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a constituição de um modelo associativista familiar como ... - SOBER

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O município <strong>de</strong> Poconé possui 32.162 habitantes (IBGE, 2009), tem seus limitesterritoriais com os municípios <strong>de</strong> Nossa Senhora do Livramento, Barão <strong>de</strong> Melgaço eCáceres. A distância da capital Cuiabá é 94,80 km, Possi <strong>um</strong>a extensão territorial <strong>de</strong>17.126,38 km². Está localizado na mesorregião 130, microrregião 535 – Alto Pantanal, nocentro sul <strong>de</strong> Mato Grosso, sendo banhado pela Gran<strong>de</strong> Bacia do Prata. Seu relevocaracteriza-se por província serrana e pantanal (FERREIRA, 2001).Segundo RONDON (1981) apud FERREIRA (2001) o ciclo do ouro em Poconé foià principal ativida<strong>de</strong> econômica “n<strong>um</strong> período <strong>de</strong> 87 anos, ou seja, <strong>de</strong> 1777 a 1864, das<strong>de</strong>scobertas das lavras até a guerra do Paraguai”. No período Republicano e durante gran<strong>de</strong>parte do século XX, o município permaneceu com ativida<strong>de</strong>s extrativistas e mineradoras,vivendo em <strong>um</strong> processo <strong>de</strong> lentidão econômica até o começo dos anos <strong>de</strong> 1980.Neste período se acentua a crise pecuária e da agricultura pelo processo <strong>de</strong>mo<strong>de</strong>rnização da produção e investimento em outras regiões do Estado, e a mineração nãoapresenta rendimentos para garantir a reprodução das famílias. Assim, intensificam osprogramas <strong>de</strong> turismo <strong>como</strong> possível alternativa econômica, recebendo visitantes <strong>de</strong> variaspartes do país e do mundo.No entanto, mesmo com o <strong>de</strong>senvolvimento da ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> turismo, o município<strong>de</strong> Poconé, apresentou no ano <strong>de</strong> 2000 o sexto menor IDH – Índice <strong>de</strong> DesenvolvimentoH<strong>um</strong>ano do Estado <strong>de</strong> Mato Grosso (SEPLAN). A renda per capita <strong>de</strong> R$ 6.601,00 ao ano,em 2007 (IBGE, 2010), está 43,37% abaixo da renda per capita do Estado que é <strong>de</strong> R$11.658,00, SEPLAN (2008). O setor <strong>de</strong> serviços representa 49% do PIB – Produto InternoBruto do município.Desta forma, o município apresenta problemas sociais e econômicos, pois existem<strong>de</strong>safios para fomentar, com poucas iniciativas, a geração <strong>de</strong> emprego e renda. Através daprestação <strong>de</strong> serviços, <strong>de</strong> trabalhos individuais, <strong>como</strong> o caso das doceiras, artesões, dacomida típica, das danças, dos criadores <strong>de</strong> borboletas entre outros, criam-se alternativas<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento econômico, aliado à geração <strong>de</strong> emprego e renda, embora com baixoretorno financeiro. No histórico dos munícipes <strong>de</strong> Poconé-MT, figuram pessoas comdificulda<strong>de</strong>s para encontrar <strong>um</strong>a ocupação, limitadas por dois fatores: a) a qualificaçãoprofissional é mínima, fruto do processo <strong>de</strong> formação cultural e econômica <strong>de</strong> municípioslocalizados no sul mato-grossense; e, b) as constantes crises econômicas na exploraçãogarimpeira e agropecuária, em <strong>um</strong>a região com baixo índice <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimentotecnológico o que <strong>de</strong>sestimula a produção e reduz o nível <strong>de</strong> emprego.3.1 A Estância Ecológica SESC PantanalA EESP – Estância Ecológica SESC Pantanal é mantida pelo SESC (Serviço Socialdo Comércio) que presta atendimento <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1946 quando o Presi<strong>de</strong>nte da República EuricoGaspar Dutra selou o Decreto–Lei nº 9.853 instituindo o SESC, criado sob a inspiração daconsciência social <strong>de</strong> empresários e sindicatos do comércio, sendo mantido peloempresariado comerciário brasileiro. A missão do SESC é “contribuir para <strong>um</strong>a socieda<strong>de</strong>Campo Gran<strong>de</strong>, 25 a 28 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2009,Socieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Economia, Administração e Sociologia Rural7


mais justa. Proporcionar <strong>um</strong>a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida melhor para os trabalhadores servidores dosetor, principalmente os <strong>de</strong> menor renda” (SESC NACIONAL, 2003).Assim, o SESC (2003) direcionou esforços para os municípios mato-grossenses,<strong>de</strong>ntre esses Poconé e Barão <strong>de</strong> Melgaço 1 , <strong>de</strong>dicando a esses <strong>um</strong> empreendimentodirecionado à educação ambiental. Desta forma, os trabalhos da Estância Ecológica SESCPantanal – EESP foram iniciados em 1997, com 05 unida<strong>de</strong>s operacionais <strong>de</strong> missõesespecíficas para com a comunida<strong>de</strong> e meio ambiente. São elas:A RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Nacional), com 106.644hectares entre os rios Cuiabá e São Lourenço. É <strong>um</strong> espaço permanente <strong>de</strong>pesquisa, conhecimento, educação ambiental, preservação e valorizaçãoda vida. O CAP – Centro <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Poconé, que <strong>de</strong>senvolveprogramas <strong>de</strong> melhoria da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida das populações do entornoda RPPN, sobretudo nos municípios <strong>de</strong> Poconé e Barão <strong>de</strong> Melgaço. Aunida<strong>de</strong> oferece <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1998 <strong>um</strong> projeto <strong>de</strong> educação, saú<strong>de</strong>, lazer, culturae assistência. O CAP é a se<strong>de</strong> <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> renda <strong>como</strong> oProjeto Borboletário, iniciado em 2003 e o Projeto C<strong>um</strong>baru, iniciado em2005. O HSPC – Hotel SESC Porto Cercado está a 45 quilômetros <strong>de</strong>Poconé e 145 Km <strong>de</strong> Cuiabá. Dispõe <strong>de</strong> apartamentos construídos emantidos <strong>de</strong>ntro das normas ambientais. O hotel abriga o projetoBorboletário, continuado no CAP em Poconé, com <strong>um</strong> total <strong>de</strong> 3.000borboletas n<strong>um</strong>a redoma natural, com 20 a 30 espécies <strong>de</strong> acordo com asestações do ano. A Base Administrativa funciona em Várzea Gran<strong>de</strong> e éresponsável pela administração central da EESP.O projeto Borboletário conta, atualmente, com 25 famílias associadas e <strong>de</strong>nominase<strong>como</strong> Associação dos Criadores <strong>de</strong> Borboletas <strong>de</strong> Poconé – ACBP. Essa tem a função <strong>de</strong>abastecer o borboletário do HSPC. Os associados recebem os ovos coletados do laboratóriodo hotel e levam para suas casas. Quando os ovos se transformam em lagartas e,posteriormente, crisálidas são vendidas ao borboletário do hotel. A ACBP se reúnesemanalmente no CAP. Gera renda e torna-se <strong>um</strong>a nova ocupação, meio <strong>de</strong> informação eeducação ambiental para os associados e suas famílias, sendo que aqueles que conhecem oprojeto passam a difundir a idéia <strong>de</strong> respeito à natureza.3.2 As Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvidas pelo borboletário, seu processo <strong>de</strong> organização paraa produção e as questões <strong>associativista</strong>sO Borboletário do SESC Pantanal emprega três funcionários diretamente: <strong>um</strong>encarregado, e dois monitores ambientais, funcionários que iniciaram com o projeto <strong>de</strong>s<strong>de</strong>2001. Conhecedores do mundo das borboletas, ambos os funcionários exercem a função <strong>de</strong>zelar pelo local e manusear a produção para entrada e saída <strong>de</strong> ovos, bem <strong>como</strong> tambémdão maiores explicações para pesquisadores e visitantes. No berçário e no pupário dolaboratório, são mantidas as formas juvenis – ovos, lagartas e crisálidas ou pupas. Lá sãoalimentadas e protegidas até o nascimento. Alg<strong>um</strong>as borboletas são coletadas no Parque1 O município <strong>de</strong> Barão do Melgaço tem limitação geográfica com Poconé, possui <strong>um</strong>a população <strong>de</strong> 7.851habitantes (IBGE, 2007), sendo o quarto menor IDH do Estado <strong>de</strong> Mato Grosso.Campo Gran<strong>de</strong>, 25 a 28 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2009,Socieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Economia, Administração e Sociologia Rural8


Ensino Fundamental Incompleto 7Nível Técnico 3Total 25Fonte: pesquisa <strong>de</strong> campo realizada pelos autores (2010)Nesta tabela estão contidos os dados da pesquisa referente ao grau <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong>,com 05 níveis <strong>de</strong> graduação, 48% possuem o segundo grau completo; 28% ingressaram noprimário e por motivos diversos não completaram sua formação; 12% concluíram oprimário e 12% chegaram a <strong>um</strong> curso técnico; o Ensino Superior (3º grau) e 2º grauincompleto não obtiveram incidência <strong>de</strong> respostas. O grau <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> dosentrevistados reflete nas profissões <strong>de</strong>sempenhadas pelos mesmos, exposta anteriormente,<strong>um</strong>a vez que as mesmas não exigem elevado grau <strong>de</strong> qualificação técnica.Tabela 3 – Faixa etária e sexo dos participantes da associação do borboletárioFaixa Etária Quantida<strong>de</strong> Sexo Quantida<strong>de</strong>20 a 30 anos 7 Feminino 2431 a 41 anos 10 Masculino 142 a 52 anos 6acima <strong>de</strong> 52 2Fonte: pesquisa <strong>de</strong> campo realizada pelos autores (2010)A faixa etária é <strong>de</strong> 40% das pessoas com 31 a 41 anos; 28% com 20 a 30 anos; 24%com 42 a 52 anos e 8% têm 55 anos acima. O gênero feminino é composto com 96% e 4%masculino.Tabela 4 – Distribuição <strong>familiar</strong> e faixa etária dos filhos dos associadosNúmero <strong>de</strong> Filhos Quantida<strong>de</strong> Faixa Etária Quantida<strong>de</strong>Sem filhos 2 0 a 15 24Um 4 <strong>de</strong> 16 a 19 16Dois 6 <strong>de</strong> 20 a 23 12Três 10 <strong>de</strong> 24 a 27 3Quatro 1 <strong>de</strong> 28 a 31 5Cinco 1Seis 1Fonte: pesquisa <strong>de</strong> campo realizada pelos autores (2010)Das pessoas pesquisadas 40% têm três filhos; 24% com dois filhos; 16% com <strong>um</strong>;8% não têm filhos; e 16% têm <strong>de</strong> quatro a seis filhos. A faixa etária dos filhos é <strong>de</strong> 40%com ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 0 a 15 anos; 27% <strong>de</strong> 16 a 19 anos; 20% <strong>de</strong> 20 a 23; 8% <strong>de</strong> 28 a 31; 5% com24 a 27. Observa-se que as famílias ainda são n<strong>um</strong>erosas, sendo que a maioria está acimada média estadual que é <strong>de</strong> 2 filhos por família.Tabela 5 – Perfil <strong>de</strong> filhos e os em ida<strong>de</strong> economicamente ativa.Faixa Etária 0 a 15 16 a 19 20 a 23 24 a 27 28 a 31 TotalMoram com os pais 23 16 6 0 0 45Não moram com os pais 1 0 6 3 5 15Estudantes 21 6 6 0 2 35Trabalhadores 3 6 3 5 17Campo Gran<strong>de</strong>, 25 a 28 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2009,Socieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Economia, Administração e Sociologia Rural11


Os que contribuem 2 0 1 3Fonte: pesquisa <strong>de</strong> campo realizada pelos autores (2010)Na faixa etária <strong>de</strong> 0 a 15 anos 96% dos filhos moram com os pais, e 87,5% estãoestudando, sendo que nenh<strong>um</strong> trabalha ou contribui financeiramente para a renda <strong>familiar</strong>.Na faixa dos 16 a 19 anos todos moram com os pais, 37,5% estudam, 18,7% trabalham e12,5% contribuem financeiramente no orçamento. Na ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 20 a 23 anos, 50% moramcom os pais, 50% estudam, 50% não moram com os pais, e 50% trabalham, sendo quenenh<strong>um</strong> contribui financeiramente.Na ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 24 a 27 anos nenh<strong>um</strong> mora com os pais e todos trabalham. Sendo que arenda fica totalmente para o seu sustento não havendo contribuição financeira para afamília. Ainda, na faixa etária <strong>de</strong> 28 a 31 anos, também nenh<strong>um</strong> filho resi<strong>de</strong> com os pais,mas todos são trabalhadores. 40% estão estudando e 20%, apenas <strong>um</strong> filho, contribuifinanceiramente com a família. Através dos dados, verifica-se que os filhos resi<strong>de</strong>m <strong>como</strong>s pais até <strong>um</strong>a ida<strong>de</strong> aproximada <strong>de</strong> 23 anos, on<strong>de</strong> a maioria passa a constituir sua própriafamília. Sendo que no período em que estão com os pais apenas 2% contribuemfinanceiramente para a renda <strong>familiar</strong>. De outro lado, os 63% <strong>de</strong> estudantes, com ida<strong>de</strong> até23 anos <strong>de</strong>monstram que os pais estão dando melhores condições <strong>de</strong> estudo para seusfilhos, que em geral não tiveram, conforme visto anteriormente pelo seu grau <strong>de</strong>escolarida<strong>de</strong> e estão construindo novas perspectivas <strong>de</strong> emprego e renda para as próximasgerações.Isto é <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> relevância para o <strong>de</strong>senvolvimento local, <strong>um</strong>a vez que aqualificação dos moradores po<strong>de</strong> atrair novas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimentoeconômico, através da agregação <strong>de</strong> valor ao trabalho, revertendo o quadro <strong>de</strong> baixaqualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida, medido pelo IDH.Tabela 6 – Condição <strong>de</strong> moradiaCondições Quantida<strong>de</strong> Cômodos Quantida<strong>de</strong>sAlugada 2 Três 1Própria 23 Quatro 2Barro (Adobe) 2 Cinco 10Alvenaria 23 Seis 7Sete 1Oito 2Dez 2Fonte: pesquisa <strong>de</strong> campo realizada pelos autores (2010)Avaliando as moradias dos associados, estas foram separadas por alugadas epróprias. 92% têm casa própria e moram em casa <strong>de</strong> alvenaria, 7% tem moradia alugada <strong>de</strong>barro (vulgo adobe). Quanto ao espaço físico das casas, 4% apresentam apenas 03cômodos, 8% quatro; 40% possuem 05, 28% com 06, 4% com 07; 16% com 08 a 10 <strong>de</strong>cômodos. A maioria das casas apresenta <strong>de</strong> 4 a 6 cômodos, que po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>radascasas pequenas, consi<strong>de</strong>rando que a maioria das famílias possuem três filhos ou mais.Tabela 7 – Tempo e <strong>de</strong>stino da renda oriunda do projetoCampo Gran<strong>de</strong>, 25 a 28 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2009,Socieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Economia, Administração e Sociologia Rural12


Tempo noProjetoQuantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>FamíliasDestino da RendaQuantida<strong>de</strong> dasFamíliasaté 3 meses 3 Construção 21 ano 4 Eletrodomésticos 22 anos 5 Energia e Água 33 anos 5 Investimentos no Criadouro 64 anos 2 Saú<strong>de</strong> e Medicamentos 35 anos 6 Vestuário, Alimentação e Educação 9Total 25 Total 25Fonte: pesquisa <strong>de</strong> campo realizada pelos autores (2010)A pesquisa <strong>de</strong> campo <strong>de</strong>monstrou que mesmo sem nenh<strong>um</strong> planejamento ouorçamento <strong>familiar</strong>, os associados mantêm seus gastos e suas necessida<strong>de</strong>s geraisexplícitos. Ao abordá-las na questão sobre o tempo <strong>de</strong> participação no projeto doBorboletário e do <strong>de</strong>stino dado a seus ganhos extras provindos da criação das borboletas,obteve-se <strong>como</strong> resultado: Das 25 famílias, 24% estão no projeto a 05 anos, representam ospioneiros, sendo que esses contribuem e ajudam aos iniciantes a se adaptarem no projeto.40% têm entre 02 e 03 anos no projeto; 16% estão no projeto a 1 ano; 12% tem até 3 meses<strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>; e 8% têm até 4 anos nesta ativida<strong>de</strong>.Os <strong>de</strong>stinos da renda que obtém com a produção das borboletas estão divididos daseguinte maneira: 36% dos associados <strong>de</strong>stinam essa renda extra para vestuário,alimentação e educação; 24% investem em melhorias para os criadouros, <strong>como</strong> porexemplo, melhorar as estruturas das casas para criar as lagartas e alimentá-las sem risco <strong>de</strong>serem contaminadas por parasitas, pois acreditam que po<strong>de</strong>m futuramente expandir essaativida<strong>de</strong>; 24% alternam em cobrir com as <strong>de</strong>spesas com energia elétrica e água encanada,gastos com medicamentos mensais e planos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> 16% adquirem eletrodomésticos <strong>de</strong>forma parcelada, e realizam construções em suas residências, através <strong>de</strong> ampliações ereformas.Tabela 8 – Renda per capita, renda <strong>familiar</strong> e associados vinculados ao projeto.Faixa <strong>de</strong> RendaQuantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> PessoasRenda per capitaRenda <strong>familiar</strong>até R$ 286,00 0 0R$ 286,00 a R$ 765,00 17 4R$ 766,00 a R$ 950,00 8 11R$ 1.114,00 a R$ 1.330,00 3 6R$ 1.520,00 a R$ 1.710,00 1 1R$ 1.900,00 a R$ 2.090,00 0 2acima <strong>de</strong> R$ 2.280,00 0 1Fonte: pesquisa <strong>de</strong> campo realizada pelos autores (2010)Das 25 famílias associadas pesquisadas, a renda per capita dos membroseconomicamente ativos varia entre R$ 286,00 e R$ 2.280,00. Ao todo foram pesquisadosentre os <strong>familiar</strong>es associados, 29 pessoas que contribuem para o orçamento <strong>familiar</strong>,<strong>de</strong>stes 59% recebem entre R$ 286,00 e R$ 560,00; 28% recebem entre R$ 766,00 a R$950,00; 10% recebem entre R$ 1.114,00 a R$ 1.330,00; e apenas 3% recebem R$ 1.520,00Campo Gran<strong>de</strong>, 25 a 28 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2009,Socieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Economia, Administração e Sociologia Rural13


a R$ 1.710,00. Através dos dados da renda per capita, observa-se que os <strong>familiar</strong>esassociados <strong>de</strong>senvolvem outras ativida<strong>de</strong>s ou possuem outros benefícios quecomplementam a sua renda. Neste sentido, apesar da renda do projeto ser importante para acomunida<strong>de</strong>, ela não é suficiente para a manutenção das famílias. Ainda, a renda máximarecebida per capita é <strong>de</strong> R$ 1.710,00, o que reflete o grau <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> dos associados.Na renda <strong>familiar</strong> dos associados, 44% têm receita entre R$ 766,00 a R$ 950,00; 24% entreR$ 1.114,00 a R$ 1.330,00; 16% entre R$ 286,00 a R$ 765,00; 8% com famílias recebendoentre R$ 1.900,00 a R$ 2.090,00. Ainda, 4% recebem entre R$ 1.520,00 a R$ 1.710,00 e4% tem receita acima <strong>de</strong> R$ 2.280,00.Tabela 9 – Renda extra vinculada ao orçamento <strong>familiar</strong>Faixa <strong>de</strong> Renda Bolsa Família AposentadoriaProjeto BorboletárioSESCe/ou PensãoR$ 286,00 6 0 25R$ 286,00 a R$ 560,00 0 3 0R$ 760,00 a R$ 950,00 0 2 0R$ 1.114,00 a R$ 1.330,00 0 1 0Total 6 6 25Fonte: pesquisa <strong>de</strong> campo realizada pelos autores (2010)No que se refere às fontes complementares <strong>de</strong> renda dos associados, 24% recebembenefício do Governo Fe<strong>de</strong>ral, através do Programa Bolsa Família, em função do número<strong>de</strong> filhos em ida<strong>de</strong> escolar o beneficio máximo das famílias é <strong>de</strong> até R$ 286,00, ou seja,não ultrapassa a renda obtida na associação. Outros 24% recebem benefício <strong>de</strong>aposentadoria ou pensão, também do Estado, sendo que <strong>de</strong>stes 50% recebem entre R$286,00 a R$ 560,00; 33% recebem entre R$ 760,00 a R$ 950,00; e 17% recebem entre R$1.114,00 a R$ 1.330,00. A ativida<strong>de</strong> no Borboletário gera <strong>um</strong>a renda máxima <strong>de</strong> R$ 286,00por família.Para i<strong>de</strong>ntificar o dispêndio total/ mês das famílias foi necessário relacionar e somaras <strong>de</strong>spesas fixas, classificadas <strong>como</strong>: energia elétrica, água, plano <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, aluguel eensino; e, variáveis, classificadas <strong>como</strong>: telefone fixo e móvel, alimentação, transporte,vestuário, lazer, associação, sendo que as faixas <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesas foram <strong>de</strong>terminadas peloresultado <strong>de</strong>sta soma. Através do levantamento dos dados em cada família, obteve-se oseguinte resultado:Tabela 10 – Despesas mensaisFaixa <strong>de</strong> DespesaAssociadosR$ 422,30 a R$ 664,30 9R$ 705,63 a R$ 1.018,97 8R$ 1.062,24 a R$ 1.393,76 5R$ 1.528,44 a R$ 1.880,00 1R$ 1.887,43 1R$ 2.103, 45 1Fonte: pesquisa <strong>de</strong> campo realizada pelos autores (2010)Campo Gran<strong>de</strong>, 25 a 28 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2009,Socieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Economia, Administração e Sociologia Rural14


A renda <strong>familiar</strong> está representada da seguinte forma: das 36% famílias possui <strong>um</strong>dispêndio mensal <strong>de</strong> R$ 422,30 a R$ 664,30; 32% das famílias com <strong>de</strong>spesas mensais entreR$ 705,63 a R$ 1.018,97; 20% das famílias representadas no valor <strong>de</strong> R$ 1.062,24 a R$1.393,76; 4% das famílias que gastam R$ 1.528,44 a R$ 1.880,00; 4% que <strong>de</strong>veR$1.887,43. 4% a família com mais <strong>de</strong>spesas R$ 2.103,45.Consi<strong>de</strong>rando apenas as <strong>de</strong>spesas mensais, observa-se que o gasto das famílias estácompatível com as receitas apresentadas anteriormente, sendo que os gastos sãoproporcionais ao que recebem, e na maioria dos associados, supre apenas necessida<strong>de</strong>sbásicas <strong>de</strong> cons<strong>um</strong>o. No entanto, além dos gastos fixos e variáveis mensais, as famíliasacabam contraindo dívidas, resultado da falta da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pagamento à vista, ou seja,falta <strong>de</strong> poupança para aquisição <strong>de</strong> bens <strong>de</strong> cons<strong>um</strong>o duráveis e para investimento. Sãojustamente essas dívidas que prejudicam o orçamento <strong>familiar</strong>, <strong>um</strong>a vez que, conformeapresentado, as receitas mensais, servem apenas para suprir os gastos das famílias.Para efeito <strong>de</strong> cálculo levantaram-se todas as prestações que as famílias pagammensalmente pela aquisição <strong>de</strong> bens e as dívidas contraídas junto a instituições bancárias,incluindo cartão <strong>de</strong> crédito e cheque especial. A partir <strong>de</strong>stes dados, i<strong>de</strong>ntificou-se qual opercentual <strong>de</strong> <strong>um</strong> salário mínimo que as famílias têm comprometido com o pagamento <strong>de</strong>dívidas, bem <strong>como</strong> seu montante total classificada pela quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> salários mínimosnecessários para sua quitação. Na tabela a seguir, <strong>de</strong>monstra-se o grau <strong>de</strong> endividamentodas famílias associadas.Tabela 11 – Comprometimento do salário mínimo com a quitação <strong>de</strong> dívidas empercentual.Percentual salarialcomprometido com opagamento <strong>de</strong> dívidasmensalQuantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> famílias queestão comprometidas compagamento <strong>de</strong> parcelas empercentual salarial mensalQuitação total dasdívidas com base nosalário mínimoTotal <strong>de</strong> famílias/ pelovalor da dívida combase do saláriomínimo01% a 25% 2 1 a 1,5 426% a 34% 5 2 a 3,5 335% a 44% 1 6 a 8 345% a 50% 3 14 a 17 351% a 65% 2 25 a 35 366% a 85% 1acima <strong>de</strong> 90% 216 16Fonte: pesquisa <strong>de</strong> campo realizada pelos autores (2010)A maioria das famílias pesquisadas apresenta <strong>um</strong> grau <strong>de</strong> endividamento bom, quepo<strong>de</strong>m ser facilmente quitadas com controle orçamentário, com disciplina e diminuiçãodos gastos. Para efeito <strong>de</strong> análise segue abaixo os <strong>de</strong>vidos comentários explicativos sobre asituação dos endividamentos <strong>familiar</strong>es.Das famílias que possuem dívidas, essas estão divididas da seguinte maneira:12,5% das famílias conseguem quitar suas dívidas com <strong>um</strong> percentual entre 01% até 25%Campo Gran<strong>de</strong>, 25 a 28 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2009,Socieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Economia, Administração e Sociologia Rural15


do salário mínimo; 31,25% das famílias têm comprometido <strong>um</strong> percentual entre 26% a34% sob o salário mínimo com o pagamento <strong>de</strong> dívidas. Aliás, este é o percentual máximo<strong>de</strong> endividamento <strong>familiar</strong> indicado por analistas financeiros. Consi<strong>de</strong>rando as duas faixascitadas, observa-se que 43% das famílias estão com <strong>um</strong> bom grau <strong>de</strong> endividamento,consi<strong>de</strong>rando o seu nível <strong>de</strong> renda não ser elevado.Na faixa <strong>de</strong> 35% a 44% <strong>de</strong> comprometimento do salário mínimo com dívidas,temos 6,25% das famílias. Entre 45% a 50%, são 18,75% dos associados. Acima <strong>de</strong> 51% asituação da família passa a ser preocupante, pois certamente ela não conseguirá todo ovalor da sua dívida, em função dos gastos mensais, e passam pagar juros que tornam adívida ainda mais onerosa. Nesta situação tem-se 31,25% das famílias, sendo assimdistribuídas: na faixa <strong>de</strong> 51% a 65% são 12,5% das famílias; entre 66% a 85%, representa6,25% dos associados e acima <strong>de</strong> 90%, <strong>um</strong> alto percentual <strong>de</strong> 12,5% das famílias.As dívidas das <strong>de</strong>zesseis famílias também são apresentadas através <strong>de</strong> <strong>um</strong>a análiseda sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pagamento em forma salarial. Assim, apresentam-se os cálculos <strong>de</strong>quantos salários são necessários para quitar as mesmas em relação aos investimentosrealizados, entre eles: financiamentos <strong>de</strong> casa, motos, financiamentos pessoais paraquitação <strong>de</strong> contas, para pagamento hospitalar, construção e reforma; compra <strong>de</strong>eletrodomésticos e/ou microcomputadores. Verifica-se que 25% das famílias conseguemquitar suas dívidas com valores entre 1,0 a 1,5 salários mínimos; 18,75% com dívidas <strong>um</strong>pouco mais elevadas conseguem quitá-las com valores estipulados entre dois a três saláriosmínimos e meio. Este grupo correspon<strong>de</strong> às famílias que possuem 34% <strong>de</strong> seu saláriocomprometido com o pagamento <strong>de</strong> dívidas e que estão <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> <strong>um</strong> limite seguro, complenas condições <strong>de</strong> quitar as mesmas no curto prazo.Outros 18,75% necessitam <strong>de</strong> 6 a 8 salários; e as situações mais preocupantes37,5% das famílias tem dívidas que vão <strong>de</strong> 14 a 35 salários mínimos. Essas dívidas tomamtal proporção, principalmente, porque geram novos financiamentos para quitação <strong>de</strong>dívidas antigas e o pagamento <strong>de</strong> vol<strong>um</strong>es cada vez maiores <strong>de</strong> juros. Esta última situaçãoexige das famílias <strong>um</strong>a ação imediata, no sentido <strong>de</strong> renegociar as parcelas, tornando-ascompatíveis com a renda <strong>familiar</strong> e o controle orçamentário para evitar novas prestações.Confrontando os dados dos gastos mensais e nível <strong>de</strong> endividamento, percebe-se quemuitas famílias necessitam <strong>de</strong> <strong>um</strong>a fonte <strong>de</strong> renda adicional para manter todos os gastos<strong>familiar</strong>es. Pela análise da renda, percebe-se que o recurso arrecadado através daassociação vem somar <strong>de</strong> maneira relevante na capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pagamento das famílias. Orecebimento máximo mensal <strong>de</strong> R$ 286,00, correspon<strong>de</strong>, praticamente, a 0,5 saláriomensal que aten<strong>de</strong> ao financiamento da dívida, em salário mínimo (tabela 11), <strong>de</strong> 50% dasfamílias associadas.Ainda, neste estudo foram entrevistadas 11 famílias da região, que não participamda associação, ou seja, não recebem a renda do projeto Borboletário, e que possuemdispêndios superiores a sua renda, a fim <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar quanto seria necessário agregar a suarenda, para que as mesmas pu<strong>de</strong>ssem equilibrar o orçamento <strong>familiar</strong>. Obteve-se o seguinteresultado:Campo Gran<strong>de</strong>, 25 a 28 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2009,Socieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Economia, Administração e Sociologia Rural16


Tabela 12 – Resultado do orçamento/mês das famílias que não participam do Borboletário.Famílias com rendaQuantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>FamíliasSem o projeto Quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>Famíliasaté R$ 286,00 0 Menos <strong>de</strong> 0,5 3R$ 286,00 a R$ 765,00 3 Acima <strong>de</strong> 0,5 3R$ 766,00 a R$ 950,00 5 Até 1 1R$ 1.114,00 a R$ 1.330,00 1 Até 1,5 2R$ 1.520,00 a R$ 1.710,00 1 Até 2 1R$ 1.900,00 a R$ 2.090,00 1 Até 4 1Total 11 11Fonte: pesquisa <strong>de</strong> campo realizada pelos autores (2010)As 11 famílias com dispêndio maior que sua renda, e que não fazem parte doprojeto Borboletário apresentam o seguinte panorama: 27% necessitam ganhar menos <strong>de</strong>meio salário para equilibrar o orçamento, ou seja, teriam sua situação econômica resolvidacaso ingressassem na associação; 27% acima <strong>de</strong> meio salário mínimo; 19% necessitam <strong>de</strong><strong>um</strong> salário e meio para equilibrar sua renda; 18% necessitam entre dois a quatro saláriospara equilibrar sua renda e 9% precisam <strong>de</strong> <strong>um</strong> salário mínimo para não ter mais gastos doque ganhos. No entanto, é relevante dizer que o a<strong>um</strong>ento da renda em 0,5 salário mínimoauxiliaria a todas essas famílias entrevistadas.Desta forma, avalia-se que a renda do Borboletário contribui para melhorar oorçamento <strong>familiar</strong> dos associados do projeto. Todos associados contribuem na economia<strong>familiar</strong>, contribuindo para sua subsistência e gerando oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> acrescentar e gerarmais renda em seus orçamentos finais. A maioria dos associados ficariam com o orçamentocomprometido com a retirada <strong>de</strong>sta fonte <strong>de</strong> renda.Neste sentido, para a melhoria do processo <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong> das famílias e,posteriormente, maior rentabilida<strong>de</strong> do projeto, relaciona-se a seguir alg<strong>um</strong>as alternativaspara incremento na geração <strong>de</strong> renda na ativida<strong>de</strong> do Borboletário:a) Buscar mais apoio e parcerias com outros órgãos, comerciais, públicos e privados,Implantar cursos profissionalizantes <strong>de</strong> capacitação para os associados,b) Fomentar a visitação ao Borboletário piloto <strong>de</strong> Poconé-MT, junto a escolas dacapital e dos municípios vizinhos;c) Fechar convênios <strong>de</strong> palestras e workshop com profissionais e instituições da áreabiológicas, economia, administração para que possam contribuir com i<strong>de</strong>ias eestratégias <strong>de</strong> customização;d) Criar <strong>um</strong>a equipe <strong>de</strong> apoio <strong>de</strong>ntro da associação para aten<strong>de</strong>r as dificulda<strong>de</strong>s dosassociados na produção das borboletas,e) Dar oportunida<strong>de</strong>s para estágios aos acadêmicos no processo <strong>de</strong> produção;f) Organizar e participar <strong>de</strong> feiras e eventos no município e na região;g) Elaborar projetos <strong>de</strong> comercialização, com estratégias <strong>de</strong> divulgação, para atrair esuprir a <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> outros Borboletários não sustentáveis que possam existir.Campo Gran<strong>de</strong>, 25 a 28 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2009,Socieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Economia, Administração e Sociologia Rural17


Com a comercialização, a renda gerada através das borboletas se torna <strong>um</strong>aalternativa para comunida<strong>de</strong>s carentes po<strong>de</strong>rem suprir as suas <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s sociais,através <strong>de</strong> <strong>um</strong>a produção sustentável, preservando assim a natureza com equilíbrio aliadacom o <strong>de</strong>senvolvimento econômico regional.5 Consi<strong>de</strong>rações FinaisA presente pesquisa apresenta a conceitualização da economia na visão social, darenda e <strong>de</strong> sua distribuição e do <strong>de</strong>senvolvimento sustentável i<strong>de</strong>alizado. Relata o processo<strong>de</strong> produção <strong>de</strong> <strong>um</strong> Borboletário, cons<strong>um</strong>o e localização do projeto, até as característicasda associação e dos associados. Neste sentido, o conceito <strong>de</strong> ciência econômica estádiretamente associado ao estudo da escassez <strong>de</strong> recursos. Nesta linha teórica alguns bensque no início do século XX não possuíam valor <strong>de</strong> mercado, <strong>como</strong> a conservação do meioambiente, da natureza, a poluição das águas e do ar, em função <strong>de</strong> sua escassez, passa a servalorizados pela socieda<strong>de</strong> atual.Ainda, o sistema <strong>de</strong> produção capitalista, baseado no acúmulo individual <strong>de</strong> capital,tem excluído muitas pessoas do mercado <strong>de</strong> bens e serviços. Elevando a <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> einfluenciando no <strong>de</strong>senvolvimento econômico <strong>de</strong> muitos países. Como alternativa a estassituações intensificam-se os estudos sobre <strong>de</strong>senvolvimento econômico sustentável, quebuscam valorizar as pessoas inserindo-as no mercado <strong>de</strong> trabalho, gerando emprego erenda. Neste contexto, surgem também outras formas <strong>de</strong> organização social, <strong>como</strong> asassociações que almejam a geração <strong>de</strong> renda, com base em princípios <strong>de</strong> participação<strong>de</strong>mocrática e benefício mútuo. Através das associações, o agente econômico <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes do assistencialismo do Estado e passam a <strong>de</strong>terminar a condução das políticaspúblicas, <strong>um</strong>a vez que a ação coletiva fortalece o interesse individual.O Projeto borboletário, <strong>de</strong>senvolvido pelo Hotel SESC Porto Cercado é <strong>um</strong>importante exemplo <strong>de</strong> <strong>como</strong> é possível aliar geração <strong>de</strong> renda, <strong>de</strong>senvolvimentosustentável, associativismo e transformar a vida <strong>de</strong> <strong>um</strong>a comunida<strong>de</strong>, sem agredir anatureza. O município <strong>de</strong> Poconé é <strong>um</strong> dos mais pobres e com menor IDH do Estado <strong>de</strong>Mato Grosso, reflexo da falta <strong>de</strong> produção e do baixo nível renda per capita, <strong>como</strong>interfere no <strong>de</strong>senvolvimento da educação e da saú<strong>de</strong> da população local.O Hotel SESC Porto Cerrado é <strong>um</strong>a empresa, inserida em <strong>um</strong> mercado competitivoe que para agregar valor aos seus serviços, disponibiliza vários atrativos para os seuscons<strong>um</strong>idores. O Borboletário tornou-se <strong>um</strong> importante serviço na estrutura existente ecriou <strong>um</strong> mercado <strong>de</strong> trabalho completamente novo e seguro para os associados. Aoreceberem os ovos para cuidar eles já tem garantida a venda final da lagarta. Em s<strong>um</strong>a, aescolha <strong>de</strong> <strong>um</strong>a ativida<strong>de</strong> rentável para todos os integrantes <strong>de</strong>sta ca<strong>de</strong>ia, com elo <strong>de</strong>responsabilida<strong>de</strong> ambiental, <strong>um</strong>a alternativa para empresas no mercado atual.A pesquisa realizada com 25 famílias associadas do projeto Borboletário, nomunicípio <strong>de</strong> Poconé, revelou que essas que participam do projeto são constituídas em suamaioria por mais <strong>de</strong> 5 membros, com baixo nível <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong>, moradias pequenas eCampo Gran<strong>de</strong>, 25 a 28 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2009,Socieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Economia, Administração e Sociologia Rural18


pouco confortáveis, sendo que a renda é provida apenas pelos chefes da família. Ainda, noque se refere à geração <strong>de</strong> renda, o projeto constitui para todos <strong>um</strong>a fonte complementar,<strong>um</strong>a vez que nenh<strong>um</strong>a família vive apenas com os recursos do projeto. No entanto,analisando as <strong>de</strong>spesas das mesmas, observa-se que se não houver esta fonte <strong>de</strong> recurso, oganho das famílias serviria apenas para o custeio das <strong>de</strong>spesas mensais, sem permitir queas mesmas fizessem investimentos ou pagassem seus empréstimos.Para famílias que não participam do projeto, o saldo negativo do orçamento<strong>familiar</strong> seria facilmente coberto com 0,5 salário mínimo, valor da renda gerada no projeto.Desta forma, po<strong>de</strong>-se perceber que o recurso recebido do projeto, mesmo sem permitir queas famílias ac<strong>um</strong>ulem capital ou façam poupança, serve para equilibrar o orçamento e darmais dignida<strong>de</strong> aos associados.Além dos ganhos financeiros, outro importante benefício para as famíliasassociadas é a educação ambiental que estão recebendo da equipe coor<strong>de</strong>nadora do projeto,através <strong>de</strong> reuniões, grupos <strong>de</strong> estudo no Borboletário, conhecimento sobre plantas nativasque prepara essa comunida<strong>de</strong> para receber turistas e cuidar ainda mais e melhor do se<strong>um</strong>aior patrimônio que é a vegetação nativa. Observa-se também que <strong>um</strong> novo cenáriocomeça a se <strong>de</strong>senhar neste local, pois praticamente todas as famílias com filhos em ida<strong>de</strong>escolar, mantêm o estudo e não exige que os mesmos comecem a trabalhar ainda jovem,mudando a sua realida<strong>de</strong>. Este trabalho tem resultado positivo, haja vista que a associaçãopreten<strong>de</strong> ampliar, em 2010, o número <strong>de</strong> famílias integrantes da associação. A alternativa<strong>de</strong> associativida<strong>de</strong> colabora para o fortalecimento <strong>de</strong> empreendimentos, à medida que seestrutura para a in<strong>de</strong>pendência, além <strong>de</strong> estimular o grupo para entrada no mercado <strong>de</strong>trabalho e aten<strong>de</strong>r a novas <strong>de</strong>mandas com consciência e lucrativida<strong>de</strong>. Vale ressaltar que aanálise sobre o tema não se esgota, havendo a necessida<strong>de</strong> implantar muitas ações, <strong>como</strong> asque foram sugeridas no <strong>de</strong>correr do estudo e avaliar seu impacto sobre a comunida<strong>de</strong>.6 Referencial BibliográficoALBUQUERQUE, Paulo. Autogestão. In CATTANI, Antonio David (Org). A outraeconomia. Porto Alegre: Veraz Editores, 2003. p. 20-25.BACSFALUSI. J. Asas do Desejo. Disponível emhttp://www.apasfa.org/silvestres/borbo.shtml, publicado em 2008, acessado em 15/02/2010DAVIDOVICH, F. A Propósito da Eco-Urbs 92: a temática urbana na questão ambiental.In: MESQUITA, O. V.; SILVA, S. T. (Coords.). Geografia e questão ambiental. Rio <strong>de</strong>Janeiro: IBGE, 1993FERREIRA.J.C.V. Mato Grosso e seus Municípios. Cuiab-a-MT, Secretaria daEducação, 2001Campo Gran<strong>de</strong>, 25 a 28 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2009,Socieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Economia, Administração e Sociologia Rural19


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