You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
VELHO: (Marcha narrante; o Velho põe-se a andar, com raiva) Que cafusão...hã! (se assusta com o<br />
gato “morto”) Acode São Francisco! (joga os braços ao céu) Jôgárum pau <strong>no</strong> meu gato! (avança para a<br />
direita, ameaçador) Dona Chica-cá, véia danada... larga de sê má, ... trem! Cê ta doida, muié! (joga<br />
os braços ao céu) Ai, Meu Deus! Que tristura. . . meu bicha<strong>no</strong> (levanta o chapéu). . . mórreu! (põe o<br />
chapéu <strong>no</strong> peito, se dirige ao chapéu do <strong>Gato</strong>, faz o sinal da cruz, põe o chapéu e apanha o chapéu do<br />
<strong>Gato</strong>, desolado).<br />
Cena 7- Marcha fúnebre<br />
VELHO: (Marcha fúnebre; o Velho coloca o chapéu do <strong>Gato</strong> na voluta do contrabaixo, que é carregado<br />
como um caixão até o banco, se assenta, coloca o chapéu do <strong>Gato</strong> <strong>no</strong> cabideiro, faz o sinal da cruz,<br />
tira um lenço do bolso, enxuga as lágrimas, assoa o nariz nele e, depois, toca) Meu bicha<strong>no</strong>. . .<br />
mórreu! (o Velho levanta o chapéu ao céu) São Francisco toma conta! (leva o chapéu ao peito) Ai, de<br />
eu! (pendura o chapéu do Velho e coloca o chapéu do <strong>Gato</strong>). O <strong>Gato</strong> levanta a cabeça, triste, mia e<br />
morre.<br />
Cena 8- Ressurreição 1<br />
GATO: (Recitativo, colla parte; o <strong>Gato</strong> levanta a cabeça, alegre, toca e canta) Ahá! Ma, iô <strong>no</strong>n morri! Iô<br />
tem set viiid... e póss tocárr... e cantárr... casi... afinado (Cadenza ad libitum) Miau, miau, miau...<br />
(Marcha da Aleluia; o <strong>Gato</strong> apresenta os sons do contrabaixo) Lê son dê la contrebasse, que marravie!<br />
(o <strong>Gato</strong> toca) Lê son dê pizzicatô, tôn profónd… (o <strong>Gato</strong> toca) Lê son dê lê arcô, tôn sensuel! (o <strong>Gato</strong><br />
toca) Lê son dê lês harmoniques naturrél…ils son... côm estrêl dans lê ciel! (o <strong>Gato</strong> toca e, ao final,<br />
pendura seu chapéu e coloca o chapéu do Velho).<br />
Cena 9- O Sermão do Velho<br />
VELHO: (Recitativo, colla parte; o Velho levanta a cabeça, ouve o motivo da D. Chica-cá, com com<br />
raiva, toca pizz. Bartók) Hum! D. Chica-cá, véia safada! Cê taí, né... trem à tôa!... (ouve o motivo da D.<br />
Chica-cá de <strong>no</strong>vo) Hum! Fica quetaí, Véia! Xô passá um sermão <strong>no</strong>cê e nesses mini<strong>no</strong>... Pois é<br />
mininada! Ieu... vô pidí um negóço procêis, mô fi... mêmo! Voismicê... nunca mais... <strong>Atire</strong> o pau <strong>no</strong><br />
<strong>Gato</strong>... Nã nã nin ... nã nin nã não! Prumodi quiêlé legal... Se voismicê jugá o pau <strong>no</strong> <strong>Gato</strong> traveiz...<br />
hã!!!... Nunca mais... o seu <strong>Gato</strong> vai fazê... (o Velho imita o <strong>Gato</strong> <strong>no</strong> contrabaixo, finge que morre,<br />
pendura seu chapéu e coloca o chapéu do <strong>Gato</strong>).<br />
Cena 10- Ressurreição 2<br />
GATO: (o <strong>Gato</strong> levanta a cabeça, alegre, toca e canta) Ahá! Ma iô <strong>no</strong> morri! Iô tem sét viiid... e póss<br />
tocárr... e cantárr... casi....afinado! Miau, miau, miau... etc. (Marcha da Aleluia; o <strong>Gato</strong> toca e canta)<br />
Miau, miau, miau... etc. (o <strong>Gato</strong>, ao final, pendura seu chapéu e coloca o chapéu do Velho).<br />
Cena 11- Benção de São Francisco<br />
VELHO: (o Velho levanta a cabeça, toca pizz. Bartók, entusiasmado) “Trem de lôco, essa orquestra, hein sô?<br />
Mêmo!” (convida a platéia para cantar “<strong>Não</strong> <strong>Atire</strong> o <strong>Pau</strong> <strong>no</strong> <strong>Gato</strong>”) Óia, pessoal! Nunca é tarde pra nóis<br />
cantá a canção, icologicamente correta, que São Francisco <strong>no</strong>s ensinô... “<strong>Não</strong>...<strong>Atire</strong>...o <strong>Pau</strong> <strong>no</strong> <strong>Gato</strong>” ...<br />
(Recitativo, colla parte; começa a cantar com Sol#-Lá) "Mais iântes... nóis vamo treiná cantá com a letra que<br />
tá mais urtimamente na moda...Iêu canto uma vez sózim...e adispois ocêis canta mais iêu... degavazim...vai<br />
escuta<strong>no</strong>" (canta primeiro, só, e depois com a platéia. O Maestro ajuda, regendo). "Muitio bem; mininada;<br />
entonce vamo lá!" (toca escala e canta) “Oi, não...” (O Velho é interrompido pela bigorna) “Mai quem é que<br />
tá me trapaia<strong>no</strong>?" (pendura seu chapéu e põe o chapéu do <strong>Gato</strong>).<br />
GATO: “Ahá!” (Levanta a cabeça <strong>no</strong> 1º glissando da harpa), “Ahá!” (pega o arco e o mostra <strong>no</strong> 2º glissando<br />
da harpa e interrompe o Maestro) Prrr... Miau! Aninstônt, Maestrô! (o <strong>Gato</strong> toca e fala, pedante) Je suis<br />
professeur de cânt! Pór favórr! Precisôm, ôntes, aquecér <strong>no</strong>tre vóce marravióz... Je prréciz duna <strong>no</strong>ta Lá, sil<br />
vous plait!” [ouve um Lá de harpa],... Nôn, nôn! Nã nã nin, na nin na nôn!...di ôbuá, sil vous plait! (estala<br />
os dedos, ouve o oboé), ...Voilá! (corta o oboé subitamente e toca) Casi (glissa pizz.)... afinado... Ulalá!<br />
(vocaliza arpejo em Lá diminuto) Miau, miau, miau... (o Maestro fica pronto para dar a entrada para a<br />
orquestra, mas o <strong>Gato</strong> faz mais um vocalize, meio-tom acima) Modulacion por semiton...Miau, miau,<br />
miau... (fala suavemente) Prônt... (o <strong>Gato</strong> fica indignado e grita com o Maestro) Prrônt! Maestrô! Estôm<br />
prrônt párra cantárr! Pór favórr! (o <strong>Gato</strong> pendura seu chapéu e põe o chapéu do Velho).<br />
VELHO: (o Velho levanta a cabeça, animado, toca pizz. Bartók) Pois é mininada! Intonce, ieu vô canta<strong>no</strong> na<br />
frente, e ocêis vêm canta<strong>no</strong> logatráis... (toca o Lá e canta...) <strong>Não</strong>... (toca o Sol e canta...) A... (a tempo<br />
Marcha narrante) ...tire o pau <strong>no</strong> <strong>Gato</strong>-tô-tô (o Maestro convida a platéia para cantar), pois o <strong>Gato</strong>-tô-tô, é<br />
legal, se ocê jugá o pau <strong>no</strong> <strong>Gato</strong>-tô-tô, nunca mais, o seu <strong>Gato</strong> vai fazê... (o Maestro rege a platéia) ...Miau!<br />
(ad libitum ... a tempo). (o Velho toca pizz. Bartók e fala, entusiasmado) Ê lasquêra, sô! Valei São Francisco,<br />
protetô dos animal! Vigia Dona Chica-cá, essa véia danada... (ouve o motivo da Dona Chica-cá na orquestra<br />
e fala, resignado) ô trem sem jeito, sô! ... E cuida bem do meu bicha<strong>no</strong>, prumodi quielé um gato muitio...<br />
(acorde de dominante)... legal! (acorde de tônica).<br />
BORÉM – <strong>Não</strong> <strong>Atire</strong> o <strong>Pau</strong> <strong>no</strong> <strong>Gato</strong>!<br />
v