FICHA TÉCNICA DO LIVRO Título A Casa Sincronizada — uma ...

FICHA TÉCNICA DO LIVRO
Título
A Casa Sincronizada — uma história musical
Autores
Inês Pupo, Gonçalo Pratas
Ilustrações
Pedro Brito
Texto
© Inês Pupo, Gonçalo Pratas e Editorial Caminho, 2011
Ilustrações
© Pedro Brito e Editorial Caminho, 2011
Pré-impressão: Leya
Impressão e acabamento: CEM
Data de impressão: setembro de 2011
Depósito legal n.º 333 714/11
ISBN 978-972-21-2457-7
Editorial Caminho, SA
Uma editora do grupo Leya
Rua Cidade de Córdova, 2
2610-038 Alfragide – Portugal
www.caminho.leya.com
www.leya.com
FICHA TÉCNICA DO CD
Produção
Constroisons, Edição e Produção Multimédia, Lda.
Produção Musical e Executiva
Gonçalo Pratas
Poema
Inês Pupo
Música
Gonçalo Pratas
Direção Musical e Arranjo para Quarteto de Cordas
Filipe Raposo
Músicos
Filipe Raposo: piano
Daniel Bolito: violino
Francisco Moser: violino
Gabriela Barros: viola de arco
Hugo Fernandes: violoncelo
Narração
Carla Galvão
Captação de Som, Gravação e Misturas
José Fortes
Técnico de Afinação de Piano
Hugo Freitas
Dinâmica & Som
www.dinamica.com.pt
Gravado no Grande Auditório do Centro Cultural de Belém — CCB, em Lisboa, no dia 23 de agosto de 2011.
Hardware e Software cedidos por VISOUND.com
Agradecimentos
CCB — Dr. António Mega Ferreira, Madalena Wallenstein, CCB/Fábrica das Artes. Egle Bazaraite, Hugo Fernandes, João Pupo, Teresa Paixão.
Um agradecimento especial ao Filipe Raposo pelo excelente arranjo para quarteto de cordas e pela inspirada improvisação,
e ao José Fortes pela sabedoria e pela maneira como ouviu e captou as emoções desta Casa Sincronizada.
Contactos para Espetáculos
Constroisons, Edição e Produção Multimédia, Lda.
+351 93 946 51 89
www.constroisons.com
constroisons@gmail.com
http://www.facebook.com/acasasincronizada

A CASA SINCRONIZADA
uma história musical
Inês Pupo
Gonçalo Pratas
Ilustrações
Pedro Brito

Nota dos autores
Imagine-se uma casa em que todos os habitantes estão sincronizados. São diferentes,
têm papéis e lugares diferentes, espaços e movimentos diferentes, mas
partilham o mesmo tempo.
Vivem inspirados pelo tempo — que é de todos. Contam uns com os outros e
constroem relações basea das na previsibilidade, na estabilidade, na segurança.
Têm confiança na vida, nas pessoas e no mundo.
Imagine-se que um dia esta confiança é ameaçada. A imprevisibilidade impõe-
-se, como quase sempre, sem pedir licença.
A Casa Sincronizada conta uma história de amor e mistério, que nos questiona
a todos: perante o inesperado, como reagimos? O que é que temos para dar
àqueles que se sincronizam connosco? Como um organismo vivo (como uma
família), quando falta uma parte como é que nos organizamos, como é que continuamos
a viver, o que é que nos move?
Quando a ordem é perturbada, quando as regras não se aplicam, quando a vida
muda... Quem somos, quem queremos ser?
Quando somos postos à prova, aumentam as variáveis… É possível experimentar,
experimentarmo-nos, provar um sabor que até agora desconhecíamos.
Imagine-se que a confiança é inabalável, mesmo quando tudo muda.
Escolhemos contar esta história em sincronia com um piano e um quarteto
de cordas, que vivem intensamente todos os momentos da vida dos habitantes
da casa sincronizada: passado, presente e um grande futuro!
A sincronia é uma qualidade intrínseca da música, do crescimento e da vida.
Esperamos que esta história musical acompanhe e viva intensamente muitos
momentos da vida dos que a lerem e ouvirem, e que os ajude a encontrar a sincronia
interior que antecede bons ventos e grandes mudanças.
Inês Pupo e Gonçalo Pratas

Na casa sincronizada,
o tempo batia certo.
Os seus onze habitantes
estavam sempre em sintonia:
enquanto o avô ressonava,
a avó Estrela tricotava
e, de dois em dois segundos,
a cadeira de baloiço,
embalada, lá rangia.
Na cozinha, a mãe Celeste
aproveitava o compasso:
a vassoura não parava,
varria sem qualquer pausa.

O ressono do avô,
o balanço da avó,
uma malha de tricô,
o chão, limpinho, sem pó!
O pai chamava-se Artur,
cortava lenha com gosto.
No quintal, machado em punho,
usava o tempo da casa:
cada varridela, um corte,
cada ressono mais forte,
nova machadada à sorte,
mais lenha para a lareira,
sempre com nova energia,
como se fosse a primeira!
O Tomé, filho do meio,
dançava sapateado,
enquanto a sua irmã Olga
tocava no acordeão:
estavam bem ensaiados,
o que não é de estranhar...
Só tinham que acertar
com o avô a ressonar,
com a avó a tricotar,
com a cadeira a baloiçar,
com a vassoura a trabalhar,
com o tronco de árvore a rachar!

Na casa sincronizada
há uma história de amor:
Valentim, ultimamente,
anda muito apaixonado
pela bela bailarina
que encontrou em Bora-Bora:
a fantástica Isadora!

Foi um amor de verão
que teve continuação...
Planeiam casar um dia
e dar uma volta ao mundo
mas, primeiro, a Isadora
tem que trabalhar a sério:
se quer ser muito famosa,
se quer ficar para a história,
ser lembrada na memória
dos que a virem a dançar,
tem que ensaiar sem parar!
Por isso namoram muito
mas namoram à distância...
Escrevem cartas um ao outro,
em que falam da importância
de se terem encontrado.
Valentim promete esperar
e Isadora, a suspirar,
imagina o casamento;
dá piruetas no altar!

Assim se passam os dias
na casa sincronizada.
Como se fosse uma orquestra,
a casa está ensaiada.

Todos respeitam o ritmo,
todos partilham o tempo,
todos seguem a batuta
de um maestro invisível,
todos acertam compassos,
pausas, notas, melodias.
Acertam todos os dias.
Ou como se fosse a fábrica
onde tudo tem uma ordem,
ou como se fosse a máquina
em que cada peça encaixa,
ou como se fosse a dança,
ou como se fosse a caixa
de costura, organizada,
onde nunca falta nada...
Cada segundo há um som,
os sons marcam os minutos,
preenchem todas as horas,
de hora a hora vem o cuco.
As horas fazem os dias,
os dias tornam-se meses
e, se os meses acontecem,
sempre vão passando os anos.