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Os eclipses do Sol e da Lua<br />
O que é um eclipse<br />
Cada objeto do Sistema Solar produz sombra, uma vez que é capaz de<br />
impedir que a luz emitida pelo Sol atinja regiões situadas logo atrás dele.<br />
Essa sombra se torna aparente sempre que algum outro corpo celeste entra<br />
nesta região escura.<br />
Nosso planeta também lança sombra no espaço. O comprimento médio da<br />
sombra da Terra é de 1 380 000 quilômetros, mais de três vezes a distância<br />
média Terra-Lua. O cone de sombra possui uma base com diâmetro de<br />
quase 10 000 quilômetros.<br />
Dizemos que ocorre um eclipse quando um corpo celeste penetra na sombra<br />
produzida por outro corpo celeste. Assim, para que um eclipse ocorra,<br />
é necessário que pelo menos três corpos estejam envolvidos.<br />
No caso do nosso planeta, os eclipses envolvem o Sol, a Terra e a Lua.<br />
Neste caso, dizemos que um eclipse ocorre sempre que qualquer parte<br />
da Terra entra na sombra produzida pela Lua, ou a Lua entra na sombra<br />
produzida pela Terra. No primeiro caso teremos um eclipse solar enquanto<br />
que, no outro caso, o eclipse será lunar.<br />
Por que ocorrem os eclipses<br />
Como consequência de seus movimentos orbitais sempre haverá momentos<br />
em que o Sol, a Lua e a Terra estarão alinhados. Essa é a condição<br />
primária para termos um eclipse: o Sol, a Lua e a Terra devem estar, aproximadamente,<br />
ao longo de uma linha reta. No entanto, como veremos, essa<br />
condição não é a única exigida para a ocorrência de um eclipse.<br />
03
Quando a sombra da Lua atinge a<br />
Terra, as pessoas que estão nesta<br />
região de sombra, veem o Sol,<br />
parcialmente ou totalmente, coberto<br />
pela Lua. Neste caso temos um<br />
eclipse solar.<br />
Quando a Lua entra na sombra da<br />
Terra, as pessoas que se encontram<br />
nas regiões onde é noite, veem a Lua<br />
fi car, parcialmente ou totalmente,<br />
escurecida. Neste caso temos um<br />
eclipse lunar.<br />
04
No entanto, precisamos ter cuidado ao falar da sombra<br />
da Terra ou da Lua. As sombras da Terra e da Lua são<br />
compostas de duas partes: o cone onde a sombra é<br />
mais escura chamado umbra, e uma região mais clara<br />
chamada penumbra.<br />
Na fi gura abaixo, pode ser vista a formação da umbra<br />
e penumbra e como seria a aparência da Lua, dependendo<br />
de que ponto se encontra, dentro da sombra<br />
da Terra.<br />
Naturalmente os eclipses, mais espetaculares, ocorrem<br />
quando um corpo celeste penetra na umbra, produzida<br />
por outro.<br />
05
<strong>Eclipse</strong> Lunar<br />
Um eclipse lunar ocorre quando a Lua passa através da sombra da Terra.<br />
A próxima imagem mostra como isso pode ocorrer.<br />
Na figura abaixo podemos ver a geometria<br />
deste evento.<br />
Uma vista de cima nos mostraria, esquematicamente,<br />
a seguinte geometria:<br />
A parte mais escura da sombra da Terra, a umbra, cobre<br />
uma região de cerca de 1,4 milhões de km de comprimento,<br />
mais de quatro vezes a distância Terra-Lua, que<br />
é de 384 000 km!<br />
Diferentemente de um eclipse solar, que é visível apenas<br />
numa pequena região sobre a Terra, um eclipse lunar<br />
é visível em todas as regiões da Terra onde é noite e<br />
a Lua pode ser vista.<br />
06
Devido a este fato os eclipses lunares<br />
são mais freqüentes num<br />
determinado ponto da Terra do que<br />
os solares.<br />
Entretanto, a ocorrência de eclipses<br />
lunares não é tão simples como<br />
pode parecer pela descrição dada<br />
acima. Já vimos que para que ocorra<br />
um eclipse lunar é preciso que<br />
os três corpos envolvidos, o Sol, a<br />
Terra e a Lua, estejam distribuídos<br />
nessa ordem e, aproximadamente,<br />
em linha reta, ou seja, a Terra deve<br />
estar entre o Sol e a Lua. Isso nos<br />
diz então que, para ocorrer um eclipse<br />
lunar, a Lua deve estar em sua<br />
fase que chamamos de Lua Cheia.<br />
No entanto, esse alinhamento,<br />
somente, não é sufi ciente para que<br />
ocorra o eclipse.<br />
As órbitas descritas pelos planetas, em torno do Sol, defi nem um plano, ao<br />
qual damos o nome de eclíptica. Praticamente, todos os planetas estão no<br />
mesmo plano, com exceção<br />
do planeta Mercúrio e dos<br />
planetas anões Ceres, Plutão,<br />
Eris, Makemake e Haumea.<br />
No entanto, os satélites ao girarem<br />
em torno dos planetas,<br />
não descrevem órbitas no<br />
mesmo plano que o descrito<br />
pelos planetas em torno do<br />
Sol. Dito de outro modo, os<br />
satélites não descrevem órbitas<br />
no plano da eclíptica.<br />
07
Se a órbita que a Lua descreve em torno da Terra estivesse exatamente no<br />
mesmo plano que o da órbita terrestre, em torno do Sol (ou seja, no plano<br />
da eclíptica), teríamos um eclipse do Sol e da Lua a cada mês.<br />
Mas isso não acontece. Sabe por quê<br />
A órbita da Lua é inclinada 5,2 graus, com relação à<br />
eclíptica, ou seja, em relação ao plano da órbita que a<br />
Terra descreve em torno do Sol. Consequentemente, na<br />
maioria dos meses do ano, a Lua está situada bem acima<br />
ou abaixo da eclíptica e, por esse motivo, não consegue<br />
eclipsar o Sol, nem ser eclipsada pela Terra.<br />
08
Então, qual é a condição para que ocorram eclipses A trajetória da Lua em<br />
torno da Terra descreve um plano que corta o plano da trajetória da Terra<br />
em torno do Sol. Damos o nome de nodos aos pontos em que os dois planos<br />
se cruzam. Um deles é o nodo ascendente e o outro, é o nodo descendente<br />
e eles estão diametralmente opostos, afastados 180°.<br />
Observe que, no momento em que a Lua estiver passando em um dos nodos,<br />
ou estiver próxima a um deles, ela estará no plano da eclíptica, ou seja,<br />
no mesmo plano do movimento da Terra em torno do Sol. Nesse momento,<br />
Sol-Terra-Lua estarão alinhados (ou quase alinhados).<br />
Lua<br />
Sol<br />
Nodo Descendente<br />
Órbita da Terra<br />
Nodo Ascendente<br />
Órbita da Lua<br />
09
Assim, só haverá eclipse lunar<br />
quando a Lua estiver próxima<br />
a um dos dois nodos orbitais<br />
e o tipo e duração do eclipse<br />
dependerá da localização<br />
da Lua em relação a eles.<br />
Por esse motivo só ocorre<br />
eclipse lunar quando a Lua<br />
está na fase de Lua Cheia,<br />
ou seja, para um observador<br />
situado no Sol a Lua estará<br />
“atrás” da Terra.<br />
Os vários tipos de eclipses lunares<br />
Existem três tipos de eclipses lunares<br />
Total<br />
Um eclipse lunar é total,<br />
apenas, quando<br />
o disco da Lua entra,<br />
totalmente, na umbra<br />
da Terra.<br />
Penumbral<br />
Um eclipse lunar é penumbral,<br />
quando o disco<br />
da Lua cruza, somente,<br />
a penumbra da<br />
Terra.<br />
Sem eclipse<br />
<strong>Eclipse</strong> Parcial/Penumbral<br />
<strong>Eclipse</strong> Total (Umbral)<br />
<strong>Eclipse</strong> Total (Umbral)<br />
<strong>Eclipse</strong> Parcial/Penumbral<br />
<strong>Eclipse</strong> Parcial/Penumbral<br />
Trajetória do <strong>Eclipse</strong><br />
Lunar no Nodo<br />
descendente<br />
Parcial<br />
Um eclipse lunar é parcial,<br />
quando o disco da<br />
Lua entra, parcialmente,<br />
na umbra da Terra.<br />
10
Muitas pessoas acreditam que, ao falarmos de “eclipse total” da Lua,<br />
estamos dizendo que o nosso satélite natural irá desaparecer, momentaneamente,<br />
do céu. Isso é um erro, pois mesmo quando está<br />
totalmente eclipsada, a Lua ainda é parcialmente visível. Ela irá assumir<br />
uma coloração avermelhada devida à luz do Sol que incidiu na<br />
atmosfera terrestre e foi desviada para a umbra.<br />
11
Os eclipses do<br />
Sol<br />
Foi o astrônomo alemão Johannes Kepler quem nos mostrou que os planetas<br />
não descrevem órbitas circulares. Suas órbitas em torno do Sol são elípticas<br />
e o Sol ocupa um dos focos dessa elípse. A consequência disso é que a<br />
distância Terra-Sol não é sempre a mesma. A Terra se aproxima do Sol chegando<br />
à distância de 147 098 074 km e, a esse ponto mais próximo de sua<br />
órbita damos o nome de periélio. Seis meses depois, nosso planeta está<br />
no ponto mais distante do Sol, a cerca de 152 097 701 km, ponto que recebe<br />
o nome de afélio.<br />
A distância média da Terra ao Sol, que chamamos de unidade<br />
Astronômica, é cerca de 149 597 871 km.<br />
O mesmo ocorre com a Lua no seu movimento em torno da Terra. Sua órbita<br />
também é uma elipse. A maior aproximação entre a Terra e a Lua se dá<br />
em um ponto chamado perigeu. Nesse ponto, nosso planeta e seu único<br />
satélite natural estão a cerca de 363 104 km de distância. O maior afastamento<br />
ocorre quando a Lua atinge o apogeu de sua órbita, fi cando a cerca de<br />
405 696 km da Terra.<br />
12
A distância média Terra-Lua é de cerca de 384.000 km.<br />
Como consequência da variação das distâncias, Terra-Sol e Terra-Lua, os<br />
tamanhos angulares do Sol e da Lua, vistos da Terra, variam ligeiramente<br />
a medida que eles se aproximam ou se afastam da Terra. Veja, por exemplo,<br />
os diferentes tamanhos aparentes da Lua quando ela está no apogeu<br />
e no perigeu.<br />
13
O Sol e a Lua têm, na época de hoje, quase o mesmo tamanho aparente no<br />
céu. Embora o Sol seja cerca de 400 vezes maior do que a Lua, ele se encontra<br />
quase 400 vezes mais longe de nós do que o nosso satélite natural. Isso faz<br />
com que, tanto o Sol como a Lua, tenham quase o mesmo tamanho angular<br />
no céu, cerca de meio grau (0°,5).<br />
Sol<br />
Lua<br />
Razão Sol/Lua<br />
Diâmetro (km)<br />
1 392 000<br />
3474<br />
399,88<br />
Distância (média) à Terra<br />
149 600 000 ()<br />
384.400<br />
389,178<br />
Como resultado disso, a Lua, como vista da Terra, parece em algumas datas<br />
previstas, cobrir parcial ou totalmente o disco do Sol, produzindo um dos<br />
eventos mais espetaculares da natureza, o eclipse do Sol.<br />
Os vários tipos de eclipses solares<br />
O tipo de eclipse solar que será observado depende da distância Terra-Lua,<br />
durante o evento. Existem três tipos de eclipses solares.<br />
1- <strong>Eclipse</strong> Total:<br />
Se o Sol e a Lua estiverem alinhados<br />
apropriadamente, então a parte<br />
mais escura da sombra da Lua atinge<br />
alguma pequena região na superfície<br />
da Terra. Qualquer um que esteja nesta<br />
pequena região não conseguirá ver<br />
o disco solar, presenciando um<br />
eclipse total do Sol.<br />
14
Um eclipse total do Sol ocorre toda vez que a umbra da Lua, atinge a<br />
superfície da Terra, como mostra a fi gura abaixo. Isso quer dizer que<br />
o alinhamento deve ser Sol-Lua-Terra, ou seja, eclipses solares só<br />
ocorrem durante a fase de Lua Nova. Entretanto, se a Lua estiver um pouco<br />
mais próxima de nós, o sufi ciente para que seu disco aparente no céu tenha<br />
o mesmo tamanho que o disco aparente do Sol, pode ocultar completamente<br />
o Sol, produzindo um eclipse solar total.<br />
A geometria de um eclipse solar total é ilustrada na figura abaixo.<br />
15
2- <strong>Eclipse</strong> Parcial:<br />
As pessoas que se encontram dentro da penumbra da Lua verão apenas<br />
uma parte do Sol eclipsado pela Lua, presenciando então um eclipse<br />
parcial do Sol.<br />
Para essas pessoas, nosso satélite parece ter um diâmetro<br />
aparente ligeiramente menor do que o do Sol. Isso faz com<br />
que o disco lunar não consiga cobrir totalmente o disco solar,<br />
mesmo que os dois corpos estejam perfeitamente alinhados.<br />
3- <strong>Eclipse</strong> Anelar:<br />
Quando a sombra da Lua<br />
não alcança a superfície<br />
da Terra o resultado é um<br />
eclipse anelar do Sol.<br />
À medida que a Lua continua sua trajetória no sentido leste, o contorno mais<br />
externo de sua sombra se moverá na mesma direção a uma velocidade de<br />
cerca 1 500 km por hora, numa estreita faixa sobre a superfície da Terra.<br />
Esse estreito caminho percorrido pela sombra da Lua na superfície da Terra é<br />
chamado de trajetória do eclipse, como mostrado (linhas vermelhas) na figura<br />
a seguir. Devido a este movimento a duração de um eclipse num ponto específico<br />
nunca é superior a 7 minutos.<br />
16
Como observar um eclipse solar<br />
Devemos ser bastante<br />
cautelosos ao observar um<br />
eclipse solar. Sem dúvida esse é um<br />
espetáculo imperdível, mas que, se<br />
não tivermos precauções pode causar danos<br />
irreparáveis e irreversíveis a nossa saúde.<br />
Sabemos que não devemos, jamais, de modo algum,<br />
olhar para o disco brilhante do Sol, que aparece<br />
todos os dias no céu. O que está sendo mostrado é a chamada fotosfera solar,<br />
a região do Sol que emite uma grande quantidade de radiação visível e invisível.<br />
Nossos olhos não estão preparados para suportar isso. Mesmo alguns<br />
segundos de observação do disco solar podem causar danos permanentes<br />
à retina dos nossos olhos. Esse danos podem ir, de uma cegueira parcial até<br />
mesmo a uma irreparável cegueira total. Mesmo uma simples “olhadinha”, de<br />
um segundo, pode causar danos sérios aos seus olhos.<br />
Lembre-se: A retina do olho humano não é sensível à dor e, portanto, os efeitos<br />
dos danos que a radiação solar está causando nela não são sentidos durante<br />
a observação.<br />
Pode até mesmo acontecer que os danos provocados por uma observação do<br />
Sol a olho nu (sem proteção), só venham a aparecer horas depois do evento.<br />
Lembre-se: Seus olhos não avisarão que danos irreversíveis estão sendo acumulados<br />
e que sua visão está sendo destruída.<br />
17
Se o simples fato de olhar para o Sol em um dia comum não é algo agradável<br />
devido à sensação de desconforto e a dificuldade de manter o olhar fixo em<br />
algo tão brilhante, o mesmo não acontece durante um eclipse solar. Nesse<br />
momento, com o disco solar coberto pela Lua, o brilho solar está bastante<br />
diminuído e aí se torna bem mais tentador dar uma “olhadinha”. E isso é um<br />
grande erro!<br />
Olhar para o Sol, durante um eclipse, mesmo que ele já<br />
esteja perto da sua totalidade, é tão perigoso quanto<br />
olhar para seu disco em um dia qualquer. Olhar o disco<br />
solar usando qualquer ajuda de equipamentos, seja um<br />
simples binóculo, um telescópio ou mesmo o visor de<br />
uma câmera fotográfi ca, é ainda mais perigoso!<br />
Então, como observar um eclipse solar<br />
Durante um eclipse parcial ou anular do Sol ou então durante um eclipse<br />
total, mas fora do período de totalidade, você deve usar métodos indiretos<br />
para ver o disco solar ou então, equipamento de proteção para os olhos. O<br />
disco solar pode ser observado usando-se fi ltros solares profi ssionais, que<br />
bloqueiam a parte da radiação solar que é maléfi ca aos nossos olhos.<br />
Lembre-se: Óculos escuros não são seguros para observar o Sol nem o uso<br />
de pedaços de fi lmes de fotografi a ou de Raio-X!<br />
18
O método mais seguro é por meio de uma projeção,<br />
indireta, do disco solar. Para isso você deve projetar a<br />
imagem do disco solar sobre um pedaço de papel ou<br />
cartão, usando binóculos (com uma das lentes cobertas),<br />
um telescópio ou um outro pedaço de cartolina,<br />
no qual você fez, anteriormente, um pequeno furo de<br />
cerca de 1 milímetro de diâmetro. Essa imagem projetada<br />
do Sol pode ser observada sem qualquer risco<br />
para a sua saúde.<br />
No entanto, lembre-se que ninguém, de modo algum, deve ajustar a posição<br />
do binóculo, telescópio ou mesmo da cartolina, olhando através desses objetos<br />
para o Sol.<br />
Observar o disco solar através da tela de uma câmera digital, seja ela fotográfica<br />
ou de vídeo, é seguro para você, mas não para a câmera. A exposição<br />
direta ao Sol irá danificar certamente o chip CCD que a câmera possui.<br />
19
O<br />
período de tempo de um eclipse total do Sol tem duração muito<br />
pequena. Esse intervalo entre início e fi m da totalidade é divulgado<br />
pelos observatórios astronômicos e o simples uso de um despertador<br />
ajudará você a saber o instante em que deve cessar a observação<br />
visual, desde que protegida por equipamentos adequados para este fi m.<br />
Lembre-se que a duração da totalidade, assim como o instante de seu início<br />
e seu fi m, dependem do local onde o eclipse está sendo observado.<br />
Os valores são calculados para cada cidade.<br />
O que você observa durante a<br />
TOTALIDADE do eclipse do Sol<br />
A estrutura do Sol é dividida pelos astrônomos<br />
da seguinte forma (do centro<br />
para a superfície):<br />
região central<br />
zona radiativa<br />
zona convectiva<br />
fotosfera<br />
cromosfera<br />
coroa solar<br />
20
Vamos comentar, apenas, as camadas que se situam<br />
acima da superfície do Sol.<br />
Fotosfera - É a superfície do Sol. No entanto, a fotosfera é<br />
uma região muito pouco profunda, não tendo mais do que<br />
500 quilômetros de espessura. Se a compararmos com a estrutura<br />
global do Sol, podemos fazer uma analogia dizendo que<br />
a fotosfera é mais fi na do que a casca de uma maçã. A temperatura<br />
na fotosfera varia de cerca de 5800 K no seu topo até<br />
7500 K na sua base, sendo efetivamente a região de gás mais<br />
frio que envolve todo o Sol. As manchas solares são regiões<br />
“mais frias” que se formam na fotosfera solar.<br />
Cromosfera - É a região que está localizada logo acima da fotosfera.<br />
Sua espessura é de cerca de 10 000 quilômetros e sua temperatura<br />
varia de 5 000 K, próximo à fotosfera, até várias centenas de milhares<br />
de Kelvin, no seu limite superior. Entretanto atente para o fato de que<br />
estes limites não são bem defi nidos e os valores citados acima, tanto<br />
para as espessuras destas camadas como para suas temperaturas,<br />
podem variar bastante.<br />
Coroa solar - É região situada acima da cromosfera que se<br />
estende para fora do Sol por uma distância equivalente a vários<br />
raios solares. A coroa é uma região altamente rarefeita e, curiosamente,<br />
o gás que a forma possui uma temperatura bastante<br />
alta, atingindo cerca de 2 000 000 Kelvins!<br />
21
Durante o eclipse total do Sol<br />
você poderá observar algumas<br />
de suas partes que não<br />
são visíveis normalmente. Estamos<br />
falando da coroa solar,<br />
a região do Sol que está situada<br />
acima da cromosfera.<br />
Pode ser até que você tenha<br />
sorte e consiga presenciar<br />
um “fl are” solar, eventos explosivos<br />
muito intensos que<br />
ocorrem na superfície do Sol.<br />
Estes eventos se caracterizam<br />
por produzir um intenso<br />
brilho em certas regiões da<br />
atmosfera solar.<br />
Um único “fl are” pode liberar<br />
uma quantidade de energia<br />
equivalente a 100 milhões<br />
de bombas de fusão de<br />
hidrogênio.<br />
22
Com um pouco mais de sorte,<br />
você poderá ver até mesmo a<br />
cromosfera do Sol. A cromosfera<br />
é muito mais fraca do que a<br />
fotosfera. Isto faz com que ela<br />
somente seja visível durante os<br />
eclipses solares, quando pode<br />
ser vista como um clarão rosa.<br />
Com muito mais sorte ainda...<br />
quem sabe Você irá presenciar<br />
um belíssimo evento, que<br />
é a formação de uma proeminência<br />
solar, uma enorme<br />
massa de gás, mais frio, projetada<br />
para fora do limbo solar<br />
e que fi ca suspensa na coroa,<br />
fi na e quente, do Sol.<br />
23
Essa imagem de uma enorme<br />
proeminência em forma<br />
de alça, foi obtida em 1999<br />
pela sonda espacial Solar<br />
and Heliospheric Observatory<br />
(SOHO), um projeto conjunto<br />
NASA/ESA que está<br />
em órbita em torno do Sol, a<br />
1,5 milhões de quilômetros<br />
da Terra.<br />
As áreas mais quentes aparecem<br />
na imagem com uma cor quase<br />
branca enquanto que as áreas<br />
vermelhas mais escuras indicam<br />
temperaturas mais frias. Algumas<br />
vezes estas proeminências podem<br />
ser imensas em tamanho, capazes<br />
de escapar da atmosfera do Sol. Já<br />
foi fotografada uma proeminência<br />
que se lançava para fora do disco<br />
solar por uma distância equivalente<br />
a mais de 35 vezes o tamanho<br />
da Terra.<br />
Este tipo de proeminência quando<br />
ocorre na direção da Terra<br />
é capaz de afetar as comunicações,<br />
os sistemas de navegação<br />
e as redes de potência energética,<br />
produzindo auroras visíveis<br />
no céu noturno em latitudes<br />
mais altas.<br />
24
Outros belíssimos efeitos também são vistos durante um eclipse solar. Um<br />
deles é o chamado “contas de Baily”. Essas “contas” são vistas na parte<br />
bem pequena do Sol que ainda aparece iluminada durante um eclipse total.<br />
Elas surgem devido a um fato bem interessante: a Lua está ocultando o<br />
disco solar, mas o limbo do nosso satélite não é uma circunferência suave.<br />
Ela é recortada por vales e montanhas que fazem parte do relevo da Lua.<br />
À medida que o disco lunar encobre o disco solar, a luz do Sol ainda é capaz<br />
de alcançar a Terra, passando através dos vales que existem no limbo lunar<br />
e sendo obstruída pelas montanhas, que ali se encontram. É essa passagem<br />
ou não de luz solar que forma as várias “contas” que observamos.<br />
Um outro efeito muito interessante é o “anel<br />
de diamantes” que aparece um pouquinho<br />
antes do início da totalidade de um eclipse<br />
solar. Esse “anel” nada mais é do que o último<br />
“fl ash” brilhante de luz solar visto na<br />
Terra, antes da totalidade do eclipse estar<br />
formada. Visto da Terra, realmente lembra<br />
um diamante em um anel que as mulheres<br />
conhecem como um “solitário”.<br />
No entanto, tenha cuidado: tanto as “contas<br />
de Baily” como o “anel de diamantes”,<br />
são formados por partes da fotosfera do<br />
Sol ainda visíveis e, portanto, não devem<br />
ser observadas sem o uso de uma proteção<br />
adequada para os olhos.<br />
25
Demônios invadindo a Terra:<br />
de que modo os eclipses afetam o ser humano<br />
Em épocas mais antigas os eclipses, tanto da Lua como do Sol, eram motivo<br />
de terror. Alguns povos antigos chegaram a desenvolver cerimônias para<br />
afastar os demônios que estavam provocando aquele estranho fenômeno.<br />
Alguns batiam tambores para afastar os maus espíritos. Outros acendiam<br />
fogueiras para mostrar o caminho de volta ao Sol. A imagem mostrada abaixo<br />
pertence a um atlas europeu de 1827, onde os Incas são representados,<br />
em desespero, durante um eclipse.<br />
26
Todo esse terror cresceu bastante durante a Idade Média, quando o misticismo<br />
se abateu sobre o mundo europeu e a ciência foi dominada pela<br />
Igreja. Somente com o advento do telescópio e a descoberta de que outros<br />
planetas também possuíam satélites, e que esses também eram eclipsados,<br />
é que o entendimento dos eclipses melhorou.<br />
Para isso, foi necessário que Johannes Kepler mostrasse, ao mundo, suas<br />
três famosas leis do movimento planetário:<br />
1ª- Os planetas descrevem órbitas elípticas (e não circulares como até então<br />
se imaginava);<br />
2ª- O Sol ocupa, não o centro, mas um dos focos dessa trajetória<br />
elíptica;<br />
3ª- Os planetas possuem velocidades diferentes ao longo de suas órbitas,<br />
sendo mais rápidos quando estão próximos ao Sol e mais lentos quando<br />
estão mais distantes.<br />
27
Sempre ocorreram<br />
eclipses<br />
Certamente que não! Hoje vemos<br />
eclipses solares porque o disco da<br />
Lua no céu algumas vezes, cobre<br />
perfeitamente o disco solar. Isso<br />
ocorre porque o diâmetro aparente<br />
da Lua, no céu é aproximadamente<br />
o mesmo que o do Sol quando vistos<br />
da Terra. No entanto isso nem<br />
sempre foi assim.<br />
Há cerca de 100 milhões de anos,<br />
a Lua estava muito mais próxima da<br />
Terra do que agora. Com o passar<br />
dos tempos, o efeito da atração gravitacional<br />
entre a Terra e a Lua fez<br />
com que a Lua fosse lentamente se<br />
afastando do nosso planeta. Devido<br />
a esse efeito, chamado de “aceleração<br />
de maré”, a Lua se afasta cerca<br />
de 3,8 centímetros da Terra a cada<br />
ano e, em um futuro distante, estará<br />
sufi cientemente afastada de nós,<br />
para que não possamos mais ver um<br />
eclipse total do Sol.<br />
Estima-se que em cerca de 600 milhões<br />
de anos a distância Terra – Lua<br />
terá sido aumentada em cerca de<br />
23 500 quilômetros, o que signifi ca<br />
que o disco aparente lunar não será<br />
mais capaz de cobrir o disco aparente<br />
do Sol. Isto será verdade quando,<br />
simultaneamente, a Lua estiver no<br />
seu ponto orbital mais próximo da<br />
Terra (perigeu) e a Terra no seu ponto<br />
mais afastado do Sol (afélio).<br />
28
Um outro fator que complicará a<br />
existência de futuros eclipses solares<br />
é o fato de que o Sol, durante<br />
seu processo de evolução estelar,<br />
irá aumentar de diâmetro. Na escala<br />
de tempo citada acima (600 milhões<br />
de anos), certamente o Sol terá um<br />
diâmetro bem maior que o mostrado<br />
agora. Ele estará, lentamente,<br />
caminhando para se tornar uma<br />
estrela gigante vermelha. O aumento<br />
do diâmetro do Sol signifi ca um<br />
maior disco solar aparente no céu.<br />
Com o concomitante aumento da<br />
distância Terra-Lua, é muito improvável<br />
que possam ocorrer eclipses<br />
solares nessa época, ainda bastante<br />
remota para nós.<br />
Por que cada eclipse só é visível<br />
em alguns lugares<br />
Ocorre que a sombra projetada pela Lua sobre a superfície da<br />
Terra é que defi ne a área que verá o eclipse solar. Vimos que essa<br />
sombra se divide em duas partes: umbra e penumbra. A região<br />
coberta pela umbra verá um eclipse total do Sol, enquanto que a<br />
região coberta pela penumbra verá somente um eclipse parcial<br />
do Sol. Como o diâmetro da Lua é bem menor que o da Terra, a<br />
sombra projetada pela Lua não cobrirá toda a superfície da Terra,<br />
apenas uma pequena parte. Por essa razão o eclipse solar,<br />
quando ocorre, só é visto em algumas partes do globo terrestre.<br />
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No dia 29 de março de 2003 a Estação Espacial<br />
Internacional (International Space<br />
Station – ISS) fotografou a sombra da Lua<br />
se deslocando sobre a Terra.<br />
Já o eclipse lunar é bem mais visto. Quando ocorre um eclipse lunar, todo o<br />
hemisfério é capaz de ver a Lua, ou seja, todo o hemisfério noturno da Terra<br />
presencia o fenômeno. Somente a parte iluminada do nosso planeta é que<br />
não é capaz de observá-lo.<br />
Devido aos movimentos da Terra e da Lua em suas órbitas, os eclipses, tanto<br />
lunares como solares, não ocorrem sempre nas mesmas regiões da Terra.<br />
Os astrônomos, por meio de cálculos, cujos resultados são reunidos nas<br />
chamadas “efemérides astronômicas”, podem prever com bastante antecedência,<br />
sobre que regiões da superfície da Terra a umbra e a penumbra da<br />
Lua irão passar, assim como, os tempos de início e fim de cada um desses<br />
fenômenos.<br />
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Prevendo<br />
eclipses<br />
solares<br />
<strong>Eclipse</strong>s solares podem ser<br />
previstos com grande antecedência.<br />
Se sabemos o dia e<br />
a hora da ocorrência de um<br />
eclipse solar, é possível prever<br />
outros eclipses solares<br />
usando o que chamamos de<br />
ciclos de eclipses.<br />
Existem dois ciclos capazes de prever eclipses solares. São eles: o ciclo Saros<br />
e o ciclo Inex.<br />
Ciclo Saros<br />
É o melhor conhecido e prevê eclipses solares com bastante precisão.<br />
Um ciclo Saros dura 6585,3 dias, o que significa um pouco mais do que<br />
18 anos. Isso quer dizer que, após esse período, um eclipse solar, praticamente<br />
idêntico, irá ocorrer. A diferença mais notável entre os dois<br />
eclipses será um deslocamento de 120° em longitude (devido à fração<br />
de dia (0,3) que aparece no período do ciclo Saros) e uma pequena variação<br />
em latitude.<br />
Um ciclo Saros sempre começa com um eclipse parcial do Sol próximo a<br />
uma das regiões polares da Terra e então se desloca ao longo do globo<br />
terrestre através de uma série de eclipses, anulares ou totais, terminando<br />
na região polar oposta àquela onde iniciou. Um ciclo Saros dura entre<br />
1226 a 1550 anos e registra entre 69 a 87 eclipses, sendo que entre 40 a<br />
60 deles serão eclipses totais do Sol.<br />
Quando um ciclo Saros termina, um novo ciclo Saros começa, ou seja o<br />
ciclo Saros é contínuo<br />
Ciclo Inex<br />
O ciclo Inex é pobre, mas é bem conveniente, na classificaçào de eclipses.<br />
O ciclo Inex não tem a mesma continuidade que o ciclo Saros,<br />
ou seja: quando o ciclo Inex termina, ele recomeça um tempo mais tarde,<br />
o que justifica o seu nome, in-ex.<br />
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<strong>Eclipse</strong>s em outros planetas<br />
Vimos que, para termos alguns tipos de eclipses é necessário que o tamanho<br />
aparente entre dois corpos celestes seja praticamente o mesmo. Felizmente,<br />
vivemos em uma época em que os diâmetros aparentes do Sol e da Lua são<br />
suficientes para permitir que o disco solar seja encoberto pelo disco lunar,<br />
produzindo assim o eclipse total do Sol.<br />
Isso, entretanto, não ocorre em todos os outros planetas do Sistema<br />
Solar. Imediatamente, descartamos Mercúrio e Vênus da<br />
discussão de eclipses solares. O motivo é que esses<br />
planetas não possuem satélites e, portanto, nada<br />
que possa encobrir o disco solar.<br />
Em Marte, um observador na sua<br />
superfície veria somente eclipses<br />
parciais do Sol. Seus dois satélites,<br />
Fobos e Deimos, são pequenos<br />
demais para ter um diâmetro<br />
aparente capaz de cobrir o disco<br />
solar visto a partir daquele<br />
planeta. No entanto, eclipses<br />
de seus satélites são bastante<br />
comuns. Vários eclipses marcianos<br />
já foram fotografados,<br />
tanto pelas sondas que estão<br />
em sua superfície, como a partir<br />
de módulos em órbita em torno<br />
deste planeta.<br />
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Um observador colocado nos planetas gigantes<br />
Júpiter, Saturno, Urano e Netuno,<br />
também veria vários eclipses. Esses planetas<br />
possuem muitos satélites, o que torna<br />
comum esse tipo de evento. O único problema<br />
é que, por serem formados em sua<br />
maior parte por gás, esses planetas não<br />
possuem uma superfície sólida na qual um<br />
observador possa estar. Frequentemente,<br />
vemos as sombras dos quatro grandes satélites<br />
de Júpiter (Io, Europa, Ganimedes e<br />
Calisto), projetadas sobre a superfície do<br />
grande planeta.<br />
Esse fenômeno é bastante frequente e se<br />
deve à baixa inclinação do eixo de Júpiter.<br />
Os outros três planetas gigantes, por terem<br />
um eixo de inclinação bem mais alto que o<br />
de Júpiter, têm eclipses somente em certos<br />
períodos durante suas órbitas.<br />
Phobos<br />
Deimos<br />
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<strong>Eclipse</strong>s não são exclusividade<br />
de planetas. O pequeno<br />
planeta anão, Plutão,<br />
também tem eclipses, provocados<br />
pelo maior de<br />
seus três satélites, Caronte<br />
(os outros dois satélites<br />
são Nix e Hydra).<br />
Plutão<br />
Nix<br />
Caronte<br />
Hydra<br />
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