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O Sonho das Esmeraldas - Unama

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www.nead.unama.br<br />

verdadeiras e finas. "... Um Azeredo descobrio no sertão da capitania do Espirito<br />

Santo uma grande serra de esmeral<strong>das</strong>, que foram trazi<strong>das</strong> a este reino e<br />

reconheci<strong>das</strong> pelos lapidarios por verdadeiras e finas esmeral<strong>das</strong>" 7 .<br />

— Esmeral<strong>das</strong>!<br />

Tão alvoroçado ficou el-Rei, tão radioso, que ali mesmo, ao ouvir os práticos<br />

— "fez mercê a Marcos Azeredo do habito de Christo e de quatro mil cruzados". 8<br />

E ordenou ao ditoso achador que tornasse imediatamente ao sertão em busca<br />

de mais pedras. Mas, segundo o conselho dos lapidários — que cavasse mais<br />

fundo, bem mais fundo, pois "as mais interiores da serra, que decerto não se tiraram<br />

por não haver instrumentos, seriam perfeitíssimas".<br />

Marcos de Azeredo tornou. Aqui, no Brasil, antes de ir-se novamente pelo<br />

mato adentro, pediu ao governador que se lhe pagasse o prêmio de quatro mil<br />

cruzados que lhe prometera o Rei. Pediu e esperou. Em vão! Não havia, no erário<br />

colonial, dinheiro que sobejasse para o pagamento do sertanejo. "... Para a minha<br />

necessidade ser maior (dizia o governador em carta) aperta ainda Marcos de<br />

Azeredo pelos quatro mil cruzados que V. Majestade lhe mandou dar pelo<br />

descobrimento <strong>das</strong> esmeral<strong>das</strong>; e não sei de onde sair esses cruzados pela<br />

estreiteza em que tudo está".<br />

Sem o dinheiro embirrou o sertanejo em não tornar à pedreira. Embalde lhe<br />

suplicavam, com muitos rogos, que tornasse. Embalde lhe afirmavam que lhe seriam<br />

dados, mais adiante, os quatro mil cruzados. E, com os quatro mil cruzados, mercês,<br />

honrarias, cargos, tudo! Nada o demoveu. Marcos de Azeredo turrou em receber de<br />

antemão o dinheiro prometido. Sem o dinheiro, dizia firme — não revelaria jamais o<br />

sítio <strong>das</strong> pedras. E eis que, em meio a essa pendência, Marcos de Azeredo cai<br />

subitamente doente. Cai atacado de câmaras de sangue. Diante da gravidade da<br />

doença, todos tremeram pela sorte <strong>das</strong> esmeral<strong>das</strong>. Onde ficavam elas? Em que<br />

serra? De que banda? Onde? Marcos de Azeredo continuou trancado no seu<br />

mutismo. Não houve quem lhe arrancasse uma só palavra esclarecedora.<br />

E morreu.<br />

Morreu sem revelar o segredo <strong>das</strong> pedras verdes.<br />

VERDADEIRA ALUCINAÇÃO<br />

A morte súbita de Marcos de Azeredo veio atear labare<strong>das</strong> na alma<br />

aventureira dos sertanistas. Ela foi, para a história <strong>das</strong> esmeral<strong>das</strong>, o que morte de<br />

Meichior Dias foi para a história da prata. Toda gente, agora, não sonhava com outra<br />

coisa senão desvendar o segredo do bandeirante. Senão alcançar aquela serra<br />

verde que se escondia, coruscante, dentro do mato bruto. Sim, onde estavam as<br />

esmeral<strong>das</strong> de Azeredo? Onde a pedreira? Onde? E umas após outras, numa<br />

arremetida desabalada, verdadeira alucinação, pegaram de sair entra<strong>das</strong> sobre<br />

entra<strong>das</strong> no encalço da mina falaz. Nada pinta com mais viveza a desmesurada<br />

febre que então contagiou todos os ânimos do que este extraordinário caso: os<br />

jesuítas até os próprios jesuítas! — foram arrastados pelo fascínio da quimera verde.<br />

Extraordinário caso, não há dúvida. Mas verdadeiro! É que a Companhia de Jesus<br />

7 Consulta do Conselho Ultramarino.<br />

8 Consulta do Conselho Ultramarino. Nuns textos vem quatro mil cruzados; noutros, dois mil.<br />

7

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