estandarte e’ a Tocha <strong>do</strong>s Espirito, meu Desafio Maior é mergulhar na Essência que nos faz um com todas as Existências, em to<strong>do</strong>s os mun<strong>do</strong>s. Tu és um grande desafio para mim, meio-irmão. Sinto que preciso entender-te tão bem quanto a mim mesma ao longo deste processo. ‘ Por que queres tanto isto?" <strong>Ereshkigal</strong> ouviu a pergunta na sua mente, pois a proximidade com Kur era agora mais <strong>do</strong> que física. - Nem eu mesma sei muito bem por que, mas simplesmente tenho de fazer isto. Talvez para crescer na compreensão <strong>do</strong> que sou, de quem e o que tu e nossos irmãos são. Para aprender e compartilhar deste conhecimento, que surge <strong>do</strong> meu desejo de fazer algo melhor em to<strong>do</strong>s os mun<strong>do</strong>s. Desta forma, quan<strong>do</strong> eu tiver cresci<strong>do</strong> em sabe<strong>do</strong>ria a respeito de todas estas coisas, talvez eu mereça a minha coroa num mun<strong>do</strong>, num reino totalmente novo e inexplora<strong>do</strong>, ela respondeu com clareza. A face de Kur retorceu-se toda, provavelmente no equivalente a um sorriso, pois a voz dele soou leve, com indisfarçável interesse: - Diferente, quão diferente <strong>do</strong>s outros tu és, meio-irmã! Não vou lutar contigo... pelo menos não por agora. E onde é este novo reino, onde desejas conquistar a tua coroa? O que é ele também? <strong>Ereshkigal</strong> voltou-se e apontou à distância, onde o Desconheci<strong>do</strong>, as Grandes Profundezas se situavam, ainda totalmente inexploradas. - Lá, ela disse, bem longe, o Mun<strong>do</strong> Subterrâneo, as Grandes Profundezas, onde a aparência não conta, só a Essência. Talvez eu vá mais longe se explorar as Grandes Profundezas em to<strong>do</strong>s os aspectos de minha vida. Talvez assim eu conquiste um novo mun<strong>do</strong> tambem. Quem sabe? Kur aproximou-se mais e mais. <strong>Ereshkigal</strong> ficou firme no seu lugar, apenas esperan<strong>do</strong>. Por isso, apesar de Kur poder pensar que era ele quem a estava fechan<strong>do</strong> o cerco sobre ela, na realidade era ela, <strong>Ereshkigal</strong>, quem o havia não captura<strong>do</strong>, pois este não era o fim <strong>do</strong> Desafio de <strong>Ereshkigal</strong>. Muito antes pelo contrario, ela o havia cativa<strong>do</strong>, fazen<strong>do</strong> dele seu companheiro, diferentes, mas parceiros. Desta forma, os <strong>do</strong>is iriam certamente expandir os horizontes um <strong>do</strong> outro. Com o coração baten<strong>do</strong>, mas manten<strong>do</strong> calma aparente, <strong>Ereshkigal</strong> sentiu sua percepção crescer `a medida em que Kur finalmente também se abria totalmente para ela. Ela sentiu as feridas que Kur tinha dentro de si, e das quais jamais falara ou dividira com alguém, o desejo dele de pertencer a alguém e a algum lugar, que ele jamais havia consegui<strong>do</strong> expressar. Surpresa, <strong>Ereshkigal</strong> também se deu conta <strong>do</strong> quão diferente ela sempre havia-se se senti<strong>do</strong>. Diferente mesmo de Enki e Enlil, a quem ela amava profundamente, de to<strong>do</strong> coracao e alma, mas que nunca haviam si<strong>do</strong> capazes de mergulhar nas profundezas que <strong>Ereshkigal</strong> almejava conhecer para faze-las suas e crescer. <strong>Ereshkigal</strong> soltou um profun<strong>do</strong> suspiro, e olhou `a distancia por um breve momento, na direção onde Enki e Enlil provavelmente se encontravam naquele momento, em terra firme. Talvez a jornada de <strong>Ereshkigal</strong> fosse outra. Ela se voltou para Kur. - No que irei me transformar a partir de agora, eu mesma devo descobrir, foi o seu comentário cifra<strong>do</strong> para Kur. Mas sabia que ele havia entendi<strong>do</strong> o que era-lhe por enquanto difícil falar em voz alta. - Tens... temos uma longa tarefa pela frente, Kur respondeu. - Talvez se eu, se nós deixarmos cada dia trazer o que tiver para oferecer, e ver o que pudermos fazer com o conhecimento obti<strong>do</strong>, daí quem sabe possamos construir algo que chegue para ficar. Algo diferente, que nos faça crescer e compartilhar no mun<strong>do</strong>, trazen<strong>do</strong> um significa<strong>do</strong> maior para a minha, a nossa e outras existências. O que achas? Será que vais gostar de ser meu companheiro nesta viagem? Pensativa, mas com um sorriso encanta<strong>do</strong>r, <strong>Ereshkigal</strong> estendeu a mão para Kur, que retribuiu o sorriso e segurou na sua a mão delicada de <strong>Ereshkigal</strong>. Juntos, eles cruzaram o limiar para o Mun<strong>do</strong> Subterrâneo. Sentir e experimentar o Desconheci<strong>do</strong> eram duas coisas que <strong>Ereshkigal</strong> sempre havia deseja<strong>do</strong>. Neste momento, ela escolheu desbravar fronteiras não antes exploradas, ir aonde ninguém tinha ousa<strong>do</strong>, ficar para sempre nos caminhos ainda não trilha<strong>do</strong>s das Grandes Profundezas.
‘ Encher o vazio deste mun<strong>do</strong> com o meu ser, ajudar Kur e a outros tantos a olhar para dentro para poder crescer,’ foi o pensamento de <strong>Ereshkigal</strong>, o desejo de sua alma. A voz de <strong>Ereshkigal</strong> então ressoou forte e clara em to<strong>do</strong>s os mun<strong>do</strong>s da Criação, as Esferas Mais Altas, o Mun<strong>do</strong> Físico, nos confins da terra e, pela primeira vez, no Mun<strong>do</strong> Subterrâneo, nas Grandes Profundezas: - Eu escolho as Grandes Profundezas, o Mun<strong>do</strong> Subterrâneo para meu Reino. <strong>Ereshkigal</strong> havia encontra<strong>do</strong> a Grande Aventura, a Jornada Maior de sua vida. Sem olhar para trás, ela cruzou o limiar para o Mun<strong>do</strong> Interior, para nunca mais voltar.