20.04.2013 Views

Canções de amor da Idade Média ao Renascimento Vozes Alfonsinas

Canções de amor da Idade Média ao Renascimento Vozes Alfonsinas

Canções de amor da Idade Média ao Renascimento Vozes Alfonsinas

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

28 ABril 2012<br />

Sala Fernando PeSSoa 14h<br />

B28<br />

<strong>Vozes</strong> <strong>Alfonsinas</strong><br />

Manuel Pedro Ferreira voz e direcção<br />

Susana Con<strong>de</strong> Teixeira meio-SoPrano<br />

Gonçalo Pinto Gonçalves tenor e PercuSSão<br />

Victor Gaspar barítono<br />

Ma<strong>da</strong>lena Cabral rabeque<br />

Nuno Torka Miran<strong>da</strong> alaú<strong>de</strong><br />

Programa<br />

D. Dinis: cantiga d’<strong>amor</strong> Que mui gram prazer (Perg. Sharrer n.º 4)<br />

Martim Co<strong>da</strong>x: cantiga d’amigo On<strong>da</strong>s do mar <strong>de</strong> Vigo (Perg. vin<strong>de</strong>l n.º 1)<br />

D. Dinis: cantiga d’<strong>amor</strong> Pois que vos Deus, amigo, quer guisar (Perg. Sharrer n.º 1)<br />

Rui Fernan<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Santiago: Quand’eu vejo las on<strong>da</strong>s (mús.: cSm 218)<br />

Luís Milán: Fantasia (instrumental)<br />

Anónimo: Minina dos olhos ver<strong>de</strong>s, a três vozes (canc. masson)<br />

Anónimo: Ojos tristes (instrumental)<br />

Anónimo: Parto triste saludoso, a três vozes (canc. musical <strong>da</strong> bn)<br />

Anónimo: Cui<strong>da</strong>dos meus tão cui<strong>da</strong>dos, a três vozes (canc. <strong>de</strong> elvas)<br />

Luís Narváez: variações sobre Guar<strong>da</strong>me las vacas (instrumental)<br />

Anónimo: Senhora quem vos disser, a solo (canc. masson)<br />

Anónimo: Na fonte está Lianor, a três vozes (canc. masson)<br />

Luís Milán: canção Al <strong>amor</strong> quiero vencer (instrumental)<br />

Anónimo: Venid a sospirar al ver<strong>de</strong> prado, a três vozes (canc. <strong>de</strong> elvas e <strong>de</strong> belém)<br />

Propõe-se neste pequeno programa um percurso<br />

cronológico, do século Xiii a finais do século<br />

Xvi, pelas diferentes varie<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> canção <strong>de</strong><br />

corte pratica<strong>da</strong> nesse período em Portugal. a<br />

iniciar, um grupo <strong>de</strong> cantigas trovadorescas,<br />

alternando a varie<strong>da</strong><strong>de</strong> “cantiga d’<strong>amor</strong>”, em<br />

que um cavalheiro presta vassalagem <strong>amor</strong>osa<br />

a uma <strong>da</strong>ma, com a “cantiga d’amigo”, em<br />

que uma donzela fala do seu n<strong>amor</strong>ado. os<br />

autores representados são o jogral galego<br />

martin co<strong>da</strong>x (melodias conserva<strong>da</strong>s no<br />

Pergaminho vin<strong>de</strong>l, hoje em nova iorque), o<br />

rei português d. dinis (melodias conserva<strong>da</strong>s<br />

no Pergaminho Sharrer, na torre do tombo em<br />

lisboa) e o clérigo rui Fernan<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Santiago,<br />

do entorno do rei castelhano afonso X, a cujo<br />

poema aplicámos uma melodia colhi<strong>da</strong> nas<br />

cantigas <strong>de</strong> Santa maria, compila<strong>da</strong>s pelo<br />

mesmo monarca por volta <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 1270.<br />

Segue-se uma selecção <strong>de</strong> canções anónimas<br />

do renascimento, entremea<strong>da</strong>s por peças<br />

ou arranjos instrumentais <strong>da</strong> mesma época,<br />

nomea<strong>da</strong>mente do vihuelista valenciano luís<br />

milán, cujo livro El Maestro foi <strong>de</strong>dicado <strong>ao</strong><br />

rei português d. João iii. as fontes principais<br />

para as canções são o cancioneiro musical <strong>da</strong><br />

biblioteca nacional em lisboa, o cancioneiro<br />

masson (conservado em Paris) e o cancioneiro <strong>de</strong><br />

elvas. Se o tema é invariavelmente <strong>amor</strong>oso, os<br />

géneros representados são a cantiga, o vilancete<br />

e o terceto bucólico à mo<strong>da</strong> italiana. o estilo<br />

musical oscila entre a textura homorrítmica,<br />

popularizante <strong>de</strong> c. 1500, a textura imitativa <strong>de</strong><br />

inspiração franco-flamenga, característica <strong>da</strong>s<br />

déca<strong>da</strong>s seguintes, e a <strong>de</strong>clamação expressiva<br />

<strong>de</strong> cariz humanístico, que se impôs em meados<br />

do século Xvi.<br />

manuel Pedro Ferreira<br />

1. D. Dinis, cantiga d’<strong>amor</strong> Que mui gram prazer<br />

que mui gram prazer que eu hei, senhor,<br />

quand’em vós cuid’e nom cuido no mal<br />

que mi faze<strong>de</strong>s! mais direi-vos qual<br />

tenh’eu por gram maravilha, senhor:<br />

<strong>de</strong> mi viir <strong>de</strong> vós mal, u Deus nom<br />

pôs mal, <strong>de</strong> quantas eno mundo som.<br />

e, senhor fremosa, quando cuid’eu<br />

em vós e nom eno mal que mi vem<br />

por vós, tod’aquel temp’eu hei <strong>de</strong> bem;<br />

mais por gram maravilha per tenh’eu<br />

<strong>de</strong> mi viir <strong>de</strong> vós mal, u Deus nom<br />

pôs mal, <strong>de</strong> quantas eno mundo som.<br />

ca, senhor, mui gram prazer mi per é<br />

quand’em vós cuid’e nom hei <strong>de</strong> cui<strong>da</strong>r<br />

em quanto mal mi faze<strong>de</strong>s levar;<br />

mais gram maravilha tenh’eu que é<br />

<strong>de</strong> mi viir <strong>de</strong> vós mal, u Deus nom<br />

pôs mal, <strong>de</strong> quantas eno mundo som.<br />

ca, par <strong>de</strong>us, semelha mui sem razom<br />

d’haver eu mal d’u o <strong>de</strong>us nom pôs, nom.<br />

2. Martin Co<strong>da</strong>x, cantiga d’amigo On<strong>da</strong>s do mar <strong>de</strong> Vigo<br />

on<strong>da</strong>s do mar <strong>de</strong> vigo,<br />

se vistes meu amigo?<br />

e ai Deus, se verrá cedo?<br />

on<strong>da</strong>s do mar levado,<br />

se vistes meu amado?<br />

e ai Deus, se verrá cedo?<br />

Se vistes meu amigo,<br />

o por que eu sospiro?<br />

e ai Deus, se verrá cedo?<br />

Se vistes meu amado,<br />

o por que hei gram coi<strong>da</strong>do?<br />

e ai Deus, se verrá cedo?<br />

3. D. Dinis, cantiga d’<strong>amor</strong> Pois que vos Deus, amigo, quer guisar<br />

Pois que vos <strong>de</strong>us, amigo, quer guisar<br />

d’ir<strong>de</strong>s a terra d’u é mia senhor,<br />

rogo-vos ora que por qual <strong>amor</strong><br />

vos hei lhi queira<strong>de</strong>s tanto rogar:<br />

que se doia já do meu mal.<br />

e d’ir<strong>de</strong>s i tenh’eu que mi fará<br />

<strong>de</strong>us gram bem, poila po<strong>de</strong><strong>de</strong>s veer;<br />

e, amigo, punhad’em lhi dizer,

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!