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Estrelas - Observatório Nacional

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Galáxias Buracos <strong>Estrelas</strong> Negros Edição: Edição:<br />

Edição:<br />

07/2011 07/2011<br />

A A partir partir de 07/2011 de 12 12 anos anos<br />

A partir Nº de Nº 812<br />

5 anos<br />

Nº 7


Presidente da República<br />

Dilma Vana Rousseff<br />

Ministro de Estado da<br />

Ciência, Tecnologia e Inovação<br />

Marco Antonio Raupp<br />

Secretário - Executivo do<br />

Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação<br />

Luiz Antônio Rodrigues Elias<br />

Subsecretário de Coordenação<br />

das Unidades de Pesquisa<br />

Arquimedes Diógenes Ciloni<br />

Diretor do <strong>Observatório</strong> <strong>Nacional</strong><br />

Sergio Luiz Fontes<br />

<strong>Observatório</strong> <strong>Nacional</strong> - MCTI<br />

Rua General José Cristino, 77<br />

CEP: 20921-400 - Bairro São Cristóvão<br />

Rio de Janeiro - RJ Brasil<br />

Fone: (21) 2580 6087<br />

PABX:(21) 3504 9100<br />

FAX: (21) 2580 6041<br />

Criação e Desenvolvimento<br />

Divisão de Atividades Educacionais - DAED<br />

Dr. Antares Kleber (In Memoriam - Idealizador das revistas)<br />

Dr. Carlos Henrique Veiga (Chefe da Divisão de Atividades Educacionais)<br />

Rodrigo Cassaro Resende<br />

Luzia Ferraz Penalva Rite<br />

Silvia da Cunha Lima<br />

Edilene Ferreira<br />

Felipe Nogueira Carvalho<br />

Revisão Científica (Pesquisadores da Coordenação de Astronomia e Astrofísica)<br />

Dr. Carlos Henrique Veiga<br />

Dr. Dalton de Faria Lopes<br />

Caros Leitores,<br />

Esta série de revistas, desenvolvidas pela Divisão de Atividades<br />

Educacionais do <strong>Observatório</strong> <strong>Nacional</strong>/MCTI, tem como meta à difusão de<br />

informações gerais sobre os temas mais recorrentes de Astronomia e<br />

Geofísica. Levar o leitor ao pensamento científico, à imaginação e à criação,<br />

atraindo-o a pesquisar os conceitos aqui abordados ou sugeridos, é um dos<br />

objetivos desta publicação.<br />

Boa Leitura!<br />

Divisão de Atividades Educacionais (DAED)<br />

O <strong>Observatório</strong> <strong>Nacional</strong> não se responsabiliza<br />

pela divulgação dos dados e opiniões expressos<br />

nesta publicação, sendo estes de inteira<br />

responsabilidade dos autores.<br />

As informações científicas e a nova ortografia<br />

foram atualizadas até a data desta edição.


Bom Dia! turma. Vamos começar<br />

o dia de hoje com uma conversa<br />

espetacular! Esse é o professor<br />

Francisco. Ele é especialista em<br />

galáxias e vai nos falar sobre elas.<br />

Isso mesmo! Vamos falar sobre<br />

as grandes concentrações de<br />

estrelas que aparecem no céu e<br />

que recebem o nome de<br />

“galáxias”.<br />

<strong>Observatório</strong> <strong>Nacional</strong> 03


Vocês já devem ter aprendido, em palestras<br />

anteriores que vivemos em uma galáxia que<br />

é, simplesmente, chamada de Galáxia.<br />

Assim mesmo, com letra maiúscula!<br />

04<br />

Eu, heim! Que sujeito<br />

mau-humorado!<br />

Eu acho que eu faltei<br />

nesse dia. Devia estar<br />

chovendo muito!<br />

Faltou não! Você infernizou a<br />

vida de todo mundo com<br />

suas besteiras.<br />

Nossa Galáxia é uma belíssima<br />

galáxia espiral, localizada em um<br />

certo ponto do Universo. À nossa<br />

volta existem milhares de outras<br />

galáxias; algumas parecidas com a<br />

nossa e outras muito diferentes.<br />

<strong>Observatório</strong> <strong>Nacional</strong>


Esse é o primeiro ponto que<br />

devemos guardar: As galáxias<br />

não são todas iguais. Elas<br />

diferem, muito, em tamanho,<br />

forma e em conteúdo.<br />

Como assim,<br />

professor?<br />

Vejam só. A nossa Galáxia tem<br />

a forma espiral. Mas nem todas<br />

têm essa forma.<br />

<strong>Observatório</strong> <strong>Nacional</strong> 05


06<br />

É mesmo? Eu pensava<br />

que todas as galáxias<br />

eram espirais.<br />

Vamos ver alguns exemplos.<br />

Olhem só essas imagens.<br />

Não, não! Existem galáxias<br />

com formas bem diferentes<br />

das espirais. Por exemplo,<br />

algumas galáxias têm a forma<br />

elíptica, outras são totalmente<br />

irregulares, sem qualquer<br />

forma bem definida.<br />

<strong>Observatório</strong> <strong>Nacional</strong>


Galáxia Elíptica NGC 5866<br />

<strong>Observatório</strong> <strong>Nacional</strong> 07


Galáxia Espiral M31<br />

08<br />

<strong>Observatório</strong> <strong>Nacional</strong>


Notaram a diferença,<br />

gritante, entre elas?<br />

Tem mais ainda. Existem<br />

vários tipos de galáxias<br />

espirais.<br />

Não é não! Existem várias formas<br />

de espirais porque, algumas,<br />

possuem uma barra passando<br />

pela sua região central, enquanto<br />

outras, não mostram isso.<br />

Ai, droga! Diferentes?<br />

Espiral é espiral e ponto<br />

final!<br />

Veja os exemplos.<br />

Puxa, é mesmo? São bem diferentes.<br />

Rimou!<br />

<strong>Observatório</strong> <strong>Nacional</strong> 09


10<br />

Galáxia Espiral M101<br />

<strong>Observatório</strong> <strong>Nacional</strong>


Galáxia Barrada NGC 1365<br />

<strong>Observatório</strong> <strong>Nacional</strong> 11


12<br />

Notaram a diferença? As que têm a barra<br />

central são chamadas de “espirais<br />

barradas” e as que não têm a barra são<br />

simplesmente chamadas de “espirais”<br />

ou “espirais normais”.<br />

Então, são três os tipos de<br />

galáxias que existem no<br />

Universo: elipticas, espirais<br />

e espirais barradas.<br />

Ih, é mesmo! As galáxias são<br />

elípticas, espirais, espirais<br />

barradas e irregulares.<br />

Pronto! Tá resolvido.<br />

E as galáxias irregulares?<br />

Você esqueceu!<br />

Ainda não! Está faltando um tipo<br />

de galáxia. Além disso, temos<br />

que discutir as peculiaridades de<br />

todas elas.<br />

<strong>Observatório</strong> <strong>Nacional</strong>


Ah, professor! Conta logo<br />

a história toda. Quem é<br />

que está faltando?<br />

Ué! A palavra é “ispiral”<br />

não tem um “i” no início?<br />

“I” não, anormal, é “e”! A palavra<br />

é “espiral”. A palavra que começa<br />

com “i” é “idiota”!<br />

Existe um tipo de galáxia que é<br />

chamado de “lenticular”. É um<br />

tipo de galáxia que não é nem<br />

uma elíptica, nem uma espiral,<br />

algo assim entre os dois tipos.<br />

Bem, não é uma alteração<br />

tão grande!<br />

É muito fácil guardar essa classificação.<br />

Vejam só: - Representamos as galáxias<br />

elípticas por um E, as lenticulares por SO,<br />

as espirais por S, as espirais barradas por<br />

SB e as irregulares por Ir.<br />

Foi Edwin Hubble quem criou essa classificação. Como<br />

ele era norte-americano usou iniciais das palavras, em<br />

inglês, que também servem de abreviação para as<br />

palavras correspondentes, em português, para quase<br />

todas as categorias, com exceção de “espiral” que, para<br />

eles, é “spiral”. Dai o “S”.<br />

<strong>Observatório</strong> <strong>Nacional</strong> 13


Mas quais são os detalhes<br />

que estão faltando? Foi o<br />

senhor quem disse isso!<br />

14<br />

Isso tá complicando.<br />

Como é que fica a<br />

classificação então?<br />

Acontece que nem todas as galáxias<br />

elípticas são iguais entre si, assim como,<br />

nem todas as espirais também. Idem<br />

com as galáxias espirais barradas e até<br />

mesmo com as irregulares. E, por causa<br />

disso, essas classificações são<br />

subdivididas.<br />

Temos que ir por partes. Vamos ver primeiro<br />

as galáxias elípticas. A figura de uma elipse é<br />

caracterizada pela sua excentricidade. Quanto<br />

maior a excentricidade mais “achatada” é a<br />

elipse e quanto menor a excentricidade mais<br />

“gordinha ela é. Veja a figura.<br />

<strong>Observatório</strong> <strong>Nacional</strong>


Graus de Excentricidade em Elipses<br />

e=0,0 e=0,1 e=0,2<br />

e=0,4<br />

e=0,8<br />

e=0,99<br />

e=0,5<br />

e=0,9<br />

e=0,999<br />

e=0,6<br />

e=0,95<br />

e=0,3<br />

e=0,7<br />

e=0,98<br />

<strong>Observatório</strong> <strong>Nacional</strong> 15


Galáxia Elíptica do tipo E0 M87<br />

16<br />

Embora a elipse seja uma figura plana e a<br />

galáxia um corpo com três dimensões, usamos<br />

a mesma classificação para as galáxias.<br />

Quanto mais “achatada” ela é, maior a sua<br />

elipticidade. Isso nos faz classificá-las com<br />

número que vão de 0 a 7, sendo 7 a galáxia<br />

elíptica mais achatada. Vejam as imagens.<br />

<strong>Observatório</strong> <strong>Nacional</strong>


Galáxia Elíptica do tipo E4 M49 - NGC 4472<br />

<strong>Observatório</strong> <strong>Nacional</strong> 17


Galáxia Elíptica do tipo E7 M82_HST_ACS_2006<br />

18<br />

<strong>Observatório</strong> <strong>Nacional</strong>


E as galáxias espirais?<br />

Complicou.<br />

Essas são, um pouquinho, mais<br />

complicadas. As galáxias espirais<br />

posuem uma região central, de onde<br />

saem os braços espirais. A classificação<br />

leva em conta se esses braços estão<br />

muito apertados ou não em volta da<br />

região central. Também leva em conta o<br />

tamanho da região central.<br />

É fácil! Preste atenção: -Dividimos as galáxias<br />

espirais em três grandes subgrupos, que<br />

chamamos de “a”, “b” e 'c”. Aquelas galáxias<br />

que têm os braços bem apertados em volta da<br />

região central, são classificadas como Sa.<br />

Aquelas com os braços bem abertos, são as<br />

Sc. As galáxias Sb são, obviamente, as que<br />

ficam entre essas duas classificações.<br />

Vejam a figura. Ela esclarece,<br />

bastante, o que eu acabei de<br />

dizer.<br />

<strong>Observatório</strong> <strong>Nacional</strong> 19


Galáxia Espirais do tipo Sa M94<br />

20<br />

<strong>Observatório</strong> <strong>Nacional</strong>


Galáxia Espirais do tipo Sb M81<br />

<strong>Observatório</strong> <strong>Nacional</strong> 21


Galáxia Espirais do tipo Sc M101<br />

22<br />

<strong>Observatório</strong> <strong>Nacional</strong>


E as galáxias espirais barradas?<br />

Galáxia Espirais do tipo SBa M95<br />

Elas são classificadas desse mesmo modo,<br />

em função da abertura dos braços espirais.<br />

Só que, nesse caso, chamamos de SBa,<br />

SBb e SBc. Vejam a figura.<br />

<strong>Observatório</strong> <strong>Nacional</strong> 23


Galáxia Espirais do tipo SBb M91<br />

24<br />

<strong>Observatório</strong> <strong>Nacional</strong>


Galáxia Espirais do tipo SBc M61<br />

<strong>Observatório</strong> <strong>Nacional</strong> 25


26<br />

Agora ficou fácil! Qualquer<br />

um faz essa classificação. É<br />

só ter uma boa fotografia<br />

da galáxia.<br />

Sempre tem um segredinho<br />

que eles não nos contam!<br />

Bem, eu contei só uma parte da história.<br />

Existem outros critérios que têm que ser<br />

levados em conta, quando classificamos<br />

uma galáxia. Mas, para nós, basta esse.<br />

Fica mais simples!<br />

Eu imagino que as galáxias<br />

irregulares não têm subdivisão,<br />

porque, irregular é irregular e<br />

ponto final!<br />

Não é bem assim! Existem alguns<br />

outros critérios que, se levados<br />

em conta, nos fazem subdividir<br />

as galáxias irregulares em dois<br />

tipos.<br />

<strong>Observatório</strong> <strong>Nacional</strong>


Ah! Não vai nos dizer que elas se<br />

subdividem em “galáxias pouco<br />

irregulares” e “muito irregulares”!<br />

Galáxia irregular NGC 1427A<br />

Não, não! É bem mais simples.<br />

Elas são chamadas de galáxias<br />

irregulares tipo I e tipo II. Só<br />

isso! Vejam as imagens.<br />

<strong>Observatório</strong> <strong>Nacional</strong> 27


28<br />

Professor, dá pra rever<br />

toda essa classificação?<br />

É muito detalhe!<br />

SÓ? Infelizes?<br />

Tava demorando!<br />

Tava demorando!<br />

Eu cheguei a pensar que<br />

ele tinha melhorado!<br />

Vou fazer melhor. Vou<br />

mostrar uma figura onde<br />

tudo isso está resumido.<br />

É o ...<br />

Professor! O senhor<br />

esqueceu das infelizes<br />

das SÓ!<br />

Ué! O nome está dizendo,<br />

“galáxias só”. Não é abreviação<br />

de galáxias “Sozinhas”?<br />

Eu já disse: esse cara precisa de<br />

um médico! Ninguém consegue<br />

ser tão burro! Não cabe tanta<br />

burrice em um só corpo!<br />

<strong>Observatório</strong> <strong>Nacional</strong>


Não, rapaz. Essas galáxias são<br />

chamadas pelos nomes das duas<br />

letras, “S” e ”O” e não de “SÓ”.<br />

Galáxia do tipo SO<br />

Mas você lembrou bem. Qual é a<br />

subdivisão delas? As galáxias chamadas<br />

de “SO” se dividem em dois grupos: o SO,<br />

que não tem “barra” e o SBO, com “barra”.<br />

Olhem só a figura.<br />

<strong>Observatório</strong> <strong>Nacional</strong> 29


Galáxia do tipo SBO<br />

30<br />

<strong>Observatório</strong> <strong>Nacional</strong>


Galáxia do tipo SO<br />

Aliás, vamos mostrar uma<br />

imagem, verdadeira, de<br />

uma galáxia SO. Aqui está.<br />

<strong>Observatório</strong> <strong>Nacional</strong> 31


32<br />

HA<br />

HA<br />

Tome cuidado comigo,<br />

cara! Eu sou faixa preta<br />

num monte de lutas!<br />

HA<br />

E a classificação que o<br />

senhor ia mostrar antes<br />

desse show de burrice?<br />

Trague sua faixa.<br />

Podemos usá-la, em<br />

você, como mordaça<br />

ou coleira!<br />

HA<br />

<strong>Observatório</strong> <strong>Nacional</strong>


Aqui está a classificação<br />

das galáxias, tal como foi<br />

proposto pelo astrônomo<br />

Hubble.<br />

Classificação das galáxias - Hubble<br />

<strong>Observatório</strong> <strong>Nacional</strong> 33


34<br />

Olhem com atenção para a figura. Qual<br />

a característica das galáxias espirais<br />

que muda, bastante, do subgrupo “a”<br />

até o “c”?<br />

Isso não conta,<br />

porque eu já tinha<br />

falado antes.<br />

Você é muito<br />

bobo mesmo!<br />

Que prêmio, doido?<br />

Do que você está<br />

falando?<br />

Ele faz questão<br />

de ser assim!<br />

Ele fez uma pergunta, eu<br />

respondi. Não valia prêmio,<br />

não? Então perdi meu tempo,<br />

respondendo de graça?<br />

Os braços abertos!<br />

Os braços! Eu disse<br />

primeiro! Fui eu!<br />

Bobo nada! Eu disse<br />

primeiro e ele agora<br />

não quer me dar o<br />

prêmio!<br />

Vamos lá minha<br />

gente! Está muito<br />

evidente!<br />

<strong>Observatório</strong> <strong>Nacional</strong>


Professor! A bolinha do<br />

meio é grande na Sa e vai<br />

diminuindo, até ficar bem<br />

pequena, na Sc.<br />

Valeu, cara! Ih! Arrasou! Parabéns!<br />

Muito bem! Parabéns! É isso<br />

mesmo! Só que a “bolinha do<br />

meio”, como você mesmo<br />

falou, é a região central da<br />

galáxia.<br />

Que bom que você acertou!<br />

Acho que isso tira a má<br />

impressão que o Giba causa<br />

sobre a turma.<br />

Tem que ser! Tem que ser!<br />

Detalhe é a minha obrigação!<br />

Todo policial vê o que ninguém<br />

vê. Eu estou treinando!<br />

<strong>Observatório</strong> <strong>Nacional</strong> 35


36<br />

Vejam que isso é uma outra característica da<br />

classificação das galáxias espirais: a região<br />

central é bastante grande nas Sa e vai<br />

diminuindo de tamanho, até chegarmos nas<br />

Sc. Isso vale tanto para as galáxias normais<br />

como para as barradas.<br />

Excepcional! Estou impressionado!<br />

Paulo, você arrasou!<br />

Juntando tudo podemos dizer que as galáxias<br />

Sa têm uma região central grande e braços<br />

espirais bem enroscados nela. As SB têm essa<br />

região menor e os braços mais abertos. E as Sc,<br />

têm a menor região central, das três, e seus<br />

braços são bem abertos.<br />

Continue respondendo, continue!<br />

Que bom! O professsor vai<br />

sair daqui com uma boa<br />

impressão sobre nossa<br />

turma!<br />

<strong>Observatório</strong> <strong>Nacional</strong>


Eu sabia tudo isso, mas não vou ficar trabalhando<br />

de graça prá esse professor, não. Ele pergunta,<br />

você responde e ele não dá nem um premiozinho!<br />

Oh! Vêja lá heim! Você<br />

está se arriscando! Eu<br />

sou faixa preta!<br />

Essa classificação facilita muito<br />

a conversa entre os astrônomos.<br />

Assim, quando alguém diz que<br />

uma galáxia é uma SBc todos<br />

sabem que ela é uma espiral<br />

barrada que tem os braços bem<br />

abertos e região central<br />

pequena.<br />

<strong>Observatório</strong> <strong>Nacional</strong><br />

Preta de sujeira!<br />

Aproveite a faixa, amarre-se<br />

na árvore do pátio e fique lá<br />

fora, o tempo todo!<br />

Vou pedir pra ele te dar uma<br />

banana de prêmio quando<br />

você acertar a resposta.<br />

É, realmente fica mais fácil dizer<br />

só a classificação, do que ter que<br />

fazer a descrição toda da galáxia.<br />

Sem dúvida! Facilita, mas não é<br />

suficiente para descrevê-la<br />

totalmente. Precisamos estudar<br />

suas características internas,<br />

suas estrelas, a quantidade de<br />

gás que ela possui, a quantidade<br />

de poeira interestelar, sua região<br />

central, etc.<br />

Depois de criarem essa<br />

classificação para as galáxias,<br />

o que os astrônomos fizeram?<br />

E elas diferem muito<br />

nesses aspectos?<br />

37


38<br />

Diferem sim, bastante! Por<br />

exemplo, as galáxias elípticas são<br />

formadas por estrelas velhas e<br />

praticamente não possuem gás e<br />

poeira interestelares no seu<br />

interior. Olhem só essa imagem.<br />

Galaxia Elíptica Gigante<br />

<strong>Observatório</strong> <strong>Nacional</strong>


Galaxia Elíptica Gigante - M87<br />

<strong>Observatório</strong> <strong>Nacional</strong> 39


Além disso, as galáxias<br />

elípticas são imensas, muito<br />

grandes mesmo! As maiores<br />

g a l á x i a s e x i s t e n t e s n o<br />

Universo, são elípticas.<br />

40<br />

E o que as galáxias espirais têm, de<br />

diferente, em relação às elípticas?<br />

As galáxias espirais, sejam elas<br />

normais ou barradas, possuem<br />

muitas estrelas jovens nas<br />

regiões de seus braços espirais.<br />

Essas estrelas jovens são muito<br />

quentes e, por isso, azuis.<br />

<strong>Observatório</strong> <strong>Nacional</strong>


Região de formação de estrelas<br />

(Nebulosa de Omega / Cisne M17)<br />

<strong>Observatório</strong> <strong>Nacional</strong> 41


Além disso, as galáxias espirais possuem<br />

uma grande quantidade de matéria<br />

interestelar. Olhem só essas imagens.<br />

Estão vendo as faixas escuras?<br />

Galaxia NGC 4013<br />

42<br />

Galáxias com faixas escuras.<br />

Galáxia ESO 510-G13<br />

<strong>Observatório</strong> <strong>Nacional</strong>


Essas regiões escuras têm muita poeira e<br />

gás interestelares. É nessas regiões que se<br />

formam grandes quantidades de estrelas.<br />

Essa é a região mais apinhada de estrelas<br />

em todas as galáxias, seja qual for o seu<br />

tipo. Em geral, na região central das<br />

galáxias, o número de estrelas é tão grande<br />

e elas estão tão próximas, que acaba<br />

ocorrendo colisões entre estrelas.<br />

Opa! Elas colidem mesmo?<br />

São destruídas?<br />

Colisão de estrelas? Eu vi uma<br />

acontecer, na transmissão da<br />

entrega do prêmio de cinema,<br />

q u a n d o d u a s e s t r e l a s<br />

esbarraram na entrada e...<br />

E a região central<br />

das galáxias?<br />

Colisões? Entre estrelas?<br />

Glorinha, cale a boca!<br />

Não é disso que nós<br />

estamos falando!<br />

Você não pode falar<br />

assim comigo não,<br />

garota! Eu acabo com<br />

você! Conheço muita<br />

gente da TV e...<br />

Ó, ó, feche a<br />

matraca!<br />

<strong>Observatório</strong> <strong>Nacional</strong> 43


Não liga não, Mariinha! Isso tudo aí é gente mal educada!<br />

Tudo gentinha! Sem qualquer “glamour”! Também, basta<br />

olhar para as roupas que eles usam. Cruzes! Dá até<br />

medo! Só nós duas é que salvamos nessa escola de<br />

samba do terceiro grupo, que é a essa turma!<br />

44<br />

Ainda bem. Eu não consigo<br />

imaginar o que seria a colisão<br />

de duas estrelas!<br />

Na maioria das vezes as estrelas<br />

passam muito próximas umas das<br />

outras, o suficiente para que suas<br />

órbitas sejam alteradas. Isso<br />

também chamamos de colisão.<br />

E se eu dissesse a você que<br />

existem colisões entre<br />

galáxias, o que você acha?<br />

O que, professor? Duas<br />

galáxias colidindo?<br />

<strong>Observatório</strong> <strong>Nacional</strong>


A r r e b e n t a n d o<br />

tudo? Destruindo<br />

as estrelas?<br />

Ai, gente! Pare com isso!<br />

Que violência! Eu acho que<br />

essas palestras deviam ser<br />

proibidas. É só violência, o<br />

tempo todo! Destrói aqui,<br />

explode ali, esmaga lá,<br />

cruzes!<br />

Lamento que você fique decepcionada<br />

com isso mas é assim que a natureza se<br />

comporta. Esmaga nuvens de gás e<br />

forma estrelas, explode estrelas<br />

formando supernovas, colide galáxias e<br />

até mesmo aglomerados de galáxias, e<br />

isso nem é tudo!<br />

<strong>Observatório</strong> <strong>Nacional</strong> 45


46<br />

Ah, professor! Eu odeio violência e<br />

acho que, se isso existe no espaço,<br />

deveriamos protestar, fazer uma<br />

manifestação, todos de branco,<br />

abraçar....<br />

Deviam então proibir o estudo<br />

dessa tal de astronomia... Só<br />

incentiva a violência!<br />

Professor, não gaste seu tempo<br />

com uma garota cuja única<br />

preocupação é repetir, feito<br />

papagaio, o que foi dito nos<br />

programas mais medíocres da TV.<br />

Cale a boca, paquita amarelada!<br />

Menina, você pode fazer a passeata que<br />

quiser, abraçar o que quiser, mas o<br />

Universo não vai dar a mínima atenção<br />

ao que você acha! Esses fenômenos não<br />

ocorrem porque o ser humano quer,<br />

mas porque a natureza é assim mesmo.<br />

A natureza não pergunta ao ser<br />

humano o que ela deve fazer; ela faz<br />

e não adianta espernear! A<br />

astronomia não incentiva a<br />

violência; ela mostra o que acontece<br />

no Universo, independente de<br />

gostarmos ou não. E, proibir o<br />

estudo de uma ciência, seja ela qual<br />

for, é o maior erro que uma<br />

sociedade pode fazer.<br />

<strong>Observatório</strong> <strong>Nacional</strong>


Professor, voltando ao que estava sendo<br />

dito, antes da “irmã gêmea” do Giba fazer<br />

o seu discurso sem conteúdo diário, o que<br />

seria uma colisão de galáxias?<br />

Caramba, isso deve<br />

ser espetacular!<br />

Em geral, essas galáxias acabam<br />

se reunindo em uma galáxia só,<br />

muito maior do que qualquer<br />

uma delas isoladamente.<br />

Absolutamente certo! Quando duas galáxias<br />

colidem, a compressão do gás e poeira<br />

interestelares dá origem a uma enorme<br />

criação de novas estrelas. Em geral, são<br />

estrelas muito quentes e, portanto, azuis.<br />

É algo impressionante! Imagine duas galáxias se<br />

aproximando cada vez mais. E, antes que eu seja<br />

mal-entendido, essa aproximação leva milhões de<br />

anos acontecendo. Antes mesmo que suas matérias<br />

se toquem o campo gravitacional de uma já estará<br />

perturbando completamente a outra, modificando as<br />

órbitas das estrelas, enfim, mexendo com tudo.<br />

Depois de milhões de anos, uma<br />

galáxia mergulha no interior da<br />

outra. E isso leva outros milhões<br />

de anos acontecendo! A maioria<br />

das suas estrelas vai passar<br />

através da outra galáxia sem<br />

sofrer danos, mas algumas, vão<br />

colidir e serão destruídas.<br />

E depois?<br />

Se, durante a colisão, tudo está<br />

sendo comprimido dentro das<br />

galáxias, eu imagino que o gás<br />

também está... Isso quer dizer<br />

que vão nascer muitas estrelas?<br />

<strong>Observatório</strong> <strong>Nacional</strong> 47


48<br />

Gente, o que está<br />

acontecendo com o<br />

Paulo? Ele está<br />

dando um show!<br />

Colisão entre<br />

duas galáxias<br />

Paulo, você está<br />

assombroso!<br />

Observação, colega, observação! Temos que<br />

aprender a juntar os detalhes. Só assim<br />

solucionamos os maiores mistérios. É isso<br />

que eu tenho treinado. Além do corpo, é<br />

claro! Musculação e karatê!<br />

NGC 4314<br />

Aqui está a imagem<br />

de uma colisão de<br />

galáxias.<br />

<strong>Observatório</strong> <strong>Nacional</strong>


Essa imagem está tremida e borrada!<br />

E o que querem dizer essas siglas?<br />

Não está, não! Essa belíssima imagem foi<br />

obtida pelos detectores do Telescópio Espacial<br />

Hubble, um projeto comum da agência<br />

espacial formada pelos países europeus, a<br />

ESA, e pela agência espacial dos Estados<br />

Unidos, a NASA.<br />

ESA são as iniciais em inglês de<br />

Agência Espacial Européia e NASA<br />

quer dizer Administração <strong>Nacional</strong><br />

de Aeronáutica e Espaço, também<br />

em inglês.<br />

Chegou a hora de ir embora, mas eu quero<br />

deixar uma brincadeira com vocês. Vejam<br />

com cuidado essa figura. Ela mostra: uma<br />

única galáxia; duas galáxias em interação;<br />

ou duas galáxias, quaisquer, no espaço? O<br />

que vocês acham?<br />

<strong>Observatório</strong> <strong>Nacional</strong> 49


M51<br />

50<br />

Duas galáxias<br />

<strong>Observatório</strong> <strong>Nacional</strong>


A resposta vai ficar com a professora de<br />

vocês. Na próxima aula, ela dirá a solução<br />

do enigma. Um abraço grande e muito<br />

obrigado pela atenção!<br />

Bem feito! Podia ter ficado<br />

sem escutar essa!<br />

Vocês tão namorando o perigo!<br />

É melhor ter cuidado comigo!<br />

Professor, professor, qual<br />

é o prêmio para quem<br />

acertar?<br />

Eu nem ligo! Sem<br />

prêmio eu não<br />

participo!<br />

O prêmio é acertar! Não<br />

existe prêmio maior do que<br />

aumentar, cada vez mais, o<br />

nosso conhecimento. Tchau!<br />

Dá uma banana prá ele! Giba, Giba! O prêmio é<br />

um montão de alfafa!<br />

Valeria! Valeria!<br />

O que é traste!<br />

Desgrude de mim!<br />

<strong>Observatório</strong> <strong>Nacional</strong> 51


52<br />

Numa boa! numa<br />

boa. Vamos brincar<br />

de galáxia Sa?<br />

O quê? Surtou? Que droga<br />

de brincadeira é essa?<br />

Palhaço! Idiota! Tarado!<br />

Você é o núcleo da galáxia. Eu<br />

sou os braços espirais. Vamos<br />

ficar bem agarradinhos e...<br />

<strong>Observatório</strong> <strong>Nacional</strong>


Uuuuu! Fora! Maluco!<br />

Tarado! Bobalhão!<br />

Eu vou te acertar, Zé<br />

Mané! Eu vou te acertar!<br />

Eu vou falar com o diretor!<br />

Vamos sim! Todas nós vamos<br />

lá com você! Vamos fazer<br />

uma passeata e abraçar a<br />

escola! Todo mundo amanhã<br />

vem vestido de...<br />

Cala a boca,<br />

paquita<br />

oxigenada!<br />

<strong>Observatório</strong> <strong>Nacional</strong> 53


COPYRIGHT<br />

As imagens usadas nessa história são propriedade dos seguintes Institutos de Pesquisa:<br />

página 07<br />

NASA / Hubble Space Telescope (HST)<br />

páginas 08, 10, 16, 17,18, 21, 22, 23, 24, 25, 27, 29, 30, 31, 38, 39 e 50<br />

National Aeronautics and Space Administration (NASA) / European Space Administration (ESA) /<br />

Hubble Space Telescope (HST)<br />

página 11<br />

European Southern Observatory (ESO)<br />

página 41<br />

NASA /JPL / ACS Science Team<br />

página 42<br />

NASA / STScI/AURA / HST<br />

página 48<br />

NASA / HST<br />

54<br />

<strong>Observatório</strong> <strong>Nacional</strong>


Rua General José Cristino, 77 - CEP 20921-400<br />

Bairro: São Cristóvão, Rio de Janeiro<br />

tel: (55) (21) 3504-9100<br />

http://www.on.br

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