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Senador Aloízio Mercadante<br />
O <strong>Lince</strong> - Senador, os índices de desempenho<br />
da educação brasileira, de um<br />
modo geral, denunciam a falência de nosso<br />
sistema escolar, que não consegue dar<br />
conta da tarefa institucional de ensinar<br />
bem os nossos alunos. Como o senhor vê<br />
este quadro da educação brasileira hoje?<br />
Mercadante - Este é o maior problema<br />
estrutural do Brasil. Nós precisamos<br />
de uma educação pública universal<br />
de qualidade, e o esforço nessa direção<br />
tem que mover não apenas o governo federal,<br />
mas governos estaduais e municipais.<br />
Acho que no Estado de São Paulo é<br />
particularmente grave essa situação porque<br />
essa política de progressão continuada,<br />
na realidade aprovação automática,<br />
durante todos esses anos, levou a uma<br />
situação caótica. O salário dos professores<br />
é uma aberração no estado mais rico<br />
do Brasil. O governo federal fez agora o<br />
FUNDEB, que aumenta o repasse para as<br />
prefeituras para melhorar os salários dos<br />
professores que acho que é a preliminar,<br />
nós fizemos o PROUNI, criamos em torno<br />
de 500 mil vagas para alunos das escolas<br />
públicas terem a perspectiva de poder<br />
fazer um curso superior e abrimos<br />
doze novas universidades federais e ampliamos<br />
outras treze universidades que<br />
já existiam. Com isso, abre uma perspectiva<br />
mais promissora, o aluno se sente<br />
mais motivado para poder acessar a uma<br />
universidade. Ampliamos muito a rede<br />
10<br />
10<br />
ENTREVISTA<br />
NTREVISTA<br />
Senador Senador Aloízio Aloízio Mer Mercadante<br />
Mer cadante<br />
de escolas técnicas profissionalizantes<br />
que é outro segmento que estava muito<br />
abandonado. E, infelizmente, quer dizer,<br />
o governo federal, pelo modelo<br />
institucional do país, a responsabilidade<br />
dele direta é mais sobre o ensino superior.<br />
Nós estamos atuando no ensino fundamental<br />
melhorando a merenda escolar,<br />
produzindo mais material didático,<br />
fazendo a universidade do professor para<br />
o ensino à distância pra requalificar, formar<br />
os professores. Eu fiz um projeto,<br />
que eu espero aprovar ainda este ano na<br />
Câmara, que prevê, no prazo máximo de<br />
cinco anos, usar os recursos do FUST, que<br />
é o Fundo de Universalização dos Serviços<br />
de Telecomunicações e colocar banda<br />
larga em todas as escolas públicas do<br />
país. O governo federal já garante, em<br />
três anos, em todas as escolas urbanas.<br />
Meu projeto estende para todas as áreas,<br />
inclusive rurais, em cinco anos, banda<br />
larga. Com isso nós vamos colocar todas<br />
as escolas na via rápida da Internet, computador<br />
para os alunos, endereço eletrônico<br />
para os alunos, formação dos professores<br />
e patrocinar inclusão digital dos<br />
47 milhões de alunos da escola pública.<br />
Eu acho que talvez este seja o instrumento,<br />
que eu particularmente entendo, junto<br />
com outro conjunto de políticas, que<br />
pode dar o grande salto histórico na educação<br />
brasileira.<br />
O <strong>Lince</strong> - Os últimos resultados de<br />
rendimento escolar de São Paulo foram<br />
amargamente recebidos. Os dados te surpreenderam?<br />
A que o senhor atribui o<br />
desempenho que para muitos, no Estado<br />
de São Paulo, foi decepcionante? Apenas<br />
à progressão continuada ou há um conjunto<br />
de outros fatores aos quais poderia<br />
ser atribuído isso?<br />
Mercadante - Um conjunto de fatores.<br />
Primeiro, uma municipalização<br />
açodada sem uma política de avaliação,<br />
de acompanhamento, de formação. Então,<br />
em algumas cidades, que o prefeito<br />
tem mais sensibilidade, mais compromisso<br />
com a educação, o desempenho é<br />
melhor, e em outras o abandono completo.<br />
E os alunos não podem ficar ao<br />
sabor da sensibilidade de um prefeito.<br />
Faltou política do governo do estado, do<br />
governo do PSDB que está aí há tantos<br />
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anos de, o estado mais rico do país, olhar<br />
para a educação com mais atenção. A política<br />
de aprovação automática, de progressão<br />
continuada, foi outra forma, quer<br />
dizer, melhorava as estatísticas, mas o<br />
aluno chega ao 4º ano um analfabeto funcional.<br />
Então, faltou um programa de<br />
reforço, de acompanhamento, principalmente<br />
a alfabetização, em primeiras contas,<br />
no ensino fundamental precisa de<br />
uma atenção muito especial porque se o<br />
aluno não souber ler, escrever, ele não<br />
consegue progredir depois em toda estrutura<br />
educacional. Então, a educação,<br />
especialmente aritmética, a matemática,<br />
e o português, tem que ser muito bem<br />
acompanhados, inclusive com reforço na<br />
sala de aula. Agora, e o método pedagógico,<br />
nós precisamos de avaliação. Eu dei<br />
aulas 30 anos na universidade, na<br />
UNICAMP e na PUC, você não consegue<br />
fazer educação sem avaliar. Não basta<br />
simplesmente educar, você precisa avaliar<br />
o que o aluno recebeu para ver o que<br />
precisa ser corrigido, quais são as políticas<br />
complementares. Acho que esses instrumentos<br />
de avaliação servem pra gente<br />
reconhecer as deficiências e começar a<br />
mobilizar forças pra reverter. Agora, a<br />
educação não é uma coisa rápida. É uma<br />
coisa permanente, continuada, precisa<br />
de muito trabalho, especialmente em<br />
São Paulo, pra gente dar um choque de<br />
qualidade.<br />
O <strong>Lince</strong> - Uma outra questão que<br />
tem nos afligido bastante é que, recentemente,<br />
muitos professores tem nos procurado<br />
para falar de sua insatisfação, diríamos<br />
até indignação, com relação aos<br />
critérios adotados para a aposentadoria<br />
de professor. À medida que se estabelece<br />
que o professor tem que ter a idade mínima<br />
para a aposentadoria, independentemente<br />
do tempo mínimo deste composto.<br />
Como o senhor vê esta questão, o<br />
senhor vê que é possível adotar critérios<br />
legais para que essa aposentadoria especial<br />
seja concedida ao professor? Existe<br />
algo tramitando no Congresso nesse sentido?<br />
Mercadante - Não, não existe. O<br />
que nós temos é uma situação<br />
previdenciária muito difícil porque a<br />
longevidade da população brasileira, a<br />
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idade média do brasileiro hoje são 72<br />
anos, e ela vem aumentando ano a ano. E<br />
com esse aumento da longevidade, o sistema<br />
previdenciário precisa ser<br />
financiável, você precisa garantir que, a<br />
médio e longo prazo, você possa garantir<br />
aposentadoria e pensão e esse é um grande<br />
problema de todas as sociedades. Eu<br />
me lembro, eu visitei com o presidente<br />
Lula a França, na época o Primeiro Ministro<br />
era o Jospin, e na visita ele disse<br />
assim: que metade das crianças que estavam<br />
nascendo na França, isso já faz uns<br />
quatro anos, iam viver 100 anos, metade<br />
das mulheres que estavam nascendo iam<br />
viver cem anos. Nós já temos uma população,<br />
que cresce a cada ano, com mais<br />
de cem anos no Brasil. A aposentada mais<br />
velha da previdência tem 129 anos. E nós<br />
estamos aumentando a longevidade, então,<br />
o sistema de financiamento é uma é<br />
um grande desafio.<br />
Agora, o professor tem que ter outros<br />
estímulos, outras vantagens, porque é uma<br />
profissão muito desgastante, principalmente<br />
ensino fundamental e médio precisa<br />
ter um tratamento muito especial, e<br />
o mais importante nesse momento é salário,<br />
porque se ele receber mais, ele também<br />
vai se aposentar em melhores condições.<br />
Eu acho que os salários são tão<br />
rebaixados que a categoria é muito<br />
desmotivada e acaba querendo se aposentar<br />
para poder trabalhar em outra coisa<br />
e continuar vivendo com melhor dignidade.<br />
Muitas vezes é obrigado a ter<br />
duas, três atividades porque não consegue<br />
viver apenas de educação, e educação<br />
é uma coisa fundamental para o país.<br />
Como melhorou. O Brasil está crescendo<br />
6%. Nestes últimos cinco anos, cresceu<br />
4,5%, está melhorando a receita tributária<br />
das prefeituras, do governo federal<br />
e estadual. Hoje, o país, felizmente,<br />
saiu de mais de 20 anos de estagnação<br />
econômica, e a sociedade do futuro é uma<br />
sociedade do conhecimento, da informação,<br />
o Brasil não tem chance no século<br />
21 se não priorizar educação, ciência e<br />
tecnologia. Eu acho que essa consciência<br />
está crescendo, os instrumentos começam<br />
a ser assolados, nós teremos mais<br />
recursos para investir e eu acho que a<br />
educação vai melhorar.<br />
O <strong>Lince</strong> - Voltando à questão da ava-<br />
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Aparecida, 20 de junho de 2008