Jun - 2011 / Edição 94 - Correio do Vale
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6 - G E R A L<br />
GENTE QUE CONSTRÓI A CIDADE<br />
www.correio<strong>do</strong>vale.com<br />
Nasci<strong>do</strong> em Caçapava, ele trabalhou em várias cidades antes de retornar defi nitivamente à sua terra natal<br />
Muito queri<strong>do</strong> pelos fi lhos,<br />
netos e bisnetos, Dagmar<br />
Marcondes <strong>do</strong>s Santos encontrou<br />
um jeito de não melindrar<br />
nenhum deles quan<strong>do</strong><br />
escolhesse na casa de quem<br />
iria morar. Por isso, há cinco<br />
anos ele fi ca no Hotel Ideal,<br />
no centro de Caçapava. “Desta<br />
forma posso visitar to<strong>do</strong>s,<br />
sem que surja o sentimento<br />
de que eu tenha preferência<br />
por algum deles”, afi rma.<br />
O carinho <strong>do</strong> pai, <strong>do</strong> avô e<br />
<strong>do</strong> bisavô é revela<strong>do</strong> na hora<br />
que fala o nome <strong>do</strong>s quatro<br />
fi lhos, <strong>do</strong>s 13 netos e nove<br />
bisnetos, completan<strong>do</strong> com a<br />
data de nascimento de to<strong>do</strong>s.<br />
Sua memória impressionante<br />
faz com que ele diga exatamente<br />
os dias <strong>do</strong>s meses em<br />
que aconteceram os principais<br />
fatos de sua vida.<br />
Nasci<strong>do</strong> em Capava (1º de<br />
novembro de 1936), Dagmar<br />
é fi lho de Evaristo Diogo<br />
Santos e de Sebastiana<br />
Marcondes <strong>do</strong>s Santos. O<br />
pai, proprietário de um caminhão<br />
que “puxava lenha, leite<br />
e outros produtos da zona<br />
rural”, se mu<strong>do</strong>u com a família<br />
para Aparecida. Dagmar<br />
tinha <strong>do</strong>is meses. De lá, outra<br />
mudança de cidade: Moreira<br />
César.<br />
“Eu morava um pouco em<br />
Moreira César e um pouco<br />
na fazenda <strong>do</strong>s meus tios<br />
Amélia Marcondes de Tole<strong>do</strong><br />
e José Marcondes de Tole<strong>do</strong>,<br />
na estrada da Camanducaia”,<br />
relembra. Atualmente,<br />
a estrada se chama Prefeito<br />
Osório da Cunha Lara Neto,<br />
conhecida como Ro<strong>do</strong>via <strong>do</strong><br />
Livro, que liga Caçapava a<br />
Monteiro Lobato.<br />
Na fazenda, começou o<br />
curso primário, concluí<strong>do</strong><br />
na centenária escola Alfre<strong>do</strong><br />
Pujol, em Pindamonhangaba.<br />
Quan<strong>do</strong> completou 13<br />
anos, Dagmar passou a trabalhar<br />
com o pai na construtora<br />
Mota Mattoso nos serviços<br />
de terraplenagem da<br />
Ro<strong>do</strong>via Presidente Dutra,<br />
inaugurada em janeiro de<br />
1951 pelo presidente Eurico<br />
Gaspar Dutra, que não se<br />
fez de roga<strong>do</strong> e colocou seu<br />
nome na principal estrada <strong>do</strong><br />
país.<br />
“Meu pai tinha vendi<strong>do</strong> o<br />
caminhão e passou a trabalhar<br />
na construtora. Quan<strong>do</strong><br />
entrei na Mota Mattoso fazia<br />
de tu<strong>do</strong>: era aponta<strong>do</strong>r, levava<br />
água para o pessoal da<br />
obra (para não parar os serviços)<br />
e era auxiliar de topógrafo”.<br />
O garoto responsável<br />
em matar a sede <strong>do</strong>s funcionários<br />
era chama<strong>do</strong> de “bombeiro”.<br />
Na Mota Mattoso, Dagmar<br />
escolheu a profi ssão em que<br />
iria se destacar: a de topógrafo,<br />
profi ssional responsável<br />
pela descrição detalhada<br />
de um espaço antes de qualquer<br />
construção. A palavra<br />
topografi a, de origem grega,<br />
signifi ca a descrição de um<br />
lugar ou região (Topos = lugar,<br />
região. Gruaphein = descrição).<br />
Em 1951 trocou de emprego,<br />
passan<strong>do</strong> a trabalhar na<br />
construção da linha férrea<br />
que liga Matão a Araraquara.<br />
No mesmo ano, ingressou<br />
na CPFL (Companhia Paulista<br />
de Força e Luz), que havia<br />
obti<strong>do</strong> a concessão para<br />
construir uma usina elétrica<br />
em Ibaraci (Minas Gerais): a<br />
Barragem de Peixoto, atualmente<br />
Usina Marechal Mascarenhas<br />
de Moraes.<br />
Duas vezes viúvo<br />
<strong>Vale</strong> <strong>do</strong> Paraíba, 17 de junho de <strong>2011</strong><br />
Dagmar: o topógrafo desbrava<strong>do</strong>r<br />
LEITURA DA ATA<br />
NOVO COLABORADOR<br />
O <strong>Correio</strong> <strong>do</strong> <strong>Vale</strong> liberou uma grana para<br />
a contração e vou aproveitar. A partir desta<br />
edição, a coluna passa a ter um colabora<strong>do</strong>r<br />
secreto e exclusivo para alimentar as<br />
informações publicadas neste nobre espaço.<br />
Será o secretário deste que vos escreve.<br />
Porém, o nome <strong>do</strong> indigita<strong>do</strong> vai ser manti<strong>do</strong><br />
em sigilo. Como ele vai colaborar, a redação<br />
escolheu um apeli<strong>do</strong> para ele, que concor<strong>do</strong>u<br />
prontamente: Zé Ingênuo. Três relatos abaixo<br />
já têm a participação dele<br />
EDUARDO<br />
PONTO DE TÁXI RODOVIÁRIA<br />
Tels: (12) 8147-6954 - 9758-<br />
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EFEITO ENGOV<br />
No primeiro dia de trampo, Zé Ingênuo chegou<br />
esbafori<strong>do</strong>. “Chefe, tão dizen<strong>do</strong> pela aí que o<br />
secretário de segurança e trânsito de Caçapava,<br />
o Fernan<strong>do</strong> Diniz Borges, anda toman<strong>do</strong> muito<br />
ENGOV”. Preocupa<strong>do</strong> com a declaração, questionei<br />
o mais novo “foca” da região o motivo de tão<br />
insólita conclusão. Respondeu com ar de sabe tu<strong>do</strong>:<br />
“Ué, ele não disse que é preciso tomar o remédio<br />
para ler o <strong>Correio</strong>? Pois então, já acertou a pintura<br />
das faixas e outros problemas aponta<strong>do</strong>s por este<br />
hebdô. Agora, Fernan<strong>do</strong> resolveu revelar à imprensa<br />
os locais e horários onde os radares móveis vão<br />
fi car”. E concluiu, meti<strong>do</strong> a Descartes moderno:<br />
“Ele lê o <strong>Correio</strong>, logo, toma ENGOV”.<br />
Antes de completar 20<br />
anos, Dagmar voltou para o<br />
<strong>Vale</strong> <strong>do</strong> Paraíba. O topógrafo<br />
iria prestar seus serviços na<br />
preparação <strong>do</strong> terreno onde<br />
seria instalada a Mecânica<br />
Pesada, primeira indústria<br />
de grande porte de Taubaté<br />
inaugurada em 1957. Um<br />
ano antes de concluída planta<br />
da fábrica, ele seria contrata<strong>do</strong><br />
pela Prefeitura de<br />
Taubaté, na gestão <strong>do</strong> prefeito<br />
Jaures Guisard. “Fiquei<br />
apenas oitos meses. Saí porque<br />
o salário era muito baixo,<br />
menos <strong>do</strong> que o mínimo<br />
da época. Então voltei para a<br />
Mattoso”.<br />
Naquele ano, o presidente<br />
Juscelino Kubitschek de<br />
Oliveira resolveu construir<br />
a Ro<strong>do</strong>via Régis Bittencourt<br />
(BR-116), que liga São Paulo<br />
ao Paraná, inaugurada em<br />
1961. Dagmar foi um <strong>do</strong>s responsáveis<br />
pela topografi a da<br />
autopista nos trechos de Juquiá,<br />
Registro e Jacupiranga.<br />
Por essa época, morava em<br />
Itapetininga na pensão São<br />
João, de propriedade <strong>do</strong> casal<br />
Vicente de Campos, exferroviário<br />
da Sorocabana,<br />
e Leonilda Dias Costa. Eles<br />
eram pais de Dirce de Jesus<br />
Campos <strong>do</strong>s Santos, com<br />
quem Dagmar se casou em<br />
1960 e teve os fi lhos Dogmar,<br />
Dogomar e Demétrio.<br />
Um ano antes de fi car viúvo,<br />
Dagmar prestou concurso<br />
e ingressou na Prefeitura<br />
de Ribeirão Pires. “Fui responsável<br />
por mais da metade<br />
<strong>do</strong> calçamento da cidade.<br />
Era muito bom trabalhar naquele<br />
município”.<br />
Em janeiro de 1968 Dirce<br />
faleceu. Dogmar tinha 6<br />
anos, Dogomar 5 e Demétrio,<br />
4. Oito meses depois,<br />
Dagmar se casou com Sônia<br />
Soares Santos, com quem<br />
teve a fi lha Adriana Marcondes,<br />
nascida em 1970.<br />
Após seis anos como servi<strong>do</strong>r<br />
municipal, deixou a<br />
prefeitura e resolveu se dedicar<br />
exclusivamente ao seu<br />
EFEITO ENGOV II<br />
Antes que o rapaz pedisse aumento salarial<br />
pela aguçada observação, resolvi cortar o<br />
barato dele. Expliquei que agora era tarde. As<br />
multas aplicadas pelos guardas municipais,<br />
que agiram como agentes de trânsito, não<br />
têm validade e to<strong>do</strong>s castiga<strong>do</strong>s pela ânsia de<br />
dinheiro <strong>do</strong> governo Vilela terão o dinheiro<br />
devolvi<strong>do</strong>. Triste em saber que a secretaria<br />
de trânsito só tomou a atitude de divulgar os<br />
locais para disfarçar a situação, Zé olhou para o<br />
espelho de bolso e disse: “Como sou ingênuo,<br />
o apeli<strong>do</strong> veio a calhar”.<br />
DESCULPA<br />
Outra <strong>do</strong> Zé Ingênuo pegou a equipe de surpresa.<br />
Quan<strong>do</strong> descobriu que a superhiperintendente da<br />
Fusam, Danielle Trinkel, estava dan<strong>do</strong> um giro pela<br />
Europa, resolveu justifi car o passeio da tão brava<br />
trabalha<strong>do</strong>ra. “Vocês são muito implicantes”, ralhou.<br />
“A moça foi buscar tecnologia da informática no<br />
primeiro mun<strong>do</strong> e criar o Portal da Transparência,<br />
aquela obrigatoriedade de divulgar os gastos pela<br />
internet em tempo real, da Fundação. Pô, ela quer<br />
cumprir a lei usan<strong>do</strong> os mais avança<strong>do</strong>s produtos da<br />
informática, ora”. Uma coisa já foi possível perceber.<br />
Em matéria de desculpas esfarrapadas, o Zé Ingênuo<br />
se iguala à turma <strong>do</strong> Vilela.<br />
DO MEU ENVELOPE PARDO<br />
Durante anos, o maestro Theo<strong>do</strong>ro Tibucheski coman<strong>do</strong>u o<br />
coral da General Motors. Depois da apresentação de sua principal<br />
música, A transamazônica (nos anos 70), em Guará, os<br />
aplausos duraram mais de 20 minutos. Entre centenas de composições<br />
(inclusive uma missa), é autor <strong>do</strong> Hino <strong>do</strong> município<br />
de Castro (letra de Hilda Koller), no Paraná, cidade onde nasceu.<br />
Foi músico e regente da Banda <strong>do</strong> então 6º RI (Regimento<br />
Ipiranga) de Caçapava, onde chegou em 1935 e faleceu em<br />
julho 1993.<br />
Sob seu coman<strong>do</strong>, o coral da GM, como era conheci<strong>do</strong> se<br />
apresentou em quase todas as cidades <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de São Paulo,<br />
em vários municípios de Minas e <strong>do</strong> Rio de Janeiro. Na capital<br />
paulista, um <strong>do</strong>s maiores momentos foi no Teatro Municipal.<br />
escritório de assessoria de<br />
projetos de urbanização e loteamentos.<br />
Um <strong>do</strong>s bairros<br />
cria<strong>do</strong>s por Dagmar em Ribeirão<br />
Pires é o Vila Mara,<br />
dentro das determinações<br />
impostas pela lei estadual<br />
de proteção aos mananciais,<br />
que transformou a cidade<br />
em área de interesse para a<br />
manutenção <strong>do</strong>s recursos hídricos<br />
necessários ao abastecimento<br />
da região metropolitana<br />
de São Paulo.<br />
Em outubro de 1976 Dagmar,<br />
Sônia e Adriana, então<br />
com 6 anos, vieram para Caçapava<br />
visitar a família <strong>do</strong><br />
topógrafo. Quan<strong>do</strong> eles voltavam<br />
para casa, entre Itapetininga<br />
e Capão Bonito,<br />
aconteceu o acidente que<br />
Preso<br />
nas ferragens,<br />
em<br />
acidente<br />
de carro<br />
na estrada,ninguém<br />
o<br />
socorria<br />
mataria Sônia, moeria as<br />
duas pernas de Dagmar e<br />
causaria sérios ferimentos<br />
em Adriana.<br />
“O motorista de um Itamarati<br />
voltava de Capão Bonito.<br />
Perdeu o controle <strong>do</strong><br />
carro e invadiu a pista contrária.<br />
Eu estava numa Kombi,<br />
que amorteceu o carro<br />
dele”, conta. “Fiquei preso<br />
nas ferragens no meio da<br />
pista. Pedia ajuda, mas ninguém<br />
parava. Era uma subida,<br />
demorou para chegar o<br />
socorro”.<br />
Com as pernas engessadas,<br />
era ajuda<strong>do</strong> a se locomover<br />
pelos fi lhos. No dia<br />
em que estava passan<strong>do</strong> pela<br />
última cirurgia, seu pai faleceu<br />
em Caçapava.<br />
A volta para<br />
Caçapava<br />
Dagmar voltou a morar em Caçapava no fi nal <strong>do</strong>s anos 70,<br />
quan<strong>do</strong> passou a realizar levantamentos e projetos de vários<br />
loteamentos, como o Recanto <strong>do</strong> Sol (próximo à fazenda<br />
onde morou com os tios ainda criança), Nova Caçapava,<br />
Village Miranda, Residencial Nancy, El<strong>do</strong>ra<strong>do</strong>, Vila Medeiros,<br />
Vila Velha I e II.<br />
De maio de 1985 a abril de 1989 trabalhou na prefeitura,<br />
nas gestões <strong>do</strong>s ex-prefeitos Adilson Francisco Natali<br />
e José Miranda Campos. Voltou para administração como<br />
chefe de sessão de estradas na segunda gestão de Adilson<br />
Natali. São deles os projetos e execuções <strong>do</strong>s calçamentos<br />
<strong>do</strong> Guamirim, Caçapava Velha, além da terraplnagem<br />
e alinhamento para o asfalto da estrada Professora Olívia<br />
Alegri, obra <strong>do</strong> ex-governa<strong>do</strong>r Mário Covas e entregue no<br />
último ano <strong>do</strong> governo Natali (1996), quan<strong>do</strong> o topógrafo<br />
se aposentou.<br />
Hoje, Dagmar viaja quase todas as semanas para visitar<br />
os fi lhos, netos e bisnetos que moram em Itapetinga. Uma<br />
vez por mês ia para Arapongas (Paraná), visitar Adriana.<br />
Há pouco tempo, ela se transferiu para Belo Horizonte.<br />
“Ainda vou a Aparongas, mas agora vou incluir a capital<br />
mineira no meu roteiro”, brinca o topógrafo que deixou as<br />
marcas <strong>do</strong> seu trabalho em várias partes <strong>do</strong> país, inclusive<br />
Mato Grasso e Rio Grande <strong>do</strong> Sul.<br />
Os netos de Dagmar<br />
Jefferson, Ellen e Aline (fi lhos de Dogmar). Aniele,<br />
Rodrigo, Tatiane, Dogomar Júnior e Rafael (fi -<br />
lhos de Dogomar). Danilo, Daniele e Letícia (fi lhos<br />
de Demétrio). Rafael e Gustavo (fi lhos de Adriana).<br />
Os bisnetos de Dagmar<br />
Jonathan, Jones, Raíssa, Guilherme, Emelin, Laríssa,<br />
Leonar<strong>do</strong>, Cauã e Maitê