Ext - cognato : porta de entrada

Mestre das Armadilhas
Cuidado Onde Pisa
Dorovan Boa Morte
Aventuras de um Swashbuckler
Raças Exemplares
Agora, Sua Raça Sobe de Nível!
Ca r n a v a l
2 0 0 8
Vivisseção
Assustando Jogadores
Baluarte de Tauron
“Eu Ataco!”
Vilões
Aqueles que Adoramos Odiar

Índice
Nota do Editor 3
Resenha: Piratas & Pistoleiros 5
Raças Exemplares 8
Baluarte de Tauron 6
Mestre das Armadilhas 33
Quadrinhos 41
Dorovan Boa Morte 43
Vilões 6
Grim Jack Yastora 65
Vivisseção 68
Presença na Web
Site
Email
Fóruns
Orkut
www.pergaminhosdetannatoh.110mb.com
pergaminhosdetannatoh@gmail.com
www.takeforum.com/pergaminhosdett
www.orkut.com/Community.aspx?cmm=6096737
Equipe PdTT
Editor-Chefe João Paulo de Sousa “Moreau do Bode”
Desenhos Emanuel Braga “Salver Mãoleve”, Rod Reis
André Vazzios, kichigai, DecemberRainLina
Produção Editorial Daniel Erlich
Revisão João Paulo Francisconi “Nume Finório”
Tiago Lobo
Capa Emanuel Braga “Salver Mãoleve”
Webmaster Jonathan Menezes
Colaboraram para Eduarto Tavares “Hori”, Genê “Zell”, Paulo
esta Edição: Adriano Siqueira “Adriano-Kun/Yoh”,
Anderson Dias “Bardo Louco” , Eduarto
Tavares “Hori”, Francis Diego “Fradie”, Genê
“Zell”, Paulo Cezar “Talles”, Paulo Ramon
“Pramon71”, Rogério Saladino, Tiago Maroli
“Ryuu”, Vinicius Cezar “The Guardian”
O texto deste documento está sob a Creative Commons
License: [http://creativecommons.org/
licenses/by-nc-sa/2.5/br].
Você pode...
• copiar, distribuir, exibir e executar a obra (CC)
...sob as seguintes condições:
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AVISO:
Pergaminhos de Tanna-
Toh é uma publicação
gratuita produzida e distribuída
inteiramente por
fãs de RPGs e de TormenTa.
RPG é um jogo para
pessoas maduras, que
sabem a diferença entre
os jogadores e os personagens
que estes interpretam.
Atrizes e atores não
morrem quando seus
personagens morrem;
esta fanZine pertence nos
HDs daqueles que conseguem
entender isso.
Quem lança magias é o
seu PJ, não você; quem
roubou a espada favorita
do seu PJ foi o ladino ganancioso,
não o seu amigo
de infância que controla
o ladino. Obrigado pela
atenção—aproveitem as
matérias!
D&D é Copyright © 2000 WizarDs of the Coast, inC.
tormenta é Copyright © 2004 empreenDimentos JDs LtDa.
Atribuição. (BY)
Uso Não-Comercial. (NC)
Vedada a Criação de Obras Derivadas. (ND)

Nota do
Editor
Respondendo algumas dúvidas dos
leitores:
1.
Por que a revista atrasou tanto?
Foram inúmeros os fatores que
contribuíram para o atraso desta edição.
Entre eles podemos citar: a mudança
editorial, problemas pessoais, saúde, e
principalmente problemas técnicos.
Depois que assumi o comando da revista,
em Janeiro de 2007, notei que ela
precisava de uma equipe, pois o número
reduzido de membros na publicação da
Pergaminhos acarretou no atraso das
duas edições anteriores. Assim, após uma
longa pesquisa, a equipe Pergaminhos
de Tanna-Toh estava formada. E quando
tudo estava caminhado tivemos uma perda.
O antigo diagramador, Armando “Salubri”
não poderia continuar nos ajudando,
devido a problemas e compromissos
pessoais. Foram-se dois meses à procura
de um novo diagramador—eis então que
Pramon71, diagramador da já conhecida
União do Vapor ofereceu-se para nos ajudar.
Quando ele já começava com o processo
de diagramação, problemas de saúde o
impediram de continuar o trabalho; assim
ficamos por mais um longo tempo à procura
de um diagramador.
Já estávamos em julho quando Pablo
Urpia, diagramador da Beholder Cego, nos
propôs realizar a diagramação—mas aí
ouve um pequeno desentendimento entre
os métodos de trabalho dele com os
da equipe, que gerou uma mudança na or-
3
ganização da revista. Quando ele já tinha
começado o trabalho da diagramação, assuntos
externos ocasionaram a sua renúncia
do cargo.
Já estávamos perdendo as esperanças
quando nosso camarada, Tiago Lobo, Editor-chefe
da reVista digital níVel ÉpiCo, encontrou
um diagramador disposto a nos
ajudar: Dan Erlich. O resultado disso tudo é
a revista que você está lendo agora.
2.
Qual será á periodicidade da revista?
Pretendemos lançar uma nova edição
no intervalo de 2 a 3 meses.
3.
Cadê a Palavra do Paladino?
O Tio Palada está muito ocupado em
suas obrigações e não continuará com sua
coluna na revista. Mas não se preocupem,
Vivisseção ainda continua. =)
4.
Vocês sempre trabalharão só com d20?
Atualmente, tormenta é um cenário d20;
grande parte do material produzido na
revista será para esse sistema. Mas não é
impossível que tratemos de outros sistemas.
Por exemplo, estamos trabalhando na
atualização do manUal do aVentUreiro para
o sUper 3d&t, que é uma atualização do
manUal 3d&t feita por fãs.
5.
Quando sairá a continuação do conto
Em Loucas Mãos Divinas?
A continuação do conto não depende
mais da gente mas sim do antigo editor.
Quem sabe se vocês pedirem muito ele
não resolva escrevê-la?
6.
Onde consigo as edições anteriores?
Tanto no [http://www.jamboeditora.
com.br] quanto no nosso site, [http://perg
aminhosdetannatoh.110mb.com].

7.
Como faço para colaborar?
Envie o seu material para
[ p e r g a m i n h o s d e t a n n a t o h
@gmail.com]. Ele será avaliado
por nossa equipe e, caso seja
escolhido para publicação,
você será notificado com
antecedência.
8.
Cadê o
Coronis?
Nosso sacerdote
foi alvo de
uma terrível maldição!
E teve que
se mudar para bem
longe. Na próxima
edição traremos alguém
para cuidar da seção de
cartas. Ou Não...
No momento é só. E até a próxima
edição, que sairá no prazo! Assim esperamos...
João Paulo de Sousa Pereira
“Moreau do Bode”
Correndo contra o tempo.
Editor-Chefe
4

Piratas &
Pistoleiros
O Senhor é um fanfarrão?
2007 foi um dos anos mais brilhantes
5
para tormenta desde sua estréia, em 1999.
Com lançamentos importantes e há muito
tempo esperados, parecia ser também
a consolidação de um novo clima para o
cenário. A alegria e o colorido iniciais eram
substituídos cada vez mais pela desesperança
e desolação vermelha da tempestade
rubra. Piratas & Pistoleiros veio para
relembrar a todos da
alegria e do colorido.
Ou do cheiro de sal e
pólvora entrando pelas
suas narinas.
Apesar de resgatar
o lado mais alegre
do cenário, este livro
também é responsável
por acrescentar
nuances mais escuras
nesse colorido.
Piratas são audazes
e galantes, mas também
cruéis e sanguinários.
Pistoleiros são
rebeldes orgulhosos,
mas também assassinos
solitários. Os fanfarrões
de Arton não
apenas contam bravatas—eles
matam. E
muito.
Na primeira parte
do livro, Fanfarrões,
temos uma breve introdução
aos piratas
e pistoleiros: seus
respectivos períodos
históricos, suas referências
mais influentes
na cultura pop, a
história da pólvora, e
como os fanfarrões
de diferentes raças

e classes se comportam, seguindo com
muito material para jogadores—a começar
pela classe básica Swashbuckler (apesar
de já ter sido revisada para a edição 3.5 em
tormenta: gUia do Jogador). Aqui ela aparece
modificada, comportando não apenas espadachins
mas também pistoleiros desde
o primeiro nível, através de um estilo de
combate escolhido pelo jogador, da mesma
forma que os Rangers.
Depois, os novos Talentos se fazem presentes.
Alguns revisados, outros já vistos
antes em previews na dragonslayer, mas
quase todos excelentes. Destaque especial
para Na Mosca e Ao Sabor do Destino. O primeiro
permite acrescentar o modificador
de Destreza no dano com armas de projéteis,
uma tremenda ajuda para pistoleiros;
O segundo ajuda a substituir o papel dos
itens mágicos no jogo, dando uma forcinha
para personagens que, assim como James
K., não suportam a magia.
As Classes de Prestígio são ótimas, tanto
pelos bons antecedentes quanto pelas
habilidades úteis e originais. O Carteador é
um jogador que tira seus poderes da sorte
(e da trapaça!), enquanto o Sedutor é um
diplomata que se utilizada do “Método”
para conquistar tudo que deseja. O infame
Chapéu-Preto é o pistoleiro frio, o vilão do
faroeste, capaz de congelar o próprio inferno
com sua alma gelada (qualquer semelhança
com Santo dos Assassinos parece ser
intencional). O vigilante Xerife de Azgher
é o agente da lei nas inóspitas terras da
fronteira. O Franco-Atirador é o mestre da
morte rápida e limpa, capaz de matar quase
qualquer coisa com um disparo bem localizado.
Um Vigarista pode lhe vender um
frasco de poção de cura feito das lágrimas
de Valkaria por dois tíbares, ou três por
sete. O Lobo do Mar é o capitão dos mares,
o pirata experiente cujo mero nome é sufi-
6
ciente para fazer navios inteiros tremerem
de medo. Quanto ao incorrigível Pregador,
bem, você não precisa levá-lo muito a sério,
afinal, nem os Deuses fazem isso!
Há também as armas de fogo. Pistolas,
mosquetes, canhões, e outras belezinhas
para se carregar por aí na cintura ou no
convés, além de regras para próteses mecânicas
(todo pirata tem uma!) e combate naval,
e também para construir o seu próprio
navio. Em seguida, temos os itens mágicos,
como as Pistolas da Última Chance, o Coldre
Inquieto, o Tapa-Olho do Amotinado e
alguns artefatos únicos, como a Forca Bem-
Humorada e o amaldiçoado Tibar Furado.
Depois de tudo isso, finalmente chegamos
à segunda parte do livro: As Ilhas Piratas.
Este capítulo apresenta a história, os
personagens, e outros detalhes do mais famoso
antro pirata de Arton. A maior parte
deste capítulo já foi visto antes na revista
Tormenta, mas é reapresentada aqui, revisada
e com comentários hilários de James
K., em mais uma tentativa literária do grande
Capitão. Esses comentários, por si só, fazem
valer a pena reler o material.
Na terceira Parte, Smokestone, é apresentada
uma cidade rebelde dentro do Reinado.
Lá, minas de pedra-de-fumaça abastecem
de pólvora os pistoleiros de Arton.
Aqui a lei é feita pelos bravos, e a honra e
o orgulho valem mais do que sua própria
vida. O capítulo é apresentado em forma
de conto, narrando a conversa do pistoleiro
Jack Banguela com um peregrino. Nessa
conversa são apresentadas a história da cidade,
seus valores e costumes, o comércio,
e a história de seus habitantes intransigentes
e orgulhosos.
Na última parte, Os Bons, os Maus e os
Feios, estão os NPCs. Alguns novos, como

Tom Callahan e Holden Crass, o maior pistoleiro
de Arton e o Alto-Vigilante dos Xerifes
de Azgher; ou Tina Tirocerto, Centaura
pistoleira, e o Homem Sem Nome, Bardo
assassino armado com uma metralhadora
(!!!); e outros não tão novos, mas ainda não
apresentados formalmente, como a Capitã
Izzy Tarante e John-de-Sangue, presentes,
respectivamente, no romance o inimigo do
mUndo e nos contos do suplemento Área de
tormenta. E, finalmente, alguns já conhecidos
e apresentados aparecem com fichas
revisadas, como James K., sua irmã Anne, e
a pistoleira Savanna.
Com tanto material novo e útil, a um
preço tão acessível, é muito fácil apontar
este como o melhor suplemento para o
cenário lançado este ano, e ele realmente
o é.
Nota: 6/6
80 Páginas
R$ 19,50
João Paulo Francisconi “Nume Finório”
Sua Revista
Digital de RPG
www.inominattus.com

Raças
Exemplares
Humano Exemplar
Humanos inventores, exploradores, e
outros que forçam os limites do conhecimento
e da experiência podem se tornar
Humanos Exemplares. Eles transformam
adversidade em oportunidade ao encontrarem
novas formas de aplicar suas habilidades,
descobrindo novas técnicas para
resolver problemas, e desafiam a entropia
ao perseguirem aventuras que ainda não
superaram. Humanos, e os Exemplares que
surgem entre eles, balanceiam força com
agilidade e temperam intelecto com intuição.
Aventuras: Aventura ocupa muito
do tempo de um Humano Exemplar. Seja
impulsivo ou cuidadosamente atento, um
Humano Exemplar procura quase constantemente
pelo novo e inexplorado. Alguns
poucos, no entanto, se consideram pioneiros
ou inventores. Eles se enxergam como
curiosos naturais, crendo que o modo inteligente
e incomum com o qual usam suas
habilidades seja a norma, não a exceção.
Curiosidade e desejo de viajar são as duas
motivações mais comuns para se aventurarem,
mas Humanos Exemplares podem
se encontrar em aventuras como resultado
de uma missão ou algum outro dever.
Características: Humanos Exemplares
são a inventividade personificada.
Eles são adaptáveis e capazes de usar suas
habilidades em uma grande variedade de
situações. Talvez por isso Humanos Exemplares
tendam a não gostar de repetições
e almejar a variedade. Raramente deixam
passar a chance de se imergirem em no-
8
vas experiências, e um novo desafio tem
mais chances de excitá-los do que um objetivo
demorado.
Se Humanos Exemplares têm um ponto
fraco, este é o fato de se acreditarem
capazes de superar qualquer desafio ou
inventar uma solução para qualquer problema.
Quando perguntado sobre quem
seria melhor para uma tarefa, um Humano
Exemplar quase sempre escolhe a si mesmo—não
por autoconfiança em excesso

Tabela 1.1: O Humano Exemplar
Nível Ataque Fortitude Reflexos Vontade Especial Conjuração
1º +0 +0 +0 +2 Aprendizagem Adaptativa —
2º +1 +0 +0 +3 Talento Adicional
+1 Nível em uma
3º +2 +1 +1 +3
ou egoísmo, mas porque aprendeu, através
de sucesso após sucesso, que, quando
pressionado, quase sempre encontrará
uma saída.
Tendência: Humanos Exemplares
têm pouca inclinação a uma tendência específica.
Talvez sejam mais atraídos pelo
caos do que pela ordem, embora aqueles
que se tornem devotos a uma religião ou
causa pareçam gravitar em direção a divindades
e filosofias ordeiras.
Religião: Humanos são tão variados
em suas crenças quanto em qualquer
outro aspecto de suas vidas, e Humanos
Exemplares não são exceção. Muitos Humanos
Exemplares praticam religião com
desmazelo, aprendendo um pouco de
uma doutrina, seguindo outra divindade
por um curto período, e assim por diante.
Embora esses indivíduos raramente permaneçam
em um credo por muito tempo,
eles se tornam bem versados em religião
com o passar do tempo. Enquanto é mais
comum encontrar Humanos Exemplares
com esta ligação superficial à religião, alguns
desenvolvem uma paixão pela adoração
que se funde de forma perfeita com
sua visão da humanidade, resultando em
fanatismo. Em quase todos esses casos,
Humanos Exemplares seguem divindades
ordeiras e tomam níveis como clérigos ou
paladinos.
História: Embora não exista um histórico
comum a Humanos Exemplares,
muitos dividem algumas características
Aumento de Habilidade
(+2)
Classe Existente
+1 Nível em uma
Classe Existente
em comum. Eles freqüentemente surgem
de situações em que têm muitas oportunidades
de aprender, seja com seus pais,
em uma comunidade receptiva, ou em um
monastério cheio de monges e clérigos
instruídos.
Raças: Humanos Exemplares são abertos
e receptivos, incorporando os melhores
aspectos da flexibilidade e da tolerância da
humanidade. Geralmente se deleitam em
tirar sarro dos pontos fracos de outras raças,
achando seus extremos de comportamento
incríveis. Eles também acham muito
o que admirar nas outras raças, incluindo a
fortitude estóica, a beleza e a graça dos Elfos,
a curiosidade e inventividade dos Halflings.
Na verdade, Humanos Exemplares
estão mais próximos em atitude aos Halflings
do que a qualquer outra raça—ambos
sofrem (ou se beneficiam) de mais do
que uma pitada de desejo por viagens.
Outras Classes: Humanos Exemplares
são muito receptivos com outras
classes. Eles valorizam a presença de Guerreiros,
Rangers e outros combatentes habilidosos,
sabendo que têm mais chances
de sobreviverem aliados com tais personagens.
Também compreendem o valor do
conhecimento, e respeitam conjuradores
com certo maravilhamento. Ladinos e Bardos,
mais próximos em habilidade (se não
em espírito) de Humanos Exemplares, geralmente
possuem perícias que superam
as do exemplar em diversas áreas, permitindo
que ele diversifique seu aprendizado
ao invés de se tornar super-especializado.

Informações de Jogo
Humanos Exemplares possuem as seguintes
características:
Habilidades: Hábeis e rápidos em
se adaptarem, Humanos Exemplares se
beneficiam de uma alta Inteligência. Mas
também se encontram com freqüência na
vanguarda das guerras da humanidade,
tornando Força, Destreza e Constituição
importantes para seus respectivos papéis
em combate.
Tendência: Qualquer uma.
Dado de Vida: d8.
Perícias da Classe
O Humano Exemplar pode escolher
quaisquer dez perícias como Perícias de
Classe.
Pontos de Perícia por Nível: 4 +
modificador de Int.
Características da Classe
Todas as características a seguir pertencem
a essa classe.
Usar Armas e Armaduras: Humanos
Exemplares sabem usar todas as armas
simples e armaduras leves. Além disso, um
Humano Exemplar é proficiente com uma
arma comum de sua escolha.
Magias por dia: No 2º e no 3º nível,
o Humano Exemplar adquire mais magias
diárias (e magias conhecidas, se aplicável),
como se estivesse avançando um nível em
uma classe conjuradora a que pertencesse
antes de adicionar o nível. Entretanto não
recebe qualquer outro beneficio daquela
classe (talentos metamágicos adicionais
ou de criação de itens, habilidades de Assassino
ou de Bardo, etc). Essencialmente,
10
isso significa que ele adiciona seu nível em
Humano Exemplar aos seus níveis na classe
conjuradora, e só então determina as
magias diárias, as magias conhecidas e o
nível de conjurador.
Se o personagem possuía níveis em
mais de uma classe conjuradora antes de
se tornar um Humano Exemplar, ele deve
decidir a que classe ele adicionará cada nível
de magia adquirido com seus níveis em
Humano Exemplar. Se um Humano Exemplar
não possuir níveis em uma classe conjuradora,
essa característica de classe não
tem efeito.
Aprendizagem Adaptativa
(Ext): No 1º nível, um Humano Exemplar
pode designar uma de suas perícias de
classe de Humano Exemplar como uma
Perícia Adaptativa. Essa perícia é tratada
como uma perícia de classe para todas as
classes em que o personagem possuir níveis,
tanto as atuais quanto as futuras. Por
exemplo, se um Humano Exemplar escolhe
Observar como Perícia Adaptativa, ele
trata Observar como perícia de classe para
todas classes em que possua (ou venha a
possuir) níveis, mesmo que normalmente
não seja uma Perícia de Classe da classe
em questão.
Talento Adicional (Ext): No 2º nível,
um Humano Exemplar ganha um talento
adicional. Devido aos vários talentos
e à natureza adaptável dos humanos, esse
talento pode ser qualquer talento que o
Humano Exemplar esteja qualificado a
pegar (ele não está restrito a uma lista de
talentos adicionais). O personagem deve
preencher os pré-requisitos do talento adicional
normalmente.
Aumento de Habilidade (Ext):
No 3º nível, um Humano Exemplar aumen-

ta uma habilidade de sua escolha em 2
pontos.
Anão Exemplar
Conhecidos por suas perícias na guerra,
suas capacidades de resistir a castigos físicos
e mágicos, e suas grandes paixões por
rochas e trabalhos em pedra, Anões crescem
tão fortes quanto seus lares nas montanhas.
Anões Exemplares personificam
essa força, ganhando um entendimento
intuitivo profundo das rochas e trabalhos
em pedra, aumentando sua já notória resistência
e promovendo os ofícios e qualidades
de seu povo sempre que possível.
Anões Exemplares são guerreiros valorosos,
e Exemplares poderosos freqüentemente
tomam a liderança nas batalhas,
bem como em entraves diplomáticas.
Aventuras: Anões Exemplares estão
na vanguarda de seu povo, prontos
para defender ou promover os interesses
de sua raça através da palavra e da ação.
Embora sejam um grupo tão único quanto
os membros de qualquer outra classe, a
maioria dos Anões Exemplares se aventura
livremente, contanto que isso não ameace
ou ponha em perigo uma comunidade
anã.
Características: Anões Exemplares
são guerreiros resistentes e habilidosos,
que se sentem mais à vontade quando
estão bem abaixo da terra. Devido a
seu foco em combate, Anões Guerreiros
e Paladinos tendem a se tornar
Exemplares, embora vários Clérigos
também achem que os interesses e
habilidades inatos de sua raça combinem
bem com seu treinamento divino
e freqüentemente adquiram níveis
11
em Anão Exemplar também. Por causa de
sua habilidade racial na fabricação de armas
e outros ofícios, Anões Exemplares
tendem a desprezar armas e equipamento
feitos por membros de outras raças.
Tendência: Anões Exemplares podem
ser de qualquer tendência, mas seu
interesse no sucesso de suas comunidades
e seu enraizado senso de honra anão asseguram
que vários ajam de maneira leal
e bondosa. Anões Exemplares neutros são
encontrados mais frequëntemente em áreas
onde as relações com outras raças bondosas
se tornaram forçadas, ou onde raças

Tabela 1.2: O Anão Exemplar
Nível Ataque Fortitude Reflexos Vontade Especial
1º +1 +2 +0 +0 Perito em Ofício, Ligação com as Pedras Aprimorada
2º +2 +3 +0 +0 Visão no Escuro Aprimorada, Bônus de Resistência
3º +3 +3 +1 +1 Aumento de Habilidade (Con +2)
diferentes se concentram mais nos interesses
de seus povos do que na moral.
Religião: Religião é uma parte importante
de muitas comunidades anãs e,
portanto, Anões Exemplares personificam
esse aspecto da vida anã assim como personificam
todos os outros. Muitos Anões
Exemplares são Clérigos de Heredrimm
(Khalmyr); alguns adoram Tenebra; e outros,
ainda, servem a divindades menores
da raça anã.
História: Devido às agruras da vida
no subterrâneo e à guerra com os Ghillanin
(que resultou no Chamado às Armas),
Anões Exemplares são indivíduos resistentes
e obstinados, que perseguem treinamento
especializado e dominam tarefas
complexas visando o progresso de sua
raça. Não raramente, descendem de heróis
de gerações anteriores, e procuram honrar
a memória de seus antepassados com seus
próprios feitos.
Raças: Anões Exemplares são todos
Anões, claro, e, como outras raças exemplares,
suas ações e esforços são motivados
primeiramente pelos interesses de
seu povo. A despeito de seu foco nas habilidades
inatas de sua própria raça, eles
se mantêm surpreendentemente abertos
a se aventurarem com membros de outras
raças. Movidos principalmente por sua natureza
prática, usam o que e quem estiver
à mão para cumprir seus objetivos.
Anões Exemplares, assim como outros
membros de sua raça, consideram a construção
da confiança e da amizade uma ta-
1
refa longa e lenta, que não deve se apressada.
Embora possa levar centenas de anos
ou mais para ganhar a confiança plena de
um Anão Exemplar, tal raça não é, de forma
alguma, desconfiada.
Outras Classes: Em geral, as reações
de um Anão Exemplar são governadas
mais pela forma como um indivíduo ou
uma raça interage com a comunidade anã
do que pela classe ou pela formação individual,
mas algumas atitudes gerais são
comuns à maioria dos Anões Exemplares.
Eles geralmente se dão bem com Anões
Guerreiros, Paladinos e Clérigos, embora
apreciem qualquer um que deseje trabalhar
pelo melhor interesse do povo anão.
Vêem a magia com certa desconfiança,
embora reconheçam sua utilidade.
Informações de Jogo
Anões Exemplares possuem as seguintes
características:
Habilidades: Força é importante
para os Anões Exemplares, porque freqüentemente
servem como defensores
de seu povo e enfatizam seu treinamento
em combate. Constituição é importante
não apenas por causa de Estabilidade, mas
também porque a resistência física é uma
marca da raça anã.
Tendência: Qualquer uma.
Dado de Vida: d10.
Perícias da Classe
As perícias de classe do Anão Exemplar

(e a habilidade-chave de cada uma) são:
Avaliação (Int), Conhecimento (masmorras)
(Int), Escalar (For), Intimidar (Car), Ofícios
(Int), Profissão (Sab), Saltar (For), Sentir
Motivação (Sab), e Sobrevivência (Sab).
Pontos de Perícia por Nível: 2 +
modificador de Int.
Características da Classe
Todas as características a seguir pertencem
a essa classe.
Usar Armas e Armaduras: Anões
Exemplares sabem usar todas as armas
simples e comuns, armaduras leves, médias
e pesadas e escudos (exceto escudo
de corpo).
Perito em Ofício (Ext): Um Anão
Exemplar soma seu nível na classe como
um bônus racial em todos os testes de Ofícios
relacionados a itens de pedra ou metal.
Ligação com as Pedras Aprimorada
(Ext): No 1º nível, o bônus racial em
testes de Procurar de um Anão Exemplar
para notar trabalhos em pedra incomuns
aumenta para +4. A distância na qual ele
recebe um teste automático de Procurar
por se aproximar de um trabalho em pedra
incomum aumenta para 6 m. Além
disso, ele pode intuir para onde o norte
fica em relação a ele (como se tivesse 5
graduações em Sobrevivência) sempre
que estiver no subterrâneo.
Visão no Escuro Aprimorada
(Ext): No 2º nível, a Visão no Escuro do
Anão Exemplar aumenta para 18m.
Bônus de Resistência (Ext): No 2º
nível, o bônus racial de um Anão Exemplar
contra venenos, magias e habilidades similares
a magia aumenta para +3.
13
Aumento de Habilidade (Ext):
No 3º nível, a Constituição de um Anão
Exemplar aumenta em 2 pontos.
Elfo Exemplar
Portando tanto magia quanto espada,
Elfos se movem pelo mundo com um ritmo
à parte das raças de vida curta. Por anos viveram
em guerra com os Hobgoblins de
Lamnor, mas ainda assim acumularam uma
quantidade impressionante de obras literárias
e poéticas, canções e danças. Infelizmente,
quase tudo se perdeu com a queda

Tabela 1.3: O Elfo Exemplar
Nível Ataque Fortitude Reflexos Vontade Especial Conjuração
1º +0 +0 +2 +0 Visão Élfica, Foco em Arma —
2º +1 +0 +3 +0 Foco Maior em Arma +1 Nível de Mago
3º +2 +1 +3 +1 Aumento de Habilidade (Int +2) +1 Nível de Mago
de Lenórienn, a Cidade-Estado élfica.
Com suas longas vidas e muitos talentos,
Elfos são excelsos em numerosas áreas
e classes, mas poucos exemplificam a
complexidade e o poder dessa raça em um
grau ainda maior.
Aventuras: Elfos Exemplares são
nômades, sempre receosos em fixar residência,
devido ao trauma da perda de sua
amada cidade. Esse tipo de vida costuma
levá-lo a se aventurar, mesmo que involuntariamente.
Características: Elfos Exemplares
são curiosos, pacientes e, quando estimulados
a agir, mortais. Eles são rápidos e
soturnos e têm sentidos aguçados, o que
os permite reagir bem mais rápido do que
seus oponentes costumam esperar. Sua
aptidão tanto em furtividade quanto em
armas os torna excelentes em emboscadas,
e sua propensão em adquirir níveis em
Ladino e Ranger em adição aos seus níveis
de Exemplar acentuam essas qualidades.
Tendência: Elfos Exemplares podem
ser de qualquer tendência, mas a maioria
é caótica e boa, devido à sua curiosidade
natural e ao seu estilo de vida (tanto o antigo
quanto o novo). No entanto, devido ao
massacre nas mãos da Aliança Negra, não
é difícil encontrar indivíduos neutros.
Religião: Antigamente, Glórienn era
adorada por praticamente todos os Elfos,
mas, após a queda de Lenórienn, perdeu
a maioria de seus fiéis. A maior parte
dos Elfos se voltou para Allihannatantala
14
(Allihanna), Hedryl (Khalmyr), Luna (Lena),
Lyon-na (Marah), e outros deuses; alguns,
ainda, preferiram abandonar toda e qualquer
religião. Ainda existem servos de Glórienn,
principalmente entre Elfos jovens;
embora poucos em número, tais devotos
são fiéis e fervorosos.
História: Elfos Exemplares tentam preservar
a raça élfica e seus costumes. Alguns
também procuram melhorar a imagem da
raça élfica perante outras raças, numa tentativa
de findar—ou, pelo menos, amenizar—o
preconceito existente. Há, também,
aqueles que desejam, um dia, acabar com
a Aliança Negra; até reunirem forças o suficiente
para tanto, procuram melhorar suas
próprias habilidades. Mas, com a descoberta
de que a Princesa Tanya se encontra
viva, seu sonho de reunir um exército élfico
já não parece mais tão distante.
Raças: Embora alguns Elfos Exemplares
permaneçam arrogantes, a grande
maioria reconhece a necessidade de trabalhar
e conviver com outras raças (até
porque não têm mais como se isolarem).
Aqueles que abandonaram a antiga índole
xenófoba de seu povo tentam, agora, estabelecer
relações amistosas com as demais
raças. Mas ser um Elfo ainda significa levantar
suspeitas e animosidade, pois a marca
que o povo élfico gravou em centenas de
anos não pode ser apagada tão facilmente.
Isso, somado aos folclores resultantes de
seu isolamento secular, não costuma ajudá-los
muito.
Outras Classes: Como a maioria das
raças exemplares, Elfos Exemplares ten-

dem a pensar mais em termos de relação
com as outras raças do que de interação
com outras classes. Eles se relacionam melhor
com indivíduos que vivem em harmonia
com a natureza e, por razões óbvias,
desconfiam de qualquer goblinóide.
Informações de Jogo
Elfos Exemplares possuem as seguintes
características:
Habilidades: Agilidade e graça física
são marcas da raça élfica, e um alto valor
de Destreza ajuda um Elfo Exemplar a evitar
golpes em combate e realizar ataques a
distância mais precisos. Destreza pode até
(após selecionar o talento Acuidade com
Arma) ajudar em combate corporal. Um
alto valor de Inteligência permite ao Elfo
Exemplar acessar uma maior seleção de
perícias, e uma grande Sabedoria é importante
para algumas das perícias mais relevantes
da classe.
Tendência: Qualquer uma.
Dado de Vida: d8.
Perícias da Classe
As Perícias de Classe do Elfo Exemplar
(e a habilidade-chave de cada uma) são:
Conhecimento (todos, escolhidos individualmente)
Diplomacia (Car), Escalar (For),
Esconder-se (Des), Furtividade (Des), Identificar
Magia (Int), Nataçaõ (For), Observar
(Sab), Ofícios (Int), Ouvir (Sab), Profissão
(Sab), Saltar (For), e Sobrevivência (Sab).
Pontos de Perícia por Nível: 2 +
modificador de Int.
Características da Classe
Todas as características a seguir pertencem
a essa classe.
15
Usar Armas e Armaduras: Elfos
Exemplares sabem usar todas as armas
simples, sabre, espada longa, arco curto e
arco longo e armaduras leves, mas não escudos.
Magias por Dia: No 2º e no 3º nível, o
Elfo Exemplar adquire mais magias diárias,
como se estivesse avançando um nível de
mago. Entretanto não recebe qualquer outro
beneficio daquela classe (talentos metamágicos
adicionais, etc.). Essencialmente,
isso significa que ele adiciona seu nível
em Elfo Exemplar aos seus níveis de mago,
e só então determina as magias diárias e o
nível de conjurador.
Visão Élfica (Ext): Um Elfo Exemplar
possui uma acuidade visual excepcional.
Seu bônus em testes de Observar e Procurar
aumenta para +4. Além disso, sua Visão
na Penumbra tem seu alcance aumentado,
permitindo ao Elfo Exemplar enxergar 3 vezes
mais que um humano sob a luz da lua,
das estrelas, de tochas e em outras condições
de Iluminação precária.
Foco em Arma (Ext): No 1º nível,
um Elfo Exemplar recebe o talento Foco
em Arma como um talento adicional. Esse
talento deve ser aplicado ao sabre, à espada
longa, ao arco curto, ao arco curto
composto, ao arco longo ou ao arco longo
composto.
Foco Maior em Arma (Ext): No 2º
nível, um Elfo Exemplar recebe o talento
Foco Maior em Arma, que deve ser aplicado
à mesma arma que recebeu o talento
Foco em Arma no 1º nível.
Aumento de Habilidade (Ext):
no 3º nível, o valor de Inteligência de um
Elfo Exemplar aumenta em 2.

Tabela 1.4: O Meio-Elfo Exemplar
Nível Ataque Fortitude Reflexos Vontade Especial Conjuração
1º +0 +0 +0 +2
2º +1 +0 +0 +3 Persuasão
Meio-Elfo Exemplar
Embora sua herança mista raramente
deixe Meio-Elfos amargurados, muitos podem
achar difícil chamar alguma comunidade
de lar. Humanos e Elfos movem-se
pelo mundo com ritmos muito diferentes e
têm gostos e hábitos extremamente divergentes,
e nenhum se encaixa bem com as
preferências e atitudes inatas de um meioelfo.
Meio-Elfos Exemplares são aqueles
Meio-Elfos que reconciliam esses dois lados
de sua natureza e criam uma perspectiva
completamente própria.
Aventuras: Meio-Elfos Exemplares
se voltam a aventuras por diversas razões.
Como membros de qualquer outra classe,
muitos Meio-Elfos Exemplares se aventuram
pelo simples desejo de riqueza, fama
e poder pessoal. Por estarem menos ligados
às suas comunidades que quaisquer
outros Exemplares raciais (exceto, talvez,
os meio-orcs), Meio-Elfos Exemplares raramente
se aventuram para defender um
lar ou os interesses de sua raça como um
todo—ao invés disso, eles freqüentemente
se voltam às aventuras como um meio
de encontrar seu próprio lugar no mundo.
Características: Meio-Elfos Exemplares
são uma estranha mistura de curiosidade
e introspecção. Dividem a natureza
adaptável e inventiva de seus pais humanos
com os sentidos refinados e a propensão
a pensamentos longos e cuidadosos
de seus pais élficos. São talentosos tanto
em combate quanto em furtividade, e fre-
Talento Adicional, Herança Dividida,
Visão Élfica
16
qüentemente desempenham o papel de
batedores ou sentinelas em um grupo de
aventureiros. Embora possa parecer para
alguns que Meio-Elfos Exemplares careçam
de foco, é da natureza desses juntar
suas habilidades ao trabalho que desempenham—e
é precisamente sua mistura
de habilidades que os torna capazes de superar
uma enorme variedade de desafios.
Tendência: Meio-Elfos Exemplares
podem ter qualquer tendência, mas a
maioria é caótica e muitos são bondosos.
A liberdade atrai os Meio-Elfos—talvez
porque raramente tenham raízes firmes
em uma comunidade achem liberdade
de escolha e uma mente aberta atraente.
Embora a herança mista de um Meio-Elfo
ocasionalmente seja o resultado de um ato
maligno, a maior parte dos meio-elfos exibe
os melhores aspectos das naturezas de
suas raças genitoras.
Religião: Meio-Elfos Exemplares tendem
a ter visões extremas sobre religião.
Muitos se afastam dela, procurando Clérigos
e outros servos dos deuses apenas em
tempos de necessidade. Uns poucos gravitam
em direção à religião, devotando-se
a uma divindade específica, ao Panteão
como um todo ou a uma filosofia. Tais indivíduos
acham, na religião, a sensação de
pertencer a algum lugar e o propósito que
não encontram em suas comunidades.
Meio-Elfos Exemplares que são atraídos
pela religião freqüentemente seguem um
deus da viagem, como Laan, ou da liberdade,
como a recém-liberta Valkaria, vendo a
—
+1 Nível em uma
Classe Existente
3º +2 +1 +1 +3 Aumento de Habilidade (+2) —

estrada e seus in
a de suas casas.
História: A história da maioria dos
Meio-Elfos, Exemplares inclusos, costuma
cair em um dos extremos: Ou o Meio-Elfo
encontra aceitação e paz incomuns por
toda sua vida, ou se encontra às caras com
revolta e tumulto quase constantes. Sejam
quais forem suas circunstâncias individuais,
Meio-Elfos adultos raramente possuem
laços forte com um lugar ou comunidade,
e muitos escolhem uma vida de aventura
e viagem.
Raças: Meio-Elfos Exemplares são reservados
quanto a suas opiniões sobre outras
raças. Eles se dão bem com membros
de quase todas as raças, mas as duas raças
com as quais são mais próximos—humanos
e elfos—são também as duas com
mais chances de provocar sentimentos
fortes em um meio-Elfo Exemplar. Eventos
na vida de um Meio-Elfo Exemplar costumam
moldar atitudes em relação a uma ou
outra dessas raças—geralmente para pior.
Outras Classes: Meio-Elfos Exemplares
estão entre os aventureiros mais receptivos
que podem ser encontrados. Eles
valorizam as habilidades das outras classes
igualmente, embora sua herança élfica
lhes dê uma pequena preferência por magos
e rangers. Como Meio-Elfos Exemplares
freqüentemente pegam níveis como
Ladinos e Rangers, eles partilham de algumas
das predileções dessas classes, valorizando
companheiros menos sutis quando
entram em batalhas, mas ocasionalmente
considerando-os um estorvo quando a furtividade
se faz necessária.
Informações de Jogo
Meio-Elfos Exemplares possuem as seguintes
características:
1
Habilidades: Igualmente adeptos
de combate corpo-a-corpo e à distância,
Meio-Elfos Exemplares gozam de valores
elevados de Força e Destreza. Sabedoria
e Carisma, por sua importância para as
perícias de classe mais úteis do Meio-Elfo
Exemplar, também são valiosas para a classe.
Tendência: Qualquer uma.
Dado de Vida: d8.
Perícias da Classe
As perícias de classe do Meio-Elfo Exemplar
(e a habilidade-chave de cada uma)
são: Atuação (Car), Blefar (Car), Diplomacia
(Car), Escalar (For), Esconder-se (Des), Furtividade
(Des), Natação (For), Ofícios (Int),
Ouvir (Sab), Profissão (Sab), e Saltar (For).
Pontos de Perícia por Nível: 4 +
modificador de Int.
Características da Classe
Todas as características a seguir pertencem
a essa classe.
Usar Armas e Armaduras: Meio-
Elfos Exemplares sabem usar todas as armas
simples e armaduras leves.
Magias por Dia: No 2º nível, o Meio-
Elfo Exemplar adquire mais magias diárias
(e magias conhecidas, se aplicável), como
se estivesse avançando um nível em uma
classe conjuradora a que pertencesse antes
de adicionar o nível. Entretanto não
recebe qualquer outro beneficio daquela
classe (talentos metamágicos adicionais
ou de criação de itens, habilidades de Assassino
ou de Bardo, etc.). Essencialmente,
isso significa que ele adiciona seu nível
em Meio-Elfo Exemplar aos seus níveis na
classe conjuradora, e só então determina

as magias diárias, as magias conhecidas e
o nível de conjurador.
Se o personagem possuía níveis em
mais de uma classe conjuradora antes de
se tornar um meio-Elfo Exemplar, ele deve
decidir a que classe ele adicionará cada
nível de meio-Elfo Exemplar. Se um Meio-
Elfo Exemplar não possuir níveis em uma
classe conjuradora, essa característica de
classe não tem efeito.
Talento Adicional (Ext):
No 1º nível, o Meio-Elfo Exemplar
ganha um talento adicional.
Herança Dividida
(Ext): Diferente de outras
raças exemplares,
o meio-Elfo Exemplar
pode pegar níveis
em mais de uma classe
de raça exemplar.
Após ganhar pelo
menos um nível de
meio-Elfo Exemplar,
o personagem
pode adquirir
níveis em Elfo
Exemplar ou em Humano
Exemplar (mas não ambos).
Visão Élfica
(Ext): No 1º nível,
a acuidade visual
de um Meio-Elfo
Exemplar se equipara
à de um Elfo; o bônus
racial de um Meio-Elfo
Exemplar em testes
de Observar e Procurar
aumenta
para +2.
18
Persuasão (Ext): O bônus racial em
testes de Diplomacia e Obter Informação
de um Meio-Elfo Exemplar aumentam para
+3. Ele ganha um bônus racial de +2 em todas
as outras Perícias baseadas em Carisma.
Aumento de Habilidade (Ext):
No 3º nível, um Meio-Elfo Exemplar aumenta
uma habilidade de sua escolha em
2 pontos.
Orc Exemplar
Brutais,
agressivos
e, freqüentemente,
às turras
com outras
raças humanóides,
Orcs vêem a guerra
e o ódio como seus
direitos. Eles têm uma
profunda e quase infinita
inimizade por Elfos e
Anões, tendo batalhado contra
ambas as raças por incontáveis
gerações. Como membros
de outras raças exemplares,
Orcs Exemplares incorporam
o melhor de sua raça,
combinado a força e a
autoconfiança de seu
povo com observação
inteligente e uma
disposição para temperar
risco com cálculo.
Aventuras: Orcs
se aventuram por várias
razões, embora
a maioria o faça para
ganhar riqueza
ou poder. Para

Tabela 1.5: O Orc Exemplar
Nível Ataque Fortitude Reflexos Vontade Especial
1º +1 +2 +0 +0 Visão no Escuro Aprimorada (+9m), Tolerância à Luz
2º +2 +3 +1 +1 Matador de Elfos
3º +3 +3 +1 +1 Aumento de Habilidade (For +2)
Orcs, aventurar-se freqüentemente significa
atacar cidades e vilarejos de outras raças
humanóides, ao invés de explorar tumbas
perdidas ou matar monstros poderosos.
Apesar desta tendência, Orcs podem ocasionalmente
ser encontrados acompanhando
pequenos grupos de aventureiros
em missões de grande relevância. Alguns
acham sua própria cultura sufocante, e desejam
se erguer acima de sua cruel selvageria,
enquanto outros buscam aprender
as técnicas de luta de outras raças para tornarem
eles próprios mais poderosos, esperando
se tornarem campeões da raça Orc.
Características: Sórdidos e mal-humorados,
Orcs possuem muitas características
que outras raças acham ofensivas
ou repulsivas. A maioria deles é selvagem
e cruel. Orcs Exemplares, no entanto, temperam
esse comportamento com aguçados
poderes de observação e uma visão
um pouco mais tolerante para com outras
raças e culturas. São muito mais curiosos
que outros membros de sua raça, e muitos
vêm a enxergar o aprendizado como a
chave para o avanço da causa Orc.
Tendência: Orcs Exemplares são quase
sempre caóticos, mas uns poucos vêem
os Orcs como uma raça melhor se puderem
se tornar ordenados e organizados. Esses
Orcs Exemplares, possivelmente os membros
mais visionários de sua raça belicosa,
favorecem tendências neutras.
Religião: Embora os Orcs tendam
a seguir os ensinamentos do brutal Ragnar—divindade
que ganhou a admiração
e adoração dos Orcs após o advento da
1
Aliança Negra—ou do deus menor de sua
raça, Orcs Exemplares raramente são muito
religiosos. Aqueles que ascendem a posições
de liderança em suas tribos não hesitam
em usar crenças religiosas como uma
ferramenta para ajustar os membros da tribo
aos seus propósitos. As exceções a essa
afirmação geral podem ser extremamente
perigosas, no entanto, e às vezes erguem
grandes hostes em nome da divindade a
que servem (de uma forma geral, Ragnar).
História: Orcs Exemplares ganham suas
habilidades na prova severa que é a cultura
Orc. Eles provam sua força derrotando
membros mais fracos de sua tribo e frequëntemente
ganham posições de liderança
dentro de sua cultura. Praticamente
todos os Orcs Exemplares terminam buscando
conhecimento e técnicas em outras
culturas, empenhando-se em trazer formas
de combate mais potentes e conhecimento
mais sofisticado a suas tribos.
Raças: Orcs Exemplares, como outros
Orcs, odeiam e detestam Elfos e Anões sobre
todas as raças. Orcs raramente vêem
outras raças como algo mais que um alvo
em potencial para seus ataques e suas
guerras, mas, quando necessário, Orcs
Exemplares podem suprimir sua natureza
agressiva e se dar bem com outras raças.
Outras Classes: Orcs Exemplares
respeitam aqueles com força e poder físico,
especialmente Bárbaros e Guerreiros. Rangers
são mais freqüentemente oponentes
dos Orcs Exemplares do que aliados, mas
ainda assim as duas classes partilham do
respeito relutante pelas habilidades e pro-

ficiência em luta da outra. Orcs Exemplares
pouco se importam com conjuradores
arcanos, mas rapidamente aprendem a valorizar
magos e feiticeiros pode- rosos,
capazes de derrubar múltiplos inimigos
com uma única magia.
Informações de Jogo
Orcs Exemplares possuem
as seguintes características:
Habilidades: Força é importante
para Orcs Exemplares
por seu papel no combate, e
muitas de suas perícias de classe
são baseadas nessa habilidade.
Destreza e Constituição também
são importantes para a
capacidade de combate de
um Orc Exemplar.
Tendência: Qualquer
uma.
Dado de Vida: d10.
Perícias da Classe
As perícias de classe do Orc Exemplar
(e a habilidade-chave de cada uma)
são: Escalar (For), Intimidar (Car), Natação
(For), Observar (Sab), Ofícios (Int),
Ouvir (Sab), Saltar (for), e Sobrevivência
(Sab).
Pontos de Perícia Por Nível: 2
+ modificador de Int.
Características da Classe
Todas as características a seguir pertencem
a essa classe.
Usar Armas e
Armaduras:
Orcs Exemplares
sabem usar
todas as armas simples e comuns, bem
como armaduras leves e médias.
Visão no Escuro Aprimorada
(Ext): No 1º nível, a Visão no Escuro de um
Orc Exemplar aumenta em 9m.
Tolerância à Luz: Um Orc Exemplar
perde a sensibilidade à luz de sua raça no
1º nível.
0
Matador de Elfos (Ext): Um
Orc Exemplar de 2º nível aprende
a canalizar seu ódio pela raça élfica.
Ele ganha um bônus
de +2 nas jogadas
de dano contra Elfos.
Aumento
de Habilidade
(Ext): No 3º
nível, a Força de
um Orc Exemplar
aumenta em 2
pontos.
Meio-Orc
Exemplar
Meio-Orcs
Exemplares diferem
de outras raças exemplares
no fato de raramente
possuírem grandes populações
de outros meioorcs
promovendo e dando
apoio à sua visão de
sua raça. Ao invés disso,
a maioria dos Meio-
Orcs Exemplares
acham a força para
vencer sua herança
ao superarem

Tabela 1.6: O Meio-Orc Exemplar
Nível Ataque Fortitude Reflexos Vontade Especial
1º +1 +2 +0 +0 Herança Dividida, Aparência Monstruosa
2º +2 +3 +1 +0 Fúria 1/dia
3º +3 +3 +1 +1 Aumento de Habilidade (For +2)
desafios de um passado ímpar e, às vezes,
isolador. Combatentes poderosos, Meio-
Orcs Exemplares combinam a ferocidade
inata de sua herança orc com o raciocínio
rápido e a adaptabilidade da humana.
Aventuras: Meio-Orcs Exemplares se
aventuram para ver o mundo, procurar por
um lar, ou adquirir fama e poder, ou vagam
pelo simples ato de fazê-lo. Com uma menor
ligação com sua raça como um todo
que o resto das outras raças exemplares,
Meio-Orcs Exemplares costumam permanecer
como aventureiros ativos por longos
períodos de tempo.
Aventureiros Meio-Orcs Exemplares de
sucesso freqüentemente atraem outros de
sua raça. Esses Meio-Orcs de mentalidade
semelhante buscam aceitação na comunidade
do Meio-Orc Exemplar, procuram se
tornar companheiros de aventura ou simplesmente
desejam ser seguidores.
Características: Meio-Orcs Exemplares
são tão mistos em suas perspectivas
quanto o são em sua descendência. A
maior parte dos Meio-Orcs Exemplares vem
a se identificar mais com uma ou outra de
suas raças genitoras, e se enxergam como
a ponte entre essa raça e outros Meio-Orcs.
Muitos se vêem como abençoados com
força e oportunidades além daquelas de
ambas suas raças progenitoras.
Tendência: Meio-Orcs Exemplares,
como a maioria dos Orcs e Meio-Orcs, tendem
a um comportamento caótico. Alguns
Meio-Orcs Exemplares cedem à amargura
causada pelas dificuldades que encontram
em comunidades de outras raças, mas a
maioria enxerga além disso, tirando força
de caráter das injustiças que enfrentam.
Religião: Meio-Orcs Exemplares raramente
possuem opiniões religiosas fortes.
Embora respeitem o óbvio poder dos
deuses e dos clérigos, poucos Meio-Orcs
Exemplares sentem o chamado de um poder
superior—talvez por se encontrarem
claramente entre duas raças numerosas e
poderosas.
História: A maior parte dos Meio-Orcs
Exemplares se torna campeões de sua raça
por suportarem circunstâncias incomuns
envolvendo tanto Humanos quanto Orcs.
Muitos dos que nascem em áreas de grande
conflito entre as duas raças sentem a
constante influência de uma herança mista.
Freqüentemente, é uma viagem para
longe de tais áreas que cristaliza a visão do
Meio-Orc Exemplar sobre sua própria raça,
permitindo-o enxergar o valor e a virtude
de sua própria habilidade e perspectiva.
Raças: Meio-Orcs Exemplares encaram
desafios onde quer que vão, pois muitas
raças os olham com suspeita ou vêem seu
parentesco orc como uma mácula. A maioria
dos Meio-Orcs Exemplares faz amizade
íntima apenas com uns poucos indivíduos.
Como geralmente é difícil para um Meio-
Orc encontrar amizade e confiança, mesmo
entre os seus, Meio-Orcs Exemplares
são extremamente leais a seus amigos de
verdade.
Outras Classes: Meio-Orcs Exemplares
compreendem a vida dura e a ferocida-
1

de dos Bárbaros, particularmente aqueles
Exemplares nascidos em regiões povoadas
por tribos bárbaras. Meio-Orcs Exemplares
admiram classes proficientes em batalha,
considerando as técnicas praticadas por
um Guerreiro e o conhecimento florestal
do Ranger igualmente válidas como
escolhas para um combatente. Embora
Meio-Orcs Exemplares possam admirar os
efeitos de poderosas magias lançadas por
Clérigos, Magos e outros conjuradores,
freqüentemente olham membros dessas
classes com suspeita e desdém, vendo a
magia como pouco mais que uma forma
de encobrir suas fraquezas.
Informações de Jogo
Meio-Orcs Exemplares possuem as seguintes
características:
Habilidades: Força é importante
para um Meio-Orc Exemplar devido ao seu
papel em combate, e muitas das perícias
de classe dele são baseadas nessa habilidade.
Destreza e Constituição são valorizadas
por causa de seus papéis em combate,
e uma alta Constituição também permite
a um Meio-Orc Exemplar ficar em fúria por
mais tempo.
Tendência: Qualquer uma, embora
predominantemente caótico.
Dado de Vida: d8.
Perícias da Classe
As perícias de classe do Meio-Orc Exemplar
(e a habilidade-chave de cada uma)
são: Adestrar Animais (Car), Cavalgar (Des),
Escalar (For), Intimidar (Car), Natação (For),
Ofícios (Int), Profissão (Sab), Saltar (For), e
Sobrevivência (Sab).
Pontos de Perícia por Nível: 4 +
modificador de Int.
Características da Classe
Todas as características a seguir pertencem
a essa classe.
Usar Armas e Armaduras: Meio-
Orcs Exemplares sabem usar todas as armas
simples e comuns e armaduras leves
e médias.
Herança Dividida (Ext): Diferente
de outras raças exemplares, o Meio-Orc
Exemplar pode pegar níveis em mais de
uma classe de raça exemplar. Após ganhar
pelo menos um nível de Meio-Orc Exemplar,
o personagem pode adquirir níveis
em Orc Exemplar ou em Humano Exemplar
(mas não ambos).
Aparência Monstruosa (Ext):
Meio-Orcs Exemplares podem canalizar
sua ferocidade inata, resultando em um
bônus racial de +4 em testes de Intimidar.
Fúria (Ext): No 2º nível, um Meio-Orc
Exemplar vem a compreender e a fazer uso
da ferocidade natural que corre em seu
sangue. Ele ganha a habilidade de se lançar
em um impressionante frenesi sangrento
uma vez por dia (ou uma vez adicional por
dia, caso já possua a característica de classe
Fúria). O efeito dessa habilidade é idêntico
ao efeito da fúria de um bárbaro. Se
um Meio-Orc Exemplar possui habilidades
de Fúria aprimoradas (como as características
de classe de um Bárbaro Fúria Maior,
Vontade Inabalável, Fúria Incansável, ou
Fúria Poderosa), essas melhorias também
se aplicam à Fúria concedida pela classe
Meio-Orc Exemplar.
Aumento de Habilidade: No 3º nível,
a Força de um meio-Orc Exemplar aumenta
em 2 pontos.

Tabela 1.7: O Halfling Exemplar
Nível Ataque Fortitude Reflexos Vontade Especial
1º +0 +0 +2 +0 Proeza Atlética, Bônus de Resistência
2º +1 +0 +3 +0 Maestria em Armas de Arremesso
3º +2 +1 +3 +1 Aumento de Habilidade (Des +2)
Halfling Exemplar
Espertos e capazes, Halflings Exemplares
adoram viajar, e eles incorporam a
curiosidade e o jeito despreocupado do
povo Halfling. Apesar de sua curiosidade e
de sua aparência bondosa, Halflings Exemplares
são os membros mais capazes de
sua raça. Eles são sobreviventes, sagazes e
com recursos o suficiente para permanecerem
vivos em um mundo cheio de criaturas
grandes e perigosas. Quando Halflings
Exemplares viajam por comunidades e países
povoados por outras raças, são rápidos
em fazer amigos e freqüentemente terminam
no meio de um grupo de viajantes ou
de aventureiros.
Aventuras: Repletos do desejo de
viajar (incomum aos Halflings artonianos),
Halflings Exemplares
enxergam aventuras como uma
extensão natural de suas viagens
pelo mundo. Na verdade, é difícil
que um Halfling Exemplar se imagine
em uma aventura, mesmo no meio de
uma masmorra cheia de armadilhas.
Para alguém com tamanho desejo
por excitação e descoberta, que
lugar poderia ser mais natural
para visitar que uma masmorra
ou ruína ancestral?
Ocasionalmente, Halflings
Exemplares incorporam
as piores características
de sua raça,
usando de suas habilidades
furtivas e de sua esperteza
natural para roubar de
outras raças—raças que consideram ingênuas
e tolas.
Características: Companheiros de
aventura exagerados dizem que os Halflings
inventaram a curiosidade. Com seu
tamanho pequeno e sua impressionante
furtividade, Halflings Exemplares podem ir
a quase qualquer lugar sem serem detectados.
Permanecer indetectado, no entanto,
raramente é divertido. Halflings Exemplares
gostam de seu tamanho pequeno,
e mui- tos secretamente se perguntam
como raças
maiores
podem fazer
alguma coisa silenciosamente.
3
Tendência:
A maioria dos
Halflings Exemplares
é caótica e
bondosa. Eles
amam a liberdade,
e sua forma
de viver é, em vários
sentidos,
despreocupada
e imprevisível.
Religião: Enquanto a maioria dos Halflings
dirige sua devoção a Marah, Halflings
Exemplares costumam rezar para Hyninn

ou (mais recentemente) Valkaria; mas sua
enorme curiosidade pode levá-los a conhecer
(e adorar) praticamente qualquer
divindade.
História: Um Halfling Exemplar aprende
suas habilidades enquanto viaja. Sua
paixão por viagens é o que os move. Não
raramente, adquirem níveis em Ladino ou
em Ranger, e suas habilidades aumentam
enquanto se esgueiram por cidades grandes
ou caçam furtivamente em selvas profundas.
Raças: Halflings Exemplares viajam e
jamais parecem se cansar. Por passarem
tanto tempo em comunidades de outras
raças, eles se esforçam para se dar bem
com todos. São adeptos, como todos os
Halflings, a se encaixar em comunidades
alheias, embora raramente permaneçam
nessas por muito tempo.
Halflings Exemplares gostam de um
grupo variado de companheiros de viagem—membros
demais de uma única raça
tornam a companhia entediante. Embora
extremamente receptivos, Halflings Exemplares
ocasionalmente acham Anões cabeças-duras
e sérios demais para seu gosto.
Outras Classes: Halflings Exemplares
vêem outras classes com um misto de alívio
e frustração. Ficam felizes em ficar atrás
de Guerreiros e membros de outras classes
fisicamente poderosas enquanto monstros
investem para a batalha, e são gratos
quando as habilidades de um conjurador
os ajudam a passar por um oponente ou
curam suas feridas. Mas poucas classes conseguem
igualar a furtividade do Halflings
Exemplares, e, com maior freqüência, são
os membros de outras classes que colocam
o Halfling Exemplar em um combate, para
início de conversa. Halflings Exemplares se
dão melhor com outros personagens furtivos,
particularmente com Ladinos e Rangers,
e muitas vezes se tornam multiclasse
nessas duas classes.
Informações de Jogo
Halflings Exemplares possuem as seguintes
características:
Habilidades: Destreza é importante
para Halflings Exemplares porque os ajuda
a evitar ataques de inimigos maiores e
aumenta sua precisão com armas de arremesso
e fundas, suas formas favoritas de
ataque. Como Halflings Exemplares valorizam
perícia e sutileza, uma alta Inteligência
pode ajudá-los bastante. Carisma é importante
para várias das perícias de classe
do Halfling Exemplar.
4
Tendência: Qualquer uma.
Dado de Vida: d6.
Perícias da Classe
As perícias de classe do Halfling Exemplar
(e a habilidade-chave de cada uma)
são: Atuação (Car), Blefar (Car), Diplomacia
(Car), Escalar (For), Esconder-se (Des), Furtividade
(Des), Natação (For), Ofícios (Int),
Ouvir (Sab), Profissão (Sab), Saltar (For), e
Sobrevivência (Sab).
Pontos de Perícia por Nível: 4 +
modificador de Int.
Características da Classe
Todas as características a seguir pertencem
a essa classe.
Usar Armas e Armaduras: Halfling
Exemplares sabem usar todas as armas
simples e armaduras leves.
Proeza Atlética (Ext): No 1º nível,

os testes de Escalar, Furtividade, e Saltar de
um Halfling Exemplar aumentam para +3.
Bônus de Resistência (Ext): No 1º
nível, o bônus racial de um Halfling Exemplar
em todos os testes de resistência aumenta
em +1.
Maestria em Armas de Arremesso
(Ext): No 2º nível, um Halfling Exemplar
ganha +2 em suas jogadas de dano ao
utilizar armas de arremesso ou uma funda.
Aumento de Habilidade (Ext): No
3º nível, a Destreza de um Halfling Exemplar
aumenta em 2 pontos.
Traduzido e adaptado para TormenTa por
Eduarto Tavares “Hori”
& Genê “Zell”
Tradução de: “Racial PaRagon classes”
do livro UneaRthed aRcana
por Andy Collins, Jesse Decker,
David Noonan, & Rich Redman
5

Baluarte de Tauron: não, ele não foge assim
tão fácil do desafio. Ele encara!

Baluarte de
Tauron
Um Baluarte de Tauron, ou simplesmente
Baluarte, é a epítome da coragem
de seu Deus. Alguém que possui uma força
de vontade além dos limites da compreensão
mortal, ele gargalha diante de perigos
que fariam gelar a alma do mais experiente
aventureiro; mas um baluarte não se sente
completo sem alguém pra proteger, alguém
com quem ele possa compartilhar
toda a sua determinação (ou para quem
ele possa se exibir). Sua alegria é invadir o
covil de criaturas capazes de causar medo
em seus oponentes apenas para escarnecer
delas quando essas tentam amedrontá-los.
O Baluarte se dá por satisfeito quando
evita que alguma criatura amedronte alguém
em sua presença (e geralmente dá
uma surra na criatura durante o processo).
Quanto mais assustadora, apavorante e
poderosa for a criatura, maior será seu orgulho
em tê-la impedido. Geralmente suas
aventuras envolvem a busca e eliminação
de criaturas com a capacidade de espantar
seus oponentes apenas pelo medo.
Muitas vezes, aos olhos os outros, os
Baluartes fazem atos completamente loucos
(“Tem uma menina se afogando no rio
e vocês vão dar toda a volta na floresta ao
invés de pular deste penhasco e cair direto
lá?”), mas não é bem assim; devido ao dogma
de seu deus de proteção dos fracos, os
baluartes muitas vezes se arriscam (como
pulando do penhasco supracitado) para
salvar pessoas completamente estranhas
para si (“Que alto o quê?... Se eu não sobreviver
é porque Tauron quis assim e não
porque eu saltei!”).
A maioria dos Baluartes segue a tendência
de seu Deus (Leal e Neutra), mas
não são raros os que seguem o código de
conduta dos Paladinos (sendo, portanto,
Leais e Bons); os Baluartes malignos são raros,
mas existem – eles geralmente têm a
percepção de mundo um pouco deturpada,
julgando todos que não têm a mesma
coragem que eles como indignos.
As habilidades de um Baluarte de Tauron
servem muito melhor para suporte de
um grupo do que para qualquer outra coisa
em si, então um membro dessa classe
ou nunca abandona totalmente seu treinamento
de conjurador anterior ou passa a
treinar conjuração quando adquire níveis
nesta classe.
Baluartes de Tauron são muito comuns
como oficiais graduados do exército tapistiniano,
sempre elevando a moral de suas
tropas e auxiliando-os com suas magias de
cura.
Clérigos são aqueles que mais facilmente
se tornam Baluartes de Tauron, mas se
a regra opcional para devotos (de panteão
d20: pág. 21) estiver sendo usada, Monges
também terão bastante facilidade em adquirí-la;
e também os Guerreiros, Bárbaros,
e Minotauros em geral poderão adotá-la
nos níveis mais elevados.
Dado de Vida: d8
Pré-Requisitos
Para se tornar um Baluarte de Tauron, o
personagem deve preencher todos os seguintes
critérios:
Tendência: Qualquer Leal
Bônus Base de Ataque: +4
Vontade: +5

Tabela 2.1: O Baluarte de Tauron
Nível Ataque Fortitude Reflexos Vontade Especial Conjuração
1º +0 +2 +0 +2 Aura de Coragem, Aura da Ordem —
2º +1 +3 +0 +3 —
+1 Nível numa
Classe Existente
3º +2 +3 +1 +3 Talento Divino —
4º +3 +4 +1 +4 Aura de Coragem Renovadora
+1 Nível numa
Classe Existente
5º +3 +4 +1 +4 Aura de Coragem Aprimorada —
6º +4 +5 +2 +5 Talento Divino, Têmpera
+1 Nível numa
Classe Existente
7º +5 +5 +2 +5 Toque da Coragem —
8º +6 +6 +2 +6 Aura de Coragem Persistente
+1 Nível numa
Classe Existente
9º +6 +6 +3 +6 Talento Divino —
10º +7 +7 +3 +7 Atemorizante
Talento: Coragem Total (ou imunidade
ao medo de alguma outra forma que
não seja proveniente de itens mágicos)
Especial: Ser um servo de Tauron
Perícias de Classe
As perícias de classe para um Baluarte (e
a habilidade-chave para cada perícia) são:
Concentração (Con), Conhecimento (História)
(Int), Conhecimento (Planos) (Int),
Conhecimento (Religião) (Int), Diplomacia
(Car), Identificar Magia (Int), Intimidação
(Car), Ofícios (Int) e Profissão (Sab).
Pontos de Perícia a cada Nível:
2 + Modificador de Inteligência.
Características de Classe
Todas As Características a seguir pertencem
a essa classe:
Usar Arma e Armaduras: Baluartes
de Tauron sabem usar todas as armas
simples e o Machado de Guerra (conferir
qual é a arma preferida de Tauron), todas
as armaduras (leves, médias e pesadas),
e todos os escudos (exceto escudos de
+1 Nível numa
Classe Existente
corpo). Note que as penalidades por usar
uma armadura mais pesada que um corselete
de couro ainda se aplicam às perícias
Acrobacia, Arte da Fuga, Equilíbrio, Escalar,
Esconder-se, Furtividade, Prestidigitação,
Saltar, e Natação (essa última, dobrada).
Aura de Coragem: Igual à habilidade
de mesmo nome do Paladino (descrita
no liVro do Jogador v. 3,5: pág. 53); se um
personagem já possuir essa habilidade
(proveniente de seus níveis de Paladino,
por exemplo) o raio de alcance de sua Aura
será dobrado (de 3m para 6m).
Aura de Ordem: A Aura de Ordem
de um Baluarte (consulte a magia Detectar
o Mal) equivale ao seu nível nessa classe de
prestígio, semelhante (e cumulativa com) a
Aura de um Clérigo de um Deus Leal.
Conjuração: Um Baluarte que já era
capaz de conjurar magias divinas continuará
desenvolvendo essa habilidade, adquirindo
acesso a magias mais poderosas
conforme segue sua devoção. Portanto,
quando o personagem adquire um nível
par na classe de prestígio, adquire mais
magias diárias – como se estivesse avan-
8

çando um nível na sua classe de conjurador
divino anterior. Entretanto, ele não recebe
qualquer outro benefício daquela classe
(chance aprimorada de Expulsar/Fascinar
mortos-vivos, utilizações adicionais de remover
doenças, etc.). Essencialmente, isso
significa que o nível de Baluarte de Tauron,
dividido por dois (arredondado para
baixo), é somado ao nível de outra classe
capaz de conjurar magias divinas do personagem
e, depois disso, sua quantidade
de magias diárias é determinada.
Por exemplo, Tyranus, um Clérigo de
6º nível, adquire um nível de Baluarte de
Tauron, assim retardando temporariamente
a possibilidade aumentar suas magias
diárias. Se, em seguida, ele adquirir outro
nível como Baluarte (o 2º nível na classe),
receberá magias diárias como se tivesse
atingido o 7º nível de Clérigo, mas usando
os demais aspectos da sua progressão de
nível—como o bônus base de ataque e os
bônus base de resistência.
Caso o Personagem tenha mais de uma
classe capaz de conjurar magias divinas
antes de se tornar um Baluarte de Tauron,
deverá escolher qual delas terá o seu nível
elevado para determinar a quantidade de
magias diárias sempre que alcançar um nível
par nesta classe de prestígio.
Se um personagem não era capaz de
lançar magias divinas anteriormente, ele
adquire a habilidade de fazê-lo exatamente
como um Clérigo de sua divindade patrona.
Suas magias diárias são contadas como
pertencentes a um Clérigo com a metade
seus níveis na classe (arredondados para
baixo).
Talentos Divinos: Nos 3º, 6º, e 9º
níveis, o Baluarte de Tauron estreita mais
ainda a sua relação com seu Deus e como
prêmio por sua bravura, esse lhe concede
mais poderes garantidos do que a um servo
comum; o Baluarte pode então escolher
um talento divino adicional da lista de poderes
concedidos por Tauron.
Os Talentos concedidos por Tauron são:
Coragem Total (danh!), Fúria Guerreira,
Imunidade contra Veneno, Pacto com a
Serpente, e Sangue de Ferro (descritos em
panteão d20: págs. 38, 41, 42, 43, e 44, respectivamente).
Aura de Coragem Renovadora:
A partir do 4º nível, se um aliado que esteja
sobre efeito de medo (ou similar) entrar no
raio de ação da Aura de Coragem do personagem,
este tem direito a um novo teste
de Vontade para se livrar (contra a mesma
CD do efeito que o levou a tal estado), mas
dessa vez usando o bônus concedido pelo
Baluarte.
Aura de Coragem Aprimorada:
A partir do 5º nível, a Aura de Coragem de
um Baluarte de Tauron passa a conceder o
dobro do bônus normalmente concedido
(de +4 para +8).
Têmpera: A partir do 6º nível, o Baluarte
de Tauron é capaz de resistir a ataques
mágicos e incomuns com sua enorme força
de vontade e resiliência. Caso obtenha
sucesso num teste de Fortitude ou Vontade
que normalmente reduziria o efeito de
uma magia ou habilidade similar, ele anulará
por completo os efeitos dessa magia.
Somente as magias que possuem a indicação
“Vontade Parcial”, “Fortitude para metade”,
ou semelhantes nas descrições de
seus Testes de Resistência são afetadas por
essa habilidade. Um Baluarte inconsciente
ou adormecido não adquire os benefícios
de Têmpera.
Toque da Coragem: A partir do 7º

nível, o personagem pode fazer um ataque
de toque contra um aliado amedrontado
(ou em outra condição similar) e fazer um
novo teste no lugar dele (ele ganha os próprios
bônus para o uso dessa habilidade).
Aura de Coragem Persistente: A
partir do 8º nível, se um aliado permanecer
durante, no mínimo, 5 rodadas no raio
de ação da Aura de Coragem de um Baluarte
de Tauron e depois sair desse raio, ele
conserva os bônus concedidos por um número
de rodadas igual ao modificador de
sabedoria do Baluarte.
Atemorizante: No 10º nível, qualquer
adversário que possua (ou conjure)
um efeito de medo (ou similar) e entre (ou
esteja) dentro do raio de ação da Aura de
Coragem do Baluarte vê acontecer os seguintes
efeitos:
1º
2º
3º
Seu efeito, ou magia, não surte qualquer
efeito (simplesmente falha e
ainda “gasta” a magia como se estivesse
conjurado-a, se for o caso);
Seu efeito se volta contra o próprio
dono; ele deve fazer um Teste de Resistência
contra seu próprio efeito
(com a mesma CD, o mesmo nível de
conjurador, etc.), mas como se o Baluarte
o tivesse realizado (ele fugiria
do Baluarte no caso da magia “Medo”,
por exemplo); e
Nenhum tipo de imunidade ao medo
é válida contra este efeito (afinal, de
certa forma foi o próprio alvo que o
conjurou), à exceção da imunidade
de outro Baluarte—um Baluarte de
Tauron nunca consegue amedrontar
outro, não importa nem a diferença
de níveis.
NB: Caso seja permitido o uso de
30
Paladinos Variantes (veja Panteão: pág 31),
Paladinos de Tauron que adquiram níveis
nessa Classe de Prestígio podem continuar
adquirindo nivéis como Paladinos
livremente.
CdP criada por: Tiago “Ryuu” Maroli
Colaborou: Adriano-kun “Yoh”
Revisada por: Paulo Cezar “Talles”

Baluarte
Típico
Tyranus Braveheart: Minotauro;
Clérigo de Tauron 6/Baluarte de Tauron 7;
ND: 15; DVs: 6d8 + 18 + 7d8 + 21; PVs:
113; Iniciativa: +5; Deslocamento: 6 m;
CA: 23 (+1 Des, +10 Armadura, +2 Natural),
Toque 11, Surpresa 20; Ataque Base: +9,
Agarrar: +13, Corpo-a-corpo: +13, à Distância:
+10; Machado Grande: +15 (dano:
1d12 + 8 [+2d6 contra criaturas caóticas],
decisivo: 20/x3); Ataque Total: Machado
Grande: +15/+10 (dano: 1d12 + 8 [+2d6
contra criaturas caóticas], dec: 20/x3); Ataques
Especiais: Expulsar mortos-vivos,
Magias; Qualidades Especiais: Aura da
Ordem, Aura de Coragem, Aura de
Coragem Aprimorada, Aura de
Coragem Renovadora,Con-
31
versão Espontânea, Domínios, Têmpera,
Traços de Minotauro; Tendência: LN; TRs:
Fort: +13, Ref: +5, Von: +14; Habilidades:
FOR: 19 (+4), DES: 12 (+1), CONS: 17 (+3),
INT: 14 (+2), SAB: 18 (+4), CAR: 7 (-2).
Perícias e Idiomas: Concentração:
+19, Conhecimento (Religião): +18, Identificar
Magia: +18, Intimidação: +14; Idiomas:
Anão, Élfico, Minotauro, Valkar.
Talentos: Ataque Poderoso, Coragem
Total (B), Iniciativa Aprimorada, Ignorar
Componentes Materiais, Magias em Combate,
Patriota (Regional: Tapista), Reflexos
Rápidos, Sangue de Ferro x2
Domínios: Fogo, Força.
Aura Axiomática (Ext): Tyranus
possui uma Aura da Ordem ao seu redor
(consulte a magia Detectar
o Mal [liVro do
Jogador v. 3,5: pág 229]
para maiores detalhes).
Aura de Coragem: Igual à habilidade
de mesmo nome do Pala-

dino (liVro do Jogador v. 3,5: pág. 53).
Aura de Coragem Aprimorada: A
Aura de Coragem de Tyranus concede, aos
seus aliados, um bônus de +8 ao invés dos
+4 normais.
Aura de Coragem Renovadora:
Se um aliado, que esteja sobre efeito de
medo (ou similar), entrar no raio de ação
da Aura de Coragem de Tyranus, ele tem
direito a um novo teste de vontade para se
livrar (contra a mesma CD do efeito que o
levou a tal estado), mas dessa vez usando o
bônus concedido pelo Minotauro.
Conversão Espontânea: Tyranus
pode converter suas magias de Clérigo preparadas
para efeitos de Curar Livremente.
Têmpera: Tyranus é capaz de resistir
a ataques mágicos e incomuns com sua
enorme força de vontade e resistência. Caso
obtenha sucesso num teste de Fortitude
ou Vontade que normalmente reduziria o
efeito de uma magia ou habilidade similar,
ele anulará por completo os efeitos dessa
magia. Somente as magias que possuem a
indicação “Vontade Parcial”, “Fortitude para
Metade” ou semelhantes nas descrições de
seus testes de resistência são afetadas por
esta habilidade. Caso ele esteja inconsciente
ou adormecido, ele não poderá usufruir
dos benefícios da Têmpera.
Toque da Coragem: Tyranus pode
fazer um ataque de toque contra um aliado
amedrontado (ou sob outra condição
similar) e fazer um novo teste no lugar dele
(ele ganha os próprios bônus para o uso
dessa habilidade).
Traços de Minotauro: Faro (+4 em
testes de Sobrevivência para rastrear usando
o olfato), Lógica Labiríntica (jamais se
perde em masmorras ou labirintos; essa
3
habilidade não funciona em espaços abertos),
Medo de Altura (todo Minotauro sofre
uma penalidade de -4 em todas as suas jogadas
de ataque, perícias e testes de resistência).
Os demais aspectos já estão incorporados
às estatísticas do personagem.
Magias preparadas de Clérigo:
(6/4+1/4+1/3+1/2+1/1+1/; CD base 14 + nível
da magia) Preces: Criar Água, Detectar
Magia (x2), Luz (x2); 1° nível: Auxílio Divino
(x2), Escudo Entrópico (x2), Mãos Flamejantes*;
2° nível: Força do Touro*(x2), Retardar
Envenenamento, Vigor do Urso x2; 3° nível:
Infligir Ferimentos Graves, Resistência a
Elementos (somente Frio ou Fogo)*, Rogar
Maldição; 4° nível: Infligir Ferimentos Críticos,
Muralha de Fogo*, Poder Divino; 5°
nível: Força dos Justos*, Resistência à Magia.
Conjura como um Clérigo de 9º nível.
(*) Magias de Domínio.
Equipamentos: Anel do Sustento,
Armadura de Batalha Completa (+2 da
Fortificação Moderada), Machado Grande
(+2 e Axiomático)—fora os itens comuns a
aventureiros, como corda, saco de dormir,
etc.

Mestre das Armadilhas: agora
os aventureiros têm mais problemas.

Mestre das
Armadilhas
Um Mestre das Armadilhas é simplesmente
alguém obcecado por armadilhas.
Não apenas um estudioso de mecanismos,
alavancas e roldanas, mas um mestre nas
artes da enganação. Um “artista” dedicado
a construir engenhos, elaborar enigmas e
desvendar charadas –– seja para provar sua
habilidade aos outros, seja para si mesmo.
Sua alegria é projetar uma eficaz armadilha
para vê-la funcionar, ou então desafiar seu
próprio conhecimento e perícia desafiando
armadilhas feitas por outros.
O Mestre das Armadilhas se considera
vitorioso quando consegue fazer alguém
cair vítima de seus engenhos. Quanto mais
inteligente e ardilosa a vítima, maior sua vitória.
Apanhar criaturas esquivas ou heróis
poderosos está entre suas maiores façanhas;
quantos podem se orgulhar de apanhar
um fantasma, demônio, unicórnio ou
até mesmo um grande mago aventureiro?
Nem sempre se trata de capturar, ferir ou
matar. Muitas vezes, apenas o ato de ludibriar
o oponente já basta para satisfazer o
ego enorme de um Mestre das Armadilhas.
Fazer com que um grupo inteiro de aventureiros
se perca em um labirinto, mantêlos
lá por quanto tempo quiser, para depois
libertá-los sem nenhum dano... Tudo
faz parte do “esporte”.
Também não é estritamente necessário
que um Mestre das Armadilhas seja maligno.
Muitas vezes ele presta serviços para o
bem e a ordem, usando seus talentos para
proteger lugares importantes ou sagrados
–– ou para testar aventureiros, colocando
armadilhas inofensivas em seu caminho,
34
e assim preparando-os para desafios reais.
Ou ainda, um Mestre das Armadilhas
habilidoso pode acompanhar um grupo
de heróis justamente para localizar e desarmar
arapucas que apareçam pelo caminho.
Mas é verdade que fará isso com certo
pesar no coração: para ele, não existe nada
mais belo que ver funcionar uma armadilha
bem realizada.
É verdade, contudo, que a maior parte
dos Mestres das Armadilhas seja formada
por vilões cruéis –– vilões que se deliciam
com o sofrimento de suas vítimas. No comando
de masmorras infestadas de monstros
e artefatos da morte, observando e
manipulando tudo de uma distância segura,
eles atraem aventureiros com boatos e
promessas de tesouros para vê-los tombar,
um a um, vítimas de sua esperteza.
Uma vez que as melhores armadilhas
necessitam de magias—seja para criá-las
ou detectá-las—não é raro que o Mestre
das Armadilhas tenha razoáveis conhecimentos
mágicos. Outros simplesmente
desenvolvem “truques do ofício” que lembram
habilidades mágicas. De qualquer
forma, suas habilidades ao lidar com arapucas
beiram o sobrenatural.
Dado de Vida: d6
Pré-Requisitos
Para se tornar um Mestre das Armadilhas,
o personagem deve preencher todos
os seguintes critérios:
Perícias: Abrir Fechaduras 4 graduações,
Ofícios (Armadilheiro) 8 graduações,
Operar Mecanismos 8 graduações, Procurar
4 graduações, Usar Cordas 4 graduações.
Talentos: Foco em Perícia (Operar

Tabela 3.1: O Mestre das Armadilhas
Magias por Dia
Nível Ataque Fortitude Reflexos Vontade Especial 1º 2º 3º 4º
1º +0 +0 +2 +0
Encontrar Armadilhas,
Improvisar Armadilhas
0 – – –
2º +1 +0 +3 +0 Sentir Armadilhas +1 1 – – –
3º +2 +1 +3 +1 Lógica Labiríntica 2 0 – –
4º +3 +1 +4 +1 Evasão, Sentir Armadilhas +2 3 1 – –
5º +3 +1 +4 +1 Improvisar Armadilhas Aprimorado 3 2 0 –
6º +4 +2 +5 +2 Sentir Armadilhas +3 3 3 1 –
7º +5 +2 +5 +2 Mestre Armadilheiro 3 3 2 0
8º +6 +2 +6 +2 Sentir Armadilhas +4 3 3 3 1
9º +6 +3 +6 +3 — 3 3 3 2
10º +7 +3 +7 +3
Maestria no Improviso de Armadilhas,
Sentir Armadilhas +5
3 3 3 3
Mecanismos).
Especial: Além disso, o personagem
precisa ser Clérigo ou Devoto de Hyninn.
Perícias da Classe
As perícias de classe de um Mestre das
Armadilhas (e a habilidade-chave para
cada perícia) são: Abrir Fechaduras (Des),
Acrobacia (Des), Arte da Fuga (Des), Blefar
(Car), Concentração (Con), Conhecimento
(masmorras) (Int), Decifrar Escrita (Int), Diplomacia
(Car), Disfarces (Car), Equilíbrio
(Des), Escalar (For), Esconder-se (Des), Falsificação
(Int), Furtividade (Des), Natação
(For), Observar (Sab), Obter Informação
(Car), Ofícios (Int), Operar Mecanismo (Int),
Ouvir (Sab), Prestidigitação (Des), Procurar
(Int), Saltar (For), Sentir Motivação (Sab),
Usar Cordas (Des) e Usar Instrumentos Mágicos
(Car).
Pontos de Perícia a cada Nível:
6 + modificador de Inteligência.
Características da Classe
Usar Armas e Armaduras: Um
Mestre das Armadilhas sabe usar todas as
armas simples, além da besta de mão, sabre,
arco curto e espada curta. Os Mestres
35
das Armadilhas sabem usar armaduras leves,
mas não escudos.
Magias: Um Mestre das Armadilhas
adquire a habilidade de lançar uma pequena
quantidade de magias divinas. Para
conjurar magias o personagem precisa ter
uma pontuação em Inteligência igual ou
superior a 10 + o nível da magia; portanto
um Mestre das Armadilhas com Inteligência
10 ou menos não poderá fazê-lo. As
magias adicionais do Mestre das Armadilhas
são baseadas em Inteligência; a Classe
de Dificuldade de um teste de resistência
contra magia de um Mestre das Armadilhas
equivale a 10 + o nível da magia +
modificador de Inteligência. Quando um
Mestre das Armadilhas adquire 0 magias
de um determinado nível (como 0 magias
de 1º nível no 1º nível de classe), recebe
apenas magias adicionais. Um Mestre das
Armadilhas que não receba magias adicionais
em certo nível ainda não é capaz de
conjurá-las. A relação das magias do Mestre
das Armadilhas é descrita mais adiante.
Ele conjura suas magias da mesma forma
que um Bardo.
Quando alcançar o 6º nível, e a cada dois
níveis subseqüentes (8º e 10º), um Mestre
das Armadilhas será capaz de aprender

Tabela 3.2: Magias Conhecidas do Mestre
das Armadilhas
Magias Conhecidas
Nível 1º 2º 3º 4º
1º 2 * – – –
2º 3 – – –
3º 3 2 * – –
4º 4 3 – –
5º 4 3 2 * –
6º 4 4 3 –
7º 4 4 3 2 *
8º 4 4 4 3
9º 4 4 4 3
10º 4 4 4 4
* O Mestre das Armadilhas precisa ter um valor de Inteligência
grande suficiente para adquirir magias adicionais nesse nível.
uma nova magia em substituição a um
efeito antigo de seu repertório. O nível das
magias que estão sendo trocadas deve ser
idêntico; o Mestre das Armadilhas somente
conseguirá substituir uma magia dois níveis
inferiores ao nível máximo disponível.
O personagem somente poderá substituir
uma única magia nos níveis indicados, e
precisa escolher se realizará a troca no momento
em que adquire novas magias conhecidas
naquele nível.
Encontrar Armadilhas: O Mestre
das Armadilhas pode usar a perícia Procurar
para encontrar armadilhas. Encontrar
uma armadilha mundana terá CD 20 ou superior
se estiver bem escondida. Encontrar
uma armadilha mágica terá CD 25 + nível
da magia utilizada na sua criação.
Os Mestres das Armadilhas podem usar
a perícia Operar Mecanismo para desarmar
armadilhas, mesmo as mágicas. Uma armadilha
mágica terá CD 25 + nível da magia
utilizada na criação.
Um Mestre das Armadilhas que obtenha
um sucesso com uma margem igual ou superior
a 10 para desativar uma armadilha
conseguirá estudá-la, entender seu funcio-
36
namento e superá-la (junto com seus companheiros)
sem desarmá-la.
Improvisar Armadilhas: Um Mestre
das Armadilhas pode improvisar uma
armadilha rapidamente. Ele pode criar
esses aparelhos improvisados usando o
material que tem consigo no momento,
ou que encontre nas proximidades. Um
Mestre das Armadilhas pode, por exemplo,
soltar uma pedra do teto e ligá-la a um fio
para improvisar uma armadilha de bloco
de pedra caindo.
O Mestre das Armadilhas deve fazer um
teste de Ofícios (Armadilheiro) com CD
igual 10 + o Nível de Desafio da armadilha
desejada. A construção leva 5 minutos
x Nível de Desafio da armadilha. Se falhar
no teste, ele pode tentar novamente. O
personagem não poderá improvisar uma
armadilha com ND acima de seus níveis na
classe Mestre das Armadilhas.
Sentir Armadilhas (Ext): A partir
do 2º nível, o Mestre das Armadilhas adquire
um senso intuitivo que o adverte do
perigo das armadilhas, concedendo +1 de
bônus nos testes de Reflexos realizados
para evitar armadilhas e +1 de bônus de
esquiva na CA contra ataques desferidos
por armadilhas. Esse bônus aumenta em
+1 a cada dois níveis de classe (4º, 6º, 8º e
10º). A habilidade Sentir Armadilhas de diversas
classes se acumula.
Lógica Labiríntica: A partir do 3º
nível, o Mestre das Armadilhas está acostumado
de tal forma a masmorras que jamais
se perde em labirintos e túneis. Ele se torna
imune à magia Labirinto.
Evasão (Ext): Um Mestre das Armadilhas
de 4º nível ou superior é capaz de
evitar ataques incomuns ou mágicos por
meio de sua agilidade extraordinária. Sem-

pre que o Mestre das Armadilhas se tornar
alvo de um ataque que permita um teste
de resistência de Reflexos para reduzir o
dano à metade (como um sopro de dragão
ou uma magia bola de fogo), ele não sofrerá
qualquer dano se obtiver sucesso no
teste de resistência. A evasão somente poderá
ser utilizada quando o Mestre das Armadilhas
estiver sem armadura ou usando
uma armadura leve. Um Mestre das Armadilhas
indefeso (inconsciente, paralisado
ou imobilizado) não recebe os benefícios
dessa habilidade.
Improvisar Armadilhas
Aprimorado: A partir do 5º
nível, o tempo para improvisar
uma armadilha cai para 1 minuto
x Nível de Desafio da
armadilha.
Mestre Armadilheiro:
No 7º nível, o Mestre
das Armadilhas recebe
um bônus de competência
de +2 nos seus testes
de Abrir Fechaduras, Ofícios
(Armadilheiro), Operar
Mecanismos, Procurar, e Usar
Cordas.
Maestria no Improviso
de Armadilhas: A partir do
10º nível, o tempo para improvisar
uma armadilha cai para 1 rodada x
Nível de Desafio da armadilha.
Lista de Magias do Mestre
das Armadilhas
Um Mestre das Armadilhas
escolhe suas magias
da seguinte lista:
1º Nível –– Alarme,
Animar Cordas, Aura
3
Mágica de Nystul, Cerrar Portas, Detectar
Magia, Prestidigitação, Queda Suave, Recuo
Acelerado, Terreno Escorregadio de
Neo, Ventriloquismo.
2º Nível –– Armadilha de Leomund,
Confundir Detecção, Escuridão, Invisibilidade,
Névoa, Patas de Aranha, Proteção
contra Flechas, Teia, Tranca Arcana, Visão
no Escuro.
3º Nível –– Armadilha, Detectar Pensamentos,
Dificultar Detecção, Dissipar
Magia, Escuridão Profunda, Forma
Gasosa, Reflexos, Sono Profundo,
Ver o Invisível.
4º Nível –– Armadilha
de Fogo, Clariaudiência/
Clarividência, Invisibilidade
Maior, Loquacidade, Moldar
Rochas, Movimentação Livre,
Parede Ilusória, Porta Dimensional,
Terreno Ilusório.
Adriano Siqueira “Yoh”
Tiago “Ryuu” Maroli
Adaptado de uma CdP, que aparece
originalmente na revista
TormenTa (№ 17),
por J.M. Trevisan,
Marcelo Cassaro,
& Rogério Saladino

Mestre das
Armadilhas
Típico
Rodleck Leverick,
Sumo-Sacerdote de Hyninn
Rodleck Leverick: Halfling; Especialista
4/Clérigo de Hyninn 4/Mestre
das Armadilhas 6; ND: 16; DVs: 4d6 +
4 + 4d8 + 4 + 6d6 + 6; PVs: 106; Iniciativa:
+6; Deslocamento: 6 m; CA: 28
(+6 Des, +5 deflexão, +6 armadura, +1
tamanho), Toque 22, Surpresa 22; Ataque
Base: +10, Agarrar: +10, Corpo-acorpo:
+10, à Distância: +16; Engrenagem
(arremessada): +21 (dano: 1d4 +
4 + sangramento, decisivo: 19-20/x2)
ou Engrenagem (corpo-a-corpo): +14
(dano: 1d4 + 4 + sangramento, dec.:
19-20/x2); Ataque Total: Engrenagem
(corpo-a-corpo): +14/+9 (dano: 1d4 +
4 + sangramento, dec.: 19-20/x2); Ataques
Especiais: Fascinar mortos-vivos
4/dia, Magias, Punição; Qualidades
Especiais: Aura do Caos, Conversão Espontânea,
Domínios, Encontrar Armadilhas,
Evasão, Improvisar Armadilhas
Aprimorado, Imunidade divina, Lógica
Labiríntica, Sentir Armadilhas, Traços de
Halfling; Tendência: CM; TRs: Fort: +8,
Ref: +10, Von: +12; Habilidades: FOR:
10 (+0), DES: 17 (+3) [23 (+6)], CONS: 13
(+1), INT: 21 (+5), SAB: 14 (+2), CAR: 13
(+1).
Perícias e Idiomas: Abrir Fechaduras:
+12, Blefar: +10, Concentração:
+7, Conhecimento (Arquitetura e Engenharia):
+9, Conhecimento (Religião):
+10, Escalar: +3, Esconder-se: +10, Furtividade:
+10, Observar: +8, Ofícios (Al-
38

quimia): +9, Ofícios (Armadilhas): +22, Ofícios
(Carpintaria): +12, Ofícios (Relojoaria):
+7, Operar Mecanismos: +25, Ouvir: +2,
Procurar: +24, Saltar: +3, Usar Cordas: 11;
Idiomas: Elfico, Halfling, Valkar.
Talentos: Disfarce Ilusório*, Foco
Em Perícia: Operar Mecanismos, Forma
de Macaco*, Fuga*, Magia Sem Gestos,
Magia Silenciosa, Paciente (Regional:
Hongari), Prontidão, Talento Ladino*,
Ventriloquismo* e Vontade de Ferro.
(*) Talentos Bônus Divinos.
Domínios: Caos, Enganação, Sorte,
Viagem.
Aura Caótica (Ext): Rodleck possui
uma Aura do Caos ao seu redor (consulte
a magia Detectar o Mal [liVro do Jogador v.
3,5: pág. 229] para maiores detalhes).
Conversão Espontânea: Rodleck
pode converter suas magias de Clérigo preparadas
para efeitos de Infligir livremente.
Encontrar Armadilhas: Idêntica à
habilidade homônima do Ladino (liVro do
Jogador v. 3,5: pág. 44).
Evasão: Rodleck não sofre dano algum
caso passe em um Teste de Resistência
de Reflexos contra magias, habilidades
ou efeitos que possuam a descrição Reflexos
para Meio Dano ou similares.
Improvisar Armadilhas Aprimorado:
Rodleck pode improvisar armadilhas
com o material que estiver disponível
consigo ou a sua volta e só gasta 1 minuto
x o ND da Armadilha pretendida para montá-la.
Imunidade Divina (Ext): Rodleck é
automaticamente bem-sucedido em Testes
de Resistência contra qualquer magia
conjurada por servos de Hyninn.
3
Lógica Labiríntica: Rodleck não se
perde mais em Masmorras ou Labirintos
(dungeons normais); esta habilidade não
funciona em lugares abertos (como matas
e florestas). Rodleck também é imune à
magia Labirinto.
Punição (Sob): Rodleck tem autoridade
total sobre todos os outros servos de
Hyninn. Ele pode, como uma ação padrão,
cancelar os Poderes Concedidos e magias
de domínio de qualquer outro servo da de
sua divindade. A vítima deve estar dentro
do campo de visão de Rodleck, e tem direito
a um teste de resistência de Vontade
CD 19 para resistir ao efeito. Caso o servo
obtenha sucesso no teste de resistência ficará
imune à punição de Arsenal durante
24 horas. A CD para o teste de resistência é
baseada em Sabedoria.
Sentir Armadilhas: Rodleck possui
um bônus de +3 nos Testes de Resistência
de Reflexos contra armadilhas; esse mesmo
bônus se aplica em sua CA contra ataques
provenientes de armadilhas.
Traços de Halfling: +2 de bônus
de moral nos Testes de Resistência contra
medo e +1 de bônus racial nos testes de
ataque com armas de arremesso (os demais
aspectos já estão incorporados às estatísticas
do personagem).
Magias Preparadas de Clérigo:
(5/3+1/2+1/; CD base 12 + nível da magia)
Preces: Consertar, Detectar Magia (x2),
Detectar Venenos, Luz; 1° nível: Curar
Ferimentos Leves, Escudo Entrópico,
Santuário, Transformação Momentânea*;
2° nível: Curar Ferimentos Moderados,
Resistência a Elementos, Ajuda*.
(*) Magias de Domínio.
Magias por Dia de Mestre das
Armadilhas: 3 de 1º nível, 3 de 2º Nível,

1 de 3º Nível.
Magias Conhecidas de Mestre
das Armadilhas: (4/4/3/; CD base 15
+ nível da magia) 1º Nível: Cerrar Portas,
Prestidigitação, Queda Suave, Terreno Escorregadio
de Neo; 2º Nível: Armadilha do
Mago, Invisibilidade, Patas de Aranha, Proteção
Contra Flechas; 3º Nível: Armadilha,
dissipar magia, Forma Gasosa, Reflexos.
Equipamentos: Rodleck possui uma
grande quantidade de itens mágicos que
ele sabe usar muito bem. Caso tenha tempo
para se preparar, ele pode conseguir
um item adequado para a situação que
vai enfrentar. Ele nunca usa armaduras e
a única arma que mantém consigo é uma
Adaga +4 de Sangramento (que ele chama
de “Engrenagem”), mas ele só a utiliza em
casos de extrema emergência.
Outros itens que ele costuma usar regularmente
são: um Anel da Invisibilidade,
um Anel de Proteção (+5), um Amuleto de
Proteção Contra Localização e Detecção,
uma Bola de Cristal (com Detectar Pensamentos),
um par de Braçadeiras da Armadura
(+6), um Buraco Portátil, uma Lente
da Detecção, um par de Luvas da Destreza
(+6).
Obs: A Inteligência tem o bônus de um
Tomo dos Grandes Pensadores (+4) [que
ele adquiriu recentemente, por isso não
houve ainda alteração em suas perícias].
40

Então primo Salver,
veja esta incrível e
brilhante armadilha!
Com a benção de Hynnin,
esta jóia foi presa.
Seu idiota!
A armadilha só é
acionada se for puxada,
eu só cortei a corda!
Como um Clérigo do Deus da Trapaça,
eu estou muito decepcionado
com seu desempenho!
Tira essa roupa preta! Tira essa
roupa preta!
Tu não é CAVEIRA!
TU NÃO É CAVEIRA!!!
Tu é MULEQUE! TU É
MULEQUE!!!
...e quando ela for puxada
acionará uma armadilha de
dardos, seguida de um par de
foices, estacas caindo,
e de uma bola de pedra...
Oh não, Primo Salver!
me perdoe, por
favor!!!
Eu peço o perdão de
Hynnin por
esse descuido!!!
41
Tá aqui
ó!
COMO VOCÊ
CONSEGUIU?!!!
“Perdão de Hynnin” né? Mas
para que o perdão seja
dado, Hynnin pede uma
“doação” de T$800 para
que a benção dê efeito...
Pilantra...
Emanuel
Braga

1
Dorovan
Boa Morte
Apresentações
O Bardo tocava uma animada marcha
e fazia suas orelhas de gato acompanharem
o ritmo da musica; um cliente, de pele
escamada, soltou uma risada sibilante. Os
outros, também com traços animais, em
maior ou menor grau, riram em seguida,
um pouco pela graça do Bardo felino, mas
muito mais pela risada do jovem com pele
de serpente. A Taverna do Indomável seguia
com mais uma noite normal.
Em uma das mesas, um enorme homem-urso,
com tatuagens tribais à mostra
no dorso nu, tomava sua caneca de cerveja
que, mesmo para alguém daquele tamanho,
parecia maior do que deveria. Na mesma
mesa, uma mulher, de roupas largas de
Mago e orelhas de raposa, apenas observava,
um pouco assombrada, o homem-urso
sorver toda a cerveja de uma vez só.
— Então — disse o homem, com sua
voz poderosa — você quer que eu te leve
para Ax’aria, certo? E o que eu vou ganhar
com isso mesmo?
— Cem peças de ouro agora, e outras
quatrocentas quando voltarmos para
Kil’mer, entendeu? — Respondeu a mulher,
sem se abalar.
— Está bem então, vou fazer isso, juro
por minha terra, Far-bar! — Disse, abrindo
um sorriso sem emoção.
Satisfeita, ela colocou sobre a mesa o
pagamento adiantado; o homem-urso o
pegou sem hesitar.
43
— Agora, — continuou o homem — vou
dormir. Pela manhã nós iremos partir, esteja
preparada! — Saiu e ainda houve tempo
para ela responder — Eu estarei! — antes
que ele subisse as escadas. Na mesa vizinha,
um homem com um chapéu emplumado
ria sozinho...
No dia seguinte, o homem-urso já não
estava mais na estalagem; levara o pagamento
adiantado que lucrou sem esforço,
sem problemas. Numa das mesas, a mulher
estava de cabeça baixa, olhando para o
próprio copo, já vazio; os olhos, um pouco
inchados, denunciavam que estivera chorando.
Em certo momento, um homem de
chapéu emplumado sentou-se à mesa.
— Ora, mas porque uma dama tão linda
está tão triste? Não me diga que foi aquele
bárbaro fajuto? — Ele indagou.
Surpresa, ela apenas levantou a cabeça,
sua boca aberta em uma interrogação
muda; o homem continuou a falar.
— Ora, eu bem que suspeitei. Aquele
sem vergonha nem mesmo decorou o
nome certo, é Ferr-Bah, não Far-Bar! Acredite,
eu nunca esqueceria o nome certo,
não depois de ouvir ele tantas vezes enquanto
aquela turba ensandecida me perseguia
por quase um dia inteiro! Agora, se
você quiser que um homem de verdade
acompanhe você naquela viagem, acaba
de achar a pessoa certa! É isso ai, proteção
e, se você desejar, carinho por todo o caminho,
e inteiramente grátis!
Com uma das orelhas caída, a mulherraposa
estava tentando entender o que
acontecia.
— Quem diabos é você? — Perguntou.
O homem, sem qualquer traço animal,
com um cavanhaque bem feito e cabelos

longos até o pescoço, e um rosto belo e
bem definido, levantou-se e fez uma mesura.
— Ora, ora, mas que indelicadeza extrema
de minha parte, imagine só, deixe
que eu me apresente: sou Dorovan, espadachim
por opção, herói por acidente,
e mulherengo por vocação! O prazer, no
momento, é todo meu, mas poderei dividílo
com você quando desejar. E a belíssima
donzela, como se chama?
THUMP! Uma bota acertou os “adoráveis”
de Dorovan (como esse costumava
chamá-los).
— Sophie, e eu não gosto de tarados.
Dorovan se contorceu e gemeu qualquer
coisa sobre seus “adoráveis” antes de
responder.
— Bela donzela, eu não me lembro de
ter dito que era um tarado, sou apenas um
bom apreciador da vida. E... — ele se sentou
e tomou um pouco de ar antes de continuar
— ...eu já estava indo naquela direção
mesmo, então eu pensei que a companhia
de uma tão adorável dama não seria
má idéia, não é? E como você está mesmo
procurando companhia, eu não achei que
teria qualquer problema, certo?
— E porque você está indo para lá? —
Perguntou Sophie, depois de encará-lo por
alguns segundos. Dorovan, já recuperado,
faz um gesto arrogante com as mãos enquanto
falava.
— E não é obvio? Em uma cidade de heróis
caídos, que geralmente fazem o tipo
deprimido e desanimado, as mulheres devem
ficar muito solitárias! Como um herói,
não posso deixar que isso aconteça! Irei
para lá e farei todas as mulheres da cidade
felizes! Esse é o dever de um herói! E que
45
herói mais indicado para essa missão que
eu? O mais viril dos heróis!
THUMP! Um novo chute nos “adoráveis”
de Dorovan.
— Controle-se — avisou Sophie.
Dorovan caiu e contorceu-se no chão, o
ar lhe faltando ao falar, de modo que sua
voz saia um pouco fina...
— ...Tá...bom... moça... mas... não bate
mais aí não... senão... aquela história de “o
herói mais viril” vai... acabar sendo...só...
historia mesmo...
— Eu vou embora, e não preciso de um
tarado me seguindo! — Explodiu Sophie,
levantando da mesa, sua voz carregada de
desprezo. Dorovan riu enquanto se erguia.
— Bem — disse, recuperado — isso
quer dizer, já que você não tem qualquer
senso de julgamento, que eu sou uma boa
pessoa, não é mesmo?
— De que diabos você está falando, seu
maluco? Qualquer pessoa com um mínimo
de bom senso diria a mesma coisa! — Era
Sophie, indignada. Dorovan sorriu, calmo,
tirou algo de dentro do bolso da calça e o
arremessou para ela.
— Até onde eu saiba, qualquer pessoa
com um mínimo de bom senso diria que
aquele urso feio não era confiável; você, ao
contrário, achou ele tão confiável que lhe
deu o pagamento adiantado, isso porque
ele nem mesmo tinha começado o trabalho.
Portanto, se você tem um julgamento
assim tão distorcido, quer dizer que eu realmente
sou um cara legal. E não sou tarado
coisa nenhuma. E essa bolsa é sua,
e ai dentro tem cem peças de ouro. E eu
vou acompanhar você nessa viagem, porque
você, minha querida e bela dama, não

sabe cuidar de si mesma, e eu não gosto de
ver mulheres bonitas morrendo. Estamos
entendidos?
Sophie abriu a bolsa, olhou para dentro
dela, e então para Dorovan.
— Mas, isso estava com o... — Dorovan
fez um gesto afirmativo com a cabeça e
pousou a mão sobre um sabre que trazia
preso a cintura; ela abriu a boca em uma
exclamação muda.
— Obrigada por pegar o dinheiro pra
mim. Mas eu ainda acho que você é um
tarado. Se achar que está ficando assanhado
demais, acerto suas bolas, entendeu?
— Ameaçou, hesitante, Sophie.
— (Qual o seu problema com os meus
adoráveis?) Ora, pois, isso quer dizer que
você aceitou que eu te acompanhe? Pois
muito bem! Isso pede uma comemoração!
Taverneiro! Traga cerveja, por favor! — Gritou
ele, já se erguendo para ir buscar a cerveja.
— O que?!? Nem pensar! Ainda é de manhã!
Ninguém bebe a essa hora! E eu já estou
atrasada o suficiente, então vamos partir
agora! — Dizia ela, arrastando Dorovan
para fora pela capa.
— Espere um pouco! E quanto à reserva
de viagem? Quer dizer que não vamos
levar cerveja? Que tipo de viagem é essa
em que não se leva cerveja? Ninguém de
Laughton nunca lhe contou que é um sacrilégio
sair numa viagem sem cerveja? Sério!
Trevis, o Deus da Cerveja, exige isso de
seus devotos! Eu já lhe contei que sou um
Clérigo dele? Verdade! E uma das minhas
obrigações é tomar cerveja ao menos seis
vezes ao dia! Você não iria privar um Clérigo
das obrigações da sua fé? Iria? Hei! Pelo
menos vamos tomar um ultimo gole, hein?
46
Hein?...
E saíram da Taverna do Indomável, enquanto
o taverneiro, que acompanhava a
cena, finalmente entendeu porque dizem
que o povo de Laughton não bate bem da
cabeça...
Os Caídos de Ax’aria
— Ora, mas veja só, nove dias em cima
do lombo de um cavalo, sem cerveja, dormindo
ao relento e enchendo de pancada
todo tipo de coisa que entrava no nosso
caminho, por isso? Milhares de homens
suados usando estes machados antiquados
em uma fortaleza enorme, que cheira
inteira a alguma coisa queimada. Além
disso, estamos aqui já há duas horas e eu
ainda não vi uma mulher. Diabos, se antes
eu achava que os homens daqui fossem
apenas sem jeito com mulheres, agora eu
tou começando a achar que eles são muito
estranhos...
Imediatamente, alguns homens olharam
torto para Dorovan, que falava alto e
sem preocupação, como se ninguém mais
na cidade o pudesse ouvir—o que até poderia
ser verdade, tamanho era o barulho
nas ruas. Milhares de martelos golpeavam
aço nas inúmeras forjas da cidade-fortaleza,
e, nos quartéis que pareciam se estender
indefinidamente, homens elevavam
suas vozes, uns discutindo planos de batalha,
outros, antes de cada golpe de machado
em meio a seus treinamentos. Os
homens, num primeiro instante ofendidos,
baixaram suas cabeças e seguiram seu caminho,
pois sabiam que mereciam aquilo—que
era parte da sua punição.
Assim era o Exército de Ax’aria, a pri-

meira linha de defesa de Brando contra
as investidas dos monstros das selvagens
Montanhas de Marfim, um exército de
pecadores esperando por sua punição.
Aqueles que, pelos mais diversos motivos,
cometiam pecados além do que sua consciência
podia suportar vinham para cá,
onde, defendendo com suas vidas o ideal
de nação que era Brando, conquistavam
perdão para as suas almas atormentadas.
Ax’aria nasceu para ser um inferno onde se
expiam os pecados.
— Cale a boca, ou chuto os seus tão
queridos “adoráveis” mais uma vez, quer
ver? — Disse Sophie, irritada.
— Não, por favor, ainda não me recuperei
dos últimos vinte que você deu na viagem,
que o Indomável me devore! Por falar
nisso, adorável Sophie, o que você tem
contra os meus adoráveis? Vamos, confesse,
é ciúme deles serem usufruídos por outras
pessoas, certo? Você quer exclusividade,
não é? Hein? Confesse! — A essa altura,
Dorovan já falava tão alto que a maioria
das pessoas que passavam pela rua se virava
para apreciarem o show. Desde que
haviam entrado na cidade, Sophie já havia
acertado Dorovan quase uma dúzia de vezes,
e a cada minuto que se passava sem
que alguma coisa interessante acontecesse,
mais ele focava sua atenção em irritar
Sophie. O laughtoniano precisava de agitação,
de qualquer tipo!
Exausta, Sophie colocou-se com as costas
contra a parede de um pequeno edifício,
aproveitando a sombra para amenizar
o calor. Então, caiu. Sophie era uma mulher
forte, mas o calor e o ar abafado da cidade
cobraram seu tributo após incontáveis
horas caminhando no sol escaldante do
verão.
4
Em outro lugar, já pela alta noite, Sophie
dormia tranqüilamente, coberta pela capa
de Dorovan, na palha de um estábulo. Sem
muito dinheiro, com Sophie desmaiada e
sem nenhuma estalagem por perto, Dorovan
preferiu deixá-la descansar no estábulo
de um dos inúmeros quartéis da cidadefortaleza.
Convencer o capitão responsável a deixá-los
pernoitar ali fora fácil; ele até havia
oferecido um espaço nos dormitórios, mas
diante de tantos olhares cobiçosos entre os
soldados, e por este ser o Exército de Acha,
Dorovan lembrou-se, um exército de pecadores,
não foi difícil optar pelo estábulo.
Sophie remexeu-se na palha, resmungou
alguma coisa, rolou para o lado e então
abriu os olhos. Levantando-se em seguida,
olhou para Dorovan.
— O que houve? — Perguntou, sonolenta.
— Você desmaiou; achei que fosse uma
insolação ou algo do tipo, mas parece que
era só cansaço... Você tem dormido bem?
— Falou Dorovan, recostado na parede,
sem desviar o olhar da entrada do estábulo
para Sophie.
— Com você por perto, tenho de dormir
com pelo menos um olho aberto... — reclamou
ela, enquanto se espreguiçava com a
graça de uma raposa de verdade.
— ...Mil perdões pela intromissão, adorável
Sophie, mas... Quem seria Hoaram?
— Dessa vez, ele olhou para ela quando
falou, curioso.
— Ele esteve aqui, você falou com ele?
— Ela indagou, surpresa, se levantando.
— Não, nada disso. Você resmungou
qualquer coisa sobre ele enquanto dormia.

Agora, corrija-me se eu estiver errado, mas
imagino que seja por ele que você se enfiou
nessa jornada até aqui, não é, adorável
Sophie? — Disse, zombeteiro.
Sophie foi até Dorovan, colocando-o de
pé com um puxão na camisa. Em seguida,
usou o joelho para acertar, mais uma vez,
os adoráveis de Dorovan.
— ...Por...quê...? — Dorovan gaguejou,
perplexo.
— Por que, — disse Sophie — para ter
me ouvido, você precisaria ter chegado
perto demais enquanto eu dormia. Já se
esqueceu do nosso acordo de antes?
— Sabe, eu sempre achei que olhar para
48
cima em lugares fechados dava uma vista
meio deprimente, mas até que a vista daqui
é boa... — Era Dorovan, que, caído no
chão, via por baixo das vestes de Sophie.
— Ugh! Eu vou te matar seu
asshe...! — Exclamou Sophie, antes
de uma pequena chuva de chutes.
Após algum tempo, Sophie estava novamente
sobre o monte de palha, tentando
dormir. Dorovan resmungava qualquer
coisa sobre seus novos machucados. Então,
ela sentou-se e virou para falar com
Dorovan.
— Você está certo.
— Estou? Então você realmente só acer-

ta meus adoráveis porque não quer que
outras se aproveitem dele? Minha querida,
se for esse o caso, eu lamento, mas meus
deveres de herói devem vir antes de meus
sentimentos por você! Eu devo trazer a felicidade
para o maior número de mulheres
possíveis, e certamente ficaria difícil fazer
isso se eu prometesse dá-la a apenas uma.
— Não é disto que eu estou falando, seu
imbecil! — Indignou-se Sophie.
— Não? Então, do que seria? — Perguntou
Dorovan, curioso.
— Sobre Hoaram. Eu vim para Ax’aria
para encontrá-lo. — Ela respondeu, com a
voz baixa e melancólica.
— Heh, seu julgamento é mesmo engraçado.
Tantos homens no mundo e você
escolhe justamente alguém dessa cidade
maldita. Por acaso nunca te contaram que
Ax’aria é uma cidade de pecadores? — disse
Dorovan, sem perder tempo.
— Ele é meu irmão. E você esqueceu de
colocar “arrependidos” depois de “pecadores”,
por favor — respondeu, voltando a se
deitar.
— Desculpe — ele disse, deitando-se e
colocando o chapéu sobre a cabeça, mas
sem tentar dormir. — Arrependidos, hein?
Heh, menina ingênua. Entre os pecadores,
o único arrependimento é ter ido parar no
inferno. Acredite, meu docinho, eu sei perfeitamente...
— Sussurrou, para ninguém.
Em outro lugar, um homem, de rosto severo
e com a barba por fazer, estava sentado
contra a parede; à sua volta dezenas de
soldados dormiam, alguns apenas tentavam
fazer isso, e uns poucos, como ele, deixavam
o sono de lado e concentravam-se
4
em outras atividades. Esse escrevia. Nem
ele sabia se era uma carta ou mesmo um
diário—não pensava em deixar outras pessoas
lerem, mas sentia-se melhor assim,
colocando as coisas em um papel:
“Ax’aria. Neste lugar, os pecadores
são perdoados. Ou, pelo
menos, assim se acredita. É por
essa razão que vim para cá.
Mas... Expiação dos meus pecados
já não é mais o meu destino.
Para chegar a tal coisa, se
passa pelo arrependimento, e,
que a Dama Altiva me perdoe,
toda a dor e sofrimento desse
lugar apenas serviu para
que meu coração confirmasse
ainda mais o meu pecado.
Ax’aria não é, para mim, um
lugar onde se possa encontrar
perdão. Meu destino aqui é um
só. Punição.”
Quando terminou de escrever, leu o texto
para si mesmo. Cada sentença traduzia
seus sentimentos de forma perfeita. Então,
lembrou-se porque gostava de escrever, e
porque viera para cá. Rasgou o papel, com
raiva, depois se contorceu até uma posição
fetal e cobriu a face com as mãos, com vergonha
de si mesmo.

3
Encontro
Dorovan já estava acostumado com calor;
Laughton, sua terra natal, era a mais
tropical de toda a Ilha Nobre, mas, mesmo
assim, Ax’aria lhe parecia insuportavelmente
quente naquele dia. Ele abanava-se
com o chapéu e observava Sophie, que sofria
com suas roupas pesadas. O calor não
é muito comum em Brando—na verdade,
dos três reinos ele era aquele com temperaturas
mais amenas, geralmente com muita
chuva—mas hoje, em Ax’aria, mesmo o
dia nublado não parecia fazer a temperatura
diminuir.
Apesar disso, a cidade-fortaleza fervilhava
com atividade; todos pareciam ocupados
com algo: as forjas estavam mais ativas
do que nunca, e nos quartéis os soldados
limpavam armas e armaduras, ordens
eram dadas e obedecidas. Algo estava
acontecendo.
Confuso com tanta agitação, Dorovan
demorou quase uma hora até finalmente
encontrar o capitão com quem falara na
noite anterior.
— Ora, nobre capitão Isgard! Até que
enfim lhe encontrei—que dificuldade para
achar um rosto conhecido nesta confusão!
— Disse Dorovan. Isgard, um homem-lobo
já com seus quarenta verões, trajava sua
armadura de batalha e tinha um machado
de guerra preso nas costas. Ele olhou para
Dorovan e fez um gesto para que ele esperasse
um pouco, depois expediu algumas
ordens e virou-se para o espadachim.
— Não tenho muito tempo para lhe explicar,
então por favor apenas me siga por
enquanto; eu irei lhe contar o que precisa
saber. — Isgard falava e seguia andando
com passos firmes, ganhando o pátio; Do-
50
rovan e Sophie apertaram o passo para seguí-lo.
Ele deu mais algumas ordens para
os soldados, virou-se e passou pelos dois,
seguindo na direção oposta, até uma torre
de vigília.
— Subam — comandou Isgard, ele
mesmo já subindo. Os dois seguiram logo
depois. Chegando no topo, a primeira coisa
que Dorovan viu foi o céu azul e sem nuvens
no oeste, então virou-se e viu as Montanhas
de Marfim. Era incrível. Nas montanhas
e no terreno abaixo, milhares de colunas
de fumaça se estendiam até perto da
cidade, obscurecendo o céu de Ax’aria.
— É um ataque — Isgard começou, observando
o horizonte horripilante à sua
frente, as mãos impedindo que o sol lhe
turvasse a visão — o maior que já vi. Nós
vamos precisar de ajuda da capital. Há milhares
por lá... Diabos! Com tantas fogueiras
de acampamento, deve haver dezenas
de milhares deles!
— Deles quem? — Perguntou Dorovan,
pois Sophie estava assustada demais para
dizer qualquer coisa.
— Provavelmente Orcs. Ainda não sabemos...
Nenhum dos batedores retornou.
Amigo, já terminei o que tinha para fazer
aqui; se me permite, meus soldados precisam
de mim. — Isgard fez um meneio
de cabeça e já se dirigia para a escada enquanto
falava.
— Certamente, capitão, certamente.
Muito obrigado por tudo. — Dorovan devolveu
o aceno, um pouco perdido, e então
olhou para Sophie. Ela o encarou, sem
saber o que dizer.
— Bem, minha querida Sophie, como
diria o poeta: — Dorovan fez uma pausa
e então falou de modo teatral, enquanto

apontava com o braço estendido para o
grande acampamento — Mas que grande
bosta!
— Tenho que achar o meu irmão — ela
disse, finalmente, com uma das mãos sobre
a sua fronte e os olhos perdidos na visão
sombria das montanhas.
— Eu diria mais: temos que sair daqui.
E rápido. Vou perguntar ao capitão sobre
isso. — Respondeu Dorovan, já começando
a descer as escadas.
— Meu irmão... — Continuou Sophie,
quase chorando.
— Eu sei. Sobre isso, agora temos que ir.
Estamos ficando sem tempo. — Retrucou
Dorovan, esperando no começo da escada.
51
— Se está achando que eu vou ser burra
de deixar você olhar debaixo da minha saia
mais uma vez, pode esquecer. Vai subindo
e me deixando descer primeiro, seu tarado.
— Disse Sophie, sorrindo.
— Ora, mas como você me julga mal. Ficaria
ofendido, se não tivesse tido a oportunidade
de ver um sorriso em tão bela
face. Por favor, minha bela Sophie, desça.
— Dorovan agora estava inclinado para
frente, com uma das mãos sobre o peito
e a outra apontando para a escada ao seu
lado. Sophie não respondeu e simplesmente
desceu; ele riu e a seguiu.
Encontraram Isgard no pátio novamente,
enquanto ele conversava com outros
oficiais. Sophie ia falar algo, mas o espadachim
a deteve. Ficaram esperando por

algum tempo até que os oficiais terminassem
a conversa, e então Dorovan abordou
o capitão.
— Mil perdões por importuná-lo mais
uma vez, meu estimado amigo, mas seria
possível mais um minuto de sua atenção?
— Dorovan indagou ao capitão humildemente.
Isgard apenas deu um aceno de cabeça,
e então Dorovan continuou — Bem,
sei que é muita petulância de nossa parte,
mas gostaria de pedir duas coisas, uma saída
da cidade, se possível, e alguma ajuda
para encontrar o irmão da minha adorável
companheira. Acha que pode nos ajudar,
nobre Isgard?
— Qual o nome do seu irmão, mulher?
— Perguntou Isgard, olhando diretamente
para Sophie.
— Hoaram. Hoaram Isenshard. — Sophie
falou, decidida. O orgulho com que
falara o nome da família era visível. Isgard
riu. Sophie olhou para ele, sem entender.
— Parece que vocês têm sorte. Faern,
venha cá! — Um dos soldados, um homemserpente
que afiava seu grande machado
duplo, veio rapidamente até eles.
— O tenente Isenshard — Isgard continuou
— é o responsável pela evacuação
dos civis. Faern é um de seus comandados.
— O capitão então virou-se para o recémchegado.
— Soldado, — ordenou — acompanhe
estes civis até o seu oficial responsável. —
O soldado confirmou a ordem e olhou para
Dorovan, fazendo um aceno de cabeça,
que o espadachim devolveu em seguida.
— Novamente, muito obrigado, capitão.
— Dorovan disse; Isgard, indo na direção
oposta e sem se virar, apenas acenou.
5
Caminharam por algum tempo, até chegarem
ao centro da cidade, onde centenas
de pessoas (muitas mulheres, Dorovan
notou) se amontoavam ouvindo as instruções
de um oficial. Sophie correu por entre
a multidão, gritando algo que se perdia
contra a voz magicamente ampliada do
oficial. Quando chegou perto do palco, a
voz se calou, olhando atônito para a mulher
que vinha em sua direção. Ele tinha o
rosto severo e a barba por fazer. Era Hoaram
Isenshard.
4
A Queda, parte I
— Agora eu me pergunto onde estavam
todas estas mulheres antes? Passei
um dia inteiro nesta cidade e não tinha visto
uma sequer, e agora aparecem às centenas.
Sabe me responder, amigo? — Disse
Dorovan, apontando para a multidão e
olhando para Faern.
— Possivelmente, — respondeu, sibilante,
o soldado, dando de ombros — bem,
você não deve ter ido aos lugares certos. A
fortaleza tem muitos distritos, a maioria de
uso militar, mas há alguns usados por comerciantes
e para a diversão dos soldados;
tem também o pessoal que veio de fora da
cidade, das fazendas, por isso as mulheres.
— Bem, eu vou compensar o tempo perdido
mais tarde... — Dorovan falou, olhando
para algumas mulheres e sendo correspondido
no olhar na maioria das vezes.
— Espero que tenha dinheiro suficiente,
amigo — disse o soldado, sorrindo.
— Como é? — Perguntou Dorovan,
confuso.
— Diversão dos soldados, lembra? A

maioria dessas é prostituta. — Respondeu
o homem-serpente. Dorovan riu.
— Amigo, pagar é para aqueles sem talento
para deixar uma mulher feliz. Homens
como eu nunca precisam despender recursos
com esse tipo de coisa! — Dorovan
agora tinha o punho fechado na altura do
peito, com um sorriso besta na cara. Vendo
a cena, Faern começou a rir sem parar.
Mais à frente, Hoaram estava paralisado.
Sophie lhe abraçava e falava sobre como
sentira sua falta e sobre voltar para casa.
Ele apenas olhava para ela, confuso.
— O que você está fazendo aqui? — Ele
finalmente conseguiu dizer. A voz, ainda
ampliada por magia, fez Sophie levar suas
mãos aos ouvidos. Ela então fez alguns
gestos e murmurou alguma coisa, e Hoaram
sentiu a magia sumir.
— Eu? O que você está fazendo aqui,
53
senhor capitão da guarda de Kil’mer? —
Disse Sophie.
— Eu... — Hoaram começou, mas então
parou, desviando o olhar para a multidão.
— Sophie, eu preciso terminar aqui, essas
pessoas...
— Ah! Já entendi, só um segundo — e
então ela tocou seu peito e murmurou algumas
palavras, e Hoaram sentiu a magia
voltar a fluir em sua garganta. Ele se virou
para a multidão e pediu silêncio algumas
vezes.
— Fiquem quietos! — Hoaram gritou,
e, então, após o som ensurdecedor, a multidão
finalmente se calou. — Muito bem.
Quero que escutem com atenção mais
uma vez! Quando sairmos do outro lado
da passagem, vocês devem ir com a maior
velocidade possível até o rio Fend—lá, os
barcos estarão à espera de todos. Depois
de dez quilômetros, uma parte da guar-

da irá se separar da retirada; quando isso
acontecer, não quero ouvir qualquer reclamação
ou lamuria: nenhum atraso será
tolerado. Espero que todos tenham entendido
isso bem. Agora, eu quero todos em
ordem para entrar na passagem! Vamos!
— Ele então fez um gesto para Sophie, que
desfez a magia novamente.
Alguns soldados abriram um grande
portão no centro da praça, revelando uma
escadaria que descia até uma passagem
subterrânea, escavada muito tempo atrás
para momentos como estes, em que a fortaleza
fosse sitiada. A multidão, ordenada
pelos soldados, descia.
Dorovan, que desistira de tentar entender
por que Faern estava rindo, foi até So-
54
phie e Hoaram. Faern veio logo atrás, ainda
segurando o riso.
— Ora, ora — disse Dorovan, sorrindo
— então este é o homem! Amigo, você
está me devendo dez dias de cerveja e mulheres.
— Então olhou para Sophie e novamente
para Hoaram — E também bolas
novas, porque as minhas ficaram um pouco
danificadas depois de tanto tempo acompanhando
a nossa querida e bela Sophie.
Olhando para Dorovan com uma expressão
confusa, Hoaram tentava entender
o que acontecia.
— Quem diabos é você? — Perguntou.
Dorovan ia responder, quando se sen-

tiu um pouco estranho: se lembrava vagamente
de já ter presenciado uma cena
parecida.
— Déjà vu... — Disse, sem perceber, e
então continuou, antes que alguém pudesse
dizer alguma coisa. — Ora, ora, mas
que indelicadeza extrema de minha parte,
imagine só, deixe que eu me apresente:
sou Dorovan, espadachim por opção, herói
por acidente e mulherengo por vocação!
Honrado em conhecer alguém de tão alta
estima para a bela Soph... Ugh!
— Se tocou nela, eu te mato. — Era
Hoaram. Enquanto Dorovan se distraia em
fazer uma pose para se apresentar, Hoaram
se aproximou e jogou a mão rapidamente
por entre as pernas
de Dorovan para segurar os
seus “adoráveis” com força; o espadachim
gemia e fazia caretas
cômicas.
— Não... Eu juro... — Disse
Dorovan, finalmente conseguindo
falar, ainda que com a
voz fina. Hoaram olhou para
Sophie, que se parecia estar se
divertindo muito com a cena, e
ela acenou, confirmando, e ele
então soltou Dorovan. Faern estava
segurando outra crise de
risos; as pessoas que entravam
na passagem, por outro lado,
não pareciam querer controlar
os seus.
— Realmente — continuou
Dorovan, recuperandose
— Deve ser de família essa
rixa com os meus “adoráveis”,
só pode ser isso... — E então foi
interrompido pelo som do alarme
que ressoava pela cidade: o
55
ataque havia começado. Um breve tumulto
começou na entrada, mas os soldados
logo o controlaram. Os quatro, Hoaram na
frente, Sophie e Faern logo atrás, e Dorovan
se arrastando mais atrás, entraram no
túnel de fuga, sem dizer uma palavra.
5
A Queda, parte II
Já fazia quase duas horas que caminhavam
pela sinuosa passagem subterrânea;
durante todo esse tempo, quase ninguém
se atrevera a tentar falar—com a exceção
de Dorovan, que insistia em querer saber

o que a família Isenshard tinha contra os
seus adoráveis. Quando não isso, tentava
puxar conversa com alguma mulher, o que
invariavelmente terminava ou com um
tapa na sua cara ou com uma crise de risos
por parte do alvo da cantada fajuta (ou
ambos). Depois disso ele se afastava e ia
reclamar com algum soldado, em especial
Faern—que já era tratado como um velho
amigo—sobre como as mulheres estavam
se fazendo de difíceis hoje em dia.
— Sério! Eu quero saber, eles fizeram
algo contra a sua família? Algo que eu não
saiba? Vamos, diga! É algum tio que levou
um par de chifres por causa deles? — Perguntou
Dorovan, recomeçando uma conversa
com Hoaram sobre o suposto problema
da família Isenshard com seus adoráveis.
— Já disse para calar a boca! Que o Indomável
me devore, como foi que Sophie
lhe agüentou todo esse tempo? — Explodiu
Hoaram.
— Bem, na verdade, quando não estávamos
correndo ou batendo em algum bandido,
caçando ou comendo alguma coisa,
eu estava um tanto quanto ocupado me
recuperando dos chutes dela. Perguntome...
Porque ela precisava de escolta? Com
toda esta mira, não há bandido ou animal
selvagem que seja páreo — respondeu,
apontando para seus adoráveis e fazendo
uma careta de dor.
— Heh, isso é verdade... — Disse o tenente
antes de correr à frente, virando a
curva que seguia. — Chegamos. É a saída!
— Gritou. Alguns soldados já estavam com
ele procurando por perigos do lado de fora.
Após alguns segundos, durante os quais os
soldados restantes impediram que os civis
saíssem, um dos soldados voltou e fez um
56
sinal para os outros, e então todos começaram
a sair.
O sol estava alto no céu, que ali estava
limpo e em contraste nítido com o cinzento
manto de fumaça que se estendia sobre
Ax’aria, visível no horizonte atrás deles;
para os mais atentos, era possível perceber
a batalha que acontecia em suas muralhas.
Os soldados foram rápidos em organizar
os civis para seguirem viagem, e Hoaram
não parava de dar ordens, indo de um
lado para outro. Sophie, que se mantivera
calada durante todo o trajeto até esse ponto,
exceto quando tinha que dispensar Dorovan,
admirava seu irmão em ação. Seus
olhos brilhavam e seu orgulho era visível.
Para ela, aquilo era a mostra da qual precisava:
ele ainda era o mesmo, nada havia
mudado, e talvez essa louca ida para Ax’aria
fosse apenas seu patriotismo falando mais
alto que o bom-senso.
Seguiram viagem por mais uma hora, da
qual Dorovan se aproveitou para ganhar
novos tapas e provocar ainda mais risadas,
até que Hoaram parou a marcha e chamou
uma dúzia de soldados.
— Para onde vamos? — Sophie perguntou.
— Nós temos uma missão para cumprir;
você vai com o resto dos soldados
até o rio Fend — respondeu Hoaram, sem
olhar para ela.
— Nem pensar. Eu vou com você. E ponto
final! — Retrucou Sophie, batendo o pé
no chão. Hoaram virou-se e finalmente a
encarou. Seu olhar estava diferente, Sophie
notou, um pouco distante, triste. Então
se virou e seguiu em frente, dando de
ombros. Sophie o seguiu. Dorovan seguiu

Sophie (talvez porque não obtivera muito
sucesso com as mulheres da caravana).
Eles marcharam pelas planícies, rumo
ao norte. Um pouco à frente dos soldados
comuns, que marchavam em ordem
militar, ia Hoaram, com Sophie e Dorovan
acompanhando-o.
— Para onde vamos? — Repetiu Sophie.
— Pedir ajuda — respondeu Hoaram.
— Olhe, amigo, sem querer dizer que
você não sabe o que está fazendo, mas... A
civilização não fica para lá? — perguntou
Dorovan, apontando para o oeste.
5
— Sim, por isso vamos mandar um sinal
que consigam ver da Torre de Argos,
senhor tarado — devolveu Hoaram, com
desprezo.
— Ei! Meu nome é Dorovan, e eu não
sou tarado, oras! Sou apenas um bom apreciador
da vida! E por sinal — continuou o
espadachim — tire o “senhor” da frente. Eu
não sou nenhum velhinho, está bem?
— Como vamos mandar o sinal? — perguntou
Sophie, ignorando Dorovan mais
uma vez.
— Há uma torre — respondeu Hoaram.
— De lá será possível fazer um sinal;
quando a Torre de Argos vê-lo, saberá que

Ax’aria está em perigo.
— Mil perdões pela minha ignorância,
mas devo dizer que venho um pouco de
longe. Essa torre é a tal Torre de Argos, né?
Afinal, o que é essa Torre? — Interrompeu
Dorovan. Hoaram e Sophie olharam um
pouco surpresos para ele, mas então sorriram
e se entreolharam por um segundo.
Sophie ficou feliz; Hoaram se ocupou de
responder.
— A Torre de Argos — começou — é
uma torre em Kil’mer. Qualquer um que
olhe por suas janelas pode vê-la a centenas
de quilômetros de distância graças aos
poderes de um grupo conhecido como “A
Visão”—são eles que vigiam o reino contra
perigos—que às vezes nós chamamos
apenas de “vigias”. São um tanto esquisitos,
mas bons patriotas e bons homens.
— E mulheres — completou Sophie.
— Ora, mulheres? Hmm... Acho que vou
visitar essa tal torre algum dia. Digam-me,
por acaso eles não teriam nenhum item
mágico que me permita, digamos, ver uma
pessoa além destas supérfluas vestimentas
que usamos, teriam? — Disse Dorovan.
Imediatamente, Sophie acertou um
chute nos adoráveis de Dorovan, enquanto
Hoaram lhe acertara um murro no rosto.
— Controle-se, seu tarado! — gritaram
juntos. Dorovan foi ao chão. E não levantou
mais.
Faern o colocou nos ombros enquanto
falava — Nocaute. O tenente e a dama são
os novos novos campeões!
Todos riram da piada, com a excessão de
Hoaram, que se virou e continuou a andar.
Então seguiram em frente, felizes, comentando
e rindo das palhaçadas do estranho
58
estrangeiro. E assim passou-se o tempo,
com Dorovan já acordado, recuperado, e
falando com todos como se nada tivesse
acontecido.
De repente, uma flecha passou a alguns
centímetros da orelha de Hoaram e um
dos soldados caiu. Dezenas de Orcs levantaram-se,
abandonando suas camuflagens
na grama alta. Era uma emboscada.
6
A Queda, parte III
Os segundos passaram lentamente. Hoaram
e Dorovan tentavam proteger Sophie,
que por sua vez tentava proteger Hoaram
com sua mágica. Os Orcs continuavam
atirando suas flechas, fazendo cair mais e
mais soldados; quando Sophie finalmente
lançou sua magia, fazendo com que as flechas
dos Orcs fossem repelidas, o grupo já
havia sido reduzido drasticamente, ficando
com apenas seis membros.
Hoaram ordenou um avanço massivo
na direção da Torre de Argos, já visível no
horizonte próximo. De inicio, avançavam
rapidamente e, se aproveitando de que
muitos Orcs estavam ainda armados com
seus arcos, derrubavam todos os que se
colocavam no caminho. Mas logo o número
superior de inimigos mostrou a sua
força, derrubando mais dois soldados da
comitiva.
Foi apenas a fúria de batalha sem precedentes
de Hoaram que fez com que
conseguissem romper a linha de inimigos
e iniciar uma fuga desesperada. Em compensação,
o tenente estava em frangalhos,
exausto e com inúmeros cortes. Ainda assim,
continuou correndo. Logo atrás ia Sophie,
protegida por Dorovan e por Faern

na retaguarda.
Quando parecia que tinham conseguido
escapar, o chão sob eles ficou escorregadio
e, um por um, caíram. Em segundos,
quase uma centena de orcs os cercou,
alguns entrando na área escorregadia e
caindo também, sendo puxados de volta
pelos outros—mas por algum motivo não
atacavam, apenas olhavam e riam, gritando
impropérios em sua língua gutural.
— É, vocês também! — berrou Dorovan,
respondendo aos gritos dos orcs. — ...Sou
o único que acha que estamos numa enrascada?
— perguntou.
— Não. — respondeu Hoaram.
— Acho que agora é a hora para declarações
de amor e últimas palavras, certo?
Ah! Antes de qualquer coisa eu gostaria de
avisar: Faern, eu só gosto de mulheres, está
bem? — brincou Dorovan, conseguindo,
5
apesar das circunstâncias, arrancar uma risada
de todos.
— Quer que eu te mate antes dos Orcs,
por acaso? — Respondeu Faern, com um
sorriso.
— Rindo? Por acaso enlouqueceram,
Humanos? Então, antes que fiquem completamente
loucos, escutem isso e levem
esta mensagem aos deuses humanos —
falou uma voz gutural vinda da multidão
de Orcs que se abria, deixando um grande
Orc passar. Era um ser imenso, com inúmeras
cicatrizes pelo corpo e um dos olhos
substituídos por uma gema cor de sangue.
— Eu, Kubla Khan, servo da Senhora dos
Massacres, Rainha do Genocídio, a poderosa
Lamashtu, sou o flagelo dos Homens, o
terror absoluto. E nenhuma risada humana
que não venha da própria loucura será ouvida
enquanto eu estiver vivo.

Com o chão firme novamente, os quatro
se levantaram e assumiram posição de batalha,
os homens de armas formando um
triângulo em volta de Sophie. Hoaram era
o que estava em frente ao grande Orc.
— (Cuba? Puxa, tem um drink em Laughton
que tem esse nome!) Bem, sabe como
é, as preferências sexuais do meu amigo
são realmente engraçadas, não que você
não seja muito assustador, até que dá para
colocar medo, mas certas coisas são realmente
engraçadas em qualquer situação
— disse Dorovan.
— Quer calar essa boca, seu maluco!
— Era Hoaram, que fitava Kubla.
— Opa, já melhorou um pouquinho!
Agora é maluco, isso é melhor do que
tarado, certo? Mas voltando ao assunto,
vocês sabiam que mortos peidam?
Sério! E tem mais, quando... Ugh! - Dorovan
parou de falar quando a bota de
Sophie acertou seus adoráveis mais
uma vez. Acompanhando o gemido de
Dorovan, os Orcs se inclinaram levemente
e fizeram caretas. Depois, explodiram
em risos.
— (Meu nome é Kubla!) Hehe, isso foi
divertido — riu o chefe Orc. — Está decidido:
a cadela Humana será a prostituta
da tribo.
— Vou arrancar sua língua por isso,
miserável! — Explodiu Hoaram, arremessando
seu machado em direção ao
chefe Orc. O Orc abaixou-se no último
momento e o machado terminou sua
rota no pescoço de um de seus aliados
das fileiras logo atrás. Os Orcs ergueram
suas armas e suas vozes em um grito de
guerra, mas antes de atacarem foram
impedidos por Kubla. Ele gritou algo
em seu próprio idioma gutural e todos
60
voltaram às suas posições, imóveis.
— Gostei, Humano — grunhiu o Orc.
— Em minha tribo, existiam covardes que
se exibiam com palavras mas que não
podiam comprovar isso no campo de batalha.
Quando a Rainha me escolheu, foi
porque sabia que ao contrário dos outros,
que usavam seu nome em palavras vazias,
eu honrava ela com ações. Mas você — o
Orc sorriu — você tem certeza absoluta
que pode fazer o que acabou de dizer, não
é mesmo? — Com um gesto, o machado

que havia sido arremessado voou de volta
para as mãos de Hoaram.
— Tsc, tsc, tsc... Isso... Continue abrindo
a boca, assim fica mais fácil de cortar fora
essa língua — disse, iniciando uma corrida
até Kubla. Quando estava a meio caminho,
uma massa de Orcs se fechou atrás dele,
separando-o do resto do grupo. Preocupado
com Sophie, desviou sua atenção por
um instante, tempo o suficiente para ser
atingido em cheio pelo machado de batalha
de Kubla.
Enquanto isso, Faern e Dorovan tentavam
resistir à investida dos Orcs. Uma,
duas, três, quatro ondas de golpes, e Faern
caiu morto. Com um giro de corpo, Dorovan
acertou quase uma dezena de inimigos
com seu sabre, aumentando a pequena
clareira na floresta de Orcs.
— Não, não, não, não. Isso está errado,
não pode ser assim, não pode... — Dorovan
murmurava. Sophie aproveitou a hesitação
dos orcs e conjurou uma bola de fogo. A
clareira se abriu mais com a explosão, e então
voltou a se fechar quando os orcs usaram
dezenas de lanças longas para acertar
Sophie e Dorovan.
— Não! — Dorovan gemeu. E mais lanças
o perfuraram. Agora, todos estavam
mortos.
João Paulo Francisconi “Nume Finório”
~ Conclui na próxima edição! ~
61

Vilões
Um mal necessário
Você já parou para pensar sobre o porquê
dos vilões no RPG? Desde o fato de
existirem, fazerem o que fazem, e serem
tão poderosos? Tudo isso tem um propósito:
dar vida aos heróis. Afinal, heróis surgem
para derrotarem vilões!
Já repararam como um vilão sempre
tem os melhores itens, os equipamentos
mais caros, enfim, como ele sempre é superior
ao herói? Isso
acontece porque o
papel do vilão é demonstrar
poder, um
poder sujo e desonrado,
mas ainda assim
poder. Um poder
que heróis devem superar.
Claro, nem só de
poder se faz um vilão.
Saruman e Darth Vader
eram poderosos,
mas a atração que
proporcionam é advinda
principalmente
de suas histórias. A
verdade é que vilões
são muito melhores
quando combinam
um poder ameaçador
com uma história
convincente.
Digamos que um
caçador de Magos
ataque, sem motivo
aparente, os heróis
em uma estrada. Depois
da batalha, des-
6
cobre-se que o caçador nada mais era do
que o filho do taverneiro de uma cidade
por qual passaram, aonde, durante um
combate, uma inocente foi acidentalmente
morta por uma magia de área do Mago
do grupo. Essa menina era, por coincidência,
a noiva do agora caçador de Magos.
E então chegamos a outro grande ponto:
vilões não precisam ser o mal absoluto.
Eles são apenas Humanos (ou melhor, Humanóides);
trilham um caminho errado, é
verdade, mas ainda assim são apenas Humanos.
No caso descrito no parágrafo an-

terior, por exemplo, quem é o verdadeiro
vilão? O garoto que quer vingar sua noiva
ou o Mago irresponsável com seus poderes?
É tudo uma questão de ponto de vista;
afinal, quem garante que os “caras maus”
não são, na verdade, os próprios jogadores?
Mestre Arsenal, por exemplo, é considerado
um vilão em quase toda Arton, certo?
Menos em Yuden, onde é aclamado como
um grande herói. Então, quem está certo?
Yuden? O resto de Arton? Quem leu o ro- ro-
mance o inimigo do mUndo sabe que Arsenal
pode estar muito mais preocupado com o
mundo do que se imagina. E ele é o maior
“vilão” de tormenta.
Outra questão interessante é a loucura
como ponto determinante para o vilão. O
antagonista pode não ser exatamente mal,
apenas completamente insano e, portanto,
não ter consciência de suas próprias ações.
O necromante que tenta ressuscitar os
mortos da aldeia e cria hordas de zumbis
no processo e um assassino de dupla personalidade
ao estilo de o mÉdiCo e o monstro
são tipos que se encaixam aqui.
A insanidade é um dos grandes elementos
dramáticos do RPG: corretamente empregada,
pode colocar medo até no mais
insensível de jogadores. Esqueça os estereótipos
de “cara maluco e engraçado”;
loucos de verdade dão medo, são imprevisíveis,
e podem pular na sua garganta a
qualquer momento sem motivo aparente.
Anderson Dias “Bardo Louco”
63

Grim Jack
Yastora
“E daí?”
Em Pendrik, no caótico Piso Sandoram,
funcionam dezenas, talvez centenas,
de bordéis e pontos
de prostituição, e todos
são propriedade de
um único homem:
Grim Jack Yastora.
Há trinta
anos, quando
chegou à cidade,
Grim Jack
era apenas
mais um na
multidão que
ia e vinha. Apesar
disso, ele tinha
certeza
de seu próprio
destino, porque,
em Laughton,
você é o que a sua
vontade o faz ser.
A questão não era
dinheiro—ele o tinha
de sobra desde
que se aposentara
da vida de
pirataria, algum
tempo antes. O
que ele almejava
era o poder de uma
posição social, o
poder de controlar
outras pessoas; ele
queria estar no topo.
Procurou nas ruas,
65
durante meses a fio, a sua oportunidade
de ouro, aquilo que o faria ter o poder que
desejava. Freqüentou os mais variados lugares,
desde o mais alto Piso até os limites
da cidade na terra abaixo, até que encontrou
o que procurava.
Em cada beco escuro, em cada taverna,
do lugar mais luxuoso ao mais
miserável, havia aqueles ávidos
em comprar ou vender
(alguns diriam “alugar”)
seus corpos.
Homens poderosos
arriscavam sua
fama e prestígio
por uma noite
de prazer, cometendoloucuras
das maneiras
mais
vergonhosas,
forjando segredos
tão poderososquanto
eles próprios.
Quem controlasse
tais segredos teria
nas mãos a vontade
de mais da metade da
nobreza local.
Grim Jack não
teve dúvidas: usou
de tudo o que tinha
para conquistar o que desejava.
Comprou bordéis,
eliminou concorrentes,
trouxe
novidades ao “mercado”,
enfim, afundou-se
no mundo
da perversão e luxúria...
E gostou. Tornou-se
um homem apaixonado pelo

prazer, ainda que não se deixasse ser dominado
por ele.
Em dez anos, Yastora se transformou
não apenas no Rei da Prostituição em Pendrik,
como também havia se tornado o homem
mais influente nos bastidores da nobreza
do reino, o que o tornava, no caótico
governo de Laughton, àquele que mais se
aproximava ao poder de um verdadeiro regente.
Ao atingir o topo, logo veio o tédio. Os
jogos de poder não mais o seduziam, as
mulheres não mais o satisfaziam, tudo estava
se tornando enfadonho. Até que, ao
capturar uma Paladina que causara problemas
em seu negócio, ele descobriu uma
nova forma de prazer: a sensação de dominar
uma criatura pura, de pervertê-la até o
ponto de ela desejar o pecado e chorar de
arrependimento por isso foi a mais indescritível
que ele jamais havia experimentado.
Quando, meses mais tarde, a Paladina
morreu ao dar a luz a uma menina, Grim
Jack realmente lamentou; havia perdido
seu mais precioso brinquedo. Em compensação,
Luz Yastora, sua filha com a Paladina,
tomaria o lugar da mãe quando chegasse a
hora. Até lá, ela seria criada para se tornar a
mais pura criatura da existência. E assim foi
feito durante dezoito anos.
Quando o dia em que Yastora a perverteria
finalmente se aproximava, um aventureiro
especialmente audaz lhe roubou o
que de mais precioso já havia criado: a pureza
de Luz. Decepcionado e furioso, Grim
Jack trancafiou a jovem em suas masmorras,
tornando-a a mais baixa meretriz de
sua rede de bordéis. Já o aventureiro, um
homem chamado Dorovan Boa Morte, é
até hoje caçado por mercenários, sem su-
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cesso—o que tem levado o grande chefão
do crime a pensar em outras maneiras de
se vingar.
Grim Jack Yastora: Humano; Ladino
5; ND: 5; DVs: 5d6 +5; PVs: 26; Iniciativa:
+7; Deslocamento: 9m; CA: 20 (+3 Des,
+3 Corselete de Couro, +2 Anel de Proteção
+2, +2 Braçadeiras da Armadura +2); Ataque
Base: +3, Agarrar: +4, Corpo-a-corpo:
+4, à Distância: +6; Cimitarra +2: +7 (dano:
1d6 + 3, decisivo: 18-20/x2); Ataque Total:
Cimitarra +2: +7 (dano: 1d6 + 3, decisivo:
18-20/x2); Qualidades Especiais: Ataque
Furtivo +3d6, Esquiva Sobrenatural, Evasão;
Tendência: NM; TRs: Fort: +2, Ref: +7,
Von: +2; Habilidades: FOR 13 (+1), DES 16
(+3), CONS 12 (+1), INT 19 (+4), SAB 13 (+1),
CAR 16 (+3).
Perícias e Idiomas: Abrir Fechaduras
+7, Acrobacia +11, Arte da Fuga +11,
Blefar +11, Conhecimento (Local) +12, Diplomacia
+11, Equilíbrio +7, Escalar +5, Esconder-se
+11, Furtividade +11, Intimidar
+11, Natação +5, Obter Informação +11,
Saltar +5, Sentir Motivação +9, Usar Instrumento
Mágico +7; Idiomas: Anão, Élfico,
Halfling, Valkar.
Talentos: Foco em Arma (Cimitarra),
Herdeiro da Hiena (Moreau), Iniciativa
Aprimorada.
Equipamento: Anel de Proteção +2,
Braçadeiras da Armadura +2, Cimitarra +2,
Corselete de Couro Batido Obra-Prima,
Anel da Invisibilidade; esses são os itens
mais utilizados por Grim Jack, mas, com
sua influência política e poder financeiro,
ele pode conseguir quaisquer itens que
queira, mágicos ou não, em poucas horas
ou dias.
Combate: Traiçoeiro e furtivo, Grim

Jack sempre vai preferir evitar o combate,
usando seu anel mágico para ficar invisível
e deixando o trabalho duro para seus mercenários.
Se achar necessário, furtivamente
atacará seus oponentes mais poderosos
rapidamente antes de voltar a ficar invisível.
João Paulo Francisconi “Nume Finório”
6

Vivisseção
Assustando Jogadores
(mas do jeito certo)
Não é segredo que o estilo de RPG que
eu mais gosto é o de terror. E, para ser mais
específico, o de terror gótico.
Muito antes de surgir Vampiro: a mÁsCara,
já se faziam campanhas onde o ponto alto
eram justamente os momentos em que
os personagens se defrontavam com situações
hediondas, das de gelar o coração
do mais destemido paladino. Vampiros,
lobisomens, fantasmas, e outros tipos de
monstros tirados de filmes e livros de terror
eram os oponentes mais comuns.
As histórias geralmente eram excelentes.
As aventuras eram uma melhor que a
outra, davam gosto de ler de tão bem escritas:
personagens com boas motivações,
vilões bem distorcidos e malvados até a raiz
da alma, que jamais admitiriam qualquer
erro—que causaram tudo que aconteceu
com eles e que estavam sempre dispostos
a destruir qualquer um (geralmente, os
personagens dos jogadores) que mostrasse
a eles o contrário. Mas reparei uma coisa
que me incomodava sempre: a necessidade
de se criar um clima de medo e terror
entre os jogadores.
As dicas passadas nas próprias aventuras
nem sempre eram as melhores; na verdade,
raramente funcionavam. Me lembro
de uma que sugeriria que o mestre, em determinado
momento, aparecesse usando
uma máscara de carnaval de um demônio,
para depois revelar que era uma “visão”
que um dos personagens teve. Se eu estivesse
em um jogo e o mestre surgisse com
uma máscara de carnaval, eu não ficaria
com medo de forma alguma—no máximo,
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ia perguntar onde ele comprou, quanto
custou, e se fosse uma máscara feia, ia rir
muito, isso sim!
Já vi muitas outras dicas sugerindo maneiras
de deixar os jogadores assustados,
inclusive a clássica e nada criativa idéia de
“vamos jogar no escuro, com luz de velas”.
Sinceramente, poucas vezes isso deu certo.
Sem falar que, para mim pelo menos, não é
nem um pouco prático.
A atmosfera de medo pode ser criada
através de recursos muito mais simples,
sem o perigo de se parecer ridículo para
seus amigos ou um cultista satanista para
a mãe incauta que entra na sala de repente—só
depende um pouco da disposição
dos jogadores e de um pouco de empenho
do mestre.
Para começar, os jogadores devem estar
cientes de que a história é de terror; eles
têm que estar a fim de entrar no clima. Em
d&d, se já é meio difícil um Guerreiro experiente
se assustar com um simples esqueleto
que sai do cemitério para atacá-lo,
zumbis então são completamente risíveis.
É bom que o jogador use um pouco de boa
vontade para saber que o personagem
sabe que pode derrotar o monstro fraquinho,
mas que ele não deixa de ter um certo
medo por isso.
Imagine que o Guerreiro citado acabe
com um esqueleto com um simples golpe.
Ele não se sentiria orgulhoso de derrotar
esse tipo de inimigo. “Eu, Rothgar, odeio
esqueletos! Parece que eles estão me pedindo
para acabar com a desgraça deles...”
Ora, qualquer personagem em uma vila escura,
no meio da noite, em meio a ruas desertas
e ouvindo estranhos uivos vindo de
longe—por mais poderoso que esse personagem
seja—deveria mostrar um pouco

de apreensão, e não devia virar para o mestre
e dizer “tá escuro, certo? Mas como eu
consigo enxergar, graças à minha Visão no
Escuro, posso me Esconder nas Sombras
e...” O jogador não precisa deixar de fazer
tudo só para fingir que o seu personagem
está amedrontado: só um pouco de receio,
alguma demonstração de que a situação o
está deixando preocupado, já faz maravilhas
para qualquer aventura.
O mestre tem um papel importante nisso
também. Ele é quem molda os acontecimentos
de forma a fazer os jogadores sentirem
essa sensação incômoda. Um bom
mestre conhece seus jogadores, sabe o
que os deixa apreensivos e o que deu pro-
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blemas para eles nas aventuras passadas;
sabe que tipo de truquezinhos funciona
com o grupo e quais não usar.
Por exemplo, um dos truques mais efetivos
para assustar os personagens é não
contar diretamente o que está acontecendo.
Pode parecer óbvio, mas não é! Dizer
“a vila está sendo atacada por lobisomens”
tem muito menos impacto do que dizer
que “os moradores da vila estão desaparecendo
misteriosamente, deixando marcas
ensangüentadas, e gritos horríveis são ouvidos
durante a noite”. Dar pistas contraditórias,
por exemplo colocando criaturas
que não se relacionam diretamente com
os tais lobisomens (que tal um ex-assassi-

no que mora na vila, mas que não faz mais
parte da guilda?), é uma das melhores formas
de tirar um pouco da certeza dos jogadores.
Descrever monstros ao invés de dá-los
nomes também é bem efetivo. Na primeira
vez que mestrei a aventura de raVenloft
para personagens de 1º nível the night of
the Walking dead, no combate final com o
vilão (um zombie lord), um dos jogadores
acreditou piamente que se tratava de um
lich! Assim o jogador fica com medo do inimigo
que, se descrito simplesmente como
um mero “zumbi”, causaria risadas no grupo.
Resumindo um pouco: é a história e
como ela é contada que pode assustar o
grupo de jogadores, e não adereços como
velas, máscaras e roupas. A força maior do
RPG é a narrativa, a criação de histórias
emocionantes (medo é uma emoção também!)
e memoráveis, tanto para o mestre
como para os jogadores. Adoramos ouvir
histórias de fantasmas, adoramos ouvir
histórias que nos dão medo. E RPG é, antes
de tudo, um jogo de contar histórias!
Rogério Saladino
Grande fã de Lord Strahd (o antigo)
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Neste Carnaval...
Se dirigir, não beba.
Se beber, nos chame!
Equipe Pergaminhos
de Tanna-Toh