o olhar materno:um enfoque no narcisismo. - Sigmund Freud ...

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3. ILUSTRAÇÃO DE CASO CLÍNICO E QUESTIONAMENTOS TEÓRICOS Trago um resumo da história de vida de Lúcia bem como alguns trechos de sessões. Tenho como objetivo elucidar questões do narcisismo no contexto da clínica psicanalítica. Lúcia, uma moça de 23 anos, inicia comigo o tratamento no final de 2005. Ao questioná-la sobre motivo de sua busca , ela comenta: Bom, busco um tratamento para resolver algumas questões minhas. Acho que a minha insegurança. Acho que venho também porque tem a ver com toda a minha história de vida. Quando eu tinha uns 4 anos de idade, meus pais se separaram. Minha mãe me deixou. E eu acabei indo morar com o meu pai e a minha avó. Acho que tem uma carência com relação à presença da minha mãe. Acho quem tem a ver com as minhas inseguranças. Conforme o relato de Lúcia, se estabelece uma separação entre seus pais quando ainda era pequena. Refere que seus pais se separaram porque sua mãe o traía. Logo após a separação, Lúcia passou uns dias com sua mãe, e seu pai tinha pensado em solicitar guarda da filha na justiça. Mas eles conseguiram chegar a um acordo: Lúcia foi morar com seu pai. Tem a lembrança que sua mãe ficava lhe dizendo: “chora minha filha,
pede pela mãe. Aí, teu pai deixa a mãe ficar” (sic). Comenta que nunca fez isso, que nunca chorou, nem ficou pedindo para ela ficar. Em seguida, adoeceu, adquirindo ‘Diabetes’. Segundo a paciente, seu pedido se deu através do corpo. Lúcia conta que sua mãe acabou se prostituindo e que tem vergonha de falar neste assunto. Antes de ocorrer a separação, Lúcia comenta uma situação que a marcou. Estava em seu berço, quando escuta alguns barulhos. O berço ficava dentro do quarto dos pais. Lúcia conta que desce deste berço e vai em direção à cama, onde a mãe se encontrava. E a mãe lhe diz: “vai dormir, este não é o teu pai” (sic). Durante sua adolescência, tinha vergonha de sair de casa, visto que .mora numa cidade do interior com cerca de 20 mil habitantes; e tinha medo de que as pessoas a vinculassem com a mãe no que se refere à questão da prostituição. Certa vez, em um baile, a atual namorada do seu ex-namorado ficou dizendo que ela não prestava, que sua mãe é uma prostituta. Esta menina gritou bem alto: “ tu não vale nada, deveria bater ponto junto com a tua mãe” (sic). Após ter gritado, deu um tapa no rosto de Lúcia. Esta, comenta que não teve nenhuma reação, que “ficou guardando tudo” (sic). No entanto, em seguida, começou a ficar cheia de bolas pelo corpo. Comenta que hoje em dia isso ainda é um pouco difícil, ainda tem medo que fiquem apontando-a na rua. Segundo Lúcia, tem contato com sua mãe, no entanto, não consegue ser muito próxima dela. Ainda durante sua adolescência, ocorreu um fato a deixou muito constrangida. Lúcia estava na sala, tendo relações com seu primeiro namorado. Quando, de repente, seu pai entrou. Este ficou muito bravo. Em seguida, pegou uma arma e disse que ia matar seu namorado. O menino saiu correndo. Seu pai falou que ela era igual a sua mãe, que era uma vagabunda.. Comenta que “naquele dia, me senti como ela. Não, pior do que ela. Minha mãe sempre diz que a prostituta faz e recebe, mas a vagabunda faz e
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