20.04.2013 Views

Um olhar para as altas habilidades: construindo caminhos - CAPE

Um olhar para as altas habilidades: construindo caminhos - CAPE

Um olhar para as altas habilidades: construindo caminhos - CAPE

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

um <strong>olhar</strong> <strong>para</strong> aS altaS habilidadeS: ConStruindo CaminhoS<br />

Além disso, problema maior existe em deixar de identifi car um talento,<br />

que pode se perder de vári<strong>as</strong> maneir<strong>as</strong>, o que torna preferível correr o risco<br />

de não acertar tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> vezes. No c<strong>as</strong>o d<strong>as</strong> alt<strong>as</strong> <strong>habilidades</strong>, é preferível<br />

incluir quem não temos certeza de que deveria ser incluído do que deixar<br />

de fora os que demandam atenção diferenciada.<br />

Esse reconhecimento, no entanto, não é algo que se deva ter pendurado<br />

na parede, como se isso fi zesse daquela pessoa alguém “melhor”<br />

que os demais. A pessoa com alt<strong>as</strong> <strong>habilidades</strong> é diferente, m<strong>as</strong> isso não<br />

signifi ca que seja superior.<br />

Podemos fazer mais uma analogia. É útil e interessante sabermos nosso<br />

tipo sangüíneo, por exemplo, porque, se tivermos que fazer uma transfusão,<br />

não corremos o risco de receber um tipo de sangue inadequado, que<br />

pode até ser fatal. Se não fosse por isso, seria necessário fazer um exame<br />

de sangue?<br />

Ess<strong>as</strong> afi rmações têm como função chamar a atenção <strong>para</strong> um fenômeno<br />

cada vez mais evidente <strong>para</strong> educadores e profi ssionais da área da<br />

Saúde: a medicalização, ou adoção do modelo clínico médico como norteador<br />

de tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> noss<strong>as</strong> avaliações. Estabelecemos padrões ideais de funcionamento<br />

em tod<strong>as</strong> <strong>as</strong> áre<strong>as</strong> da ação humana, e quando tais ideais não<br />

são atingidos culpamos os indivíduos, como se estivessem “doentes”. Dessa<br />

forma temos tratado <strong>as</strong> diferenç<strong>as</strong>, perdendo a espontaneidade mesmo<br />

em <strong>as</strong>pectos como o prazer de comer, <strong>as</strong> relações amoros<strong>as</strong>, em nome<br />

de form<strong>as</strong> preestabelecid<strong>as</strong> de funcionamento dito “saudável”. E perdemos<br />

a confi ança em nossa capacidade de avaliação, dando importância<br />

e preferência apen<strong>as</strong> à que é feita por profi ssionais credenciados, o que é<br />

uma maneira de delegar a outros a responsabilidade. Aí reside a diferença<br />

entre, como já foi dito, afi rmar que alguém se mostra muito bom naquilo<br />

que faz, de modo que se diferencie dos demais, e um solene diagnóstico<br />

psicopedagógico que afi rme que essa pessoa é superdotada!<br />

Após a publicação de matéri<strong>as</strong> sobre superdotados<br />

em veículos de comunicação de grande<br />

penetração, <strong>as</strong> clínic<strong>as</strong> psicológic<strong>as</strong> recebem um<br />

grande número de pedidos de “avaliação de Q.I.”.<br />

Muit<strong>as</strong> vezes tais pedidos derivam de observações<br />

de longa data, de intuições que fi nalmente são<br />

nomead<strong>as</strong>. Muit<strong>as</strong> vezes, são apen<strong>as</strong> curiosidade.<br />

São todos pedidos legítimos, desde que, logo de<br />

início, se estabeleça qual a função do resultado<br />

daquela avaliação: saber <strong>para</strong> quê? O que se vai<br />

fazer com esse resultado?<br />

41

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!