Exemplos de sumários de leitura Eu acrescentei exemplos de ... - MIT
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<strong>Exemplos</strong> <strong>de</strong> <strong>sumários</strong> <strong>de</strong> <strong>leitura</strong><br />
<strong>Eu</strong> <strong>acrescentei</strong> <strong>exemplos</strong> <strong>de</strong> bons e maus <strong>sumários</strong> do artigo <strong>de</strong> William Chambliss, cuja <strong>leitura</strong> é<br />
requerida no tópico ‘lei e mudança social’. Você <strong>de</strong>ve se esforçar para produzir <strong>sumários</strong> da<br />
qualida<strong>de</strong> daqueles dos parágrafos D e E.<br />
O segundo conjunto <strong>de</strong> <strong>exemplos</strong> sumariza uma <strong>leitura</strong> que uso em outro curso, Conrad: “Sobre a<br />
<strong>de</strong>scoberta da hipercinesia.”<br />
Inclui tanto um sumário simples quanto um conjunto inteiro <strong>de</strong> notas sobre a <strong>leitura</strong>.<br />
Embora a produção <strong>de</strong> uma afirmação sumaria da, como nos parágrafos D e E, seja geralmente<br />
suficiente, para algumas <strong>leitura</strong>s você quererá produzir notas abrangentes para capturar a sutileza do<br />
argumento e a natureza do dado.<br />
Acrescentei ao programa sugestões mais extensas sobre como proce<strong>de</strong>r a <strong>leitura</strong> e o que procurar e<br />
escrever a partir da <strong>leitura</strong>.<br />
William J. Chambliss, “A Sociological Analysis of the Law of Vagrancy” Social Problems, volume<br />
12, pp. 67-77, Summer, 1964<br />
A. Chambliss <strong>de</strong>screve como a ociosida<strong>de</strong> se converteu em crime<br />
1
(Isso é uma reafirmação do título do texto; talvez precise ser dito, mas nada indica sobre como<br />
ou quando ou sob que condições a ociosida<strong>de</strong> foi criminalizada. Não diz o que os estudantes<br />
enten<strong>de</strong>m sobre a criminalização da ociosida<strong>de</strong>.)<br />
B. Chambliss <strong>de</strong>screve como a ociosida<strong>de</strong> tornou-se um crime na Inglaterra no século XIV<br />
como resultado <strong>de</strong> outras mudanças na estrutura social.<br />
(Esse é um nível mínimo <strong>de</strong> <strong>de</strong>scrição e sugere, corretamente, a principal contribuição teórica –<br />
que a lei é um produto da estrutura social – mas ainda carece <strong>de</strong> suficiente especificida<strong>de</strong> para<br />
ilustrar tanto a compreensão do estudante da estrutura social, quanto a relevância do exemplo <strong>de</strong><br />
Chambliss.)<br />
C. Chambliss <strong>de</strong>screve como mudanças na organização social da socieda<strong>de</strong> inglesa,<br />
especificamente a redução da oferta <strong>de</strong> trabalho e o aumento dos salários, resultaram nas<br />
leis da ociosida<strong>de</strong>.<br />
(Esta formulação nomeia as mudanças específicas na estrutura social da Inglaterra, mas ainda<br />
<strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> <strong>de</strong>screver toda a gama <strong>de</strong> fenômenos que conduziram à lei.)<br />
D. Chambliss <strong>de</strong>screve como as mudanças na organização social da socieda<strong>de</strong> inglesa como<br />
conseqüência da Peste Negra, assim como o conseqüente <strong>de</strong>clínio da oferta <strong>de</strong> trabalho e a<br />
pressão sobre os salários sofreram a oposição da aristocracia fundiária, que tentou limitar a<br />
competição no trabalho pela promulgação <strong>de</strong> leis contra a ociosida<strong>de</strong> que proibiam viagens<br />
<strong>de</strong> uma comunida<strong>de</strong> a outra e a recusa ao trabalho.<br />
(Este sumário requer mais que uma breve <strong>leitura</strong> do texto, indica os fatos mais importantes e<br />
seu papel histórico. Ao mesmo tempo, não <strong>de</strong>screve completamente o argumento <strong>de</strong><br />
Chambliss.)<br />
E. Chambliss usa fontes históricas para ilustrar como ambiências sociais específicas<br />
influenciam a emergência, interpretação e cumprimento da lei criminal. Em particular ele<br />
<strong>de</strong>screve <strong>de</strong> que maneira as mudanças na organização social da socieda<strong>de</strong> inglesa <strong>de</strong>pois da<br />
Peste Negra, com o <strong>de</strong>clínio na oferta <strong>de</strong> mão <strong>de</strong> obra e a conseqüente pressão sobre os<br />
ganhos, foi enfrentada pela aristocracia fundiária, que tentou limitar a competição do<br />
trabalho pela promulgação <strong>de</strong> leis contra a ociosida<strong>de</strong> que proibiam viagens <strong>de</strong> uma<br />
comunida<strong>de</strong> a outra e a recusa do trabalho. Durante o século seguinte, quando a oferta <strong>de</strong><br />
mão <strong>de</strong> obra aumentou e os salários <strong>de</strong>clinaram, a lei foi regularmente ignorada e<br />
<strong>de</strong>scumprida. Contudo, durante um período <strong>de</strong> expansão do comércio no século <strong>de</strong>zesseis,<br />
leis <strong>de</strong> ociosida<strong>de</strong> foram ressuscitadas e reformadas em instrumentos <strong>de</strong> policiamento e<br />
regulação do tráfego em estradas públicas, on<strong>de</strong> o transporte <strong>de</strong> mercadorias e indivíduos<br />
tornara-se comum.<br />
(Este parágrafo sumariza o argumento central <strong>de</strong> Chambliss: a lei é um produto <strong>de</strong> forças<br />
sociais específicas, particularmente <strong>de</strong> condições econômicas do trabalho e do mercado.<br />
Também fornece ilustrações para o argumento central. Da mesma forma nomeia os tipos <strong>de</strong><br />
dados usados pelo autor para construir seu argumento.<br />
2
Peter Conrad. “ A Descoberta da Hipercinesia: Notas sobre a medicalização do Comportamento<br />
Desviante”. Social Problems, October 1975, p.12-21<br />
A. Conrad <strong>de</strong>screve a <strong>de</strong>scoberta da hipercinesia como um exemplo da medicalização do<br />
<strong>de</strong>svio.<br />
(Esse é o título do texto; é preciso dizê-lo mas nada indica sobre o que o aluno compreen<strong>de</strong>)<br />
B. Conrad <strong>de</strong>screve fatores clínicos e sociais que subjazem a <strong>de</strong>scoberta da hipercinesia como<br />
uma <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m médica.<br />
(Esse é um nível mínimo <strong>de</strong> exposição e indica um nível a mais <strong>de</strong> distinção ou <strong>de</strong>talhe além<br />
das palavras do título)<br />
C. Conrad <strong>de</strong>screve uma série <strong>de</strong> fatores clínicos e sociais que explicam porque a hipercinesia<br />
foi “<strong>de</strong>scoberta”, quando foi e porque.<br />
(Isso indica uma análise ou julgamento <strong>de</strong> mais amplo escopo sugerindo que a <strong>de</strong>scoberta não é<br />
auto- evi<strong>de</strong>nte mas problemática, algo que precisa ser explicado)<br />
D. Conrad <strong>de</strong>screve o papel da pesquisa farmacêutica e da propaganda, e a pressão dos pais e<br />
dos profissionais sobre a ação governamental, como principais fatores que influenciaram o<br />
“momento” da <strong>de</strong>scoberta da hipercinesia como uma <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m da infância.<br />
(Isso requer mais que uma simples folheada do texto e indica os fatos importantes e seu papel<br />
histórico)<br />
3
CONRAD, “ A Descoberta da Hipercinesia: Notas sobre a Medicalização do Comportamento<br />
Desviante”. Social Problems, October 1975, p.12-21<br />
Esse texto <strong>de</strong>screve (1) como certas formas <strong>de</strong> comportamento nas crianças foram <strong>de</strong>finidas<br />
como um problema médico,(2) como a medicina se tornou o principal agente para o controle<br />
social <strong>de</strong>ssas crianças <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> hipercinesia.<br />
Define <strong>de</strong>scoberta como (1) a origem do diagnóstico e tratamento, e(2) a i<strong>de</strong>ntificação das<br />
crianças que exibem tal comportamento.<br />
Parte I. por que a hipercinesia tornou-se popular nos anos 60: fornece fatores clínicos e sociais<br />
que estabelecem o contexto para a “<strong>de</strong>scoberta” da hipercinesia.<br />
Fornece categorias <strong>de</strong> diagnóstico medico: <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m cerebral leve, síndrome da hiperativida<strong>de</strong>,<br />
<strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m hipercinésica da infância e vários outros termos. Geralmente se refere à<br />
extrema motricida<strong>de</strong>, pouca capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> concentração, agitação, inquietação, oscilação <strong>de</strong><br />
humor, falta <strong>de</strong> jeito, ... 6 vezes mais prevalecente em meninos que em meninas. Explica<br />
então como isso aconteceu.<br />
a) fatores clínicos: <strong>de</strong>screve citações esporádicas <strong>de</strong> revistas médicas dos anos 30 aos 50<br />
sobre os efeitos paradoxais das anfetaminas em crianças que exibiam certos<br />
comportamentos e <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> aprendizado.Observa resultados positivos em 15/30<br />
crianças. A literatura médica não era clara com respeito a causas orgânicas e <strong>de</strong>screvia<br />
vários grupos <strong>de</strong> sintomas. Em 1957 Laufer <strong>de</strong>screveu, nomeou e categorizou como<br />
<strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m do impulso hipercinésico, similar àqueles com causas orgânicas bem<br />
<strong>de</strong>finidas (ainda assim não informa a causa orgânica). 1966: força tarefa dos EUA<br />
estabeleceu a terminologia <strong>de</strong> avaria cerebral mínima. Des<strong>de</strong> então a principal<br />
classificação para diagnóstico.<br />
Em meados <strong>de</strong> 1950 uma nova droga foi <strong>de</strong>senvolvida, Ritalin, com qualida<strong>de</strong>s da<br />
anfetamina, sem os fatores colaterais in<strong>de</strong>sejáveis. Em 1961 foi aprovada pelo FDA<br />
para uso em crianças. Muita pesquisa com Ritalin, tornou-se o tratamento <strong>de</strong> escolha.<br />
Des<strong>de</strong> 1960 mais pesquisa sobre a hipercinesia, ¾ sobre uso <strong>de</strong> drogas, citações<br />
literárias ausentes antes <strong>de</strong> 1967, em 1970 mais <strong>de</strong> 40 por cento ao ano, em 1975 a<br />
<strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m psiquiátrica mais comumente diagnosticada entre crianças.<br />
b) fatores sociais<br />
revolução farmacêutica: i<strong>de</strong>ntifica o papel da pesquisa com drogas e a crescente<br />
aceitabilida<strong>de</strong> do uso <strong>de</strong> drogas terapêuticas para problemas sociais e mentais. Central<br />
para a <strong>de</strong>scoberta da hipercinesia. Muita propaganda dirigida à profissão médica sobre<br />
as conseqüências positivas do uso <strong>de</strong> drogas.<br />
Ação governamental: também apóia a medicalização <strong>de</strong>sses comportamentos, propõe<br />
que SOMENTE médicos diagnostiquem e tratem as síndromes <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> das<br />
crianças.<br />
Parte II. Ramificações da medicalização do <strong>de</strong>svio:<br />
4
a) como o comportamento <strong>de</strong>sviante foi conceituado como um problema médico?<br />
Por que isso ocorreu naquele momento? c) quais são as implicações? (repita a<br />
interpretação da informação prévia)<br />
suponha que antes da <strong>de</strong>scoberta da hipercinesia, comportamento visto como<br />
conturbado<br />
talvez a etiqueta <strong>de</strong> emocionalmente conturbado, usada algumas vezes, na<br />
moda e administrado no contexto da família e da escola<br />
como se torna questão médica<br />
tratamento disponível <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que a <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m foi conceituada<br />
só em 1950 TANTO tratamento, quanto classificação, disponíveis<br />
interesse crescente em psiquiatria infantil e revolução farmacêutica<br />
forneceram bases favoráveis<br />
agentes fora da profissão médica foram significativos agentes morais:<br />
companhias farmacêuticas e associações para crianças com <strong>de</strong>ficiências<br />
<strong>de</strong> aprendizado.<br />
Ramificações: tratamento simples, resultados algumas vezes espe taculares;<br />
minimiza a culpa dos pais (remove o problema)<br />
permite controle não punitivo<br />
algumas vezes ajuda no <strong>de</strong>sempenho em classe<br />
crianças geralmente gostam <strong>de</strong> pílulas mágicas<br />
provavelmente beneficiam-se da redução do estigma<br />
Parte III: Medicalização do Comportamento Desviante:<br />
um pouco <strong>de</strong> história, por que isso ocorreu, faz as mesmas perguntas novamente num<br />
quadro <strong>de</strong> referência histórico mais amplo:<br />
1) muita pesquisa científica<br />
2) aplicação <strong>de</strong> tecnologia farmacêutica relacionada à tendência humanitária na<br />
concepção e controle do <strong>de</strong>svio, não é mais pecado, ou fraqueza, mas doença,<br />
enfermida<strong>de</strong><br />
3) problema <strong>de</strong> controle especializado, afastamento cada vez maior da vida social para o<br />
ambiente <strong>de</strong> especialistas, anti-<strong>de</strong>mocrático, não participativo, removido do espaço<br />
público on<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser discutido por pessoas comuns. . .<br />
4) controle médico permite que algumas coisas sejam feitas, que <strong>de</strong> outra forma não o<br />
seriam, psicocirurgia.<br />
5) individualização dos problemas sociais<br />
6) <strong>de</strong>pleção do comportamento <strong>de</strong>sviante<br />
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