

universidade. Ampliamos muito a rede<br />

10<br />

10<br />

ENTREVISTA<br />

NTREVISTA<br />

Senador Senador Aloízio Aloízio Mer Mercadante<br />

Mer cadante<br />

de escolas técnicas profissionalizantes<br />

que é outro segmento que estava muito<br />

abandonado. E, infelizmente, quer dizer,<br />

o governo federal, pelo modelo<br />

institucional do país, a responsabilidade<br />

dele direta é mais sobre o ensino superior.<br />

Nós estamos atuando no ensino fundamental<br />

melhorando a merenda escolar,<br />

produzindo mais material didático,<br />

fazendo a universidade do professor para<br />

o ensino à distância pra requalificar, formar<br />

os professores. Eu fiz um projeto,<br />

que eu espero aprovar ainda este ano na<br />

Câmara, que prevê, no prazo máximo de<br />

cinco anos, usar os recursos do FUST, que<br />

é o Fundo de Universalização dos Serviços<br />

de Telecomunicações e colocar banda<br />

larga em todas as escolas públicas do<br />

país. O governo federal já garante, em<br />

três anos, em todas as escolas urbanas.<br />

Meu projeto estende para todas as áreas,<br />

inclusive rurais, em cinco anos, banda<br />

larga. Com isso nós vamos colocar todas<br />

as escolas na via rápida da Internet, computador<br />

para os alunos, endereço eletrônico<br />

para os alunos, formação dos professores<br />

e patrocinar inclusão digital dos<br />

47 milhões de alunos da escola pública.<br />

Eu acho que talvez este seja o instrumento,<br />

que eu particularmente entendo, junto<br />

com outro conjunto de políticas, que<br />

pode dar o grande salto histórico na educação<br />

brasileira.<br />

O <strong>Lince</strong> - Os últimos resultados de<br />

rendimento escolar de São Paulo foram<br />

amargamente recebidos. Os dados te surpreenderam?<br />

A que o senhor atribui o<br />

desempenho que para muitos, no Estado<br />

de São Paulo, foi decepcionante? Apenas<br />

à progressão continuada ou há um conjunto<br />

de outros fatores aos quais poderia<br />

ser atribuído isso?<br />

Mercadante - Um conjunto de fatores.<br />

Primeiro, uma municipalização<br />

açodada sem uma política de avaliação,<br />

de acompanhamento, de formação. Então,<br />

em algumas cidades, que o prefeito<br />

tem mais sensibilidade, mais compromisso<br />

com a educação, o desempenho é<br />

melhor, e em outras o abandono completo.<br />

E os alunos não podem ficar ao<br />

sabor da sensibilidade de um prefeito.<br />

Faltou política do governo do estado, do<br />

governo do PSDB que está aí há tantos<br />

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anos de, o estado mais rico do país, olhar<br />

para a educação com mais atenção. A política<br />

de aprovação automática, de progressão<br />

continuada, foi outra forma, quer<br />

dizer, melhorava as estatísticas, mas o<br />

aluno chega ao 4º ano um analfabeto funcional.<br />

Então, faltou um programa de<br />

reforço, de acompanhamento, principalmente<br />

a alfabetização, em primeiras contas,<br />

no ensino fundamental precisa de<br />

uma atenção muito especial porque se o<br />

aluno não souber ler, escrever, ele não<br />

consegue progredir depois em toda estrutura<br />

educacional. Então, a educação,<br />

especialmente aritmética, a matemática,<br />

e o português, tem que ser muito bem<br />

acompanhados, inclusive com reforço na<br />

sala de aula. Agora, e o método pedagógico,<br />

nós precisamos de avaliação. Eu dei<br />

aulas 30 anos na universidade, na<br />

UNICAMP e na PUC, você não consegue<br />

fazer educação sem avaliar. Não basta<br />

simplesmente educar, você precisa avaliar<br />

o que o aluno recebeu para ver o que<br />

precisa ser corrigido, quais são as políticas<br />

complementares. Acho que esses instrumentos<br />

de avaliação servem pra gente<br />

reconhecer as deficiências e começar a<br />

mobilizar forças pra reverter. Agora, a<br />

educação não é uma coisa rápida. É uma<br />

coisa permanente, continuada, precisa<br />

de muito trabalho, especialmente em<br />

São Paulo, pra gente dar um choque de<br />

qualidade.<br />

O <strong>Lince</strong> - Uma outra questão que<br />

tem nos afligido bastante é que, recentemente,<br />

muitos professores tem nos procurado<br />

para falar de sua insatisfação, diríamos<br />

até indignação, com relação aos<br />

critérios adotados para a aposentadoria<br />

de professor. À medida que se estabelece<br />

que o professor tem que ter a idade mínima<br />

para a aposentadoria, independentemente<br />

do tempo mínimo deste composto.<br />

Como o senhor vê esta questão, o<br />

senhor vê que é possível adotar critérios<br />

legais para que essa aposentadoria especial<br />

seja concedida ao professor? Existe<br />

algo tramitando no Congresso nesse sentido?<br />

Mercadante - Não, não existe. O<br />

que nós temos é uma situação<br />

previdenciária muito difícil porque a<br />

longevidade da população brasileira, a<br />

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idade média do brasileiro hoje são 72<br />

anos, e ela vem aumentando ano a ano. E<br />

com esse aumento da longevidade, o sistema<br />

previdenciário precisa ser<br />

financiável, você precisa garantir que, a<br />

médio e longo prazo, você possa garantir<br />

aposentadoria e pensão e esse é um grande<br />

problema de todas as sociedades. Eu<br />

me lembro, eu visitei com o presidente<br />

Lula a França, na época o Primeiro Ministro<br />

era o Jospin, e na visita ele disse<br />

assim: que metade das crianças que estavam<br />

nascendo na França, isso já faz uns<br />

quatro anos, iam viver 100 anos, metade<br />

das mulheres que estavam nascendo iam<br />

viver cem anos. Nós já temos uma população,<br />

que cresce a cada ano, com mais<br />

de cem anos no Brasil. A aposentada mais<br />

velha da previdência tem 129 anos. E nós<br />

estamos aumentando a longevidade, então,<br />

o sistema de financiamento é uma é<br />

um grande desafio.<br />

Agora, o professor tem que ter outros<br />

estímulos, outras vantagens, porque é uma<br />

profissão muito desgastante, principalmente<br />

ensino fundamental e médio precisa<br />

ter um tratamento muito especial, e<br />

o mais importante nesse momento é salário,<br />

porque se ele receber mais, ele também<br />

vai se aposentar em melhores condições.<br />

Eu acho que os salários são tão<br />

rebaixados que a categoria é muito<br />

desmotivada e acaba querendo se aposentar<br />

para poder trabalhar em outra coisa<br />

e continuar vivendo com melhor dignidade.<br />

Muitas vezes é obrigado a ter<br />

duas, três atividades porque não consegue<br />

viver apenas de educação, e educação<br />

é uma coisa fundamental para o país.<br />

Como melhorou. O Brasil está crescendo<br />

6%. Nestes últimos cinco anos, cresceu<br />

4,5%, está melhorando a receita tributária<br />

das prefeituras, do governo federal<br />

e estadual. Hoje, o país, felizmente,<br />

saiu de mais de 20 anos de estagnação<br />

econômica, e a sociedade do futuro é uma<br />

sociedade do conhecimento, da informação,<br />

o Brasil não tem chance no século<br />

21 se não priorizar educação, ciência e<br />

tecnologia. Eu acho que essa consciência<br />

está crescendo, os instrumentos começam<br />

a ser assolados, nós teremos mais<br />

recursos para investir e eu acho que a<br />

educação vai melhorar.<br />

O <strong>Lince</strong> - Voltando à questão da ava-<br />

ZEZÃO<br />

CONCRETAGEM<br />

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Tel.: (12) 3936-2005<br />

Aparecida, 20 de junho de 2008


Senador Aloízio Mercadante durante entrevista<br />

liação, a gente tem visto que recentemente<br />

o Estado de São Paulo adotou, do ponto<br />

de vista da avaliação das escolas públicas,<br />

"a mesma métrica" de avaliação<br />

do Ministério da Educação, ou seja, instituiu-se<br />

aqui em São Paulo o IDESP em<br />

sintonia com o IDEB federal. O que significa<br />

isso a seu ver? Há uma aproximação<br />

das políticas neoliberais da proposta<br />

do governo federal pelo menos no que<br />

tange à avaliação de sistema?<br />

Mercadante - Acho que avaliação<br />

de sistema tem que ter um conjunto de<br />

instrumentos. Nós não podemos ter um<br />

único termômetro para medir a educação,<br />

mas eu acho muito importante que<br />

a gente tenha instrumentos como ENEM<br />

e associado a políticas de motivação<br />

como é o PROUNI, como são as cotas,<br />

inclusive cotas para escola pública, é isso<br />

que vai assegurar, primeiro a motivação<br />

do aluno, e segundo, a possibilidade de<br />

nós analisarmos como é que a minha escola<br />

está indo, como é que a minha cidade<br />

está indo, como é que o meu estado<br />

está indo, para que as providências possam<br />

ser tomadas em termos de aprimoramento<br />

do sistema educacional. Agora,<br />

em relação ao governo do estado de São<br />

Paulo não pode se esperar outra coisa.<br />

Sempre foram neoliberais, continuam<br />

sendo neoliberais, durante oito anos governaram<br />

o Brasil e todo mundo hoje pode<br />

comparar qualquer área: educação, crescimento,<br />

saúde, inflação, balança de pagamentos,<br />

emprego, entre os cinco anos<br />

do governo Lula e os oito anos do governo<br />

do PSDB. Infelizmente, em São Paulo,<br />

a gente não pode fazer essa comparação,<br />

CASARÃO<br />

Forró toda quinta<br />

Estrada Vale do Sol,<br />

Pedro Leme, Roseira-SP<br />

Aparecida, 20 de junho de 2008<br />

mas um dia nós vamos fazer e nós vamos<br />

melhorar muito mais rapidamente São<br />

Paulo também.<br />

O <strong>Lince</strong> - Um dos gargalos por onde<br />

escoam os parcos recursos da educação<br />

brasileira é o excesso de instâncias intermediárias<br />

e paralelas entre os órgãos centrais<br />

de gestão e as escolas públicas. Continua<br />

existindo muita gente pendurada<br />

em governos. O PT sempre se opôs a isso,<br />

mas o quadro insiste em perpetuar-se. O<br />

senhor vê alguma solução para o problema<br />

a partir do legislativo?<br />

Mercadante - Eu vejo sim, eu acho<br />

que nós tínhamos que fazer uma reforma<br />

do sistema educacional para acabar<br />

com as competências concorrentes. Nós<br />

temos que ter competências complementares<br />

entre a União, os Estados e Municípios,<br />

e hoje nós temos uma competência<br />

concorrente e isso é um desequilíbrio que<br />

vem já, histórico, muito antigo, mas é um<br />

tema que você está advertindo, e eu assumo<br />

o compromisso de buscar encontrar<br />

soluções, estudar mais a fundo. Nesse<br />

momento eu presido duas comissões e<br />

não estou na Comissão de Educação. Presido<br />

a Comissão de Assuntos Econômicos,<br />

a da Representação do Brasil no<br />

Mercosul, estou na Comissão de Relações<br />

Exteriores, enfim, já tenho uma série de<br />

responsabilidades, mas eu vou me dedicar<br />

a esse tema e apresentarei, se não<br />

houver uma proposta sólida, propondo<br />

mudanças institucionais nesta direção,<br />

porque isto é desperdício de recursos.<br />

O <strong>Lince</strong> - Muito obrigado, Senador.<br />

Araci / Paula<br />

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SAÚDE AÚDE<br />

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saúde:<br />

possibilidades<br />

possibilidades<br />

e e responsabilidade responsabilidade de de todos<br />

todos<br />

DIAS DESSES, uma amiga me<br />

disse que nós, profissionais da saúde,<br />

somos estressados com limpeza e higiene.<br />

Não sei por que ela fez esse juízo<br />

de valor. Talvez, ao observar um profissional<br />

em sua rotina, não tenha percebido<br />

que todos os procedimentos visam<br />

a reduzir o máximo possível o risco<br />

de contaminação de um ambiente e<br />

o de materiais empregados no atendimento<br />

ao paciente.<br />

É claro que, quando saímos do local<br />

de trabalho, usamos sempre do bom<br />

senso, pois somos agentes de nosso tempo<br />

e responsáveis por nossa qualidade<br />

de vida. Aliás, o conceito de promoção<br />

de saúde tem evoluído ao longo do tempo<br />

conforme a evolução da ciência e<br />

do conceito do que seja saúde. O que<br />

hoje parece uma atitude simples, como,<br />

por exemplo, o ato de lavar as mãos,<br />

eliminou a disseminação de doenças e<br />

melhorou a qualidade de vida das pessoas.<br />

Nesse aspecto, poderíamos relacionar<br />

outros conceitos comportamentais<br />

e científicos já incorporados<br />

ao nosso dia-a-dia e que nos passam<br />

despercebidos.<br />

Doenças como varíola ou poliomielite<br />

deixaram de existir em nossa sociedade<br />

em decorrência de descobertas<br />

científicas ou de mudança de atitude<br />

da população. Hábitos como escovar<br />

os dentes ou tomar banho, associados<br />

aos cuidados com nossa higiene<br />

pessoal integral, melhoraram a expectativa<br />

de vida do ser humano.<br />

Mas cuidar do nosso bem-estar não<br />

se resume a isso apenas. Falta-nos educação<br />

e consciência ambiental. Pode parecer<br />

neurose de pessoas que tratam da<br />

saúde, mas não é. O simples ato de jogarmos<br />

um papel de bala no chão<br />

agride o meio ambiente e, o que é<br />

pior, coloca-nos num estado de letargia<br />

e de aceitação de convivência<br />

com a sujeira.<br />

A esse papel de bala somam-se também<br />

entulhos e sobras orgânicas — restos<br />

de comida e limpeza de quintais —<br />

que lançamos todos os dias na natureza.<br />

Sabe aquele terreno abandonado<br />

Rua Afonso Pereira Rangel, 57<br />

Jardim Paraíba - 12570-000<br />

Tel.: 3105-2029<br />

Sílvia Maria de Carvalho Farias<br />

onde jogamos tudo o que não queremos?<br />

Pois é, ele se transforma em focos<br />

de contaminação e coloca em risco<br />

a saúde de toda uma comunidade.<br />

Ratos, escorpiões, baratas e até as formiguinhas<br />

se proliferam, pois encontram<br />

todas as condições propícias para<br />

a vida, e invadem nossas casas disseminando<br />

a infecção.<br />

Os moradores reclamam do poder<br />

público, bradam por limpeza, vociferam<br />

contra taxas cobradas para limpeza<br />

que não refletem a qualidade do serviço.<br />

Mas quem joga o lixo todo o santo<br />

dia nos terrenos baldios? E quem vê<br />

o lixo ser jogado, e não protesta na<br />

hora? Às vezes até cumprimentamos<br />

da calçada ou da janela o infrator<br />

com um sorriso amarelo, constrangidos,<br />

como se a culpa fosse nossa<br />

de estarmos ali observando-o na<br />

hora errada. É o sorriso cínico da<br />

conivência urbana.<br />

E quando a sujeira está dentro do<br />

lar? Pesquisas demonstram que o lugar<br />

da casa mais infectado por bactérias<br />

é a cozinha. Hábitos sadios poderiam<br />

acabar com essa realidade. Cuidar<br />

do fogão, da pia, das louças e dos<br />

talheres não é neurose de profissional.<br />

Para que lixeira fixa, com resíduos orgânicos<br />

acumulados? Separar o lixo<br />

também é uma medida inteligente, que<br />

propicia a reciclagem de materiais.<br />

Por isso, a promoção da saúde passa<br />

não só pelo conhecimento científico<br />

desenvolvido por uma sociedade,<br />

mas também pelo envolvimento do<br />

povo em ações efetivas de disseminação<br />

de hábitos e costumes voltados<br />

para a preservação do meio ambiente.<br />

Promover saúde não é apenas cuidar<br />

das doenças que debilitam o estado<br />

físico do indivíduo. Promover saúde<br />

é ver o ser humano como agente de<br />

seu meio. E, como agente, capaz de criar<br />

condições para o estabelecimento<br />

de uma vida melhor.<br />

Sílvia Maria de Carvalho Farias<br />

cursa o 3° ano<br />

do Curso de Enfermagem<br />

e-mail: silviamcfarias@gmail.com<br />

Faz az azenda az enda Har Haras Har as<br />

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João<br />

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11


Dom Raimundo Damasceno Assis, Arcebispo<br />

de Aparecida, realizou visita pastoral ao<br />

bairro de Santa Rita no dia 09 de junho. Na EE<br />

professora Maria Conceição Pires do Rio, falou<br />

às crianças e jovens e conquistou todos com a<br />

sua simpatia, deixando uma mensagem de incentivo<br />

aos estudos e de busca do aperfeiçoamento<br />

pessoal como condição para tornar os<br />

mundo melhor. Dom Damasceno reforçou o<br />

Não é o maior<br />

mas é o melhor<br />

Aberto de Segunda a Sábado das 6 às 21h<br />

Domingos e Feriados das 6 às 20h<br />

12<br />

12<br />

Efigênia<br />

Freitas<br />

durante a<br />

abertura<br />

da noite<br />

cultural<br />

O violonista<br />

Josane<br />

Medina<br />

interpretou<br />

composição<br />

de José<br />

Affonso<br />

L L . U . X<br />

X<br />

LUX UX & & IONS<br />

IONS<br />

Arcebispo Arcebispo de de Aparecida<br />

Aparecida<br />

realizou realizou visita visita pastoral<br />

pastoral<br />

A simpatia de Dom Raimundo conquistou os jovens estudantes<br />

ACEITAMOS ENCOMENDAS DE BOLOS EM 3 TAMANHOS<br />

Rua Benedito Macedo, 3<strong>01</strong> - Ponte Alta - Aparecida-SP<br />

Tel.: 3105-2058<br />

X & I<br />

I<br />

vínculo entre o conhecer e o amar e apelou aos<br />

estudantes que aprendam para colocar-se a serviço<br />

do outro, seu "irmão".<br />

Ao despedir-se, foi assediado por dezenas<br />

de crianças que desejavam o seu abraço e o seu<br />

carinho.<br />

Outras instituições religiosas, assis-tenciais<br />

e educacionais do bairro também foram visitadas<br />

pelo arcebispo.<br />

Jor or orge or e Az Azer Az er eredo er edo em em Salão<br />

Salão<br />

Inter Internacional Inter nacional de de Ar Artes Ar tes<br />

O artista plástico aparecidense Jorge<br />

Azeredo exporá algumas de suas telas no<br />

Salão Internacional de Artes Visuais 2008,<br />

entre os dias 14 a 24 de junho, no<br />

I . O<br />

O<br />

O . N<br />

N<br />

N . S<br />

S<br />

Cem Cem Cem Cem Cem anos anos anos anos anos com com com com com J JJosé<br />

J JJosé<br />

J<br />

JJosé<br />

J osé osé osé Af Affonso Af Affonso Af<br />

Af Affonso Af onso onso onso de de de de de F FFreitas<br />

F FFreitas<br />

F<br />

FFreitas<br />

F eitas<br />

eitas<br />

eitas<br />

Público lotou as dependências da Biblioteca Municipal<br />

NO DIA 06 desse mês, o poeta, mú- presente que nunca entre aqueles que o<br />

sico e, nas horas vagas, barbeiro José preservam no âmbar da saudade e do re-<br />

Affonso de Freitas completou mais um ano conhecimento.<br />

de vida entre nós. E lá estavam, para co- A família Freitas não deixou de expresmemorar<br />

o seu centenário de nascimensar o seu contentamento em uma rica noito,<br />

na Biblioteca Pública Municipal de te cultural regada a música, poesia e ma-<br />

Aparecida, familiares e amigos, muitos nifestações de apreço e carinho ao homem<br />

amigos, que fizeram o espaço acanhar-se de letras e de artes que foi José Affonso.<br />

de tão repleto.<br />

Aqui saudamos este digno homem que<br />

Ora, também pudera, pois não se tra- foi, e é, para a família, um grande pai, para<br />

tava de um aniversário qualquer, mas dos os amigos, um grande irmão, e para<br />

cem anos de José Affonso de Freitas, mais Aparecida, um grande filho.<br />

Shopping Market Place, em São Paulo.<br />

Para quem quiser conferir, o endereço é<br />

Avenida Dr. Chucri Zaidan, nº 902 - São<br />

Paulo - Capital.<br />

Concur Concurso Concur so de de P PPoesia,<br />

P oesia, Crônica<br />

Crônica<br />

e e Desenho Desenho Sítio Sítio do do J JJuca<br />

J uca - - 2008<br />

2008<br />

Estão abertas as inscrições, nas secretarias<br />

das escolas, para o 6º Concurso de Poesia, Crônica<br />

e Desenho Sítio do Juca - 2008, Prêmio<br />

Renan Burle de Siqueira. Poderão participar os<br />

alunos nascidos entre 1987 e 2002, matriculados<br />

nas escolas estaduais, municipais e particulares<br />

das 17 cidades subordinadas à Diretoria<br />

de Ensino de Guaratinguetá e que cursem do<br />

1º ano do Ensino Fundamental até a 3ª série<br />

do Ensino Médio.<br />

Vários prêmios serão distribuídos aos alunos<br />

classificados: computadores, DVD players,<br />

MP3, livros, passeios turísticos e culturais, bicicletas,<br />

bolas, celulares e outros.<br />

A prova será realizada no dia 23 de agosto,<br />

e os locais serão previamente divulgados.<br />

Mais informações pelos telefones 3133-<br />

7448, 9709-0049, 8149-0841,<br />

e-mail: diógenes_sila@hotmail.com,<br />

contatos@sitiodojuca.com.br<br />

Mostra Mostra cinematográfica cinematográfica na na Unitau<br />

Unitau<br />

A Universidade de Taubaté (UNITAU) está<br />

com inscrições abertas para a 1ª Mostra de curta-metragem<br />

das regiões do Vale do Paraíba,<br />

Litoral Norte e Serra da Mantiqueira. O evento,<br />

promovido por meio de uma parceria da Universidade<br />

com o Centro Acadêmico do Departamento<br />

de Ciências Sociais e Letras, será realizado<br />

no dia 15 de agosto.<br />

Poderão ser inscritos filmes de, no máximo,<br />

15 minutos. O tema das obras é livre, mas<br />

apenas os filmes do gênero de ficção poderão<br />

concorrer ao prêmio.<br />

Os interessados em participar da Mostra<br />

devem submeter uma obra e pagar uma taxa de<br />

R$ 10. As inscrições serão encerradas no dia 1º<br />

de julho.<br />

Haverá premiações nas categorias<br />

de melhor filme, melhor<br />

ator, melhor atriz, melhor<br />

ator coadjuvante e melhor atriz<br />

coadjuvante. Os três primeiros<br />

colocados da Mostra receberão<br />

troféus e prêmios de acordo com<br />

sua classificação. Os classificados<br />

do quarto ao décimo colocado,<br />

em cada categoria, receberão<br />

medalhas de participação.<br />

A comissão julgadora do<br />

concurso será composta por<br />

dois jornalistas profissionais,<br />

um ator teatral, um professor<br />

19º 19º Concur Concurso<br />

Concur so<br />

de de Contos<br />

Contos<br />

de de Aparecida<br />

Aparecida<br />

O regulamento para a décima nona edição<br />

do Concurso de Contos, promovido pela Prefeitura<br />

Municipal de Aparecida, através do Departamento<br />

de Educação e Cultura, em homenagem<br />

à patrona, a professora, escritora e<br />

folclorista Maria de Lourdes Borges Ribeiro, já<br />

está à disposição dos interessados na Biblioteca<br />

Pública Municipal de Aparecida.<br />

Cada autor poderá inscrever, gratuitamente<br />

e sob pseudônimo, dois trabalhos, sendo<br />

que somente um poderá ser premiado.<br />

Estará automaticamente inscrito o autor<br />

que entregar seu(s) texto(s) até o dia 08/08/<br />

2008. No caso de envio pelos Correios, vale o<br />

carimbo com a data de postagem. O tema,<br />

como nos últimos anos, é "Aconteceu em<br />

Aparecida...", portanto, os trabalhos poderão<br />

contar, no máximo de cinco laudas, acontecimentos<br />

reais ou fictícios que tenham a cidade<br />

como cenário.<br />

O julgamento caberá a uma comissão de<br />

três membros ligados ao meio literário, e os<br />

prêmios caberão aos três primeiros classificados.<br />

A data de premiação já está marcada para o<br />

dia de aniversário da patrona: 19 de setembro,<br />

às 20 horas, na Biblioteca Pública Municipal<br />

Professora Maria de Lourdes Borges Ribeiro.<br />

Regulamento no site:<br />

www.jornalo<strong>lince</strong>.com.br<br />

de Literatura, um professor universitário de<br />

comunicação e um convidado especial. A divulgação<br />

dos 10 primeiros lugares de cada categoria<br />

será no dia 16 de agosto, sábado, mas a<br />

ordem de classificação só será anunciada no<br />

dia 13 de setembro, durante a semana pedagógica<br />

do departamento.<br />

A ficha de inscrição e o regulamento da<br />

Mostra estão disponíveis no site UNITAU -<br />

clique aqui - Os interessados podem efetuar a<br />

inscrição no Diretório Central dos Estudantes<br />

(DCE), localizado na Rua 4 de março, nº 497,<br />

ou no Museu da Imagem e do Som de Taubaté,<br />

que fica na rua Tomé Portes Del Rey, 761, no<br />

bairro Jardim Ana Emília.<br />

Atacado e Varejo<br />

Telefone<br />

8173-2525<br />

Sempre trabalhando<br />

para o progresso<br />

de Aparecida<br />

Aparecida, 20 de junho de 2008

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