Desenvolvimento territorial: a associação de produtores ... - SOBER

5- Considerações Finais
Embora os associados ainda não incorporaram na rotina de trabalho o conjunto de
procedimentos zootécnicos preconizados, nota-se pelas entrevistas o reconhecimento da sua
importância, além de alguns ensaios visando introduzi-los no manejo dos animais. Em definitivo,
a realização das feiras passou a exigir dos produtores o planejamento das propriedades e dos
sistemas de produção que vinham desenvolvendo. Assim, para que o pecuarista disponha de
animais para vender em abril, a estação de monta deve acontecer em outubro e novembro do ano
anterior. Para que as vacas forneçam um animal por ano e de boa qualidade torna-se necessário
melhorar as condições de alimentação, de sanidade e de reprodução do rebanho. Antes das feiras,
essas práticas eram pouco valorizadas pelos produtores.
A organização das feiras pela associação tem gerado entre os pecuaristas o desejo em tornar
o município uma referência estadual na produção de terneiros para recria e engorda e novilhas
para reprodução. Os lotes mais valorizados nas feiras de gado têm sido bezerros e bezerras de até
um ano de idade. Assim, muitos produtores estão se voltando exclusivamente para a atividade de
cria, dedicando-se a produzir bezerros e bezerras para serem, posteriormente, recriados em
fazendas especializadas da região. O clima e a topografia do município são favoráveis para
desenvolver este tipo de produção. A aquisição de novas matrizes para produzir animais com um
certo padrão de pelagem e conformação corporal, exigências de compradores das feiras, está se
tornando uma prática corrente entre os associados. Se depender das expectativas dos produtores,
o município pode, no curto prazo, se tornar um núcleo de excelência nessa categoria de animais.
Esse quadro é completamente diverso daquele de oito anos atrás, quando a maioria dos
bovinocultores se achava incapaz de competir com pecuaristas da região.
Por fim, cabe o questionamento acerca dos benefícios coletivos dessa iniciativa. Diante da
precariedade da maioria das famílias de agricultores do município pode parecer incongruente que
o poder público municipal aloque seus parcos recursos (financeiros e humanos) para auxiliar um
pequeno número de pecuaristas, justamente os que dispõem de mais capital econômico e
infraestrutura. Sem dúvida, para que a experiência represente uma contribuição ao
desenvolvimento territorial resta enfrentar o desafio de criar mecanismos que envolvam, direta ou
indiretamente, o maior número possível de agricultores. Algumas ações nessa direção já
acontecem, sem representar, no entanto, uma política institucional explícita. Alguns associados
adquirem animais de agricultores do município para completar ou constituir lotes a serem
leiloados. Além disso, agricultores não-associados têm vendido ou comprado animais nas feiras.
Essas ações, certamente, não esgotam o leque de possibilidades existentes visando ampliar o
número de beneficiados pela associação, mas sugerem pistas nessa direção.
Bibliografia
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