TERÇA-FEIRA, 10 DE JULHO DE 2007 - Europa
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<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 1<br />
2-001<br />
2-002<br />
PRESIDÊNCIA: MARTÍNEZ MARTÍNEZ<br />
Vice-Presidente<br />
2-003<br />
Abertura da sessão<br />
2-004<br />
(A sessão tem início às 09H00)<br />
2-005<br />
2-006<br />
Entrega de documentos: ver Acta<br />
Transferências de dotações: ver Acta<br />
2-007<br />
Debates sobre casos de violação dos direitos<br />
humanos, da democracia e do Estado de<br />
direito (comunicação das propostas de<br />
resolução apresentadas): ver Acta<br />
2-008<br />
Plena realização do mercado interno dos<br />
serviços postais da Comunidade (debate)<br />
2-009<br />
Presidente. - Segue-se na ordem do dia o<br />
relatório (A6-0246/<strong>2007</strong>) do deputado Ferber,<br />
em nome da Comissão dos Transportes e do<br />
Turismo, sobre a proposta de directiva do<br />
Parlamento Europeu e do Conselho que altera a<br />
Directiva 97/67/CE no respeitante à plena<br />
realização do mercado interno dos serviços<br />
postais da Comunidade (COM(2006)0594 – C6-<br />
0354/2006 – 2006/0196(COD)).<br />
2-0<strong>10</strong><br />
Charlie McCreevy, Membro da Comissão. –<br />
(EN) Senhor Presidente, gostaria, em primeiro<br />
lugar, de agradecer calorosamente à Comissão<br />
dos Transportes e do Turismo e, em especial, ao<br />
relator, senhor deputado Marcus Ferber, o<br />
excelente trabalho realizado na elaboração do<br />
relatório sobre a Directiva “Serviços postais”. O<br />
resultado é tanto mais louvável quanto a<br />
preparação envolveu outras cinco comissões e<br />
cerca de 600 alterações. Acresce que o dossier é<br />
muito sensível do ponto de vista político e<br />
tecnicamente complexo.<br />
A nossa proposta surgiu após profunda<br />
preparação. Não estamos a aplicar teorias<br />
abstractas concebidas numa torre de marfim ou<br />
baseadas em fervor ideológico. A abertura do<br />
mercado não constitui um fim em si mas é<br />
<strong>TERÇA</strong>-<strong>FEIRA</strong>, <strong>10</strong> <strong>DE</strong> <strong>JULHO</strong> <strong>DE</strong> <strong>2007</strong><br />
___________________________<br />
positiva para o consumidor, para as empresas e,<br />
consequentemente, para toda a economia.<br />
Após meses de debate continua a existir o risco<br />
de esquecermos a intenção original. Permitamme,<br />
então, recordar o que implica na verdade a<br />
nossa proposta. Antes de mais, a proposta da<br />
Comissão visa garantir um serviço universal de<br />
elevada qualidade para todos os utentes na<br />
União Europeia. Os utentes e consumidores dos<br />
serviços postais têm direito a serviços de<br />
primeira qualidade, os quais devem estar<br />
disponíveis a todos, a preços acessíveis.<br />
Em segundo lugar, e partindo de um estudo<br />
pormenorizado e de uma vasta consulta, a<br />
Comissão confirma na sua proposta que 2009 é<br />
a data prevista para a abolição de quaisquer<br />
direitos exclusivos e monopólios que ainda<br />
possam subsistir. Direitos exclusivos e<br />
monopólios impedem a concorrência e os<br />
efeitos positivos que a mesma tem para a<br />
inovação, a qualidade e os preços.<br />
Em terceiro lugar, a nossa proposta confirma a<br />
disponibilidade de uma vasta gama de<br />
mecanismos que os Estados-Membros podem<br />
escolher para financiar qualquer custo líquido<br />
ou encargo financeiro não razoável que as<br />
obrigações de serviço universal possam implicar<br />
para os prestadores do serviço universal.<br />
Em quarto lugar, a proposta permite maior<br />
flexibilidade em termos de fixação de preços<br />
dos serviços postais, os quais poderão então<br />
melhor reflectir os custos verdadeiros<br />
mantendo, ao mesmo tempo, a possibilidade de<br />
tarifas uniformes ou de serviços postais a que é<br />
aplicada a tarifa avulsa. A Comissão reconhece<br />
a grande importância do papel dos serviços<br />
postais para a coesão territorial e social, de que<br />
são reflexo as tarifas uniformes para serviços<br />
postais. A proposta vem reforçar, ainda, os<br />
direitos dos consumidores em termos, por<br />
exemplo, de recurso.<br />
Em quinto lugar, a presente proposta visa alterar<br />
disposições relativas a autorização e<br />
licenciamento, numa tentativa de reduzir<br />
entraves injustificados à entrada. A proposta<br />
vem, bem assim, tornar mais claras as regras de<br />
acesso à infra-estrutura postal.<br />
Finalmente, o texto impõe maior transparência<br />
no que se refere ao papel e à independência das<br />
autoridades reguladoras nacionais.
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 2<br />
Todos os elementos expostos contribuem para o<br />
sucesso até agora alcançado com a abertura<br />
gradual do mercado e conduzem a um<br />
enquadramento que também permitirá ao sector<br />
postal desenvolver o seu potencial. Trata-se, na<br />
verdade, do último passo de um longo processo<br />
iniciado quase há duas décadas.<br />
É do conhecimento geral que está a acontecer<br />
uma “revolução das comunicações”. É para<br />
todos nós, na nossa vida quotidiana, um desafio<br />
importante. Vem ameaçar os operadores postais<br />
que não se adaptarem. Nenhuma área reservada<br />
poderá proteger qualquer operador postal da<br />
concorrência de outros meios de comunicação.<br />
A única opção consiste em reformar e adaptarse,<br />
em transformar o desafio em oportunidade.<br />
Este contexto em rápida mudança torna ainda<br />
mais necessário concluir o processo de reforma<br />
que começámos há mais de 15 anos. O<br />
Parlamento Europeu moldou significativamente,<br />
em todas as fases, essa reforma. A Comissão<br />
está disponível para prestar toda a assistência<br />
necessária para, finalmente, concluir o mercado<br />
interno dos serviços postais.<br />
Até à data, a experiência da abertura do<br />
mercado tem sido bastante positiva. A<br />
eficiência, a qualidade e o desempenho<br />
aumentaram substancialmente. Em toda a União<br />
Europeia é prestado um serviço universal de<br />
elevada qualidade a preços acessíveis.<br />
É nossa responsabilidade conjunta que essas<br />
características se mantenham. A plena abertura<br />
do mercado é a forma correcta de avançar. Há<br />
quem tenha tentado, nos últimos meses, ver a<br />
abertura do mercado e o êxito de outros<br />
operadores postais como ameaças. No entanto,<br />
muitos detractores já perceberam que se trata de<br />
ameaças que temos de enfrentar e que é muito<br />
mais importante concentrarmo-nos na melhor<br />
forma de lidar com elas. Em termos gerais,<br />
prevalece uma abordagem construtiva, o que me<br />
permite alimentar uma atitude optimista e<br />
esperar que se chegue a entendimento sobre tão<br />
importante dossier.<br />
Para concluir, a presente Directiva constitui um<br />
elemento essencial da Agenda de Lisboa.<br />
Chegou a altura de oferecer aos cidadãos<br />
europeus a escolha a que têm direito e que<br />
esperam. Os utentes e consumidores dos<br />
serviços postais serão os principais beneficiários<br />
da directiva. A abertura do mercado em 2009<br />
introduzirá uma concorrência controlada e<br />
regulamentada que estimulará a inovação, novos<br />
modelos de empresas e novos serviços. Não se<br />
pretende repartir o bolo de forma diferente ou<br />
introduzir uma reforma a expensas das pessoas<br />
que trabalham no sector, pretende-se antes<br />
aumentar a dimensão do mercado e permitir que<br />
todos retirem daí vantagens.<br />
2-011<br />
Markus Ferber (PPE-<strong>DE</strong>), relator. – (<strong>DE</strong>)<br />
Senhor Presidente, Senhor Comissário,<br />
Senhoras e Senhores Deputados, a liberalização<br />
dos serviços postais é uma das propostas mais<br />
importantes em discussão na segunda metade<br />
desta legislatura. Temos vindo a trabalhar nela<br />
desde a terceira e quarta legislaturas e gostaria<br />
de recapitular tudo o que foi feito desde que a<br />
Comissão Europeia apresentou o seu Livro<br />
Branco, em 1992. É importante que nós,<br />
Parlamento, enviemos um sinal claro hoje e<br />
amanhã, na votação. Espero que em breve<br />
levemos este projecto, iniciado no fim da<br />
década de 1980, a uma boa conclusão.<br />
Qual é a questão principal? Muito<br />
simplesmente, a questão é passar de um serviço<br />
postal baseado na oferta para um serviço postal<br />
baseado na procura. Temos monopólios nos<br />
Estados-Membros há já 200 anos. Durante o<br />
debate de hoje, iremos ouvir falar de muitos<br />
problemas que afectam os serviços postais. Para<br />
mim, só pode haver uma conclusão: os<br />
monopólios não estão em condições de resolver<br />
esses problemas. Eles só poderão ser resolvidos<br />
quando houver uma concorrência leal – que é<br />
algo a que damos muito valor – na União<br />
Europeia, uma concorrência com grande ênfase<br />
nas condições de trabalho, mas que não deixe de<br />
ser concorrência.<br />
Este foi o modelo que delineámos em conjunto<br />
na Comissão dos Transportes e do Turismo,<br />
independentemente das nossas ligações<br />
nacionais ou partidárias. A este respeito,<br />
gostaria de agradecer aos meus colegas<br />
deputados que participaram nos trabalhos e<br />
contribuíram para chegarmos a este<br />
compromisso. Podemos dizer com confiança<br />
que, até ao fim de 20<strong>10</strong>, os mercados postais de<br />
todos os Estados-Membros estarão<br />
liberalizados, ainda que tenhamos previsto<br />
algumas derrogações até 2012. Devo dizer<br />
claramente que aqueles que vêm de um domínio<br />
protegido não têm o direito de se envolver onde<br />
já exista concorrência. É a isto que se chama<br />
reciprocidade.<br />
Uma objecção comum a este respeito é a de que<br />
esta posição é contrária ao Tratado da UE. A<br />
minha única resposta é remeter para a directiva<br />
relativa aos serviços postais actualmente<br />
aplicável. Esta proíbe explicitamente a entrada<br />
de um operador num mercado concorrencial<br />
com os lucros obtidos enquanto monopólio.
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 3<br />
Estão pendentes na DG Concorrência dez<br />
processos contra Estados-Membros suspeitos de<br />
fazerem precisamente isto. Assim, se a actual<br />
directiva nos fornece um instrumento para<br />
assegurar este tipo de reciprocidade, devemos<br />
fazer uso dele.<br />
Dissemos muito claramente que não deve haver<br />
mudanças na gama de serviços postais que<br />
deverão estar ao dispor de todos os cidadãos da<br />
UE. O serviço universal deve estar ao dispor de<br />
todos os cidadãos, independentemente de onde<br />
residam, na cidade ou no campo, no centro ou<br />
na periferia da <strong>Europa</strong>. Esta é a posição<br />
correcta. Já mostrámos que existe um direito<br />
legal a um determinado nível de prestação de<br />
serviço noutros domínios da liberalização do<br />
mercado.<br />
A segunda grande questão é a de saber como<br />
pode ser financiado este serviço universal. Em<br />
conjunto, chegámos a uma boa solução. No<br />
entanto, é importante que os Estados-Membros<br />
tenham instrumentos suficientes. Se lerem a<br />
directiva atentamente, encontrarão cinco<br />
instrumentos, quatro propostos pela Comissão e<br />
umas quantas formas mistas que nós<br />
acrescentámos, que nos permitirão organizar<br />
este serviço universal de modo a que esteja<br />
disponível em toda a parte.<br />
Elaborámos um calendário claro daquilo que a<br />
Comissão e os Estados-Membros têm de fazer<br />
antes da abertura dos mercados. Isto evitará que<br />
alguém seja apanhado de surpresa quando as<br />
medidas forem aplicadas, uma vez que tudo está<br />
a ser feito de acordo com os Estados-Membros.<br />
Demos grande atenção aos aspectos relativos à<br />
protecção do consumidor. O senhor Comissário<br />
já referiu as tarifas uniformes que permitirão aos<br />
cidadãos continuarem a usar um modelo de<br />
carta normalizado. Queremos também continuar<br />
a garantir o serviço aos deficientes visuais. Para<br />
além da proposta da Comissão, introduzimos<br />
um completo sistema de reclamações, para<br />
assegurar que os direitos dos consumidores<br />
continuarão a ser igualmente protegidos num<br />
regime liberalizado.<br />
Analisámos atentamente a questão dos<br />
trabalhadores do sector postal. Há mais de um<br />
milhão de trabalhadores do sector postal em<br />
toda a União Europeia, e é evidente que eles<br />
querem saber o que lhes vai acontecer num<br />
ambiente liberalizado. Penso que encontrámos<br />
as soluções certas, no que se refere tanto à<br />
definição de trabalhador do sector postal como à<br />
manutenção dos direitos que lhes são garantidos<br />
numa base nacional.<br />
Gostaria de agradecer a todos os que nos<br />
ajudaram a chegar a este compromisso e, em<br />
especial, à Comissão, pela sua atitude próactiva.<br />
Espero que o Conselho também esteja<br />
em breve em condições de formular uma<br />
posição comum com base na nossa primeira<br />
leitura.<br />
2-012<br />
Pervenche Berès (PSE), relatora de parecer da<br />
Comissão dos Assuntos Económicos e<br />
Monetários. - (FR) Senhor Presidente, Senhor<br />
Comissário, Senhoras e Senhores Deputados,<br />
devo o privilégio de intervir neste debate ao<br />
infeliz seguimento da apreciação do parecer<br />
inicialmente redigido pelo meu colega Gilles<br />
Savary dirigido à Comissão dos Assuntos<br />
Económicos e Monetários. Dada a votação que<br />
teve lugar no seio daquela comissão, o relator<br />
renunciou, com efeito, a que o seu nome<br />
figurasse neste relatório.<br />
Iniciámos o processo de abertura à concorrência<br />
dos serviços postais faz agora dez anos,<br />
reduzindo progressivamente o monopólio das<br />
operadoras nacionais e tentando<br />
simultaneamente garantir a manutenção do<br />
serviço universal. Esta exigência do serviço<br />
universal encontra-se agora reafirmada no<br />
relatório Ferber, que define para o efeito três<br />
instrumentos de financiamento e reconhece,<br />
consequentemente, que o mercado por si só não<br />
poderia garantir um serviço quotidiano no<br />
conjunto dos nossos territórios. O prazo<br />
suplementar de dois anos concedido aos novos<br />
Estados-Membros bem como aos Estados<br />
dotados de uma topografia difícil testemunha<br />
bem a dificuldade de conciliar liberalização<br />
total com obrigação de serviço público.<br />
O relator desejaria que fosse reconhecido um<br />
quarto domínio, um quarto modo de<br />
financiamento, do domínio reservado. A vossa<br />
Comissão dos Assuntos Económicos e<br />
Monetários optou por não apoiar o relator, quer<br />
na introdução dessa noção de domínio<br />
reservado, quer numa modificação do<br />
calendário. Preferiu seguir praticamente a<br />
proposta inicial da Comissão de considerar a<br />
data de 2009 como a data de abertura do serviço<br />
postal à liberalização. Gostaria de dizer que,<br />
neste aspecto, a título excepcional e pessoal,<br />
concebo que a comissão consultada quanto à<br />
matéria de fundo tenha tido razão em não ouvir<br />
a Comissão dos Assuntos Económicos e<br />
Monetários. Ao dizê-lo exprimo uma opinião<br />
absolutamente pessoal: não é a presidente da<br />
Comissão dos Assuntos Económicos e<br />
Monetários que está a falar.<br />
2-013
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 4<br />
Stephen Hughes (PSE), relator de parecer da<br />
Comissão do Emprego e dos Assuntos Sociais. –<br />
(EN) Senhor Presidente, a Comissão do<br />
Emprego e dos Assuntos Sociais teria preferido<br />
que a plena realização do mercado interno dos<br />
serviços postais fosse sujeita a novo estudo<br />
prospectivo que demonstrasse que os serviços<br />
universais podem ser mantidos em cada Estado-<br />
Membro e que procurasse a melhor forma de<br />
manter ou melhorar a situação do emprego no<br />
sector postal. No entanto, frequentemente a<br />
política é a arte do possível, e sei que o meu<br />
amigo Brian Simpson chegou à melhor solução<br />
possível com o relator e os outros relatoressombra<br />
na Comissão dos Transportes e do<br />
Turismo.<br />
Agrada-nos o claro realce colocado na<br />
manutenção dos serviços universais e no<br />
número de salvaguardas que constam agora do<br />
relatório, na forma como vai ser apresentado a<br />
este Parlamento. É também com grande<br />
satisfação que verificamos que o relatório se<br />
centra na necessidade de garantir elevadas<br />
normas sociais e de emprego, agora que começa<br />
a esboçar-se a liberalização. Trata-se de um<br />
ponto importante, sabendo que a própria<br />
Deutsche Post já expressou alguma preocupação<br />
quanto à redução das normas relativas ao<br />
emprego entre alguns novos concorrentes do<br />
mercado postal alemão.<br />
Acreditamos estar perante o melhor acordo<br />
possível nesta última fase do processo de<br />
liberalização.<br />
2-014<br />
Hannes Swoboda (PSE), relator do parecer da<br />
Comissão da Indústria, da Investigação e da<br />
Energia. – (<strong>DE</strong>) Senhor Presidente, ao contrário<br />
de alguns dos meus colegas deputados, eu já<br />
sabia que o senhor deputado Ferber, não<br />
obstante a sua intervenção inicial, é um homem<br />
aberto a compromissos, pelo que conseguiu<br />
chegar a uma boa solução. O senhor deputado<br />
Ferber apresentou a situação nestes termos: há<br />
muitas diferenças a nível europeu, com a<br />
liberalização muito avançada nalguns países e<br />
menos noutros. Fazer recuar este processo teria<br />
sido impossível e, provavelmente, fútil.<br />
O ponto principal – e neste podemos concordar<br />
com a Comissão da Indústria, da Investigação e<br />
da Energia, que foi a primeira a pôr a questão<br />
em marcha – é o da existência de um serviço<br />
realmente universal, garantido a todos os<br />
cidadãos, independentemente de viverem numa<br />
cidade ou numa região isolada, de serem ricos<br />
ou pobres, e prestado pelos serviços postais. A<br />
sua regulamentação continua a ser da<br />
responsabilidade dos governos nacionais.<br />
Foi por isso que insistimos, e estou satisfeito por<br />
a comissão competente ter adoptado a ideia, em<br />
que devemos esperar algum tempo, embora não<br />
indefinidamente, dado que alguns países já<br />
fizeram os preparativos adequados, mas<br />
devemos esperar o tempo suficiente para que os<br />
cidadãos, as empresas e as organizações se<br />
preparem, de forma a garantir que as empresas e<br />
os cidadãos disponham de um serviço adequado.<br />
Outra questão importante é a do emprego. A<br />
liberalização e a abertura dos mercados não<br />
pode ser baseada no princípio de “quanto mais<br />
baixos os salários e piores as condições,<br />
melhor”. O importante é que haja concorrência<br />
leal entre as instituições postais existentes e as<br />
novas. Também este aspecto foi devidamente<br />
tratado no relatório.<br />
Por todas estas razões, a minha opinião pessoal<br />
é que encontrámos uma boa solução. A<br />
Comissão da Indústria, da Investigação e da<br />
Energia deu a sua aprovação e espero que a<br />
maioria desta câmara concorde com a proposta.<br />
2-015<br />
Markus Pieper (PPE-<strong>DE</strong>), relator do parecer<br />
da Comissão do Desenvolvimento Regional. –<br />
(<strong>DE</strong>) Senhor Presidente, Senhor Comissário,<br />
Senhoras e Senhores Deputados, a liberalização<br />
do mercado postal tem também uma dimensão<br />
regional, porque a fiabilidade e a qualidade da<br />
distribuição postal são factores regionais para a<br />
economia e para a população.<br />
Antes de mais, gostaria de agradecer ao senhor<br />
deputado Richard Seeber, relator do parecer da<br />
Comissão do Desenvolvimento Regional. O<br />
senhor deputado Seeber pediu-me que me<br />
encarregasse da parte dele. Gostaria de<br />
agradecer igualmente ao relator, senhor<br />
deputado Ferber, o seu relatório muito<br />
equilibrado.<br />
Em princípio, somos favoráveis à abertura dos<br />
mercados. Não se trata de um fim em si mesmo,<br />
mas de um instrumento para aumentar a<br />
eficiência e a qualidade de serviço do sector<br />
postal. Como já aconteceu noutros sectores, a<br />
liberalização irá criar mais empregos do que<br />
aqueles que os mercados protegidos geram. No<br />
entanto, a Comissão do Desenvolvimento<br />
Regional recomenda que o impacto da<br />
liberalização seja analisado mais<br />
minuciosamente. De que forma os mercados<br />
livres afectam a coesão regional e a<br />
competitividade regional?<br />
No caso das zonas rurais e isoladas, temos de<br />
encontrar, juntamente com os prestadores
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 5<br />
privados, soluções de mercado que não<br />
aumentem os custos para os consumidores nem<br />
reduzam a frequência da distribuição. A este<br />
respeito, o comércio e o correio electrónicos<br />
abrem algumas perspectivas interessantes para<br />
as zonas rurais, nomeadamente prestando<br />
serviços substitutos equivalentes aos que<br />
anteriormente eram prestados pelo Estado.<br />
Porém, a Comissão do Desenvolvimento<br />
Regional entende que, a longo prazo, tem de<br />
continuar a ser dada atenção às consequências<br />
da manutenção do serviço universal.<br />
Aos Estados-Membros que o considerem<br />
necessário, deve ser dada a possibilidade de<br />
adiarem a realização do mercado interno dos<br />
serviços postais, que está programada para<br />
2009. Pelas mesmas razões, somos também<br />
favoráveis ao prolongamento dos prazos para os<br />
novos Estados-Membros e no caso das zonas<br />
muito remotas, como propõe a Comissão dos<br />
Transportes e do Turismo.<br />
A abertura dos mercados a duas velocidades daí<br />
resultante não pode, porém, levar a uma<br />
situação em que monopólios do Estado de zonas<br />
protegidas ofereçam serviços em<br />
Estados-Membros ou regiões já liberalizados.<br />
Esta é outra forma de concorrência distorcida<br />
que os Estados-Membros e…<br />
(O Presidente retira a palavra ao orador)<br />
2-016<br />
Marianne Thyssen, em nome do Grupo<br />
PPE/<strong>DE</strong>. – (NL) Senhor Presidente, Senhor<br />
Comissário, Senhoras e Senhores Deputados,<br />
como o Comissário observou há instantes, já há<br />
mais de <strong>10</strong> anos que trabalhamos na abertura do<br />
mercado interno dos serviços postais, e iremos<br />
pronunciar-nos sobre a última fase desse<br />
processo, sobre aquilo que deverá acontecer<br />
com a área reservada dos envios postais com<br />
menos de 50 gramas. Quando este monopólio<br />
residual for eliminado, vamos ter, dentro de<br />
alguns anos, um mercado postal que tem todas<br />
as hipóteses de se tornar mais dinâmico, que<br />
ficará totalmente aberto e que poderá funcionar<br />
de uma forma competitiva e transparente.<br />
Em nosso entender, a proposta da Comissão não<br />
nos oferecia garantias suficientes de uma<br />
liberalização prudente, mas, graças ao talento<br />
negocial do relator, o senhor deputado Ferber, e<br />
à boa cooperação de outros colegas deste<br />
Parlamento, no seio da Comissão dos<br />
Transportes e do Turismo foi celebrado um<br />
acordo que mereceu um amplo apoio político,<br />
um acordo que, acima de tudo, oferece às<br />
empresas postais um período de tempo mais<br />
alargado para se prepararem convenientemente.<br />
Uma vez que nem todos os Estados-Membros<br />
realizaram os mesmos progressos no caminho<br />
para a liberalização dos serviços postais, esta é<br />
uma via sensata.<br />
Além disso, o relatório Ferber representa<br />
também um enorme progresso noutros<br />
domínios. Assim, por exemplo, os trabalhadores<br />
no sector postal não terão necessariamente de<br />
temer efeitos adversos, se bem que devamos,<br />
naturalmente, manter-nos vigilantes a este<br />
respeito. Igualmente crucial é a nossa ambição<br />
de garantir aos utentes a prestação do serviço<br />
universal. É óbvio que o correio tem de<br />
continuar a ser entregue diariamente e os utentes<br />
têm de poder entregar a sua correspondência em<br />
locais próximos das suas casas.<br />
O plano nacional que os Estados-Membros têm<br />
de apresentar à Comissão relativo ao<br />
financiamento do seu serviço universal é<br />
obviamente um elemento crucial neste contexto.<br />
Em suma, esperamos que na sequência da<br />
votação de amanhã tenhamos um texto<br />
equilibrado, cabendo depois ao Conselho, e<br />
certamente aos Estados-Membros, lidar de uma<br />
forma sensata com o resultado da nossa votação.<br />
2-017<br />
Brian Simpson, em nome do Grupo PSE. –<br />
(EN) Senhor Presidente, felicito o nosso relator,<br />
o senhor deputado Markus Ferber, pelo trabalho<br />
desenvolvido para este relatório. Muito tempo<br />
passou desde que, há anos, pela primeira vez<br />
terçámos armas a propósito dos serviços postais.<br />
Na verdade, penso que na altura ainda existia o<br />
Muro de Berlim, o que mostra há quanto tempo<br />
se arrasta esta discussão.<br />
Os serviços postais são um assunto muito<br />
pessoal e muito político. Por isso são tão<br />
diferentes de outros sectores como as<br />
telecomunicações ou a energia, pois o correio,<br />
como tantas vezes afirmei neste Hemiciclo, tem<br />
a ver com pessoas; tem a ver com a linha<br />
avançada do serviço público. Eis o que explica a<br />
sua importância e o grande interesse que<br />
provoca.<br />
Sei que no trabalho que desenvolvemos em<br />
comissão tentámos integrar as opiniões de<br />
outras comissões e grupos políticos. Após árduo<br />
trabalho e, devo dizer, uma grande dose de boa<br />
vontade, chegámos a um acordo que<br />
classificaria como positivo.<br />
Queria apenas dizer que esta directiva específica<br />
não trata, verdadeiramente, de liberalização. A<br />
questão de saber se devíamos liberalizar os<br />
serviços postais há muito se perdeu. O senhor<br />
deputado Stephen Hughes tem toda a razão
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 6<br />
quando afirma que a política é a arte do<br />
possível. A minoria que pensa - e cuja opinião<br />
respeito - que devíamos manter o modelo<br />
antigo, manter o monopólio e a área reservada,<br />
defende um ponto de vista cujos méritos posso<br />
compreender, mas a verdade é que não é nesse<br />
mundo que vivemos actualmente. A vasta<br />
maioria dos nossos Estados-Membros já<br />
liberalizou; a vasta maioria dos que ainda não<br />
liberalizaram gostaria de o fazer pelo que, na<br />
verdade, o que falta por vezes é um pouco de<br />
sentido da realidade.<br />
O Parlamento concordou numa liberalização<br />
controlada e, na verdade, a última vez que se<br />
pronunciou sobre o assunto concordou com a<br />
data de 1 de Janeiro de 2009. Desde aí, porém,<br />
deu-se a adesão dos novos Estados-Membros e<br />
o meu grupo pensa que isso significa que temos<br />
de avaliar o que já fizemos e de pensar na<br />
possibilidade de propor um calendário diferente<br />
e de atrasar a aplicação para os países que<br />
necessitarem de adiamento.<br />
Devo, no entanto, dizer que, por muito forte que<br />
seja a posição da Comissão quanto aos serviços<br />
universais, já no que respeita à forma como<br />
financiá-los apresenta-se muito enfraquecida.<br />
Analisemos, então, o ponto fundamental. De<br />
que modo garantimos um serviço universal que<br />
trate em pé de igualdade todos os cidadãos,<br />
independentemente do local onde vivam? É<br />
tendo em conta esta questão que defendemos a<br />
garantia de pontos de acesso em áreas rurais e<br />
periféricas. De que modo financiamos esse<br />
serviço universal? De que modo aplicamos<br />
planos nacionais que permitam que isso<br />
aconteça? De que modo protegemos os<br />
trabalhadores e as suas condições de trabalho e<br />
de que modo garantimos que os novos Estados-<br />
Membros não são forçados a uma concorrência<br />
que não podem aguentar? É aqui que o prazo é<br />
importante.<br />
Estas são as questões a que tentámos dar<br />
resposta no presente relatório e no compromisso<br />
a que chegámos e espero que o Parlamento,<br />
amanhã, apoie esse compromisso.<br />
2-018<br />
Luigi Cocilovo, em nome do Grupo AL<strong>DE</strong>. –<br />
(IT) Senhor Presidente, Senhoras e Senhores<br />
Deputados, também eu queria felicitar<br />
calorosamente o senhor deputado Markus<br />
Ferber pelo seu relatório. Creio que outros<br />
colegas empenhados também contribuíram para<br />
esse trabalho e não creio que, por muito sensível<br />
e complexo que fosse, pudesse ser comparado a<br />
“um duelo ao amanhecer nas traseiras do<br />
convento” entre os deputados Ferber e Simpson;<br />
não se tratou de terçar armas mas de perceber<br />
que se trata de um domínio delicado, como o<br />
são todos aqueles onde a oferta não pode<br />
orientar-se por benefícios meramente<br />
económicos mas deve também visar a<br />
necessidade de dar resposta ao interesse público.<br />
Isto pode ir além das soluções habituais em<br />
situações de oferta e procura, que se guiam pelo<br />
mercado e pelos benefícios do mercado apenas.<br />
Foi necessário encontrar um difícil equilíbrio,<br />
visto a reforma, como já foi referido pelo<br />
Senhor Comissário e reiterado pelo deputado<br />
Ferber, ter sido levada a cabo não devido ao<br />
mercado mas aos interesses dos consumidores.<br />
O mercado apenas poderá ser instrumento para<br />
conseguir e garantir, tanto quanto possível, que<br />
se defende os interesses dos consumidores<br />
reduzindo os custos dos serviços de qualidade.<br />
Também eu penso que as velhas indústrias<br />
monopolistas já não estavam à altura de dar<br />
resposta aos desafios: seria perigoso, porém,<br />
pensar que nesses casos a única resposta<br />
consiste em abrir o mercado à concorrência.<br />
Trata-se de uma medida que, se bem que útil,<br />
fundamental e importante, não é, por si só,<br />
bastante.<br />
Daí a inevitabilidade de procurar um serviço<br />
universal garantido, com várias opções, que<br />
evite os riscos da ambiguidade na interpretação<br />
e de litígios que, provavelmente, não<br />
conseguimos eliminar totalmente. Existem<br />
diversas opções, todas dirigidas - tendo em vista<br />
a diversidade dos mercados - para a necessidade<br />
de contribuir para os custos líquidos de um<br />
serviço que, em muitas circunstâncias, nunca<br />
será exclusivamente coberto através do<br />
funcionamento do mercado. Para isso é crucial,<br />
como já alguém referiu, a concorrência leal.<br />
Não partilho da desconfiança quanto ao sistema<br />
de concessão de licenças, que foi comparado a<br />
uma guilhotina que impediria e asfixiaria a<br />
concorrência. As licenças podem ser<br />
instrumentos muito úteis para garantir a<br />
competência de determinada empresa e garantir<br />
que a concorrência se desenrola livremente<br />
embora dentro de um enquadramento normativo<br />
que, abrangendo o respeito por regulamentos<br />
sobre segurança social, qualificações<br />
profissionais, definições de serviços de<br />
substituição e exigências de serviço público,<br />
pode aplicar-se de forma transparente a todos os<br />
operadores do sector.<br />
Será também uma forma de impedir que os que<br />
têm o encargo do serviço universal entrem na<br />
arena da concorrência de mãos atadas.<br />
2-019
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 7<br />
Roberts Zīle, em nome do Grupo UEN. – (LV)<br />
Obrigado, Senhor Presidente, Senhor<br />
Comissário McCreevy. Também eu gostaria de<br />
começar por felicitar o senhor deputado Ferber<br />
pelo excelente compromisso que conseguiu<br />
estabelecer, numa situação extremamente<br />
difícil, como bem demonstram as muitas<br />
centenas de propostas apresentadas pelos mais<br />
díspares grupos de interesses. Estou também<br />
satisfeito por este ser um caso em que as<br />
características específicas dos novos<br />
Estados-Membros foram tidas em consideração<br />
através da disposição relativa ao prolongamento<br />
de dois anos e, possivelmente, um prazo ainda<br />
mais dilatado para a manutenção do serviço<br />
universal. Reconheço, certamente, o facto de em<br />
muitos dos novos Estados-Membros os serviços<br />
postais ainda não estarem preparados para uma<br />
verdadeira concorrência deste tipo. Como tal, é<br />
muito importante conseguir-se, por um lado, a<br />
melhoria da qualidade dos serviços postais nos<br />
novos Estados-Membros – algo que a<br />
concorrência proporciona – mas, por outro, é<br />
necessário considerar o aspecto humano que<br />
senhor deputado Simpson acabou de referir.<br />
Fico igualmente satisfeito pelo facto de os<br />
Estados-Membros terem a oportunidade de<br />
escolher um de entre vários modelos para<br />
financiar este período de serviço universal e, por<br />
último, fico satisfeito por ter sido possível, no<br />
seio das comissões, chegar a um compromisso<br />
em relação a manter-se a protecção dos dados<br />
pessoais nos casos em que o prestador do actual<br />
serviço universal tem de entregar a sua base de<br />
dados a outros participantes no mercado. Assim<br />
sendo, espero sinceramente que a votação de<br />
amanhã seja coroada de êxito e que chegue ao<br />
fim o longo trabalho relativo à directiva dos<br />
serviços postais. Obrigado.<br />
2-020<br />
Eva Lichtenberger, em nome do Grupo<br />
Verts/ALE. – (<strong>DE</strong>) Senhor Presidente, Senhor<br />
Comissário, Senhoras e Senhores Deputados, a<br />
concorrência sempre teve resultados positivos<br />
quando funcionou com um bom enquadramento.<br />
O mesmo se aplica aos serviços postais –<br />
quando viável. No entanto, para sermos justos,<br />
temos de dizer que na última fase da<br />
liberalização, os consumidores, em especial nas<br />
zonas rurais, notaram um declínio na qualidade<br />
do serviço. Ser privado não significa<br />
automaticamente ser bom, tal como ser do<br />
Estado não é automaticamente ser bom. Aquilo<br />
de que precisamos é de condições boas,<br />
positivas e equitativas.<br />
A Comissão referiu, e bem, a importância de<br />
uma prestação de serviços completa, em<br />
especial nas zonas rurais. Não se pode permitir<br />
que os serviços se concentrem apenas nas<br />
cidades. No entanto, as propostas para o<br />
financiamento destes serviços, que são mais<br />
onerosos, são, em grande parte, irrealistas,<br />
pensadas apenas para os grandes<br />
Estados-Membros e definidas em termos vagos.<br />
O Tribunal de Justiça Europeu terá muito que<br />
fazer.<br />
Outro resultado foi o de muitos colegas<br />
deputados terem pedido derrogações. Assim,<br />
temos uma lei da Grécia, de acordo com a qual<br />
os países com muitas ilhas podem liberalizar<br />
mais lentamente. Temos outra lei para o<br />
Luxemburgo, de acordo com a qual os países<br />
pequenos com uma população restrita – uma<br />
escolha de palavras interessante – devem<br />
liberalizar mais tarde, e o mesmo se aplica aos<br />
novos Estados-Membros. Em resumo, estas<br />
formulações são muito vagas. Mesmo assim,<br />
peço-vos: não adiem a vossa decisão! Os<br />
problemas não se resolvem por os metermos na<br />
gaveta. É por isso que não posso concordar com<br />
mais adiamentos e o Grupo dos Verdes/Aliança<br />
Livre Europeia tem a mesma posição.<br />
Temos de eliminar de uma vez por todas – e<br />
este é o ponto crucial do relatório – a opção de<br />
demarcar uma área reservada, o que, em última<br />
instância, significa que tudo é subsidiado, desde<br />
o lucrativo lixo postal (“junk mail”) até à<br />
correspondência privada, que dá prejuízo. Esta<br />
prática tem de acabar. Porém, na sua<br />
generosidade, a Comissão continua a permitir<br />
esses subsídios estatais. Considero errada essa<br />
posição. Sou mais favorável a uma abordagem<br />
centrada nos benefícios. O fundo de<br />
compensação que está a ser proposto, embora<br />
possa ser viável nos grandes Estados-Membros,<br />
não o é nos mais pequenos, porque o mercado<br />
ainda não se ajustou devidamente.<br />
A publivenda postal (“direct mail”) é uma mina<br />
de ouro. As cartas com menos de 50 gramas são<br />
a categoria a que os operadores privados estão à<br />
espera de deitar a mão. Não estão minimamente<br />
interessados no cartão de boas-festas à tia Maria<br />
que vive na montanha. Qual será, portanto, o<br />
resultado deste relatório se for aprovado tal<br />
como está? Caiuadramento normativo que,<br />
abrangendo o respeito por regulamentos sobre<br />
segurança social, qualificações profissionais,<br />
definições de serviços de substituição e<br />
exigências de serviço público, pode aplicar-se<br />
de forma transparente a t o d o s<br />
o s o p e r a d o r e s<br />
d o s e c t o r .<br />
S e r á t a m b é m<br />
u m a f o r m a d e
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 8<br />
i m p e d i r q u e o s<br />
q u e t ê m o<br />
e n c a r g o d o<br />
s e r v i ç o<br />
u n i v e r s a l<br />
e n t r e m n a a r e n a<br />
d a c o n c o r r ê n c i a<br />
d e m ã o s a t a d a s .<br />
< B R K ><br />
2 - 0 1 9<br />
P T R o b e r t s Z + l e ,
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 9<br />
e m n o m e
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> <strong>10</strong><br />
U慴E慴N慴.慴 慴慴 慴( L V )<br />
O b r i g a d o ,<br />
S e n h o r<br />
P r e s i d e n t e ,<br />
S e n h o r C o missário
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 11<br />
McCreevy. Também eu gostaria de começar por
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 12<br />
o senhor deputado Ferber pelo excelente<br />
compromisso que conseguiu estabelecer, numa<br />
situação extremamente difícil, como bem<br />
demonstram as muitas centenas de propostas<br />
apresentadas pelos mais díspares grupos de<br />
interesses. Estou também satisfeito por este ser<br />
um caso em que as características específicas<br />
dos novos Estados-Membros foram tidas em<br />
foram tidas em consideração através da<br />
disposição relativa ao prolongamento de dois<br />
anos e, possivelmente, um prazo ainda mais<br />
dilatado para a manutenção do serviço<br />
universal. Reconheço, certamente, o facto de em<br />
muitos dos novos Estados-Membros os serviços<br />
postais ainda não estarem preparados para uma<br />
verdadeira concorrência deste tipo. Como tal, é<br />
muito importante conseguir-se, por um lado, a<br />
melhoria da qualidade dos serviços postais nos<br />
novos Estados-Membros – algo que a<br />
concorrência proporciona – mas, por outro, é<br />
necessário considerar o aspecto humano que<br />
senhor deputado Simpson acabou de referir.<br />
Fico igualmente satisfeito pelo facto de os<br />
Estados-Membros terem a oportunidade de<br />
escolher um de entre vários modelos para<br />
financiar este período de serviço universal e, por<br />
último, fico satisfeito por ter sido possível, no<br />
seio das comissões, chegar a um compromisso<br />
em relação a manter-se a protecção dos dados<br />
pessoais nos casos em que o prestador do actual<br />
serviço universal tem de entregar a sua base de<br />
ados a outros participantes no mercado. Assim<br />
sendo, espero sinceramente que a votação de<br />
amanhã seja coroada de êxito e que chegue ao<br />
fim o longo trabalho relativo à directiva dos<br />
serviços postais. Obrigado. <br />
2-020<br />
PTEva Lichtenberger, em nome do Grupo<br />
Verts/ALE. – (<strong>DE</strong>) Senhor Presidente, Senhor<br />
Comissário, Senhoras e Senhores Deputados, a<br />
concorrência sempre teve resultados positivos<br />
quando funcionou com um bom enquadramento.<br />
O mesmo se aplica aos serviços postais –<br />
quando viável. No entanto, para sermos justos,<br />
temos de dizer que na última fase da<br />
liberalização, os consumidores, em especial nas<br />
l nas zonas rurais, notaram um declínio na<br />
qualidade do serviço. Ser privado não significa<br />
automaticamente ser bom, tal como ser do<br />
Estado não é automaticamente ser bom. Aquilo<br />
de que precisamos é de condições boas,<br />
positivas e equitativas.
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 13<br />
A Comissão referiu, e bem, a importância de
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 14<br />
s completa, em especial nas zonas rurais. Não<br />
se pode permitir que os serviços se concentrem<br />
apenas nas cidades. No entanto, as propostas<br />
para o financiamento destes serviços, que são<br />
mais onerosos, são, em grande parte, irrealistas,<br />
pensadas apenas para os grandes<br />
Estados-Membros e definidas em termos vagos.<br />
O Tribunal de Justiça Europeu terá muito que<br />
fazer.<br />
Outro resultado foi o de muitos colegas<br />
deputados terem pedido derrogações. Assim,<br />
temos uma lei da Grécia, de acordo com a qual<br />
os países com muitas ilhas podem liberalizar<br />
mais lentamente. Temos outra lei para o<br />
Luxemburgo, de acordo com a qual os países<br />
pequenos com uma população restrita – uma<br />
escolha de palavras interessante – devem<br />
liberalizar mais tarde, e o mesmo se aplica aos<br />
novos Estados-Membros. Em resumo, estas<br />
formulações são muito vagas. Mesmo assim,
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 15<br />
peço-vos: não adiem a vossa decisão! Os
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 16<br />
a gaveta. É por isso que não posso concordar<br />
com mais adiamentos e o Grupo dos<br />
Verdes/Aliança Livre Europeia tem a mesma<br />
posição.<br />
Temos de eliminar de uma vez por todas – e<br />
este é o ponto crucial do relatório – a opção de<br />
demarcar uma área reservada, o que, em última<br />
instância, significa que tudo é subsidiado, desde<br />
o lucrativo lixo postal (“junk mail”) até à<br />
correspondência privada, que dá prejuízo. Esta<br />
prática tem de acabar. Porém, na sua<br />
generosidade, a Comissão continua a permitir<br />
esses subsídios estatais. Considero errada essa
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 17<br />
essa posição. Sou mais favorável a uma
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 18<br />
cios. O fundo de compensação que está a ser<br />
proposto, embora possa ser viável nos grandes<br />
Estados-Membros, não o é nos mais pequenos,<br />
porque o mercado ainda não se ajustou<br />
devidamente.<br />
A publivenda postal (“direct mail”) é uma mina<br />
de ouro. As cartas com menos de 50 gramas são<br />
a categoria a que os operadores privados estão à
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 19<br />
espera de deitar a mão. Não estão minimamente
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 20<br />
s no cartão de boas-festas à tia Maria que vive<br />
na montanha. Qual será, portanto, o resultado<br />
deste relatório se for aprovado tal como está?<br />
Caixas de correio a transbordar nas cidades,<br />
montes de lixo postal e um bom serviço de<br />
distribuição nas zonas urbanas, mas uma<br />
degradação gradual dos serviços nas zonas<br />
rurais. Este vai ser o resultado inevitável,<br />
porque, a longo prazo, os governos não vão<br />
querer nem poder financiar o serviço.<br />
E de que forma irão os operadores concorrer? À<br />
custa dos seus trabalhadores e da população<br />
rural. Os operadores privados só poderão ter<br />
lucro se as condições de trabalho se<br />
de trabalho se deteriorarem: por favor, tenham<br />
isto em mente durante o debate. O que temos<br />
nas mãos é dumping social, que não poderemos<br />
reverter com um ou dois considerandos. <br />
2-021<br />
PTFrancis Wurtz, em nome do grupo<br />
GUE/NGL. - (FR) Senhor Presidente, Senhor<br />
Comissário, o meu colega Erik Meijer virá falar<br />
do relatório do senhor deputado Ferber.<br />
Pela minha parte, gostaria de ilustrar muito<br />
concretamente, com base neste caso do projecto<br />
de directiva e da atitude da Comissão a seu<br />
respeito, o dogmatismo liberal que alimenta a<br />
crise de legitimidade do modelo económico e<br />
social europeu e a arrogância que mantém o<br />
clima de desconfiança relativamente às nossas<br />
instituições.<br />
Recordo o que afirma, desde o início, a<br />
Confederação Europeia dos Sindicatos sobre o<br />
seu projecto, Senhor Comissário. Passo a citar:<br />
"Esta proposta eliminará o sector de serviço<br />
á o sector de serviço reservado que se revelou<br />
ser o único serviço fiável". E prossegue:<br />
"Perderam-se centenas de milhares de empregos<br />
desde que a liberalização foi lançada. A longo<br />
prazo, tal facto terá um impacto grave e<br />
negativo na União Europeia. A Confederação<br />
Europeia dos Sindicatos recomenda ao<br />
Conselho e ao Parlamento que não adopte a<br />
proposta da Comissão".<br />
Pelo seu lado, a rede UNI-Europe poste, que<br />
representa mais de 1 milhão de empregados,<br />
estima, e cito: "Que a proposta da Comissão<br />
poria em perigo a extensão, a qualidade e o<br />
acesso aos serviços de que gozam actualmente<br />
os cidadãos da União". Também ela - e continuo<br />
a citar - "exorta unanimemente o Parlamento e o<br />
Conselho a rejeitarem a proposta da Comissão"<br />
que, segundo o secretário-geral da rede, "não<br />
conseguiu garantir o financiamento do serviço<br />
iço postal universal ao cidadão".<br />
Evidentemente!
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 21<br />
Além disso, dezenas de milhares de petições de<br />
utilizadores que se opõem a este mau texto<br />
foram directamente enviadas à Comissão. Pela<br />
sua parte, nove operadoras postais históricas<br />
insistiram na ameaça que pesa sobre o futuro<br />
financiamento do serviço universal. Mais do que<br />
isso, segundo o Ministro Luxemburguês das<br />
Comunicações, o Sr. Jean-Louis Schiltz, uma<br />
maioria de Estados-Membros tem problemas
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 22<br />
com as regras previstas para o financiamento do
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 23<br />
público se esta directiva for aplicada. Resposta<br />
da Comissão a esta avalancha de interpelações:<br />
a sua directiva é a única opção válida. E acabou!<br />
Eis exactamente, Senhor Presidente, o que já
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 24<br />
não é aceite pela opinião pública, e a nossa
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 25<br />
aceite junto do maior número possível de<br />
parlamentos nacionais. Eis o sentido da nossa<br />
alteração de rejeição, adiando para 2009 ou<br />
mais. Cá estaremos amanhã na votação. <br />
2-022<br />
PTMichael Henry Nattrass, em nome do Grupo<br />
IND/<strong>DE</strong>M. – (EN) Senhor Presidente, a gestão<br />
de um sistema postal que faça entregas em<br />
qualquer lugar do Reino Unido seis dias por<br />
semana, de que os Britânicos beneficiam há<br />
mais de um século, diz respeito ao próprio<br />
Reino Unido e não à burocracia da UE. Uma<br />
distribuição de correio eficiente encoraja as
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 26<br />
empresas, especialmente em áreas rurais. Trata-
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 27<br />
Mail pode pedir subsídios para fazer a<br />
distribuição em postos remotos, incluindo as<br />
ilhas escocesas. Mas é um assunto que compete<br />
ao governo local e ao Governo britânico central,<br />
não à UE. O conceito da UE acaba por ser<br />
favorável a mais publicidade não endereçada<br />
que não é bem recebida nem pelos Britânicos<br />
nem pelos seus cestos de papéis. Como de<br />
costume, a UE quer micro-gerir tudo, destruindo<br />
métodos que há anos funcionam bem e<br />
impondo, ao mesmo tempo, regras que<br />
entravam a inovação.<br />
O facto de a UE pretender imiscuir-se no<br />
sistema postal do RU é, para mim, tão estranho<br />
como a Grã-Bretanha pretender distribuir as<br />
cartas dos Flamengos, Finlandeses ou<br />
Franceses. Talvez estejam à espera que<br />
espera que manifeste regozijo pelo adiamento<br />
da plena realização do mercado para 20<strong>10</strong>. A<br />
verdade é que rejeito toda a directiva com base<br />
no velho princípio britânico de que “se cada um<br />
tratar dos seus assuntos tudo se resolverá” e não<br />
na aparente directriz da UE de “mãos ao alto e<br />
não se mexam enquanto impomos mais alguma<br />
burocracia”.<br />
Em suma, esta directiva é para devolver ao<br />
remetente. <br />
2-023<br />
PTLuca Romagnoli, em nome do Grupo ITS. –<br />
(IT) Senhor Presidente, Senhoras e Senhores
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 28<br />
Deputados, a proposta de alteração à Directiva
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 29<br />
realização do mercado interno dos serviços<br />
postais, apresentada pelo senhor deputado<br />
Markus Ferber, recebeu vasto consenso, como<br />
prova a sua recepção em comissão, assim como<br />
os compromissos alcançados na matéria pelos<br />
grupos políticos.<br />
Como tive ocasião de referir, não sou, de forma<br />
alguma, defensor indefectível do liberalismo,<br />
muito pelo contrrio. Isso deve-se, em parte, ao<br />
facto de, em Itália, o liberalismo não ter<br />
produzido os resultados milagrosos tão<br />
publicitados em termos de melhoria de serviços<br />
e preços. Na verdade, em Itália - e desafio os<br />
eus colegas italianos campeões do liberalismo a<br />
provar o contrário - a liberalização de vários<br />
sectores, dos seguros à energia, aos transportes<br />
ferroviários e aos próprios serviços postais,<br />
resultou em preços mais elevados e maiores<br />
dificuldades na utilização dos serviços.<br />
Tanto assim é que, em Itália, mesmo aqueles<br />
que provêm de uma tradição marxista se tornam<br />
campeões da liberalização e passam a ministros.<br />
Não são comunistas e ponto final; são<br />
comunistas que, para poderem ir ao encontro do<br />
mercado, se tornam ministros depois de, pelo<br />
caminho, se terem sentado nestas bancadas,<br />
embora com contributos pouco empenhados ou<br />
profícuos. Assim, da parte dos comunistas<br />
ministros levanta-se uma agitação que vai<br />
atacando diversas categorias profissionais, dos<br />
advogados aos notários, dos motoristas de táxi<br />
aos padeiros, o que confirma a justiça do<br />
consumo e da concorrência. Eis como eu<br />
próprio, um nacional populista, para além das<br />
convicções ideológicas que já trazia, acabo por<br />
assistir a uma demonstração concreta de que o<br />
mercado livre não cura todos os males - muitas<br />
vezes, até, acaba por alimentá-los.<br />
Contudo, na esperança de que, ao menos no<br />
rança de que, ao menos no meu país, maior<br />
concorrência no sector postal - que, além do<br />
mais, é um sector público que, depois de<br />
parcialmente privatizado, sofreu um aumento de<br />
preços em comparação com um serviço que<br />
seguia plenamente as normas europeias -<br />
signifique, finalmente, um serviço melhor,<br />
nalmente, um serviço melhor, tenciono apoiar o<br />
relatório Ferber. Não queria deixar de dizer que,<br />
em Itália, o serviço oferecido pelos operadores<br />
privados no sector da expedição é,<br />
normalmente, excelente e parece ter criado mais<br />
emprego do que os postos de trabalho perdidos<br />
no serviço público. Não posso também<br />
escamotear que, enquanto os grandes clientes<br />
comerciais não precisam de protecção especial<br />
contra os serviços de má qualidade, os pequenos
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 30<br />
clientes encontram-se na situação contrária no
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 31
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 32<br />
.
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 33<br />
itivo que o serviço universal seja garantido<br />
pelo menos cinco dias por semana em todos os<br />
Estados-Membros e não podemos regredir neste<br />
aspecto. Do mesmo modo, quem poderá opor-se<br />
ao desejo de serviços postais mais rápidos, mais<br />
regulares e mais fiáveis ou a um sistema justo<br />
de reembolso ou compensação tantas vezes
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 34<br />
referido no relatório Ferber? A questão é
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 35<br />
aqui de tempo suficiente para analisar todos os<br />
aspectos - positivos e negativos - do relatório.<br />
Espero que, a partir de Janeiro de 2011, a não<br />
manutenção de direitos exclusivos para a<br />
prestação de serviços postais seja vantajosa para<br />
todos. Será também a primeira vez que me verei<br />
obrigado a mudar de opinião quanto à natureza<br />
positiva das liberalizações. <br />
2-024<br />
PTAlessandro Battilocchio (NI). – (IT) Senhor<br />
Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, a<br />
proposta de directiva relativa aos serviços<br />
postais é mais um passo na direcção de um<br />
asso na direcção de um importante objectivo:<br />
concluir o mercado interno dos serviços postais,<br />
já que os serviços de interesse económico geral<br />
desempenham um papel fundamental em vários<br />
países em termos quer de desenvolvimento<br />
económico quer de coesão social. É portanto<br />
essencial que, ao mesmo tempo que abrimos<br />
plenamente o mercado, possamos garantir a<br />
amente o mercado, possamos garantir a<br />
sustentabilidade dos serviços postais universais,<br />
através das medidas mais adequadas para o<br />
financiar.<br />
No entanto, há ainda críticas a ultrapassar.<br />
Referirei duas, apenas: convém, em primeiro<br />
lugar, definir mais claramente os critérios para<br />
conceder autorizações aos operadores que<br />
pretendem fornecer serviços postais tanto<br />
universais como não universais. Isto, para<br />
omo não universais. Isto, para garantir que todos<br />
os intervenientes são sujeitos às mesmas<br />
condições de concorrência e às mesmas<br />
obrigações de fornecimento de serviços e de<br />
contribuição para o financiamento. Aqui, o texto<br />
original da Comissão parece mais claro do que o<br />
texto proposto na alteração 44, que retira a<br />
diversos operadores postais e prestadores<br />
designados a possibilidade de aceder ao sistema<br />
de condições aplicáveis à concessão de licenças.
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 36<br />
condições aplicáveis à concessão de licenças.
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 37<br />
rir prende-se com a regulação do acesso à<br />
rede postal. Na verdade, em termos gerais, e<br />
sem prejuízo dos princípios gerais de<br />
transparência e não-discriminação, não vejo<br />
necessidade de regulação adicional. Alguns<br />
Estados-Membros já fixaram os critérios de<br />
acesso com base nas necessidades e<br />
características dos respectivos mercados<br />
nacionais de serviços postais: com efeito, a<br />
regulação de acesso não pode ser definida de<br />
forma generalizada mas depende da situação<br />
existente em cada mercado nacional individual.<br />
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 38<br />
2-025
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 39<br />
PPE-<strong>DE</strong>). – (<strong>DE</strong>) Senhor Presidente, a directiva<br />
relativa aos serviços postais constitui uma<br />
proposta especialmente importante. Não afecta<br />
só um milhão de trabalhadores dos correios,<br />
mas praticamente todos os cidadãos. Foi por<br />
isso que não nos poupámos a esforços na<br />
HYPERLINK<br />
"http://www.europarl.eu.int/committees/tran_ho<br />
me.htm" Comissão dos Transportes e do<br />
ortes e do Turismo . Gostaria de agradecer ao<br />
relator, porque as alterações e compromissos<br />
permitiram-nos dar grandes passos em frente e<br />
melhoraram significativamente o texto da<br />
Comissão.<br />
O mais importante para mim é, em primeiro<br />
lugar, que a prestação do serviço continue no<br />
centro das atenções. Em segundo lugar, qual
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 40<br />
será o futuro papel dos Estados-Membros? Isto
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 41<br />
ontinuar a ser o aspecto principal mas, para<br />
mim, isso não significa que amanhã não<br />
venhamos a ter salários mais baixos, piores<br />
serviços e, por último, preços mais elevados.<br />
Ao contrário de alguns dos meus colegas<br />
deputados, que têm uma visão mais pessimista<br />
de todo este processo, penso que a presente<br />
proposta atribui um papel importante aos<br />
Estados-Membros. Fazendo justiça a esse papel,<br />
eles podem manter os níveis de serviço na<br />
distribuição e na recolha. Aquilo que interessa<br />
aos cidadãos em termos de serviços está<br />
acautelado neste projecto. O dumping social<br />
pode ser evitado, se for essa a vontade dos<br />
Estados-Membros. No nosso país também<br />
houve petições a respeito dos carteiros, no<br />
sentido de estes manterem o seu papel actual.<br />
No projecto, não só tivemos na devida conta<br />
esta importante questão, como afirmámos<br />
mesmo claramente que os Estados-Membros<br />
podem manter esta profissão.<br />
Quanto ao financiamento, há diversos modelos.<br />
Na minha opinião – e embora isto não seja<br />
presentemente viável – deve ser garantido o<br />
financiamento a uma parte do sector reservado.
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 42<br />
Mas estamos apenas na primeira leitura, e
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 43<br />
s traga algumas alterações.<br />
Os monopólios têm de ser eliminados, mas não<br />
a qualquer preço. Já indiquei quais são as nossas<br />
condições para esse preço: em primeiro lugar, o<br />
serviço, em segundo, a manutenção da profissão<br />
e, em terceiro, a garantia de financiamento. Por<br />
último, penso que a eliminação dos monopólios<br />
não significa deixar que outros monopólios<br />
ocupem o seu lugar. Por isso, seria útil que o<br />
Parlamento voltasse a discutir detalhadamente
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 44<br />
todo o princípio da liberalização, especialmente
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 45<br />
s cidadãos. <br />
2-026<br />
PTInés Ayala Sender (PSE). – (ES) Senhor<br />
Presidente, reconhecemos a atitude neste<br />
momento do relator, senhor deputado Ferber, na<br />
medida em que, com base ainda numa posição<br />
de liberalização radical e simplista, que deixava<br />
entrever inclusivamente interesses nacionais,<br />
decidiu aceitar desde o princípio os<br />
compromissos que permitem reunir um maior<br />
apoio deste Parlamento a um relatório crucial<br />
como este.<br />
Mas o meu reconhecimento e felicitações<br />
particulares vão dirigidos ao senhor deputado<br />
Simpson, que conseguiu os compromissos, e<br />
que realizou o difícil e ingrato mas bem<br />
ucedido trabalho de alcançar os objectivos<br />
fundamentais do nosso grupo: em primeiro<br />
lugar, manter e proteger a definição do serviço<br />
universal na sua acepção mais estrita, a que<br />
assegura uma coesão económica, social e<br />
territorial, com uma presença quotidiana em<br />
todo o nosso território, a preços acessíveis e<br />
com um serviço público de elevada qualidade.<br />
Era, para tal, necessário esclarecer e garantir<br />
uma estabilidade financeira suficiente, pelo que<br />
ra suficiente, pelo que não partilhávamos a<br />
posição da Comissão, pouco clara. Somos de<br />
opinião, por conseguinte, que o exercício que os<br />
Estados-Membros devem fazer não é uma mera<br />
formalidade e exigimos que a Comissão o tenha<br />
em consideração.<br />
Consideramos igualmente fundamentais as<br />
cláusulas de salvaguarda social, e exigimos à<br />
Comissão e aos Estados-Membros o seu<br />
desenvolvimento e aplicação integrais.<br />
Incentivamos, por conseguinte, os sindicatos, os<br />
operadores e as entidades reguladoras a<br />
trabalhar intensivamente nestas cláusulas, por<br />
forma a que esse trabalho seja paralelo ao<br />
realizado pelos Estados-Membros.<br />
Num momento em que lutamos contra o<br />
emprego precário, contra o desemprego das<br />
mulheres e a favor de serviços de qualidade<br />
prestados aos cidadãos, consideramos uma<br />
grande irresponsabilidade induzir um<br />
agravamento destas condições. Por esta razão,<br />
pensamos que os desafios do futuro são<br />
assegurar o financiamento do serviço universal<br />
de forma estável e segura e garantir um<br />
emprego de qualidade neste sector.
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 46
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 47<br />
que assim seja. <br />
2-027<br />
PTDirk Sterckx (AL<strong>DE</strong>). – (NL) Senhor<br />
Presidente, o compromisso que o relator e os<br />
relatores-sombra alcançaram merece o meu<br />
apoio. Penso que um mercado europeu aberto<br />
para as empresas postais constitui a única forma<br />
de abordar a concorrência com as alternativas<br />
electrónicas. Estas empresas têm de se<br />
modernizar, têm de se adaptar a novas<br />
circunstâncias; e quando se tem a almofada de<br />
um monopólio, é pouco provável que se parta<br />
em busca de novos clientes. A tendência é para<br />
que se continue a trabalhar do mesmo modo que<br />
sempre se trabalhou.<br />
Temos também um prazo claro: 2011. Assim,<br />
todos sabem com o que contar. Gostaríamos de<br />
realçar a importância do serviço público, e não
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 48<br />
só para os cidadãos, aliás, pois este serviço
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 49<br />
ente importante para as pequenas empresas.<br />
Além disso, uma questão espinhosa é a de saber<br />
como compensar a eventual perda desse serviço<br />
público.<br />
É aqui que Estados-Membros poderiam<br />
desempenhar um papel crucial, como o senhor<br />
deputado Grosch já referiu, mas não obstante<br />
gostaria de dizer que essa compensação não<br />
deve servir para permitir que os serviços postais<br />
que sempre funcionaram mal continuem por<br />
esse caminho. Temos de tornar o sector postal<br />
mais eficiente, e penso que essa será uma das<br />
principais consequências da proposta que vamos<br />
otar amanhã. <br />
2-028<br />
PTSeán Ó Neachtain (UEN). – A Uachtaráin, is<br />
é prionsabal na seirbhísí domhanda an ghné is<br />
tábhachtaí de na moltaí seo, dar liom. Ciallaíonn<br />
an prionsabal sin go gcaithfear seirbhís poist a<br />
chur ar fáil do chuile theach agus gnó san<br />
Eoraip, cúig nó sé huaire sa tseachtain. Mar sin,<br />
beidh ar chuile Bhallstát an córas sin a chur i<br />
bhfeidhm agus go gcinnteoidh sé go mbeidh an<br />
tseirbhís sin ar fáil i ngach Ballstát. Agus tá<br />
seans láidir go dtacóidh an Pharlaimint anseo<br />
t anseo leis na moltaí seo a chur i bhfeidhm ó<br />
2011 seachas 2009 agus aontaím leis sin. Maidir<br />
le cás na hÉireann, ba mhaith liom fáilte a chur<br />
roimh an socrú atá idir an Post agus Banc Fortis<br />
na Beilge. Postbank atá ar an gcomhaontú seo<br />
agus cuirfidh sé seirbhís bainc ar fáil do
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 50<br />
chustaiméirí an idirlín agus trí oifigí poist ar fud
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 51<br />
arfach é seo mar tá an Post á réiteach féin i<br />
gcomhair na hiomaíochta atá le teacht sna<br />
seirbhísí san Eoraip agus tá súil agam as seo go<br />
dtacóidh sé seo leis na hoifigí poist faoin tuath<br />
in Éirinn agus ar fud na hEorpa a choinneáil ar<br />
oscailt. Go raibh maith agat. <br />
2-029<br />
PTPierre Jonckheer (Verts/ALE). - (FR) Senhor<br />
Presidente, Senhor Comissário, gostaria de<br />
intervir sobre dois pontos. O primeiro diz<br />
respeito ao que está realmente a acontecer para<br />
além dos discursos. A questão que se coloca<br />
efectivamente é a de saber, antes de mais, se a<br />
abertura generalizada à concorrência das<br />
operadoras postais permite uma baixa relativa
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 52<br />
dos preços e, caso afirmativo, a quem é que
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 53<br />
eficia; em seguida, se permite boas condições de<br />
trabalho e, caso afirmativo, para quem, tudo isto<br />
garantindo a qualidade dos serviços.<br />
Enquanto deputados, fomos informados pelas<br />
organizações sindicais, mas também pelas<br />
próprias operadoras postais, que a experiência<br />
na Alemanha ou na Suécia não dava respostas<br />
positivas a estas questões. Na Alemanha,<br />
a estas questões. Na Alemanha, registámos<br />
perdas líquidas de 29 000 empregos na<br />
Deutsche Post, dos quais 15 000 não foram<br />
compensados por criações de empregos por<br />
parte das novas operadoras, sem contar que<br />
assistimos a uma multiplicação dos empregos
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 54<br />
precários. Na Suécia, as baixas de preços
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 55<br />
mpresas, em prejuízo dos consumidores<br />
privados e das pequenas e médias empresas.<br />
Assim, contrariamente ao que o senhor<br />
deputado Brian Simpson afirmou, não é por<br />
razões teóricas que defendemos a manutenção<br />
do domínio reservado; não é porque decidimos,
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 56<br />
em 1997, que a missa tinha necessariamente de
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 57<br />
bservar os factos, e os factos mostram que, nos<br />
inúmeros países que anteciparam a abertura à<br />
concorrência, os resultados não são os<br />
esperados. Tal facto deveria fazer-nos reflectir.<br />
O meu segundo ponto diz respeito à<br />
responsabilidade dos Estados-Membros.<br />
Efectivamente, como referiu o deputado<br />
ivamente, como referiu o deputado Mathieu<br />
Grosch, a proposta que nos é apresentada deixa<br />
uma grande autonomia aos Estados-Membros<br />
em termos quer de condições de trabalho, quer<br />
de prestação de serviços. Posto isto, estimo, pela<br />
minha parte, que não é da nossa<br />
responsabilidade de eleitos europeus definir<br />
uma lei europeia e deixar aos Estados-Membros<br />
a possibilidade de a aplicar ou não. Eis a razão<br />
bilidade de a aplicar ou não. Eis a razão pela<br />
qual as nossas alterações introduzem, no corpo<br />
da directiva, nos seus artigos, requisitos em<br />
matéria de respeito das condições de trabalho e<br />
de salário e em matéria de prestação de serviço<br />
universal. Eis onde reside, em minha opinião, a<br />
grande diferença entre as alterações do Grupo<br />
dos Verdes/Aliança Livre Europeia e as<br />
alterações de compromisso subscritas pelo
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 58<br />
Grupo do Partido Popular Europeu
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 59<br />
s e pelo Grupo da Aliança dos Democratas e<br />
Liberais pela <strong>Europa</strong>, assim como por uma parte<br />
do Grupo Socialista no Parlamento Europeu.<br />
<br />
2-030<br />
PTErik Meijer (GUE/NGL). – (NL) Senhor<br />
Presidente, há mais de um século, o falho<br />
desempenho das empresas postais privadas<br />
levou o Estado a assumir o seu controlo. Desde<br />
então, essa tem sido a melhor garantia de uma<br />
entrega atempada da correspondência contra a
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 60<br />
mesma tarifa em todo o lado. As diferenças
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 61<br />
densamente povoadas, onde a entrega de correio<br />
é lucrativa, e a zonas escassamente povoadas ou<br />
remotas, onde a entrega é dispendiosa, foram<br />
eliminadas. A triagem e a entrega de envios<br />
postais passaram para as mãos de profissionais<br />
que forneciam qualidade. Em muitos casos, os<br />
carteiros e as estações de correio tornaram-se<br />
verdadeiramente vitais, não só para os<br />
o só para os habitantes das zonas rurais mas<br />
também para os habitantes das cidades<br />
economicamente mais fracos.<br />
Já há muitos anos que constatamos que as<br />
empresas privadas adquirem com especial<br />
agrado as componentes mais lucrativas dos<br />
serviços postais, para as quais angariam<br />
preferencialmente pessoal temporário – como<br />
estudantes, donas de casa e idosos – para quem<br />
a entrega de correio não é o principal meio de<br />
o é o principal meio de subsistência. Estas<br />
empresas preferem não remunerar estas pessoas<br />
em função das horas de trabalho por elas<br />
cumpridas, mas em função do número de cartas<br />
que estas processam, e substituem as estações<br />
de correio por contratos com supermercados.<br />
Em resultado disso, os clientes têm de<br />
contentar-se com menos qualidade e o número<br />
de funcionários é drasticamente restringido. Os<br />
políticos que indultam estas práticas estão na<br />
realidade a causar um problema em vez de o<br />
resolver. Em breve seremos confrontados com o<br />
risco de os governos terem de atribuir subsídios<br />
para manter de pé as componentes da entrega<br />
postal que geram mais prejuízo, enquanto as<br />
que geram mais prejuízo, enquanto as<br />
componentes lucrativas serão seleccionadas<br />
pelas grandes empresas internacionais.<br />
Embora os compromissos celebrados entre os<br />
três maiores grupos políticos possam<br />
proporcionar um adiamento e amortecer a<br />
proposta original, nada oferecem em termos de
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 62<br />
soluções duradouras. O meu grupo apresentou
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 63<br />
e apoiou as apresentadas por outros grupos,<br />
mas considera que a rejeição da proposta e a<br />
manutenção da situação actual é de longe a<br />
melhor opção. <br />
2-031<br />
PTJohannes Blokland (IND/<strong>DE</strong>M). – (NL)<br />
Senhor Presidente, antes de mais, gostaria de<br />
felicitar o senhor deputado Ferber pelo resultado<br />
alcançado. Após anos de estudo e de debates, o<br />
mercado livre para os serviços postais está agora<br />
ao nosso alcance. A principal vantagem deste
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 64<br />
relatório consiste no facto de ter sido
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 65<br />
mercado postal. Significa isto que os<br />
fornecedores sabem com o que contar. Isso dálhes<br />
a oportunidade de adaptarem a sua gestão<br />
em conformidade - se o não fizeram já -, o que<br />
deverá conduzir a um aumento de poder do<br />
sector no seu todo. Isto é necessário para que ele<br />
possa enfrentar a concorrência da comunicação<br />
electrónica.<br />
Outra vantagem reside na atenção prestada à<br />
situação específica nos Estados-Membros. A<br />
proposta reconhece as diferenças mútuas em<br />
termos sociais, geográficos e económicos. Os<br />
Estados-Membros continuam a ter espaço de<br />
manobra suficiente para abordar estas questões<br />
prioritárias nacionais da forma que melhor lhes<br />
tárias nacionais da forma que melhor lhes<br />
convém.<br />
Não negarei que algumas empresas na <strong>Europa</strong><br />
irão enfrentar tempos difíceis. A experiência<br />
ensinou-nos, porém, que um funcionamento<br />
orientado para o mercado é útil para aguçar o<br />
espírito e aproveitar as oportunidades que se<br />
apresentam. Espero que todas as empresas<br />
postais na <strong>Europa</strong> queiram e possam travar esta<br />
batalha. <br />
2-032
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 66<br />
PTRodi Kratsa-Tsagaropoulou (PPE-<strong>DE</strong>). –
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 67
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 68<br />
r
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 69<br />
慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴<br />
慴慴慴慴慴慴慴慴 慴慴
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 70
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 71<br />
nde feito numa matéria como os serviços<br />
postais, que não é uma mera actividade<br />
económica, mas antes está interligada com a<br />
tradição, com a vida quotidiana dos cidadãos<br />
europeus e com a imagem que estes têm da<br />
eficácia do seu Estado.<br />
Considero importante que, no cerne do nosso<br />
trabalho, a nossa ambição central seja a de<br />
salvaguardar um serviço universal eficiente e<br />
viável, e apoio a alteração apresentada pela<br />
senhora deputada Barsi-Pataky e outros<br />
deputados, entre os quais me incluo, para que se<br />
utados, entre os quais me incluo, para que se<br />
continue a preparar devidamente a aplicação da<br />
livre concorrência, de modo a que a directiva de<br />
hoje possa ser aplicada até à liberalização e<br />
possa salvaguardar o correio recebido, o<br />
enviado e o publicitário. <br />
2-033<br />
PTSaïd El Khadraoui (PSE). – (NL) Senhor<br />
– (NL) Senhor Presidente, Senhoras e Senhores<br />
Deputados, a reforma do mercado postal é uma<br />
questão muito delicada, na medida em que o<br />
impacto da abertura do mercado será,
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 72<br />
obviamente, diferente em cada um dos países,
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 73<br />
ão ou da quantidade de correio que as pessoas<br />
habitualmente enviam. Essa é também, como o<br />
senhor deputado Simpson referiu, uma rede de<br />
pessoas com que todos estão em contacto.<br />
É com uma mistura de sentimentos que encaro o<br />
compromisso que amanhã será submetido à
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 74<br />
votação. Por um lado, é certamente verdade que,
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 75<br />
e refere a domínios cruciais, o compromisso<br />
está muito longe da proposta original da<br />
Comissão e da posição do relator. Estou grato<br />
ao senhor deputado Ferber pela flexibilidade<br />
que demonstrou neste tocante.<br />
A definição de prestação de serviço universal<br />
permaneceu intacta. O prazo foi estendido por<br />
dois anos. Até lá, os Estados-Membros terão de<br />
notificar qual o modelo de financiamento que<br />
inanciamento que prevêem aplicar; e, no plano<br />
social, conseguimos assegurar que, através de<br />
um regime de licenciamento, possam ser<br />
impostas as mesmas condições laborais e<br />
salariais a todos os operadores. Isto é essencial.<br />
No entanto, permanecem muitas questões por<br />
responder. Será um financiamento sustentável<br />
do serviço universal possível num mercado<br />
totalmente liberalizado? Em todas as<br />
circunstâncias? A menos, naturalmente, que<br />
partamos do princípio de que o contribuinte<br />
pagará a conta. Neste âmbito não recebemos<br />
onta. Neste âmbito não recebemos garantias<br />
suficientes. Penso que teria sido preferível que,<br />
em lugar de nos concentrarmos numa data e<br />
antes de decidirmos avançar com a<br />
liberalização, tivéssemos primeiramente<br />
averiguado em cada país se a abertura do<br />
mercado era de facto a melhor maneira de<br />
modernizar mais o sistema e de garantir a<br />
qualidade da prestação de serviço.<br />
O compromisso representa um passo em frente,<br />
mas não é suficiente. Há ainda muito trabalho a<br />
fazer. A bola está demasiado no campo dos<br />
Estados-Membros, pelo que irei sem dúvida<br />
alguma secundar algumas alterações que não<br />
foram adoptadas na comissão mas foram de<br />
novo apresentadas pelo Grupo dos<br />
dos Verdes/Aliança Livre Europeia, entre<br />
outros. <br />
2-034<br />
PTNathalie Griesbeck (AL<strong>DE</strong>). - (FR) Senhor<br />
Presidente, caros colegas, embora muitos de nós<br />
concordem que a abertura total à concorrência<br />
dos serviços postais em 20<strong>10</strong> pode favorecer a<br />
criação de serviços de dimensão europeia e terá<br />
um forte impacto sobre a criação de empregos,
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 76<br />
somos também muitos a dizer que esta
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 77<br />
o pode atentar contra a qualidade actual dos<br />
serviços postais, que participam na vida<br />
económica e social do conjunto dos nossos<br />
territórios, nomeadamente os mais remotos.<br />
Aliás, já o tinha afirmado em Fevereiro de 2006,<br />
recordando os legítimos temores dos nossos<br />
concidadãos, dos trabalhadores dos correios e<br />
das operadoras históricas. E sei que alguns<br />
temores se mantêm. Desde então, o trabalho do
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 78<br />
Parlamento, com as suas diferentes
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 79<br />
bilidades, permitiu uma maior flexibilidade<br />
tanto da definição do serviço universal como do<br />
seu financiamento, através nomeadamente da<br />
introdução do fundo de compensação, que<br />
permite repartir mais equitativamente o custo do<br />
serviço entre as operadoras conforme participam<br />
ou não, em todo ou em parte, no exercício desse<br />
serviço.<br />
Embora vigiando de perto a aplicação pelas<br />
autoridades dos diferentes países,<br />
nomeadamente o meu, de uma definição<br />
o meu, de uma definição ambiciosa do serviço<br />
universal, estaremos muito atentos aos seus<br />
mecanismos de financiamento que permitam<br />
dispor de um serviço postal de qualidade para o<br />
conjunto dos nossos territórios, e sobretudo para<br />
os nossos concidadãos, para os trabalhadores,<br />
mas sobretudo para os cidadãos europeus no seu<br />
conjunto. <br />
2-035<br />
PTPRESIDÊNCIA: ONESTA<br />
Vice-presidente<br />
2-036
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 80<br />
PT
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 81<br />
慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴<br />
慴慴慴慴慴 Z b i g<br />
n i e w K r z y s z t o f<br />
K u z m i u k ( U E N ) .<br />
( P L ) S e n h o r<br />
P r e s i d e n t e , a<br />
p r o p ó s i t o d o<br />
d e b a t e s o b r e a<br />
l i b e r a l i z a ç ã o<br />
d o s s e r v i ç o s<br />
p o s t a i s , q u e r i a<br />
e x p r e s s a r a<br />
m i n h a<br />
s a t i s f a ç ã o p e l a s<br />
a l t e r a ç õ e s<br />
a p r e s e n t a d a s<br />
p e l a C o m i s s ã o<br />
d o s T r a n s p o r t e s<br />
e d o T u r i s m o à
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 82<br />
p r o p o s t a d a
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 83<br />
Vão, de certo modo, ao encontro das<br />
expectativas dos novos Estados-Membros.<br />
Registamos, em primeiro lugar, o alargamento,<br />
em dois anos, do prazo para a plena<br />
liberalização do mercado dos serviços postais<br />
nos novos Estados-Membros. Trata-se de um<br />
alargamento imprescindível para que as<br />
empresas postais desses países possam proceder<br />
à reestruturação necessária para conseguirem<br />
necessária para conseguirem competir com as<br />
poderosas empresas postais dos Estados-<br />
Membros mais antigos.<br />
Em segundo lugar, devíamos realçar os<br />
subsídios complementares para as empresas que<br />
prestam “serviços universais” ou a criação de<br />
um fundo especial para o qual contribuirão<br />
todos os operadores ou, ainda, o sistema de<br />
compensação estatal para os operadores que<br />
fornecem esse tipo de serviços.<br />
Trata-se de uma solução da maior importância<br />
para países como a Polónia, onde grande parte<br />
da população vive em zonas rurais,<br />
frequentemente em povoados muito remotos, o<br />
que aumenta significativamente os custos do<br />
fornecimento de serviços postais. <br />
2-037<br />
PTJoost Lagendijk (Verts/ALE). – (NL) Senhor<br />
nhor Presidente, Senhoras e Senhores<br />
Deputados, como já foi dito em muitas ocasiões<br />
nesta Câmara, aquilo que está a acontecer,<br />
aquilo que estamos agora a debater, é inevitável,<br />
mas os consumidores não devem ter receio: a<br />
prestação de serviço irá melhorar e os preços<br />
irão descer.<br />
Sejamos honestos caros colegas: todos sabemos<br />
que tais garantias não existem. Sabemo-lo por<br />
experiência, por exemplo na Suécia e no Reino<br />
Unido. Nos pequenos mercados postais, a<br />
substituição do monopólio estatal irá<br />
seguramente conduzir a um monopólio privado,
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 84<br />
e todos sabemos que tal significa que não há
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 85<br />
de preços mais baixos.<br />
Muito francamente, aquilo que mais me aflige é<br />
a posição, o futuro, dos trabalhadores
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 86<br />
actualmente afectos ao sector postal. Exprimo
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 87<br />
te sentimento com base na experiência, por<br />
exemplo na parte do mercado postal neerlandês<br />
que já foi liberalizada e onde verificamos que<br />
muitos dos empregos permanentes se<br />
transformaram em empregos incertos a tempo<br />
parcial. Também neste domínio temos de ser<br />
honestos com os cidadãos da <strong>Europa</strong>. Por<br />
definição, as coisas não melhoram com a<br />
liberalização.<br />
E digo isto também com base na minha<br />
experiência, na minha experiência pessoal. O<br />
meu pai trabalhou no sector postal durante 40<br />
anos, tal como os meus tios e os meus primos.<br />
Esses empregos eram motivo de orgulho, e para<br />
muita gente, aliás. Sei que esse mundo de<br />
outrora, o mundo das velhas certezas, não vai<br />
voltar. Não é por nostalgia ou por um espécie<br />
de romantismo descabido que eu apelaria a que<br />
voltássemos a essa era, mas isso deixa-me, por<br />
xa-me, por assim dizer, com uma sensação de<br />
desconforto em relação ao futuro incerto de<br />
muitas pessoas que actualmente trabalham no<br />
sector postal e que se orgulham disso, ou das<br />
pessoas que têm orgulho nos seus carteiros.<br />
Isto suscita-me também muitas dúvidas quanto à<br />
questão de saber se é realmente esta a<br />
mensagem que deveríamos transmitir agora<br />
enquanto Parlamento Europeu: nobres<br />
promessas aos consumidores, que sabemos que<br />
omessas aos consumidores, que sabemos que<br />
não vamos poder cumprir, ou anúncios de<br />
mudanças abrangentes para os trabalhadores,<br />
cujo impacto nós sabemos que poderá vir a ser<br />
enorme. Este não é o meu conceito de uma<br />
<strong>Europa</strong> social. <br />
2-038
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 88<br />
PTPatrick Louis (IND/<strong>DE</strong>M). - (FR)
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 89<br />
caros colegas, a concorrência possui virtudes<br />
mas, em economia de mercado, antes de laisser<br />
faire há muito o que fazer. A este título, o<br />
ordenamento do território constitui uma das<br />
condições da atracção, da eficácia económica e<br />
da qualidade de vida. A privatização integral do<br />
serviço postal pode atentar contra esse<br />
ordenamento do território e, por conseguinte,<br />
contra o bem das nações.
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 90
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 91<br />
com uma topologia homogénea. De facto,<br />
conforme os lugares, os custos de entrega do<br />
pequeno correio diferem muitíssimo. Privatizar<br />
o serviço significa que, mais cedo ou mais tarde,<br />
ele será facturado ao custo real ou abandonado,<br />
pelo que as zonas rurais ou remotas, já<br />
ameaçadas de desertificação económica,<br />
sofrerão uma desvantagem competitiva que as<br />
mergulhará na espiral deflacionista.<br />
Assim, temos de admitir mais uma vez, nesta<br />
Assembleia, que os nossos países são diferentes<br />
pela sua natureza e pela sua cultura. Precisamos<br />
Precisamos portanto de dar a cada um deles a<br />
liberdade soberana de encontrarem a solução<br />
que lhes convém. O mercado interno não<br />
representa uma finalidade em si, não passa de<br />
um instrumento ao serviço do bem das nações.<br />
Saibamos não o esquecer, no superior interesse<br />
dos nossos compatriotas! <br />
2-039<br />
PTCorien Wortmann-Kool (PPE-<strong>DE</strong>). – (NL)<br />
Senhor Presidente, gostaria de agradecer ao
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 92<br />
senhor deputado Ferber pelo trabalho que
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 93<br />
a questão que afecta muitos cidadãos na<br />
<strong>Europa</strong>, uma vez que a oferta de um serviço<br />
diversificado e eficaz aos consumidores e às<br />
empresas é algo que os velhos monopólios<br />
estatais já não estão em condições de fazer sem<br />
estímulos do mercado. É positivo, pois, que até<br />
ao final de 20<strong>10</strong> esses monopólios tenham sido<br />
extintos, criando assim mais espaço para a<br />
inovação e a nova prestação de serviços.<br />
O Conselho está dividido, mas, sob a égide do<br />
senhor deputado Ferber, este Parlamento toma<br />
uma vez mais a iniciativa de oferecer uma<br />
solução para um assunto delicado. A proposta<br />
que temos agora em cima da mesa é, a meu ver,<br />
uma proposta equilibrada, que prevê uma data<br />
clara para a extinção dos monopólios e para o<br />
estabelecimento da reciprocidade.<br />
A existência de condições de concorrência<br />
equitativas é, contudo, um factor de vital
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 94<br />
importância neste contexto. No que respeita às
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 95<br />
rcado, há que fazer justiça – e está-se a fazer<br />
justiça – a diferentes interesses. É por isso que<br />
os Estados-Membros dispõem de uma vasta
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 96<br />
gama de possibilidades no que se refere ao
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 97<br />
do serviço. No entanto, isto encerra também o<br />
risco de burocracia, de falta de transparência e<br />
de oportunidades indirectas para proteger o<br />
mercado. É por esse motivo que a Comissão tem<br />
a enorme tarefa de proceder a avaliações muito<br />
críticas dos planos e das condições de<br />
financiamento dos Estados-Membros e de<br />
verificar se a concorrência é leal.
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 98<br />
O senhor deputado Meijer ainda vive,
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 99<br />
entemente, no século passado, pois há muitos<br />
anos que o mercado postal vem sofrendo<br />
mudanças profundas. O correio electrónico, a<br />
Internet e outras tecnologias da comunicação<br />
geraram muitas mudanças e alteraram<br />
radicalmente o mercado postal. Embora isto<br />
implique inevitavelmente uma perda de postos<br />
de trabalho, um mercado liberalizado lança um<br />
desafio à nossa criatividade. Novos serviços e<br />
novas actividades geram também novo<br />
emprego, como a experiência já demonstrou, e<br />
esse emprego é mais sustentável em termos de<br />
mais sustentável em termos de futuro do que a<br />
manutenção dos velhos monopólios estatais.<br />
<br />
2-040<br />
PTRobert Navarro (PSE). - (FR) Senhor<br />
Presidente, quero antes de mais transmitir-lhes<br />
as desculpas do meu colega Gilles Savary, que<br />
está bloqueado em Bordéus.<br />
Neste momento em que se decide o futuro do<br />
serviço público postal, gostaria de insistir num<br />
ponto específico: o do financiamento do serviço<br />
ento do serviço universal. O que nos propõem<br />
hoje é a substituição do que sobra do monopólio<br />
residual, que serve para financiar o serviço<br />
universal de forma simples e transparente, por<br />
uma paleta de sistemas complexos e pouco<br />
transparentes, cujo único mérito seria o de<br />
garantir uma concorrência livre e não distorcida<br />
no sector postal. Ora, essa paleta contém fundos
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> <strong>10</strong>0<br />
de compensação que todos sabemos
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> <strong>10</strong>1<br />
ta a contenciosos permanentes, subsídios<br />
públicos que auguram processos contra os<br />
Estados-Membros ou um sistema dito de "play<br />
or pay" que nunca foi experimentado e que,<br />
também ele, corre o risco de abrir a porta a<br />
contestações sem fim.<br />
No fundo, este elefante branco que queremos
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> <strong>10</strong>2<br />
construir é consequência de uma opção
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> <strong>10</strong>3<br />
e ver com a eficácia real e a qualidade do<br />
serviço postal. A prazo, este sistema levará a<br />
uma redução progressiva do campo do serviço<br />
universal e ao fim da tarifa única, tendo<br />
simultaneamente um impacto mais que<br />
previsível sobre o emprego e os custos<br />
administrativos.<br />
Não podemos perfilhar tal situação. O serviço<br />
postal, nomeadamente nas zonas rurais, não se<br />
resume a um simples serviço comercial,<br />
constituindo sim uma ferramenta ao serviço da<br />
coesão social e territorial, e não é<br />
desmantelando-o que vamos reconciliar a<br />
<strong>Europa</strong> com os cidadãos. <br />
2-041<br />
PTJeanine Hennis-Plasschaert (AL<strong>DE</strong>). – (NL)<br />
Senhor Presidente, devo dizer muito<br />
honestamente que, para um Liberal, o<br />
compromisso que temos diante de nós não<br />
constitui motivo de regozijo. Após 15 anos de<br />
debate, a data de entrada em vigor acabou por<br />
ser protelada. Além disso, o compromisso<br />
contém as necessárias disposições<br />
proteccionistas que impedem a total abertura do<br />
mercado e suscitam muitas incertezas jurídicas.<br />
Os debates são frequentemente dominados por<br />
interesses nacionais. Especialmente os Estados-<br />
Membros que não operaram reformas
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> <strong>10</strong>4<br />
suficientes durante os últimos anos são
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> <strong>10</strong>5
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> <strong>10</strong>6<br />
o
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> <strong>10</strong>7<br />
慴慴慴慴慴慴 慴慴慴慴慴 慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴漠漠<br />
tecem o compromisso, nem aqueles que traçam<br />
os mais diversos cenários catastróficos e/ou<br />
falam de dumping social. <br />
2-042<br />
PTENClaude Turmes (Verts/ALE). – (<strong>DE</strong>)<br />
Senhor Presidente, o Grupo dos Verdes/Aliança<br />
Livre Europeia, a que pertenço, está a tentar<br />
avaliar a liberalização segundo os critérios mais<br />
imparciais e isentos de ideologia que é possível.<br />
Quais serão as suas consequências para os<br />
consumidores? E para as condições de trabalho?<br />
E para o ambiente? Os meus colegas senhora<br />
deputada Lichtenberger e senhor deputado<br />
Jonckheer já referiram a política económica e o<br />
impacto social. Porém, em termos ambientais, a<br />
presente proposta é um absurdo: às 8 da manhã<br />
chega a carrinha postal amarela, às 9 chega a<br />
carrinha azul, às <strong>10</strong> a carrinha vermelha e às 11<br />
a carrinha preta. Nenhuma das carrinhas é<br />
utilizada de forma eficiente: por outras palavras,
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> <strong>10</strong>8<br />
numa altura em que tanto falamos das alterações
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> <strong>10</strong>9<br />
s a lançar a confusão total na logística postal e<br />
a dar origem a mais tráfego desnecessário nas<br />
estradas.<br />
É esta dependência cega da liberalização por<br />
parte dos conservadores, dos liberais e de alguns<br />
socialdemocratas que põe em risco o importante<br />
projecto europeu aos olhos do público. <br />
2-043<br />
PTEtelka Barsi-Pataky (PPE-<strong>DE</strong>). – (HU) A
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 1<strong>10</strong><br />
abertura plena dos mercados europeus é um
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 111<br />
so importante para a eliminação dos obstáculos<br />
que restam ao mercado único europeu. O acordo<br />
político do Parlamento permite que os<br />
prestadores de serviços postais que actualmente<br />
ainda detêm uma posição de monopólio se<br />
preparem para a concorrência em finais de<br />
2012. Felicito o relator por este acordo.<br />
O nosso objectivo é que a legislação europeia<br />
torne todos os operadores competitivos, de<br />
modo a que esta legislação não represente uma<br />
desvantagem para as empresas que irão estar em<br />
concorrência após a liberalização do mercado,<br />
rrência após a liberalização do mercado, mas<br />
que, pelo contrário, abra novas perspectivas.<br />
Para que tal aconteça, as fontes de receita<br />
presentemente asseguradas pela directiva em<br />
vigor devem permanecer disponíveis para as<br />
empresas e serviços postais em causa, até ao<br />
final do período de derrogação.<br />
Quarenta colegas e eu própria apresentámos<br />
uma iniciativa, que, de forma decisiva e sem<br />
ambiguidades, estipula quais são esses direitos.<br />
Insto o Parlamento a apoiar esta iniciativa. Por<br />
to a apoiar esta iniciativa. Por outro lado,<br />
esperamos que os serviços postais utilizem este<br />
período de derrogação para se tornarem<br />
verdadeiramente competitivos, e que o façam de<br />
modo não prejudicial para as regiões mais<br />
pequenas.<br />
A minha colega, a senhora deputada Becsey,<br />
chamou frequentemente a atenção para o facto<br />
de o acordo parlamentar nos oferecer a<br />
oportunidade de dotar os serviços universais<br />
obrigatórios de uma base financeira mais<br />
segura, coisa que os cidadãos europeus esperam<br />
que façamos. Por conseguinte, chamo a atenção<br />
de todos para o facto de termos ainda muito<br />
trabalho pela frente, mesmo depois de a<br />
directiva ser adoptada. <br />
2-044<br />
PTAlain Hutchinson (PSE). - (FR) Senhor<br />
Presidente, em contracorrente à maioria que<br />
parece estar a formar-se na nossa Assembleia,<br />
gostaria esta manhã de fazer ouvir a voz dos<br />
mais modestos dos nossos concidadãos, a voz<br />
daqueles para quem os serviços públicos<br />
constituem um património importante uma vez<br />
que, pelo seu lado, não dispõem de nenhum<br />
lado, não dispõem de nenhum património.<br />
Gostaria de frisar os efeitos nefastos e<br />
desastrosos que provocam as múltiplas<br />
liberalizações aprovadas no seio deste<br />
Parlamento nos domínios, por exemplo, da<br />
energia, dos transportes e, agora, dos serviços<br />
postais. Efeitos desastrosos no sentido de que as<br />
liberalizações provocam, para muitos dos
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 112<br />
nossos concidadãos, inconvenientes enormes<br />
ligados tanto a uma degradação constatada da<br />
qualidade desses serviços a partir da sua<br />
liberalização - basta ver o que se passa na
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 113<br />
Suécia - como a um encarecimento quase
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 114<br />
erviços, ou ainda às numerosas perdas de<br />
empregos públicos, os quais são muito<br />
simplesmente substituídos por empregos de má<br />
qualidade.<br />
Eis a razão pela qual, Senhor Presidente, votarei<br />
- bem como a delegação socialista belga<br />
francófona - contra a liberalização dos serviços<br />
postais, tentando simultaneamente melhorar o<br />
conteúdo da proposta graças a alterações que<br />
poderiam salvaguardar uma parte desses<br />
serviços, nomeadamente as alterações que
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 115<br />
reintroduzem a possibilidade de cada Estado-
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 116<br />
mínio reservado a fim de financiar o serviço<br />
universal de que todos os cidadãos devem poder<br />
beneficiar. <br />
2-045<br />
PT<br />
O n a J u k n e v i<br />
i e n ( A L D E ) .<br />
( L T ) L a m e n t o<br />
q u e n ã o<br />
c o n s i g a m o s a<br />
a b e r t u r a t o t a l<br />
d o m e r c a d o d o s<br />
s e r v i ç o s<br />
p o s t a i s e m<br />
2 0 0 9 . O s<br />
c o n s u m i d o r e s e<br />
o s p r e s t a d o r e s<br />
d e s e r v i ç o s<br />
s e r ã o o s m a i s<br />
p r e j u d i c a d o s<br />
c o m e s s e f a c t o .<br />
A p r a z - m e q u e<br />
a z - m e q u e e s t e<br />
a s s u n t o e s t e j a<br />
a g o r a a s e r<br />
d i s c u t ido amplamente na Lituânia.<br />
Espero que, no meu país, a abertura do mercado<br />
dos serviços postais ocorra bastante antes de<br />
2013. Concordo que o futuro dos serviços<br />
universais não deverá ser decidido<br />
exclusivamente pelas forças de mercado; são<br />
necessárias medidas regulamentares. No<br />
entanto, não considero necessário o<br />
financiamento temporário, especialmente se for<br />
proporcionado por fundos estatais. Há quem<br />
receie que a abertura do mercado dos serviços<br />
postais provoque o desemprego de muitas<br />
pessoas. No entanto, a investigação levada a<br />
levada a cabo e a experiência de outros países<br />
demonstram que a abertura do mercado dos<br />
serviços postais induz uma expansão desses<br />
serviços. A maioria dos postos de trabalho<br />
mantém-se. São criadas novas oportunidades de<br />
emprego nos estabelecimentos de novos<br />
operadores. Votarei a favor deste texto, que,<br />
embora não seja muito ambicioso, representa,<br />
ainda assim, um passo em frente. <br />
2-046<br />
PTChristine De Veyrac (PPE-<strong>DE</strong>). - (FR)
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 117<br />
Senhor Presidente, gostaria em primeiro lugar
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 118<br />
os importantes esforços que ele tem vindo a<br />
desenvolver nestes últimos meses, ou mesmo<br />
anos, como pelo seu espírito de abertura e pela<br />
sua capacidade de ouvir os outros, pois, como<br />
ele sabe, nem sempre partilhámos os mesmos<br />
pontos de vista sobre este complexo dossier.<br />
Neste momento em que o Parlamento Europeu<br />
se prepara para votar a última etapa da<br />
liberalização postal, a do correio de menos de<br />
50 gramas, gostaria de me congratular com<br />
aquilo que me parece ser um progresso para os<br />
utilizadores. A concorrência é, com efeito,<br />
sinónimo de melhoria do serviço, como<br />
testemunham os esforços de modernização<br />
empreendidos por diversos monopólios postais<br />
nacionais desde a altura em que souberam que<br />
terão de enfrentar novas operadoras no seu<br />
mercado nacional.<br />
A concorrência é também sinónimo de melhoria<br />
da competitividade para um sector cujo volume<br />
de negócios está em baixa e que, se não<br />
fizermos nada, se afundará esmagado pelos<br />
défices e acabará por perder toda e qualquer<br />
atracção aos olhos dos utilizadores. Não quero<br />
citar nenhum exemplo concreto, mas todos nós
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 119<br />
temos presentes exemplos de países onde o
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 120
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 121<br />
blico já não assegura correctamente o serviço
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 122<br />
eve aos utilizadores.<br />
Assim, embora confirmemos amanhã a última<br />
etapa da liberalização, a concorrência não
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 123<br />
constitui, para mim, um fim em si. Tem de
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 124<br />
viço dos utilizadores, e congratulo-me com o<br />
facto de o texto votado pelo Parlamento<br />
Europeu prever explicitamente que a<br />
distribuição do correio a qualquer cidadão da<br />
UE, habite ele onde habitar, constitui um<br />
princípio obrigatório. Congratulo-me também<br />
com o facto de o texto prever explicitamente<br />
que a operadora que deverá assumir o serviço<br />
universal, e que terá portanto encargos<br />
suplementares, poderá ser financiado por uma<br />
taxa sobre a actividade dos seus concorrentes<br />
não sujeitos às mesmas obrigações, ou poderá<br />
mesmo ser eventualmente financiado - porque<br />
não - por subvenções públicas. Este tipo de<br />
financiamento será legal e todos os Estados<br />
poderão recorrer a eles. Até que montante? Eis a<br />
pergunta a que a segunda leitura e o tempo que<br />
nos separa da liberalização efectiva deverão<br />
permitir-nos responder.
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 125
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 126<br />
o um pedido à Comissão Europeia que tinha<br />
formulado em comissão parlamentar e através<br />
de uma pergunta escrita a que não obtive<br />
resposta: quando é que ela tenciona publicar as<br />
linhas directrizes para o cálculo do custo do<br />
serviço universal? Tanto os deputados como os<br />
Estados precisam de saber quais são as<br />
orientações da Comissão sobre o que ela<br />
considera que faz ou não parte do serviço<br />
universal. Seja como for, teremos necessidade<br />
de uma clarificação sobre este ponto antes da<br />
segunda leitura para podermos manter o nosso<br />
apoio a este texto. <br />
2-047<br />
PTZita Gurmai (PSE). – (HU) O sector postal<br />
europeu representa 1% do PIB da UE e emprega<br />
perto de 3 milhões de pessoas, afectando<br />
indirectamente, através dos familiares, cerca de<br />
5 milhões de pessoas. De acordo com o estudo<br />
efectuado pela PricewaterhouseCoopers,<br />
ela PricewaterhouseCoopers, existem diferenças<br />
enormes entre os vários Estados-Membros a<br />
nível do grau de preparação para uma
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 127<br />
liberalização plena. Em situação de maior risco
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 128<br />
is dos novos Estados-Membros e as pessoas<br />
que trabalham no sector.<br />
Uma liberalização rápida pode causar uma<br />
considerável perda de negócio aos operadores<br />
postais estatais. Na Grã-Bretanha, a abertura<br />
plena do mercado iniciou-se em 1 de Janeiro de
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 129<br />
2006, e, no espaço de um ano, o Royal Mail
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 130<br />
negócio num volume de 2 milhões de cartas<br />
profissionais a favor da concorrência.<br />
Numerosos postos de trabalho podem também<br />
ficar em risco: na Alemanha, por exemplo, de<br />
acordo com o director do Deutsche Post, a<br />
abertura do mercado pode provocar a extinção<br />
de nada mais, nada menos do que 30 000 postos<br />
de trabalho, no caso de esse operador perder<br />
20% de quota de mercado da distribuição de<br />
cartas de pouco peso, serviço sobre o qual ainda<br />
detém o monopólio.<br />
Analisando atentamente o assunto, verifica-se<br />
não ser coincidência o facto de a maioria das<br />
comissões do Parlamento Europeu não<br />
considerar 2009 uma data aceitável para a plena<br />
abertura do mercado, propondo, em vez desta,<br />
uma data mais tardia, tendo sido mencionado o<br />
ano de 2013. É claro que devemos apoiar o<br />
alargamento completo das quatro liberdades<br />
pleto das quatro liberdades fundamentais,<br />
incluindo o princípio comunitário relativo aos<br />
serviços, mas uma condição indispensável para<br />
tal é que a cada Estado-Membro seja dado<br />
tempo suficiente e um calendário preciso que<br />
possa ser monitorizado pela Comissão, de modo<br />
a preparar-se a nível técnico.<br />
ar-se a nível técnico.<br />
Além disso, no que respeita à liberalização e de<br />
modo a assegurar a livre concorrência, é muito<br />
importante que todos os operadores postais do<br />
sector fiquem sujeitos a um conjunto unificado<br />
de condições de funcionamento que garanta que<br />
um conjunto unificado de critérios qualitativos e<br />
de condições de funcionamento seja aplicado<br />
aos novos operadores que entrem no mercado.
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 131<br />
Senhor Deputado Brian Simpson, agradeço a
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 132<br />
s dos novos Estados-Membros. <br />
2-048<br />
PTOlle Schmidt (AL<strong>DE</strong>). – (SV) Espero que<br />
seja bem sucedido, senhor deputado Ferber.<br />
Mais vale tarde do que nunca! Os serviços<br />
postais suecos já estão desregulados desde 1993.<br />
O que eu gostaria de dizer aos meus colegas<br />
senhora deputada Lichtenberger, senhor<br />
deputado Wurtz e outros cépticos é que a Suécia<br />
constitui um excelente exemplo de um mercado<br />
aberto de serviços postais que funciona. Todas<br />
as sondagens mostram que os consumidores<br />
estão mais do que satisfeitos. O serviço
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 133<br />
melhorou, os horários de abertura foram
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 134<br />
os e há maior acessibilidade. Há agora mais<br />
40% de balcões postais nas localidades<br />
pequenas do que havia em 2001. Os colegas<br />
belgas que estão preocupados podem ter em<br />
mente que, em termos de superfície, a Suécia é<br />
15 vezes maior do que a Bélgica. Há quase 350<br />
habitantes por quilómetro quadrado na Bélgic<br />
ão com os 22 da Suécia, onde a topografia é<br />
bastante diferente. O correio chega a tempo,<br />
mesmo no meu extenso e escassamente povoado<br />
país, e o Estado não precisa de orçamentar<br />
recursos suplementares para assegurar que os<br />
serviços são devidamente prestados em todo o<br />
território.<br />
Tempos novos exigem soluções novas. Não<br />
tenham receio, meus amigos.
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 135<br />
Por último, a alteração 79 refere-se a uma
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 136<br />
abertura e transparência com vista a evitar a<br />
concorrência desleal e os subsídios cruzados.<br />
<br />
2-049<br />
PTAstrid Lulling (PPE-<strong>DE</strong>). - (FR) Senhor<br />
Presidente, tive de me resignar: a guerra contra<br />
a liberalização generalizada dos serviços postais<br />
já não pode ser ganha, nem no Conselho nem<br />
aqui. Assim, resignei-me a lutar por uma<br />
tomada em consideração da situação muito<br />
especial dos correios no meu pequeno país.<br />
Com efeito, o nosso mercado constitui uma<br />
presa muito atraente e é particularmente<br />
disputado porque a sua clientela representa 70%<br />
o porque a sua clientela representa 70% do<br />
volume do correio com, além disso, uma das<br />
densidades demográficas mais elevadas, e um<br />
número de 455 peças - cartas ou encomendas -<br />
tratadas por pessoa e por ano, ou seja, um dos<br />
volumes mais elevados na <strong>Europa</strong>. A isto há que<br />
acrescentar um custo da mão-de-obra mais de<br />
duas vezes superior ao dos seus concorrentes,<br />
es superior ao dos seus concorrentes, por razões<br />
históricas que nada têm a ver com uma eventual<br />
ineficácia dos correios.<br />
Diversos modelos econométricos mostram que,<br />
em caso de liberalização total, a parte do<br />
mercado servida pelos nossos correios reduzirse-ia<br />
a uma fracção mínima de 4%, gerando um<br />
excedente de 940 empregos dos 1 500 empregos<br />
actuais, a maior parte dos quais intocáveis<br />
devido ao estatuto protegido do funcionário<br />
público. As tarifas deveriam ser multiplicadas<br />
por cinco para financiar os custos de uma<br />
cobertura a <strong>10</strong>0% do território nacional e para<br />
manter a frequência de 5 distribuições semanais,<br />
em caso de financiamento por subvenções<br />
inscritas no orçamento de Estado. Totalizando<br />
um montante de 36 milhões de euros, correriam<br />
o risco de pulverizar os critérios de Maastricht<br />
richt em matéria de défice público. Assim,<br />
justifica-se também adiar até 2013 o prazo para<br />
a liberalização no meu país.<br />
Eis a razão por que lhes peço encarecidamente<br />
que votem favoravelmente a alteração 62 do<br />
meu grupo, a qual permitirá reduzir o impacto<br />
negativo da liberalização total no meu país, pelo<br />
menos por um certo tempo. <br />
2-050<br />
PTEmanuel Jardim Fernandes (PSE). – Senhor<br />
Presidente, gostaria de saudar o relator, o colega<br />
taria de saudar o relator, o colega Ferber, pela<br />
qualidade do seu relatório, mas também Brian<br />
Simpson pelo esforço de compromisso no<br />
sentido de alargar o prazo da abertura e<br />
assegurar o funcionamento e o financiamento do<br />
serviço universal.
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 137<br />
A última fase da liberalização dos serviços<br />
postais estava longe de conseguir um mercado
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 138<br />
s consumidores, os trabalhadores e as<br />
empresas. O caminho adoptado pela Comissão<br />
na sua proposta não garantia suficientemente a<br />
universalidade do serviço, nem clarificava a<br />
forma do seu financiamento, daí que tivesse
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 139<br />
apoiado o colega Brian Simpson quanto à
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 140<br />
e apresentação de estudos, por parte da<br />
Comissão, sobre os custos das obrigações de<br />
serviço público a serem realizados nos planos<br />
nacionais, nas regras de financiamento do<br />
serviço universal, adaptadas às diferentes<br />
características dos Estados e das suas regiões,<br />
inclusive as ultraperiféricas, onde os custos de<br />
provisão destes serviços são normalmente mais<br />
elevados.<br />
Só depois de aprovados pela Comissão deveria<br />
ser utilizada a abertura do serviço postal abaixo<br />
das 50 gramas e daí o apoio ao compromisso de<br />
fixar a data de Dezembro de 20<strong>10</strong>, ou de<br />
Dezembro de 2012, para os novos Estados, ou,<br />
Estados, ou, como eu desejaria para todos,<br />
Dezembro de 2011.<br />
Outras possibilidades expressas através de<br />
alterações ainda presentes no plenário<br />
mereceram também o meu acordo porque a<br />
abertura, sem a salvaguarda do serviço público e<br />
do seu funcionamento, seria um mau passo para<br />
o emprego, o crescimento e para a manutenção<br />
do serviço universal. Reitero, no entanto, que a<br />
aprovação de uma nova data na votação de<br />
de uma nova data na votação de amanhã, na<br />
base de um compromisso eventualmente com<br />
alguma alteração complementar, é fundamental<br />
para a evolução destes serviços. <br />
2-051<br />
PTReinhard Rack (PPE-<strong>DE</strong>). – (<strong>DE</strong>) Senhor<br />
Presidente, “o carteiro traz sempre alguma coisa<br />
para toda a gente”, como diz o anúncio dos<br />
serviços postais austríacos. A liberalização do<br />
sector irá trazer alguma coisa para toda a gente,<br />
se for devidamente organizada e se for garantido<br />
que os serviços são prestados a todos, que o<br />
correio vai ser também distribuído nos Alpes e<br />
não só nas zonas industrializadas, que os<br />
trabalhadores terão condições de trabalho boas e<br />
s e seguras e que o serviço universal será<br />
financiado naqueles segmentos que não são<br />
especialmente lucrativos.<br />
O relatório Feber, na sua versão actual, contém<br />
boas respostas para todas estas questões, o que<br />
significa regulamentos razoáveis para os<br />
serviços postais, para os seus trabalhadores e,<br />
sobretudo, para os seus clientes. Com este<br />
. Com este relatório, vamos garantir que a<br />
<strong>Europa</strong> traz alguma coisa para toda a gente!<br />
<br />
2-052<br />
PTNicole Fontaine (PPE-<strong>DE</strong>). - (FR) Senhor<br />
Presidente, Senhor Comissário, caros colegas,<br />
nunca se r á demais frisar que estamos neste<br />
momento a co-legislar sobre o serviço postal<br />
1 Ver infra.
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 141<br />
para perto de 500 milhões de cidadãos europeus.
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 142
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 143<br />
numa perspectiva económica e com sensatez, e
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 144<br />
o impacto que terão as nossas decisões para uma<br />
população tão vasta quanto geograficamente<br />
diversificada.<br />
Numa perspectiva económica porque o princípio<br />
a porque o princípio de abrirmos<br />
progressivamente à concorrência a totalidade<br />
das actividades económicas não só é inerente à<br />
própria noção de mercado interno sem fronteiras<br />
internas, como se encontra inscrito, desde 1957,
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 145<br />
as, como se encontra inscrito, desde 1957, no
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 146<br />
atado fundador da União, sendo benéfico em<br />
muitos aspectos, como referiu com muita razão
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 147<br />
Christine De Veyrac. É dever e mérito da
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 148
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 149<br />
ja posto em prática sem proteccionismo
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 150
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 151<br />
do.
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 152
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 153<br />
alidade
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 154<br />
慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴<br />
慴慴<br />
er<br />
tura do mercado. Trata-se de um assunto que
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 155<br />
será essencial também nas discussões com o
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 156<br />
-Membros pretendem mais tempo, outros já<br />
abriram os respectivos mercados ou fá-lo-ão<br />
antes de 2009 e um número significativo de<br />
Estados-Membros concorda com a proposta da<br />
Comissão neste aspecto.<br />
O Parlamento sugeriu que se solicitasse ainda à<br />
Comissão que forneça assistência e orientação<br />
para a aplicação desta directiva após a sua<br />
entrada em vigor mas antes de 1 de Janeiro de
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 157<br />
2009. A Comissão sempre se mostrou
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 158
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 159<br />
Membros e fê-lo em diversas ocasiões. No<br />
entanto, fê-lo de forma autónoma, o que, como
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 160
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 161<br />
ros certamente compreenderão, assume
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 162<br />
to das suas responsabilidades ao abrigo do<br />
Título VI do Tratado CE. Serei muito claro: a<br />
Comissão não deixará os Estados-Membros por<br />
sua conta após a adopção desta importante<br />
directiva pelo legislador.
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 163
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 164<br />
iços postais seja um êxito. Queremo-lo pelos<br />
nossos utentes e pelos operadores mas também<br />
pelos muitos milhares de carteiros que garantem<br />
que o correio é um dos nossos serviços mais<br />
acarinhados. A Comissão fará tudo o que estiver<br />
ao seu alcance para contribuir para este<br />
objectivo.<br />
Está sobre a mesa um elevado número de<br />
alterações. Mandei elaborar um apanhado da<br />
posição da Comissão sobre as alterações, o qual
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 165<br />
será transmitido aos serviços do Parlamento
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 166<br />
ço ao relator, senhor deputado Ferber, e saliento<br />
a importância de avançar com tão sensível e<br />
importante dossier. <br />
2-054<br />
PTPosição da Comissão sobre as alterações<br />
apresentadas pelo Parlamento<br />
A. Alterações que a Comissão pode aceitar,<br />
pode aceitar em princípio/em parte e/ou pode<br />
aceitar na condição de serem reformuladas:<br />
1, 2, 3, 4, 8, 9, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 20,<br />
25, 26, 27, 28, 29, 30, 31, 32, 33, 35, 37, 39, 41,<br />
27, 28, 29, 30, 31, 32, 33, 35, 37, 39, 41, 44, 46,<br />
47, 49, 51, 52, 53, 55, 56, 60, 63, 65, 75, 76, 79,<br />
80, 82, 83.<br />
B. Alterações que a Comissão não pode aceitar:<br />
5, 6, 7, <strong>10</strong>, 19, 21, 22, 23,24, 34, 36, 38, 40, 42,<br />
43, 45, 48, 50, 54, 57, 58, 59, 61, 62, 64, 66, 67,<br />
68, 69, 70, 71, 72, 73, 74, 77, 78, 81, 84.<br />
<br />
2-055<br />
PTPresidente. – Está encerrado o debate.<br />
A votação terá lugar amanhã, quarta-feira.<br />
Declarações escritas (Artigo 142º) <br />
2-055-500<br />
PT<br />
S i l v i<br />
a - A d r i a n a b i c u<br />
( P S E ) , î n s c r i s .<br />
A p r e c i e z c a<br />
e x t r e m d e<br />
f a v o r a b i l a<br />
s u s t i n e r e a<br />
P a r l a m e n t u l u i<br />
E u r o p e a n p e n t r u<br />
d i v e r s i f i c a r e a<br />
a c t i v i t a t i i<br />
o p e r a t o r i l o r<br />
p o _ t a l i p r i n<br />
f u r n i z a r e a d e<br />
s e r v i c i i a l e<br />
s o c i e t c i i<br />
i n f o r m a c i o n a l e ,<br />
a m e n d a m e n t l a<br />
c a r e c i n p e n t r u<br />
c a s i g u r a t â t<br />
s u p r a v i e c u i r e a
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 167<br />
o p e r a t o r i l o r<br />
t r a d i c i o n a l i d e<br />
p o _ t î n e r a<br />
d i g i t a l , c â t _ i
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 168<br />
p o s i b i l e s u r s e
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 169<br />
d e f i n a n c a r e<br />
p e n t r u s e r v i c i u l<br />
u n i v e r s a l .<br />
A m c o n v i n g e r e a<br />
c c e l m a i<br />
i m p o r t a n t<br />
f a c t o r d e<br />
p r o g r e s e s t e<br />
c o n c u r e n c a ,<br />
a c e a s t a<br />
c o n d u c a n d l a o<br />
m a i b u n<br />
c a l i t a t e a<br />
i t a t e a<br />
s e r v i c i i l o r _ i<br />
l a p r e c u r i m a i<br />
m i c i .<br />
Î n R o m â n i a<br />
l e g i s l a c i a<br />
p r e v e d e a d e j a<br />
d a t a d e 1<br />
i a n u a r i e 2 0 0 9<br />
p e n t r u<br />
e l i m i n a r e a<br />
z o n e i<br />
r e z e r v a t e , i a r<br />
î n u n e l e s t a t e<br />
m e m b r e<br />
l i b e r a l i z a r e a<br />
t o t a l a a v u t<br />
d e j a l o c .<br />
T e x t u l a p r o b a t<br />
d e P a r l a m e n t<br />
e s t e u n t e x t d e<br />
c o m p r o m i s c a r e<br />
p e r m i t e<br />
l i b e r a l i z a r e a<br />
t o t a l a<br />
s e r v i c i i l o r<br />
p o _ t a l e , d a r d<br />
d o v a d d e<br />
s o l i d a r i t a t e c u<br />
s t a t e l e c a r e a u<br />
n e v o i e d e m a i<br />
m u l t t i m p<br />
p e n t r u a c e s t<br />
p r o c e s .<br />
D i r e c t i v a<br />
p r o p u n e _ i<br />
s o l u t i i p e n t r u<br />
f i n a n c a r e a<br />
s e r v i c i u l u i<br />
u n i v e r s a l , f a r a<br />
î n s s f i x e z e<br />
o m o d a l i t a t e d e<br />
c a l c u l a r e a<br />
c o s t u r i l o r .
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 170<br />
A s t e p t a m<br />
s o l u t i a<br />
C o m i s i e i p a n a<br />
i n s e p t e m b r i e .
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 171<br />
E s t e e s e n c i a l
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 172<br />
c i i l e p o _ t a l e s<br />
f i a c c e s i b i l e _ i<br />
d i s p o n i b i l e<br />
c h i a r _ i î n t r - u n<br />
c t u n c u d o a r<br />
c â t e v a f a m i l i i ,<br />
s i t u a t î n v â r f<br />
d e m u n t e s a u p e<br />
o i n s u l , i a r<br />
c a l i t a t e a<br />
l o c u r i l or de munca din domeniul<br />
serviciilor postale sa fie asigurata si dupa<br />
deschiderea totala a pietei. <br />
2-056<br />
PTReinhard Rack (PPE-<strong>DE</strong>). – (<strong>DE</strong>) Senhor<br />
Presidente, o Senhor Comissário McCreevy<br />
afirmou, com razão, que este é um elemento<br />
importante da legislação europeia. Pediu<br />
também ao Conselho que se orientasse<br />
devidamente por estas propostas. Infelizmente,<br />
o Conselho não está presente na discussão deste<br />
importante texto legislativo. Talvez fosse boa<br />
ideia lembrar aos portugueses que hoje já é <strong>10</strong><br />
de Julho e que eles têm a Presidência desde 1 de<br />
Julho. <br />
2-057<br />
PTPresidente. – Muito obrigado pela sua<br />
intervenção, enviaremos um telegrama para<br />
Lisboa. <br />
2-058<br />
PTServiços financeiros 2005-20<strong>10</strong> - Livro<br />
Branco (debate)<br />
2-059<br />
PTPresidente. – Segue-se na ordem do dia o<br />
relatório (A6-0248/<strong>2007</strong>) da deputada van den<br />
Burg, em nome da Comissão dos Assuntos
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 173<br />
Económicos e Monetários, sobre a política
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 174<br />
anceiros 2005-20<strong>10</strong> - Livro Branco<br />
(2006/2270(INI)). <br />
2-060<br />
PTIeke van den Burg (PSE), relatora. – (EN)<br />
Senhor Presidente, ao redigir este relatório em<br />
nome do Parlamento Europeu felicitei
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 175<br />
sinceramente o Comissário Charlie McCreevy e
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 176<br />
its Bolkestein, pelo êxito da legislação e<br />
regulação dos mercados financeiros e o trabalho<br />
executivo da Comissão Europeia neste âmbito.<br />
Aí não temos discordâncias. Podemos, no<br />
entanto, pensar de forma diferente no que<br />
respeita à avaliação dos passos a seguir e das<br />
a seguir e das prioridades de acompanhamento.<br />
Julgo que isso se deve a diferentes perspectivas.<br />
Para mim, não basta pensar no sucesso deste<br />
sector financeiro como tal. Considero tratar-se<br />
de um sector fundamental e quero certificar-me<br />
de que oferece a infra-estrutura certa para o<br />
ta para o crescimento económico, a riqueza e o<br />
bem-estar. Por isso no meu relatório me centro,<br />
primeiro, na questão estratégica de saber quem<br />
lucra com este sucesso.<br />
Estarão os utilizadores finais a retirar as mesmas<br />
vantagens que os grandes conglomerados<br />
financeiros multinacionais que adquiriram<br />
posições dominantes no topo dos mercados<br />
financeiros? Quem beneficia mais da maior<br />
liquidez dos mercados? Será a KKR, a<br />
Blackstone e as outras empresas de<br />
participações privadas que concluem negócios<br />
de milhares de milhões de dólares ou as<br />
empresas que estão abrangidas porque vêem as<br />
as notações de risco cair a pique, até atingirem a<br />
insignificância? Será que os empresários ainda<br />
se atrevem a investir em projectos de<br />
investigação e desenvolvimento a longo prazo<br />
para desenvolver produtos e serviços novos e<br />
inovadores ou sentem-se pressionados por ciclos<br />
de planificação e informação financeira cada<br />
vez mais curtos? Estará o tremendo aumento de<br />
produtos financeiros complexos derivados dos<br />
tradicionais títulos de dívida e acções a conduzir<br />
ívida e acções a conduzir a melhor distribuição<br />
do capital ou estará, antes, a contribuir para<br />
gerar maiores lucros com base na especulação<br />
para os fundos hedge que ditam as regras do<br />
sistema em pirâmide? Estarão os cidadãos dos<br />
Estados-Membros mais recentes numa situação<br />
mais confortável, com a invasão de bancos e<br />
companhias de seguros estrangeiros nos seus<br />
países ou ver-se-ão, de novo, confrontados com<br />
estruturas monopolistas que apenas lhes<br />
proporcionam produtos normalizados de<br />
qualidade medíocre a preços superiores aos dos<br />
países onde se situa a sua sede?<br />
Estas perguntas, a que poderemos acrescentar<br />
outras, parecem-me fundamentais para<br />
podermos dar resposta ao seguinte quesito: que<br />
uesito: que tipo de acompanhamento é<br />
necessário? A primeira mensagem do meu<br />
relatório é que convém proceder a uma análise<br />
económica mais profunda para poder responder<br />
à pergunta.
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 177<br />
Passo, agora, às prioridades estabelecidas pelo<br />
relatório. A primeira mensagem centra-se numa<br />
das minhas grandes preocupações, a enorme<br />
concentração no topo do mercado, com 30 ou 40<br />
grandes intervenientes financeiros<br />
internacionais e elevada concentração em
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 178<br />
diversos Estados-Membros. No relatório sobre
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 179<br />
ncorrência que aprovámos na última sessão<br />
expressámos as nossas preocupações e<br />
sugerimos à Comissária Nellie Kroes que<br />
incluísse na lista de eventuais inquéritos e<br />
investigações as actividades no topo do mercado<br />
financeiro dos bancos de investimento,<br />
sociedades de notação de risco, empresas de<br />
contabilidade, entre outras. Na semana passada<br />
repetimos a nossa sugestão à Senhora<br />
Comissária.<br />
O segundo ponto tem a ver com os riscos de<br />
estabilidade financeira desses novos<br />
desenvolvimentos de investimentos alternativos<br />
- fundos hedge, participações privadas. Não será<br />
necessário entrar em pormenores, já que os<br />
jornais todos os dias nos mostram maiores<br />
res preocupações. As autoridades de supervisão<br />
prudencial, os bancos centrais, o BCE e os<br />
nossos parceiros nos EUA, com quem nos<br />
encontraremos na próxima semana, também<br />
apresentaram as mesmas preocupações e penso<br />
que chegou a altura de lidarmos com esses<br />
riscos.<br />
O terceiro ponto prende-se com os mercados a<br />
retalho. A minha resposta à ausência de<br />
integração por parte do retalho não seria apenas<br />
melhorar o sistema e abrir as fronteiras mas<br />
istema e abrir as fronteiras mas permitir uma<br />
estratégia mais precisa e mais centrada, em<br />
particular para os utilizadores móveis, que<br />
precisam realmente de aceder e trabalhar com<br />
fornecedores de serviços nos diversos Estados-<br />
Membros, pelo que acreditamos mais em<br />
mos mais em encorajar produtos financeiros<br />
pan-europeus como o produto de pensão<br />
apresentado umas semanas atrás pela Federação<br />
Bancária Europeia.
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 180
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 181<br />
ito assume importância, o mesmo acontecendo<br />
com os sistemas de pensão, o acesso aos<br />
serviços básicos, a educação financeira e maior<br />
informação por parte dos consumidores e, por<br />
fim, melhor legislação e a futura arquitectura da<br />
supervisão. Neste ponto, creio que a grande<br />
diferença entre nós reside na abordagem<br />
minimalista da Comissão, confirmada ainda na<br />
semana passada pelo lema “less is more”. Para<br />
nós, impõe-se uma regulação bem centrada.<br />
Quanto à arquitectura da supervisão, diria que o<br />
Outono será a altura ideal para a discutir. Não
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 182<br />
basta esperar para ver o que acontece, por muito
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 183<br />
tência de desenvolvimentos positivos. <br />
2-061<br />
PTCharlie MacCreevy, Membro da Comissão. –<br />
(EN) Senhor Presidente, queria louvar a<br />
Comissão dos Assuntos Económicos e<br />
Monetários e, em particular, a relatora, senhora<br />
deputada Ieke van den Burg, pela sua iniciativa<br />
e pelo árduo trabalho que realizou com este<br />
relatório.<br />
Não é fácil lidar com a tão abrangente política<br />
dos serviços financeiros num relatório, já que<br />
vai dos serviços bancários às compensações,<br />
passando por liquidações, fundos hedge e<br />
sistemas de pagamento. O seu relatório é, neste<br />
aspecto, admirável.<br />
Queria ainda expressar a minha satisfação pela<br />
aparente convergência de ideias em tantos<br />
aspectos da política dos serviços financeiros.<br />
Embora, por vezes, a nossa abordagem aos<br />
assuntos seja diferente, é encorajador verificar<br />
que, em muitos aspectos, estamos em sintonia.<br />
O Parlamento Europeu e a Comissão estão<br />
unidos na vontade de tornar os mercados<br />
financeiros europeus um êxito cada vez maior.<br />
Todos pretendemos mercados financeiros<br />
profundos, líquidos e dinâmicos que funcionem<br />
como um verdadeiro catalisador para o<br />
investimento e o crescimento e que, em última<br />
análise, beneficiem todos os cidadãos. Todos<br />
queremos que os nossos sistemas de<br />
ue os nossos sistemas de regulamentação e<br />
supervisão sejam estáveis, justos e eficientes e<br />
todos queremos reforçar o papel da <strong>Europa</strong> na<br />
cena financeira global. É fundamental<br />
continuarmos a trabalhar para atingir esses<br />
objectivos.<br />
Saúdo calorosamente a atenção concedida, no<br />
relatório, à questão da supervisão. Trata-se de<br />
uma prioridade absoluta da Comissão em <strong>2007</strong>.<br />
Estamos a trabalhar afincadamente nas nossas<br />
propostas no sentido de reforçar o processo<br />
Lamfalussy, que deverão ser apresentadas adas.<br />
Temos igualmente de garantir a segurança da<br />
cooperação em situação de crise.<br />
2-063<br />
Othmar Karas, em nome do Grupo PPE-<strong>DE</strong>. –<br />
(<strong>DE</strong>) Senhor Presidente, Senhor Comissário,<br />
Senhora Relatora, é verdade que temos de<br />
continuar a consolidar o mercado financeiro. O<br />
plano de acção para os serviços financeiros até<br />
2004 contribuiu para o desenvolvimento de um<br />
mercado de capitais europeu integrado e<br />
funcional, que se tornou líder mundial,<br />
nomeadamente devido à forma sólida e<br />
consistente como está regulado. Mas está longe
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 184<br />
de ser perfeito, como demonstra o presente<br />
relatório. Inicialmente, a relatora previu 43<br />
pontos. Estes suscitaram 217 propostas de<br />
alteração. Juntamente com os relatores-sombra<br />
– apresento as desculpas do senhor deputado<br />
Hoppenstedt – foram estabelecidos 35<br />
compromissos e houve 141 votações na<br />
comissão.<br />
Sobre esta questão, todos apontamos no mesmo<br />
sentido, porque precisamos de um mercado<br />
financeiro interno mais forte. CEPS, CERVM,<br />
CASSPCR e lead supervisor (autoridade de<br />
supervisão principal) são termos que exprimem<br />
a busca de uma estrutura ideal para a supervisão<br />
dos mercados financeiros europeus. A última<br />
simulação de crise para verificar a estabilidade<br />
financeira na União Europeia mostrou<br />
claramente que ainda há muito por fazer.<br />
É necessária uma melhor coordenação entre os<br />
órgãos de supervisão competentes, para garantir<br />
uma gestão adequada e, assim, a estabilidade<br />
financeira em tempos de crise. Está prevista<br />
para 2009 uma simulação semelhante. O que<br />
todas as variantes na UE têm em comum é que o<br />
principal enfoque da supervisão continua a<br />
residir em cada uma das instituições e não no<br />
grupo institucional. Aquilo de que precisamos,<br />
portanto, são estruturas de supervisão que<br />
continuem a desenvolver-se. Precisamos de uma<br />
maior coordenação entre as autoridades<br />
nacionais de supervisão. Não precisamos de<br />
uma supervisão centralizada, mas de promover a<br />
cultura de supervisão dominante, que é<br />
caracterizada por objectivos e valores idênticos.<br />
2-064<br />
Pervenche Berès, em nome do grupo PSE. -<br />
(FR) Senhor Presidente, Senhor Comissário,<br />
como sabe, para o meu grupo, o mercado não<br />
constitui um fim em si, o mercado deve<br />
financiar uma estratégia. Esta estratégia, a<br />
União Europeia acaba de a renovar de forma<br />
excepcional, no passado dia 9 de Março, em<br />
torno daquilo a que eu chamaria a estratégia dos<br />
vinte: em 2020, 20% de... etc., não vou alongarme.<br />
Eis a razão por que precisamos de integrar<br />
um mercado financeiro coerente.<br />
Muito já foi feito, mas muito resta ainda para<br />
fazer. De entre as coisas que falta fazer, há<br />
evidentemente a questão dos mercados a<br />
retalho. A este respeito, pensamos que<br />
deveríamos incluir uma abordagem muito<br />
especial na estratégia da Comissão.<br />
Evidentemente que será necessário promover a<br />
educação financeira, tornou-se quase o tema da<br />
moda, e terá o apoio do meu grupo quando se<br />
tratar de desenvolver essa educação. Mas, como<br />
salientámos na altura da apreciação da Directiva<br />
MiFID, há também que investigar as condições<br />
em que os produtos financeiros são propostos<br />
aos investidores, aos consumidores e aos<br />
pequenos aforradores: trata-se da questão das<br />
condições de comercialização dos produtos<br />
financeiros, que temos também de analisar de<br />
perto.<br />
Resta o debate que acaba de ser aberto, com<br />
muita pompa e circunstância, pela Presidência<br />
alemã, relativo aos fundos alternativos, os hedge<br />
funds. O simples facto de se ter podido pensar<br />
num código de conduta a nível internacional<br />
mostra bem o quando este debate evoluiu.<br />
Assim, os actores deste mercado beneficiam de<br />
oportunidades criadas pela integração, o que<br />
lhes confere um certo número de<br />
responsabilidades e deveres. Deste ponto de<br />
vista, penso que o meu grupo não partilha o<br />
ponto de equilíbrio atingido. Se queremos<br />
garantir a segurança do sistema, temos de<br />
prosseguir a discussão, inclusive no que se<br />
refere a analisar as condições em que os prime<br />
brokers são simultaneamente juízes e partes no<br />
negócio.<br />
Em seguida, há a questão das estruturas de<br />
mercado. A legislação que estamos a adoptar<br />
possui um impacto sobre as estruturas de<br />
mercado, não podemos ignorá-lo. Ao definirmos<br />
a nossa legislação segmento a segmento, temos<br />
de possuir uma ideia clara do mercado<br />
financeiro que queremos para responder da<br />
melhor forma às necessidades de financiamento<br />
da economia europeia. Será um mercado<br />
financeiro de que os principais beneficiários são<br />
os bancos de investimento localizados fora da<br />
União Europeia precisamente aquilo com que<br />
sonhamos? Penso que não. Temos de integrar<br />
uma estratégia que permita a todos os actores<br />
encontrarem o seu lugar no equilíbrio global.<br />
E depois, evidentemente, a grande questão com<br />
que nos confrontamos é a questão da<br />
supervisão. Partilho inteiramente os pontos de<br />
vista do nosso relator sobre este ponto. O poder<br />
e a legitimidade dos comités de nível III, os<br />
supervisores, têm de ser reforçados; cada<br />
supervisor nacional tem de possuir uma<br />
obrigação de convergência europeia. Desta<br />
forma, asseguraremos a segurança do sistema e<br />
poderemos servir-nos dessa supervisão<br />
integrada como de um instrumento privilegiado<br />
para a criação de um mercado europeu.<br />
2-065<br />
Margarita Starkevičiūtė, em nome do Grupo<br />
AL<strong>DE</strong>. – (LT) Como alguns colegas já<br />
referiram, o mercado financeiro europeu é líder<br />
a nível mundial, e deveríamos continuar a seguir<br />
políticas que permitam à <strong>Europa</strong> manter esse
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 185<br />
primeiro lugar a nível mundial. Caros Colegas<br />
Liberais, que tipo de políticas pretendemos?<br />
Antes de mais, precisamos de uma política que<br />
seja eficaz e aberta à inovação e a novos<br />
produtos. Deveremos conceder prioridade a<br />
mecanismos de auto-regulação, sem criar<br />
entraves ao aparecimento de novos produtos<br />
financeiros. A legislação deverá ser aplicada de<br />
forma a que seja assegurada a igualdade de<br />
condições de concorrência, quer para as grandes<br />
empresas, quer para as pequenas empresas.<br />
Gostaria de colocar especial ênfase na expressão<br />
“pequenas empresas”. Muito frequentemente, a<br />
Comissão apenas considera os interesses das<br />
grandes empresas.<br />
Queremos também que exista uma supervisão<br />
adequada. Uma supervisão adequada não<br />
implica uma fiscalização até ao mais ínfimo<br />
pormenor; significa uma supervisão conduzida<br />
de acordo com determinados princípios. Para<br />
que estes princípios sejam aplicados de forma<br />
uniforme nos diversos países, gostaríamos que<br />
os Governos nacionais e também a Comissão, e<br />
os próprios deputados ao Parlamento Europeu,<br />
se empenhassem mais em garantir que as<br />
entidades se supervisão nacionais cooperem de<br />
forma mais ampla entre si e com outras<br />
entidades no sector financeiro.<br />
Gostaríamos também que os desafios à<br />
consolidação do mercado financeiro e os riscos<br />
sistemáticos fossem aferidos para que fique bem<br />
claro para os consumidores, que são quem em<br />
última análise paga a factura, se uma ou outra<br />
instituição, uma grande instituição europeia, não<br />
funciona convenientemente. Gostaríamos ainda<br />
de ver um mercado financeiro no qual os<br />
interesses dos clientes da banca a retalho sejam<br />
protegidos – os interesses de um milhão de<br />
residentes comuns da UE.<br />
Que tipo de mercado deverá ser este? A nível do<br />
retalho, o mercado terá de confiar numa<br />
estrutura aberta para que um amplo leque de<br />
produtos financeiros esteja acessível, para que<br />
se possam evitar situações em que apenas<br />
estejam disponíveis num país os produtos de um<br />
só banco e para que as pessoas, em todos os<br />
países, possam dispor de igualdade de<br />
oportunidades para usufruírem da variedade e<br />
do potencial inovador do mercado da UE.<br />
Gostaríamos de assistir à criação de<br />
determinados produtos em toda a UE, a fim de<br />
que os trabalhadores possam circular livremente<br />
entre um país e outro. Ouve-se também falar de<br />
diversos produtos de pensões e crédito<br />
hipotecário.<br />
Queremos ainda um mercado com uma boa<br />
relação custo-eficácia. Que se pretende dizer<br />
com custos adequados ao consumidor do sector<br />
de retalho? Isso não é sinónimo de<br />
regulamentação; significa, sim, transparência.<br />
Terá de existir uma estrutura de custos clara<br />
para os serviços financeiros a fim de que cada<br />
um dos consumidores possa optar por um pacote<br />
adequado, de acordo com as circunstâncias em<br />
que se encontre e com o montante que poderá<br />
pagar, e esperamos que, desta forma, o mercado<br />
financeiro europeu se mantenha o mais<br />
competitivo do mundo.<br />
2-066<br />
ENSahra Wagenknecht, em nome do Grupo<br />
GUE/NGL. – (<strong>DE</strong>) Senhor Presidente, Senhoras<br />
e Senhores Deputados, a secção do relatório<br />
sobre os veículos de investimento alternativo<br />
refere-se, nomeadamente, a fundos<br />
especulativos (“hedge funds”) e fundos de<br />
participações privadas (“private equity funds”),<br />
em relação aos quais esta câmara deve tomar<br />
uma decisão clara. Os “hedge funds” são<br />
conhecidos em todo o mundo pela sua política<br />
agressiva de exploração de mão-de-obra, de<br />
pilhagem de empresas e de insensível destruição<br />
de empregos, pelo que são acertadamente<br />
comparados a gafanhotos.<br />
A redacção do relatório não alerta de forma<br />
suficientemente clara para estes perigos.<br />
Precisamos de definições claras e inequívocas.<br />
As orientações relativas aos “hedge funds” e aos<br />
“private equity funds” têm de regular o seguinte:<br />
requisitos mínimos para o capital de<br />
participação destes fundos, todos os lucros<br />
devem estar sujeitos aos impostos sobre o<br />
rendimento e sobre os lucros no país onde a<br />
empresa gestora tenha a sua sede, obrigação de<br />
registo, obrigação de revelar a estrutura de<br />
activos, a estrutura de propriedade e as<br />
transacções em curso e muito mais.<br />
O nosso grupo apresentou alterações para este<br />
efeito e esperamos que as tenham em<br />
consideração no momento da votação.<br />
2-067<br />
PRESIDÊNCIA: MORGANTINI<br />
Vice-presidente<br />
2-068<br />
John Whittaker, em nome do Grupo<br />
IND/<strong>DE</strong>M. - (EN) Senhor Presidente, o plano de<br />
acção para os serviços financeiros é um órgão<br />
de regulação pesado e complexo. Na sua vã<br />
tentativa de harmonizar produtos financeiros e<br />
de suprimir o risco, terá como único efeito<br />
empurrar as empresas para fora da União<br />
Europeia. Mesmo a City, em Londres, percebe<br />
agora que os custos de respeitar a Directiva
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 186<br />
relativa aos mercados de instrumentos<br />
financeiros ultrapassam em muito quaisquer<br />
vantagens decorrentes do acesso a um mercado<br />
mais vasto. E existem sempre efeitos colaterais<br />
não previstos. A relatora queixa-se de que não<br />
estão a ser envidados esforços suficientes para<br />
ajudar o consumidor final de serviços<br />
financeiros. Afirma que as necessidades básicas<br />
de todos os cidadãos consistem no acesso a uma<br />
conta bancária, transferências financeiras a<br />
baixo custo e a possibilidade de poupar dinheiro<br />
ou contrair empréstimos. Mas o grande<br />
obstáculo aos serviços bancários de retalho<br />
reside nos procedimentos altamente<br />
burocráticos, no sentido de conhecer bem o<br />
cliente, impostos às instituições bancárias em<br />
resultado dos regulamentos contra o<br />
branqueamento de capitais da UE. A situações<br />
destas aplica-se a expressão “dar um tiro no pé”.<br />
2-069<br />
Petre Popeangă, în numele grupului ITS. –<br />
Consider că o lucrare având ca obiectiv<br />
stabilirea unei politici pe termen mediu în<br />
domeniul serviciilor financiare este una a cărei<br />
necesitate şi importanţă nu pot fi puse la<br />
îndoială.<br />
Concentrarea pieţei, mijloacele alternative de<br />
investiţii, accesul la finanţare în sectorul cu<br />
amănuntul, riscurile sistemice, îmbunătăţirea<br />
prevederilor legale şi altele reprezintă categorii<br />
importante de activităţi a căror aplicare la nivel<br />
naţional, ca şi impactul acestora la nivel global,<br />
justifică asemenea acţiuni iniţiate şi la nivelul<br />
Uniunii Europene.<br />
Necesitatea unui asemenea demers rezultă în<br />
primul rând din necesitatea asigurării unei<br />
transparenţe sporite şi a unui spaţiu de acţiune<br />
uniform pentru concurenţă, dar şi din<br />
necesitatea separării diferitelor servicii furnizate<br />
consumatorului şi, nu în ultimul rând, de gama<br />
limitată a produselor cu amănuntul oferite de<br />
către grupurile financiare care operează pe<br />
pieţele naţionale.<br />
Cantonându-mă din lipsă de timp doar la<br />
domeniul protecţiei consumatorului, menţionez<br />
că, deşi acesta este considerat la nivelul Uniunii<br />
Europene ca fiind una din activităţile prioritare,<br />
practica demonstrează că în anumite zone nu se<br />
ridică la cotele necesare fie datorită insuficienţei<br />
prevederilor legale, fie din lipsa unor garanţii<br />
certe că furnizorii de servicii sunt organisme<br />
fiabile şi solide din punct de vedere financiar.<br />
Cu aceste câteva precizări, menţionez că susţin<br />
aprobarea propunerii raportorului privind Carta<br />
Albă a Comisiei referitoare la politica serviciilor<br />
financiare în perioada 2005-20<strong>10</strong>, ca şi a<br />
propunerilor referitoare la organizarea de<br />
dezbateri pe tema fondurilor speculative, puncte<br />
de vedere care constituie, de altfel, şi poziţia<br />
autorităţii competente din România faţă de<br />
problematica pieţelor de instrumente financiare.<br />
2-070<br />
Gunnar Hökmark (PPE-<strong>DE</strong>). – (EN) Senhora<br />
Presidente, queria começar por agradecer à<br />
relatora.<br />
À medida que avançamos com os serviços<br />
financeiros e o processo de reforma temos de<br />
nos colocar algumas perguntas, por exemplo, se<br />
queremos que os mercados financeiros europeus<br />
sejam vitais e dinâmicos e se situem no centro<br />
do desenvolvimento financeiro global. A<br />
resposta é, obviamente, afirmativa.<br />
Todavia, devemos também estar seguros de que<br />
podem ser atractivos a nível global e de que têm<br />
capacidade para atrair capital e vitalidade.<br />
Retiramos daqui alguns objectivos, pois<br />
precisamos de regulamentos que garantam<br />
transparência e credibilidade e devíamos evitar<br />
aqueles que visam regular a concorrência, os<br />
produtos e os serviços. É do contrário que<br />
precisamos. Devíamos garantir a existência de<br />
regras fundamentais comuns que abram<br />
caminho aos novos serviços financeiros<br />
orientados para o futuro da <strong>Europa</strong>. Exige-se um<br />
equilíbrio e gostaria que o resultado final do<br />
relatório fosse mais aberto e defendesse a<br />
abertura à concorrência. Salientaria que não<br />
deve existir qualquer espécie de patriotismo<br />
económico no sector financeiro na <strong>Europa</strong>, pois<br />
isso apenas poderá entravar o desenvolvimento<br />
dinâmico e o crescimento dos mercados<br />
financeiros europeus. Quanto ao futuro dos<br />
serviços financeiros na <strong>Europa</strong>, devíamos seguir<br />
o grito da Revolução Francesa: liberté, égalité,<br />
fraternité. Encoraja a concorrência e pode criar<br />
uma dinâmica nos mercados financeiros<br />
europeus.<br />
2-071<br />
Harald Ettl (PSE). – (<strong>DE</strong>) Senhora Presidente,<br />
um mercado de capitais integrado e funcional<br />
seria uma base importante para a economia<br />
europeia no actual ambiente de rápida<br />
globalização. Devemos agradecer à relatora por<br />
se debruçar não só sobre o sucesso económico<br />
dos mercados de capitais europeus, mas também<br />
sobre a diversificação e os benefícios<br />
resultantes, assim como os riscos potenciais.<br />
Os serviços financeiros são uma coisa boa<br />
quando correspondem às exigências da nossa<br />
sociedade e a beneficiam, mas para isso é<br />
necessário um rigoroso controlo. Deixar o<br />
mercado entregue aos seus mecanismos convida
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 187<br />
ao abuso. Mesmo que os “hedge funds” e as<br />
“private equities” possam assegurar a<br />
diversificação do mercado, o perigo de riscos<br />
sistémicos com impactos excessivamente<br />
negativos, por exemplo, através de falhas na<br />
gestão de activos, envolve um potencial de crise<br />
incontrolável. Por exemplo, as práticas<br />
comerciais dos “hedge funds” mudam<br />
rapidamente. As autoridades do mercado<br />
financeiro em Londres estão a detectar um<br />
crescente número de casos em que os requisitos<br />
de informação são desrespeitados.<br />
Os operadores de mercado habilidosos estão<br />
sempre a descobrir novas formas de dissimular<br />
as suas actividades, como lemos frequentemente<br />
no “Neue Zürcher Zeitung”. Os resultados são<br />
algumas astuciosas tácticas de surpresa na<br />
aquisição de empresas. Os trabalhadores, que<br />
são, em última instância, os responsáveis pelo<br />
valor das economias nacionais, ir-se-ão<br />
tornando cada vez mais brinquedos nas mãos<br />
dos interesses do capital. Para impedir isto sem<br />
pôr em causa a prosperidade do mercado e para<br />
promover uma melhor distribuição de lucros,<br />
precisamos de uma maior intervenção das<br />
comissões competentes. Não deve ser a<br />
economia a decidir o que é melhor para si<br />
própria, porque é aos políticos que compete<br />
regular e fiscalizar a economia, para benefício<br />
da sociedade na União Europeia a longo prazo.<br />
2-072<br />
Sharon Bowles (AL<strong>DE</strong>). – (EN) Senhora<br />
Presidente, queria deixar três chamadas de<br />
atenção para três pontos do nosso relatório.<br />
Primeiro, o meu grande pomo de discórdia tem<br />
a ver com a questão da moda, pois parece<br />
obrigatório criticar as participações privadas e<br />
mais ainda os fundos hedge. É positivo olhar<br />
para as coisas, analisá-las e discuti-las. É errado<br />
concluir precipitadamente qual o resultado<br />
desejável apenas para seguir as ideias na moda.<br />
Em segundo lugar, no nº 6 fala-se de uma<br />
concentração da prestação de serviços<br />
financeiros às grandes empresas cotadas na<br />
bolsa. Neste contexto pode parecer mais<br />
adequado falar das empresas de auditoria, já que<br />
a sua consolidação teve, como consequência, a<br />
redução dessas empresas a menos de meia dúzia<br />
com capacidade para auditorias de grande<br />
fôlego. Não me parece correcto, porém, sugerir<br />
que os bancos de investimento se encontram<br />
numa situação de concentração comparável,<br />
dado que nenhum dos três primeiros detém uma<br />
parte de mercado de <strong>10</strong>%. Desta perspectiva,<br />
mencionar os bancos de investimento vem<br />
retirar força ao argumento que pretendemos<br />
avançar a propósito das empresas de auditoria.<br />
Em terceiro lugar, no que respeita à supervisão,<br />
tudo isto é muito interessante mas estão em<br />
curso cooperação e mudanças. Os níveis 2 e 3<br />
têm de ser instalados e aperfeiçoados. Como é<br />
possível avaliar a fase seguinte antes de se saber<br />
os resultados da fase anterior?<br />
2-073<br />
Alexander Radwan (PPE-<strong>DE</strong>). – (<strong>DE</strong>)<br />
Senhora Presidente, Senhor Comissário,<br />
gostaria de começar por exprimir o meu sincero<br />
agradecimento à relatora pelo seu trabalho, com<br />
o qual conseguiu unir um amplo espectro<br />
político no Parlamento Europeu.<br />
O mercado único dos serviços financeiros na<br />
UE tem sido uma história de sucesso. As<br />
recomendações da Comissão e a sua aplicação<br />
pelo Parlamento e pelo Conselho e nos<br />
Estados-Membros levarão a que o mercado<br />
financeiro europeu se torne gradualmente mais<br />
atractivo do que o mercado financeiro dos EUA.<br />
Isto é ilustrado pelo facto de as bolsas de<br />
valores europeias estarem a ser compradas por<br />
americanos, para assim assegurarem a sua<br />
influência sobre elas. Este facto está na origem<br />
de uma nova evolução e levanta-se a questão de<br />
saber como devemos abordar os novos<br />
acontecimentos no mercado.<br />
O ponto principal é o futuro dos controlos na<br />
<strong>Europa</strong>. O desenvolvimento de bancos<br />
transfronteiras é um caso que exige atenção.<br />
Referirei apenas o UniCredito, o<br />
HypoVereinsbank com sede na Baviera e o<br />
Banco da Áustria. Discutimos também o ABN<br />
Amro e o Banco Santander, que foi comprado<br />
na Grã-Bretanha. Temos de garantir que as<br />
autoridades de supervisão estão atentas a estes<br />
acontecimentos e que cada supervisor não se<br />
ocupe apenas do seu Estado-Membro, mas que<br />
exista uma cooperação europeia. Não se trata de<br />
pedir um supervisor europeu, mas temos de<br />
trazer o desenvolvimento europeu mais para o<br />
centro das atenções.<br />
Basileia II e a autoridade de supervisão<br />
principal (lead supervisor) foram os primeiros<br />
passos neste sentido. Apoio inteiramente que a<br />
Comissão faça uma abordagem corajosa na<br />
Solvabilidade II. Espero que os supervisores<br />
nacionais e os Ministros das Finanças nacionais<br />
se tornem mais cooperantes a este respeito e<br />
mostrem mais apoio às alterações do que<br />
mostraram até agora.<br />
Temos também de pensar um pouco sobre a<br />
forma como configurar a relação transatlântica<br />
no futuro. No actual estado de coisas, a SEC – a<br />
autoridade de supervisão americana – tem<br />
sempre um efeito indirecto na regulação do
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 188<br />
mercado europeu. Isto não deveria acontecer.<br />
Precisamos de uma resposta europeia à SEC,<br />
que procure evitar que isto aconteça. Cito o<br />
exemplo de um banco austríaco que teve de se<br />
livrar dos seus clientes porque estava a ser<br />
comprado por um fundo americano e os clientes<br />
eram cubanos.<br />
Senhor Comissário, a Comissão trata<br />
regularmente com bancos regionais. E faz muito<br />
bem. Senhora Deputada Bowles, não pretendo<br />
antecipar o resultado da discussão, mas<br />
precisamos de discutir os "hedge funds" num<br />
debate aberto. O que não podemos dizer é que<br />
queremos evitar a questão porque receamos o<br />
resultado.<br />
2-074<br />
Antolín Sánchez Presedo (PSE). – (ES)<br />
Senhora Presidente, os serviços financeiros são<br />
uma fonte estratégica de eficiência e de<br />
prosperidade numa economia globalizada.<br />
Desejo felicitar a relatora, senhora deputada van<br />
den Burg, pelo relatório que elaborou, que<br />
representa uma reflexão profunda e uma valiosa<br />
contribuição para o futuro da política de<br />
serviços financeiros, ao estabelecer importantes<br />
orientações para tirar partido das suas<br />
potencialidades:<br />
Em primeiro lugar, aumentando os nossos<br />
pontos fortes, seguindo a abordagem da<br />
resolução de Março de eliminação dos<br />
obstáculos para facilitar as aquisições<br />
transeuropeias e as aquisições de acções na<br />
banca, seguros e empresas de investimento, com<br />
o objectivo de que os nossos operadores tirem<br />
partido do mercado interno e se preparem para<br />
competir com motores globais.<br />
Em segundo lugar, reduzindo os pontos fracos.<br />
Há um exemplo claro nas actividades de<br />
notação nas quais existe esta debilidade como<br />
consequência de um vazio regulamentar e da<br />
ausência de operadores europeus. O relatório<br />
propõe um tratamento adequado nos dois casos.<br />
Em terceiro lugar, controlando os riscos, tanto<br />
os que afectam a estabilidade financeira geral<br />
como os riscos operativos decorrentes de<br />
distorções ou do mau funcionamento do<br />
mercado e de práticas desleais ou de informação<br />
privilegiada, ou aqueles que são consequência<br />
da excessiva concentração de algumas<br />
actividades de serviços financeiros de segmento<br />
superior nas grandes empresas, como as<br />
agências de notação, as grandes empresas de<br />
auditoria e os bancos de investimento.<br />
O tratamento é igualmente correcto. Por um<br />
lado, a estreita vigilância por parte das<br />
autoridades da concorrência para evitar abusos e<br />
barreiras a novos aderentes; por outro lado, ao<br />
exigir que a Comissão, na linha da sua<br />
abordagem de estudos sectoriais, examine<br />
exaustivamente a situação e, finalmente, registe<br />
progressos na integração da supervisão<br />
financeira europeia.<br />
Relativamente à arquitectura da supervisão<br />
financeira, embora o actual sistema não seja<br />
perfeito, funciona razoavelmente bem e merece<br />
um tratamento evolutivo, como propõe a<br />
relatora. É necessário reforçar a cooperação<br />
entre as autoridades supervisoras, o que só será<br />
possível com uma perspectiva europeia, ou seja,<br />
avançando em direcção a uma cultura europeia<br />
comum e através de práticas que permitam que<br />
os supervisores nacionais não só tenham<br />
práticas similares como competências e<br />
mandatos que possibilitem a utilização de novas<br />
técnicas e instrumentos.<br />
2-075<br />
Charlie McCreevy, Membro da Comissão. –<br />
(EN) Senhora Presidente, como antes referi, o<br />
relatório em debate mostra que o Parlamento e a<br />
Comissão estão em sintonia quanto aos aspectos<br />
mais importantes relativos a serviços<br />
financeiros. Ambas as instituições pensam num<br />
horizonte para além de 20<strong>10</strong>, data a que se<br />
refere a nossa política actual. Cientes das<br />
potenciais inovações e perigos que nos<br />
espreitam, trabalhamos para que as nossas<br />
estruturas de supervisão funcionem melhor. Ao<br />
mesmo tempo, estamos a construir fortes laços<br />
com os nossos parceiros reguladores noutros<br />
domínios, na certeza de que as nossas interrelações<br />
sairão fortalecidas.<br />
A nossa atitude é de constante procura de<br />
formas de garantir que os nossos mercados<br />
financeiros funcionam e beneficiam todos os<br />
cidadãos.<br />
Tendo em conta a colaboração positiva entre as<br />
instituições, estou certo de que teremos êxito.<br />
2-076<br />
Presidente. – Está encerrado o debate.<br />
A votação terá lugar na quarta-feira, 11 de Julho<br />
de <strong>2007</strong>.<br />
Declarações escritas (Artigo 142º)<br />
2-077<br />
Gábor Harangozó (PSE), por escrito. – (EN)<br />
Em primeiro lugar queria felicitar<br />
calorosamente a relatora, senhora deputada Ieke<br />
van den Burg, pelo seu excelente trabalho a<br />
propósito do Livro Branco sobre a política de
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 189<br />
serviços financeiros (2005-20<strong>10</strong>). Tanto o<br />
relatório como o Livro Branco assumem a maior<br />
importância, visto ser óbvio que a criação de um<br />
verdadeiro mercado de capitais europeu com<br />
uma posição de liderança a nível mundial em<br />
consonância com os objectivos da Agenda de<br />
Lisboa depende em grande parte da viabilidade<br />
e coerência dos regulamentos financeiros da<br />
Comunidade. Para além de uma viabilidade dos<br />
regulamentos financeiros em sintonia com os<br />
objectivos de melhor regulamentação, é<br />
conveniente tornar mais célere a transposição da<br />
legislação comunitária pelos Estados-Membros,<br />
se pretendemos realizar de modo eficaz a<br />
aplicação cabal do Plano de Acção para os<br />
Serviços Financeiros (PASF). Obviamente, será<br />
necessário avaliar os verdadeiros efeitos da<br />
aplicação do PASF para os seus beneficiários;<br />
concordo plenamente com a relatora quando<br />
apela a uma análise mais profunda das<br />
consequências económicas das medidas<br />
propostas no PASF à luz da Estratégia de<br />
Lisboa. A aplicação coerente e a avaliação<br />
contínua dos regulamentos financeiros<br />
constituem os elementos chave para o sucesso<br />
de um mercado de capitais europeu dinâmico<br />
com uma posição de liderança a nível mundial.<br />
2-078<br />
Piia-Noora Kauppi (PPE-<strong>DE</strong>), por escrito. –<br />
(EN) A Primavera passada foi o momento<br />
adequado para discutir o futuro dos serviços<br />
financeiros na UE. Foram lançadas mudanças<br />
inovadoras quer do lado dos reguladores quer no<br />
próprio desenvolvimento dos mercados. Rara<br />
foi a semana em que não se verificou um<br />
desenvolvimento significativo com efeitos<br />
directos no funcionamento dos mercados<br />
financeiros europeus e na forma como nós,<br />
legisladores, devemos lidar com eles.<br />
O crescente número de casamentos entre bolsas<br />
é, provavelmente, a manifestação mais visível.<br />
À medida que os bancos e outros locais de<br />
negociação financeira vão atraindo volumes de<br />
trocas comerciais mais elevados, é muito natural<br />
que as bolsas tentem juntar forças. O<br />
aperfeiçoamento e a modernização da nossa<br />
infra-estrutura de trocas comerciais serão<br />
benéficos para investidores e trarão maior<br />
inovação aos instrumentos financeiros.<br />
A grande questão, nesta altura, tem a ver com a<br />
supervisão. A nossa abordagem não deve partir<br />
de uma perspectiva do pior cenário possível. É<br />
certo que há preocupações legítimas quanto à<br />
regulação dos vários grupos de capital privados.<br />
Da mesma forma, não é claro o que acontecerá<br />
se e quando alguma coisa correr mal. Mas, para<br />
já, tentemos alcançar uma convergência de<br />
práticas nos comités do Nível 3. A longo prazo,<br />
o Parlamento gostaria de assistir a esforços mais<br />
unificados no cenário da supervisão europeia.<br />
2-079<br />
Modernizar o direito do trabalho para<br />
enfrentar os desafios do século XXI (debate)<br />
2-080<br />
Presidente. – Segue-se na ordem do dia o<br />
relatório (A6-0247/<strong>2007</strong>) do deputado<br />
Protasiewicz, em nome da Comissão do<br />
Emprego e dos Assuntos Sociais, sobre<br />
modernizar o direito do trabalho para enfrentar<br />
os desafios do século XXI (<strong>2007</strong>/2023(INI)).<br />
2-081<br />
Jacek Protasiewicz (PPE-<strong>DE</strong>), relator. – (PL)<br />
Senhora Presidente, Senhor Comissário, com o<br />
debate de hoje encerramos uma discussão que<br />
tomou vários meses ao Parlamento Europeu e<br />
que versava a modernização do direito do<br />
trabalho para enfrentar os desafios do século<br />
XXI. O debate foi bastante emotivo e, por<br />
vezes, chegou ao rubro o que, na verdade, não<br />
nos surpreende, já que se trata de um tema que<br />
afecta praticamente todos os Europeus,<br />
independentemente da idade, forma de vida ou<br />
local onde habitam.<br />
No entanto, a discussão acalorada não se<br />
confinou às paredes deste Parlamento. A<br />
publicação do Livro Verde deu azo a um amplo<br />
debate em toda a União Europeia e envolveu<br />
numerosos sindicatos, organizações patronais,<br />
empresas locais e organizações de<br />
trabalhadores, tendo ainda havido diversas<br />
iniciativas não governamentais nos Estados-<br />
Membros, tanto antigos como novos.<br />
Ao longo destes meses fiquei com a impressão<br />
de que a maioria dos participantes no debate<br />
concorda em que os desafios do novo século<br />
exigem modificações no direito do trabalho.<br />
Que desafios são esses? Verificam-se quatro<br />
tipos principais de desafios: primeiro, as<br />
consequências positivas e negativas da<br />
globalização crescente para as economias<br />
europeias. Em segundo lugar, o rápido<br />
desenvolvimento do sector dos serviços, que<br />
permitiu a pronta criação de novos trabalhos<br />
tanto nos Estados-Membros mais novos como<br />
nos mais antigos, mesmo se diferem, quanto à<br />
natureza, dos postos de trabalho antes criados<br />
pela indústria. O terceiro desafio decorre das<br />
alterações radicais nas tecnologias,<br />
nomeadamente na tecnologia das novas<br />
comunicações, com amplos efeitos na forma<br />
como hoje trabalhamos. Outro grande desafio é<br />
o da mudança demográfica que, agora mesmo,<br />
está a alterar radicalmente a situação no<br />
mercado de trabalho europeu e lhe trará
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 190<br />
mudanças ainda mais radicais no futuro<br />
próximo.<br />
Apesar de o reconhecimento da necessidade de<br />
alterações ter sido consensual, já uma decisão<br />
quanto à direcção que tais alterações devem<br />
tomar não é tão clara. Alguns deputados ao<br />
Parlamento Europeu manifestaram-se a favor de<br />
maior flexibilidade da regulamentação europeia,<br />
afirmando que, desse modo, o emprego<br />
aumentará e, consequentemente, o desemprego<br />
será menor. Outros, em contrapartida, defendem<br />
que o direito do trabalho deve ter um papel de<br />
maior protecção. Alguns deputados advogam<br />
maior harmonização dos sistemas jurídicos<br />
nacionais, justificando-a com o processo de<br />
criação de um mercado único europeu. Outros<br />
defendem indefectivelmente os princípios da<br />
subsidiariedade, referindo as diferenças nas<br />
várias tradições e modelos que prevalecem em<br />
diversos Estados-Membros e salientando que tal<br />
diversidade é positiva, já que permite que se<br />
chegue às melhores práticas através do<br />
intercâmbio de experiências, e é preferível a<br />
uma nova regulamentação comunitária, por<br />
norma inflexível.<br />
A primeira versão do relatório que redigi como<br />
proposta do Parlamento Europeu era a favor de<br />
maior flexibilidade e opunha-se à<br />
harmonização. Apresentava cláusulas que<br />
avaliavam positivamente a influência das<br />
formas de emprego “atípicas” na criação de<br />
emprego na União Europeia e convidava os<br />
Estados-Membros a aplicar métodos activos na<br />
política do emprego e a apoiar a adaptabilidade<br />
com o objectivo de proteger as pessoas e não os<br />
empregos existentes.<br />
No relatório inicial tentei também chamar a<br />
atenção para a necessidade de melhorar a<br />
regulamentação da UE e nacional de forma a<br />
libertar as empresas e os cidadãos de custos e<br />
burocracias desnecessários. Observava, ainda,<br />
que um direito do trabalho excessivamente<br />
restritivo pode desencorajar as empresas de<br />
recrutar novos trabalhadores, mesmo em<br />
situações de crescimento económico.<br />
Finalmente, assinalava a importância crucial do<br />
ensino para melhorar as possibilidades de<br />
trabalhadores e desempregados encontrarem<br />
novos empregos. Neste contexto, propus que<br />
instássemos a Comissão Europeia, os Estados-<br />
Membros e as entidades patronais a investirem<br />
na formação contínua e a melhorarem a<br />
qualidade do ensino ministrado aos jovens,<br />
prestando especial atenção às necessidades dos<br />
mercados de trabalho locais e regionais.<br />
Finalmente, chamava a atenção para a enorme<br />
importância da mobilidade para melhorar a<br />
situação do mercado de trabalho europeu. Por<br />
esse motivo propus que desafiássemos os<br />
Estados-Membros a remover os obstáculos<br />
impostos a cidadãos de outros Estados-<br />
Membros e a abrir os respectivos mercados de<br />
trabalho nacionais.<br />
A primeira versão do relatório provocou acesa<br />
reacção dos deputados. O acalorado debate e as<br />
490 alterações apresentadas ao texto original<br />
foram sujeitos a mais discussão e a negociações<br />
com todos os grupos políticos. Queria, a<br />
propósito, agradecer em especial aos meus<br />
colegas do Grupo Socialista no Parlamento<br />
Europeu e, nomeadamente, a Ole Christensen e<br />
seus consultores.<br />
O resultado das negociações foi levado a<br />
votação numa reunião extraordinária da<br />
Comissão do Emprego e dos Assuntos Sociais<br />
realizada em Estrasburgo, em 18 de Junho.<br />
Devo reconhecer que o resultado da votação não<br />
foi bem o que eu esperava. Fiquei também com<br />
a impressão de que perdemos parte considerável<br />
de um contributo que eu tinha avançado na<br />
primeira versão e que, na minha opinião, não foi<br />
devidamente aproveitado nos debates<br />
posteriores, e que consistia no seguinte:<br />
qualquer reforma do mercado de trabalho,<br />
incluindo a reforma do direito do trabalho,<br />
deveria ter como objectivo criar novos<br />
empregos na <strong>Europa</strong>, se queremos enfrentar o<br />
desafio dos 17 milhões de pessoas actualmente<br />
fora do mercado de trabalho. Tão elevados<br />
níveis de desemprego constituem uma ameaça<br />
directa aos valores em que assenta o modelo<br />
social europeu e temos de envidar todos os<br />
esforços para os reduzir radicalmente.<br />
Neste momento há mais de 60 alterações ao<br />
relatório na sua forma actual. Cerca de metade<br />
apoia uma abordagem de criação de mais<br />
emprego. Espero que os resultados da votação<br />
sejam de molde a permitir-me recomendar ao<br />
Parlamento que apoie o texto e que a votação<br />
confirme a importância do debate que a<br />
Comissão Europeia lançou ao publicar o Livro<br />
Verde em Novembro do ano passado.<br />
2-082<br />
Vladimír Špidla, Membro da Comissão. – (CS)<br />
Senhora Presidente, Senhoras e Senhores<br />
Deputados, o Livro Verde constituiu uma boa<br />
oportunidade para debater a necessidade de<br />
melhorar o direito do trabalho com vista a<br />
enfrentar os desafios do século XXI. Provocou<br />
uma enorme resposta de um grande número de<br />
partes interessadas. Estas respostas contêm<br />
informação útil sobre os ordenamentos jurídicos
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 191<br />
nacionais e sobre os problemas recentemente<br />
detectados no mercado de trabalho europeu<br />
causados pela mobilidade transfronteiriça e pela<br />
expansão do comércio internacional no território<br />
da União Europeia.<br />
Foi surpreendente a qualidade das respostas ao<br />
Livro Verde, e penso que são o resultado das<br />
consultas e debates conduzidos pelos governos e<br />
por alguns parlamentos dos Estados-Membros,<br />
conjuntamente com os parceiros sociais e outras<br />
partes interessadas tanto a nível comunitário<br />
como a nível nacional. Alguns dos problemas<br />
surgidos no decurso desta consulta pública<br />
tinham já sido objecto de negociações e de<br />
resoluções do Parlamento Europeu.<br />
Desejo felicitar o relator, os grupos políticos e o<br />
Parlamento pelas suas contribuições para a<br />
elaboração deste relatório de iniciativa.<br />
O relator tenta estabelecer uma forma de tirar<br />
partido prático do debate sobre o Livro Verde,<br />
através de medidas práticas susceptíveis de<br />
reunir um vasto apoio. O Livro Verde reconhece<br />
plenamente também a competência dos Estados-<br />
Membros em matéria de direito do trabalho e<br />
das relações de trabalho e de tradição, e de<br />
progressos na negociação colectiva. O debate<br />
colocou em evidência a utilidade do direito do<br />
trabalho na resolução de questões relativas à<br />
redução de trabalhadores num mundo em rápida<br />
mudança caracterizado por uma grande<br />
mobilidade de capitais e tecnologias.<br />
O direito do trabalho e a negociação colectiva<br />
estão intrinsecamente ligados. O direito do<br />
trabalho propicia uma base sobre a qual os<br />
parceiros sociais a todos os níveis podem<br />
negociar acordos de compromisso sobre as<br />
relações de trabalho, a aprendizagem ao longo<br />
da vida, os contratos de trabalho flexíveis e<br />
sobre a organização do mercado de trabalho, o<br />
que facilita a movimentação entre empregos e a<br />
passagem de um tipo de contrato para outro.<br />
Não será surpresa para ninguém que, em<br />
resposta ao Livro Verde, entre as organizações<br />
de parceiros sociais haja uma grande variedade<br />
de opiniões sobre a forma como registar<br />
progressos. Registaram-se divisões acentuadas<br />
durante as negociações do Parlamento sobre<br />
este relatório e em negociações paralelas a nível<br />
comunitário e a nível nacional em relação aos<br />
seguintes pontos:<br />
– o estatuto de tempo inteiro, contratos-tipo sem<br />
termo comparativamente a novas formas<br />
flexíveis de trabalho e a tónica sobre medidas<br />
para resolver a segmentação do mercado de<br />
trabalho;<br />
– a abordagem a ter na alteração de contratos<br />
atípicos, alguns dos quais carecem das garantias<br />
adequadas em termos de segurança de emprego;<br />
isto implica principalmente casos de relações de<br />
trabalho multilaterais; a flexibilidade é muitas<br />
vezes reclamada sem uma protecção do<br />
emprego adequada e sem qualquer possibilidade<br />
de se ter uma verdadeira segurança no quadro<br />
de relações de trabalho mais estáveis;<br />
– a tónica dada no Livro Verde às relações<br />
individuais de trabalho suscitou a questão de<br />
saber se foi dispensada uma atenção suficiente à<br />
dimensão colectiva da legislação laboral e às<br />
vantagens do diálogo social;<br />
– foi dito que a Comissão deveria ter limitado<br />
este debate aos parceiros sociais a nível<br />
comunitário e que não deveria ter aberto um<br />
debate público que contasse com a participação<br />
dos organismos comunitários, dos governos dos<br />
Estados-Membros e dos parceiros sociais a nível<br />
da União Europeia e a nível nacional;<br />
– foram também esgrimidos argumentos sobre a<br />
contribuição que a União Europeia poderia fazer<br />
para apoiar a reforma da legislação laboral e<br />
para desenvolver regras sociais mínimas<br />
aplicáveis a todas as formas de contratos de<br />
trabalho.<br />
Penso que o relatório preconiza, em princípio:<br />
– uma análise da flexibilidade e da segurança<br />
enquanto dois factores que se reforçam<br />
mutuamente contribuindo para melhorar a<br />
produtividade e a qualidade do emprego;<br />
– adoptar uma abordagem que, no<br />
desenvolvimento das questões da segurança no<br />
emprego, tenha em conta o ciclo de vida;<br />
– propiciar uma protecção básica para todos os<br />
trabalhadores, independentemente do tipo de<br />
contrato que celebraram;<br />
– ajuda concedida aos trabalhadores para mudar<br />
de emprego de forma rápida e sustentável;<br />
– assegurar que os esforços para modernizar a<br />
legislação laboral são consentâneos com as<br />
abordagens de legislar melhor e de redução da<br />
carga administrativa excessiva, em particular no<br />
que diz respeito ao cumprimento das<br />
disposições legais relativas às pequenas<br />
empresas;<br />
– uma implementação adequada das disposições<br />
jurídicas comunitárias sobre o trabalho e sobre a
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 192<br />
melhoria da informação para os empregados e<br />
trabalhadores no que diz respeito às disposições<br />
mínimas comunitárias em vigor, relativamente,<br />
em especial, à luta contra o trabalho ilegal.<br />
Consideramos que os princípios da não<br />
discriminação, da igualdade do género, do<br />
horário de trabalho flexível com vista a<br />
reconciliar a vida profissional com a vida<br />
familiar e as oportunidades de obter educação e<br />
formação profissional constituem a pedra<br />
angular da segurança do emprego, essencial<br />
para uma transição fluida entre empregos, e<br />
entre diferentes tipos de contrato de trabalho.<br />
O relatório dá conta da complexidade de<br />
distinguir entre diferentes categorias de<br />
trabalhadores e as pessoas que trabalham por<br />
conta própria. Existe um receio de que uma<br />
maior mobilidade transfronteiriça possa afectar<br />
a correcta implementação do acervo<br />
comunitário. Congratulo-me pela atitude<br />
positiva do Parlamento de encontrar meios de<br />
resolver o problema, respeitando o direito dos<br />
Estados-Membros de decidir se as relações de<br />
trabalho estão implicadas num determinado<br />
caso.<br />
Penso que o relatório salienta também as<br />
vantagens do diálogo entre a Organização<br />
Internacional do Trabalho (OIT) e a União<br />
Europeia na matéria. Devemos tirar o maior<br />
partido possível dos conhecimentos e da<br />
experiência da OIT, e utilizar os seus esforços<br />
para estabelecer normas de trabalho básicas que<br />
permitam a coexistência da flexibilidade e da<br />
segurança.<br />
A Comissão está incumbida de avaliar os temas<br />
principais desta política, e as alternativas à<br />
mesma surgidas pelo conjunto de respostas que<br />
recebemos, incluindo aquelas que foram<br />
recentemente incorporadas no relatório de<br />
iniciativa do Parlamento.<br />
Senhoras e Senhores Deputados, é com interesse<br />
que aguardo o debate sobre este tema<br />
extremamente sensível e complexo, e espero<br />
que permita avançar mais iniciativas e que<br />
conduza à adopção do presente relatório.<br />
2-083<br />
Donata Gottardi (PSE), relatora de parecer da<br />
Comissão dos Assuntos Económicos e<br />
Monetários. – (IT) Senhora Presidente,<br />
Senhoras e Senhores Deputados, o Parlamento<br />
Europeu está a fazer um bom trabalho. O<br />
trabalho até agora desenvolvido em comissão -<br />
na Comissão do Emprego e dos Assuntos<br />
Sociais e na Comissão dos Assuntos<br />
Económicos e Monetários - obedeceu a padrões<br />
elevados. Conseguiu escapar a choques<br />
ideológicos e oposições e centrou-se no objecto<br />
do Livro Verde sobre políticas de emprego e na<br />
possibilidade de planear a inovação.<br />
A globalização e a demografia constituem<br />
apenas dois dos principais desafios. O<br />
desenvolvimento sustentável também exige<br />
mudanças na organização do trabalho e na<br />
utilização do tempo. Uma análise atenta<br />
demonstra que não existe tempo não trabalhado<br />
mas antes tempo para dedicar à vida pessoal e à<br />
vida familiar; que errámos ao identificar a nova<br />
fronteira do conflito social como um conflito<br />
entre trabalhadores “integrados” e “excluídos”;<br />
que a relação entre flexibilidade e segurança é<br />
mútua e deve ter em conta as necessidades das<br />
entidades patronais a par das necessidades dos<br />
trabalhadores; que alargar os direitos não deve<br />
tanto ser um belo texto consignado num papel<br />
mas implica mudança e transparência, implica<br />
agir contra o trabalho não declarado, implica<br />
coordenar políticas e implica um vigor renovado<br />
na harmonização rumo à meta do direito do<br />
trabalho europeu.<br />
2-084<br />
Mia De Vits (PSE), relatora de parecer da<br />
Comissão do Mercado Interno e da Protecção<br />
dos Consumidores. – (NL) Senhor Presidente,<br />
estou satisfeita com este debate, mas não com o<br />
método. Senhor Comissário, o direito do<br />
trabalho é, em primeiro lugar e acima de tudo,<br />
uma competência dos Estados-Membros e, em<br />
particular, dos parceiros sociais. Ele garante o<br />
direito a um salário digno, a boas condições de<br />
trabalho e à protecção em caso de<br />
despedimento, e contribui também para um<br />
clima social estável de que nós precisamos para<br />
o crescimento económico e a produtividade.<br />
Neste contexto, o ponto de referência é o normal<br />
contrato de trabalho e não os mais variados<br />
estatutos precários.<br />
Congratulo-me, pois, pelo facto de o relatório da<br />
Comissão do Emprego e dos Assuntos Sociais<br />
realçar estes dois elementos cruciais e pelo facto<br />
de a sugestão que formulei no parecer que emiti<br />
em nome da Comissão do Mercado Interno e da<br />
Protecção dos Consumidores para uma<br />
iniciativa europeia relativa à cadeia de<br />
responsabilidade ter sido adoptada.<br />
A discussão em torno da flexibilização das<br />
condições de despedimento transmite a<br />
mensagem errada aos trabalhadores europeus.<br />
Durante as últimas semanas, no meu país, ouvi<br />
manifestações de forte indignação relativamente<br />
ao nível das indemnizações por despedimento<br />
pagas pela Opel Antuérpia, mas verifiquei que<br />
há pouca indignação entre essas mesmas
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 193<br />
pessoas no que se refere aos planos de<br />
reestruturação imorais que as empresas levam a<br />
cabo.<br />
Tanto o relatório do Parlamento como a<br />
Confederação Europeia de Sindicatos são muito<br />
críticos em relação ao Livro Verde, e por isso<br />
que espero, Senhor Comissário, que V. Exa.<br />
possa responder a essa crítica. Se uma das partes<br />
envolvidas no diálogo social tece esse tipo de<br />
críticas, então temos o dever de lhe dar uma<br />
resposta adequada.<br />
2-085<br />
Kartika Tamara Liotard (GUE/NGL),<br />
relatora de parecer da Comissão dos Direitos<br />
da Mulher e da Igualdade dos Géneros. – (NL)<br />
Senhor Deputado Protasiewicz, Comissão, eu<br />
não sou contra a reforma do direito do trabalho<br />
se a mesma conduzir a mais certeza em matéria<br />
de cuidados de saúde adequados, prestações de<br />
desemprego, pensões para todos – incluindo os<br />
que auferem os rendimentos mais baixos.<br />
Porém, a Comissão inverte toda esta questão;<br />
em vez de pugnar pelo reforço dos direitos dos<br />
trabalhadores, a Comissão quer transformar a<br />
<strong>Europa</strong> num paraíso para os empregadores, onde<br />
o direito de não se poder ser despedido sem<br />
qualquer justificação será remetido para o<br />
nostálgico passado, onde as pessoas deixarão de<br />
ter o direito de se recusarem a trabalhar horas<br />
extraordinárias não remuneradas e onde os<br />
contratos colectivos de trabalho serão<br />
considerados antiquados.<br />
A Comissão chama a isto flexigurança. Soa<br />
bem, mas a tradução daquilo que a Comissão<br />
espera atingir com isso é simples: mais<br />
flexibilidade para o empregador e mais<br />
incerteza para o empregado. Isto será<br />
particularmente desastroso para as mulheres,<br />
para os jovens e para as minorias, que já são<br />
desfavorecidos no mercado de trabalho e que<br />
estão desproporcionalmente representados nos<br />
empregos a tempo parcial e nos contratos<br />
temporários. Se esta proposta for adoptada sem<br />
alterações, estas pessoas serão as primeiras<br />
vítimas, e as restantes seguir-se-ão.<br />
2-086<br />
José Albino Silva Peneda, em nome do Grupo<br />
PPE-<strong>DE</strong>. – Senhora Presidente, Senhor<br />
Comissário, caros Colegas, gostaria em primeiro<br />
lugar de saudar o relator Protasiewicz pelo<br />
esforço desenvolvido. Contudo, tenho de dizer<br />
que o relatório, tal como nos é apresentado, é<br />
desequilibrado. É desequilibrado porque cobre,<br />
sobretudo, os aspectos referentes à protecção<br />
social - que são seguramente importantes -, mas<br />
ignora a outra perspectiva fundamental para<br />
uma reforma das leis laborais para o século<br />
XXI, que deve encarar uma maior flexibilidade<br />
no funcionamento dos mercados de trabalho.<br />
Depois, o texto repousa numa visão muito<br />
conservadora ainda alimentada por uma cultura<br />
assente na desconfiança e no conflito. Ora, do<br />
que precisamos hoje é do oposto: uma cultura<br />
baseada na confiança e na cooperação entre as<br />
partes.<br />
Esta alteração de paradigma, absolutamente<br />
necessária para que se possa conciliar os valores<br />
da justiça social e da dignidade humana, com o<br />
aumento da competitividade, não aparece<br />
assumida neste relatório. Seria fundamental que<br />
este equilíbrio de que falo, e que está ausente do<br />
texto do relatório, estivesse claramente expresso<br />
porque seria por aí que se poderia fomentar a<br />
alteração de comportamentos e de atitudes por<br />
parte das empresas e dos trabalhadores no<br />
sentido de fomentar os níveis de confiança.<br />
Em resumo, o texto deste relatório é de certo<br />
modo uma desilusão, porque não dá sinais no<br />
sentido de mostrar que a <strong>Europa</strong> dos nossos dias<br />
tem o rasgo, o talento e a capacidade para se<br />
tornar mais competitiva, ao mesmo tempo que<br />
mostra ser capaz de preservar os valores<br />
representativos do seu modelo social. A verdade<br />
é que o texto em apreço não dá sinais de rasgo e<br />
não evidencia nem talento, nem capacidade<br />
reformadora. Por isso, o Partido Popular<br />
Europeu apresentou um conjunto de alterações<br />
que, a serem aceites, farão com que este<br />
relatório não se transforme numa oportunidade<br />
perdida.<br />
2-087<br />
Ole Christensen, em nome do grupo PSE. –<br />
(DA) Senhora Presidente, gostaria de agradecer<br />
ao relator, senhor deputado Protasiewicz, pela<br />
cooperação construtiva que emprestou à<br />
preparação do relatório. Para que a UE consiga<br />
superar os desafios do século XXI e criar<br />
crescimento sustentável com mais e melhores<br />
empregos, é necessário melhorar a qualidade<br />
dos empregos e do trabalho em si. A legislação<br />
laboral tem um papel relevante a desempenhar<br />
neste aspecto. Se competirmos com base em<br />
condições de trabalho deficientes e salários<br />
baixos, ficaremos para trás face a uma<br />
globalização e concorrência cada vez maiores.<br />
A segurança no emprego é um factor de<br />
produção. Um elevado nível de segurança<br />
promove a flexibilidade, o emprego e a<br />
competitividade. É um aspecto que deve ser<br />
reflectido na futura legislação laboral e repudio<br />
qualquer tentativa para minar a segurança social<br />
e económica pela qual os trabalhadores lutaram<br />
arduamente ao longo de muitos anos.
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 194<br />
Nos últimos anos pudemos observar um<br />
marcado aumento do uso de contratos de<br />
trabalho atípicos, o que, infelizmente, também é<br />
um sinal de que as empresas procuram<br />
contornar a legislação laboral e fugir às suas<br />
obrigações sociais. Infelizmente ainda existe um<br />
número excessivo de trabalhadores que não têm<br />
escolha, quando colocados perante este tipo de<br />
contratos e que, consequentemente, não têm<br />
acesso a qualquer protecção e segurança. São<br />
frequentemente obrigados a aceitar empregos<br />
sem direito a pensão de reforma, baixa por<br />
doença ou licença de maternidade. Também<br />
continua a existir um número elevado de<br />
trabalhadores que não beneficiam de direitos<br />
sociais essenciais. A Organização Internacional<br />
do Trabalho tem alertado, em diversas ocasiões,<br />
para a relação entre condições inferiores de<br />
saúde e de segurança no trabalho, por um lado, e<br />
os contratos a termo certo, por outro. Tendo dito<br />
isto, também consideramos que os contratos<br />
normalizados a tempo inteiro deveriam ser a<br />
norma. Os contratos sem termo são vantajosos,<br />
tanto para os trabalhadores como para as<br />
empresas. Oferecem segurança, previsibilidade<br />
e melhores oportunidades de desenvolvimento.<br />
A flexibilidade e a segurança no emprego não<br />
são incompatíveis, mas antes condições prévias<br />
recíprocas. É um aspecto que deverá estar<br />
reflectido na futura legislação laboral. A<br />
flexibilidade envolve basicamente o<br />
desenvolvimento de uma cooperação<br />
construtiva e de confiança mútua nas empresas.<br />
Significa que o sistema de negociação colectiva<br />
e o diálogo social têm um papel importante a<br />
desempenhar no desenvolvimento da<br />
flexigurança. O Grupo Socialista no Parlamento<br />
Europeu rejeita o enfoque obtuso da Comissão<br />
sobre a legislação laboral individual. Em muitos<br />
países, o melhor equilíbrio entre a flexibilidade<br />
e a segurança é alcançado através da celebração<br />
de acordos colectivos, adaptados de modo<br />
constante ao desenvolvimento das necessidades<br />
dos trabalhadores e das empresas. Por esse<br />
motivo a Comissão deverá promover o diálogo<br />
social, tanto a nível nacional como a nível<br />
Europeu.<br />
2-088<br />
Luigi Cocilovo, em nome do Grupo AL<strong>DE</strong>. –<br />
(IT) Senhora Presidente, Senhoras e Senhores<br />
Deputados, também eu queria saudar o trabalho<br />
desenvolvido, não só pelo relator mas, creio, por<br />
todos os grupos. Foi um trabalho que produziu o<br />
texto agora em análise, aprovado pela Comissão<br />
do Emprego e dos Assuntos Sociais. Há, no<br />
entanto, um ponto que queria esclarecer: não<br />
creio que neste documento prevaleçam ideias<br />
conservadoras e decepcionantes.<br />
Julgo que o texto contribui para ultrapassar<br />
resistências e obstáculos ideológicos a formas<br />
de flexibilidade nas relações de trabalho que,<br />
hoje, não só existem como vão ao encontro da<br />
necessidade de permitir que as empresas, a nível<br />
europeu, respondam aos desafios que a<br />
competitividade lhes coloca a nível mundial.<br />
Se, porém, queremos proteger essas<br />
necessidades, as novas formas de contrato têm<br />
de ser celebradas de forma adequada. Um<br />
contrato mais flexível - a tempo parcial, a termo<br />
ou proposto a trabalhadores recrutados através<br />
de empresas de trabalho temporário - dá<br />
resposta à necessidade de flexibilidade e<br />
permite reagir rapidamente aos picos de procura<br />
e às necessidades de maior produção impostas<br />
pela concorrência no mercado de trabalho. Ao<br />
mesmo tempo, tais contratos não devem ser<br />
utilizados como instrumento para introduzir<br />
formas de discriminação nos custos e na<br />
protecção, o que transformaria o contrato<br />
flexível numa espécie de base ou atalho para o<br />
dumping social, que nada tem a ver com as<br />
exigências da competitividade e transforma o<br />
desafio da concorrência num mero desafio de<br />
concorrência de custos. Por isso penso que,<br />
embora devamos afirmar a necessidade de<br />
aceitar a existência dessas formas contratuais e<br />
não as rejeitar por motivos ideológicos, temos<br />
também de aumentar o nível de protecção<br />
específica e as garantias relativas a essas formas<br />
flexíveis de trabalho.<br />
Daí decorre o seguinte: o primado da<br />
regulamentação colectiva sobre excepções<br />
individuais; a existência de áreas de<br />
responsabilidade europeia que respeitem<br />
prerrogativas nacionais no domínio social e de<br />
uma dimensão comunitária, regida pela<br />
subsidiariedade, com competência específica<br />
para criar regulamentação, garantindo as normas<br />
mínimas e conferindo significado à dimensão<br />
europeia, não a reduzindo a mero canal para o<br />
mercado; a luta contra o mercado de trabalho<br />
paralelo; e, finalmente, a rejeição da mera lógica<br />
comercial.<br />
O problema está em atingir esses objectivos de<br />
forma equilibrada e em evitar negociar a<br />
protecção, por exemplo, trocar a protecção<br />
proporcionada por uma empresa pela protecção<br />
do mercado de trabalho. Temos de pugnar por<br />
tudo o que possa promover formas de<br />
mobilidade e transição de elevada qualidade e,<br />
uma vez mais, formas de trabalho que não sejam<br />
contrárias à protecção social.<br />
2-089<br />
Andrzej Tadeusz Masiel, em nome do Grupo<br />
UEN. – (PL) Senhora Presidente, o Livro Verde
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 195<br />
proposto pela Comissão e o relatório em debate<br />
são, a meu ver, uma válida introdução a um<br />
debate mais vasto sobre a adaptação do direito<br />
do trabalho às realidades em mutação, quer na<br />
<strong>Europa</strong> quer no mundo exterior.<br />
Estamos apenas no início e depara-se-nos uma<br />
tarefa complicada. Temos de chegar a resultados<br />
em questões difíceis de conciliar, como<br />
aumentar o número de postos de trabalho e<br />
preservar a qualidade dos mesmos, garantir<br />
segurança social para os trabalhadores e manter<br />
o máximo possível de contratos tipo e, ao<br />
mesmo tempo, zelar pelos interesses dos<br />
empregadores e lidar com a concorrência no<br />
mercado global.<br />
Há um aspecto fundamental:<br />
independentemente de um contrato de trabalho<br />
ser ou não a tempo parcial, independentemente<br />
da existência de mais formas atípicas de<br />
contrato de trabalho ou de contratos de trabalho<br />
convencionais, todos os cidadãos da UE devem<br />
gozar do direito de trabalhar ou fornecer<br />
serviços alternativos e têm,<br />
inquestionavelmente, direito a cuidados de<br />
saúde garantidos.<br />
É com prazer que o meu grupo político vai<br />
votar, amanhã, a favor do presente relatório.<br />
2-090<br />
Elisabeth Schroedter, em nome do Grupo<br />
Verts/ALE. – (<strong>DE</strong>) Senhora Presidente, Senhor<br />
Comissário, Senhoras e Senhores Deputados, o<br />
debate sobre a liberalização dos serviços postais<br />
ocupou hoje muito do nosso tempo. E mostrou<br />
também que é tipicamente no sector dos<br />
serviços que a liberalização é seguida por um<br />
aumento da precarização das relações de<br />
trabalho.<br />
Perante uma tal evolução, todos esperam que a<br />
Comissão defenda os direitos dos trabalhadores<br />
num Livro Verde sobre os direitos dos<br />
trabalhadores, que estabeleça normas mínimas a<br />
nível europeu para impedir que esses direitos<br />
entrem em queda livre e que reforce a<br />
representação sindical e o diálogo social.<br />
Porém, o Livro Verde da Comissão começa por<br />
falar de ideias como a flexigurança, que abre as<br />
portas ao dumping social, o que causou um<br />
amargo desapontamento e levará a um aumento<br />
do eurocepticismo.<br />
Esta câmara fez aqui uma alteração clara: os<br />
direitos dos trabalhadores não são exclusivos,<br />
mas aplicam-se a todos os trabalhadores,<br />
independentemente do seu regime de<br />
negociação colectiva. É a situação no terreno<br />
que é decisiva. Só é possível mais flexibilidade<br />
se houver mais segurança. Só desta forma o<br />
relatório pode ser mais desenvolvido.<br />
2-091<br />
Roberto Musacchio, em nome do Grupo<br />
GUE/NGL. – (IT) Senhora Presidente, Senhoras<br />
e Senhores Deputados, a <strong>Europa</strong> preocupa-se<br />
muito pouco com problemas de emprego e,<br />
quando decide debruçar-se sobre eles, fá-lo de<br />
forma totalmente inadequada, como se o<br />
emprego não estivesse no centro da democracia<br />
e do modelo social europeu. Muitas das razões<br />
que explicam os problemas da <strong>Europa</strong> podem,<br />
indubitavelmente, ser encontradas nesta<br />
subavaliação censurável e deliberada. Na<br />
<strong>Europa</strong> a insegurança do trabalho está muito<br />
espalhada e entrava a coesão social,<br />
constituindo uma verdadeira tragédia - aliás, a<br />
maior tragédia social sofrida por gerações<br />
inteiras de jovens, assim como por trabalhadores<br />
mais velhos precocemente expulsos do mercado<br />
de trabalho. Daqui decorrem consequências para<br />
as nossas cidades, para as nossas famílias, para<br />
todos nós.<br />
Combater a insegurança do emprego é vital para<br />
construir um futuro e para oferecer certeza e<br />
esperança. É esta a nossa tarefa prioritária. Em<br />
vez de combater a insegurança do emprego, a<br />
Comissão parece estar a adoptá-la e, quase, a<br />
utilizá-la para reduzir os direitos individuais e<br />
colectivos, para minimizar ainda mais o papel<br />
os sindicatos e para lançar aqueles que possuem<br />
direitos - e que, na realidade, são cada vez<br />
menos - contra os que não beneficiam dos<br />
mesmos, em nome de uma pretensa política do<br />
emprego.<br />
Isto é inaceitável. Há que afirmar que a <strong>Europa</strong><br />
considera o trabalho a base da verdadeira<br />
democracia e da coesão social e que tem um<br />
conceito próprio do que é um trabalho normal:<br />
emprego estável, por um período ilimitado,<br />
protegido por contrato e pelo papel dos<br />
sindicatos e com a exigência de condições<br />
iguais para trabalhos típicos ou não, como parte<br />
da igualdade no emprego. Trata-se de uma ideia<br />
de emprego bastante saudável, benéfica também<br />
para a produção, já que defende que a<br />
competitividade não deve basear-se na<br />
exploração mas na qualidade e na inovação.<br />
Poupar nos custos do emprego e colocar os<br />
trabalhadores em situação de concorrência uns<br />
contra os outros pode permitir lucros a curto<br />
prazo mas nada faz pelo crescimento da<br />
economia ou da sociedade.<br />
Eis o modelo social que a <strong>Europa</strong> devia<br />
apresentar ao mundo e do qual devia ser<br />
expoente máximo. O direito ao trabalho é um<br />
elemento fundamental da democracia, já que
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 196<br />
estabelece as regras de actividade em que se<br />
estriba a sociedade. Partindo desses direitos<br />
devíamos construir uma unidade social de novos<br />
e velhos, em vez de os colocar numa ridícula<br />
situação de oposição. O contrato de trabalho<br />
devia incluir essas normas e direitos, que não<br />
podem ser delegados noutros ou substituídos<br />
por acção externa, a qual deixaria o contrato de<br />
trabalho à mercê da lei da selva. Por isso o<br />
conceito de flexigurança não nos convence,<br />
assim como não nos convence a substituição dos<br />
benefícios sociais por contratos frágeis: os<br />
benefícios têm de constar do contrato e têm de<br />
constituir uma protecção para o trabalhador<br />
como cidadãos europeu.<br />
O texto apresentado ao Parlamento é um<br />
compromisso: inclui pontos ambíguos mas,<br />
simultaneamente, alguns elementos importantes.<br />
Os ataques a este tipo de trabalho, como os<br />
desferidos por algumas alterações, seriam<br />
negativos e levar-nos-iam na direcção errada.<br />
Digo-o, em especial, aos meus camaradas<br />
socialistas, sobretudo no que se refere às<br />
alterações que distorcem a natureza do emprego<br />
normal. Para nós, a aprovação dessas alterações<br />
equivaleria a desrespeitar o compromisso a que<br />
se chegou em comissão.<br />
2-092<br />
Derek Roland Clark, em nome do Grupo<br />
IND/<strong>DE</strong>M. – (EN) Senhora Presidente, a<br />
primeira versão apresentada pelo relator não foi<br />
bem acolhida em comissão por que se tentava<br />
reduzir a burocracia e limitar a regulamentação<br />
que pretende proteger os trabalhadores mas que,<br />
na realidade, provoca desemprego.<br />
Estamos agora a debater a segunda versão, que<br />
recebeu maior aceitação, pois o relator esbateu<br />
os aspectos mais agrestes do texto. É uma pena,<br />
pois o que isso significa é que vamos manter<br />
muitas das práticas restritivas em nome da<br />
harmonização enquanto, ao mesmo tempo,<br />
aquilo que temeis - a globalização - acaba por<br />
avançar insidiosamente. Para isso a UE teria de<br />
lidar com a concorrência nos mercados livres<br />
mundiais, mas não estamos preparados para tal.<br />
A menos que aprendamos como competir na<br />
própria <strong>Europa</strong>, nunca conseguiremos competir<br />
a nível global. Os futebolistas praticam<br />
continuamente trabalho com bola e espírito de<br />
equipa, não se preparam para uma partida a<br />
jogar às cartas no café do bairro! Do mesmo<br />
modo, uma prática contínua dos sistemas<br />
proteccionistas europeus significará a derrota<br />
nos campeonatos mais competitivos disputados<br />
em terreno hostil e global.<br />
2-093<br />
Roger Helmer (NI). – (EN) Senhora Presidente,<br />
o partido a que pertenço, o Partido Conservador<br />
Britânico, tem como política repor a cláusula de<br />
auto-exclusão em relação à qual se chegou a<br />
acordo em Maastricht, para permitir que o<br />
Reino Unido se retire da legislação social e<br />
laboral da UE. Confio em que os meus colegas<br />
conservadores deste Parlamento terão pleno<br />
apoio do seu grupo político, o PPE-<strong>DE</strong>, para<br />
aplicar essa política.<br />
Passando agora ao relatório, é com surpresa que<br />
leio, no Considerando C, que “a União Europeia<br />
não é apenas uma zona de comércio livre”.<br />
Quem sabe uns rudimentos de comércio<br />
internacional já terá percebido que a UE não é,<br />
de forma alguma, uma zona de comércio livre: é<br />
uma união aduaneira. Também saberá que a<br />
união aduaneira, ou Zollverein, é um conceito<br />
inventado por Bismarck no século XIX, e que<br />
não tem razão de ser no século XXI. Se<br />
olharmos por esse mundo fora, veremos que as<br />
zonas de comércio livre funcionam, enquanto as<br />
uniões aduaneiras funcionam muito pior. A UE<br />
é, aliás, o único grupo de países desenvolvidos<br />
que ainda funciona de modo tão antiquado. Se é<br />
intenção deste Parlamento transformar a UE, de<br />
forma a passar de união aduaneira com<br />
pretensões políticas a verdadeira e moderna<br />
zona de comércio livre, terá todo o meu apoio.<br />
As propostas da Comissão de modernizar o<br />
direito do trabalho e o nosso primeiro relatório<br />
traduzem um reconhecimento tardio dos<br />
avultados prejuízos que um mercado de trabalho<br />
inflexível e intrusivo provocou nas economias<br />
europeias. Constituem os primeiros passos na<br />
via da liberalização. No entanto, as alterações<br />
aprovadas na “Comissão do Desemprego”<br />
invertem essa tendência e transformam o<br />
relatório numa lista de propostas, bastante<br />
perigosas aliás, de ambições socialistas<br />
retrógradas.<br />
As alterações de hoje restabelecem o equilíbrio<br />
e, se forem mantidas, levam-nos a considerar<br />
que as tímidas medidas do relatório são melhor<br />
do que medida nenhuma e merecem o nosso<br />
apoio. O nº 2 cita a Carta dos Direitos<br />
Fundamentais. Trata-se de um documento que<br />
foi assinado duas vezes por Tony Blair.<br />
Todavia, após a Cimeira de Bruxelas de 22 de<br />
Junho, Blair apareceu, qual Chamberlain após<br />
Munique, declarando que tinha assegurado a sua<br />
“linha vermelha” e que a Carta não afectaria o<br />
direito do trabalho do Reino Unido. Peço à<br />
Comissão que responda, claramente, “sim” ou<br />
“não”: será a auto-exclusão proposta por Tony<br />
Blair defensável juridicamente? Aguardo com<br />
interesse a resposta da Comissão.
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 197<br />
2-094<br />
Presidente. - Uma vez que vamos prosseguir<br />
com o período de votação, está encerrado o<br />
debate. Será reiniciado às 15H00.<br />
2-095<br />
2-096<br />
PRESIDÊNCIA: DIANA WALLIS<br />
Vice-presidente<br />
Período de votação<br />
2-097<br />
Presidente. - Segue-se na ordem do dia o<br />
período de votação.<br />
(Resultados pormenorizados das votações: ver<br />
Acta.)<br />
2-098<br />
Eleição de um Vice-Presidente do<br />
Parlamento Europeu (votação)<br />
2-099<br />
Pedido de consulta do Comité das Regiões -<br />
Contributo do voluntariado para a coesão<br />
económica e social (artigo 118º do<br />
Regimento) (votação)<br />
2-<strong>10</strong>0<br />
Protocolo ao Acordo Euro-Mediterrânico<br />
que cria uma associação CE-Argélia, a fim de<br />
ter em conta o alargamento de 1 de Maio de<br />
2004 (votação)<br />
2-<strong>10</strong>1<br />
- Recomendação Jacek Saryusz-Wolski (A6-<br />
0274/<strong>2007</strong>)<br />
2-<strong>10</strong>2<br />
Protocolo ao acordo de parceria e de<br />
cooperação CE-Moldávia (adesão da<br />
Bulgária e da Roménia à UE) (votação)<br />
2-<strong>10</strong>3<br />
- Relatório Jacek Saryusz-Wolski (A6-<br />
0224/<strong>2007</strong>)<br />
2-<strong>10</strong>4<br />
Protocolo ao acordo de parceria e de<br />
cooperação CE-Ucrânia (adesão da Bulgária<br />
e da Roménia à UE) (votação)<br />
2-<strong>10</strong>5<br />
- Relatório Jacek Saryusz-Wolski (A6-<br />
0216/<strong>2007</strong>)<br />
2-<strong>10</strong>6<br />
Protocolo ao Acordo de Parceria e<br />
Cooperação CE-Arménia a fim de ter em<br />
conta a adesão da República da Bulgária e da<br />
Roménia à União Europeia (votação)<br />
2-<strong>10</strong>7<br />
- Relatório Jacek Saryusz-Wolski (A6-<br />
0254/<strong>2007</strong>)<br />
2-<strong>10</strong>8<br />
Protocolo ao Acordo de Parceria e<br />
Cooperação CE-Azerbaijão a fim de ter em<br />
conta a adesão da República da Bulgária e da<br />
Roménia à União Europeia (votação)<br />
2-<strong>10</strong>9<br />
- Relatório Jacek Saryusz-Wolski (A6-<br />
0255/<strong>2007</strong>)<br />
2-1<strong>10</strong><br />
Protocolo ao Acordo de Parceria e<br />
Cooperação CE-Geórgia a fim de ter em<br />
conta a adesão da República da Bulgária e da<br />
Roménia à União Europeia (votação)<br />
2-111<br />
- Relatório Jacek Saryusz-Wolski (A6-<br />
0256/<strong>2007</strong>)<br />
2-112<br />
Adesão da Bulgária e da Roménia à<br />
Convenção de 26 de Julho de 1995 sobre a<br />
utilização da informática no domínio<br />
aduaneiro (votação)<br />
2-113<br />
- Relatório Jean-Marie Cavada (A6-<br />
0265/<strong>2007</strong>)<br />
2-114<br />
Seguro directo não vida (competências de<br />
execução atribuídas à Comissão) (votação)<br />
2-115<br />
- Relatório Pervenche Berès (A6-0237/<strong>2007</strong>)<br />
– Antes da votação<br />
2-116<br />
Pervenche Berès (PSE), relatora. - (FR)<br />
Senhora Presidente, uma vez que se trata de um<br />
dossier importante no domínio da comitologia,<br />
não vou importunar longamente esta<br />
Assembleia, mas gostaria que votássemos<br />
contra a primeira parte da alteração do<br />
Parlamento Europeu e a favor da segunda.<br />
Penso que todos os membros terão percebido a<br />
importância deste voto.<br />
2-117<br />
Presidente. – Muito obrigada, Senhora<br />
Deputada Pervenche Berès. Vamos então votar<br />
apenas a segunda parte.<br />
2-118<br />
Organismos de investimento colectivo em<br />
valores mobiliários (competências de<br />
execução atribuídas à Comissão) (votação)<br />
2-119<br />
- Relatório Pervenche Berès (A6-0239/<strong>2007</strong>)<br />
2-120<br />
Resseguro (competências de execução<br />
atribuídas à Comissão) (votação)
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 198<br />
2-121<br />
- Relatório Pervenche Berès (A6-0238/<strong>2007</strong>)<br />
- Antes da votação:<br />
2-122<br />
Pervenche Berès (PSE), relatora. - (FR)<br />
Senhora Presidente, num espírito de eficácia, e<br />
para que o nosso texto permita ao Conselho<br />
concordar com a nossa formulação, deveríamos<br />
votar aqui contra a alteração da nossa Comissão<br />
dos Assuntos Económicos e Monetários.<br />
2-123<br />
Nova classificação estatística de produtos por<br />
actividade (CPA) (votação)<br />
2-124<br />
- Relatório Guntars Krasts (A6-0242/<strong>2007</strong>)<br />
2-125<br />
Sondagem relativa às forças de trabalho na<br />
Comunidade (votação)<br />
2-126<br />
- Relatório Jan Andersson (A6-0181/<strong>2007</strong>)<br />
- Antes da votação:<br />
2-127<br />
Jan Andersson (PSE), relator. – (SV) Quero<br />
apenas chamar a atenção dos senhores<br />
deputados para o facto de as alterações 1 a 3<br />
terem sido retiradas para facilitar um acordo<br />
com o Conselho em primeira leitura. Os<br />
membros da comissão parlamentar foram<br />
informados desta medida.<br />
2-128<br />
Presidente. – Passamos então directamente à<br />
votação única.<br />
2-129<br />
Rotulagem de eficiência energética dos<br />
equipamentos de escritório (reformulação)<br />
(votação)<br />
2-130<br />
- Relatório Nikolaos Vakalis (A6-0234/<strong>2007</strong>)<br />
– Antes da votação:<br />
2-131<br />
Nikolaos Vakalis (PPE-<strong>DE</strong>), relator. – (EL)<br />
Senhor Presidente, gostaria de frisar que com o<br />
seu voto positivo de hoje o Parlamento Europeu<br />
estará a dar um salto enorme e a quebrar um<br />
tabu que prevaleceu na <strong>Europa</strong> durante décadas.<br />
Pela primeira vez, o dinheiro público terá de ser<br />
utilizado, através de contratação pública, para<br />
aumentar a eficiência energética, que é<br />
considerada muito correctamente como pilar<br />
básico de uma política energética sustentável.<br />
Espero que isto marque o início de uma prática<br />
em que o dinheiro dos contribuintes é aplicado<br />
em questões altamente prioritárias.<br />
Por último, gostaria de agradecer ao Senhor<br />
Comissário Piebalgs e à Presidência alemã por<br />
terem tornado possível a aprovação do<br />
regulamento em primeira leitura.<br />
2-132<br />
Convenção das Nações Unidas relativa a um<br />
Código de Conduta das Conferências<br />
Marítimas (revoga o Regulamento (CEE) n.º<br />
954/79 do Conselho) (votação)<br />
2-133<br />
- Relatório Corien Wortmann-Kool (A6-<br />
0258/<strong>2007</strong>)<br />
2-134<br />
Controlo das actividades de pesca na<br />
Antárctida (votação)<br />
2-135<br />
- Relatório Rosa Miguélez Ramos (A6-<br />
0213/<strong>2007</strong>)<br />
2-136<br />
Adesão da Bulgária e da Roménia à<br />
Convenção Europol de 26 de Julho de 1995<br />
(votação)<br />
2-137<br />
- Relatório Genowefa Grabowska (A6-<br />
0260/<strong>2007</strong>)<br />
2-138<br />
Adesão da Bulgária e da Roménia à<br />
Convenção de 29 de Maio de 2000 relativa ao<br />
auxílio judiciário mútuo em matéria penal<br />
entre os Estados-Membros da UE (votação)<br />
2-139<br />
- Relatório Genowefa Grabowska (A6-<br />
0261/<strong>2007</strong>)<br />
2-140<br />
Adesão da Bulgária e da Roménia à<br />
Convenção de 17 de Junho de 1998 relativa<br />
às decisões de inibição de conduzir (votação)<br />
2-141<br />
- Relatório Genowefa Grabowska (A6-<br />
0269/<strong>2007</strong>)<br />
2-142<br />
Adesão da Bulgária e da Roménia à<br />
Convenção de 26 de Maio de 1997 relativa à<br />
luta contra a corrupção em que estejam<br />
implicados funcionários das Comunidades<br />
Europeias ou dos Estados-Membros da União<br />
Europeia (votação)<br />
2-143<br />
- Relatório Jörg Leichtfried (A6-0272/<strong>2007</strong>)<br />
2-144
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 199<br />
Inserção de um novo artigo sobre<br />
rectificações no Regimento (novo artigo 204º-<br />
A) (votação)<br />
2-145<br />
- Relatório Richard Corbett (A6-0229/<strong>2007</strong>)<br />
2-146<br />
Aplicação e interpretação do Regimento<br />
(alteração do artigo 201º do Regimento)<br />
(votação)<br />
2-147<br />
- Relatório Richard Corbett (A6-0230/<strong>2007</strong>)<br />
2-148<br />
Consulta sobre a imunidade parlamentar de<br />
Alessandra Mussolini (votação)<br />
2-149<br />
- Relatório Klaus-Heiner Lehne (A6-<br />
0251/<strong>2007</strong>)<br />
2-150<br />
Pedido de defesa da imunidade parlamentar<br />
de Ashley Mote (votação)<br />
2-151<br />
- Relatório Francesco Enrico Speroni (A6-<br />
0250/<strong>2007</strong>)<br />
2-152<br />
Projecto de orçamento rectificativo n° 4/<strong>2007</strong><br />
(votação)<br />
2-153<br />
- Relatório James Elles (A6-0268/<strong>2007</strong>)<br />
2-154<br />
Relatório Especial nº 9/2006 do Tribunal de<br />
Contas relativo às despesas com tradução<br />
efectuadas pela Comissão, pelo Parlamento e<br />
pelo Conselho (votação)<br />
2-155<br />
- Relatório Alexander Stubb (A6-0215/<strong>2007</strong>)<br />
2-156<br />
Minimização dos custos administrativos<br />
impostos pela legislação (votação)<br />
2-157<br />
- Relatório Jan Mulder (A6-0275/<strong>2007</strong>)<br />
2-158<br />
Lei aplicável às obrigações extracontratuais<br />
("Roma II") (votação)<br />
2-159<br />
- Relatório Diana Wallis (A6-0257/<strong>2007</strong>)<br />
2-160<br />
Programa de Acção Comunitária no domínio<br />
da Saúde (<strong>2007</strong>-2013) (votação)<br />
2-161<br />
- Recomendação para segunda leitura<br />
Antonios Trakatellis (A6-0184/<strong>2007</strong>)<br />
2-162<br />
Instrumentos de medição com mercúrio<br />
(votação)<br />
2-163<br />
- Recomendação para segunda leitura<br />
Sornosa Martínez (A6-0218/<strong>2007</strong>)<br />
2-164<br />
Processo de autorização uniforme para os<br />
aditivos, enzimas e aromas alimentares<br />
(votação)<br />
2-165<br />
- Relatório Åsa Westlund (A6-0153/<strong>2007</strong>)<br />
– Antes da votação<br />
2-166<br />
Hartmut Nassauer (PPE-<strong>DE</strong>). – (<strong>DE</strong>) Senhora<br />
Presidente, permita-me que assinale um erro na<br />
lista de votações do Grupo do Partido Popular<br />
Europeu (Democratas-Cristãos) e dos<br />
Democratas Europeus. Na votação sobre a base<br />
jurídica, alteração 39, devemos constar da lista<br />
com um sinal menos e não mais.<br />
2-167<br />
Aditivos alimentares (votação)<br />
2-168<br />
- Relatório Åsa Westlund (A6-0154/<strong>2007</strong>)<br />
2-169<br />
Enzimas alimentares (votação)<br />
2-170<br />
- Relatório Avril Doyle (A6-0177/<strong>2007</strong>)<br />
2-171<br />
Aromas e ingredientes alimentares com<br />
propriedades aromatizantes (votação)<br />
2-172<br />
- Relatório Mojca Drčar Murko (A6-<br />
0185/<strong>2007</strong>)<br />
2-173<br />
Aproximação das taxas dos impostos<br />
especiais de consumo de álcool e bebidas<br />
alcoólicas (votação)<br />
2-174<br />
- Relatório Astrid Lulling (A6-0148/<strong>2007</strong>)<br />
– Antes da votação<br />
2-175<br />
Astrid Lulling (PPE-<strong>DE</strong>), relatora. - (FR)<br />
Senhora Presidente, caros colegas, gostaria de<br />
chamar muito rapidamente a vossa atenção para<br />
este relatório, já que o procedimento é muito<br />
complicado.<br />
Por preocupação de clareza, esclareço a todos<br />
aqueles que querem evitar aumentos das taxas<br />
mínimas sobre a cerveja e as bebidas
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 200<br />
espirituosas que têm de votar contra todas as<br />
alterações adoptadas em comissão excepto uma,<br />
adoptada em Comissão dos Assuntos<br />
Económicos e Monetários por uma pequena<br />
maioria de acaso de 21 contra 19. Peço-lhes<br />
pelo menos, seja qual for o resultado dessa<br />
votação, que rejeitem todo o meu relatório e que<br />
mantenham assim a situação em vigor em<br />
matéria de imposto sobre o consumo específico<br />
de álcool enquanto esperamos pelo relatório da<br />
Comissão, já que o Senhor Comissário Kovàcs<br />
pretende apresentar, no final do ano, propostas<br />
sobre toda a política dos impostos sobre<br />
consumos específicos.<br />
E gostaria talvez ainda de lhes recordar o que<br />
disse Winston Churchill:<br />
2-176<br />
(EN) "Um bom texto é coisa que não existe."<br />
(Aplausos)<br />
2-177<br />
(FR) Quero acrescentar que não há nada pior do<br />
que aumentar inutilmente os impostos na pior<br />
altura. Assim, por favor, sigam o meu conselho<br />
no que respeita ao voto e, no mínimo, rejeitem o<br />
relatório!<br />
(Aplausos)<br />
2-178<br />
Presidente. – Muito obrigada, Senhora<br />
Deputada Astrid Lulling. O Parlamento<br />
agradece o seu conselho.<br />
2-179<br />
Pervenche Berès (PSE), presidente da<br />
Comissão dos Assuntos Económicos e<br />
Monetários. - (FR) Senhora Presidente, a<br />
Assembleia recordar-se-á que tivemos de<br />
reenviar este texto à comissão pois, no<br />
seguimento de votações contraditórias, a nossa<br />
relatora tinha apelado ao voto contra.<br />
A Comissão dos Assuntos Económicos e<br />
Monetários desenvolveu um trabalho sério que,<br />
manifestamente, não corresponde à opinião da<br />
nossa relatora, a qual deveria sem dúvida ter<br />
retirado o seu nome do resultado final. Este não<br />
foi conseguido com uma pequena maioria de<br />
acaso mas sim no seguimento de um trabalho<br />
extremamente minucioso, com a Comissão e<br />
com o Conselho, em prol de uma proposta<br />
muito razoável que, espero, esta Assembleia irá<br />
poder apoiar.<br />
(Aplausos)<br />
2-180<br />
Identificação, designação e protecção das<br />
infra-estruturas críticas europeias (votação)<br />
2-181<br />
- Relatório Jeanine Hennis-Plasschaert (A6-<br />
0270/<strong>2007</strong>)<br />
2-182<br />
Mercado interno do gás e da electricidade<br />
(votação)<br />
2-183<br />
- Relatório Alejo Vidal-Quadras (A6-<br />
0249/<strong>2007</strong>)<br />
– Antes da votação da alteração nº 2:<br />
2-184<br />
Alejo Vidal-Quadras (PPE-<strong>DE</strong>), relator. –<br />
(ES) Senhora Presidente, desejo usar da palavra<br />
para me referir à alteração 2, que faz referência<br />
ao papel dos operadores de rede de transportes.<br />
No texto do relatório é utilizado o termo<br />
«institucional». Na linguagem da União<br />
Europeia, «institucional» tem um significado<br />
muito concreto, que é demasiado elevado para o<br />
que aqui se pretende. Por conseguinte, sugiro a<br />
substituição do termo «institucional» por<br />
«oficial».<br />
Desta forma, o texto seria: Congratula-se pela<br />
proposta de conceder às actuais associações de<br />
ORT um papel oficial, com obrigações e<br />
objectivos formais ("Solução ETSO+/ GTE+").<br />
2-185<br />
(O Parlamento aprova a alteração oral)<br />
2-186<br />
Pesca industrial e produção de farinhas e<br />
óleos de peixe (votação)<br />
2-187<br />
- Relatório Struan Stevenson (A6-0155/<strong>2007</strong>)<br />
***<br />
2-188<br />
Åsa Westlund (PSE). – (EN) Senhora<br />
Presidente, queria fazer uma invocação do<br />
Regimento. Obviamente, a Senhora Presidente<br />
está a ter dificuldades em ver-me neste<br />
momento. Solicitei duas vezes uma verificação<br />
electrónica sobre o meu relatório, em vão.<br />
Queria apenas que ficasse registado que talvez<br />
isso se tenha devido ao facto de não conseguir<br />
ouvir uma mulher que se senta na última<br />
bancada, talvez não dê a palavra ou talvez não<br />
consiga ouvir o pedido. A Senhora Presidente e<br />
os seus colegas enganaram-se diversas vezes e,<br />
embora a Senhora Presidente tenha ouvido um<br />
pedido de verificação electrónica, não ouviu tal<br />
pedido no caso do meu relatório, e solicitei-o<br />
duas vezes. Creio que este facto merece ficar<br />
registado em acta. Muito obrigada.<br />
(Aplausos)
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 201<br />
2-189<br />
Presidente. – Ouvimos aquilo que disse, mas<br />
acredite que, aqui, todos fazemos o possível por<br />
ouvir e ver e registámos as suas palavras.<br />
2-190<br />
Convocação da Conferência<br />
Intergovernamental (prazo para a entrega de<br />
alterações): Ver Acta<br />
2-191<br />
Declarações de voto<br />
2-192<br />
– Relatório Jacek Saryusz-Wolski (A6-<br />
0216/<strong>2007</strong>)<br />
2-193<br />
Andreas Mölzer (ITS), por escrito. – (<strong>DE</strong>)<br />
Kiev não está, de modo algum, tão “a caminho<br />
de Bruxelas” como alguns podem pensar. Um<br />
afastamento inequívoco de Moscovo, que<br />
Lukashenko pareceu há algum tempo estar a<br />
preparar, teria consequências, nomeadamente no<br />
que diz respeito ao aprovisionamento de<br />
petróleo e de gás. Qualquer instabilidade nesta<br />
zona teria igualmente consequências para a<br />
União Europeia.<br />
Apesar de a última ronda de alargamento nos ter<br />
levado até ao limite das nossas capacidades,<br />
ainda não se decidiu se iremos respeitar a<br />
influência russa nos territórios pós-soviéticos,<br />
ou se iremos continuar a secundar cegamente os<br />
esforços dos EUA para se expandirem na<br />
<strong>Europa</strong> Oriental. Apesar dos ziguezagues e da<br />
tensão política na Ucrânia, é do nosso interesse<br />
aprofundarmos as relações de vizinhança com<br />
este país. Ao tomarmos a medida geradora de<br />
confiança de facilitar a concessão de vistos,<br />
devemos assegurar-nos de que o antigo<br />
escândalo está totalmente resolvido e de que não<br />
haverá mais abusos do sistema.<br />
2-194<br />
– Relatório Jean-Marie Cavada (A6-<br />
0265/<strong>2007</strong>)<br />
2-195<br />
Carlos Coelho (PPE-<strong>DE</strong>), por escrito. - Nos<br />
termos do Acto de Adesão da Bulgária e da<br />
Roménia, de 2005, foi criado um sistema<br />
simplificado que permite a sua adesão a<br />
convenções e protocolos concluídos com base<br />
no artigo 34º do TUE ou no artigo 293º do TCE,<br />
não existindo assim a necessidade de se<br />
negociar e concluir protocolos de adesão<br />
específicos a estas convenções reduzindo, desta<br />
forma, a enorme burocracia que representaria a<br />
necessidade de uma ratificação por parte dos 27<br />
Estados-Membros.<br />
É, deste modo, estabelecida, no seu anexo, uma<br />
lista com sete convenções e protocolos em<br />
matéria de justiça e assuntos internos, onde se<br />
encontra a presente convenção.<br />
Congratulo-me com este tipo de iniciativas que<br />
visam reduzir a burocracia ao nível comunitário,<br />
bem como o dispêndio exagerado de tempo em<br />
questões tão simples como esta.<br />
Apoio, assim, esta Decisão do Conselho que<br />
determina a data a partir da qual a Convenção<br />
de 26 de Julho de 1995 sobre a utilização da<br />
informática no domínio aduaneiro, bem como os<br />
respectivos protocolos, deverão entrar em vigor<br />
na Bulgária e na Roménia.<br />
2-196<br />
– Relatório Genowefa Grabowska (A6-<br />
0260/<strong>2007</strong>)<br />
2-197<br />
Andrzej Jan Szejna (PSE), por escrito – (PL)<br />
Voto a favor do relatório da senhora deputada<br />
Genowefa Grabowska sobre a adesão da<br />
Bulgária e da Roménia à Convenção Europol,<br />
de 26 de Julho de 1995.<br />
Em conformidade com o acto de adesão da<br />
Bulgária e da Roménia à União Europeia, esses<br />
Estados podem aderir a convenções celebradas<br />
pelos Estados-Membros, nos termos do nº 34 do<br />
Tratado da União Europeia, por procedimento<br />
simplificado. Assim sendo, não há necessidade<br />
de negociações e de protocolos especiais de<br />
adesão, o que implicaria também a ratificação<br />
por parte de todos os membros da Comunidade.<br />
Basta que o Conselho, após consulta ao<br />
Parlamento Europeu, adopte uma decisão na<br />
qual fixará a data a partir da qual a Convenção<br />
Europol entra em vigor nesses países, a par dos<br />
protocolos respectivos.<br />
O Conselho deverá também levar em linha de<br />
conta os novos prazos de aplicação dos três<br />
protocolos, com data de 30 de Novembro de<br />
2000, 28 de Novembro de 2002 e 7 de<br />
Novembro de 2003.<br />
2-198<br />
– Relatório Alexander Stubb (A6-0215/<strong>2007</strong>)<br />
2-198-500<br />
Jean-Pierre Audy (PPE-<strong>DE</strong>), por escrito. -<br />
(FR) Votei favoravelmente o excelente relatório<br />
do meu colega Alexander Stubb sobre o<br />
Relatório Especial do Tribunal de Contas<br />
relativo às despesas com tradução efectuadas<br />
pela Comissão, pelo Parlamento e pelo<br />
Conselho. Estou muito contente por ter podido<br />
introduzir uma alteração que lamenta que cada<br />
vez mais documentos ou comunicações,<br />
nomeadamente alterações de compromisso na
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 202<br />
altura da sua votação em comissão, ou, por<br />
exemplo, anexos aos relatórios, sejam<br />
apresentados numa única língua. Esta tendência<br />
não é conforme à necessidade de manter um<br />
modelo de funcionamento democrático da nossa<br />
União associando diversos povos de culturas e<br />
línguas diferentes. O nosso modelo pode servir<br />
a outras regiões do planeta, nomeadamente ao<br />
espaço mediterrânico, e devemos respeitar<br />
integralmente a utilização das línguas. Lamento<br />
não ter podido evitar que o relatório encoraje as<br />
comissões e delegações parlamentares, na<br />
medida do possível, a apenas fornecerem os<br />
textos nas línguas dos seus membros titulares e<br />
suplentes, exigindo simultaneamente que outras<br />
versões linguísticas sejam fornecidas a pedido.<br />
Esta última restrição conduzirá a retirar aos<br />
deputados a possibilidade de acompanharem os<br />
trabalhos noutras comissões que não a sua.<br />
2-199<br />
Pedro Guerreiro (GUE/NGL), por escrito. -<br />
O respeito pelas línguas oficiais de cada Estado-<br />
Membro da União Europeia está consignado nos<br />
seus Tratados. Contudo, é fomentada a ideia de<br />
que algumas traduções são dispensáveis,<br />
utilizando como argumento a questão<br />
financeira, e apelando à necessidade de definir<br />
prioridades e restrições como, por exemplo, a<br />
extensão dos documentos. Orientações que, por<br />
contrariarem o respeito pelo multilinguismo,<br />
não aceitamos.<br />
Pelo que reafirmamos a nossa firme rejeição de<br />
qualquer tentativa de limitar o uso de qualquer<br />
língua oficial (e de trabalho) na UE com o<br />
argumento da existência de custos elevados, de<br />
que são exemplo, como em devido tempo<br />
denunciámos, os actuais critérios que<br />
determinam as línguas utilizadas durante as<br />
assembleias parlamentares UE-ACP, que<br />
inviabilizam de forma discriminatória a<br />
utilização do português.<br />
Assim como rejeitamos que, a pretexto de<br />
argumentos orçamentais falaciosos, se reduza o<br />
número de intérpretes e de tradutores e se<br />
precarizem ou degradem as suas condições de<br />
trabalho no Parlamento, na Comissão e no<br />
Conselho, promovendo, nomeadamente, a<br />
externalização destes serviços, que são<br />
imprescindíveis para o funcionamento adequado<br />
destas instituições e para a garantia de acesso à<br />
informação pertinente na sua língua de origem<br />
por parte dos cidadãos e das cidadãs dos<br />
diferentes Estados-Membros da União Europeia.<br />
2-200<br />
Bairbre de Brún e Mary Lou McDonald<br />
(GUE/NGL), por escrito. - (EN) Abstivemonos<br />
na votação de hoje do relatório do senhor<br />
deputado Alexander Stubb por sentirmos<br />
preocupação quanto à expressão<br />
"multilinguismo integral controlado", que<br />
poderá ser utilizada para restringir a quantidade<br />
de material escrito à disposição dos utilizadores<br />
irlandeses, em comparação com os falantes de<br />
outras línguas oficiais e de trabalho.<br />
Actualmente, uma série de serviços que<br />
poderiam estar disponíveis em Irlandês não o<br />
estão porque a administração do Parlamento<br />
Europeu não mostra qualquer abertura nesse<br />
sentido. Conviria eliminar tantas restrições<br />
desnecessariamente impostas ao Irlandês como<br />
língua de trabalho.<br />
Algumas das sugestões do relatório Stubb<br />
relativas, nomeadamente, ao respeito pelo<br />
multilinguismo, ao controlo de qualidade, à<br />
satisfação dos utilizadores, aos sistemas de<br />
memória de tradução e a uma base de dados de<br />
terminologia comum são positivas.<br />
2-201<br />
Andreas Mölzer (ITS), por escrito. – (<strong>DE</strong>) As<br />
críticas do Tribunal de Contas ao aumento de<br />
25% dos custos de tradução, que não pode ser<br />
explicado unicamente pelo aumento do número<br />
de línguas oficiais de 11 para 21, devem ser<br />
analisadas com atenção. Por isso, poderá valer a<br />
pena considerar se não seria vantajoso, no<br />
futuro, repartir os custos de tradução por línguas<br />
de destino, a fim de avaliar melhor a<br />
necessidade, a procura e os resultados da<br />
tradução. Precisamos também de uma estratégia<br />
para as negociações de pré-adesão em curso,<br />
porque, se só a Macedónia tem seis línguas<br />
oficiais, em breve teremos uma Torre de Babel<br />
muito nossa.<br />
Quando toda a informação estiver disponível,<br />
tornar-se-á claro o potencial de economias<br />
através da racionalização. No entanto, esta<br />
auditoria não deve ser mal utilizada ao ponto de<br />
levar a que documentos importantes da UE<br />
sejam classificados como “documentos de<br />
trabalho” ou “anexos”, para fechar a porta à<br />
obrigação de os traduzir integralmente. O<br />
alemão, em especial, devido à sua importância<br />
enquanto língua materna e segunda língua<br />
estrangeira mais falada na UE, deve ser<br />
promovido.<br />
2-202<br />
Marianne Thyssen (PPE-<strong>DE</strong>), por escrito. –<br />
(NL) Senhora Presidente, votei a favor do<br />
relatório Stubb porque concordo com as suas<br />
linhas gerais.<br />
As nossas acções devem continuar a basear-se<br />
no pleno multilinguismo, por respeito pelo<br />
princípio da igualdade de todos os cidadãos e
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 203<br />
em prol de uma comunicação tão boa quanto<br />
possível e da democracia. Ao mesmo tempo,<br />
porém, devemos ter cuidado com os custos,<br />
pois, de contrário, corremos o risco de perder o<br />
apoio social ao multilinguismo da nossa<br />
Instituição.<br />
2-203<br />
– Relatório Jan Mulder (A6-0275/<strong>2007</strong>)<br />
2-205-500<br />
Jean-Pierre Audy (PPE-<strong>DE</strong>), por escrito. -<br />
(FR) Votei favoravelmente o relatório do meu<br />
colega Jan Mulder sobre a redução, para o<br />
mínimo, das despesas administrativas impostas<br />
pela legislação europeia. O objectivo "Legislar<br />
melhor" da Comissão Europeia deve ser<br />
encorajado e vigiado. As despesas<br />
administrativas inúteis constituem a praga das<br />
nossas sociedades baseadas no Estado de direito<br />
que, por vezes, não se apercebem de que a<br />
inflação do direito traz a sua depreciação, pois<br />
os cidadãos não aplicam regras inúteis e caras.<br />
Não é uma ilusão pensar numa redução de 25%<br />
das despesas administrativas daqui até 2013, sob<br />
reserva de se analisar muito bem de que é que se<br />
trata e de não se perder de vista que falsas<br />
poupanças podem custar muito mais caro.<br />
Todos sabemos que a mediocridade é muito<br />
mais cara, a longo prazo, do que a qualidade.<br />
Embora tenhamos de combater incansavelmente<br />
todas as legislações inúteis e respectivas<br />
despesas administrativas, temos<br />
simultaneamente de zelar, cuidadosa e<br />
ponderadamente, por regulamentar as<br />
actividades económicas no interesse bem<br />
compreendido dos consumidores e dos<br />
produtores.<br />
2-204<br />
Andreas Mölzer (ITS), por escrito. – (<strong>DE</strong>) Se<br />
continuarmos a fazer aparecer como por encanto<br />
novas agências, só para satisfazer sensibilidades<br />
nacionais, com funções que se sobrepõem às das<br />
existentes, não devemos ficar surpreendidos<br />
com as crescentes e ferozes críticas a uma<br />
burocracia florescente, aberrações organizativas<br />
sem qualquer controlo e criação de empregos<br />
desnecessários. A confiança dos cidadãos exige<br />
mais do que e-governo e outras habilidades<br />
publicitárias semelhantes, pelo que temos de<br />
evitar e eliminar as duplicações.<br />
Devemos igualmente aproveitar as actuais<br />
potencialidades de economia. Nestas incluem-se<br />
a redução dos locais de reunião do Parlamento a<br />
um só, a avaliação das despesas com base nos<br />
custos efectivos, um sistema antifraude de<br />
primeira categoria e uma recuperação efectiva<br />
de subsídios pagos indevidamente, juntamente<br />
com os milhões que se podem poupar não<br />
tentando impingir alargamentos a cidadãos<br />
relutantes. A UE não deve, de forma alguma,<br />
seguir o exemplo de alguns Estados-Membros<br />
onde um número crescente de migrantes está a<br />
ocupar lugares na administração. Isto causará<br />
danos irreparáveis à criação e desenvolvimento<br />
de uma identidade europeia.<br />
2-205<br />
– Relatório Diana Wallis (A6-0257/<strong>2007</strong>)<br />
2-205-250<br />
Jean-Pierre Audy (PPE-<strong>DE</strong>), por escrito. -<br />
(FR) Votei favoravelmente o relatório da minha<br />
colega Diana Wallis sobre o projecto comum de<br />
regulamento do Parlamento Europeu e do<br />
Conselho relativo à lei aplicável às obrigações<br />
extracontratuais ("Roma II"). Este dossier de<br />
extrema complexidade representa um passo em<br />
direcção à harmonização das regras nacionais de<br />
conflito entre as leis aplicáveis às obrigações<br />
não contratuais, ou seja, as consequências dos<br />
acidentes rodoviários, a concorrência desleal, os<br />
atentados ambientais, a difamação e, de uma<br />
formal mais global, os atentados aos direitos<br />
individuais, etc.<br />
No essencial, o Parlamento Europeu não foi<br />
suficientemente ouvido pelos Estados-Membros<br />
e os numerosos estudos e relatórios que deverão<br />
avaliar as consequências deste acordo serão<br />
indispensáveis para voltarmos a este importante<br />
dossier. Por exemplo, relativamente aos<br />
acidentes rodoviários, como é que podemos<br />
contentar-nos em aplicar a lei do local do<br />
acidente, e não a do domicílio da vítima, e como<br />
é que temos a garantia de que simples<br />
considerandos deste regulamento irão obrigar os<br />
tribunais para o cálculo dos danos? Como é que<br />
vamos gerir as difamações numa imprensa<br />
internacionalizada e desmaterializada? E há<br />
mais... Espera-nos um importante trabalho sobre<br />
estes temas.<br />
2-206<br />
Bruno Gollnisch (ITS), por escrito. - (FR)<br />
Quero felicitar a relatora pelo texto equilibrado<br />
que nos propõe. Este texto tem por finalidade a<br />
criação de um quadro jurídico coerente para as<br />
relações entre os direitos internacionais privados<br />
e os restantes instrumentos comunitários.<br />
Este regulamento sobre a lei aplicável às<br />
obrigações extracontratuais ("Roma II") visa<br />
com efeito harmonizar as regras nacionais de<br />
conflitos de legislações. Estas regras<br />
determinam a lei aplicável às obrigações não<br />
contratuais como, por exemplo, os acidentes da<br />
circulação rodoviária, a responsabilidade<br />
inerente aos produtos, a concorrência desleal ou<br />
os danos ambientais.
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 204<br />
Somos favoráveis ao próprio princípio da<br />
adopção de regras padrão em matéria de conflito<br />
de leis, embora seja necessário que elas sejam,<br />
recordamos, suficientemente claras e precisas.<br />
Não era o caso das disposições controversas<br />
sobre a difamação por parte dos meios de<br />
comunicação social. As liberdades de expressão<br />
e da imprensa devem ser protegidas e poder<br />
exercer-se integralmente. Aqui, na ausência de<br />
regras de protecção da independência editorial,<br />
foi razoável excluir as disposições relativas à<br />
violação da vida privada pelos meios de<br />
comunicação social do campo de aplicação do<br />
Roma II.<br />
Assim, votaremos favoravelmente este relatório.<br />
2-207<br />
– Relatório Antonios Trakatellis (A6-<br />
0184/<strong>2007</strong>)<br />
2-208<br />
Françoise Grossetête (PPE-<strong>DE</strong>), por escrito. -<br />
(FR) Congratulo-me com a adopção do<br />
compromisso negociado com o Conselho<br />
relativo ao segundo Programa de Acção<br />
Comunitária no domínio da Saúde <strong>2007</strong>-2013.<br />
A União Europeia não pode continuar a<br />
economizar num programa comum de saúde<br />
com um investimento público comum. É<br />
lamentável que o orçamento tenha sido revisto<br />
em baixa. É necessário um grande número de<br />
investimentos antes de nos dotarmos dos<br />
necessários meios preventivos e técnicos. Mais<br />
vale prevenir do que remediar, pelo que uma<br />
boa informação sobre os modos de vida ou uma<br />
alimentação mais sã destinados a reduzir a<br />
mortalidade provocada por doenças graves<br />
constitui uma condição prévia absolutamente<br />
necessária. Há também que generalizar soluções<br />
técnicas para as situações de urgência, como por<br />
exemplo a disponibilização generalizada de<br />
desfibrilhadores.<br />
Mas a saúde não se resume a uma questão<br />
contabilística. É também e sobretudo um bem<br />
para todos. A responsabilidade dos pacientes<br />
constitui um elemento central. O<br />
estabelecimento de disposições claras e<br />
aplicáveis em toda a União representa<br />
incontestavelmente a via essencial em direcção<br />
ao futuro.<br />
2-209<br />
Georgios Toussas (GUE/NGL), por escrito. –<br />
(EL) O programa de acção proposto como<br />
posição comum do Conselho da UE não<br />
pretende proteger e melhorar a saúde pública,<br />
mas sim gerir os seus problemas, alargar a<br />
comercialização e a privatização dos serviços de<br />
saúde e ajudar os grupos de empresas privados a<br />
penetrar neste sector lucrativo para o capital.<br />
A responsabilidade e a obrigação de proteger e<br />
melhorar a saúde pública, que são incumbência<br />
do Estado, estão a ser transferidas para as<br />
autoridades locais, as ONG, a “sociedade civil”,<br />
promovendo-se ao mesmo tempo a<br />
responsabilidade pessoal como factor básico<br />
determinante para a saúde pública.<br />
As reestruturações capitalistas no sector da<br />
saúde pública inscrevem-se na política<br />
antilaboral mais geral da UE, do agravamento<br />
das condições dos seguros e do aumento da<br />
idade de reforma dos trabalhadores. Somos<br />
radicalmente contra as propostas antilaborais<br />
incluídas no plano de acção comunitária no<br />
sector da saúde pública.<br />
O Partido Comunista da Grécia luta por serviços<br />
de segurança social e de saúde exclusivamente<br />
públicos e capazes de responder às necessidades<br />
contemporâneas da família trabalhadora.<br />
2-209-001<br />
– Relatório María Sornosa Martínez (A6-<br />
0218/<strong>2007</strong>)<br />
2-211<br />
Ivo Belet (PPE-<strong>DE</strong>). – (NL) A minha posição<br />
nesta matéria é precisamente no centro. Permitame<br />
que teça uma breve consideração a respeito<br />
da redução da utilização de mercúrio, à qual<br />
todos são favoráveis. Isso é positivo, visto que,<br />
em muitos sectores, a utilização de mercúrio foi<br />
excedida e, de facto, o mercúrio tem de ser<br />
substituído por outras substâncias, mas somos<br />
de opinião que uma proibição total da sua<br />
utilização em instrumentos tradicionais,<br />
incluindo os tradicionais barómetros de<br />
mercúrio, vai longe demais.<br />
Recentemente visitei a empresa Dingens na<br />
cidade belga de Leopoldsburg, uma empresa<br />
que já demonstrou há décadas que os<br />
barómetros de mercúrio podem ser produzidos<br />
de uma forma sustentável, ecológica e<br />
responsável. Além disso, o tempo de vida útil<br />
desses barómetros tradicionais é ilimitada,<br />
contrariamente à dos seus sucessores digitais,<br />
que funcionam a pilhas e, consequentemente,<br />
consomem energia. Aliás, os fabricantes de<br />
barómetros tradicionais tornaram-se<br />
especialistas na manutenção sustentável destes<br />
instrumentos, pelo que o mercúrio dos<br />
barómetros já não penetra no circuito de<br />
resíduos.<br />
Assim, gostaria de fazer um apelo à Comissão –<br />
e esta é a minha última observação – e a todos
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 205<br />
os envolvidos para que transmitam já um sinal<br />
ao sector em questão e para que, em prol da<br />
avaliação, que demorou dois anos, tenham em<br />
devida consideração esta legítima situação<br />
específica dos fabricantes de barómetros de<br />
mercúrio no sentido de que estes possam –<br />
esperemos – continuar a beneficiar de regimes<br />
de isenção.<br />
2-212<br />
Philip Claeys (ITS). – (NL) Muito obrigado,<br />
Senhora Presidente. Votei a favor das alterações<br />
1 e 2 porque entendo que a produção de<br />
barómetros tradicionais tem de continuar a ser<br />
possível. Oponho-me veementemente a<br />
qualquer forma de intromissão europeia que<br />
conduza não só à perda de costumes e métodos<br />
de produção tradicionais mas também à perda<br />
de postos de trabalho.<br />
Além disso, é muito incerto se a proibição de<br />
barómetros de mercúrio constituiria uma medida<br />
efectiva. Há outras formas de utilização de<br />
mercúrio muito mais amplas e muito mais<br />
problemáticas do que as que se verificam na<br />
produção de barómetros. Além disso, os<br />
barómetros de mercúrio não necessitam de<br />
pilhas e têm um tempo de vida ilimitado.<br />
Este Parlamento conseguiu uma vez mais perder<br />
uma oportunidade de ter em conta uma<br />
realidade concreta, nomeadamente a de que as<br />
pequenas e médias empresas ocupam um lugar<br />
crucial na nossa economia e na <strong>Europa</strong>. A<br />
última coisa de que estas PME precisam é de<br />
uma ainda maior intromissão e ingerência por<br />
parte da <strong>Europa</strong>.<br />
2-213<br />
Jim Allister (NI), por escrito. - (EN) Votei a<br />
favor das alterações no sentido de eximir os<br />
barómetros do alcance desta legislação<br />
demasiadamente prescritiva e, por as alterações<br />
não terem sido aceites, votei contra o relatório.<br />
A proibição total de instrumentos com mercúrio<br />
vai destruir uma indústria artesanal há muito<br />
existente no Reino Unido e resulta de uma<br />
interferência obsessiva de Bruxelas, muito além<br />
do que seria necessário e sensato, em assuntos<br />
que não se incluem na sua esfera de<br />
competências.<br />
2-212-500<br />
Jean-Pierre Audy (PPE-<strong>DE</strong>), por escrito. -<br />
(FR) Saúdo a sensata decisão relativa à posição<br />
comum do Conselho, que retoma a maior parte<br />
das alterações aprovadas pelo Parlamento<br />
Europeu. A principal diferença entre a posição<br />
do Parlamento e a do Conselho diz respeito aos<br />
barómetros de mercúrio e às derrogações a criar,<br />
ficando claro que a proibição que seria então<br />
aplicada só abrangeria os barómetros de<br />
mercúrio novos, continuando os barómetros em<br />
circulação a poderem ser vendidos, reparados e<br />
conservados.<br />
Dadas as propriedades muito perigosas do<br />
mercúrio e a quantidade muito elevada de<br />
mercúrio que contêm os barómetros tradicionais<br />
comparados, por exemplo, com os termómetros<br />
médicos, a solução de uma derrogação limitada<br />
proposta pelo Conselho constitui um<br />
compromisso equilibrado: trata-se com efeito de<br />
conceder uma derrogação temporária destinada<br />
a permitir aos fabricantes de barómetros<br />
tradicionais adaptarem-se à nova situação.<br />
2-214<br />
Françoise Grossetête (PPE-<strong>DE</strong>), por escrito. -<br />
(FR) Quero saudar a adopção da proposta de<br />
directiva do Parlamento Europeu e do Conselho<br />
que altera a Directiva 76/769/CEE do Conselho<br />
relativa à limitação da colocação no mercado de<br />
certos instrumentos de medição que contêm<br />
mercúrio.<br />
Sou favorável à limitação da colocação no<br />
mercado destinado ao grande público dos<br />
dispositivos de medição contendo mercúrio, os<br />
quais são proibidos em França desde 1998.<br />
A posição comum do Conselho, aceite pelo<br />
Parlamento, estabelece um equilíbrio que<br />
permite simultaneamente a redução da<br />
disseminação do mercúrio no ambiente e a<br />
previsão de um período transitório para certos<br />
artigos como os barómetros tradicionais. Um<br />
período de transição de dois anos após a data de<br />
entrada em vigor da directiva permitirá aos<br />
industriais envolvidos fazerem evoluir a sua<br />
tecnologia para os dispositivos sem mercúrio.<br />
2-215<br />
James Nicholson (PPE-<strong>DE</strong>), por escrito. -<br />
(EN) Sinto-me perplexo por estarmos ainda a<br />
produzir legislação que põe em risco postos de<br />
trabalho sem que haja uma verdadeira<br />
compensação a nível do ambiente. A indústria<br />
de fabrico de barómetros no Reino Unido, como<br />
noutros Estados-Membros, é uma indústria<br />
tradicional que remonta há vários séculos. É<br />
necessário, sem dúvida, controlar devidamente a<br />
utilização de mercúrio, e avançámos<br />
consideravelmente nos últimos anos em<br />
matérias conexas, como o armazenamento e a<br />
exportação. Devia ser possível, no entanto,<br />
salvaguardar o fabrico tradicional mediante,<br />
entre outras medidas, a aposição de avisos de<br />
segurança. Não vejo qualquer necessidade de<br />
destruir uma arte há tanto estabelecida<br />
simplesmente porque é mais fácil criar uma<br />
legislação "tamanho único". A <strong>Europa</strong> social de
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 206<br />
nada serve se significa retirar do mundo do<br />
trabalho quem se ocupa de indústrias artesanais<br />
tradicionais.<br />
2-216<br />
Marianne Thyssen (PPE-<strong>DE</strong>), por escrito. –<br />
(NL) Senhora Presidente, Senhoras e Senhores<br />
Deputados, o mercúrio é uma substância<br />
perigosa com a qual há que lidar com a devida<br />
precaução. Ninguém neste Parlamento tem<br />
dúvidas quanto a esse respeito. Infelizmente, na<br />
votação do relatório Sornosa Martínez, este<br />
Parlamento levou hoje esta posição até ao<br />
absurdo, o que eu muito lamento.<br />
Agarrando-se obstinadamente à proibição total<br />
da produção de barómetros tradicionais, a<br />
Comissão, hoje secundada por uma maioria<br />
deste Parlamento, desferiu o golpe mortal num<br />
sector que representa 360 anos de tradição<br />
europeia. O facto de todos os fabricantes de<br />
barómetros na União Europeia serem<br />
responsáveis por uns meros <strong>10</strong>% do consumo de<br />
mercúrio – uma substância que, por sinal, é<br />
reciclada a <strong>10</strong>0% – vem apenas agravar a<br />
questão. Hoje, não fomos claramente guiados<br />
pelo bom senso na nossa decisão.<br />
2-217<br />
– Relatório Asa Westlund (A6-0153/<strong>2007</strong>)<br />
2-218<br />
Charlotte Cederschiöld, Christofer Fjellner,<br />
Gunnar Hökmark e Anna Ibrisagic (PPE-<br />
<strong>DE</strong>), por escrito. - (SV) A votação dos<br />
relatórios da senhora deputada Westlund não diz<br />
respeito apenas aos aditivos alimentares que<br />
podem ser utilizados. Refere-se principalmente<br />
a quem deve decidir sobre as questões relativas<br />
aos aditivos alimentares.<br />
Ao contrário da relatora, os conservadores<br />
suecos não têm a opinião de que o Parlamento<br />
Europeu deve avaliar e tomar decisões de<br />
aprovação respeitantes a aditivos alimentares<br />
específicos com base em dados como o risco<br />
que estes possam comportar para pessoas com<br />
alergias. Isto conduziria a uma politização de<br />
questões importantes que devem ser decididas<br />
numa base científica e ao nível da autoridade<br />
pertinente. Rejeitamos, portanto, a proposta<br />
sobre o aumento de poder de co-decisão do<br />
Parlamento.<br />
Em consequência, na votação de hoje o nosso<br />
voto foi contra a regulamentação<br />
excessivamente específica.<br />
2-219<br />
– Relatório Asa Westlund (A6-0154/<strong>2007</strong>)<br />
2-220<br />
Zuzana Roithová (PPE-<strong>DE</strong>). – (CS) Senhor<br />
Comissário, dei o meu apoio à autorização mais<br />
flexível para os aditivos alimentares. A<br />
Comissão deveria debruçar-se especificamente<br />
sobre o impacto destes aditivos sobre o<br />
ambiente e sobre a saúde. Gostaria, se me<br />
permitem, de chamar a atenção para o elevado<br />
número de pessoas com alergias, cuja vida<br />
depende da manutenção de uma dieta sem<br />
glúten. Além de alimentos específicos, estas<br />
pessoas compram alimentos comuns que<br />
geralmente não contêm glúten. Os aditivos<br />
devem ter uma rotulagem adequada para não<br />
induzem os consumidores em erro. Os<br />
fabricantes e as entidades que procedem aos<br />
controlos ignoram frequentemente que a<br />
rotulagem de cada produto deve indicar de<br />
forma explícita se este contém glúten. Em<br />
termos estatísticos, os europeus que sofrem de<br />
alergias provocadas pelos alimentos não têm<br />
acesso, lamentavelmente, à informação<br />
necessária ao fazerem as suas compras, pelo que<br />
a sua escolha de alimentos é limitada ou, o que é<br />
muito pior, colocam a própria vida em risco. Por<br />
conseguinte, exorto a Comissão a supervisionar<br />
uma investigação adequada ao glúten nos<br />
aditivos e a promover uma rotulagem completa<br />
de todos os alimentos para que esses europeus<br />
que têm de fazer uma dieta sem glúten também<br />
a compreendam.<br />
2-220-500<br />
Jean-Pierre Audy (PPE-<strong>DE</strong>), por escrito. -<br />
(FR) Votei favoravelmente o excelente relatório<br />
da minha colega sueca Åsa Westlund sobre os<br />
aditivos alimentares. Embora seja normal<br />
facilitar a tarefa da Comissão Europeia<br />
aceitando que as decisões de autorização de<br />
aditivos alimentares estejam sujeitas ao<br />
processo de comitologia, a Comissão, pelo seu<br />
lado, tem de ter em conta no novo regulamento<br />
sobre os aditivos alimentares, assim como no<br />
novo regulamento que estabelece um<br />
procedimento de autorização uniforme aplicável<br />
a aditivos, enzimas e aromas alimentares, as<br />
observações que o Parlamento não tem parado<br />
de formular desde há anos.<br />
Estas observações dizem sobretudo respeito ao<br />
ambiente, à saúde pública e às pessoas alérgicas.<br />
Temos de nos congratular com o facto de a<br />
legislação actual prever que a autorização dos<br />
aditivos não possa induzir o consumidor em<br />
erro. Ora, os corantes servem por vezes para dar<br />
a impressão que um alimento contém frutas,<br />
quando não é o caso. A protecção dos<br />
consumidores deve portanto ser reforçada neste<br />
aspecto, sem prejudicar os industriais.<br />
2-221
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 207<br />
Thomas Wise (IND/<strong>DE</strong>M), por escrito. - (EN)<br />
Embora concorde com os princípios<br />
estabelecidos nas alterações relativas à<br />
rotulagem indicativa de OGM, abstive-me por<br />
acreditar que se trata de matéria que deve ser<br />
tratada pelos governos nacionais e que não deve<br />
tornar-se competência da UE.<br />
2-222-250<br />
- Relatório Avril Doyle (A6-0177/<strong>2007</strong>)<br />
2-222-125<br />
Jean-Pierre Audy (PPE-<strong>DE</strong>), por escrito. -<br />
(FR) Votei a favor do excelente relatório da<br />
minha colega irlandesa Avril Doyle sobre a<br />
proposta de regulamento do Parlamento e do<br />
Conselho relativa às enzimas alimentares e que<br />
altera inúmeros textos actuais. Para eliminar os<br />
obstáculos às trocas e evitar a insegurança<br />
jurídica, mas também qualquer divergência nas<br />
normas de protecção sanitária e de protecção<br />
dos consumidores entre os Estados-Membros,<br />
torna-se urgente harmonizar, a nível<br />
comunitário, a regras em matéria de utilização<br />
das enzimas no sector da transformação<br />
alimentar, a qual se desenvolveu<br />
consideravelmente nestes últimos anos (fabrico<br />
de pão, queijo, cerveja, sumo de fruta,<br />
transformação do amido, etc.).<br />
As grandes evoluções científicas e tecnológicas,<br />
que permitem dispor de novas enzimas a partir<br />
de microrganismos geneticamente modificados,<br />
devem levar-nos a aceitar esta perspectiva de<br />
uma harmonização da legislação relativa à<br />
utilização das enzimas alimentares na União<br />
Europeia. É do interesse bem compreendido dos<br />
consumidores e dos industriais, desde que a<br />
legislação não seja demasiado onerosa.<br />
2-222<br />
– Relatório Mojca Drčar Murko (A6-<br />
0185/<strong>2007</strong>)<br />
2-222-500<br />
Jean-Pierre Audy (PPE-<strong>DE</strong>), por escrito. -<br />
(FR) Votei a favor do excelente relatório da<br />
minha colega eslovena Mojca Drčar Murko<br />
sobre a proposta de regulamento do Parlamento<br />
Europeu e do Conselho relativo aos aromas e a<br />
determinados ingredientes alimentares com<br />
propriedades aromatizantes utilizados nos e<br />
sobre os géneros alimentícios e que altera<br />
inúmeros textos existentes.<br />
Actualmente, todos os paladares e odores<br />
naturais podem ser reproduzidos por processo<br />
de síntese a partir de 2 600 moléculas com<br />
propriedades aromatizantes, havendo a<br />
possibilidade de criar novos paladares não<br />
existentes no estado natural. As evoluções<br />
tecnológicas no sector dos aromas e a<br />
volatilidade dos gostos dos nossos concidadãos<br />
devem levar-nos a zelar pela segurança<br />
alimentar e pela protecção dos consumidores,<br />
oferecendo simultaneamente à indústria<br />
envolvida a possibilidade de prosseguir o<br />
desenvolvimento tecnológico, tudo isto<br />
contribuindo para reforçar o mercado interno.<br />
Foram levantadas muitas questões, e eu saúdo<br />
os compromissos alcançados pela relatora que<br />
fazem com que a proposta de regulamento<br />
constitua uma iniciativa eficaz visando<br />
modernizar e simplificar a legislação em<br />
matéria de aromas.<br />
2-223<br />
Glyn Ford (PSE), por escrito. - (EN) Voto a<br />
favor do presente relatório. Saúdo, em<br />
particular, o compromisso assumido no sentido<br />
de indicar a presença de OGM através de<br />
rotulagem adequada. Não partilho totalmente<br />
das preocupações expressas por alguns dos<br />
colegas quanto à segurança dos OGM. A minha<br />
opinião é diferente pois, na qualidade de<br />
cientista, creio que os OGM têm um papel a<br />
desempenhar. Aceito, no entanto, que os outros<br />
têm direito a uma escolha diferente. Assim, a<br />
rotulagem permite às pessoas cuja opinião<br />
difere da minha evitarem os produtos que<br />
decidem rejeitar.<br />
2-224<br />
– Relatórios Asa Westlund (A6-0154/<strong>2007</strong>) e<br />
Mojca Drčar Murko (A6-0185/<strong>2007</strong>)<br />
2-225<br />
Gerard Batten (IND/<strong>DE</strong>M), por escrito. -<br />
(EN) Apesar de concordar com os princípios<br />
contidos nestas alterações sobre a rotulagem<br />
indicativa de OGM, o Partido da Independência<br />
do Reino Unido absteve-se por entender que<br />
estamos perante matéria da competência dos<br />
governos nacionais e que não deve passar para a<br />
competência da UE.<br />
2-226<br />
Nigel Farage (IND/<strong>DE</strong>M), por escrito. – (EN)<br />
A alteração 38 - segundo a qual o conteúdo dos<br />
alimentos que derivam de OGM deve ser<br />
claramente indicado através da rotulagem -, por<br />
muito desejável que seja, convida mais à<br />
abstenção do que ao apoio, devido à fonte de<br />
que emana, perigosa e inalteravelmente<br />
antidemocrática (as Instituições da UE). Dito de<br />
outro modo, considero que o governo centralista<br />
da UE, que não é sujeito a responsabilização<br />
democrática, constitui perigo maior para a<br />
civilização do que aditivos alimentares em cuja<br />
composição entrem OGM não indicados através<br />
de rotulagem. Consequentemente, abstive-me na<br />
votação desta alteração.<br />
2-227
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 208<br />
– Relatórios Asa Westlund (A6-0153/<strong>2007</strong> e<br />
A6-0154/<strong>2007</strong>), Avril Doyle (A6-0177/<strong>2007</strong>) e<br />
Mojca Drčar Murko (A6-0185/<strong>2007</strong>)<br />
2-228<br />
Françoise Grossetête (PPE-<strong>DE</strong>), por escrito. -<br />
(FR) Votei favoravelmente o pacote relativo à<br />
racionalização dos procedimentos de<br />
autorização e utilização, à consolidação das<br />
directivas relativas aos aditivos e aromas e ainda<br />
à harmonização das legislações referentes às<br />
enzimas.<br />
Foi introduzido um certo número de garantias<br />
suplementares destinadas a assegurar a<br />
transparência das decisões e a protecção dos<br />
consumidores, facto com que me congratulo. A<br />
futura legislação terá por objectivo garantir a<br />
protecção dos consumidores e a segurança<br />
alimentar, preservando simultaneamente a<br />
inovação e a competitividade da indústria agroalimentar.<br />
A indústria agro-alimentar utiliza muitos aromas<br />
naturais e artificiais: pelo menos 2 600<br />
encontram-se referenciados. Cada vez mais<br />
enzimas entram também no fabrico dos géneros<br />
consumidos, e os textos adoptados visam<br />
melhorar a segurança de utilização dessas<br />
substâncias.<br />
Convém portanto preservar a competitividade<br />
da indústria agro-alimentar no mercado. Os<br />
aromas naturais são integralmente compostos<br />
por agentes aromatizantes naturais. A relação<br />
90/<strong>10</strong> proposta pela Comissão permitia obter<br />
um aroma natural com gostos diferenciados em<br />
função dos produtos, dos alvos ou ainda da<br />
cultura dos Estados-Membros. Os <strong>10</strong>%<br />
provinham de outras fontes naturais que não a<br />
substância em causa.<br />
Lamento, portanto, a adopção da regra arbitrária<br />
dita de 95/5, que corre o risco de penalizar a<br />
indústria agro-alimentar sem no entanto reforçar<br />
a informação do consumidor.<br />
2-229<br />
- Relatório Astrid Lulling (A6-0148/<strong>2007</strong>)<br />
2-230<br />
Konrad Szymánski (UEN), por escrito. - (EN)<br />
Votei contra o relatório relativo ao imposto<br />
especial sobre o consumo de álcool e bebidas<br />
alcoólicas. A Comissão dos Assuntos<br />
Económicos e Monetários pronunciou-se a favor<br />
de um aumento de 4,5% nas taxas mínimas.<br />
Sendo eu contrário a qualquer harmonização ou<br />
aumento das taxas, por muito pequeno que seja,<br />
vi-me forçado a votar contra o relatório da<br />
senhora deputada Astrid Lulling.<br />
2-231<br />
Marianne Thyssen (PPE-<strong>DE</strong>), por escrito. –<br />
(NL) Senhora Presidente, Senhoras e Senhores<br />
Deputados, sempre que falamos sobre cerveja,<br />
sobre vinho ou outras bebidas alcoólicas, os<br />
ânimos exaltam-se neste Parlamento. Foi isso<br />
que aconteceu no caso dos acordos relativos às<br />
fábricas de cerveja e é isso que acontece agora.<br />
Há quinze anos, o Conselho chegou a acordo<br />
sobre as taxas mínimas do imposto especial<br />
sobre o consumo de bebidas alcoólicas. O<br />
objectivo era claro: a aproximação mútua das<br />
taxas fortemente divergentes nos Estados-<br />
Membros.<br />
Passados tantos anos, temos de concluir que as<br />
decisões tomadas na altura ultrapassaram as<br />
marcas. Assim, por razões de saúde pública,<br />
alguns Estados-Membros, incluindo os países<br />
escandinavos, aplicam taxas muito superiores às<br />
taxas mínimas. Isso nada tem de errado. Cada<br />
Estado-Membro tem o direito de adoptar uma<br />
política em matéria de impostos especiais de<br />
consumo compatível com as suas tradições<br />
nacionais e as suas preferências políticas.<br />
No entanto, reconheçamos também que a<br />
correcção inflacionista das taxas existentes,<br />
proposta pela Comissão, não irá alterar a<br />
situação. Uma vez que actual discrepância entre<br />
as taxas de imposto especial de consumo<br />
aplicadas nos Estados-Membros e as distorções<br />
da concorrência existentes irão persistir sem<br />
qualquer sinal de abrandamento, secundei a<br />
relatora Lulling no seu voto contra.<br />
2-232<br />
- Relatório Jeanine Hennis-Plasschaert (A6-<br />
0270/<strong>2007</strong>)<br />
2-233<br />
Hubert Pirker (PPE-<strong>DE</strong>). – (<strong>DE</strong>) Senhora<br />
Presidente, o objectivo da senhora deputada<br />
Hennis-Plasschaert em relação à directiva<br />
proposta deve ser apoiado, porque se trata muito<br />
simplesmente de uma questão de proteger<br />
importantes infra-estruturas que interessam a<br />
vários países contra ataques terroristas. É por<br />
isso que precisamos de identificar e definir as<br />
infra-estruturas, assim como os planos de<br />
segurança.<br />
No entanto, a proposta da Comissão vai longe<br />
demais. Põe em causa o princípio da<br />
solidariedade, ao confundir actividades<br />
terroristas com instrumentos económicos. A<br />
Comissão deve ponderar se a compilação<br />
centralizada de infra-estruturas críticas não<br />
poderá ser utilizada pelos terroristas,<br />
aumentando assim os riscos.
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 209<br />
Esta câmara fez propostas de alteração<br />
construtivas que, felizmente, aprovámos por<br />
ampla maioria. Proponho, portanto, que a<br />
Comissão as tenha em conta. Votei a favor do<br />
relatório.<br />
2-233-500<br />
Jean-Pierre Audy (PPE-<strong>DE</strong>), por escrito. -<br />
(FR) Votei a favor do excelente relatório da<br />
minha colega neerlandesa Jeanine Hennis-<br />
Plasschaert sobre a proposta de directiva do<br />
Conselho relativa à identificação, designação e<br />
protecção das infra-estruturas críticas europeias.<br />
Em primeiro lugar, saúdo a visão do Conselho<br />
Europeu de Junho de 2004 que está na origem<br />
desta proposta de directiva. Com efeito, é<br />
imperativo que a União Europeia acompanhe os<br />
Estados-Membros na protecção das infraestruturas<br />
críticas perante os riscos,<br />
nomeadamente terroristas, com que estamos<br />
confrontados. Embora a responsabilidade deste<br />
tipo de infra-estruturas caiba aos Estados-<br />
Membros e aos proprietários/exploradores que,<br />
regra geral, lhes estão ligados, é lógico<br />
comunitarizar alguns aspectos de prevenção,<br />
recenseamento e classificação das infraestruturas<br />
críticas, assim como a avaliação da<br />
necessidade de melhorar a sua protecção. O<br />
desenvolvimento da Internet e a liberalização de<br />
certos mercados (electricidade, gás,<br />
telecomunicações, frete por via férrea, etc.)<br />
devem obrigar-nos a uma enorme vigilância das<br />
nossas infra-estruturas críticas cada vez mais<br />
interconectadas a nível europeu e cuja<br />
interrupção, definitiva ou temporária, ou<br />
destruição poderia ter repercussões graves para<br />
a saúde, a segurança ou o bem-estar económico<br />
ou social dos cidadãos europeus ou para o bom<br />
funcionamento dos governos dos Estados-<br />
Membros.<br />
2-234<br />
Pedro Guerreiro (GUE/NGL), por escrito. -<br />
O estabelecimento de um quadro de acção<br />
comum para a protecção das infra-estruturas<br />
críticas europeias coloca-nos, uma vez mais,<br />
perante a questão central da transferência de<br />
competências que estão no cerne da soberania<br />
dos Estados para o âmbito da UE.<br />
A definição ao nível comunitário da protecção<br />
destas infra-estruturas, em nome da chamada<br />
"luta contra o terrorismo", colocará os Estados-<br />
Membros perante a responsabilidade da<br />
implementação de medidas vinculativas, como<br />
é, aliás, referido na justificação desta proposta.<br />
Apesar de a relatora mitigar o alcance da<br />
proposta inicial, por exemplo, sublinhando que<br />
"a responsabilidade da protecção das infraestruturas<br />
críticas incumbe única e<br />
exclusivamente aos Estados-Membros" e<br />
considerando "que uma abordagem comunitária<br />
só se justifica se forem afectados pelo menos<br />
três Estados-Membros, ou então dois Estados-<br />
Membros para além daquele no qual se situa a<br />
infra-estrutura crítica", os objectivos de fundo<br />
não são colocados em causa.<br />
Sendo ainda de sublinhar, como a realidade<br />
recente demonstra, que, a pretexto da dita "luta<br />
contra o terrorismo", têm vindo a ser<br />
implementadas medidas que ferem os direitos,<br />
as liberdades e as garantias dos cidadãos.<br />
Esperemos que tal conceito de "protecção de<br />
infra-estruturas críticas europeias" não venha a<br />
ser utilizada como argumento para cercear a<br />
legítima acção de luta dos trabalhadores em<br />
defesa dos seus direitos.<br />
2-235<br />
Jörg Leichtfried (PSE), por escrito. – (<strong>DE</strong>)<br />
Voto a favor do relatório sobre a identificação e<br />
designação das infra-estruturas críticas<br />
europeias e a avaliação da necessidade de<br />
melhorar a sua protecção.<br />
Os danos causados a uma infra-estrutura ou a<br />
interrupção do seu funcionamento num Estado-<br />
Membro podem ter consequências negativas<br />
para outros Estados-Membros e para a<br />
economia europeia no seu conjunto. Por isso, a<br />
protecção das infra-estruturas críticas é<br />
essencial para a segurança interna da UE.<br />
Concordo igualmente com a proposta do<br />
relatório no sentido de ser elaborada, segundo<br />
critérios comuns, uma lista de sectores<br />
prioritários com infra-estruturas críticas<br />
europeias. No entanto, os Estados-Membros não<br />
devem ser obrigados a descrever as suas<br />
infra-estruturas críticas com grande detalhe,<br />
porque isso seria contrário aos interesses da<br />
segurança nacional.<br />
Disposições jurídicas horizontais ao nível da<br />
UE, que tenham em conta os complexos<br />
processos e as interfaces das infra-estruturas<br />
críticas com dimensão transnacional, constituem<br />
uma preocupação justificada. No entanto, deve<br />
reconhecer-se, ao mesmo tempo, que a UE deve<br />
apoiar, e não duplicar, o trabalho feito pelos<br />
Estados-Membros. Por esta razão, aprovo<br />
também a proposta de uma abordagem<br />
ascendente, pois as autoridades nacionais<br />
conhecem melhor o que se passa nos respectivos<br />
países.<br />
2-236<br />
Georgios Toussas (GUE/NGL), por escrito. –<br />
(EL) O relatório aceita na íntegra a filosofia da<br />
proposta de directiva, que designa como infra-
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 2<strong>10</strong><br />
estruturas críticas europeias quaisquer infraestruturas<br />
importantes, públicas ou privadas,<br />
que afectem vários Estados-Membros da UE e<br />
obriga estes a apresentar uma lista dessas infraestruturas<br />
à Comissão Europeia, a qual por sua<br />
vez prepara uma lista única para toda a UE, de<br />
modo a que possa supervisionar e controlar a<br />
respectiva segurança em relação a “atentados<br />
terroristas”.<br />
De acordo com a proposta de directiva:<br />
O sector privado – ou seja, as empresas<br />
monopolistas – adquirem competências em<br />
matéria de segurança nacional que<br />
anteriormente eram da exclusiva<br />
responsabilidade do governo.<br />
A proposta abre caminho a que os movimentos<br />
dos trabalhadores e das massas populares que<br />
afectem qualquer infra-estrutura de<br />
“importância europeia”, incluindo mesmo<br />
instalações privadas, sejam classificados como<br />
“atentados terroristas” (por exemplo, greves em<br />
sectores críticos tais como a energia, as<br />
telecomunicações, etc., a ocupação simbólica de<br />
fábricas, empresas, etc., os piquetes de greve, as<br />
manifestações, etc.).<br />
A proposta põe decididamente em risco a<br />
segurança nacional e a soberania dos Estados-<br />
Membros, na medida em que os obriga a<br />
entregar à UE uma lista de todas as suas infraestruturas<br />
que sejam cruciais para a segurança e<br />
os seus planos em matéria de segurança.<br />
Mais uma vez o pretexto da “ameaça terrorista”<br />
é o veículo conveniente da UE para completar o<br />
seu quadro institucional reaccionário, que se<br />
vira contra os movimentos da classe<br />
trabalhadora e que protege o poder do capital<br />
europeu, minando ainda mais a soberania<br />
nacional dos Estados-Membros.<br />
2-237<br />
Geoffrey Van Orden (PPE-<strong>DE</strong>), por escrito. -<br />
(EN) As infra-estruturas críticas situam-se não a<br />
nível europeu mas a nível nacional. Compete<br />
aos governos nacionais defendê-las tendo em<br />
conta, nomeadamente, as ameaças que se<br />
deparam às democracias perante o terrorismo.<br />
Sou, obviamente, a favor de medidas que<br />
reforcem verdadeiramente a segurança. Todavia,<br />
esta directiva é mais um passo da UE para<br />
alargar o alcance da sua acção à esfera da<br />
segurança e defesa, e é justamente este elemento<br />
que merece maior objecção da minha parte. A<br />
Comissão parece entender a segurança como<br />
forma de “garantir a estabilidade do mercado<br />
interno", falhando o essencial. O sistema<br />
proposto de informar a Comissão sobre riscos e<br />
ameaças identificados contribui apenas para<br />
criar mais burocracia, do ponto de vista de ónus<br />
e estruturas. A exigência de os Estados-<br />
Membros notificarem circunstanciadamente à<br />
Comissão as suas infra-estruturas críticas é<br />
contraproducente, já que daí resultaria uma lista<br />
de alvos de grande interesse para mãos erradas.<br />
2-238<br />
- Relatório Alejo Vidal-Quadras (A6-<br />
0249/<strong>2007</strong>)<br />
2-239<br />
Markus Pieper (PPE-<strong>DE</strong>). – (<strong>DE</strong>) Senhor<br />
Presidente, Senhoras e Senhores Deputados,<br />
votei contra o relatório do senhor deputado<br />
Vidal-Quadras, não porque me oponha à<br />
abertura dos mercados da electricidade e do gás,<br />
muito pelo contrário, mas porque não posso<br />
concordar – pelo menos, por enquanto – com<br />
uma das suas principais exigências, que é a da<br />
separação da propriedade, por três motivos: em<br />
primeiro lugar, porque temos de dar às<br />
autoridades reguladoras nacionais mais tempo<br />
para se dotarem de uma regulamentação eficaz<br />
em matéria de concorrência; em segundo lugar,<br />
porque me parece que não ficou minimamente<br />
demonstrado que a separação da propriedade vá<br />
promover o investimento em redes de<br />
aprovisionamento; e em terceiro lugar, porque a<br />
proposta de separação não se aplica nos casos<br />
em que as redes e as instalações geradoras ainda<br />
são propriedade do Estado.<br />
É neste aspecto que devemos impor as estritas<br />
condições de liberalização que, até agora, têm<br />
sido negadas à concorrência, em vez de pôr em<br />
causa as que estão no bom caminho da<br />
economia de mercado, através de disposições de<br />
separação.<br />
2-239-500<br />
Jean-Pierre Audy (PPE-<strong>DE</strong>), por escrito. -<br />
(FR) Votei favoravelmente o relatório do meu<br />
colega espanhol Alejo Vidal-Quadras sobre as<br />
perspectivas do mercado interno do gás e da<br />
electricidade, o qual permitiu fazer o balanço<br />
deste dossier após um longo processo de<br />
liberalização dos mercados da energia e,<br />
sobretudo, da adopção, pelo Conselho Europeu<br />
de Março de 2006, de um "pacote energia"<br />
visando garantir a segurança do<br />
aprovisionamento, bem como a competitividade<br />
e a sustentabilidade ambiental em matéria de<br />
política energética da União Europeia. Lamento<br />
que a alteração apresentada pelos meus colegas<br />
Herbert Reul, Anne Laperrouze, Catherine<br />
Trautmann e outros, e que eu votei<br />
favoravelmente, não tenha sido aprovada pelo<br />
Parlamento, pois permitia uma pista equilibrada<br />
e alternativa à separação pura e simples da<br />
propriedade das redes, garantindo
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 211<br />
simultaneamente a independência dessa<br />
separação. São temas sobre os quais o debate<br />
político está longe de estar encerrado. O mesmo<br />
acontece quanto ao papel dos reguladores, à<br />
eliminação dos obstáculos às interconexões, ao<br />
desenvolvimento das novas produções em<br />
massa a partir de energias renováveis e aos<br />
consideráveis investimentos em infra-estruturas<br />
para dar resposta às necessidades crescentes,<br />
etc.<br />
2-240<br />
Bernadette Bourzai (PSE), por escrito. - (FR)<br />
Quis votar contra o relatório Vidal-Quadras<br />
sobre as perspectivas do mercado interno do gás<br />
e da electricidade, o qual prepara<br />
nomeadamente a apresentação pela Comissão,<br />
no próximo mês de Setembro, de um terceiro<br />
pacote "liberalização".<br />
Em primeiro lugar, oponho-me ao princípio<br />
liberal dogmático de separação da propriedade<br />
(propriedade e gestão da rede), pois não dá<br />
nenhuma garantia em matéria de investimentos,<br />
de aprovisionamento, de segurança ou de acesso<br />
dos terceiros e das energias renováveis à rede.<br />
Por outro lado, não garante uma disponibilidade<br />
da energia ao melhor preço para os cidadãos e<br />
não cumpre as obrigações de serviço público.<br />
Porquê então revolucionar a organização actual,<br />
que funciona bem e que garante a independência<br />
efectiva dos gestores de redes graças,<br />
nomeadamente, a uma intervenção proactiva do<br />
regulador e à aplicação de regras apertadas que<br />
garantem uma igualdade de tratamento e um<br />
serviço de qualidade a todos os utilizadores das<br />
redes, mesmo os que habitam em regiões com<br />
condições naturais desfavoráveis ou<br />
ultraperiféricas.<br />
Além disso, penso que o problema da<br />
independência do gestor de redes de transporte<br />
não remete para a questão do regime de<br />
propriedade, mas sim para a da regulação.<br />
Porquê então pedir uma supressão do carácter<br />
público das operadoras de energia?<br />
2-241<br />
Françoise Castex (PSE), por escrito. - (FR)<br />
Lamento a adopção da separação patrimonial de<br />
propriedade advogada pelos defensores ferozes<br />
do desmantelamento das grandes empresas.<br />
Quanto a mim, a direita liberal acaba de desferir<br />
um novo golpe ao princípio da missão de<br />
serviço público, tão caro aos cidadãos europeus.<br />
Considero que a separação patrimonial não dá<br />
qualquer garantia em matéria de investimentos,<br />
segurança ou acesso de terceiros à rede<br />
(incluindo as energias renováveis, que correm o<br />
risco de ser penalizadas devido aos seus<br />
elevados custos). E também não garante uma<br />
disponibilidade da energia ao melhor preço para<br />
os cidadãos.<br />
Estimo que teria sido preferível manter um<br />
sistema à francesa, que integra no seu<br />
funcionamento as regras legislativas oriundas<br />
das anteriores directivas europeias.<br />
2-242<br />
Ilda Figueiredo (GUE/NGL), por escrito. -<br />
Este é mais um dos passos para a liberalização<br />
do mercado interno do gás e da electricidade no<br />
seguimento da Estratégia de Lisboa. As<br />
palavras-chave neste relatório são<br />
"liberalização" e "mercado". A ideia base de que<br />
partem é sempre a mesma. A premissa de que o<br />
mercado resolverá, por si só, o problema do<br />
abastecimento e do consumo energético, já por<br />
inúmeros exemplos refutada, aparece defendida<br />
com crescente fervor para tentar escamotear que<br />
é cada vez mais difícil ignorar que o "mercado"<br />
apenas tem funcionado para alguns, com a<br />
acumulação de lucros fabulosos, mas não para<br />
os consumidores, que se vêm confrontados com<br />
o aumento crescente dos preços na factura<br />
energética.<br />
O sector energético, como sector estratégico de<br />
um país, é vital para sua a independência e<br />
soberania. Subordiná-lo a interesses privados<br />
nacionais e transnacionais é uma afronta à<br />
soberania dos povos, aos direitos dos<br />
trabalhadores e das populações.<br />
Por isso, mais uma vez, rejeitamos a<br />
liberalização do gás e da electricidade e<br />
defendemos a sua manutenção no sector<br />
público, como único garante de acesso a um<br />
serviço contínuo, de qualidade e a preços<br />
acessíveis.<br />
2-243<br />
Robert Goebbels (PSE), por escrito. - (FR)<br />
Votei contra a liberalização dos sectores do gás<br />
e da electricidade porque penso que a separação<br />
da propriedade do transporte não será o meio<br />
mais eficaz de promover o investimento nessas<br />
infra-estruturas. Como reconhece o próprio<br />
relatório, "este modelo poderia não resolver<br />
todas as questões, como as das interconexões ou<br />
dos pontos de congestão". O que é facto é que o<br />
mercado da electricidade e o mercado do gás<br />
precisam de investimentos consideráveis. Não é<br />
eliminando as grandes operadoras do mercado<br />
que a UE poderá garantir a sua segurança de<br />
aprovisionamento. Mantém-se a situação<br />
estranha de que os países europeus que mais<br />
liberalizaram possuem também os preços mais<br />
elevados para os consumidores.
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 212<br />
2-244<br />
Bairbre de Brún e Mary Lou McDonald<br />
(GUE/NGL), por escrito. - (EN) O Sinn Féin<br />
rejeitou o relatório Vidal-Quadras sobre o<br />
mercado interno do gás e da electricidade<br />
devido à ênfase que este coloca na privatização<br />
e na "separação da propriedade". Os Estados-<br />
Membros deverão manter o direito a deter e<br />
operar totalmente os seus sistemas de energia,<br />
se assim o entenderem.<br />
Na sua qualidade de partido de toda a Irlanda<br />
ansiamos por um mercado de energia para toda<br />
a Irlanda, totalmente integrado e sujeito a<br />
controlo. As interconexões entre o Norte e o Sul<br />
constituem importantes elementos de infraestrutura<br />
na criação de uma economia para a<br />
toda a Irlanda.<br />
2-245<br />
Dominique Vlasto (PPE-<strong>DE</strong>), por escrito. -<br />
(FR) A delegação UMP quer recordar e salientar<br />
que a separação patrimonial não constitui a<br />
melhor resposta para os actuais<br />
disfuncionamentos dos mercados.<br />
Num contexto de forte concorrência, que está a<br />
assistir à emergência de poderosas operadoras<br />
não europeias, parece-nos perigoso desmantelar<br />
empresas energéticas europeias em nome de<br />
uma abordagem dogmática da política da<br />
concorrência, muito afastada das lógicas<br />
industriais que deveriam reforçar a União<br />
Europeia na competição mundial.<br />
O aprovisionamento energético europeu<br />
representa uma aposta estratégica a longo prazo<br />
que exige que se garanta a sua segurança para<br />
além da duração de um único contrato. Essa<br />
segurança de aprovisionamento energético<br />
depende de investimentos já nitidamente<br />
insuficientes. Estes terão no entanto de<br />
aumentar consideravelmente a fim de dar<br />
resposta às nossas necessidades futuras, quer se<br />
trate de gás, quer se trate de electricidade.<br />
A separação patrimonial significa que as nossas<br />
operadoras energéticas tradicionais não poderão<br />
realizar esses investimentos nas redes<br />
energéticas. Deixar essa questão para os recémchegados,<br />
que não possuirão forçosamente os<br />
meios financeiros necessários, ou para empresas<br />
não europeias, que não partilham<br />
necessariamente a nossa avaliação das nossas<br />
futuras necessidades, é extremamente perigoso e<br />
muito preocupante.<br />
Nestas condições, a delegação UMP espera da<br />
Comissão Europeia o desenvolvimento de uma<br />
abordagem alternativa à separação patrimonial.<br />
2-246<br />
- Relatório Struan Stevenson (A6-0155/<strong>2007</strong>)<br />
2-247<br />
Pedro Guerreiro (GUE/NGL), por escrito. -<br />
As proteínas animais não integram o regime<br />
alimentar natural - sublinhe-se "natural" -, por<br />
exemplo, de um bovino adulto.<br />
Actualmente muitos parecem esquecer - ou<br />
fazem-se de esquecidos -, quanto às<br />
consequências da crise das "vacas loucas" - da<br />
ESB - para a saúde humana e animal, assim<br />
como quanto às consequências socioeconómicas<br />
subjacentes ao modelo de produção intensiva<br />
que esteve na sua origem.<br />
O presente relatório pretende levantar o<br />
embargo ao uso da farinha e do óleo de peixe na<br />
alimentação dos ruminantes. O seu intuito é<br />
incrementar ainda mais os lucros da agroindústria<br />
e dos grandes agricultores.<br />
Esta intenção merece a nossa rejeição. Não só<br />
porque esta medida se enquadra no fomento da<br />
produção intensiva e da verticalização da<br />
produção agrícola, como iria incentivar a pesca<br />
industrial para a obtenção de farinha e óleo de<br />
peixe para a alimentação, nomeadamente de<br />
ruminantes - num contexto de escassez de<br />
recursos haliêuticos, onde estes deveriam ser<br />
mais valorizados para fins de alimentação<br />
humana -, mas, sobretudo, porque continuam a<br />
subsistir riscos para a saúde humana e animal.<br />
Deste modo, consideramos imperiosa a<br />
aplicação do princípio da precaução. Por isso,<br />
lamentamos que a nossa proposta de rejeição de<br />
levantamento da actual proibição tenha sido<br />
rejeitada.<br />
2-248<br />
Correcções e intenções de voto: ver Acta<br />
2-249<br />
(A sessão, suspensa às 13H15, é reiniciada às<br />
15H05)<br />
2-250<br />
2-251<br />
PRESIDÊNCIA: COCILOVO<br />
Vice-presidente<br />
Aprovação da acta da sessão anterior: ver<br />
Acta<br />
2-252<br />
Modernizar o direito do trabalho para<br />
enfrentar os desafios do século XXI<br />
(continuação do debate)<br />
2-253
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 213<br />
Presidente. – Segue-se na ordem do dia a<br />
continuação do debate do relatório do deputado<br />
Protasiewicz, sobre modernizar o direito do<br />
trabalho para enfrentar os desafios do século<br />
XXI.<br />
2-254<br />
Thomas Mann (PPE-<strong>DE</strong>). – (<strong>DE</strong>) Senhor<br />
Presidente, apesar das consideráveis pressões do<br />
tempo, o relator, senhor deputado Protasiewicz,<br />
obteve um compromisso que estabelece um<br />
equilíbrio entre segurança e flexibilidade na<br />
actual legislação do trabalho. No entanto,<br />
algumas formulações ainda não são<br />
suficientemente precisas, como as do artigo 35º,<br />
que dá definições variáveis do estatuto de um<br />
trabalhador segundo o direito do trabalho. Como<br />
se espera que funcione o princípio do<br />
“trabalhador não assalariado de manhã,<br />
trabalhador assalariado à tarde”? Os<br />
trabalhadores não assalariados economicamente<br />
dependentes são também trabalhadores não<br />
assalariados quando têm um único empregador.<br />
São normalmente pessoas que ganham a vida<br />
em microempresas e são responsáveis por uma<br />
grande percentagem dos postos de trabalho na<br />
UE. Tentativas para fazer uma distinção<br />
rigorosa entre assalariados e não assalariados<br />
feitas no meu país, a Alemanha, na década de<br />
1990, resultaram no colapso de empresas<br />
nascentes e de milhares de microempresas.<br />
Tenho as maiores dúvidas em relação à<br />
responsabilidade solidária para as empresas<br />
gerais ou principais, que levanta muito<br />
problemas concretos. As empresas gerais são<br />
sobrecarregadas com funções do Estado. Estão a<br />
ser sujeitas a mais burocracia e a custos<br />
consideráveis. Por este motivo, apresentei uma<br />
alteração que suprimirá claramente essas<br />
obrigações excessivas.<br />
Noutra alteração, sublinho a competência da<br />
União Europeia e dos seus Estados-Membros<br />
em matéria de direito do trabalho, como<br />
dispõem os artigos 127º e 137º do Tratado CE.<br />
Temos de rejeitar qualquer nova<br />
regulamentação ou harmonização ao nível<br />
europeu.<br />
Recomendo que votemos a favor do relatório<br />
amanhã, quando as alterações tiverem sido<br />
introduzidas, entre outras razões pelo esforço do<br />
relator para ser tão equilibrado.<br />
2-255<br />
Jan Andersson (PSE). – (SV) Gostaria de<br />
agradecer a todos os intervenientes, o relator e<br />
os relatores-sombra, pelo trabalho construtivo<br />
que fizeram na comissão para produzir um<br />
relatório em torno do qual podemos estabelecer<br />
um consenso. Temos de ver este relatório no<br />
contexto dos desafios globais e da evolução<br />
demográfica, que significam que temos de<br />
transformar a <strong>Europa</strong>. Já o disse antes e volto a<br />
dizê-lo: a Comissão começou pelo lado errado.<br />
O importante é a segurança face à mudança. E o<br />
que é mais importante, sendo assim, não é<br />
mudar o direito do trabalho, mas ter uma<br />
política activa de mercado de trabalho. As<br />
nossas preocupações devem ser com a<br />
educação, a aprendizagem ao longo da vida e<br />
bons acordos de segurança de emprego, para<br />
que as pessoas possam, de uma forma ou outra,<br />
mudar para novos postos de trabalho, na mesma<br />
empresa ou noutra. Esta evolução deve ser vista<br />
como algo positivo, e não como uma ameaça.<br />
Por isso, ao pôr em causa o direito do trabalho,<br />
a Comissão começou pelo lado errado. É<br />
preciso um bom direito do trabalho na <strong>Europa</strong><br />
para que os trabalhadores se sintam seguros.<br />
Qual é a situação actual? Crescemos e<br />
aumentámos o emprego na <strong>Europa</strong>. Isto é<br />
positivo. No entanto, assistimos também a outra<br />
evolução. Há um número crescente de empregos<br />
precários e de má qualidade, que não asseguram<br />
uma subsistência digna e que, por exemplo,<br />
oferecem más condições de trabalho. É com isto<br />
que temos de acabar e não o faremos pondo em<br />
causa o direito do trabalho. Fá-lo-emos, sim,<br />
pegando nos maus empregos e tornando-os<br />
melhores e mais seguros, para que se pareçam<br />
mais com empregos normais a tempo inteiro. É<br />
este o caminho que temos de seguir.<br />
Depois, a Comissão concentrou-se no direito do<br />
trabalho individual, no que foi infeliz. O direito<br />
do trabalho colectivo tem um papel muito<br />
importante em muitos países europeus. Os<br />
parceiros sociais têm um grande papel a<br />
desempenhar no direito do trabalho. Não seria<br />
despropositado chamar também a atenção para o<br />
direito do trabalho colectivo e para o importante<br />
trabalho feito pelos parceiros sociais sob a<br />
forma de diálogo social.<br />
2-256<br />
Elizabeth Lynne (AL<strong>DE</strong>). – (EN) Senhor<br />
Presidente, gostaria de felicitar o relator e de<br />
agradecer a sua cooperação. Este debate prendese<br />
com o futuro do direito do trabalho, e cumpre<br />
reconhecer a actual realidade, a saber, que se<br />
regista um aumento dos contratos atípicos e que<br />
temos de nos concentrar mais na segurança do<br />
emprego do que na segurança de um posto de<br />
trabalho.<br />
Considero que não deveremos exigir uma<br />
definição de trabalhador a nível da UE. Essa<br />
definição deverá ser deixada aos Estados-
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 214<br />
Membros. No que se refere à negociação<br />
colectiva, esta tem ainda um importante papel a<br />
desempenhar, mas é preciso que garantamos que<br />
as pessoas que não pertencem a um sindicato<br />
tenham uma palavra a dizer. O mesmo deveria<br />
também acontecer com as pequenas e médias<br />
empresas.<br />
De momento, a lista de parceiros sociais da<br />
Comissão é pequena, e considero que não se<br />
tem verdadeiramente em conta as opiniões das<br />
PME, que, em muitos aspectos, são o motor da<br />
economia europeia. Exorto a que todos os<br />
presentes votem a favor das alterações<br />
apresentadas pelo Grupo AL<strong>DE</strong>.<br />
2-257<br />
Konrad Szymański (UEN). – (PL) Senhor<br />
Presidente, serei breve: felicito o relator mas<br />
não a maioria da Comissão do Emprego e dos<br />
Assuntos Sociais que propôs estas alterações ao<br />
relatório. O mercado de trabalho está em<br />
mutação - novas profissões, novas tecnologias,<br />
partilha de serviços crescente significam que<br />
têm de surgir novas formas de emprego.<br />
As preocupações da esquerda com trabalhos<br />
menos remunerados e menos seguros revelamse,<br />
normalmente, infundadas. O verdadeiro<br />
problema reside na difusão de soluções<br />
inflexíveis que impedem a criação de novos<br />
postos de trabalho e condenam uma larga franja<br />
de pessoas ao desemprego, assim como na<br />
transposição dessas experiências negativas para<br />
países onde o mercado de trabalho é altamente<br />
competitivo.<br />
A burocracia com que esbarram as empresas<br />
que querem contratar trabalho dentro do<br />
mercado europeu não passa de uma forma de<br />
proteccionismo moderno, que visa sobretudo os<br />
novos Estados-Membros e de que são exemplo<br />
flagrante os casos Vaxholm e Viking Line, em<br />
relação aos quais foi necessário recorrer ao<br />
Tribunal de Justiça Europeu.<br />
Pelas razões expostas, se as alterações propostas<br />
pelos membros do Grupo do Partido Popular<br />
Europeu (Democratas-Cristãos) e dos<br />
Democratas Europeus forem aceites, tanto pelo<br />
relator como pelos demais deputados, não<br />
poderei apoiar o presente relatório.<br />
2-258<br />
Ilda Figueiredo (GUE/NGL). – Senhor<br />
Presidente, os exemplos diários que<br />
conhecemos de exploração dos trabalhadores,<br />
em Portugal noutros países da União Europeia,<br />
como a Holanda e a Roménia, envolvendo<br />
também portugueses, demonstram que, em<br />
nome da modernização do direito de trabalho, o<br />
que pretendem é facilitar os despedimentos,<br />
através da alteração dos prazos de pré-aviso, dos<br />
custos e procedimentos aplicáveis ao<br />
despedimento individual e colectivo, da própria<br />
definição do despedimento individual sem justa<br />
causa para destruir os actuais vínculos<br />
contratuais.<br />
Querem também a alteração do tempo e da<br />
organização do trabalho, com todas as<br />
consequências no ataque à própria contratação<br />
colectiva e à organização dos trabalhadores. Ao<br />
colocar empregadores e trabalhadores no<br />
mesmo prato da balança das disposições<br />
contratuais de uma organização de trabalho dita<br />
moderna, desvalorizam a necessidade de<br />
proteger o emprego seguro e os direitos do elo<br />
mais frágil da relação laboral: os trabalhadores<br />
que precisam do trabalho e do salário para<br />
sobreviver.<br />
Como demonstraram em Guimarães no passado<br />
dia 5 de Julho, os trabalhadores estão em luta<br />
contra estas graves propostas.<br />
2-259<br />
Ana Mato Adrover (PPE-<strong>DE</strong>). – (ES) Senhor<br />
Presidente, em primeiro lugar, desejo felicitar o<br />
senhor deputado Protasiewicz pelo seu esforço<br />
de consenso; espero que tenha êxito amanhã.<br />
Era, sem qualquer dúvida, necessário fazer uma<br />
reflexão conjunta sobre o significado das<br />
normas para regular o mercado de trabalho, e<br />
penso que o Livro Verde constituiu uma boa<br />
oportunidade para o fazer.<br />
Desde a Cimeira do Luxemburgo colocaram-se<br />
novos reptos e novos problemas, como a<br />
imigração e o envelhecimento da população, e<br />
recordamos que em 1997 o objectivo era<br />
simplesmente incentivar a criação de postos de<br />
trabalho. Hoje, numa etapa de maior<br />
dinamização da economia, não preconizamos<br />
apenas o pleno emprego mas também um<br />
emprego de qualidade.<br />
Quero com isto dizer que procuramos melhores<br />
condições de trabalho, maior eficácia da gestão<br />
empresarial, conciliação da vida familiar e da<br />
vida profissional, formação ao longo de toda a<br />
vida e também estabilidade. É aqui que reside a<br />
primeira crítica que quero fazer ao relatório.<br />
A estabilidade não pode ser incompatível com<br />
os contratos a tempo parcial. O relatório exclui<br />
este tipo de contratos e apenas defende os<br />
contratos a tempo inteiro, esquecendo-se de que<br />
este tipo de contratos é muito necessário - são<br />
contratos que podem ser também contratos por
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 215<br />
tempo indeterminado e estáveis - para conciliar<br />
a vida profissional com a vida familiar.<br />
O relatório também condena e esquece os<br />
contratos temporários, que são necessários e<br />
insubstituíveis em alguns sectores, como o<br />
turismo, a hotelaria, a construção e a<br />
agricultura, em relação aos quais seria<br />
impensável celebrar contratos indefinidos, em<br />
virtude do papel que desempenham.<br />
Gostaria de tecer outra observação: sabemos<br />
que os sistemas de trabalho diferem muito de<br />
país para país. Tal como as relações entre os<br />
diferentes sectores, pelo que se torna muito<br />
difícil produzir uma legislação comum a nível<br />
europeu.<br />
Preferimos apostar na subsidiariedade, e<br />
também no método aberto de coordenação e no<br />
acordo entre os agentes sociais. Não queremos,<br />
naturalmente, que seja passado um cheque em<br />
branco à Comissão para que esta instituição<br />
possa actuar em temas do âmbito do direito de<br />
trabalho sem contar com os diferentes países e<br />
com as diferentes características de cada um<br />
deles.<br />
2-260<br />
Françoise Castex (PSE). - (FR) Senhor<br />
Presidente, Senhoras e Senhores Deputados,<br />
creio que já era tempo de a União proceder a<br />
este debate, e podemos congratular-nos com a<br />
iniciativa do Livro Verde. Todavia, temo que<br />
esta iniciativa não constitua forçosamente uma<br />
boa notícia para os trabalhadores europeus. Com<br />
efeito, o Livro Verde é criticável tanto a nível<br />
do método adoptado como a nível das<br />
orientações que propõe.<br />
Em primeiro lugar, quanto ao método: lamento<br />
que esta consulta não respeite o processo<br />
previsto no artigo 138º do Tratado, que confere<br />
um estatuto específico aos parceiros sociais<br />
sempre que se trata de política social. Esta<br />
derrogação processual é aliás denunciada pela<br />
Confederação Europeia dos Sindicatos.<br />
Em seguida, quanto à matéria de fundo: um<br />
Livro Verde deve ser imparcial. Deve colocar<br />
questões sem lhes dar resposta antecipadamente.<br />
Ora, a Comissão Europeia avança afirmações de<br />
ordem claramente ideológica. É o caso quando<br />
acusa o modelo tradicional de criar obstáculos<br />
ao emprego. É também o caso quando declara<br />
que a protecção contra o despedimento constitui<br />
um obstáculo ao dinamismo das empresas e<br />
quando classifica a insegurança no trabalho<br />
como uma marca de modernidade.<br />
Existem na <strong>Europa</strong> e no direito internacional<br />
publicado pela OIT princípios e direitos<br />
fundamentais que têm de ser respeitados. O<br />
contrato por tempo indeterminado deve ser<br />
confirmado como regra. O trabalhador<br />
assalariado deve ser protegido pela legislação<br />
ou pela negociação colectiva ou pelas duas. Eis<br />
a razão por que, insisto, a negociação colectiva<br />
deve continuar a ser a principal fonte para a<br />
elaboração do direito laboral.<br />
Por fim, duas palavras sobre o conceito de<br />
flexigurança, elevado a princípio. Tal como se<br />
encontra aqui definido, introduz um<br />
desequilíbrio fundamental na partilha das<br />
competências entre a União e os Estados-<br />
Membros. A União Europeia imporia a<br />
flexibilidade e deixaria aos Estados-Membros a<br />
exclusiva responsabilidade de garantir a<br />
segurança dos trabalhadores. Os nossos<br />
concidadãos querem uma <strong>Europa</strong> protectora dos<br />
seus direitos e do seu modelo social. Não lhes<br />
podemos transmitir a imagem de uma <strong>Europa</strong><br />
destruidora dos seus acervos sociais. A sua<br />
adesão ao projecto europeu depende disso, não<br />
o esqueçamos.<br />
2-261<br />
Ona Juknevičienė (AL<strong>DE</strong>). – (LT) Há duas<br />
questões importantes no documento elaborado<br />
pelo senhor deputado Protasiewicz: 1) contratos<br />
atípicos, 2) o conceito de trabalhador.<br />
Quando se recorre a contratos atípicos, existe<br />
discriminação do trabalhador. Estes não<br />
possuem garantias sociais adequadas. No<br />
entanto, a flexibilidade ajuda as empresas a<br />
adaptar-se às mudanças do mercado e ajuda os<br />
trabalhadores a compatibilizarem a sua vida<br />
pessoal com a vida profissional.<br />
Muitos lituanos trabalham no sector da<br />
construção no Reino Unido, registados como<br />
independent workers (trabalhadores<br />
independentes). Na realidade, trabalham para<br />
empresas de construção exactamente como<br />
outros trabalhadores. Porém, não dispõem de<br />
idênticas garantias laborais, sociais e outras.<br />
Qualquer definição de trabalhador deverá<br />
assentar na sua situação real no local de<br />
trabalho, durante as horas de trabalho. O nosso<br />
objectivo é um mercado de trabalho eficaz, no<br />
qual qualquer pessoa encontre um emprego<br />
adequado e as empresas encontrem os<br />
trabalhadores de que precisam. O documento<br />
hoje em apreço dá um contributo para a<br />
consecução desse objectivo.<br />
2-262<br />
Mieczysław Edmund Janowski (UEN). – (PL)<br />
Senhor Presidente, Senhor Comissário, queria
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 216<br />
começar por agradecer ao deputado<br />
Protasiewicz ter-se debruçado sobre a<br />
importante questão da adaptação do direito do<br />
trabalho às exigências do mundo de hoje.<br />
Embora saibamos que não existe um código do<br />
trabalho comunitário, a União Europeia devia,<br />
ainda assim, inspirar mudanças positivas e<br />
competitivas, bem como alguma normalização<br />
em toda a área onde se insere o direito do<br />
trabalho.<br />
Gostaria, agora, de referir sumariamente a<br />
posição do sindicato polaco Solidariedade<br />
quanto ao Livro Verde: defende o Solidariedade<br />
que, embora a principal base de trabalho deva<br />
continuar a ser o contrato de trabalho de<br />
duração indeterminada, que garante a<br />
manutenção adequada das relações de emprego,<br />
convém reconhecer, ainda assim, uma definição<br />
de trabalhador dependente de modo a abranger<br />
todas as pessoas que trabalham por conta de<br />
outrem, incluindo as que fornecem trabalho com<br />
base em contratos estabelecidos ao abrigo do<br />
direito civil. Esta definição devia estar ligada a<br />
uma definição clara de auto-emprego.<br />
Gostaria, resumidamente, de referir alguns<br />
pontos importantes: o trabalho à distância,<br />
nomeadamente para jovens pais e deficientes, e<br />
a necessidade de eliminar diferenças de<br />
remuneração entre homens e mulheres que<br />
desempenham a mesma tarefa. Actualmente as<br />
palavras-chave deviam ser emprego,<br />
flexibilidade e segurança. O que conta, porém,<br />
não são as palavras mas as pessoas - por um<br />
lado as pessoas que pretendem ganhar a vida<br />
trabalhando à tarefa, incluindo os<br />
desempregados, e as outras, os empregadores -<br />
privados e públicos, e todos os que sentem<br />
responsabilidade na resolução dos nossos<br />
problemas, cada vez mais globais.<br />
2-263<br />
Edit Bauer (PPE-<strong>DE</strong>). – (SK) Estou de acordo<br />
com aqueles que não gostariam de viver num<br />
ambiente em que a legislação laboral reflectisse<br />
exclusivamente as necessidades da<br />
concorrência.<br />
É claro que novas tendências económicas<br />
implicam a necessidade de um mercado de<br />
trabalho mais flexível, que está associado a uma<br />
maior proporção de contratos de trabalho<br />
atípicos. Neste contexto, a questão subjacente<br />
que se coloca é a seguinte: Quem é que deverá<br />
assumir os novos e maiores riscos de um<br />
mercado de trabalho mais flexível? Não se trata<br />
apenas de uma maior protecção para<br />
"trabalhadores excluídos", uma vez que os<br />
indivíduos ou as suas famílias terão de arcar<br />
com os riscos e que as perdas sociais se<br />
revelarão desproporcionadamente grandes na<br />
ausência de uma nova abordagem que se baseie<br />
na introdução de um modelo em que todos<br />
ganhem. Imaginem os problemas associados<br />
com a crise demográfica. É difícil encontrar<br />
uma solução. De momento parece que existem<br />
mais perguntas do que respostas, tanto a nível<br />
europeu como a nível dos Estados-Membros.<br />
Parece ser necessário um novo paradigma na<br />
área do direito laboral, mas não apenas no<br />
sentido mais estrito do termo. Inicialmente, o<br />
conceito de “flexisegurança” baseava-se no<br />
pressuposto de que os indivíduos poderiam e<br />
deveriam adaptar-se às novas condições de um<br />
mercado de trabalho flexível, mas não deveriam<br />
arcar com os riscos resultantes da nova situação.<br />
Em vez disso, estes riscos deveriam ser<br />
repartidos entre os indivíduos, os empregadores<br />
e a sociedade. Não há dúvida que encontrar as<br />
respostas correctas exige coragem política. A<br />
coragem de procurar respostas que não sirvam<br />
apenas os interesses da concorrência, em<br />
detrimento de tudo o resto, mas representem um<br />
novo equilíbrio de valores.<br />
2-264<br />
Joel Hasse Ferreira (PSE). – Senhor<br />
Presidente, Comissário, caros Colegas, queria<br />
saudar o nosso colega Protasiewicz por ter<br />
conseguido, com a nossa colaboração,<br />
transformar o seu relatório inicial num relatório<br />
do Parlamento. Também uma palavra de<br />
destaque para o colega Christensen que<br />
organizou pelo PSE um contributo estruturado e<br />
colectivo. O relatório integra aspectos centrais<br />
do actual debate europeu, como a questão da<br />
flexisegurança, e cito que a flexisegurança só<br />
pode ser atingida através de um direito do<br />
trabalho eficiente e moderno e que a negociação<br />
colectiva e a existência de parceiros sociais são<br />
uma parte importante da abordagem em matéria<br />
de flexisegurança.<br />
Importante é também o convite aos Estados-<br />
Membros para reverem e adaptarem os sistemas<br />
de segurança social de forma a<br />
complementarem as políticas activas do<br />
mercado de trabalho, nomeadamente a formação<br />
e a aprendizagem ao longo da vida. Foi com<br />
muito gosto que apresentei algumas alterações,<br />
nomeadamente relativas à relevância das<br />
pequenas e médias empresas como um<br />
importante motor para a criação e o aumento do<br />
emprego na <strong>Europa</strong>, bem como para o<br />
desenvolvimento social e regional, sendo<br />
importante reforçar o papel das PME na<br />
melhoria da legislação laboral.<br />
Também é importante uma melhor coordenação<br />
entre a legislação laboral nacional e as
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 217<br />
inspecções sociais. Isto é imprescindível para se<br />
poder lutar de forma mais eficiente contra a<br />
exploração do trabalho dos imigrantes. E temos<br />
ainda que reconhecer a necessidade de se<br />
instituírem modalidades de trabalho, de horário<br />
de trabalho, suficientemente flexíveis, para<br />
responder às necessidades dos trabalhadores e<br />
das empresas ou instituições onde trabalham.<br />
Neste contexto, é também importante mencionar<br />
e sublinhar que todos os trabalhadores devem<br />
ter direito ao mesmo nível de protecção e que<br />
certos grupos não devem ser à partida excluídos<br />
de um nível de protecção mais elevado, tais<br />
como marítimos, trabalhadores de navios e<br />
trabalhadores em off-shores. Não posso deixar<br />
de sublinhar, antes de concluir, o convite do<br />
Parlamento Europeu aos Estados-Membros para<br />
eliminarem as restrições ao acesso aos seus<br />
mercados de trabalho e melhorarem assim a<br />
mobilidade dos trabalhadores no território da<br />
União Europeia, contribuindo para uma<br />
realização mais rápida dos objectivos da<br />
Estratégia de Lisboa.<br />
O direito do trabalho pode e deve ser<br />
modernizado mas não deve pôr em causa, antes<br />
deve reforçar, os equilíbrios sociais em cada<br />
Estado-Membro, bem como a coesão social<br />
europeia.<br />
2-265<br />
Siiri Oviir (AL<strong>DE</strong>). – (ET) Considerando, em<br />
primeiro lugar, a sociedade europeia, que está a<br />
envelhecer e, em segundo lugar, um dos<br />
objectivos mais importantes da estratégia de<br />
Lisboa, que é o de alcançar um elevado nível de<br />
emprego, estou convencido de que o modelo<br />
tradicional de relações laborais não é<br />
necessariamente adequado a empregados com<br />
contratos de trabalho normais, celebrados por<br />
tempo indeterminado.<br />
Numa sociedade turbulenta, os empregados<br />
devem ser capazes de se adaptar a mudanças e<br />
de tirar partido das oportunidades surgidas com<br />
a globalização.<br />
Assim, penso que modelos alternativos de<br />
relações contratuais podem, além de outros<br />
aspectos, aumentar a capacidade das empresas<br />
para canalizar a criatividade dos seus<br />
trabalhadores, criando igualmente, desta forma,<br />
mais vantagens competitivas.<br />
A melhor forma de alcançar o que acabo de<br />
referir é através da utilização do método aberto<br />
de coordenação, que é um método útil para o<br />
intercâmbio de informações sobre melhores<br />
práticas, com vista a responder a desafios<br />
comuns de um modo flexível e transparente.<br />
Para concluir, gostaria de agradecer ao relator<br />
pela coragem de apreciar este tema com tanto<br />
detalhe e a toda a Assembleia pela atenção<br />
prestada.<br />
2-266<br />
Andrzej Tomasz Zapałowski (UEN). – (PL)<br />
Senhor Presidente, os desafios demográficos<br />
com que se defrontam, hoje, muitos países da<br />
União Europeia devem-se, entre outras razões, à<br />
instabilidade dos jovens. Hoje em dia, para que<br />
um jovem consiga encontrar um emprego<br />
razoavelmente seguro, tem de possuir<br />
experiência e de apresentar as referências<br />
exigidas pelo empregador. Em consequência,<br />
muitas pessoas decidem constituir família já em<br />
idade mais avançada o que, obviamente, não<br />
encoraja grandes famílias. Cabe à <strong>Europa</strong> pensar<br />
e agir no sentido de assegurar que a sua<br />
identidade e tradições cristãs sobrevivem e se<br />
impõem nos próximos anos.<br />
Queria agradecer ao meu colega um relatório<br />
que identifica os problemas principais mas, ao<br />
mesmo tempo, dedica profunda atenção à<br />
estabilidade do emprego sob a forma de<br />
contratos de trabalho de duração indeterminada,<br />
que deviam ser regra.<br />
Convém, ainda, que a <strong>Europa</strong> levante as<br />
restrições ao acesso aos mercados de trabalho<br />
impostas aos novos Estados-Membros, em<br />
especial porque tais restrições surgem da parte<br />
dos Estados que mais falam de integração<br />
europeia enquanto, na realidade, praticam um<br />
intervencionismo nacional a larga escala.<br />
2-267<br />
Richard Falbr (PSE). – (CS) Senhor<br />
Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, não<br />
vejo qualquer razão para adoptar um tom<br />
conciliatório. Há muita coisa em jogo. O Livro<br />
Verde sobre a modernização do direito do<br />
trabalho só tem um único mérito: pode ser<br />
facilmente deitado abaixo como uma invenção<br />
inacreditável de meias verdades e de<br />
observações hipócritas. Gostaria de aproveitar<br />
esta minha intervenção para formular algumas<br />
perguntas.<br />
Por que razão não foi o conteúdo do relatório<br />
discutido com os parceiros sociais? Será que<br />
não existem a nível europeu? O direito do<br />
trabalho existe e foi desenvolvido nos últimos<br />
<strong>10</strong>0 anos de forma a que os empregados que<br />
oferecem os seus serviços aos empregadores<br />
pudessem operar em pé de igualdade. Por que<br />
razão parece o Livro Verde sugerir que a<br />
necessidade de assegurar essa igualdade já não<br />
existe? Por que razão não refere o documento
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 218<br />
que uma boa parte do trabalho já está a ser feito<br />
fora do âmbito do direito do trabalho? Vê a<br />
Comissão o trabalho como um bem de<br />
consumo? Por que razão se afirma no Livro<br />
Verde de forma tão veemente que os contratos<br />
de trabalho sem termo estão desactualizados e<br />
que 76% dos europeus estão de acordo com esta<br />
afirmação? Por que razão o Livro Verde<br />
também não propõe o desmantelamento da<br />
Organização Internacional do Trabalho com<br />
base no que adoptou em quase <strong>10</strong>0 anos? Pode o<br />
Senhor Comissário Špidla dizer-me se sabe que,<br />
à excepção de alguns Estados-Membros, as<br />
orientações hipócritas para reforçar o papel dos<br />
parceiros sociais não podem ser cumpridas?<br />
Sabe que num conjunto de Estados-Membros a<br />
ideia de diálogo social é uma ficção e um meio<br />
de o governo desacreditar os sindicatos? Tudo<br />
isto se aplica à República Checa. Sabe que para<br />
aquelas pessoas que têm um emprego precário é<br />
praticamente impossível sindicalizar-se? Sabe<br />
que as inspecções de trabalho em certos países<br />
só existem no papel? Isto, mais uma vez, é<br />
aplicável à República Checa.<br />
Deve fazer-se uma menção particular ao termo<br />
recentemente inventado "flexigurança", um<br />
exemplo da nova forma de falar europeia com a<br />
qual se pretende dar a impressão que nada tem a<br />
ver com "flexploração". Aparentemente, isto<br />
conduzirá a menos diferenças entre aqueles que<br />
integram o mercado de trabalho e aqueles que se<br />
encontram fora dele, de modo a que todos<br />
passam a estar dele excluído.<br />
2-268<br />
Anneli Jäätteenmäki (AL<strong>DE</strong>). – (FI) Senhor<br />
Presidente, a proposta da Comissão relativa ao<br />
futuro da legislação laboral é um passo<br />
importante, ainda que tenhamos de recordar que<br />
a modernização da legislação laboral é, em<br />
primeiro lugar, matéria da competência dos<br />
Estados-Membros.<br />
Desagrada-me o facto de esta iniciativa da<br />
Comissão ser francamente unilateral e lamento<br />
particularmente que este Livro Verde ignore<br />
totalmente as diferenças salariais colossais que<br />
ainda existem entre homens e mulheres nos<br />
Estados-Membros da UE.<br />
A Comissão não está interessada em postos de<br />
trabalho nos quais mulheres e homens dos<br />
diferentes países europeus possam receber<br />
tratamento igual, agora que estamos no século<br />
XXI. Esperava também que a proposta<br />
ponderasse meios de implementar as oito<br />
directivas relativas à igualdade que a UE<br />
adoptou e que garantiriam igualdade salarial<br />
entre homens e mulheres.<br />
Gostaria, por último, de dizer que é lamentável<br />
que não se possa esperar muito da UE na área<br />
da promoção da igualdade entre mulheres e<br />
homens.<br />
2-269<br />
Wieslaw Stefan Kuc (UEN). – (PL) Senhor<br />
Presidente, o Direito do Trabalho é um dos<br />
documentos mais difíceis, tanto no que se refere<br />
aos seus aspectos jurídicos, como em termos de<br />
conteúdo. Não só contém elementos de ordem<br />
económica e jurídica, como contém igualmente<br />
elementos de ordem moral. Conciliar todos<br />
esses elementos entre si constitui uma tarefa<br />
espinhosa e, por vezes, mesmo impossível. Não<br />
obstante, vamos tentar conciliá-los, na medida<br />
do possível.<br />
Como devia ser o direito do trabalho no século<br />
XXI? No século XXI, o direito do trabalho tem<br />
de satisfazer as seguintes condições: em<br />
primeiro lugar, tem de ser flexível e de ter<br />
capacidade para se adaptar às condições em<br />
mudança acelerada. Em segundo lugar, devia<br />
proteger os trabalhadores e promover o seu<br />
desenvolvimento. Em terceiro lugar, devia<br />
proteger os interesses dos empregadores e<br />
permitir às empresas desenvolverem-se, muito<br />
embora sendo o mais eficiente possível. Em<br />
quarto lugar, deve permitir a utilização<br />
optimizada dos recursos do trabalho. Em quinto<br />
lugar, deve permitir o diálogo entre<br />
trabalhadores e empregadores. Mais importante<br />
de tudo, o direito do trabalho deve ser igual em<br />
toda a União Europeia e ser aplicável em todos<br />
os Estados-Membros.<br />
2-270<br />
Marie Panayotopoulos-Cassiotou (PPE-<strong>DE</strong>).<br />
– (EL) Senhor Presidente, através de legislação<br />
europeia e dos Estados-Membros e através do<br />
diálogo entre os parceiros sociais está-se a tentar<br />
modernizar o quadro jurídico que irá continuar a<br />
proporcionar aos empregadores e aos<br />
trabalhadores todo o género de segurança<br />
jurídica e de protecção social.<br />
A pergunta é esta: a protecção social e a<br />
integração social são consequências ou são<br />
requisitos prévios para alcançar os objectivos do<br />
crescimento económico, do pleno emprego e da<br />
justiça social?<br />
Aceito a função alternativa dos dois objectivos<br />
no sentido da questão “quem nasceu primeiro: o<br />
ovo ou a galinha?”<br />
A promoção do crescimento económico e a<br />
salvaguarda da segurança dos trabalhadores<br />
devem ser objectivos consensuais comuns desde<br />
o nível da planificação até ao nível da execução,
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 219<br />
tendo em especial atenção a necessidade de um<br />
mercado flexível e o reforço da segurança, o que<br />
constitui um desafio duplo, para ganharmos<br />
velocidade, de acordo com a sua proposta,<br />
Senhor Comissário, desempenhando um papel<br />
de liderança num ambiente internacional<br />
competitivo e aberto, sem trairmos os valores ou<br />
as normas sociais vigentes.<br />
As novas formas de emprego de carácter<br />
opcional e de aceitação voluntária tornam mais<br />
fácil o ingresso e a permanência no mercado de<br />
trabalho de grupos com características especiais,<br />
nomeadamente os jovens, os trabalhadores mais<br />
idosos e as mulheres. O intercâmbio de boas<br />
práticas em matéria de acordos inovadores<br />
salvaguarda o equilíbrio entre vida profissional<br />
e familiar, assegurando um apoio especial para<br />
as mulheres e os seus deveres triplos.<br />
Os trabalhadores têm diferentes necessidades<br />
consoante a fase da vida em que se encontram e<br />
as suas perspectivas em termos de carreira.<br />
Cada Estado-Membro tem também as suas<br />
especificidades e diferentes condições<br />
económicas e aplica a sua legislação nacional. A<br />
legislação europeia é um suplemento e um<br />
complemento para as relações transfronteiras e<br />
para a realização de um mercado livre único.<br />
Não devemos esquecer as potencialidades da<br />
aprendizagem ao longo da vida no combate ao<br />
desemprego e devemos lembrar que, com<br />
confiança nas relações entre o Estado e os<br />
parceiros sociais, com respeito pela dignidade<br />
das pessoas, servindo a justiça social e evitando<br />
conflitos, aumentaremos a competitividade e a<br />
prosperidade europeias.<br />
2-271<br />
Maria Matsouka (PSE). – (EL) Senhor<br />
Presidente, o debate sobre a modernização do<br />
direito do trabalho, na medida em que foi um<br />
debate substantivo e não um pretexto, constituiu<br />
uma oportunidade importante para ilustrar as<br />
diferenças radicais entre a Direita e Esquerda.<br />
A Direita interpreta as elevadas taxas de<br />
desemprego e de pobreza como um resultado da<br />
inflexibilidade do direito do trabalho. Considera<br />
o mercado negro como mais ou menos<br />
inevitável e, para legalizar tudo isto, fala de<br />
flexibilidade com segurança. E haverá coisa<br />
melhor do que o modelo dinamarquês? No<br />
entanto, a sua aplicação pressupõe a total<br />
harmonização económica, financeira e fiscal<br />
entre os Estados-Membros.<br />
O relatório que vamos votar melhora o projecto<br />
inicial em numerosos pontos, graças à<br />
contraproposta global dos socialistas centrada<br />
na protecção dos trabalhadores, que não é a<br />
causa de desemprego nem um acto de caridade.<br />
É tão-só um dos mais importantes pilares do<br />
crescimento económico e da justiça social.<br />
Não neguemos a realidade! Face ao aumento<br />
historicamente sem precedentes da riqueza<br />
produzida e face à sua repartição perigosamente<br />
desigual a favor dos empregadores, temos de<br />
aprofundar o conceito de direito do trabalho.<br />
2-272<br />
Janusz Wojciechowski (UEN). – (PL) Senhor<br />
Presidente, felizmente, o Parlamento Europeu<br />
adoptou uma abordagem holística da questão do<br />
direito do trabalho e, por esse facto, a minha<br />
gratidão ao relator Jacek Protasiewicz, que<br />
elaborou um relatório da mais alta qualidade.<br />
Gostaria de aproveitar a ocasião para me referir<br />
à situação dramática dos trabalhadores<br />
estrangeiros em muitos países da União<br />
Europeia. Em certos países, foram descobertos<br />
mais campos de trabalho escravo ou semiescravo.<br />
Pessoas que procuram trabalho no<br />
estrangeiro para ganharem a sua subsistência<br />
caem nas mãos de criminosos sem escrúpulos<br />
que os exploram, humilham e, por vezes, os<br />
assassinam. Esta situação constitui uma<br />
vergonha para a União Europeia do século XXI.<br />
O Parlamento Europeu tem de dirigir um apelo<br />
a todos os seus membros, bem como às suas<br />
autoridades encarregues da inspecção do<br />
trabalho e da execução da lei no sentido de<br />
concentrarem particular atenção na difícil<br />
situação dos trabalhadores estrangeiros e de<br />
impedirem a sua exploração por criminosos.<br />
2-273<br />
Ria Oomen-Ruijten (PPE-<strong>DE</strong>). – (NL) Como<br />
vê, o nosso contacto visual continua a funcionar,<br />
o que é excelente. Senhor Presidente, é bom que<br />
hoje realizemos um debate sobre o direito do<br />
trabalho, pois há um conjunto de coisas que<br />
estão a mudar no mercado de trabalho da<br />
<strong>Europa</strong> e em todos os nossos Estados-Membros.<br />
Com efeito, vemos que há uma enorme<br />
necessidade de flexibilidade, não só para ir ao<br />
encontro das necessidades do mercado, mas<br />
também das necessidades dos próprios<br />
trabalhadores, já que em muitos casos eles<br />
desejam conjugar a vida profissional com a vida<br />
familiar, a família alargada, e com as suas<br />
obrigações familiares. Essa flexibilidade é<br />
necessária, em especial numa sociedade onde a<br />
percentagem de idosos está a aumentar,<br />
enquanto a percentagem de jovens está a<br />
diminuir e onde a população em envelhecimento<br />
já não quer provavelmente trabalhar as 40 ou 36
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 220<br />
horas completas no mercado de trabalho, mas<br />
gostaria, mesmo assim, de permanecer activa<br />
nesse mercado com um emprego menos<br />
exigente.<br />
Porém, se nós quisermos essa flexibilidade – e é<br />
por isso que um debate é tão útil –, e reconhecer<br />
essa flexibilidade como um benefício, isso<br />
significa também que, a par dessa flexibilidade,<br />
nós temos, logo à partida – e lamento o facto de<br />
a senhora deputada Matsouka ter deixado o<br />
hemiciclo, pois ela falou de um debate entre<br />
Direita e Esquerda, mas recusa-se a escutar – de<br />
oferecer segurança às pessoas que querem<br />
continuar activas em empregos mais flexíveis e<br />
permitir, assim, que o mercado de trabalho<br />
funcione mais eficazmente.<br />
O facto de o grande bem da flexibilidade já não<br />
ser reconhecido, algo que eu muito lamento, é<br />
uma lacuna – uma lacuna que nós talvez<br />
consigamos colmatar através das alterações que<br />
vão ser adoptadas dentro de instantes. Acho<br />
também que não podemos deixar isto apenas ao<br />
mercado, visto que o mercado se regula a si<br />
próprio. Temos de procurar mais uma vez<br />
introduzir a flexibilidade, em combinação com<br />
garantias adequadas.<br />
2-274<br />
Richard Howitt (PSE). – (EN) Senhor<br />
Presidente, existem mais de 1 milhão de<br />
agências de trabalho temporário no Reino Unido<br />
e mais de 6 milhões em toda a <strong>Europa</strong>, de<br />
acordo com a Fundação de Dublin. Trata-se da<br />
forma de trabalho atípico que mais cresceu na<br />
UE ao longo dos últimos 20 anos, no entanto, ao<br />
abrigo da legislação da UE, este grupo de<br />
trabalhadores vê ser-lhe negada protecção<br />
laboral.<br />
No meu círculo eleitoral do Leste de Inglaterra,<br />
cerca de 80 000 trabalhadores migrantes vieram<br />
dos chamados 8 países da adesão, o maior<br />
número em todo o Reino Unido. Muitos<br />
chegaram graças a agências de emprego e<br />
muitos, embora nem todos, são vítimas de<br />
exploração. Veja-se o caso dos trabalhadores de<br />
uma agência, identificados pelo sindicato<br />
Communication Workers Union, contratados<br />
pela British Telecom em Norwich, Ipswich e<br />
Brentwood, que não usufruíram de dois<br />
aumentos salariais consecutivos, gozam 16 – e<br />
não 25 – dias de férias e recebem menos 50%<br />
por horas extraordinárias do que os seus colegas<br />
permanentes. Ou o caso dos trabalhadores da<br />
Bernard Matthews, em Norfolk e Suffolk, 60%<br />
dos quais são trabalhadores de agências de<br />
trabalho temporário recrutados em Portugal e<br />
que receberam apenas 19 libras esterlinas por<br />
dia por seis dias, aquando do seu despedimento<br />
na sequência do surto de gripe das aves.<br />
À Comissão digo: oferece “flexigurança”. Nós<br />
vemos e, na verdade, até nos congratulamos por<br />
alguma flexibilidade, mas onde está a<br />
segurança, se não abrange os trabalhadores das<br />
agências de trabalho temporário? À próxima<br />
Presidência portuguesa digo: deverá existir um<br />
compromisso sensato durante o período de<br />
carência, mas esta é uma directiva que, desde o<br />
alargamento da UE, nunca foi sujeita a votação.<br />
Submetam-na a votação, verifiquem para que<br />
lado pende a maioria. O Governo do Reino<br />
Unido afirmou que apoiará a directiva. O<br />
mesmo deveria acontecer em toda a <strong>Europa</strong>.<br />
2-275<br />
Zita Pleštinská (PPE-<strong>DE</strong>). – (SK) O<br />
crescimento do emprego deve-se sobretudo às<br />
PME e aos comerciantes individuais. Estes<br />
empregadores estão entre os principais<br />
responsáveis pela criação de oportunidades de<br />
trabalho e aumento do emprego na <strong>Europa</strong>.<br />
Por esta razão, e dado o amplo espectro de<br />
tradições laborais, contratos comerciais e tipos<br />
de empresas nos mercados de trabalho dos<br />
Estados-Membros da UE, a tarefa prioritária da<br />
UE deverá ser a criação de legislação<br />
comunitária que reforce a posição das PME<br />
criando, simultaneamente, novos postos de<br />
trabalho através de melhorias na legislação<br />
laboral.<br />
A experiência mostra que, por exemplo, a<br />
directiva europeia sobre horas extraordinárias, a<br />
que se opuseram muitos Estados-Membros, não<br />
deveria ser incorporada na legislação laboral e<br />
tem de ser revista. A razão para isso é que as<br />
restrições às horas extraordinárias representam<br />
uma ameaça para muitos sectores da economia,<br />
quer estejamos a falar dos trabalhadores do<br />
sector dos cuidados de saúde, do sector mineiro,<br />
dos serviços sociais ou das corporações de<br />
bombeiros.<br />
Este mês, no meu país (Eslováquia), o<br />
parlamento nacional aprovou uma nova Lei<br />
Laboral que provocou reacções negativas<br />
especialmente por parte das PME. O governo<br />
queria reforçar a posição dos sindicatos e<br />
alargar os seus poderes. O facto é que, graças às<br />
pressões da oposição e de grupos de<br />
empregadores, a proposta original do governo<br />
foi significativamente alterada, estabelecendo na<br />
versão final um certo equilíbrio entre as<br />
competências dos sindicatos e dos<br />
empregadores. Para além disso, uma alteração<br />
apresentada pelo SDKÚ-DS conseguiu alterar a<br />
definição do conceito de “trabalho dependente”
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 221<br />
de forma a não pôr em risco os comerciantes<br />
individuais. Graças a mais de 600 comentários<br />
feitos durante a preparação e a mais umas<br />
dezenas no parlamento, foi possível alterar a<br />
proposta original do Smer SD e, assim, evitar<br />
que a legislação laboral eslovaca retrocedesse<br />
para o século passado.<br />
A elevada taxa de desemprego na <strong>Europa</strong>,<br />
sobretudo nos novos Estados-Membros, é um<br />
fracasso que reclama a tomada de medidas e,<br />
como tal, congratulo-me com a abordagem do<br />
relator, o senhor deputado Jacek Protasiewicz,<br />
cujo relatório propõe soluções para cumprir a<br />
promessa do séc. XXI. No entanto, estou<br />
preocupada com a sua formulação depois da<br />
votação na Comissão do Emprego e dos<br />
Assuntos Sociais, a qual não posso apoiar a<br />
menos que sejam aprovadas as alterações<br />
apresentadas pelo relator em nome do nosso<br />
partido político (o Grupo do Partido Popular<br />
Europeu (Democratas-Cristãos) e dos<br />
Democratas Europeus). Algumas partes do<br />
projecto de relatório apresentam uma visão<br />
obsoleta e desequilibrada dos problemas actuais<br />
dos mercados de trabalho europeus, e por essa<br />
razão o relatório tenta proteger apenas os<br />
trabalhadores. Uma tal interpretação da política<br />
laboral poderá levar a uma situação em que não<br />
exista nada de que os proteger, uma vez que<br />
ficarão desempregados.<br />
2-276<br />
Agnes Schierhuber (PPE-<strong>DE</strong>). – (<strong>DE</strong>) Senhor<br />
Presidente, Senhor Comissário, Senhoras e<br />
Senhores Deputados, penso que não devemos<br />
ver o relatório Protasiewiczb separado da<br />
pergunta oral e da proposta de resolução.<br />
Gostaria de agradecer o trabalho de ambos os<br />
relatores.<br />
Infelizmente, o destacamento de trabalhadores<br />
na esfera dos serviços ainda não tem quaisquer<br />
normas unificadas à escala da <strong>Europa</strong>. Isto<br />
mostra também que a coordenação dos fluxos de<br />
comunicação e de informação entre<br />
Estados-Membros e as autoridades competentes<br />
deixa muito a desejar. Os controlos neste<br />
domínio continuam também a ser inadequados.<br />
É absolutamente necessária uma relação<br />
equilibrada entre liberdade de circulação e de<br />
prestação de serviços, por um lado, e protecção<br />
do trabalhador, por outro. Do meu ponto de<br />
vista, uma regulamentação a este respeito seria a<br />
forma mais simples e mais eficaz de evitar o<br />
dumping social.<br />
É necessário promover e intensificar a<br />
cooperação e o intercâmbio de informação entre<br />
Estados-Membros e introduzir medidas de<br />
controlo adequadas. Mais algum detalhe nas<br />
orientações da Comissão poderia ser útil neste<br />
aspecto. Para assegurar a protecção e os direitos<br />
dos trabalhadores, proponho que os países de<br />
acolhimento efectuem a fiscalização e o<br />
controlo necessários.<br />
A Comissão deve, portanto, apoiar activamente<br />
a cooperação entre as autoridades de<br />
fiscalização dos Estados-Membros, criando uma<br />
plataforma permanente para colaboração<br />
transfronteiras. No que se refere às empresas e<br />
trabalhadores, também apelo a um maior<br />
envolvimento dos parceiros sociais nesta<br />
questão. Só o equilíbrio trará mais emprego e,<br />
com este, mais bem-estar e segurança para todos<br />
na <strong>Europa</strong>.<br />
2-277<br />
Monica Maria Iacob-Ridzi (PPE-<strong>DE</strong>). –<br />
Consider că acest raport este unul echilibrat şi<br />
care reflectă diversitatea relaţiilor de muncă de<br />
pe teritoriul Uniunii Europene, dar şi a poziţiilor<br />
politice faţă de un subiect care dă naştere unor<br />
discuţii aprinse.<br />
Atingerea unui echilibru în relaţia dintre angajat<br />
şi angajator, în care ambele părţi au de câştigat,<br />
trebuie să fie o prioritate a Uniunii Europene. În<br />
acest cadru, al flexibilităţii şi al securităţii,<br />
angajatorul câştigă mai multă forţă de muncă,<br />
iar angajatul mai multă protecţie pentru tipul de<br />
contract flexibil.<br />
Pentru România, unde avem un rezervor<br />
important de forţă de muncă în zona rurală,<br />
contractele de muncă flexibile sunt o soluţie<br />
pentru a intra pe piaţa muncii fără a pierde din<br />
drepturile sociale de care beneficiază angajaţii<br />
cu contract clasic. Aceasta ar asigura o integrare<br />
mai rapidă pe piaţa muncii a lucrătorilor din<br />
zona rurală, care vor putea să participe la<br />
creşterea economiei din anii următori şi să<br />
beneficieze de ea.<br />
Apreciez atenţia pe care raportul o acordă<br />
sprijinirii familiei. Multe dintre aceste contracte<br />
flexibile sunt alese de femei care trebuie să facă<br />
faţă unei presiuni din ce în ce mai mari de a<br />
concilia viaţa profesională cu cea familială.<br />
În sprijinul tinerilor aş fi dorit ca raportul să<br />
încurajeze mai mult utilizarea tehnologiei<br />
informaţiei şi a comunicării ca instrumente<br />
principale în modul de lucru. Munca la distanţă<br />
în condiţii de maximă mobilitate este o tendinţă<br />
deja prezentă pe care trebuie să o folosim în<br />
beneficiul celor mai bine pregătiţi pentru ea.<br />
Pentru reducerea muncii la negru trebuie să<br />
încurajăm angajatorii să declare relaţiile de<br />
muncă fără să fie dezavantajaţi economic. O
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 222<br />
parte din acest fenomen este cauzată de<br />
restricţiile pe care unele state membre încă le<br />
menţin pentru lucrătorii din ţările care au aderat<br />
recent la Uniunea Europeană. Este o<br />
discriminare inutilă care creează atât probleme<br />
de administrare pentru statele respective cât şi<br />
riscuri pentru lucrători. De aceea consider ca<br />
eliminarea perioadelor de tranziţie impuse de<br />
aceste state membre va avea ca efect direct<br />
reducerea muncii la negru.<br />
2-278<br />
Tadeusz Zwiefka (PPE-<strong>DE</strong>). – (PL) Senhor<br />
Presidente, a modificação do direito do trabalho<br />
na União Europeia é importante não só para<br />
segurança e protecção dos postos de trabalho,<br />
mas também pelo seu impacto sobre os índices<br />
de emprego. Temos estado envolvidos em<br />
prolongadas discussões sobre a questão de se<br />
saber se a concorrência a nível global exige<br />
mudanças no actual modelo de direito do<br />
trabalho. A minha opinião é que, sem dúvida<br />
alguma, exige.<br />
Ao longo dos últimos vinte anos, temos vindo a<br />
observar um gradual, e cada vez mais rápido,<br />
afastamento das formas correntes do direito do<br />
trabalho, bem como do modelo normal do<br />
emprego. Este fenómeno constitui uma resposta<br />
aos desafios da globalização, que é um processo<br />
independente e, quer se goste quer não,<br />
compete-nos a nós fazermos com que a nossa<br />
sociedade faça, ou não, uso das oportunidades<br />
que ela proporciona.<br />
Fazer frente aos aspectos negativos da<br />
globalização requer um direito do trabalho<br />
muito mais flexível, mas que, simultaneamente,<br />
retenha os seus actuais níveis de segurança. Não<br />
devíamos esquecer que, actualmente, o nível de<br />
segurança do emprego na União Europeia é o<br />
mais elevado do mundo. Não temos necessidade<br />
de melhorar mais a segurança do emprego;<br />
temos, sim, necessidade de maior flexibilidade e<br />
mobilidade, de liberalização dos mercados de<br />
trabalho em todos os Estados-Membros.<br />
Não obstante toda a regulação, a flexibilidade<br />
está a fazer incursões nas nossas vidas.<br />
Actualmente, 40% de todas as formas de<br />
emprego são atípicas e responsáveis por 60%<br />
dos novos postos de trabalho. Em última<br />
análise, e este é o sinal mais optimista até agora,<br />
dois terços das formas atípicas de emprego<br />
transformam-se em emprego tradicional, isto é,<br />
em contratos permanentes.<br />
As estruturas tradicionais do direito do trabalho<br />
não estão preparadas para as actuais realidades.<br />
Nas economias modernas baseadas nos serviços,<br />
ou nas que têm os seus fundamentos nas PME,<br />
uma abordagem mais flexível e atípica pode<br />
constituir a chave do êxito.<br />
É evidente que a flexibilidade não é suficiente,<br />
se não houver mobilidade dos trabalhadores.<br />
Esse o motivo por que peço a abertura total do<br />
mercado de trabalho da União Europeia aos<br />
trabalhadores de todos os Estados-Membros.<br />
Actualmente, sabemos que os benefícios da<br />
liberalização dos mercados de trabalho não<br />
estão a ser usufruídos apenas pelos<br />
trabalhadores migrantes, mas também pelos<br />
países que decidiram abrir os seus mercados de<br />
trabalho.<br />
Nenhuma economia pode desenvolver-se e ser<br />
competitiva sem empresas a funcionar<br />
devidamente, capazes de concorrer no mercado<br />
mundial, e habilmente dirigidas por<br />
administradores e proprietários competentes.<br />
Não obstante, nem as empresas mais bem<br />
administradas podem funcionar sem pessoal<br />
competente. Para sobreviverem, têm<br />
necessidade uns dos outros.<br />
2-279<br />
Iles Braghetto (PPE-<strong>DE</strong>). - (IT) Senhor<br />
Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, a<br />
necessidade de modernizar o direito do trabalho<br />
perante as inovações do século XXI impõe<br />
desafios genuínos e exigentes ao mercado de<br />
trabalho actual, em especial para quem procura<br />
novo emprego - que implique um trabalho de<br />
alta qualidade, um trabalho que tenha a ver com<br />
as outras áreas da sua vida pessoal.<br />
Conjugar a flexibilidade do trabalho -<br />
característica de um mercado global e<br />
competitivo - com a segurança de emprego -<br />
direito/dever de todos os cidadãos - exige, como<br />
estabelecido na Estratégia de Lisboa, que as<br />
competências e aptidões profissionais sejam<br />
utilizáveis. Para isso, há que dispor dos<br />
instrumentos que permitam tornar as pessoas<br />
apetecíveis aos olhos das empresas, adaptando a<br />
sua formação técnica específica às novas<br />
tecnologias.<br />
Na sociedade europeia nota-se a emergência de<br />
um tipo de ensino e formação que está a impedir<br />
ou a tornar mais lento o desenvolvimento de<br />
competências e conhecimento. Para a União<br />
Europeia, o investimento em capital humano e<br />
na formação dos jovens é a melhor forma, e a<br />
mais moderna, de afirmar o direito ao trabalho.<br />
Eis um dos desafios apresentados pelo Livro<br />
Verde.<br />
Agradeço ao relator o trabalho que desenvolveu<br />
para harmonizar os diferentes pontos de vista<br />
expressos no debate.
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 223<br />
2-280<br />
Philip Bushill-Matthews (PPE-<strong>DE</strong>). – (EN)<br />
Senhor Presidente, gostaria de começar, se me é<br />
permitido, por agradecer à Comissão o seu<br />
Livro Verde muito criterioso. O trabalho da<br />
Comissão deu origem a este relatório e o seu<br />
trabalho desencadeou este debate. Penso que o<br />
facto de o Livro Verde estar escrito da forma<br />
como está – e, na verdade, de a Comissão ter<br />
mantido consultas tão amplas e úteis –<br />
acrescentou certamente maior riqueza às nossas<br />
próprias deliberações. Espero certamente que,<br />
no final da votação de amanhã, depois de todas<br />
as alterações terem sido postas a votação, o<br />
Senhor Comissário possa, por seu turno,<br />
entender por bem agradecer ao Parlamento a<br />
nossa resposta positiva àquele trabalho, mas<br />
esperemos para ver.<br />
Foi já feita referência ao relator e ao excelente<br />
trabalho que realizou, e gostaria de me associar<br />
a esses comentários. Foram numerosos os<br />
comentários por diversos colegas sobre a<br />
expressão “flexibilidade”. Penso que o relator<br />
mostrou grande flexibilidade ao reconhecer a<br />
pertinência das preocupações expressas pelos<br />
membros dos outros grupos políticos, mas<br />
considero que foi também demonstrada<br />
flexibilidade por parte dos relatores-sombra ao<br />
acolherem a posição do relator. Gostaria de<br />
agradecer a todos o seu trabalho. No início do<br />
nosso debate, o senhor deputado Szymański<br />
afirmou não poder estender os seus<br />
agradecimentos ao trabalho da comissão<br />
parlamentar. Simpatizo de certa forma com esse<br />
comentário. Gostaria apenas de lhe dizer que,<br />
tendo em conta a limitação de tempo, o relatório<br />
que saiu da comissão foi, na sua essência, um<br />
relatório provisório. Confio totalmente que o<br />
relatório que sairá amanhã desta Assembleia,<br />
após a introdução de alterações, será<br />
substancialmente diferente e que uma questão<br />
potencialmente controversa acabará por dar<br />
lugar a uma mensagem claramente unida.<br />
Por fim, gostaria de pedir à Comissão que, na<br />
sua análise dos nossos debates, tenha em devida<br />
consideração aquilo que, entre a fase da<br />
discussão em comissão e a fase actual, foi<br />
retirado do texto. Penso que essa é uma<br />
mensagem significativa. Gostaria também que a<br />
Comissão analisasse bem o que acabou por<br />
ficar. Gostaria, em particular, de chamar a<br />
atenção para o nº <strong>10</strong> relativo à questão do tempo<br />
de trabalho e à necessidade de maior<br />
flexibilidade para trabalhadores e empregadores.<br />
Uma coisa é dizer que é necessária maior<br />
flexibilidade. Agora convidamos a Comissão a<br />
mostrar a mesma flexibilidade ao fazer avançar<br />
este dossiê muito difícil e delicado.<br />
Por último, gostaria de referir os nossos<br />
assistentes, e aqui refiro-me não só aos<br />
assistentes dos deputados, mas também aos<br />
assistentes dos nossos grupos parlamentares.<br />
São frequentemente os heróis e heroínas<br />
esquecidos. Considero que o trabalho que<br />
desenvolveram foi extraordinário,<br />
especialmente num período de tempo<br />
extremamente curto. Por conseguinte, em nome<br />
de todos vós, gostaria de lhes agradecer e de os<br />
felicitar pelo trabalho realizado.<br />
2-281<br />
Vladimír Špidla, Membro da Comissão. – (CS)<br />
Senhor Presidente, Senhoras e Senhores<br />
Deputados, não foi uma surpresa o facto de o<br />
debate sobre o direito do trabalho ter sido um<br />
debate de grande alcance e um debate profundo,<br />
e diversas vezes um debate bastante aceso. Isso<br />
é natural porque o tema da legislação laboral é<br />
um dos mais sensíveis e está no centro do<br />
modelo social europeu. Congratulo-me por o<br />
Livro Verde ter constituído a base deste debate<br />
tão circunstanciado. Foram manifestadas mais<br />
de 450 opiniões diferentes, o que excede<br />
largamente o que é comum numa consulta<br />
pública sobre um Livro Verde. É igualmente<br />
claro que o Livro Verde não pretende resolver a<br />
questão do direito do trabalho; antes, suscita<br />
questões. A Comissão avaliará estas questões e<br />
irá, subsequentemente, emitir respostas.<br />
Penso que o debate neste Hemiciclo demonstra<br />
que existem boas perspectivas para se alcançar<br />
um consenso sobre determinados elementos<br />
fundamentais. Gostaria de referir alguns deles,<br />
que considero serem particularmente<br />
importantes. O primeiro é a necessidade de um<br />
diálogo significativo. Apesar do facto de o nível<br />
de diálogo social em certos Estados-Membros<br />
ser muito reduzido, penso que é um componente<br />
fundamental. É principalmente por isto que<br />
concedemos um apoio directo ao diálogo social<br />
no quadro do Fundo Social Europeu, em<br />
particular através da criação de capacidade<br />
administrativa para os parceiros sociais.<br />
A segunda questão que deve ser salientada é que<br />
a legislação laboral não existe num vazio e que<br />
qualquer debate sobre esta matéria será sempre<br />
sensível e terá sempre um impacto sobre os<br />
parceiros sociais. Penso igualmente que o<br />
desenvolvimento futuro do direito do trabalho<br />
exige que se evitem quaisquer medidas que<br />
conduzam à desintegração do mercado de<br />
trabalho, a uma maior insegurança do emprego<br />
ou a qualquer redução dos direitos fundamentais<br />
dos trabalhadores.<br />
Deve resolver-se a situação dos trabalhadores<br />
que trabalham formalmente por conta própria
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 224<br />
mas que dependem economicamente de um<br />
consumidor ou empregador principal que é a<br />
fonte do seu rendimento. A legislação laboral<br />
deve fazer-se cumprir de forma pró-activa para<br />
proteger e apoiar empregos de elevada<br />
qualidade e para combater o trabalho não<br />
declarado.<br />
Senhoras e Senhores Deputados, foram<br />
suscitadas algumas questões que estão fora da<br />
ideia principal do debate, e que provavelmente<br />
não receberão resposta inclusivamente na<br />
votação, pelo que gostaria de as aflorar.<br />
Permitam-me que saliente que a protecção<br />
social é uma condição prévia do pleno emprego,<br />
e não uma consequência deste. Os mercados de<br />
trabalho com uma protecção laboral débil -<br />
como acontece nos países em desenvolvimento,<br />
por exemplo - não possibilita uma criação de<br />
emprego suficientemente efectiva. Gostaria<br />
também de salientar que já existe uma directiva<br />
relativa ao destacamento de trabalhadores, e<br />
oportunamente debateremos uma série de<br />
interpretações da mesma. Por esta razão, já<br />
existem normas, embora seja fácil de imaginar<br />
um desenvolvimento diferente.<br />
O tema das agências de emprego foi também<br />
suscitado. Desejo recordar que a Presidência<br />
portuguesa incorporou de certa forma esta<br />
questão no seu programa, e no contexto da<br />
Presidência iremos tentar registar alguns<br />
progressos que são muito necessários. A<br />
descrição do desenvolvimento do mercado das<br />
agências de emprego feita pelo senhor deputado<br />
foi, em meu entender, muito precisa. A<br />
dinâmica deste mercado é clara, tal como alguns<br />
fenómenos que podem sem dúvida ser vistos<br />
como indicadores de eventual dumping social.<br />
Senhoras e Senhores Deputados, o mercado de<br />
trabalho está claramente em mutação e é<br />
extremamente importante que encontremos<br />
algumas respostas gerais, a nível comunitário e,<br />
mais importante, nos Estados-Membros, que<br />
estão em posição de fazer cumprir a legislação<br />
laboral, e que são capazes, por um lado, de<br />
apoiar a nossa capacidade global, a eficácia, a<br />
competitividade e a força de uma sociedade, e,<br />
por outro, de assegurar a segurança adequada<br />
aos trabalhadores no século XXI. Não é uma<br />
tarefa fácil, mas o debate convenceu-me de que<br />
o relatório do Parlamento tem possibilidade de<br />
ser aprovado, pelo que aguardo com interesse o<br />
resultado final.<br />
2-282<br />
2-283<br />
PRESIDÊNCIA: ROTHE<br />
Vice-presidente<br />
Presidente. Está encerrado o debate.<br />
A votação terá lugar amanhã, 11 de Julho de<br />
<strong>2007</strong>.<br />
Declarações escritas (Artigo 142º)<br />
2-284<br />
Bogdan Golik (PSE), por escrito. – (PL)<br />
Senhor Presidente, gostaria de felicitar o senhor<br />
deputado Protasiewicz pelo seu eficiente e<br />
difícil relatório. É muito importante termos<br />
encetado um debate público sobre as direcções<br />
por que terá de enveredar a modernização do<br />
direito do trabalho para fazer frente aos desafios<br />
da globalização, ao persistente desemprego<br />
estrutural e às tendências demográficas que não<br />
beneficiam a União Europeia.<br />
O mundo que nos rodeia e os pontos do relatório<br />
mostram que aquilo de que temos necessidade<br />
actualmente é de uma UE com uma política<br />
comum destinada a combater o desemprego, nos<br />
moldes da política energética comum. Uma<br />
política comum é tão extremamente necessária<br />
por se tratar de um problema a que nem os mais<br />
prósperos Estados europeus, como a Alemanha<br />
e a França, onde, em breve, o desemprego pode<br />
atingir os <strong>10</strong>%, conseguem fazer-lhe frente.<br />
Tenho as minhas dúvidas no que diz respeito à<br />
proposta de se adoptar uma regulamentação<br />
comum a nível da UE para criar os fundamentos<br />
de um sistema de critérios mínimos sociais,<br />
como proposto no considerando S. A meu ver, é<br />
tão grande a actual disparidade entre os Estados-<br />
Membros que a proposta é simplesmente<br />
inviável. As quotas mínimas deviam ser<br />
regulamentadas independentemente pelos<br />
Estados-Membros, de acordo com o nível do<br />
seu desenvolvimento económico, com a<br />
situação do seu mercado de trabalho e com as<br />
suas tradições.<br />
Grande parte dos dados indica que o emprego<br />
cresce graças aos contratos “atípicos”. O dilema<br />
não reside, portanto, entre a base em que a<br />
pessoa é empregada e se ela está ou não a<br />
trabalhar. Isto devia constituir a prioridade dos<br />
Estados-Membros e da UE nos próximos anos,<br />
com especial relevância para os jovens que<br />
acedem ao mercado de trabalho, para as<br />
mulheres e os idosos.<br />
2-285<br />
Malgorzata Handzlik (PPE-<strong>DE</strong>), por escrito.<br />
– (PL) As minhas sinceras felicitações ao relator<br />
por um relatório em que proporciona uma<br />
análise realista das mudanças necessárias no<br />
direito do trabalho para o adequar aos desafios<br />
do século XXI.
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 225<br />
A meu ver, em certos países, o direito do<br />
trabalho continua a ser anacrónico e nada tem a<br />
ver com os desafios da globalização.<br />
O mundo moderno tem necessidade de um<br />
direito do trabalho transparente e flexível. Os<br />
trabalhadores deviam poder beneficiar de uma<br />
educação e formação profissional ao longo da<br />
vida, que os tornasse aptos a corresponder às<br />
exigências do mercado de trabalho.<br />
O principal problema do mercado de trabalho é<br />
a burocracia exigida às empresas, uma<br />
burocracia que lhes atrasa o desenvolvimento.<br />
Eliminar barreiras no sector das PME significa<br />
melhorar a sua competitividade, com um<br />
consequente aumento do número de postos de<br />
trabalho.<br />
A modernização do direito do trabalho devia<br />
basear-se no apoio activo ao mercado de<br />
trabalho e na promoção da criação e mudança de<br />
postos de trabalho, bem como na formação<br />
profissional contínua para o mercado de<br />
trabalho. Tal não devia confundir-se, porém,<br />
com uma política de emprego demasiado<br />
proteccionista, cuja consequência é a<br />
manutenção artificial de postos de trabalho de<br />
que o mercado não tem necessidade e que<br />
enfraquece a posição no mercado das empresas<br />
afectadas.<br />
Uma das principais consequências da<br />
manutenção artificial dos postos de trabalho é a<br />
manutenção de um nível mais elevado de<br />
despesas com o pessoal, ou o atraso do<br />
desenvolvimento dos trabalhadores, por falta de<br />
oportunidades de requalificação e de formação<br />
profissional, ao mesmo tempo que, por outro<br />
lado, a manutenção artificial dos postos de<br />
trabalho conduz, habitualmente, ao<br />
enfraquecimento gradual de uma empresa e à<br />
sua eliminação do mercado.<br />
Logo, é importante promover activamente a<br />
criação de postos de trabalho, em vez de os<br />
proteger a todo o custo.<br />
2-286<br />
Véronique Mathieu (PPE-<strong>DE</strong>), por escrito. -<br />
(FR) Globalização, envelhecimento da<br />
população, aceleração das trocas: outros tantos<br />
desafios a enfrentar amanhã ainda mais do que<br />
hoje.<br />
Nenhum Estado-Membro pode pretender<br />
consegui-lo sozinho, e só uma acção coordenada<br />
com a União Europeia proporcionará o êxito da<br />
política do emprego e da política social. Assim,<br />
congratulo-me com o relatório de iniciativa<br />
sobre a modernização do direito laboral,<br />
necessária para enfrentar os desafios do século<br />
XXI; o seu objectivo é mais que louvável, é<br />
vital.<br />
O trabalho tem de ser revalorizado, o seu<br />
enquadramento legislativo tem de ser adaptado<br />
à sua época, e será necessário permitir trabalhar<br />
àqueles que querem trabalhar, valorizando<br />
formações atraentes, e trabalhar mais a quem<br />
pretender fazê-lo, oferecendo mais flexibilidade<br />
nas negociações empregados-empregadores.<br />
A flexibilidade não significa o fim das regras de<br />
protecção, significa sim que essas regras serão<br />
determinadas por uma livre negociação<br />
adaptada às necessidades de todos, necessidades<br />
essas manifestadas no âmbito de um diálogo<br />
social encorajado.<br />
A França já iniciou esse diálogo com os<br />
parceiros sociais, pelo que é com prazer que<br />
recebo este relatório, que segue o mesmo<br />
caminho das ambições e das acções<br />
empreendidas em França.<br />
2-287<br />
Csaba Őry (PPE-<strong>DE</strong>), por escrito. – (HU)<br />
Considero a iniciativa da Comissão Europeia<br />
um passo oportuno e muito corajoso que veio<br />
abrir o debate sobre a modernização da<br />
legislação laboral. Sou defensor de uma<br />
abordagem matizada e de alterações técnicas<br />
equilibradas. Não considero correcto que<br />
algumas pessoas ponham nos píncaros formas<br />
atípicas de emprego e recomendem aos<br />
legisladores nacionais e europeu que atribuam a<br />
essas formas atípicas um grau de prioridade<br />
superior ao dos contratos de emprego normais<br />
de duração indeterminada. Não posso aceitar<br />
que um contrato atípico deva ser considerado,<br />
só por si, como tendo mais valor só por ser<br />
atípico.<br />
Por outro lado, também não considero correcto<br />
que tentemos utilizar os instrumentos<br />
legislativos, administrativos ou executivos para<br />
obrigar os empresários a fazer um uso mais<br />
vasto dos contratos de trabalho normais. Temos<br />
de reconhecer que, nas circunstâncias que são as<br />
da globalização, as nossas economias são<br />
obrigadas a enfrentar constrangimentos<br />
económicos externos e têm de reagir a esses<br />
constrangimentos no interesse da garantia da<br />
prossecução do seu bom funcionamento.<br />
A nossa abordagem desta difícil questão será<br />
equilibrada, se reconhecermos que tanto as<br />
formas normais como as formas atípicas de<br />
emprego se justificam. Os empresários<br />
deveriam dispor de uma gama mais vasta de
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 226<br />
formas possíveis de contrato, e, face aos<br />
desafios do século XXI, precisamos também de<br />
dar respostas novas a inúmeros problemas<br />
antigos. No domínio do desenvolvimento da<br />
legislação laboral, quer a União Europeia quer<br />
os Estados-Membros têm tarefas muito<br />
importantes a desempenhar.<br />
2-288<br />
Destacamento de trabalhadores (debate)<br />
2-289<br />
Presidente. Segue-se na ordem do dia a<br />
pergunta oral (B6-0132/<strong>2007</strong>) apresentada pelo<br />
deputado Andersson, em nome da Comissão do<br />
Emprego e dos Assuntos Sociais, à Comissão:<br />
Destacamento de trabalhadores.<br />
2-290<br />
Jan Andersson (PSE), relator. – (SV) Creio<br />
que foi Jacques Delors quem disse que o<br />
mercado interno de bens e serviços nunca teria<br />
sucesso sem uma forte dimensão social. Porque<br />
terá dito isto? O que ele quis dizer foi que não<br />
podemos usar as más condições de trabalho, os<br />
baixos salários, etc., para concorrermos entre<br />
nós no mercado interno. E porquê? Porque os<br />
trabalhadores europeus nunca aceitariam essa<br />
política. O debate sobre a flexigurança mostra<br />
também que não podemos usar os baixos<br />
salários e as más condições de trabalho para<br />
concorrer com outros países exteriores à UE.<br />
Nem podemos, portanto, adoptar uma atitude<br />
semelhante dentro da UE.<br />
É nesta perspectiva que devemos ver a directiva<br />
relativa ao destacamento de trabalhadores. Esta<br />
directiva surgiu com o objectivo de garantir<br />
condições de trabalho justas e dignas para os<br />
trabalhadores: condições salariais, horários de<br />
trabalho e outras. Tem-se falado de regras<br />
mínimas mas, se quisermos proceder de acordo<br />
com o parecer do Advogado-Geral no processo<br />
Laval, o que se deve aplicar não são regras<br />
mínimas, mas regras normais. É isto que o<br />
Advogado-Geral diz no seu parecer. Isto é<br />
importante para os trabalhadores. É importante<br />
para que eles tenham condições dignas e é<br />
igualmente importante para as empresas. Se não<br />
tivéssemos estes regulamentos, estaríamos a<br />
beneficiar as empresas que pagam baixos<br />
salários e que têm más condições de trabalho.<br />
Não haveria neutralidade concorrencial – algo<br />
que é importante tanto para os trabalhadores<br />
como para as empresas.<br />
A Comissão produziu uma interpretação. Posso<br />
dizer que há partes com as quais estamos de<br />
acordo, mas há outras de que discordamos.<br />
Permitam-me que comece pelas partes com as<br />
quais concordamos. É preciso um melhor<br />
intercâmbio de informação entre as autoridades<br />
dos vários Estados-Membros. As empresas que<br />
operam noutro país precisam de estar<br />
consideravelmente mais bem informadas das<br />
condições aí existentes. Nesta matéria, há muito<br />
para fazer no futuro.<br />
A Comissão examinou a jurisprudência e, por<br />
vezes, fez interpretações controversas, embora<br />
noutros casos tenha interpretado correctamente.<br />
No que se refere aos cidadãos de países<br />
terceiros, não temos nada a dizer sobre a<br />
interpretação da Comissão mas, em vários<br />
outros casos, temos uma opinião diferente.<br />
Citarei dois exemplos. O primeiro refere-se ao<br />
requisito de um representante. Neste domínio, a<br />
Comissão interpretou por excesso o conceito da<br />
justiça. O processo que existe diz respeito à<br />
obrigatoriedade de o representante ser residente<br />
no país onde tem lugar a actividade. Nós não<br />
fazemos essa exigência. Dito isto, é importante<br />
que os países possam impor exigências a um<br />
representante que não é uma pessoa qualquer,<br />
mas alguém com um mandato efectivo para<br />
representar a empresa. Isto é importante no meu<br />
país, onde temos contratos colectivos, e é<br />
igualmente importante noutros países, na<br />
perspectiva das autoridades e em termos, por<br />
exemplo, das condições do ambiente de<br />
trabalho. Tem de ser possível impor requisitos a<br />
um representante que detém um mandato para<br />
falar em nome da empresa.<br />
A questão seguinte refere-se à documentação<br />
social. Há processos judiciais para os quais a<br />
Comissão remete. Temos, por exemplo, o caso<br />
da Bélgica e da questão de saber se a<br />
documentação deve ser guardada durante cinco<br />
anos. É demasiado tempo, concordo. No<br />
entanto, é necessária documentação que mostre<br />
quem está empregado e a trabalhar e que salário<br />
e horário de trabalho tem. Esta informação é,<br />
sem dúvida, necessária durante o período em<br />
que o trabalho está a ser executado e também<br />
durante um período posterior razoável. Estamos,<br />
naturalmente, conscientes de que existe neste<br />
domínio um certo nível de fraude, pelo que é<br />
necessário aguardar um período razoável depois<br />
de o trabalho ter terminado.<br />
O erro da Comissão foi ter interpretado por<br />
excesso na sua Comunicação. Interpretou por<br />
excesso a jurisprudência. O requisito de um<br />
representante é importante, assim como a<br />
exigência da documentação social. A Comissão<br />
afirma que não podemos pôr em causa qualquer<br />
modelo de mercado de trabalho da <strong>Europa</strong>. Esta<br />
é uma declaração importante, mas é<br />
precisamente isto que está a ser feito quando se
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 227<br />
critica os Estados-Membros que estabeleceram<br />
requisitos em matéria de representantes e de<br />
documentação social. Se não é permitido<br />
estabelecer esses requisitos, é naturalmente<br />
impossível ter um mercado de trabalho<br />
regulado, tal como é impossível manter o nosso<br />
modelo de mercado de trabalho. Estaremos<br />
então a falar de outro modelo e é isso que a<br />
Comissão deve entender. A Alemanha formulou<br />
precisamente as mesmas críticas que os países<br />
nórdicos.<br />
Por último, gostaria de me referir à questão do<br />
equilíbrio. Os países que não exercem qualquer<br />
tipo de controlo devem ser igualmente<br />
criticados. Há países que não têm controlos<br />
suficientes, o que significa que os trabalhadores<br />
talvez trabalhem em condições que não<br />
cumprem os requisitos da directiva relativa ao<br />
destacamento de trabalhadores. Estes países<br />
devem ser objecto de crítica.<br />
2-291<br />
Vladimír Špidla, Membro da Comissão. – (CS)<br />
Senhora Presidente, Senhoras e Senhores<br />
Deputados, a 13 de Junho de <strong>2007</strong> a Comissão<br />
adoptou a comunicação final relativa à<br />
comunicação de 2006, na qual manifestava o<br />
seu pleno apoio ao objectivo dos Estados-<br />
Membros de eliminar as práticas ilegais no<br />
mercado de trabalho. A Comissão reconhece<br />
que as entidades nacionais devem proceder a<br />
verificações adequadas para assegurar que os<br />
prestadores de serviços cumprem as condições<br />
de trabalho estipuladas na legislação nacional.<br />
Todavia, as avaliações realizadas desde 2006<br />
sobre os progressos registados, que a Comissão<br />
levou a efeito com base na informação facultada<br />
pelos Estados-Membros e pelos parceiros<br />
sociais a nível comunitário, indicam que<br />
algumas medidas implementadas em alguns<br />
Estados-Membros são desproporcionadas e<br />
ultrapassam o limite em termos do que é<br />
necessário para assegurar uma protecção<br />
efectiva dos trabalhadores destacados. Como se<br />
referia na comunicação de Junho de <strong>2007</strong>, tudo<br />
indica que esta situação foi resultante da uma<br />
cooperação ineficaz entre as respectivas<br />
entidades nacionais e de um acesso inadequado<br />
à informação.<br />
Nas suas comunicações, a Comissão recorda<br />
que, no que diz respeito à liberdade de<br />
circulação de serviços, consagrada no Tratado<br />
da União Europeia, as normas só podem ser<br />
limitadas por razões de interesse público<br />
primordial, por exemplo a protecção dos<br />
trabalhadores, e que estas razões devem ser<br />
justificáveis. Devemos avaliar caso a caso se as<br />
medidas nacionais particulares podem ser<br />
consideradas justificáveis e adequadas - por<br />
exemplo o requisito de ter um representante que<br />
seja residente no país de acolhimento ou a<br />
obrigação de manter determinada documentação<br />
relativa às condições sociais e laborais no<br />
território de acolhimento para fins de controlo.<br />
A Comissão está a analisar muito atentamente a<br />
situação em cada Estado-Membro para poder<br />
determinar que medidas de controlo podem ser<br />
consideradas injustificáveis e inadequadas.<br />
Sempre que necessário, a Comissão abrirá<br />
processos por incumprimento das obrigações,<br />
para fazer cumprir o direito comunitário.<br />
Saliento ainda que a Comissão está também a<br />
analisar se as medidas adoptadas pelos<br />
diferentes Estados-Membros são adequadas e<br />
efectivas. Caso o não sejam, proceder-se-á da<br />
mesma forma, porque o objectivo é proteger os<br />
trabalhadores de forma eficaz sem entravar o<br />
mercado interno.<br />
A Comissão não tenciona actualmente publicar<br />
mais orientações. A decisão final sobre o<br />
cumprimento das medidas nacionais cumpre ao<br />
Tribunal de Justiça, que já emitiu um conjunto<br />
de decisões, e não à Comissão nem ao<br />
Parlamento.<br />
No que diz respeito à cooperação em matéria de<br />
informação, a Comissão detectou uma melhoria<br />
muito promissora. Todavia, é essencial que se<br />
registem mais melhorias. A Comissão propõe,<br />
por conseguinte, o aumento e o reforço da<br />
cooperação administrativa com os Estados-<br />
Membros, principalmente para associar outras<br />
partes interessadas - em particular os parceiros<br />
sociais - que desempenham um papel<br />
importante no controlo do cumprimento das<br />
normas.<br />
A avaliação do cumprimento das medidas indica<br />
que, apesar de a implementação da directiva não<br />
ter conduzido a muitas queixas formais nem a<br />
processos jurídicos, existem alguns problemas<br />
que requerem uma maior reflexão, como a<br />
eficácia da implementação de sanções<br />
transfronteiras ou a protecção dos trabalhadores<br />
em caso de subcontratação múltipla. A<br />
Comissão gostaria de associar os parceiros<br />
sociais e os Estados-Membros a este trabalho.<br />
Por último, desejo salientar que a comunicação<br />
de Junho de <strong>2007</strong> revela que, em princípio, a<br />
Comissão não tenciona, de forma alguma,<br />
debilitar os vários modelos sociais dos Estados-<br />
Membros nem a forma como os Estados-<br />
Membros organizam os seus sistemas de<br />
relações de legislação de trabalho e de
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 228<br />
negociação colectiva. Cumpre, naturalmente, à<br />
Comissão assegurar que a legislação da<br />
Comunidade Europeia é rigorosamente<br />
cumprida, e nos casos em que foram adoptadas<br />
medidas desadequadas, que não conduzem à<br />
protecção dos trabalhadores mas sim a<br />
restrições à liberdade de prestação de serviços<br />
no mercado interno, a Comissão interveio, como<br />
consagrado no Tratado.<br />
2-292<br />
Philip Bushill-Matthews, em nome do Grupo<br />
PPE-<strong>DE</strong>. – (EN) Senhora Presidente, um dos<br />
desafios suscitados pela elaboração de uma<br />
pergunta oral seguida, de imediato, por uma<br />
resolução, num muito curto espaço de tempo, é<br />
conseguir que esta reflicta totalmente tudo<br />
aquilo que queremos dizer. Penso, nesta<br />
ocasião, como talvez nalgumas outras, que a<br />
própria falta de tempo terá determinado que<br />
nem todos concordássemos com a redacção dos<br />
pormenores da resolução. Não quero com isso<br />
fazer uma crítica aos oponentes políticos do<br />
outro lado do hemiciclo. Trata-se apenas de um<br />
comentário, da enumeração de um facto.<br />
Gostaria de acrescentar – oficiosamente, em<br />
qualquer resposta e consideração que a<br />
Comissão possa dar – a seguinte pergunta. Se a<br />
actual directiva não está a ser correctamente<br />
aplicada na totalidade dos Estados-Membros,<br />
poderá a Comissão tomar, por favor, um pouco<br />
mais de tempo para perceber porquê? Haverá<br />
alguns problemas intrínsecos à directiva?<br />
Suscitará a Directiva ainda alguns problemas<br />
para determinados Estados-Membros? Assim,<br />
em vez de afirmar à força que “é a directiva e é<br />
a directiva e é a directiva, implementem-na sem<br />
demora”, por favor, não será possível escutar<br />
com um pouco mais de atenção, pois estou certo<br />
de que daí poderemos retirar alguma lição. Em<br />
princípio, todos somos favoráveis a uma<br />
directiva nesta área para que exista clareza.<br />
O último comentário que gostaria de tecer parte<br />
certamente deste lado do hemiciclo. Estamos<br />
interessados em facilitar o destacamento de<br />
trabalhadores. Estamos obviamente interessados<br />
na segurança das suas condições de trabalho,<br />
mas estamos igualmente interessados na<br />
promoção da sua mobilidade. Porém, não<br />
estamos interessados em fazer uso destas<br />
questões como um instrumento de<br />
proteccionismo para evitar o destacamento de<br />
trabalhadores.<br />
2-293<br />
Anne Van Lancker, em nome do Grupo PSE. –<br />
(NL) Senhor Presidente, Senhor Comissário,<br />
posso dizer-lhe que é com sentimentos muito<br />
contraditórios que o meu grupo acolhe esta nova<br />
comunicação da Comissão. Por um lado, é<br />
positivo, naturalmente, que a Comissão queira<br />
continuar a concentrar-se na implementação da<br />
Directiva relativa ao destacamento de<br />
trabalhadores, pois, praticamente todas as<br />
semanas, nos são comunicados novos casos de<br />
exploração social de trabalhadores destacados<br />
algures, uma situação que colocou, além disso,<br />
sob forte pressão as nossas condições de<br />
trabalho nos nossos países. Por outro lado,<br />
temos a nítida sensação de que a Comissão não<br />
conseguiu ainda encontrar o equilíbrio correcto<br />
entre a garantia da livre prestação de serviços,<br />
por um lado, e a protecção dos trabalhadores,<br />
por outro.<br />
Como o Senhor Comissário certamente saberá,<br />
as medidas de controlo que os Estados-<br />
Membros tomaram, como a obrigação de manter<br />
documentos no local de trabalho, a imposição<br />
de declarações de destacamento ou a presença<br />
de um representante mandatado, são elementos<br />
essenciais para que se possa proteger as<br />
condições laborais dos trabalhadores<br />
destacados.<br />
Além disso, é mais do que evidente, Senhor<br />
Comissário, que os Estados-Membros só podem<br />
confiar nas suas próprias medidas nacionais,<br />
visto que a imprescindível cooperação<br />
transnacional entre administrações e o acesso à<br />
necessária informação são praticamente<br />
inexistentes, e os mecanismos compulsórios<br />
simplesmente não funcionam. Apesar disso, a<br />
comunicação sugere que todo um conjunto de<br />
medidas dessa natureza não é compatível como<br />
o Direito comunitário, e o senhor ameaça<br />
mesmo instaurar processos de infracção antes<br />
mesmo de terem sido dados os passos<br />
indispensáveis para garantir a circulação da<br />
informação, para permitir que a cooperação<br />
entre os Estados-Membros funcione<br />
verdadeiramente e para criar um sistema de<br />
sanções efectivo.<br />
Escusado será dizer que o meu grupo saúda a<br />
intenção da Comissão de criar um comité<br />
permanente de alto nível para ajudar os Estados-<br />
Membros a melhorar a sua cooperação. No<br />
entanto, Senhor Comissário, a cooperação<br />
administrativa não basta. O que pedimos<br />
também é uma plataforma europeia para a<br />
cooperação transfronteiriça entre os serviços de<br />
inspecção competentes dos Estados-Membros.<br />
Enquanto este aspecto não for resolvido,<br />
continuará a faltar um elemento decisivo para<br />
fazer cumprir a Directiva relativa ao<br />
destacamento de trabalhadores.<br />
2-294
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 229<br />
Anne E. Jensen, em nome do Grupo AL<strong>DE</strong>. –<br />
(DA) Senhora Presidente, Senhor Comissário,<br />
em nome do meu grupo desejo apoiar a<br />
abordagem escolhida pela Comissão<br />
relativamente a esta directiva, nomeadamente de<br />
apostar no fornecimento de melhor informação,<br />
no reforço da cooperação entre os Estados-<br />
Membros e de querer levar os Estados-Membros<br />
perante o Tribunal de Justiça Europeu em caso<br />
de infracção grave.<br />
Infelizmente, temos de reconhecer que numa<br />
UE alargada, onde se verificam diferenças<br />
significativas nos níveis de rendimentos, existe<br />
muita insegurança, incluindo no que diz respeito<br />
a este aspecto. Por um lado, existe o receio de<br />
os trabalhadores destacados para outros<br />
Estados-Membros ficarem sujeitos a condições<br />
de trabalho inferiores às normais no país<br />
anfitrião e que esta situação possa constituir<br />
uma ameaça para a segurança do emprego. Por<br />
outro, continuam a existir muitos obstáculos<br />
burocráticos à livre troca de serviços na UE.<br />
Estes factores constituem um entrave à<br />
concorrência e significam que as pessoas<br />
acabam por desfrutar de serviços de pior<br />
qualidade. A Directiva relativa ao destacamento<br />
dos trabalhadores visa, justamente, alcançar um<br />
equilíbrio adequado entre a liberdade de prestar<br />
serviços transfronteiriços e a manutenção<br />
simultânea da protecção no mercado de trabalho<br />
do país anfitrião. Durante as consultas na<br />
Comissão do Emprego e dos Assuntos Sociais,<br />
foi-nos referido por representantes das entidades<br />
patronais e dos sindicatos que a Directiva<br />
relativa ao destacamento de trabalhadores é, de<br />
facto, suficientemente positiva, mas que é muito<br />
complicada. Em consequência disso, as<br />
entidades patronais e os trabalhadores não<br />
possuem conhecimento suficiente dos seus<br />
direitos e obrigações, uma situação em relação à<br />
qual é necessário intervir. Agir dentro da lei<br />
deve poder ser simples e directo, uma situação<br />
que cabe assegurar através do fornecimento de<br />
informação, a qual deve ser compreensível e<br />
escrita na língua dessas pessoas. As pessoas<br />
também devem ter acesso facilitado a ajuda para<br />
a resolução de eventuais problemas.<br />
A Comissão constatou que os Estados-Membros<br />
nem sempre confiam na informação que é<br />
trocada entre os países, pelo que considero que<br />
seria uma boa ideia agora reforçar a cooperação<br />
entre os Estados-Membros nesta área. Além<br />
disso, a Agência de Dublin para a Segurança e<br />
Saúde no Trabalho deveria tomar uma iniciativa<br />
para a troca de boas práticas, envolvendo dessa<br />
forma tanto os parceiros do mercado do trabalho<br />
como os Estados-Membros num processo<br />
positivo.<br />
Relativamente à questão levantada pelo senhor<br />
deputado Andersson, nomeadamente de se<br />
exigir ao país anfitrião que exista um<br />
representante e a emissão de documentação no<br />
local de trabalho, também penso que é relevante<br />
manter o equilíbrio certo e penso, sinceramente,<br />
que foi justamente este equilíbrio que a<br />
Comissão conseguiu encontrar. É nesta base que<br />
assentam as nossas alterações ao relatório. O<br />
representante não necessita de estar fisicamente<br />
presente no país anfitrião. É um aspecto sobre o<br />
qual estamos de acordo e que gostaria que<br />
ficasse claro.<br />
Relativamente às referências ao caso Laval ou<br />
Waxholm, penso que devemos aguardar a<br />
decisão final antes de nos basearmos neste caso<br />
como orientação relativamente ao estado do<br />
direito.<br />
E com isto concluo as minhas observações.<br />
2-295<br />
Elisabeth Schroedter, em nome do Grupo<br />
Verts/ALE. – (<strong>DE</strong>) Senhora Presidente, o<br />
presente debate constitui também uma<br />
advertência: se esta comunicação é mais uma<br />
tentativa de fazer entrar pela porta das traseiras<br />
os artigos 24º e 25º que foram suprimidos da<br />
versão inicial da directiva relativa aos serviços,<br />
o Parlamento rejeitá-la-á sem ambiguidades. A<br />
directiva relativa ao destacamento de<br />
trabalhadores existe para proteger os<br />
trabalhadores e essa função protectora deve<br />
continuar a ser sacrossanta.<br />
Na directiva relativa ao destacamento de<br />
trabalhadores prevalece o princípio do local<br />
onde a actividade é exercida, o que significa,<br />
entre outras coisas, que todas as medidas<br />
tomadas pelos Estados-Membros que sirvam<br />
para proteger os trabalhadores destacados e os<br />
seus interesses são legítimas e desejáveis. A<br />
directiva é uma lei para um mercado interno<br />
livre dos serviços. Mas esta liberdade não pode<br />
existir a qualquer preço. Não pode ser uma luz<br />
verde ao dumping social.<br />
Estou cansada de ter de decidir em cima do<br />
joelho sobre a possibilidade teórica de se<br />
apresentarem provas de jogo leal no país de<br />
origem do trabalhador num prazo de duas ou<br />
quatro semanas. A situação nos grandes e<br />
pequenos estaleiros de construção por toda a<br />
<strong>Europa</strong> conta-nos uma história diferente. A<br />
impossibilidade de controlar as fichas de<br />
remuneração no local cria possibilidades<br />
acrescidas de arranjos criminosos.
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 230<br />
Seguramente que não querem assumir a<br />
responsabilidade por isto. Saiam e observem os<br />
estaleiros de construção com os vossos próprio<br />
olhos antes de passarem adiante. Vejam como<br />
os trabalhadores são privados de salários justos<br />
e como o dumping social distorce a<br />
concorrência leal. Salário igual para trabalho<br />
igual no mesmo local deve ser o princípio<br />
prevalecente.<br />
2-296<br />
Mary Lou McDonald, em nome do Grupo<br />
GUE/NGL. – (EN) Senhora Presidente, antes de<br />
mais, é preciso que tenhamos presente que a<br />
Directiva relativa ao destacamento de<br />
trabalhadores se prende com os direitos dos<br />
trabalhadores, e que apenas estabelece normas<br />
mínimas em matéria de salários, férias, etc. Sem<br />
a Directiva, os trabalhadores ficam expostos a<br />
todo o tipo de exploração por parte de empresas<br />
de vão de escada ou de um falso emprego por<br />
conta própria, facto que alguns empregadores<br />
não se têm coibido de explorar.<br />
No entanto, parece-me que, com esta ênfase, a<br />
Comissão atribui primazia à eliminação dos<br />
obstáculos à prestação de serviços e ao bom<br />
funcionamento do mercado interno. Considero<br />
que a resolução associada a esta pergunta oral<br />
representa um retrocesso face às posições do<br />
Parlamento, mais recentemente expressas no<br />
relatório Schroedter. O facto é que a Comissão<br />
não aplicou a Directiva e que muitos dos<br />
Estados-Membros ignoram as suas disposições.<br />
Estas falhas não deveriam ser iludidas com<br />
argumentos sobre a proporcionalidade ou o<br />
proteccionismo. Quando o Parlamento aprovou<br />
a Directiva “Serviços”, foi garantido àqueles<br />
que se preocuparam, como nós, com o seu<br />
impacto sobre os direitos dos trabalhadores, que<br />
a aplicação cabal da Directiva relativa ao<br />
Destacamento de Trabalhadores dissiparia as<br />
nossas preocupações. Não foi o que aconteceu, e<br />
a Comissão malogrou na aplicação da Directiva.<br />
Este facto deixa numerosos trabalhadores<br />
desprotegidos, sem as normas mínimas<br />
necessárias para evitar a exploração e o abuso.<br />
2-297<br />
Thomas Mann (PPE-<strong>DE</strong>). – (<strong>DE</strong>) Senhora<br />
Presidente, em 13 de Junho, a DG Emprego<br />
notificou a Comissão de que alguns<br />
Estados-Membros, Alemanha incluída, não<br />
estão, deliberadamente, a aplicar a directiva<br />
relativa ao destacamento de trabalhadores. O<br />
meu país é acusado de efectuar controlos<br />
excessivamente rigorosos, assim forçando a<br />
saída de trabalhadores de outros<br />
Estados-Membros. Até onde pode ir a<br />
provocação? Eu esperava outra atitude de um<br />
Comissário cuja imparcialidade muito tenho<br />
apreciado noutras ocasiões.<br />
Embora a cooperação entre os países de envio e<br />
os países de recepção seja importante, ela não<br />
pode substituir controlos efectivos. O nosso<br />
objectivo comum deve ser garantir a protecção<br />
do trabalhador, impedir o dumping social e<br />
detectar e punir o trabalho ilegal. Mas isto só<br />
pode ser feito se tivermos documentos válidos,<br />
que têm de estar escritos na língua do país de<br />
acolhimento. Devem estar disponíveis para<br />
apresentação os contratos de trabalho, os<br />
cálculos de remuneração e as folhas de<br />
presença. O Procurador-Geral do Tribunal de<br />
Justiça Europeu apoia este ponto de vista,<br />
porque os inspectores terão, obviamente,<br />
problemas consideráveis com documentos que<br />
não estejam escritos na língua do respectivo<br />
país.<br />
Em segundo lugar, para permitir que as<br />
informações sejam devidamente enviadas, o<br />
receptor deve apresentar um endereço na<br />
Alemanha, e não apenas uma caixa postal no<br />
estrangeiro que tenha sido escolhida<br />
precisamente para preservar o anonimato, e<br />
todos são obrigados a designar como<br />
representante oficial alguém que considerem<br />
apropriado. O local de trabalho também pode<br />
ser um endereço. É isto que considero uma<br />
solução justa.<br />
Ameaçar com processos por infracção é um<br />
insulto. Na <strong>Europa</strong>, Senhor Comissário, as<br />
coisas têm de ser feitas correctamente, incluindo<br />
as inspecções. Peço-lhe, Senhor Comissário<br />
Špidla, que mantenha o sentido das proporções<br />
e do equilíbrio que nos habituámos a ver em si.<br />
2-298<br />
Jean Louis Cottigny (PSE). - (FR) Senhora<br />
Presidente, Senhor Comissário, Senhoras e<br />
Senhores Deputados, sou daqueles que pensam<br />
que o destacamento dos trabalhadores constitui<br />
uma oportunidade para a União Europeia e os<br />
seus cidadãos. Uma oportunidade tanto a nível<br />
económico como no que respeita a contribuir<br />
para o reforço da ideia europeia. Os<br />
trabalhadores destacados no território europeu<br />
são antes de mais europeus e devem ser tratados<br />
como tal, o que, em minha opinião, significa<br />
que, para um mesmo emprego no mesmo<br />
território, não deve ser permitida nenhuma<br />
desigualdade.<br />
Um dos problemas suscitados actualmente pela<br />
Directiva 96/71/CE é o de que, devido à falta de<br />
harmonização dos sistemas nacionais em<br />
matéria de direito do trabalho e às disparidades<br />
existentes entre novos e antigos Estados-
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 231<br />
Membros nesta matéria, surge o receio de que<br />
esta directiva venha a permitir arbitrariedades<br />
entre Estados-Membros e favorecer dumping<br />
social. Repito mais uma vez: é pelo alto que a<br />
<strong>Europa</strong> social tem de ser construída, e não<br />
desmantelando os seus acervos sociais, como há<br />
quem deseje aqui. Prova disso são algumas<br />
alterações apresentadas ao relatório relativo à<br />
modernização do direito do trabalho.<br />
Neste domínio, recomendo que não brinquemos<br />
aos alquimistas, pois corremos o risco de nos<br />
vermos a braços com conflitos sociais<br />
incontroláveis. Em minha opinião, para<br />
evitarmos esses escolhos, os Estados-Membros<br />
devem poder continuar a manter um certo<br />
número de restrições, mas também, quando<br />
acolhem trabalhadores destacados, devem poder<br />
impor certas condições. Estou a pensar<br />
nomeadamente que os trabalhadores destacados<br />
devem poder beneficiar, nos países de<br />
acolhimento, de representantes mandatados<br />
independentes. Devem poder fornecer<br />
informações pertinentes relativas ao seu tempo<br />
de trabalho e às condições de segurança e de<br />
saúde relativas a esse trabalho, de forma a que<br />
lhes possa ser garantida uma protecção. Os<br />
trabalhadores assalariados destacados devem<br />
poder proceder a uma declaração prévia, a fim<br />
de permitir aos parceiros sociais dos Estados de<br />
acolhimento, onde os salários são fixados por<br />
negociação colectiva, entrarem em jogo para<br />
negociarem directamente com a empresa de<br />
origem dos trabalhadores destacados.<br />
Mas temos de ir ainda mais longe neste<br />
domínio, prosseguindo reflexões como a da<br />
criação de um salário mínimo europeu. Temos<br />
de possuir uma vontade política de<br />
convergência em direcção a uma base de<br />
direitos sociais comuns no conjunto da União<br />
Europeia. É com tais práticas que enveredamos<br />
por uma <strong>Europa</strong> social, uma <strong>Europa</strong> unida, uma<br />
<strong>Europa</strong> dos trabalhadores que todos desejamos.<br />
2-299<br />
Evelyne Gebhardt (PSE). – (<strong>DE</strong>) Senhor<br />
Presidente, Senhor Comissário, quando<br />
discutimos a directiva relativa aos serviços,<br />
afirmámos muito clara e definitivamente que<br />
esta não deveria, de forma alguma, afectar os<br />
direitos sociais nos Estados-Membros. Foi por<br />
isso que suprimimos os infames artigos 24º e<br />
25º da directiva, para que não fosse possível<br />
explorar lacunas na lei para passar por cima<br />
desses direitos.<br />
Também acordámos que, para eliminar<br />
quaisquer ambiguidades, a directiva relativa ao<br />
destacamento de trabalhadores deveria ser<br />
alterada se suscitasse algum problema. Gostaria<br />
de vos recordar este compromisso, com o qual a<br />
Comissão Europeia também concordou, e de<br />
pedir a renovação desse acordo.<br />
Senhor Comissário, concordo consigo quando<br />
diz que a falta ou a insuficiência de cooperação<br />
entre as autoridades é uma das principais razões<br />
por que estamos a ter estes problemas com a<br />
directiva relativa ao destacamento de<br />
trabalhadores; mas acredita realmente que<br />
eliminar as possibilidades de controlo, a<br />
documentação e tudo o mais que é necessário<br />
para o controlo irá melhorar essa cooperação<br />
insuficiente? Pelo contrário, a falta de<br />
documentação e a pouca cooperação entre<br />
autoridades facilitam o dumping social puro e<br />
simples. Não posso acreditar que seja isto o que<br />
realmente pretende.<br />
Por isso, trabalhemos em conjunto para<br />
melhorar a cooperação administrativa e para<br />
abrir o mercado aos serviços e aos<br />
trabalhadores, com o mais elevado nível de<br />
protecção social. Assim, estaremos a fazer algo<br />
de positivo pela <strong>Europa</strong> e, em vez de uma<br />
abordagem destrutiva aos Estados-Membros,<br />
estaremos a procurar, num espírito positivo,<br />
soluções que verdadeiramente contribuam para<br />
o progresso. É neste sentido que devemos<br />
avançar. Caso contrário, acabaremos por não<br />
chegar onde queremos.<br />
2-300<br />
Proinsias De Rossa (PSE). – (EN) Senhora<br />
Presidente, fiquei desapontado ao ouvir o<br />
Senhor Comissário Špidla dizer-nos, hoje, que<br />
não propõe uma nova comunicação a este<br />
respeito.<br />
Se pretendermos que os trabalhadores circulem<br />
de um Estado-Membro para outro sem<br />
desencadear um nivelamento por baixo, será<br />
necessário garantir que a legislação seja clara,<br />
que existam normas aplicadas da mesma forma<br />
em toda a União Europeia e que as mesmas<br />
sejam cabalmente aplicadas. A Directiva<br />
relativa ao Destacamento de Trabalhadores, na<br />
sua versão actual, não cumpre esses critérios, o<br />
mesmo acontecendo com as orientações que a<br />
Comissão publicou há apenas um ano.<br />
Actualmente, é preciso que a Comissão insista<br />
na retenção dos documentos no Estado-Membro<br />
onde o trabalhador se encontra destacado, e<br />
teremos de insistir num empregador<br />
identificável que assuma a responsabilidade<br />
pelo cumprimento. Ainda assim, isso só será<br />
suficiente se todos os Estados-Membros tiverem<br />
em vigor mecanismos de cumprimento e<br />
sanções graves em caso de violação da<br />
legislação.
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 232<br />
Não há qualquer possibilidade de progresso<br />
relativamente a questões como a flexigurança e<br />
a reforma da legislação laboral se não<br />
abordarmos temas como a segurança dos<br />
trabalhadores nesta área. Na <strong>Europa</strong>, os<br />
trabalhadores não aceitarão uma diminuição dos<br />
seus direitos ou um nivelamento por baixo. Só<br />
será possível aprovar, nesta Assembleia,<br />
legislação que enfraqueça, de alguma forma, os<br />
direitos dos trabalhadores se estes considerarem<br />
existir para si vantagens em evitar uma redução<br />
ao menor denominador comum. Considero<br />
inacreditável a falta de visão que o Conselho e a<br />
Comissão demonstram nesta área; é pura e<br />
simplesmente inexplicável, se efectivamente<br />
pretendem criar uma União Europeia social.<br />
2-301<br />
Vladimír Špidla, Membro da Comissão. – (CS)<br />
Senhoras e Senhores Deputados, gostaria de<br />
deixar claro que a correcta implementação da<br />
directiva relativa ao destacamento de<br />
trabalhadores não é, em circunstância alguma,<br />
uma porta traseira através da qual procuramos<br />
enfraquecer e comprometer a protecção dos<br />
trabalhadores no mercado de trabalho europeu.<br />
Muito pelo contrário, a correcta implementação<br />
da directiva conduzirá à protecção efectiva dos<br />
trabalhadores, o que se reveste da máxima<br />
importância. Não é verdade, de forma alguma,<br />
que a Comissão está a colocar restrições sobre<br />
os poderes de controlo: quero afirmar<br />
categoricamente que qualquer medida que um<br />
Estado-Membro considere necessária, e que seja<br />
proporcionada ao objectivo prosseguido, será,<br />
naturalmente, correcta e aplicável.<br />
Devo também recordar que a decisão sobre esta<br />
directiva não foi tomada numa torre de marfim,<br />
como o não foi a decisão relativa à comunicação<br />
- foi debatida em inúmeras ocasiões no terreno<br />
com os parceiros sociais. Acho que quando está<br />
em causa a implementação da legislação, todos<br />
nós sabemos distinguir entre casos em que a<br />
legislação se torna uma questão de mera<br />
burocracia e não alcança os seus objectivos e,<br />
por outro lado, casos em que alcança objectivos<br />
diferentes e incorrectos. As verificações devem,<br />
por isso, ser exaustivas e efectivas, mas no<br />
âmbito de um método aplicado, dado que a<br />
directiva e a legislação em geral não permitem<br />
tudo. Ou seja, nem tudo será aceitável - só o que<br />
se inserir no quadro da legislação, e que é<br />
efectivo e proporcional.<br />
No que diz respeito a alterar a directiva, como<br />
foi sugerido, gostaria de dizer que o próprio<br />
Parlamento já abordou este tema pelo menos<br />
duas ou três vezes, tal como os parceiros<br />
sociais, e não foi formulada qualquer posição<br />
prevalecente pela qual a directiva poderia ser<br />
reformulada de uma forma substantiva. Pelo<br />
contrário, as posições formuladas foram sempre<br />
a favor de melhorar a cooperação e a<br />
implementação. Gostaria ainda de recordar que<br />
a implementação é da competência dos Estados-<br />
Membros, e é responsabilidade da Comissão<br />
assegurar que a implementação é efectuada no<br />
quadro da legislação comunitária. É também sua<br />
obrigação utilizar os recursos legais à sua<br />
disposição. A este respeito, a Comissão verifica,<br />
naturalmente, qual é a situação nos mercados de<br />
trabalho nos diferentes Estados-Membros e<br />
actua em conformidade, como previsto na<br />
legislação.<br />
É óbvio que é importantíssimo melhorar a<br />
cooperação administrativa. É igualmente<br />
importante melhorar a cooperação entre as<br />
várias entidades de controlo dos Estados-<br />
Membros, e a Comissão envidará e canalizará<br />
os seus esforços nesta direcção. Se ficar<br />
provado em debates subsequentes que se<br />
justifica estender a legislação, este ponto será<br />
suscitado e vivamente debatido. De momento,<br />
nem o debate político preliminar no Parlamento<br />
nem o debate com os parceiros sociais indicam<br />
que seria positivo tomar qualquer nova medida<br />
legislativa neste domínio.<br />
Senhoras e Senhores Deputados, devo salientar,<br />
mais uma vez, que o objectivo da presente<br />
directiva é a protecção efectiva dos<br />
trabalhadores, e todas as medidas de controlo<br />
que contribuam para uma protecção efectiva<br />
serão adequadas. Os Estados-Membros que não<br />
efectuam um controlo efectivo estão a violar a<br />
lei. O controlo em qualquer domínio deve ser,<br />
logicamente, efectuado de uma forma<br />
proporcionada, no sentido jurídico do termo, e<br />
debatemos com muita frequência o significado<br />
do termo proporcionado. O Tribunal de Justiça<br />
do Luxemburgo tem autoridade para dirimir<br />
esses conflitos entre as instituições europeias.<br />
2-302<br />
Presidente. – Para conclusão do debate,<br />
comunico que recebi uma proposta de<br />
resolução, apresentada nos termos do nº 5 do<br />
Artigo <strong>10</strong>8º do Regimento 2 .<br />
Está encerrado o debate.<br />
A votação terá lugar amanhã, 11 de Julho de<br />
<strong>2007</strong>.<br />
2-303<br />
Futura política marítima da União (debate)<br />
2-304<br />
2 Ver acta.
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 233<br />
Presidente. – Segue-se na ordem do dia o<br />
relatório (A6-0235/<strong>2007</strong>) do deputado Piecyk,<br />
em nome da Comissão do Ambiente, da Saúde<br />
Pública e da Segurança Alimentar, sobre a<br />
futura política marítima da União: uma visão<br />
europeia para os oceanos e os mares<br />
(2006/2299(INI))<br />
2-305<br />
Willi Piecyk (PSE), relator. – (<strong>DE</strong>) Senhora<br />
Presidente, Senhor Comissário, Senhoras e<br />
Senhores Deputados, na sua política marítima, o<br />
Parlamento Europeu está a entrar em águas<br />
desconhecidas. Cinco comissões trabalharam<br />
neste relatório e obtiveram resultados<br />
respeitáveis. Gostaria de começar por expressar<br />
os meus sinceros agradecimentos aos meus corelatores,<br />
senhores deputados Hassi, Stevenson,<br />
Chatzimarkakis e Matsis, pela sua colaboração.<br />
Os meus agradecimentos também aos membros<br />
do meu pessoal, senhor Jordan e senhora<br />
Schramm – assim como ao estagiário Jan, que<br />
fez bom trabalho de investigação –, porque sem<br />
eles este relatório teria sido praticamente<br />
impossível de elaborar.<br />
Senhoras e Senhores Deputados, para fazermos<br />
uma ideia da importância da política marítima,<br />
direi que 90% do comércio internacional e 40%<br />
do comércio interno da União Europeia é<br />
transportado por mar. Quarenta por cento do<br />
PIB da <strong>Europa</strong> é gerado nas zonas costeiras.<br />
Cerca de dois terços dos europeus preferem<br />
passar férias junto ao mar, e o turismo costeiro<br />
gerou, em 2004, um rendimento de 72 mil<br />
milhões de euros. Mas turismo costeiro<br />
pressupõe mar limpo. Fica assim evidente a<br />
necessidade – na verdade é uma condição sine<br />
qua non – de a UE não formular apenas, mas<br />
também aplicar, uma política marítima<br />
integrada.<br />
É da Comissão o grande mérito de ter trazido,<br />
com este Livro Verde, a política marítima para a<br />
agenda europeia. No entanto, o documento é<br />
frequentemente vago e descritivo, pouco<br />
específico. Depois de um ano de consultas,<br />
precisamos de menos conferências e mais<br />
medidas, mais acções políticas concretas. Como<br />
disse Goethe: “Trégua às palavras, esses meros<br />
sons vazios, e demos finalmente lugar aos actos,<br />
meus amigos!”<br />
Senhor Comissário, se amanhã aprovarmos o<br />
relatório, a Comissão – e, naturalmente, os<br />
Estados-Membros – terá muito trabalho entre<br />
mãos. O meu pessoal fez os cálculos: o projecto<br />
de relatório contém 80 recomendações à<br />
Comissão e ao Conselho. Se as reunirmos por<br />
assunto, haverá 33 conjuntos de medidas que<br />
esperamos que o Conselho e a Comissão<br />
venham a aplicar no futuro.<br />
Gostaria hoje de me debruçar sobre alguns<br />
domínios importantes, como o transporte<br />
marítimo. Esperamos que o Conselho aprove<br />
sem demora sete medidas legislativas: entre<br />
outras, as relativas à inspecção pelo Estado do<br />
porto, aos atracadouros de emergência e à<br />
responsabilidade civil em caso de acidente – e<br />
todas elas são dirigidas somente à Presidência<br />
portuguesa. Há um anacronismo peculiar no<br />
facto de a <strong>Europa</strong> ainda ver as viagens de<br />
pequeno curso como comércio internacional.<br />
Por esse motivo, a cabotagem tem de ser<br />
finalmente integrada no mercado único. Na<br />
questão das auto-estradas do mar, desde a<br />
adopção das redes transeuropeias, em 2004, não<br />
fizemos o mínimo progresso. A Comissão tem<br />
de designar um coordenador, para ver se as<br />
coisas começam finalmente a mover-se.<br />
A luta contra as alterações climáticas: se bem<br />
que o transporte marítimo, seja o modo mais<br />
compatível com o ambiente, não é<br />
absolutamente limpo, pois contribui com 4%<br />
das emissões de CO2 a nível mundial e produz<br />
grandes volumes de dióxido de enxofre e óxido<br />
de azoto. Estou certo de que as emissões do<br />
transporte marítimo são uma questão que<br />
teremos de enfrentar. Uma questão ainda mais<br />
importante, porém, é a redução drástica das<br />
emissões marítimas e, ao mesmo tempo, a<br />
utilização de fontes de energia renováveis como<br />
a solar e a eólica nos navios. Isto dá também aos<br />
construtores navais europeus e aos seus<br />
fornecedores um grande potencial de<br />
crescimento. Além disso, e está longe de ser o<br />
menos importante, o LeaderSHIP 2015 diz<br />
respeito à futura competitividade de toda a<br />
indústria.<br />
A política marítima em matéria de clima<br />
envolve igualmente o fornecimento de<br />
electricidade da rede de terra pelos navios<br />
atracados nos portos, o que também implica a<br />
aplicação do há muito esperado plano de acção<br />
para a promoção da energia eólica produzida no<br />
mar.<br />
Quanto à questão do emprego: se o sector<br />
marítimo se queixa de que os jovens não<br />
querem entrar nas profissões marítimas, cabe<br />
perguntar em que medida essas profissões foram<br />
activamente promovidas no passado.<br />
Precisamos, pois, de uma campanha de<br />
educação. Mas é também recomendável que os<br />
trabalhadores marítimos não sejam tratados<br />
como trabalhadores de segunda classe.
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 234<br />
Sobre a poluição marítima: <strong>10</strong>0% dos resíduos<br />
dos navios têm de ser removidos nos portos. As<br />
descargas ilegais de petróleo têm de ser<br />
combatidas. Ao mesmo tempo, porém, e uma<br />
vez que 80% da poluição marítima é causada<br />
por resíduos que têm origem em terra,<br />
precisamos de um plano de acção concreto da<br />
Comissão para apoio na resolução deste<br />
problema.<br />
Sobre a questão da investigação marítima:<br />
temos na União Europeia excelentes institutos,<br />
mas não estão ligados entre si. Precisamos,<br />
portanto, de uma organização coordenadora, um<br />
consórcio europeu das ciências marítimas, com<br />
forte apoio da Comissão.<br />
Senhora Presidente, não pretendo ser moralista,<br />
mas é indiscutível que o mar não precisa de nós,<br />
nós é que precisamos dele. Por essa razão,<br />
temos de ter uma política marítima europeia<br />
eficaz e integrada. Vamos, pois, avaliar cada<br />
Presidência do Conselho pelos progressos que<br />
fizer em matéria de política marítima.<br />
(Aplausos)<br />
2-306<br />
Joe Borg, Membro da Comissão. - (EN)<br />
Senhora Presidente, Senhoras e Senhores<br />
Deputados, quando iniciámos este processo, as<br />
palavras “Para uma futura política marítima da<br />
União” compunham uma frase cheia de<br />
potencial e esperança.<br />
Hoje, dois anos volvidos desde o início dos<br />
trabalhos e um ano depois do lançamento do<br />
Livro Verde, já não falamos de possibilidades.<br />
Hoje falamos daquilo que pode tornar-se<br />
realidade. Em 30 de Junho, demos por<br />
concluído o processo de consulta. Milhares de<br />
actores interessados de toda a <strong>Europa</strong><br />
participaram nesse processo, manifestando o seu<br />
apoio esmagador a este projecto. O Parlamento<br />
esteve extremamente activo no período de<br />
tempo que antecedeu este debate. Permitam-me<br />
que manifeste os meus agradecimentos e apreço<br />
ao relator, o senhor deputado Willi Piecyk, pelo<br />
resultado conseguido, por ter coordenado os<br />
fortes interesses das diferentes comissões e por<br />
ter produzido este impressionante relatório.<br />
Gostaria igualmente de agradecer aos relatores<br />
das diferentes comissões que participaram neste<br />
processo o seu inestimável contributo, bem<br />
como a todos os outros deputados que se<br />
mostraram particularmente favoráveis ao<br />
projecto da política marítima. Apraz-nos, em<br />
especial, a natureza holística e intersectorial do<br />
parecer do Parlamento. O consenso espelhado<br />
no relatório constitui uma base positiva para o<br />
futuro funcionamento de uma política marítima<br />
europeia holística e integrada.<br />
O conteúdo do relatório é, com efeito,<br />
impressionantemente vasto, e agradecemos um<br />
tão elevado número de sugestões.<br />
Congratulamo-nos com o facto de o Parlamento<br />
dar ênfase, na esfera dos assuntos marítimos, à<br />
necessidade de progressos rápidos no que<br />
respeita às propostas legislativas que se<br />
encontram actualmente em fase de análise no<br />
Conselho e que dizem respeito à segurança dos<br />
transportes marítimos e à protecção e<br />
preservação do meio marinho. Os objectivos da<br />
nossa futura política marítima exigirão, na<br />
verdade, uma aplicação cabal desta legislação<br />
por parte dos Estados-Membros.<br />
No ante-projecto de orçamento para 2008, a<br />
Comissão solicitou igualmente dotações<br />
destinadas a acções preparatórias com vista a<br />
dar início à concretização de algumas das<br />
acções previstas no âmbito da nova política<br />
marítima, e esperamos que o Parlamento apoie<br />
esse pedido.<br />
Estamos preparados, em particular, para<br />
trabalhar em áreas como a integração dos<br />
sistemas de vigilância das actividades no mar, a<br />
criação de uma rede de informação relacionada<br />
com os mares e oceanos e o intercâmbio de boas<br />
práticas nas indústrias e serviços marítimos,<br />
através da promoção de “clusters” marítimos<br />
em 2008. Estamos convictos de que esses<br />
projectos trarão benefícios substanciais a longo<br />
prazo.<br />
Passando a alguns aspectos específicos<br />
levantados no relatório, permitam-me alguns<br />
comentários de carácter geral. A Comissão<br />
congratula-se com o apelo do Parlamento no<br />
sentido de que a dimensão ambiental seja<br />
claramente reflectida nas propostas que<br />
apresentaremos em Outubro, estando<br />
empenhada em prestar particular atenção às<br />
alterações climáticas. A este respeito, a<br />
Comissão está a analisar os contributos de todos<br />
os actores interessados no que respeita ao<br />
comércio de emissões e à navegação; às fontes<br />
de energia renováveis para os navios, como a<br />
energia eólica e solar, a utilização de<br />
electricidade da rede de terra pelos navios<br />
atracados nos portos e a energia eólica<br />
produzida no mar; ao desmantelamento de<br />
navios, etc. Todos estes serão contributos<br />
positivos no âmbito do combate às alterações<br />
climáticas e de outras considerações ambientais<br />
mais amplas.
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 235<br />
Como tem sido dito em diversas ocasiões, a<br />
estratégia de protecção do meio marinho<br />
continua a ser o cerne da política marítima e<br />
constitui o seu pilar ambiental. Reforçam-se<br />
mutuamente.<br />
A Comissão congratula-se igualmente com o<br />
reconhecimento dado no relatório à importância<br />
dos transportes marítimos para a economia<br />
europeia. Os esforços de simplificação e de<br />
melhoria legislativa continuam a ser uma das<br />
principais prioridades da Comissão. Os<br />
transportes marítimos são um dos modos de<br />
transporte menos prejudiciais para o ambiente.<br />
Tendo isso presente, deverão ser acelerados os<br />
esforços que permitam melhorar ainda mais, de<br />
futuro, essa característica.<br />
Os transportes marítimos são também<br />
importantes muito para além das questões da<br />
sustentabilidade, pois contribuem para uma<br />
maior integração do nosso mercado interno<br />
comum e são cruciais para o comércio externo<br />
da <strong>Europa</strong> nesta era de globalização.<br />
A importância económica dos sectores<br />
marítimos para a União Europeia e o êxito de<br />
um certo número de clusters nacionais e<br />
regionais são sobejamente conhecidos. A<br />
concertação da política marítima da UE tem<br />
posto em evidência o vivo interesse de todas as<br />
partes interessadas no reforço e promoção do<br />
desenvolvimento de clusters marítimos em toda<br />
a União Europeia. A Comissão empenhou-se em<br />
promover as boas práticas e as interligações<br />
entre clusters marítimos, quer em contextos<br />
nacionais, quer regionais, através do<br />
levantamento cartográfico dos clusters<br />
marítimos europeus e da análise do seu<br />
potencial em matéria de cooperação.<br />
Quanto às questões levantadas no relatório a<br />
respeito da investigação e inovação, a Comissão<br />
considera que a excelência no campo da<br />
investigação e das tecnologias marítimas é<br />
essencial para desenvolver de forma sustentável<br />
o vasto potencial dos recursos marinhos.<br />
Constituirá uma base essencial para a<br />
consecução da integração e para o reforço das<br />
sinergias nos vários sectores marítimos. Razão<br />
por que a investigação e tecnologia marítimas<br />
foram reconhecidas como uma prioridade<br />
transversal no Sétimo Programa Quadro em<br />
matéria de Investigação a analisar com<br />
particular atenção.<br />
Reconhecemos a importância do turismo como<br />
motor do desenvolvimento sustentável nas<br />
zonas costeiras e marítimas. Ao mesmo tempo,<br />
o turismo costeiro e marítimo pode ser utilizado<br />
como instrumento de promoção da preservação<br />
das características culturais, históricas e<br />
ambientais do nosso espaço marítimo.<br />
Está prevista, para <strong>2007</strong>, uma comunicação que<br />
fixará uma agenda para o turismo sustentável e<br />
competitivo na <strong>Europa</strong>. Terá como base o<br />
relatório que permitiu recolher as reacções dos<br />
actores europeus no domínio do turismo e<br />
identificará novas iniciativas possíveis a nível<br />
da UE, inclusivamente na área do turismo<br />
costeiro e marítimo, que poderão, assim<br />
esperamos, complementar as iniciativas dos<br />
Estados-Membros.<br />
A Comissão congratula-se com a atitude<br />
positiva manifestada no relatório face à<br />
necessidade de garantir a sustentabilidade no<br />
domínio das pescas. Tomámos uma série de<br />
iniciativas a fim de aumentar o número de zonas<br />
marítimas protegidas e desenvolver políticas a<br />
favor das abordagens de longo prazo em matéria<br />
de gestão das pecas.<br />
Para além disso, a Comissão já apresentou<br />
propostas para a eliminação progressiva das<br />
devoluções de capturas. No contexto do pacote<br />
de Outubro, a Comissão aprovará igualmente<br />
propostas que visam o combate à pesca ilegal,<br />
não-declarada e não-regulamentada, bem como<br />
medidas relativas às práticas de pesca<br />
destrutivas.<br />
Passando aos aspectos sociais, permitam-me<br />
que diga que partilhamos totalmente das<br />
preocupações do Parlamento no que respeita à<br />
escassez de especialistas e profissionais<br />
altamente qualificados que o sector marítimo<br />
enfrenta e que analisaremos com grade interesse<br />
as sugestões feitas no relatório relativamente a<br />
cursos de formação destinados a proporcionar<br />
um vasto conhecimento da gestão baseada nos<br />
ecossistemas das pescas nos mares e oceanos.<br />
Subscrevemos a opinião do Parlamento quanto à<br />
necessidade de revisão da exclusão dos<br />
marítimos das directivas sociais. No que se<br />
refere às normas sociais para os marítimos,<br />
permitam-me que saliente a importância do<br />
trabalho em curso entre os parceiros sociais, no<br />
que respeita à integração no direito comunitário<br />
da Convenção consolidada da OIT sobre as<br />
condições de trabalho dos marítimos.<br />
Um último comentário sobre a governação:<br />
resulta evidente das nossas consultas com os<br />
Estados-Membros e as partes interessadas a<br />
necessidade de uma coordenação mais estreita<br />
entre todas as políticas sectoriais e todos os<br />
níveis da governação se quisermos dispor de
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 236<br />
uma política marítima de sucesso. Por<br />
conseguinte, considero a posição do Parlamento<br />
a este respeito oportuna e relevante. Para além<br />
disso, reconhecemos ser necessário apoiar o<br />
intercâmbio e o fomento das boas práticas no<br />
quadro da política marítima através de<br />
plataformas que favoreçam o intercâmbio de<br />
informações e boas práticas. Para isso,<br />
tencionamos organizar conferências anuais que<br />
reúnam os actores interessados das várias<br />
regiões, dos Estados-Membros e da UE,<br />
incluindo as partes interessadas de todos os<br />
sectores conexos. Este exercício contribuirá<br />
também para aumentar a visibilidade dos<br />
sectores marítimos em geral.<br />
Senhoras e Senhores Deputados, a fim de<br />
aproveitar a dinâmica gerada durante o processo<br />
de consulta, pretendemos apresentar um pacote<br />
ambicioso em matéria de política marítima, em<br />
<strong>10</strong> de Outubro, e submetê-lo a novas consultas<br />
com o Parlamento e o Conselho. Este pacote<br />
traduzirá na realidade a visão de uma nova<br />
política marítima da UE. Incluirá uma<br />
comunicação sobre o processo consultivo, que<br />
mostrará como este foi amplo e abrangente e<br />
colocará em relevo a cooperação estreita e<br />
construtiva que mantivemos com os nossos<br />
interlocutores, e uma segunda comunicação, que<br />
proporá uma política marítima europeia e um<br />
plano de acção nesta matéria. A política terá por<br />
base a realidade marítima da <strong>Europa</strong>, a<br />
importância de uma abordagem integrada das<br />
questões marítimas, a nossa visão e princípios<br />
para essa política. Visará promover e<br />
desenvolver uma utilização sustentável dos<br />
oceanos e dos mares, proporcionar uma elevada<br />
qualidade de vida em todas as regiões,<br />
incrementar a transparência e aumentar a<br />
visibilidade marítima da <strong>Europa</strong>, reforçar o<br />
papel de liderança da <strong>Europa</strong> a nível<br />
internacional neste domínio e, por último mas<br />
não menos importante, procurar dar expressão<br />
ao potencial da <strong>Europa</strong> em matéria de<br />
conhecimento total e inovação nos assuntos<br />
marítimos. O plano de acção dará uma<br />
indicação quando à forma como será aplicada a<br />
nossa política marítima, identificando as acções<br />
e temas para uma proposta.<br />
Para concluir, permitam-me que, uma vez mais,<br />
felicite o Parlamento e os relatores pelo<br />
excelente trabalho que desenvolveram.<br />
Aguardamos com expectativa manter o nosso<br />
diálogo estreito com o Parlamento nos próximos<br />
meses, a fim de lançarmos as bases que<br />
permitirão dotar a <strong>Europa</strong> de uma política<br />
marítima europeia.<br />
2-307<br />
Satu Hassi (Verts/ALE), relatora de parecer<br />
da Comissão do Ambiente, da Saúde Pública e<br />
da Segurança Alimentar. – (FI) Senhora<br />
Presidente, Senhoras e Senhores Deputados,<br />
muito obrigado ao relator, o senhor deputado<br />
Willi Piecyk, pelo excelente trabalho de<br />
cooperação entre as comissões parlamentares,<br />
que tão bem trabalharam umas com as outras. É<br />
importante para nós compreender que a<br />
exploração económica do mar também depende<br />
do facto de o mar estar limpo e da existência de<br />
ecossistemas marinhos saudáveis. Por esta<br />
razão, é importante integrar o ponto de vista<br />
ambiental em todas as decisões que se tomem<br />
sobre o mar.<br />
Por exemplo, a prática da sobrepesca, sem uma<br />
visão a prazo, deu origem à destruição de muitas<br />
unidades populacionais de peixe e é também a<br />
principal razão do declínio da biodiversidade<br />
marinha. As populações de peixe não<br />
conseguem recuperar, a menos que se reduza a<br />
quantidade de poluição no mar a partir de terra e<br />
o volume de produtos químicos industriais e<br />
fertilizantes agrícolas, causadores de<br />
eutrofização. Este aspecto é especialmente<br />
importante em áreas fechadas do mar, tais como<br />
o Báltico. Tal como disse o relator, também é<br />
importante reduzir as emissões da navegação, já<br />
que esta é uma das principais fontes de emissões<br />
que contaminam o ar que respiramos.<br />
As alterações climáticas também não significam<br />
apenas o aumento do nível das águas do mar:<br />
significam igualmente acidificação do mar, o<br />
que terá um impacto drástico em todos os<br />
ecossistemas marinhos.<br />
2-308<br />
Jorgo Chatzimarkakis (AL<strong>DE</strong>), relator de<br />
parecer da Comissão da Indústria, da<br />
Investigação e da Energia. – (<strong>DE</strong>) Senhora<br />
Presidente, antes de mais, gostaria de agradecer<br />
ao relator, que estabeleceu verdadeiramente um<br />
novo patamar na cooperação. Nunca antes<br />
testemunhei uma tão excelente cooperação, e<br />
por isto o felicito .<br />
Gostaria de agradecer à Comissão por ter<br />
produzido este relatório e pela sua abordagem<br />
integrada. É muito oportuno. Como europeus –<br />
e digo isto na perspectiva da Comissão da<br />
Indústria, da Investigação e da Energia – temos<br />
muito para oferecer no domínio da política<br />
marítima. Somos líderes em matéria de clusters<br />
marítimos, somos campeões mundiais com os<br />
nossos estaleiros navais, 40% das frotas<br />
mercantes estão em mãos europeias e cerca de<br />
35% do equipamento marítimo é fornecido pela<br />
UE. Outra coisa em que somos bons é a<br />
investigação. A biotecnologia azul é uma
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 237<br />
tecnologia do futuro para a obtenção de energia<br />
do mar e os resultados da redução das emissões<br />
de CO2 são igualmente bons.<br />
Infelizmente, não falamos a uma só voz. Por<br />
isso, é positivo que tenhamos dado este pontapé<br />
de saída. Esperamos com grande expectativa o<br />
pacote de medidas que quer finalizar, Senhor<br />
Comissário. O mundo olha-nos, porque espera<br />
algo de nós. Esperamos um excelente pacote.<br />
2-309<br />
Struan Stevenson (PPE-<strong>DE</strong>), relator de<br />
parecer da Comissão das Pescas. – (EN)<br />
Senhor Presidente, gostaria de agradecer ao<br />
senhor deputado Willi Piecyk o seu brilhante<br />
relatório e a lição que nos deu sobre o modo<br />
como deve desenrolar-se a cooperação entre<br />
comissões. O objectivo da Comissão das Pescas<br />
era a produção de uma estratégica marítima<br />
destinada a desenvolver a protecção, valorizar o<br />
nosso património marítimo e encorajar a<br />
exploração sustentável dos nossos mares e<br />
oceanos, mas considero que – para corroborar o<br />
que o Senhor Comissário afirmou –, sem<br />
abordarmos de forma eficaz as causas essenciais<br />
das alterações climáticas, toda a política<br />
marítima da UE poderá ficar votada ao fracasso.<br />
A existência de um sector pesqueiro sustentável<br />
ajudará a preencher este critério e, assim sendo,<br />
se a pesca não assumir o lugar que lhe cabe no<br />
cerne da estratégia marítima europeia, então a<br />
resposta às necessidades será dada por produtos<br />
capturados em locais e com o recurso a métodos<br />
sobre os quais não temos qualquer controlo.<br />
A importância desta integração da gestão não<br />
pode ser negligenciada. Traria benefícios para<br />
todos e para o ambiente em geral. O princípio<br />
do “poluidor-pagador” é, actualmente, uma<br />
regra que não é cumprida no sector marítimo da<br />
UE. As empresas que poluem o mar deverão<br />
contribuir para um fundo a nível da UE<br />
vocacionado para o repovoamento das unidades<br />
populacionais e a preservação do ambiente.<br />
O nosso relatório salienta igualmente a<br />
importância da melhoria da imagem do sector<br />
das pescas, exortando a que sejam dedicados<br />
mais recursos à investigação e à educação, com<br />
vista a melhorar os conhecimentos e as<br />
qualificações.<br />
Concordo igualmente com a Comissão que a<br />
rede de zonas marítimas protegidas nas águas da<br />
UE deve ser alargada e instaurado um sistema<br />
de gestão integrada das zonas costeiras, de<br />
molde a garantir que se ponha cobro à<br />
degradação nefasta dos habitats e ao acentuado<br />
declínio da biodiversidade que nos últimos anos<br />
têm, frequentemente, sido um lugar comum.<br />
Aguardo com expectativa a apresentação pela<br />
Comissão, no Outono, do plano de acção.<br />
2-3<strong>10</strong><br />
Yiannakis Matsis (PPE-<strong>DE</strong>), relator de<br />
parecer da Comissão do Desenvolvimento<br />
Regional. – (EL) Senhora Presidente, as minhas<br />
recomendações para a política marítima estão<br />
incluídas no meu parecer, que já foi aprovado<br />
pelas comissões competentes.<br />
No entanto, nenhuma recomendação – e friso<br />
isto na presença do Senhor Comissário – pode<br />
ser bem sucedida se o ambiente não for<br />
protegido, o ambiente que o homem tem vindo a<br />
destruir freneticamente, como o provam<br />
tragicamente os incêndios registados nos países<br />
Mediterrâneo ao longo dos últimos anos e dos<br />
últimos dias.<br />
Todos os planos pressupõem que vamos<br />
conseguir salvar o ambiente e inverter o efeito<br />
de estufa através deste programa de acção,<br />
começando pela criação de uma força de<br />
combate a incêndios, que irá funcionar com<br />
contribuições, meios e dotações conjuntas,<br />
principalmente dos Estados-Membros<br />
interessados, e estará em estado de alerta<br />
durante os meses de Verão.<br />
Se houver vontade, tudo se poderá fazer e os<br />
riscos poderão ser evitados. Caso contrário, as<br />
nossas políticas não passarão do papel. Como<br />
seremos capazes de falar sobre as áreas costeiras<br />
em desenvolvimento quando nessas áreas,<br />
especialmente nos países do Mediterrâneo, nada<br />
mais resta a não ser terra queimada?<br />
(A Presidente retira a palavra ao orador)<br />
2-311<br />
Luís Queiró, em nome do Grupo PPE-<strong>DE</strong>. –<br />
Senhora Presidente e caros colegas, quero, em<br />
primeiro lugar, felicitar Willy Piecyk pelo<br />
excelente trabalho que desenvolveu ao longo<br />
dos últimos meses. Soube ouvir, soube conciliar<br />
perspectivas e, sobretudo, soube defender uma<br />
visão holística e construtiva da estratégia<br />
marítima. Foi também essa visão que defendi<br />
enquanto relator-sombra do PPE.<br />
Fica assim provado que com equilíbrio é<br />
possível desenvolver a economia e salvaguardar<br />
o ambiente e que um olhar fragmentado sobre o<br />
mar e os oceanos é um olhar sem dimensão nem<br />
ambição. O mar, que é por excelência o lugar da<br />
globalização, tem para nós, europeus, uma<br />
importância fulcral. Sabendo que o crescimento
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 238<br />
do comércio mundial irá aumentar o transporte<br />
marítimo e consequentemente desenvolver<br />
várias das economias do mar, é vantajoso<br />
pensarmos a uma escala europeia, mas isso não<br />
significa, a nosso ver, uma política comum<br />
única.<br />
O desejável é uma abordagem estratégica que<br />
tire partido do potencial de cooperação entre os<br />
27 Estados-Membros, uma cooperação que<br />
tenha em conta os custos do combate à<br />
imigração ilegal, à poluição, contra o tráfico de<br />
estupefacientes e o contrabando ou na luta pela<br />
segurança do território europeu, uma<br />
cooperação inteligente a favor do ambiente<br />
marinho, que tanto é do interesse dos<br />
ambientalistas quanto dos que dão prioridade à<br />
economia.<br />
A poluição é uma ameaça à natureza mas é<br />
igualmente um risco para os aproveitamentos<br />
económicos que podemos retirar do mar e dos<br />
oceanos. O equilíbrio há-de ser, pois, a palavrachave.<br />
Nem o fundamentalismo que impede o<br />
desenvolvimento económico, nem a exploração<br />
desordeira e destruidora dos recursos.<br />
Neste sentido é essencial olhar o potencial do<br />
mar e dos oceanos na perspectiva do<br />
investimento na investigação e do<br />
desenvolvimento, preservando igualmente a<br />
tradição. Se queremos modernizar a nossa<br />
economia temos de financiar redes de cientistas,<br />
promover a partilha do conhecimento, ser os<br />
primeiros nas novas economias e nas novas<br />
indústrias, mas também apostar seriamente no<br />
destino turístico das costas europeias, que é um<br />
património de uma riqueza e de uma diversidade<br />
incomparáveis.<br />
Finalizo, Senhora Presidente, com a expectativa<br />
de que seja possível, já a partir de amanhã,<br />
navegar com rumo, ou seja, a caminho da<br />
definição e execução de propostas consequentes<br />
em matéria de política marítima europeia,<br />
intenção aliás que tivemos oportunidade de<br />
ouvir aqui hoje da parte do Sr. Comissário Borg.<br />
2-312<br />
Paulo Casaca, em nome do Grupo PSE. –<br />
Senhora Presidente, Senhor Comissário, caros<br />
relatores, cara relatora, gostaria de vos felicitar<br />
pelo excelente trabalho que realizaram e<br />
permitir-me-ia frisar seis preocupações<br />
fundamentais, a ter em conta na execução da<br />
política europeia para os mares e oceanos: fazer<br />
com que a legislação existente e a criar seja<br />
integrada num quadro único; que a gestão seja<br />
também integrada no contexto de um<br />
planeamento marítimo que tenha em conta todos<br />
os interesses em presença; que seja integrado o<br />
mar na legislação ambiental existente,<br />
cumprindo designadamente convenções<br />
internacionais, como a Convenção OSPAR; que<br />
se ponha em prática uma gestão baseada nos<br />
ecossistemas marinhos; que se promova o<br />
desenvolvimento das comunidades piscatórias<br />
com a mesma aproximação desenvolvida com<br />
sucesso no domínio rural; que se crie um quadro<br />
integrado para o controlo e aplicação dessa<br />
legislação nos mares.<br />
A política marítima europeia não pode repetir os<br />
erros da política comum das pescas, que criou<br />
uma disfunção entre a concepção das políticas e<br />
os seus usufrutuários, por um lado, e os custos<br />
da sua aplicação e do seu controlo, por outro.<br />
Numa região como a dos Açores a aplicação da<br />
Directiva sobre a Estratégia Marinha, por<br />
exemplo, tem custos que podem cifrar-se em<br />
muitos milhões de euros. Nós pensamos que a<br />
<strong>Europa</strong> tem que actuar aqui de forma integrada<br />
também do ponto de vista financeiro.<br />
2-313<br />
Josu Ortuondo Larrea, em nome do Grupo<br />
AL<strong>DE</strong>. – (ES) Senhora Presidente, esta manhã -<br />
uma grande coincidência com este debate sobre<br />
a política marítima - tive oportunidade de ler um<br />
artigo na imprensa no qual se afirmava que os<br />
seres humanos tiveram origem na água, sem a<br />
qual a vida não é possível, e que os seres<br />
humanos adultos são constituídos por 75% de<br />
água.<br />
Além disso, três quartos da superfície terrestre<br />
estão cobertos pela água dos mares e dos<br />
oceanos e que se produz um ciclo constante de<br />
transferência de água dos oceanos para a<br />
atmosfera, desta para a Terra para, finalmente e<br />
através dos rios, de novo para o mar, o que nos<br />
obriga a dedicar toda a nossa atenção à<br />
sustentabilidade do meio marinho, sobretudo<br />
quando há muito que se ligaram todos os<br />
alarmes a nível mundial em relação à<br />
deterioração do ambiente, em geral, e das<br />
alterações climáticas, em particular.<br />
Consideramos que em todos os âmbitos<br />
institucionais - tanto comunitário, como estatal,<br />
regional e local -, bem como no âmbito privado,<br />
devem adoptar-se rapidamente medidas<br />
susceptíveis de melhorar a qualidade das águas.<br />
Neste sentido, desejamos manifestar a nossa<br />
preocupação pelo amplo calendário que figura<br />
na proposta de directiva relativa a uma<br />
estratégia marinha. Pensamos que, à semelhança<br />
de quando falamos da poluição atmosférica e do<br />
buraco da camada de ozono, não dispomos de<br />
muito tempo para poder intervir e inverter a<br />
actual tendência. Se o não fizermos o quanto
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 239<br />
antes, receio que o processo degenerativo será<br />
irreversível.<br />
Por conseguinte, propusemos a adopção com<br />
carácter urgente do calendário de elaboração dos<br />
planos de acção no âmbito da nova estratégia<br />
marinha, tornando-os consentâneos com outros<br />
programas importantes da União, como os<br />
financiados pelo FE<strong>DE</strong>R, pelo Fundo de<br />
Coesão, e também com a política agrícola, na<br />
medida em que também há actividades agrícolas<br />
que são responsáveis por descargas para o mar.<br />
Consideramos igualmente que é necessário<br />
dispor de informação mais precisa sobre a<br />
situação dos mares e oceanos. Preconizamos<br />
uma melhor coordenação e ligação de todos os<br />
institutos europeus de investigação marinha,<br />
promovendo ou uma rede ou um consórcio<br />
europeu e criando uma base de dados marítima<br />
que seja acessível a todos eles.<br />
Devemos melhorar a formação e a informação a<br />
todos os níveis e difundir as melhores práticas<br />
no que diz respeito ao controlo e à poluição. A<br />
este respeito, volto a insistir num aspecto que<br />
tenho vindo a reiterar há anos, a saber, a<br />
necessidade da obrigatoriedade da instalação de<br />
dispositivos nos navios - que já existem - de<br />
controlo de descarga e limpeza de tanques e<br />
porões, à semelhança das caixas negras não<br />
manipuláveis, que constituirão o melhor método<br />
para impedir as descargas deliberadas, apesar de<br />
considerar que isto deve ser complementado<br />
com inspecção e vigilância por satélite.<br />
Não devemos esquecer-nos dos pescadores<br />
profissionais, que constituem um grupo<br />
populacional importante, cujo modo de vida<br />
deve ser salvaguardado para o futuro, evitando<br />
que as regiões costeiras ou insulares fiquem<br />
despovoadas ou sejam invadidas pelo urbanismo<br />
selvagem.<br />
Por último, propugnamos ainda a aplicação ao<br />
sector marítimo do princípio do "poluidor<br />
pagador" e a criação de um fundo comunitário<br />
destinado ao repovoamento e à conservação da<br />
flora e da fauna marinhas, com base nas<br />
contribuições de todas as actividades industriais<br />
energéticas, turísticas, recreativas e de todo o<br />
tipo que poluem os nossos mares.<br />
2-314<br />
Ian Hudghton, em nome do Grupo Verts/ALE.<br />
– (EN) Senhora Presidente, a UE possui<br />
aproximadamente 65 000 quilómetros de costa.<br />
A Escócia possui um sexto dessa extensão e 95<br />
ilhas habitadas. Temos claramente muito a<br />
oferecer e muito a ganhar com uma estratégia<br />
marítima da UE que ajude a apoiar e<br />
desenvolver as nossas comunidades costeiras. A<br />
Escócia é rica em energia, possuindo reservas<br />
de petróleo e gás e potencial para a produção de<br />
energia eólica no mar e de energia das ondas. A<br />
Escócia está bem colocada para desenvolver<br />
mais os principais equipamentos de transportes<br />
marítimos. A Escócia possui excelentes<br />
instalações de investigação marinha que podem<br />
contribuir para uma melhor compreensão das<br />
questões ambientais do meio marinho e, apesar<br />
da PCP, continua a ser responsável por uma<br />
elevada percentagem do sector pesqueiro da UE.<br />
A ideia de uma estratégia marítima europeia é<br />
de louvar, mas não deverá indiciar uma<br />
mudança no sentido de que as águas da UE<br />
passem a ser vistas como um recurso comum<br />
sem uma ligação particular às diferentes nações<br />
marítimas. É preciso que a UE actue apenas<br />
onde as nossas nações marítimas careçam de<br />
acção ou apoio para o seu próprio planeamento<br />
estratégico. É preciso que aprendamos com as<br />
lições da PCP e com o seu malogro.<br />
2-315<br />
Georgios Toussas, em nome do Grupo<br />
GUE/NGL. – (EL) Por um lado, os lucros<br />
astronómicos dos armadores e dos grupos de<br />
empresas monopolistas que desenvolvem a sua<br />
actividade no sector da navegação e, por outro,<br />
a intensificação do trabalho, a substituição em<br />
massa dos marítimos dos Estados-Membros por<br />
mão-de-obra barata que recebe salários de<br />
miséria não superiores a 515 dólares mensais e<br />
os importantes crimes marítimos, como os casos<br />
do Erika, do Prestige, do Sea Diamond e outros,<br />
que provocam catástrofes ecológicas de grandes<br />
dimensões e um veemente protesto da opinião<br />
pública internacional são exemplos claros da<br />
política marítima antilaboral da União Europeia.<br />
É hipócrita o interesse manifestado pelos<br />
armadores, pela Comissão Europeia e pelos<br />
governos e é infundado o seu argumento de que<br />
não há marítimos suficientes e que querem atrair<br />
os marítimos dos Estados-Membros para a<br />
navegação, quando eles próprios se juntam para<br />
despedir em massa os marítimos europeus que<br />
trabalham nos navios, reduzindo constantemente<br />
a composição operacional dos mesmos e<br />
substituindo-os, ao mesmo tempo, por<br />
marítimos mais baratos de países terceiros,<br />
provocando assim um aumento da taxa de<br />
desemprego no sector.<br />
O impacto adverso desta política antilaboral é<br />
enorme para os trabalhadores que vivem nas<br />
regiões insulares remotas da Grécia e de outros<br />
países.<br />
2-316
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 240<br />
Johannes Blokland, em nome do Grupo<br />
IND/<strong>DE</strong>M. – (NL) Senhor Presidente, a<br />
importância dos oceanos é conhecida.<br />
Proporcionam-nos vida, alimento e prazer. É<br />
vital, portanto, que nos empenhemos em<br />
garantir uma boa gestão destes oceanos, um<br />
aspecto a que o relatório do senhor deputado<br />
Piecyk consagrou uma atenção exaustiva. Essa<br />
boa gestão requer uma abordagem equilibrada<br />
em que os aspectos ecológicos e económicos<br />
sejam ponderados a nível mundial, europeu e<br />
nacional. Deste modo, poderemos continuar a<br />
colher os seus benefícios no futuro.<br />
Gostaria de fazer uma observação relacionada<br />
com o desenvolvimento dos portos. Para que<br />
possam dar um contributo vital para a<br />
prosperidade dos cidadãos, é importante que os<br />
portos desenvolvam os seus potenciais de<br />
acordo com os requisitos prévios estabelecidos.<br />
Em minha opinião, a <strong>Europa</strong> deveria abster-se<br />
de influenciar esse desenvolvimento, tanto em<br />
termos de espaço como em termos económicos.<br />
Os Estados-Membros são responsáveis pela<br />
configuração dos seus portos, cabendo ao<br />
mercado assegurar o tratamento eficiente dos<br />
fluxos de carga. A fim de dar maior visibilidade<br />
a este aspecto no texto, apresentei um conjunto<br />
de alterações que eu espero que mereça o vosso<br />
apoio.<br />
2-317<br />
Jim Allister (não-inscrito). – (EN) Senhora<br />
Presidente, no pacote marítimo, é muito aquilo<br />
que pode parecer plausível, porém, o receio que<br />
me inspira uma política marítima da UE é que a<br />
mesma possa ser utilizada pela Comissão para<br />
conseguir poderes de controlo sobre todas as<br />
facetas da vida, os acontecimentos e as<br />
actividades no mar. Tendo em conta o desastre<br />
completo que as actuais competências da UE em<br />
matéria de política das pescas, ao abrigo de uma<br />
PCP injusta, tem representado para o Reino<br />
Unido, é escassa a minha confiança de que algo<br />
de mais positivo possa resultar se se entregarem<br />
todas as questões marítimas nas mãos da UE.<br />
Daí resultariam, receio, uma regulamentação<br />
excessiva, controlos sufocantes e directivas<br />
estúpidas. Na verdade, mesmo no que se refere<br />
às pescas, o que leio neste relatório é uma<br />
receita para atirar um maior número de<br />
pescadores para o desemprego, a pretexto de se<br />
restringir ainda mais o esforço de pesca ao<br />
abrigo do chamado “princípio da precaução”.<br />
2-318<br />
Corien Wortmann-Kool (PPE-<strong>DE</strong>). – (NL)<br />
Senhor Presidente, o mar é uma grande riqueza<br />
com enormes recursos, que nós devemos tratar<br />
com o devido cuidado. É por isso que a<br />
abordagem integrada deste Livro Verde é tão<br />
importante. No entanto, esta abordagem tem de<br />
ser prática e eficaz para que não erremos o alvo.<br />
Concordo com o relator quando diz que os<br />
cuidados com o ambiente e a sustentabilidade<br />
são factores importantes. Gostaria também de o<br />
felicitar pelo seu relatório, mas devo dizer que<br />
este foi um processo muito difícil em virtude do<br />
procedimento de cooperação reforçada. Isso fez<br />
com que tenhamos agora um extenso<br />
documento com 147 pontos. Um aspecto que<br />
penso ser relevante e que deploro é o facto de a<br />
importância do transporte marítimo ter sido, em<br />
certa medida, relegada para segundo plano por<br />
novas medidas. Isto é lamentável, sobretudo se<br />
tivermos em conta a enorme importância de que<br />
o transporte marítimo se reveste para a<br />
sustentabilidade.<br />
Já dispomos de uma imensa quantidade de<br />
regras e de regulamentos relacionados com a<br />
segurança ou com modos de transporte amigos<br />
do ambiente, mas a sua transposição e aplicação<br />
pelos Estados-Membros deixa ainda muito a<br />
desejar. Gostaria realmente de exortar a<br />
Comissão a transformar a implementação e a<br />
aplicação da legislação existente numa<br />
verdadeira prioridade. A União Europeia<br />
deveria ter também mais poderes de<br />
coordenação e, se necessário, poder impor o<br />
cumprimento dessas disposições. Em finais de<br />
2006, a Comissão deveria ter apresentado um<br />
estudo sobre a viabilidade de uma guarda<br />
costeira europeia. Estamos agora em meados de<br />
<strong>2007</strong> e ainda nada vimos, infelizmente. Gostaria<br />
efectivamente de exortar a Comissão a<br />
empenhar-se neste assunto com a necessária<br />
urgência.<br />
A Comissão deveria chamar a atenção dos<br />
Estados-Membros para a importância de um<br />
bom ordenamento do território e de uma boa<br />
gestão das zonas costeiras. No entanto, deverão<br />
ser os Estados-Membros em questão a assumir a<br />
responsabilidade por isso. As autoridades<br />
políticas locais, regionais e nacionais também se<br />
sentem responsáveis pela sustentabilidade e pela<br />
preservação dessas zonas costeiras, e<br />
precisamente quando de trata de uma questão<br />
território, deve ser, quanto a mim, aplicado o<br />
princípio da subsidiariedade.<br />
2-319<br />
Robert Navarro (PSE). - (FR) Senhora<br />
Presidente, quero antes de mais agradecer a<br />
Willi Piecyk o impressionante trabalho de<br />
síntese que realizou. No cômputo geral, trata-se<br />
de um relatório completo, equilibrado e que<br />
toma devidamente em consideração a dimensão<br />
económica, ambiental e social desta futura<br />
política marítima. Em matéria social, salienta a
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 241<br />
importância da formação profissional e das<br />
perspectivas de carreira, assim como da<br />
imperiosa necessidade para os Estados-<br />
Membros da União de assinarem e ratificarem<br />
rapidamente as convenções da OIT relativas ao<br />
trabalho marítimo. Tal exigência é essencial se<br />
queremos que o saber-fazer europeu neste<br />
domínio não desapareça. Quanto ao resto, a bola<br />
está agora no campo da Comissão e dos<br />
Estados-Membros.<br />
Quanto a estes últimos, a reforma do orçamento<br />
da União a partir de 2008 deverá fornecer-lhes a<br />
oportunidade de mostrarem que levam estas<br />
questões a sério. Quanto à Comissão, terá por<br />
missão a coordenação dessa política marítima.<br />
Trata-se de um estaleiro imenso, onde a<br />
ausência de uma orientação sólida poderia<br />
conduzir ao caos muito rapidamente. Eis a razão<br />
por que penso que a ideia de um Comissário<br />
responsável pela política marítima, que<br />
disponha de um mandato suficiente para arbitrar<br />
quando tal se impuser, merece ser analisada.<br />
Evidentemente que solidez não significa rigidez.<br />
Assim, para conferir a necessária flexibilidade à<br />
concretização das iniciativas que serão<br />
decididas no âmbito dessa futura política<br />
marítima, creio que seria pertinente garantir a<br />
clara participação das regiões.<br />
2-320<br />
Anne E. Jensen (AL<strong>DE</strong>). – (DA) Senhora<br />
Presidente, gostaria de salientar dois aspectos, o<br />
primeiro diz respeito ao Mar Báltico e o<br />
segundo ao desenvolvimento dos portos na UE.<br />
Em nenhum outro aspecto se faz sentir de forma<br />
mais clara a necessidade da existência de<br />
melhor trabalho de equipa entre a UE, os<br />
governos nacionais e as autoridades regionais e<br />
locais do que no caso específico do Mar Báltico.<br />
Necessitamos de uma estratégia coordenada<br />
mais de perto, para salvar o ambiente e as<br />
pescas e conseguir um desenvolvimento eficaz e<br />
sustentável dos transportes marítimos em<br />
cooperação construtiva com os transportes<br />
rodoviários.<br />
O Mar Báltico é um dos mares mais poluídos de<br />
todo o mundo e a Comissão deveria,<br />
consequentemente, desenvolver uma estratégia<br />
comunitária própria para esta região. No que diz<br />
respeito aos portos, será necessário, para<br />
desenvolver os transportes marítimos, apostar<br />
na construção e expansão dos portos e das áreas<br />
portuárias e na ligação dos portos às redes<br />
ferroviárias e rodoviárias. A nova estratégia<br />
comunitária deveria, consequentemente, incluir<br />
uma estratégia para os portos que permita<br />
desenvolver estes últimos de acordo com a<br />
evolução e com a procura do mercado. Temos<br />
de assegurar que a restante legislação<br />
comunitária e a interpretação da mesma não<br />
impeçam o desenvolvimento dos portos.<br />
2-321<br />
Marian-Jean Marinescu (PPE-<strong>DE</strong>). –<br />
Aderarea României şi a Bulgariei a adus Marea<br />
Neagră la graniţa Uniunii Europene, creând<br />
astfel oportunitatea dezvoltării unei politici<br />
maritime care să cuprindă toate mările şi<br />
oceanele ce înconjoară <strong>Europa</strong>.<br />
Marea Neagră şi Marea Mediterană reprezintă<br />
două zone de maximă importanţă pentru politica<br />
de vecinătate a Uniunii. Dezvoltarea portuară,<br />
comerţul, industria costieră, cercetarea,<br />
pescuitul şi turismul sunt elemente integrate atât<br />
politicii de vecinătate cât şi celei maritime.<br />
Reţelele de transport maritim, politicile<br />
regionale de mediu şi canalele de transport<br />
pentru resurse energetice sunt, de asemenea,<br />
incluse în planurile de acţiune ale ambelor<br />
politici. Politica maritimă europeană va veni în<br />
sprijinul politicii de vecinătate, catalizând şi<br />
complementând acţiunile acesteia.<br />
Politica maritimă trebuie să iniţieze şi să aplice<br />
măsuri în cadrul subiectelor menţionate pentru<br />
asigura o dezvoltare convergentă atât a statelor<br />
membre cât şi a statelor riverane incluse în<br />
politica de vecinătate. O politică maritimă<br />
europeană viabilă trebuie să asigure cooperarea<br />
între statele vecine şi între acestea şi Uniune, şi<br />
să aibă capacitatea de a dirija problematicele din<br />
cadrul structurilor regionale a căror activitate sa<br />
dovedit utilă până în prezent. O dovadă în<br />
acest sens este şi asumarea de către Uniunea<br />
Europeană a statutului de observator în cadrul<br />
BS.<br />
Elaborarea unei politici maritime trebuie să aibă<br />
în vedere specificul fiecărei zone, ca de exemplu<br />
problema traficului de orice natură şi<br />
optimizarea tranzitului de produse energetice în<br />
cazul Mării Negre sau fenomenul migraţiei în<br />
cazul Mării Mediterane.<br />
Acţiunile deja preconizate de către Comisie,<br />
precum comunicarea referitoare la sinergia<br />
Mării Negre trebuie sa reprezinte puncte de<br />
referinţă în consolidarea viitoarei politici<br />
maritime comune europene. Marea nu este o<br />
barieră ci o punte de legătură pentru<br />
consolidarea căreia trebuie făcut un efort comun<br />
de cunoaştere reciprocă şi solidaritate cu<br />
posibilităţi reale de implicare europeană în<br />
procesele de democratizare şi de dezvoltare ale<br />
statelor riverane.<br />
2-322<br />
Matthias Groote (PSE). – (<strong>DE</strong>) Senhora<br />
Presidente, Senhoras e Senhores Deputados,<br />
gostaria de começar por agradecer ao relator, o
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 242<br />
senhor deputado Piecyk, pelo excelente trabalho<br />
que realizou no seu relatório.<br />
Nesta minha intervenção, gostaria de abordar<br />
resumidamente dois pontos. O primeiro é<br />
relativo à energia, da qual o mar é uma fonte<br />
infinita. Deve ser feita uma referência especial à<br />
energia eólica neste contexto, porque tem um<br />
grande potencial, que tem de ser aproveitado.<br />
Como é possível aproveitá-lo? A <strong>Europa</strong><br />
necessita de fortes sistemas de incentivos que<br />
induzam os investidores a assumirem o risco de<br />
investir em energia eólica produzida no mar. É<br />
necessária coordenação para criarmos estas<br />
condições e é por isso que me congratulo<br />
explicitamente com o pedido do relatório para<br />
que a Comissão apresente um plano de acção<br />
para o desenvolvimento da energia eólica. Este<br />
plano de acção para a energia eólica irá também<br />
permitir-nos cumprir o objectivo, estabelecido<br />
na Cimeira da Primavera, de cobrir 20% das<br />
nossas necessidades de energia primária com<br />
energias renováveis até 2020.<br />
Congratulo-me igualmente com o facto de o<br />
relatório prever a instalação de uma<br />
infra-estrutura de rede inteligente. Será esta a<br />
única forma de atingirmos a meta proposta no<br />
relatório dos 50 GW de energia instalada<br />
produzida no mar até 2020.<br />
O segundo ponto refere-se às alterações<br />
climáticas e ao transporte marítimo. As<br />
alterações climáticas terão um impacto<br />
considerável nos mares e oceanos e, portanto, os<br />
modos de transporte por via aquática devem<br />
também ser incluídos no sistema de comércio de<br />
emissões. O processo legislativo para incluir o<br />
transporte aéreo encontra-se em primeira leitura<br />
no Parlamento. Uma vez que o transporte<br />
marítimo gera muito mais emissões de gases<br />
com efeito de estufa do que o transporte aéreo,<br />
apoio o pedido do relator de inclusão do<br />
transporte marítimo no sistema de comércio de<br />
emissões.<br />
2-323<br />
Francesco Musotto (PPE-<strong>DE</strong>). – (IT) Senhora<br />
Presidente, Senhor Comissário Joe Borg,<br />
Senhoras e Senhores Deputados, é a primeira<br />
vez que o Parlamento se debruça sobre o<br />
sistema dos mares, dos oceanos, das zonas<br />
costeiras e das ilhas da <strong>Europa</strong> de uma<br />
perspectiva global. Estamos a falar de um<br />
extraordinário tesouro da <strong>Europa</strong>, já que conta<br />
com, aproximadamente, 68 000 quilómetros de<br />
costa no seu território, o dobro da extensão<br />
costeira dos Estados Unidos e o triplo da<br />
extensão costeira da Rússia. No passado essa<br />
dimensão e os problemas que dela decorrem<br />
foram esquecidos. O presente Livro Verde<br />
representa um marco na construção da nova<br />
política marítima baseada neste incalculável<br />
activo, que oferece possibilidades únicas e<br />
inexploradas.<br />
Neste contexto, o relatório Piecyk - pelo qual<br />
saúdo o meu distinto colega - traz um contributo<br />
significativo: apoio, em especial, a atenção<br />
prestada aos aspectos ambientais. Na verdade,<br />
as nossas costas são zonas muito vulneráveis e<br />
acusam de forma particularmente evidente os<br />
efeitos das alterações climáticas e da exploração<br />
intensiva de recursos. Tendo em conta esse<br />
facto, há que adoptar abordagens baseadas na<br />
protecção e no respeito, para assegurarmos que<br />
o mar continua a constituir recurso fiável para<br />
as pessoas que vivem nas regiões costeiras. Na<br />
minha opinião, há que completar o relatório<br />
Piecyk com mais propostas, a apresentar sob a<br />
forma de alterações, que permitam tornar mais<br />
claro o âmbito de tão importante iniciativa.<br />
Acima de tudo, uma política marítima europeia,<br />
tal como qualquer outra política, deve ser<br />
dotada dos recursos necessários. Por<br />
conseguinte, convém que as negociações sobre<br />
o próximo quadro financeiro tenham em<br />
consideração os objectivos identificados no<br />
Livro Verde sobre os oceanos e os mares. Da<br />
mesma forma, é aconselhável que o Comissário<br />
responsável pela política marítima mantenha<br />
essa competência, não se restringindo a sua<br />
pasta apenas a questões relacionadas com as<br />
pescas.<br />
Finalmente, conviria prestar especial atenção às<br />
ilhas que, pela sua atractividade e características<br />
naturais, constituem um bem valioso em termos<br />
de sustentabilidade e de competitividade da<br />
política marítima europeia.<br />
2-324<br />
Riitta Myller (PSE). – (FI) Senhora Presidente,<br />
o mar está a ser ameaçado por actividades<br />
humanas, quer em terra, quer no mar. A maior<br />
parte do dióxido de carbono que aquece e a<br />
acidifica as águas marinhas provém de terra,<br />
mas há uma parte cada vez maior que é<br />
produzida pelos próprios transportes marítimos,<br />
e a situação agrava-se. Há que fazer algo para<br />
enfrentar estes dois problemas.<br />
O tráfego marítimo tem de ser incluído nos<br />
acordos internacionais sobre o clima e o<br />
comércio de emissões. O aquecimento das águas<br />
marinhas como resultado das alterações<br />
climáticas terá consequências inauditas para os<br />
ecossistemas em todo o planeta. Afinal, mais de<br />
80% do aumento do aquecimento do sistema<br />
climático está nos mares.
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 243<br />
Desde 1961, o aquecimento dos oceanos<br />
estendeu-se a uma profundidade de 3 000<br />
metros. Este fenómeno está a alterar a ecologia<br />
marinha e a diversidade ecológica dos mares.<br />
Algumas espécies, tais como os corais, estão<br />
ameaçadas de extinção, enquanto outras, as<br />
chamadas espécies invasivas alóctones, estão a<br />
tornar-se demasiadamente abundantes.<br />
O Báltico é o mar mais vulnerável do mundo.<br />
Temos de estar preparados para evitar os<br />
perigos causados pelo aumento do tráfego<br />
marítimo, tais como os transportes de petróleo, e<br />
a navegação deve ser tão segura quanto<br />
possível. Deve haver sistemas de alerta rápido e<br />
de controlo operacionais em toda a parte.<br />
2-325<br />
David Casa (PPE-<strong>DE</strong>). – (MT) Muito<br />
obrigado, Senhora Presidente. A <strong>Europa</strong> está,<br />
presentemente, a concentrar-se numa nova visão<br />
para os nossos mares, que, sem dúvida, têm um<br />
grande potencial. Todos certamente<br />
concordamos que o mar é de importância vital<br />
para a União Europeia e que, ao longo dos anos,<br />
se tornou um tema muito importante do debate<br />
político. É sabido que este tipo de discussão é<br />
essencial, se quisermos adoptar uma abordagem<br />
mais holística dos mares.<br />
Os Comissários responsáveis pelas políticas<br />
relacionadas com o mar, em especial o<br />
Comissário maltês, Senhor Comissário Joe<br />
Borg, elaboraram um documento sobre o futuro<br />
da política marítima da União. A publicação<br />
desse Livro Verde deu origem a amplas<br />
consultas sobre as perspectivas de uma política<br />
marítima de sucesso, que foi adoptada pela<br />
Comissão. O objectivo era chegar a acordo<br />
sobre o modo de pôr em prática políticas<br />
marítimas, mantendo, ao mesmo tempo, uma<br />
sinergia constante entre os diferentes sectores.<br />
Esta nova política marítima vai ajudar a<br />
melhorar o nível de vida dos países costeiros,<br />
repercutindo a política de desenvolvimento<br />
regional. Uma política deste tipo não só<br />
aumentará a concorrência como também<br />
protegerá o ambiente, dando ainda resposta a<br />
desafios como o da imigração e o das alterações<br />
climáticas. Temos a capacidade de assegurar<br />
que esses desafios sejam enfrentados com êxito,<br />
e, na verdade, é nosso dever fazê-lo.<br />
As expectativas são grandes, mas não podemos<br />
esquecer que as oportunidades para aceitar esses<br />
desafios são igualmente significativas. Gostaria<br />
de apelar a todos os europeus para que<br />
aproveitem essas oportunidades. Gostaria de<br />
concluir afirmando que a cooperação a nível<br />
europeu é claramente necessária para<br />
avançarmos. O futuro da <strong>Europa</strong> depende dos<br />
nossos mares. Isto exige um novo nível de<br />
cooperação, e penso que só poderemos<br />
beneficiar com essa cooperação. Muito<br />
obrigado.<br />
2-326<br />
Jamila Madeira (PSE). – Senhora Presidente,<br />
caros colegas, caro camarada Piecyk, muito<br />
obrigada pelo seu relatório. Como refere no seu<br />
relatório, as políticas sectoriais e isoladas que<br />
temos actualmente não respondem aos desafios<br />
que este novo século implica ao nível de uma<br />
política de mares e temos que dotar a União<br />
Europeia de uma visão integrada que, de forma<br />
horizontal e global, apresente soluções.<br />
Soluções para o desenvolvimento da qualidade<br />
de vida nas zonas costeiras, para a criação de<br />
estruturas e desenvolvimento do sector do<br />
transporte, para a preservação do fundo dos<br />
mares e dos recursos marinhos, para a criação<br />
de parcerias e centros de excelência que visem<br />
uma gestão sustentada dos oceanos e dos mares<br />
na União a 27. Os mares devem ser protegidos e<br />
enaltecidos de forma comum, partilhada, no<br />
sentido de fomentarmos e assegurarmos um<br />
turismo sustentável, uma política de pescas<br />
equilibrada, um sector de transportes marítimos<br />
mais amigo do ambiente, uma preservação<br />
consciente e eficaz deste elemento essencial que<br />
é o mar.<br />
As alterações climáticas, a poluição, a pressão<br />
urbanística nas zonas costeiras, a falta de<br />
tratamento de águas que desaguam nos nossos<br />
mares são tudo matérias que devem receber a<br />
nossa particular atenção, estudo e preocupação<br />
comum, de forma a assegurar a manutenção de<br />
um ecossistema marinho saudável. Essencial é<br />
aliar estas preocupações à inovação e aos novos<br />
recursos energéticos que podemos retirar dos<br />
mares com uma energia proveniente das ondas e<br />
à criação de centros de excelência que se<br />
dediquem ao estudo dos oceanos.<br />
Para tal é preciso aproximar o mar, a cultura do<br />
mar e a educação sobre o mar dos cidadãos<br />
europeus, aproximá-los das suas origens, é<br />
preciso envolver as regiões insulares que por<br />
natureza estão ligados aos mares, mas é urgente<br />
trabalhar para a coesão dos factores marítimos<br />
na realidade das regiões europeias continentais<br />
costeiras, por excelência e tradição...<br />
(O Presidente tira a palavra à oradora)<br />
2-327<br />
Margie Sudre (PPE-<strong>DE</strong>). - (FR) Senhora<br />
Presidente, Senhor Comissário, as regiões<br />
ultraperiféricas são citadas repetidas vezes no<br />
Livro Verde, mas continuam largamente<br />
subestimadas na reflexão global conduzida
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 244<br />
sobre uma abordagem integrada da política<br />
marítima, apesar da sua situação geográfica no<br />
Oceano Índico, no Atlântico e no Mar das<br />
Caraíbas, e apesar do facto de essas regiões<br />
serem das mais implicadas na questão da gestão<br />
sustentável dos mares, dos oceanos e das zonas<br />
costeiras. Assim, a criação de uma rede de<br />
investigação sobre a biodiversidade marinha<br />
tropical, o Netbiome, projecto financiado ao<br />
abrigo do sexto PQRD e que agrupa as sete<br />
RUP e alguns PTU, constitui um avanço<br />
importante no domínio da gestão marinha<br />
sustentável e da investigação e do<br />
desenvolvimento no meio marinho tropical.<br />
As RUP são confrontadas com imprevistos<br />
como os maremotos, os ciclones e,<br />
evidentemente, o aquecimento climático, outros<br />
tantos cataclismos que fragilizam o ambiente e<br />
os fundos marinhos. V. Exa. foi aliás vítima de<br />
um desses imprevistos, Senhor Comissário, uma<br />
vez que teve de renunciar a uma deslocação à<br />
Ilha da Reunião, no passado mês de Março,<br />
devido ao ciclone Gamede. A experiência das<br />
RUP, em termos de prevenção dos riscos e da<br />
redução da vulnerabilidade das zonas costeiras,<br />
deve introduzir um valor acrescentado<br />
considerável à nossa reflexão comum. Além<br />
disso, a questão do equilíbrio entre turismo e<br />
respeito do meio marinho coloca-se nas RUP<br />
mais do que noutros locais, de forma a que este<br />
sector de actividade permita um<br />
desenvolvimento sustentável daquelas regiões,<br />
onde o turismo figura entre as primeiras fontes<br />
de rendimento.<br />
Por fim, a questão da coerência entre as<br />
diferentes políticas europeias coloca-se no<br />
domínio da pesca, pois as nossas regiões devem<br />
reforçar a segurança no mar e tornar as<br />
profissões da pesca mais atraentes, numa altura<br />
em que a política actual visa limitar a potência e<br />
o número de navios, inclusivamente nas nossas<br />
regiões onde o estado dos recursos não o<br />
justifica.<br />
Espero que esta reflexão conduza à emergência<br />
da uma política marítima europeia global e<br />
coerente, na qual as RUP verão reconhecido um<br />
papel privilegiado, à altura do conhecimento<br />
aprofundado dos mares que as caracteriza. Por<br />
fim, gostaria de terminar agradecendo ao<br />
deputado Willi Piecyk pelo seu trabalho.<br />
2-328<br />
PRESIDÊNCIA: MANUEL ANTÓNIO DOS<br />
SANTOS<br />
Vice-Presidente<br />
2-329<br />
Richard Howitt (PSE). – (EN) Senhor<br />
Presidente, congratulo-me com o Livro Verde<br />
da Comissão e defendo, hoje, que a minha<br />
região, o Leste de Inglaterra, acolha a sede do<br />
Centro Europeu da Excelência no Reino Unido.<br />
Com 700 km de costa, portos importantes em<br />
Great Yarmouth, Ipswich, Felixstowe, Harwich<br />
e Tilbury, zonas de uma beleza natural<br />
extraordinária a Norte de Norfolk e nos<br />
estuários dos rios Stour e Orwell, é para nós<br />
uma ambição concreta, e não teórica, melhorar<br />
as relações entre as pessoas e o mar.<br />
É preciso que aproveitemos o centro para a<br />
promoção de energias renováveis, financiado<br />
pela UE em Lowestoft– que deverá abrir este<br />
ano –, onde o potencial da minha região para o<br />
desenvolvimento de energia eólica produzida no<br />
mar poderá responder a 25% das necessidades<br />
de electricidade do Reino Unido e dar um<br />
importante contributo para o cumprimento das<br />
metas europeias em matéria de redução das<br />
emissões de carbono. É preciso que<br />
reconheçamos que o aumento do nível das águas<br />
do mar – 40 cm até 2050 no Leste de Inglaterra<br />
– transformam os actuais planos de protecção do<br />
litoral contra a erosão e as inundações num<br />
mero paliativo na nossa região e na <strong>Europa</strong>. As<br />
inundações devastadoras na região de East<br />
Anglia, em 1953, mataram 307 pessoas, e hoje<br />
praticamente meio milhão de propriedades estão<br />
em risco. Temos de fazer mais.<br />
Por último, a estratégia marítima deverá apoiar<br />
o desenvolvimento económico nas regiões<br />
marítimas. Sofremos das especificidades da<br />
periferia. Na minha região, King’s Lynn,<br />
Clacton-on-Sea, Southend-on-Sea e Thurrock<br />
lideram, no Reino Unido, a lista dos <strong>10</strong>% de<br />
regiões que sofrem de múltiplas desvantagens.<br />
Temos de tornar realidade o conceito de<br />
desenvolvimento sustentável nos domínios do<br />
desenvolvimento portuário, turismo e<br />
reabilitação.<br />
2-330<br />
Rosa Miguélez Ramos (PSE). – (ES) Senhor<br />
Presidente, desejo iniciar a minha intervenção<br />
agradecendo ao senhor deputado Piecyk o<br />
magnífico trabalho que realizou como relator,<br />
porque é evidentemente vital para a <strong>Europa</strong><br />
adoptar uma perspectiva integrada e sustentável<br />
da gestão marinha.<br />
Algumas actividades indispensáveis para<br />
alcançar os objectivos da Agenda de Lisboa são<br />
desenvolvidas no meio aquático, mas o mar<br />
representa também outros valores menos<br />
comerciais, que se prendem porém com a<br />
identidade e com a cultura mais profundas dos<br />
nossos povos.
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 245<br />
Deploro que a pesca tenha ficado de certa forma<br />
esbatida neste Livro Verde, apesar de ser uma<br />
competência exclusiva da Comissão e objecto<br />
de uma política comum. Além da sua<br />
importância económica, a pesca é fundamental<br />
para a manutenção do emprego e da cultura em<br />
numerosas regiões europeias.<br />
Estou convencida de que este sector será um dos<br />
grandes beneficiários de uma melhor integração<br />
com outras políticas relacionadas com o mar,<br />
por exemplo, a melhoria da formação e das<br />
condições de vida e de trabalho das pessoas que<br />
vivem do mar e o reforço do investimento em<br />
investigação, indispensável para compreender o<br />
funcionamento dos mares e dos oceanos.<br />
Como europeia procedente da Galiza - uma<br />
região marítima -, estou convencida de que esta<br />
política irá desempenhar um papel essencial<br />
para as regiões costeiras, para as suas cidades e<br />
populações.<br />
2-331<br />
Emanuel Jardim Fernandes (PSE). – Senhor<br />
Presidente, começaria por agradecer ao colega<br />
Willi Piecyk pelo seu excelente relatório, mas<br />
também pela disponibilidade para receber e<br />
integrar contributos que viessem clarificar,<br />
alargar o âmbito e também dar nova eficiência à<br />
política marítima europeia.<br />
Vindo de uma região marítima insular e<br />
ultraperiférica, os meus contributos visaram<br />
garantir o adequado reconhecimento da<br />
importância das RUPS na definição e eficaz<br />
implementação da política marítima, devido ao<br />
posicionamento geográfico destas e seu vasto<br />
conhecimento sobre oceanos e mares e<br />
consequente partilha de responsabilidade entre a<br />
União Europeia e as RUPS. Melhor gestão e<br />
exploração sustentável dos recursos marinhos,<br />
valorização das zonas costeiras através de uma<br />
cuidada organização da orla costeira e medidas<br />
específicas com vista ao desenvolvimento de<br />
uma política costeira alargada, apoio aos<br />
transportes marítimos respeitadores do<br />
ambiente, inclusive através do desenvolvimento<br />
de uma estratégia portuária e europeia eficaz e<br />
adaptada às características das zonas europeias,<br />
apoio à investigação marinha, designadamente<br />
na área da medicina, da energia e, em geral, dos<br />
recursos marinhos, promoção dos direitos<br />
sociais, tendo em conta aquilo que vem da<br />
Organização Internacional do Trabalho, por<br />
forma a garantir a excelente visibilidade e, por<br />
último, a formação da vida profissional do<br />
sector marítimo, trabalhem no mar ou trabalhem<br />
em terra, e garantia de que o turismo, enquanto<br />
uma das principais actividades económicas<br />
ligadas aos mares e oceanos, é devidamente tida<br />
em conta.<br />
2-332<br />
ENKarin Jöns (PSE). – (<strong>DE</strong>) Senhor<br />
Presidente, Senhor Comissário, também eu<br />
quero expressar o meu sincero agradecimento<br />
ao senhor deputado Piecyk por um relatório<br />
verdadeiramente excelente.<br />
Sou de uma região com uma tradição marítima<br />
profundamente enraizada. A sobreexploração<br />
dos recursos pesqueiros e a falência de vários<br />
estaleiros navais conduziu a uma taxa de<br />
desemprego de quase 20%. No entanto, a<br />
construção naval está de novo a recuperar. Em<br />
vez da transformação de peixe, é a<br />
biotecnologia que está na ordem do dia. Estão a<br />
ser instalados cada vez mais parques eólicos no<br />
mar. A investigação climática está a ganhar um<br />
lugar de destaque. Este é o resultado de grandes<br />
investimentos, não só em investigação e<br />
inovação, mas também em formação. Temos de<br />
fazer mais para promover a formação em<br />
profissões marítimas, para criar empregos bons<br />
e sustentáveis. O potencial de crescimento só<br />
para os próximos cinco anos está calculado em<br />
cerca de 15%, e congratulo-me por o relatório<br />
do senhor deputado Piecyk, ao contrário do<br />
Livro Verde da Comissão, o considerar uma<br />
prioridade clara.<br />
Em conclusão, peço a todos os meus colegas<br />
que apoiem a alteração apresentada pelo meu<br />
Grupo, que visa pôr fim ao tratamento dos<br />
marítimos como trabalhadores de secunda<br />
classe. As normas mínimas europeias do direito<br />
do trabalho devem ser aplicadas sem reservas<br />
também a eles.<br />
2-333<br />
Joe Borg, Membro da Comissão. - (EN) Senhor<br />
Presidente, Senhoras e Senhores Deputados,<br />
uma vez mais, os vossos contributos, aqui, hoje<br />
demonstram o empenhamento do Parlamento na<br />
política marítima e são uma prova clara do<br />
excelente trabalho de coordenação levado a<br />
cabo pelo senhor deputado Piecyk.<br />
Nas vossas intervenções, levantaram uma série<br />
de questões que merecem claramente maior<br />
ponderação e estudo, especialmente tendo em<br />
vista a preparação da aprovação do Livro Azul<br />
pela Comissão, no próximo mês de Outubro.<br />
Permitam-me que afirme claramente que o<br />
objectivo do nosso trabalho relativamente à<br />
política marítima é desencadear o potencial<br />
proporcionado por uma utilização sustentável<br />
dos nossos mares e oceanos. É a primeira vez<br />
que olhamos para este espaço marítimo de uma
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 246<br />
forma integrada e holística e procuramos tirar<br />
partido do valor acrescentado onde ele existe.<br />
Permitam-me que saliente que este não é<br />
certamente um exercício de centralização de<br />
poderes, mas sim um exercício que visa dar um<br />
incentivo à coordenação e envolver as partes<br />
interessadas mais do que acontece actualmente.<br />
Evidentemente, este é o início do processo e não<br />
o fim. Haverá oportunidades para continuar a<br />
desenvolver as nossas posições relativamente a<br />
uma série de questões levantadas. Permitam-me<br />
que reitere que a política marítima não pode ser<br />
uma política de tamanho único. Esta política<br />
deverá ser talhada de forma a ter em conta as<br />
especificidades dos diferentes mares que<br />
banham a União Europeia.<br />
Permitam-me apenas mais uma palavra sobre os<br />
aspectos regionais. Obviamente que vemos a<br />
dimensão regional como o factor-chave no<br />
nosso exercício, e a dimensão ultra-periférica é<br />
indubitavelmente essencial. Gostaria de<br />
assegurar que todos os envolvidos a nível<br />
regional e que as acções regionais continuarão a<br />
ser a pedra angular da nossa política, à medida<br />
que fazemos avançar este dossiê.<br />
2-334<br />
Presidente. - Está encerrado o debate.<br />
A votação terá lugar na quarta-feira.<br />
Declarações escritas (artigo 142º)<br />
2-335<br />
Viorica-Pompilia-Georgeta Moisuc (ITS), în<br />
scris. – Raportul domnului Willi Piecyk din<br />
Comisia pentru transport si turism abordează un<br />
ansamblu de probleme de cea mai mare<br />
actualitate privitor la stabilirea unor reguli şi<br />
percepte general valabile pentru statele membre<br />
ale U.E. în vederea protejării şi exploatării<br />
raţionale a apelor mărilor şi oceanelor.<br />
Mă voi referi la unele chestiuni legate de<br />
specificul situaţiei la Marea Neagră, mare de<br />
frontieră externă a Uniunii, şi anume: după<br />
căderea regimului comunist în România,<br />
dezvoltarea turismului pe litoralul de vest al<br />
Mării Negre a atras o creştere îngrijorătoare a<br />
poluării apelor mării din cauza nenumăratelor<br />
restaurante deschise chiar pe plajă, restaurante<br />
care deversează în mare reziduurile de tot felul;<br />
în acelaşi timp plaja s-a îngustat foarte mult din<br />
cauza acestor stabilimente.<br />
Poluarea Marii Negre este datorată în bună<br />
măsură şi exploatării neraţionale a Deltei<br />
Dunării - al doilea fluviu ca mărime în <strong>Europa</strong><br />
după Volga. Asupra echilibrului biologic al<br />
Deltei, asupra faunei şi florei unice în <strong>Europa</strong>,<br />
are un puternic impact negativ construirea de<br />
către Ucraina a canalului Bâstroe - acţiune<br />
împotriva căreia s-au pronunţat specialişti din<br />
toată lumea.<br />
Pentru aceste motive, la care se pot adăuga<br />
multe altele, considerăm că propunerile făcute<br />
de raportor şi în special construirea unei politici<br />
europene maritime unice pe baza prevederilor<br />
din Cartea Verde sunt bine venite şi le susţinem<br />
în întregime.<br />
2-336<br />
Dominique Vlasto (PPE-<strong>DE</strong>), por escrito. -<br />
(FR) Com este relatório podemos avaliar<br />
plenamente o potencial que a UE poderia retirar<br />
de uma política marítima mais integrada, que<br />
passaria de medidas fragmentadas e específicas<br />
para propostas mais coerentes. No seu Livro<br />
Verde, a Comissão não o consegue, mas<br />
reconheçamos que não estamos a ajudá-la muito<br />
com este relatório demasiado longo e<br />
insuficientemente estruturado.<br />
Retenho quatro desafios principais a enfrentar:<br />
conciliar desenvolvimento económico com<br />
protecção do ambiente, incluindo as questões de<br />
segurança marítima e de biodiversidade<br />
marinha; conseguir o ordenamento do litoral de<br />
forma a permitir a coabitação das zonas<br />
portuárias e residenciais, de actividades<br />
económicas e naturais; passar de uma economia<br />
tradicional para novos sectores de forte valor<br />
acrescentado, como as biotecnologias marinhas<br />
e as novas energias; pôr em prática uma<br />
governança eficaz, uma vez que este desafio<br />
político e administrativo condiciona o êxito do<br />
conjunto.<br />
Existe sem qualquer dúvida um verdadeiro<br />
potencial de desenvolvimento das actividades<br />
ligadas ao mar, que representam actualmente<br />
3% a 5% do PIB europeu, mas pôr tudo isto em<br />
música será difícil e exigirá uma coordenação<br />
eficaz.<br />
Neste relatório a UE é pioneira e defende<br />
claramente as suas ambições. Resta encontrar os<br />
meios para passar desta visão para uma política<br />
integrada.<br />
2-337<br />
Período de perguntas (perguntas à Comissão)<br />
2-338<br />
Presidente. - Segue-se o período de perguntas<br />
(B6-0133/<strong>2007</strong>).<br />
Foram apresentadas as seguintes perguntas à<br />
Comissão.
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 247<br />
Primeira parte<br />
A pedido do Comissário Verheugen, o período<br />
de perguntas começará pela pergunta nº 28.<br />
2-339<br />
Presidente. - Pergunta nº 28 do Catherine<br />
Stihler (H-0493/07)<br />
Assunto: Consulta sobre a informação ao paciente<br />
Poderá a Comissão indicar como tenciona consultar<br />
formalmente as organizações de consumidores para a<br />
elaboração do relatório sobre as práticas correntes em<br />
matéria de informação aos pacientes, tal como está previsto<br />
no artigo 88º bis da Directiva 2004/27/CE 3 ?: "No prazo de<br />
três anos após a entrada em vigor da Directiva 2004/726/CE,<br />
a Comissão, após consulta das organizações de doentes, de<br />
consumidores, de médicos e de farmacêuticos dos Estados-<br />
Membros e de outras partes interessadas, apresentará ao<br />
Parlamento Europeu e ao Conselho um relatório sobre as<br />
práticas actuais em matéria de informação - nomeadamente<br />
por Internet - e sobre os respectivos riscos e benefícios para<br />
o doente"?<br />
2-340<br />
Günter Verheugen, Vice-Presidente da<br />
Comissão. - (<strong>DE</strong>) Senhor Presidente, Senhora<br />
Deputada Catherine Stihler, nos termos do<br />
artigo 88º-A da Directiva 2001/83/CE, a<br />
Comissão está a elaborar um relatório sobre as<br />
práticas actuais em matéria de informação do<br />
paciente no que respeita aos medicamentos. O<br />
relatório sintetizará a situação actual mas não<br />
apresentará ainda orientações ou propostas para<br />
esta política, uma vez que, nos termos do artigo<br />
88º-A, estas deverão ser apresentadas apenas<br />
numa segunda fase. Logo que a versão final do<br />
relatório esteja disponível será imediatamente<br />
apresentada ao Conselho e ao Parlamento<br />
Europeu.<br />
No âmbito da preparação deste relatório os<br />
serviços da Comissão realizaram vastas<br />
consultas a organizações de doentes e de<br />
consumidores, aos Estados-Membros e a outras<br />
partes interessadas. Seguindo o processo<br />
habitual, a consulta pública demorou mais de<br />
dois meses, de Abril a Junho do ano em questão.<br />
O projecto foi publicado na página da Internet<br />
da Direcção-Geral das Empresas e da Indústria e<br />
foi solicitada a emissão de pareceres.<br />
Até agora já foram recebidos mais de 50<br />
contributos, e todos os dias chegam mais alguns.<br />
Dez destes contributos provêm de organizações<br />
de doentes e de consumidores, o que serve de<br />
prova válida de que as organizações de<br />
consumidores e todas as outras partes<br />
interessadas, bem como o público em geral,<br />
tiveram oportunidade de emitirem sua opinião<br />
3 JO L 136 de 30.4.2004, p. 34.<br />
sobre este relatório e darem os seus respectivos<br />
contributos, e de facto fizeram-no de uma forma<br />
abundante.<br />
As respostas recebidas estão a ser analisadas<br />
muito cuidadosamente e o relatório final terá de<br />
ponderar, com base nesta análise, a melhor<br />
estratégia para proporcionar a todos os cidadãos<br />
europeus o mesmo acesso a uma informação tão<br />
clara quanto possível sobre medicamentos.<br />
Gostaria de garantir à senhora deputada que esta<br />
questão me preocupa bastante e que irei fazer<br />
tudo ao meu alcance para concluir este processo<br />
tão rapidamente quanto possível. É, contudo, de<br />
importância crucial que as nossas propostas se<br />
baseiem numa informação abrangente e em<br />
vastas consultas da opinião pública, pois<br />
entendo que nesta questão o rigor, a exactidão e<br />
a qualidade são definitivamente mais<br />
importantes do que a rapidez.<br />
2-341<br />
Catherine Stihler (PSE). – (EN) Obrigada,<br />
Senhor Comissário. Penso que há uma grande<br />
preocupação relativamente à forma como as<br />
partes foram consultadas. Muitos de nós, aqui,<br />
consideram que não deverá haver mais<br />
mudanças na actual legislação, a saber, que<br />
deverá manter-se a proibição da publicidade<br />
directa ao cliente e que não deverão existir vias<br />
escusas para a publicidade directa a<br />
medicamentos. É preciso que permitamos um<br />
maior envolvimento dos consumidores no fórum<br />
farmacêutico com ênfase naquilo que os<br />
pacientes e os consumidores comuns pretendem<br />
e necessitam saber e não naquilo que a indústria<br />
pretende disponibilizar. Por conseguinte, poderá<br />
o Senhor Comissário considerar a hipótese de<br />
introduzir alterações ao calendário adoptado<br />
para permitir que se estudem devidamente todos<br />
os pontos de vista alternativos e abordar o<br />
problema da informação de uma forma centrada<br />
no doente e com soluções centradas nos<br />
doentes?<br />
2-342<br />
Günter Verheugen, Vice-Presidente da<br />
Comissão. - (<strong>DE</strong>) Senhora Deputada Catherine<br />
Stihler, gostaria de começar por lhe assegurar<br />
que estamos plenamente de acordo com a<br />
avaliação política de que não devemos abrir a<br />
porta à publicidade a produtos de prescrição<br />
médica obrigatória, e isso não acontecerá<br />
enquanto eu o puder impedir. O único objectivo<br />
deve ser prestar uma informação objectiva,<br />
abrangente e neutra aos doentes e fazê-lo de<br />
forma a evitar confundi-los e garantir que todos<br />
têm igual acesso a esta informação objectiva e<br />
neutral.
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 248<br />
O problema que enfrentamos hoje é que alguns<br />
grupos de doentes têm acesso a todos os tipos de<br />
informação através da Internet e de outras<br />
modernas tecnologias de comunicação, ao passo<br />
que muitos outros não dispõem desta<br />
informação, e temos de acabar com esta<br />
situação.<br />
Gostaria, mais uma vez, de reiterar claramente<br />
que não ultrapassaremos a fronteira entre a<br />
informação dos doentes e a publicidade a<br />
produtos. Além disso, definiremos com grande<br />
clareza as regras e critérios por que se deverão<br />
pautar as informações em questão.<br />
No que se refere ao calendário, já afirmei que<br />
está concluída a fase de consultas. Estamos<br />
agora a trabalhar a todo o vapor na conclusão do<br />
relatório final com base nestas consultas. Tal<br />
como já vos disse antes, farei tudo o que estiver<br />
ao meu alcance para acelerar este processo que,<br />
seja qual for a eventualidade, deverá ficar<br />
concluído no final do corrente ano.<br />
2-343<br />
Presidente. - Pergunta nº 26 do Brian Crowley<br />
(H-0467/07)<br />
Assunto: Luta contra o desemprego dos jovens e o<br />
desemprego de longa duração na UE<br />
A Comissão pode indicar que medidas tomou este ano para<br />
lutar contra o desemprego dos jovens e o desemprego de<br />
longa duração na União Europeia e para garantir que os<br />
cidadãos da UE que estão desempregados tenham acesso a<br />
acções de formação de qualidade no domínio das<br />
tecnologias da informação?<br />
2-344<br />
Vladimír Špidla, Membro da Comissão. – (CS)<br />
Senhor Presidente, Senhoras e Senhores<br />
Deputados, o mercado de trabalho na <strong>Europa</strong><br />
está a melhorar de uma forma geral, e muito<br />
rápida e positivamente. Nunca houve tantas<br />
pessoas a trabalhar na <strong>Europa</strong> e os números do<br />
desemprego atingiram o seu mínimo nos<br />
últimos tempos. Todavia, a taxa de desemprego<br />
entre os jovens mantém-se elevada, em torno do<br />
dobro da média europeia. O desemprego entre<br />
os jovens é da exclusiva responsabilidade dos<br />
Estados-Membros, no âmbito das suas políticas<br />
de mercado de trabalho. É porém também<br />
verdade que a União Europeia deve contribuir<br />
para a solução deste problema.<br />
A função-chave da União Europeia consiste em<br />
apoiar os Estados-Membros nos seguintes dois<br />
domínios:<br />
– coordenação e controlo da política nacional<br />
dos Estados-Membros relativa ao desemprego<br />
no contexto da Estratégia de Lisboa e<br />
– concessão de apoio financeiro, em particular<br />
através do Fundo Social Europeu.<br />
O relançamento da Estratégia de Lisboa<br />
propicia o quadro para a coordenação de<br />
políticas. A Comissão segue de muito perto as<br />
políticas de desemprego nacionais. No último<br />
relatório da Comunidade sobre o desemprego, a<br />
Comissão e o Conselho sublinharam a<br />
necessidade urgente de melhorar a situação dos<br />
jovens no mercado de trabalho. Apesar de os<br />
Estados-Membros se terem comprometido a<br />
propiciar aos jovens uma vida nova, a maioria<br />
dos 4,6 milhões de jovens desempregados não<br />
recebem uma oferta de trabalho, uma oferta de<br />
educação ou de formação profissional nos<br />
primeiros seis meses em que estão no<br />
desemprego. Os jovens que encontram um<br />
trabalho têm, frequentemente, condições<br />
contratuais inseguras. A Comissão é de opinião<br />
que esta é uma situação insatisfatória e<br />
recomendou aos Estados-Membros que<br />
melhorassem a situação dos jovens, em<br />
particular em matéria de educação e de<br />
formação profissional.<br />
No entender da Comissão, devem ser dados<br />
passos em particular nos seguintes três<br />
domínios:<br />
Em primeiro lugar, na inclusão social, que é<br />
uma condição prévia vital do desenvolvimento<br />
sustentável na <strong>Europa</strong>. A Comissão apoiará uma<br />
coesão activa dirigida a ajudar as pessoas<br />
excluídas do mercado de trabalho a inserirem-se<br />
neste, bem como programas que assegurem um<br />
salário mínimo suficiente e um acesso a serviços<br />
socais de qualidade.<br />
Em segundo lugar, na educação ao longo da<br />
vida, porque não restam dúvidas de que a<br />
educação gera educação e as pessoas com<br />
educação e com mais qualificações têm um<br />
maior acesso à educação ao longo da vida do<br />
que aquelas que mais dela necessitam, ou seja,<br />
as pessoas com baixas qualificações ou pessoas<br />
idosas com conhecimentos desactualizados. No<br />
que diz respeito à Estratégia de Lisboa, a<br />
Comissão adoptou uma série de recomendações<br />
aos Estados-Membros no domínio da educação<br />
e da formação profissional, relativas<br />
particularmente ao abandono escolar precoce,<br />
com o objectivo de elevar os níveis de educação<br />
dos europeus. Recordo que o objectivo de<br />
referência da União Europeia é reduzir o<br />
abandono escolar precoce abaixo dos <strong>10</strong>%. O<br />
número actual é de 15,2% e em certos países,<br />
bastante mais elevado do que esse número.<br />
Reduzir o abandono escolar precoce é, na nossa<br />
óptica, um dos factores mais importantes para
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 249<br />
melhorar as oportunidades dos jovens no<br />
mercado de trabalho. Outra recomendação da<br />
Comissão é a do apoio à mobilidade geográfica.<br />
Apesar do desemprego, algumas regiões e<br />
sectores acusam uma falta de mão-de-obra. Por<br />
conseguinte, deveria exortar-se os jovens a tirar<br />
partido destas oportunidades de trabalho.<br />
Outra possibilidade é a concessão de apoio<br />
financeiro comunitário a cargo do Fundo Social<br />
Europeu. Paralelamente a coordenar as políticas,<br />
a União apoia os esforços dos Estados-Membros<br />
de modernização do mercado de trabalho.<br />
Durante o período <strong>2007</strong>-2013, os Estados-<br />
Membros receberão 72,6 mil milhões de euros<br />
para financiar a reforma dos mercados de<br />
trabalho nacionais, sendo mais de 90% deste<br />
montante destinado a cumprir os objectivos de<br />
Lisboa. O investimento em capital humano, que<br />
representa um terço do orçamento do Fundo<br />
Social Europeu, é a prioridade número um para<br />
<strong>2007</strong>-2013. Outros 30% desse montante serão<br />
afectados à coesão social, concretamente a<br />
grupos desfavorecidos.<br />
O Fundo Social Europeu já surtiu resultados<br />
práticos. Todos os anos, cerca de 2 milhões de<br />
pessoas obtêm um emprego depois de<br />
beneficiarem do apoio de projectos do Fundo<br />
Social Europeu. Em <strong>2007</strong>, 25% dos<br />
desempregados na União Europeia participará<br />
em projectos do Fundo Social Europeu, dos<br />
quais beneficiam todos os anos mais de um<br />
milhão de pessoas marginalizadas ou<br />
desfavorecidas. Cerca de 4 milhões de pessoas<br />
concluem todos os anos com êxito cursos de<br />
formação profissional integrados no programa<br />
de aprendizagem ao longo da vida, que é<br />
apoiado pelo Fundo Social Europeu.<br />
Dado que, como salientei, a questão do<br />
desemprego dos jovens continua a constituir um<br />
problema, a Comissão procura mais soluções<br />
eficazes. Por esta razão, a Comissão está a<br />
ultimar um projecto de comunicação sobre a<br />
inserção dos jovens no sistema de ensino, no<br />
emprego e na sociedade, cuja adopção está<br />
prevista para Setembro deste ano. Esta<br />
comunicação será acompanhada por um<br />
documento de trabalho da Comissão relativo ao<br />
emprego dos jovens.<br />
Senhoras e Senhores Deputados, como salientei,<br />
a questão do desemprego dos jovens é, como é<br />
óbvio, fundamentalmente uma questão que<br />
incumbe aos Estados-Membros, às suas<br />
políticas de emprego, às suas políticas de<br />
educação, etc., embora a União Europeia não<br />
possa ficar e não ficará inactiva.<br />
2-345<br />
Brian Crowley (UEN). – (EN) Senhor<br />
Presidente, agradeço ao Senhor Comissário a<br />
sua resposta. No escasso tempo de que<br />
disponho, centrar-me-ei em três áreas<br />
específicas.<br />
Antes de mais, no que se refere ao desemprego<br />
dos jovens, verificamos que existe uma enorme<br />
escassez de qualificações, não só em domínios<br />
como a Internet, as comunicações e as<br />
tecnologias, mas também no que respeita às<br />
competências utilizadas em ofícios tradicionais,<br />
por exemplo, por carpinteiros, electricistas,<br />
pedreiros, etc. Parece não haver qualquer nova<br />
iniciativa com vista a tentar proporcionar<br />
formação suplementar com base nestes recursos.<br />
Em segundo lugar, no que se refere à questão da<br />
mobilidade, existem barreiras que afectam os<br />
jovens sobretudo no que respeita à mobilidade<br />
com vista à consecução de trabalho e ao<br />
reconhecimento das suas qualificações quando<br />
as possuem.<br />
Em terceiro e ultimo lugar, no que se refere ao<br />
desemprego de longa duração, são importantes<br />
programas de regresso ao trabalho, que<br />
permitam aos cidadãos reter alguns dos seus<br />
direitos sociais, ajudando-os, assim, na sua<br />
reintegração no mundo do trabalho. Que<br />
propostas específicas existem nesta matéria?<br />
2-346<br />
Vladimír Špidla, Membro da Comissão. – (CS)<br />
Estes dois pontos revestem-se de extrema<br />
importância, naturalmente, e poderíamos<br />
analisá-los em profundidade, mas permitam-me<br />
que responda de forma breve. No âmbito da<br />
política activa de emprego do Fundo Social<br />
Europeu, procuramos alargar as qualificações e,<br />
como correctamente recordou, as qualificações<br />
não são uma questão puramente intelectual, mas<br />
incluem igualmente trabalho físico e outras<br />
actividades. A Comissão está, por isso, a<br />
preparar um foro, no quadro do foro para a<br />
reestruturação, para abordar o futuro mercado<br />
de trabalho, ou seja, um mercado de trabalho<br />
com empregos que podem ser vistos a longo<br />
prazo como estáveis ou como emergentes, e<br />
parte dos nossos esforços será dedicada a<br />
formular os requisitos adequados às<br />
qualificações, módulos adequados à aquisição<br />
de qualificações e métodos flexíveis e<br />
resistentes para a prossecução de um equilíbrio<br />
entre o futuro mercado de trabalho e as<br />
qualificações.<br />
No tocante à mobilidade dos trabalhadores,<br />
existe, mais uma vez, uma série de diferentes<br />
meios de apoiar a mobilidade, sendo o mais<br />
importante o objectivo estabelecido pelo meu
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 250<br />
colega Senhor Comissário Figel,<br />
designadamente a proposta de política relativa<br />
ao reconhecimento das qualificações não<br />
exclusivamente em sectores nos quais as<br />
qualificações são já reconhecidas mas também<br />
noutros sectores, incluindo os chamados ofícios.<br />
Penso que se lançarmos este projecto,<br />
melhoraremos significativamente a situação dos<br />
jovens no mercado de trabalho.<br />
2-347<br />
Presidente. - Pergunta nº 27 do Olle Schmidt<br />
(H-0487/07)<br />
Assunto: Refúgio para escritores e jornalistas perseguidos<br />
A União Europeia tem a obrigação de apoiar um debate<br />
aberto em sociedades fechadas e ditaduras. Num número<br />
excessivo de países, porém, a liberdade de expressão<br />
continua a estar associada ao risco da própria vida. Em todo<br />
o mundo, jornalistas e escritores são perseguidos, raptados e<br />
assassinados. A liberdade de expressão é importante para<br />
que as ditaduras dêem lugar a sociedades abertas e<br />
democráticas. A Comissão poderia enviar um sinal claro da<br />
importância da liberdade de expressão, oferecendo um<br />
refúgio temporário a escritores e jornalistas perseguidos na<br />
sequência de restrições à liberdade de expressão.<br />
Recentemente, o governo dinamarquês propôs uma medida<br />
neste sentido.<br />
Está a Comissão disposta a tomar a iniciativa de oferecer um<br />
refúgio na União Europeia aos escritores ameaçados de<br />
perseguição em consequência das restrições à liberdade de<br />
expressão?<br />
2-348<br />
Franco Frattini, Vice-Presidente da Comissão.<br />
- (EN) As condições em que pode ser concedida<br />
protecção internacional a nacionais de países<br />
terceiros, como o estatuto de refugiado com<br />
direito a protecção subsidiária num Estado-<br />
Membro, foram harmonizadas a nível<br />
comunitário. Com efeito, a Directiva<br />
2004/83/CE que estabelece normas mínimas<br />
relativas às condições a preencher por nacionais<br />
de países terceiros ou apátridas para poderem<br />
beneficiar do estatuto de refugiado ou de pessoa<br />
que, por outros motivos, necessite de protecção<br />
internacional, impõe aos Estados-Membros da<br />
UE a obrigação de concessão de estatuto de<br />
refugiado a nacionais de países terceiros que<br />
procurem protecção com base num receio<br />
fundado de perseguição devido às suas opiniões<br />
políticas.<br />
Neste contexto, a noção de opinião política<br />
inclui qualquer opinião relativa aos assuntos que<br />
digam respeito ao Estado, governo ou<br />
sociedade, muito para além da identificação<br />
com um partido político específico ou ideologia<br />
reconhecida.<br />
Os Estados-Membros estão, por isso, obrigados,<br />
em virtude da legislação da UE, a oferecer<br />
protecção aos jornalistas e escritores que, como<br />
resultado do exercício da sua liberdade de<br />
expressão, tenham, nos seus países de origem,<br />
um receio fundado de perseguição sob a forma<br />
de ameaça à sua vida, à sua liberdade física, ou<br />
outras formas de violação grave dos seus<br />
direitos humanos.<br />
A Comissão congratula-se com quaisquer<br />
iniciativas dos diferentes Estados-Membros<br />
destinadas a aumentar o grau de protecção<br />
concedido a escritores e jornalistas perseguidos<br />
como resultado de restrições à sua liberdade de<br />
expressão.<br />
2-349<br />
Olle Schmidt (AL<strong>DE</strong>). - (SV) Essa é uma<br />
resposta positiva. Com a minha pergunta, quis<br />
exortar o Senhor Comissário a tomar uma<br />
iniciativa, juntamente com os<br />
Estados-Membros, para regular melhor esta<br />
questão e para assegurar que os escritores e<br />
jornalistas que tenham a possibilidade de vir<br />
para a <strong>Europa</strong> possam efectivamente fazê-lo.<br />
Penso que este é o nosso dever, tendo em conta<br />
uma situação mundial incrivelmente difícil.<br />
Permita-me que lhe lembre, Senhor Comissário,<br />
que, no ano passado, foram assassinadas 113<br />
pessoas que trabalhavam em meios de<br />
comunicação social, 807 foram presas, quase 1<br />
500 foram fisicamente agredidas e 56 foram<br />
raptadas. Entre os escritores, 18 foram mortos e<br />
144 presos. É tempo de agir. Poderia pensar-se<br />
numa subvenção da UE segundo as linhas<br />
apontadas pelo Senhor Comissário.<br />
2-350<br />
Franco Frattini, Vice-Presidente da Comissão.<br />
– (IT) Senhor Presidente, é com todo o gosto<br />
que respondo ao senhor deputado Olle Schmidt.<br />
Estando em vigor a directiva, todos os Estados-<br />
Membros têm obrigação de a respeitar. Um<br />
aspecto em que talvez pudéssemos fazer algo<br />
mais é o da informação e comunicação com o<br />
país de origem: é provável que os jornalistas<br />
tenham pouco conhecimento das possibilidades<br />
de protecção que lhes são oferecidas pelo direito<br />
europeu caso se encontrem em situação de<br />
perigo.<br />
No que respeita aos programas de comunicação,<br />
convém que todos os Estados-Membros saibam<br />
que a Comissão Europeia está disposta não só a<br />
contribuir para o seu financiamento mas<br />
também a promovê-los. Assim, para melhor<br />
aplicar uma directiva que existe justamente nos<br />
termos que acabo de referir, há que dispor de<br />
maior conhecimento sobre a mesma.<br />
2-351<br />
Jörg Leichtfried (PSE). – (<strong>DE</strong>) Senhor<br />
Presidente, queria declarar expressamente o
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 251<br />
meu apoio à pergunta do senhor deputado Olle<br />
Schmidt, uma vez que o espírito que inspira e<br />
move a União Europeia não reina em países<br />
onde se assiste à proibição e queima de livros, a<br />
que se segue a perseguição dos seus autores.<br />
Gostaria de alargar um pouco o âmbito da<br />
pergunta. Em meu entender, não só é necessário<br />
dar a estas pessoas uma protecção especial<br />
como a União Europeia se deve também<br />
preocupar em garantir que o que estes autores<br />
escrevem seja disseminado e transmitido a<br />
outros, para acabar precisamente com as<br />
ditaduras que os oprimem. Pondera a Comissão<br />
apoiar estas pessoas não apenas permitindo a<br />
sua estada aqui, mas também promovendo as<br />
suas actividades?<br />
2-352<br />
Franco Frattini, Vice-Presidente da Comissão.<br />
– (IT) Senhor Presidente, na verdade, já<br />
ponderámos sobre a possibilidade de criar<br />
programas que dêem a conhecer opiniões de<br />
pessoas que, nos respectivos países, são<br />
consideradas como escritores dissidentes, de<br />
forma a promover a difusão de ideias liberais e<br />
democráticas. O nosso objectivo último consiste<br />
em que as ideias sejam conhecidas justamente<br />
nos países de que são oriundos esses escritores<br />
ou jornalistas.<br />
É nossa tarefa divulgar os valores democráticos<br />
além das fronteiras da <strong>Europa</strong>, e creio que<br />
podemos fazê-lo recorrendo, entre outras, à voz<br />
de corajosos escritores e jornalistas, que deviam<br />
ser protegidos na <strong>Europa</strong> mas cujas ideias<br />
devem ser conhecidas também nos países de que<br />
fugiram. Em princípio concordo, portanto, com<br />
essa abordagem.<br />
2-353<br />
Jim Allister (NI). – (EN) Quando pensamos<br />
nos jornalistas perseguidos e ameaçados, é<br />
difícil não referir a recente libertação de Alan<br />
Johnston em Gaza, com que todos nos<br />
congratulámos. Porém, poderá a Comissão<br />
concordar que terá de ser estabelecido um<br />
equilíbrio cuidadoso a fim de garantir que<br />
organizações terroristas, como o Hamas, não<br />
sejam reforçadas ou recompensadas por<br />
qualquer intervenção na solução de um<br />
problema que jamais deveria ter acontecido, a<br />
saber, a limitação da liberdade de um jornalista<br />
corajoso como Alan Johnston? Solicito, por<br />
favor, o comentário do Senhor Comissário?<br />
2-354<br />
Franco Frattini, Vice-Presidente da Comissão.<br />
– (IT) Senhor Presidente, é para mim claro que,<br />
nessa matéria, a <strong>Europa</strong> já se expressou através<br />
dos Ministros dos Negócios Estrangeiros da<br />
União Europeia: a libertação de pessoas que<br />
foram raptadas é um dever cuja<br />
responsabilidade diplomática cabe à <strong>Europa</strong>.<br />
A libertação de Alan Johnston foi um facto que<br />
saudámos, mas, obviamente, como afirmou o<br />
senhor deputado, ninguém pensa que o Hamas<br />
deva ser por isso recompensado; como todos<br />
sabem, continua a figurar na lista de<br />
organizações terroristas.<br />
Posto isto, é evidente que aquilo que mais nos<br />
interessa é salvar vidas humanas e que os<br />
jornalistas possam desenvolver as suas<br />
actividades, mesmo em áreas difíceis, de<br />
conflito ou em zonas de alto risco. De outro<br />
modo, estaríamos a esquecer a própria missão<br />
dos jornalistas, que consiste em ir para os locais,<br />
mesmo os mais perigosos, e em relatar aquilo<br />
que viram e ouviram.<br />
2-355<br />
Segunda parte<br />
2-356<br />
Presidente. - Pergunta nº 29 do Stavros<br />
Arnaoutakis (H-0500/07)<br />
Assunto: Risco de extinção das reservas de peixe no Mar<br />
Egeu<br />
Segundo estudos científicos publicados, as reservas de peixe<br />
no Mar Egeu estão a diminuir perigosamente pondo as zonas<br />
de pesca em risco de esgotamento. Esta situação agrava-se<br />
com a não aplicação de medidas efectivas para a gestão<br />
sustentável das actividades da pesca, bem como pela<br />
utilização incontrolada de artes e práticas de pesca que<br />
danificam significativamente os ecossistemas das zonas de<br />
reprodução/renovação das reservas pesqueiras.<br />
A Comissão Europeia tem a tarefa imediata de proteger esta<br />
região contra o desenvolvimento destes fenómenos, por um<br />
lado para manter pelo menos as reservas e por outro, para<br />
proteger os pescadores costeiros que vivem da pesca. Como<br />
tenciona a Comissão fazer face a esse grave problema?<br />
2-357<br />
Joe Borg, Membro da Comissão. - (EN)<br />
Agradeço ao senhor deputado Arnaoutakis a sua<br />
pergunta relativa ao Mar Egeu e aos seus<br />
recursos haliêuticos. Cabe recordar que o<br />
Conselho de Ministros aprovou o Regulamento<br />
proposto sobre as medidas de gestão para a<br />
exploração sustentável dos recursos haliêuticos<br />
no Mar Mediterrâneo, em finais de 2006. Este<br />
Regulamento entrou subsequentemente em<br />
vigor, em Janeiro de <strong>2007</strong>. A Comissão<br />
considera que o Regulamento representa uma<br />
resposta justa e vigorosa aos problemas<br />
levantados pelo senhor deputado no que se<br />
refere, quer às espécies demersais, quer às<br />
espécies pelágicas de pequena dimensão.<br />
Relativamente a outras espécies altamente<br />
migradoras, como o atum rabilho, a<br />
Comunidade aprovou também recentemente
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 252<br />
nova legislação, que contribuirá para a melhoria<br />
do estado de conservação dessas unidades<br />
populacionais.<br />
Permitam-me que saliente aqui que a introdução<br />
de medidas de gestão não é, no entanto,<br />
suficiente, se não existir subsequentemente uma<br />
execução e um acompanhamento adequados das<br />
medidas tomadas. Os Estados-Membros e as<br />
organizações de pescadores têm um papel<br />
fundamental a desempenhar nesse domínio. A<br />
Comissão manter-se-á extremamente atenta a<br />
fim de garantir uma aplicação adequada de<br />
todas essas medidas. Essa a razão por que, em 2<br />
de Abril de <strong>2007</strong>, escrevi aos Ministros dos<br />
Estados-Membros interessados a fim de fazer o<br />
ponto da situação no que se refere à aplicação<br />
do regulamento, escassos meses após a sua<br />
aprovação. Os meus serviços continuarão a<br />
acompanhar a situação e a aplicação por parte<br />
dos Estados-Membros das diferentes<br />
disposições do Regulamento.<br />
Para além das medidas comunitárias que<br />
possam vir ainda a ser complementadas no<br />
futuro, é igualmente fundamental promover<br />
medidas de gestão das pescas no quadro da<br />
Comissão Geral das Pescas do Mediterrâneo<br />
(CGPM), de molde a que os países do<br />
Mediterrâneo que não sejam membros da União<br />
Europeia possam também contribuir para a<br />
sustentabilidade dos recursos marinhos vivos.<br />
A participação activa dos cientistas dos Estados-<br />
Membros nos procedimentos do Comité<br />
Científico Consultivo da Comissão Geral das<br />
Pescas do Mediterrâneo (CGPM) é uma forma<br />
importante de o conseguir. No caso do Mar<br />
Egeu, cabe fundamentalmente à Grécia e à<br />
Turquia a responsabilidade pela garantia de uma<br />
cooperação científica adequada que permita<br />
proporcionar um aconselhamento científico<br />
sólido para a gestão das pescas.<br />
A fim de facilitar e promover uma maior<br />
cooperação científica na bacia Leste do<br />
Mediterrâneo, a Comissão, juntamente com a<br />
Grécia e Itália, prevê apoiar um novo projecto<br />
regional da FAO denominado EastMed.<br />
2-358<br />
Stavros Arnaoutakis (PSE). – (EL) Senhor<br />
Presidente, agradeço ao Senhor Comissária a<br />
resposta que deu e gostaria de lhe dizer que os<br />
pescadores dos Estados-Membros da União<br />
Europeia e de países terceiros estão a operar no<br />
Egeu e no Mediterrâneo em geral.<br />
No entanto, os pescadores gregos e<br />
comunitários da região estão sujeitos a todas as<br />
restrições e aplicam as directivas comunitárias,<br />
ao contrário dos pescadores de países terceiros,<br />
que pescam sem restrições e muitas vezes sem<br />
controlo.<br />
O que tenciona fazer a Comissão para resolver<br />
imediatamente este problema?<br />
2-359<br />
Joe Borg, Membro da Comissão. - (EN) Bem,<br />
como disse, a Comissão pode intervir<br />
directamente no que respeita à gestão das pescas<br />
em águas comunitárias, em particular, quando<br />
estão em causa pescadores comunitários. A esse<br />
respeito, fiz especial referência ao Regulamento<br />
relativo ao Mediterrâneo, que acaba de entrar<br />
em vigor e que estamos a acompanhar de muito<br />
perto, a fim de nos certificarmos da sua correcta<br />
aplicação.<br />
Obviamente, o Mar Mediterrâneo, e a vossa<br />
parte do Mar Mediterrâneo, inclui países<br />
terceiros com os quais mantemos relações.<br />
Existe, em particular com a Turquia, uma<br />
relação de associação, e a Turquia é igualmente<br />
um país candidato à adesão. No que se refere às<br />
pescas, tentamos trabalhar de forma estreita com<br />
esses países terceiros noutros fóruns<br />
responsáveis pela gestão das pescas no<br />
Mediterrâneo, em particular a CGPM, que é a<br />
Comissão Geral das Pescas do Mediterrâneo.<br />
No que se refere às espécies altamente<br />
migradoras, existe a ICAT, que é a Comissão<br />
que detém a responsabilidade pelo atum rabilho,<br />
em particular, e pelo espadarte. Neste caso,<br />
tentamos trabalhar de forma estreita com os<br />
países terceiros que são igualmente membros<br />
desses fóruns por forma a conseguir medidas<br />
regulamentares comuns. Desse modo, tentamos<br />
criar e estabelecer uma situação tão equitativa<br />
quanto possível.<br />
Obviamente, é essencial que a União Europeia<br />
assuma a liderança e, por conseguinte, ao<br />
estabelecer o nosso regime regulamentar para a<br />
pesca em águas comunitárias, estamos a dar o<br />
exemplo e a fazer tudo o que está ao nosso<br />
alcance para que os países terceiros que detêm<br />
direitos de pesca no Mediterrâneo adoptem<br />
medidas semelhantes, através da CGPM ou da<br />
ICAT, a fim de que as nossas pescarias não<br />
sejam prejudicadas pelo facto de possuirmos<br />
regras mais rigorosas em matéria de pesca e<br />
gestão das pescarias.<br />
2-360<br />
Reinhard Rack (PPE-<strong>DE</strong>). – (<strong>DE</strong>) Na semana<br />
passada soubemos que se registaram problemas<br />
com a pesca costeira noutra zona do<br />
Mediterrâneo, designadamente em Malta, país<br />
de onde o Senhor Comissário Joe Borg é<br />
originário. Existem nesta matéria facilidades,
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 253<br />
programas ou estratégias especiais para<br />
promover especificamente a pesca costeira e<br />
proteger os pescadores locais?<br />
2-361<br />
Joe Borg, Membro da Comissão. - (EN) A<br />
pesca costeira no Mediterrâneo é uma questão<br />
particularmente delicada, tendo em conta que as<br />
pescarias nesse mar são bastante mais<br />
específicas do que as que podemos encontrar no<br />
Mar do Norte, por exemplo, que compreende<br />
sobretudo pescarias mistas. Por conseguinte,<br />
não podemos ser tão selectivos como<br />
gostaríamos, e as medidas aplicadas no<br />
Mediterrâneo assentam mais em medidas<br />
técnicas do que na fixação de totais admissíveis<br />
de captura e quotas.<br />
No entanto, dito isto, a política de pescas para o<br />
Mediterrâneo introduziu, pela primeira vez,<br />
regulamentação bastante rigorosa, a fim de<br />
regular a pesca no Mediterrâneo e, em<br />
particular, a pesca costeira. Os Estados-<br />
Membros são obrigados a elaborar planos de<br />
gestão das pescas que tenham em atenção a<br />
dimensão costeira e contenham, em particular,<br />
medidas relacionadas com os tipos de artes de<br />
pesca utilizados e os tamanhos mínimos do<br />
pescado que é permitido desembarcar.<br />
Procedemos actualmente ao acompanhamento<br />
do Regulamento, como afirmei na minha<br />
resposta à pergunta. Este foi aprovado no final<br />
do ano passado e entrou em vigor no início<br />
deste ano. Os prazos serão introduzidos ao<br />
longo do ano em curso e do próximo ano.<br />
Espero que dentro dos prazos fixados no<br />
Regulamento, os Estados-Membros consigam<br />
aplicar as medidas necessárias para que<br />
possamos dispor de uma pesca mais sustentável<br />
no Mediterrâneo, especialmente no que respeita<br />
à pesca costeira.<br />
2-362<br />
Marie Panayotopoulos-Cassiotou (PPE-<strong>DE</strong>).<br />
– (EL) Dou os parabéns ao colega Arnaoutakis<br />
pela pergunta que fez e agradeço ao Senhor<br />
Comissário a resposta que deu. Gostaria, no<br />
entanto, de perguntar em que condições é que as<br />
capturas feitas pelos pescadores de países<br />
terceiros são importadas e comercializadas na<br />
União Europeia.<br />
Um aumento da pesca também significa um<br />
aumento da procura devido aos preços mais<br />
baratos. Não se trata apenas do método de<br />
pesca.<br />
2-363<br />
Joe Borg, Membro da Comissão. - (EN) As<br />
regras aplicáveis à importação de pescado são<br />
regidas pelas disposições gerais no âmbito das<br />
negociações da OMC e do regime da OMC. No<br />
que respeita especificamente à pesca, existem<br />
determinados elementos que impedem que haja<br />
uma liberalização total e, por conseguinte,<br />
existem determinadas medidas de protecção da<br />
indústria comunitária. No entanto, será preciso<br />
ver como as discussões evoluirão ao longo do<br />
corrente ano, a fim de verificar que se será<br />
possível uma maior liberalização no que<br />
respeita aos produtos de pesca importados.<br />
Posto isso, porém, é importante salientar que,<br />
mais para o final do ano, apresentaremos<br />
medidas de combate à pesca ilegal. Ao abrigo<br />
dessas medidas, se o pescado for capturado por<br />
navios que operem com pavilhão de um país<br />
terceiro que não possam provar a<br />
sustentabilidade das suas capturas – por outras<br />
palavras, que não possam provar estar, por<br />
exemplo, dentro dos limites da quota e dos<br />
parâmetros das regras aplicáveis nas diferentes<br />
organizações regionais de gestão das pescarias,<br />
como, no caso do Mediterrâneo, a CGPM –,<br />
então esse pescado será considerado ilegal, não<br />
sendo concedida autorização para que seja<br />
desembarcado no Estado-Membro em que<br />
pretendiam descarregá-lo. Ficaremos, assim,<br />
dotados de uma medida muito eficaz, que,<br />
espero, nos ajudará a diminuir o desembarque<br />
de peixe capturado ilegalmente.<br />
2-364<br />
Presidente. - Pergunta nº 30 do Marie<br />
Panayotopoulos-Cassiotou (H-0452/07)<br />
Assunto: Protecção dos direitos da criança nas relações<br />
externas da UE<br />
A comunicação da Comissão sobre uma estratégia europeia<br />
para os direitos da criança publicada a 4 de Julho de 2006<br />
considera, no quadro da unidade temática "situação global"<br />
que cerca de 300.000 crianças combatem como soldados em<br />
mais de 30 conflitos armados em todo o mundo. Se bem que<br />
fosse desejável que a questão das crianças soldado estivesse<br />
resolvida e que as situações extremas de violação dos seus<br />
direitos tivessem diminuído, a imprensa internacional referese<br />
com frequência ao fenómeno de recrutamento de crianças<br />
soldado com exemplos concretos em África e na Ásia.<br />
Como encara a Comissão, no âmbito das suas relações<br />
externas, o fenómeno da utilização de crianças soldado em<br />
operações militares? Que medidas concretas se propõe<br />
tomar para que o combate ao recrutamento militar de<br />
crianças seja uma prioridade da sua agenda política nas suas<br />
relações com os países que forçam as crianças a participar<br />
em operações militares? Como irá a Comissão encorajar a<br />
aplicação do Protocolo anexo à Convenção das Nações<br />
Unidas sobre os Direitos da Criança, para que os Estados<br />
respeitem a condição de se abster de recrutar pessoas com<br />
menos de 18 anos para receber instrução militar e participar<br />
em conflitos armados?<br />
2-365<br />
Benita Ferrero-Waldner, Membro da<br />
Comissão. – (EN) Não só a Comissão condena<br />
absoluta e energicamente o recrutamento e
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 254<br />
utilização de crianças nas forças e grupos<br />
armados, como também está a contribuir<br />
activamente para um esforço sustentado a nível<br />
internacional, usando todos os meios<br />
disponíveis para combater este fenómeno. Além<br />
disso, estamos a trabalhar activamente, tanto a<br />
nível das políticas como através dos nossos<br />
diversos instrumentos de financiamento, para<br />
promover os direitos da criança nos conflitos<br />
armados.<br />
Estão aqui em causa três níveis. Um deles é o<br />
nível da política comum. A União Europeia<br />
estabeleceu uma base particularmente firme<br />
para trabalhar nestas questões. Desde 2003,<br />
foram adoptados vários documentos de<br />
orientação importantes, nos quais se incluem as<br />
linhas de orientação da UE sobre as crianças e<br />
conflitos armados, o conceito da UE para apoio<br />
ao desarmamento, desmobilização e<br />
reintegração, bem como a lista de controlo da<br />
integração da protecção das crianças afectadas<br />
por conflitos armados nas operações da PESC e,<br />
finalmente, a comunicação da Comissão, de<br />
2006, no sentido de uma política da UE sobre os<br />
direitos das crianças.<br />
Actualmente, nos nossos diálogos políticos com<br />
os países nossos parceiros, trazemos<br />
regularmente à colação questões relacionadas<br />
com os direitos das crianças. Por exemplo, com<br />
o Governo libanês, levantámos a questão da<br />
ratificação do protocolo opcional à Convenção<br />
sobre os Direitos da Criança. Além disso,<br />
exortamos os Estados que ainda o não fizeram a<br />
ratificar e implementar integralmente o estatuto<br />
do Tribunal Penal Internacional, que classifica<br />
como crime de guerra o alistamento de crianças.<br />
Temos, também, estado a apoiar<br />
financeiramente a recente revisão dos Princípios<br />
de Cape Town, o que, em Fevereiro deste ano,<br />
teve como resultado a adopção dos Princípios de<br />
Paris. Além disso, também continuamos a<br />
trabalhar com, e a apoiar activamente, os<br />
representantes especiais das crianças nos<br />
conflitos armados, da ONU, a UNICEF, a<br />
ACDH, e a ACNUR, bem como com outros<br />
organismos não-governamentais.<br />
Em segundo lugar, fizemos desta questão uma<br />
questão de alta prioridade nos nossos esforços<br />
de ajuda a nível de países individuais, por<br />
exemplo, relativamente a projectos de<br />
programas de desarmamento, desmobilização e<br />
reintegração, como, por exemplo, no Sudão, ou<br />
relativamente à prevenção do recrutamento de<br />
crianças na Colômbia, ou à desmobilização,<br />
reintegração e prevenção de recrutamento de<br />
crianças-soldados, facto que facilitou a<br />
desmobilização de mais de 3000 crianças.<br />
Finalmente, no âmbito do novo instrumento<br />
europeu para a democracia e os direitos<br />
humanos, também reservámos um montante de<br />
6,8 milhões de EUR para o período de <strong>2007</strong> a<br />
20<strong>10</strong>, com o objectivo de proteger os direitos<br />
das crianças em situações de conflitos armados.<br />
2-366<br />
Marie Panayotopoulos-Cassiotou (PPE-<strong>DE</strong>).<br />
– (EL) Agradeço a resposta da Senhora<br />
Comissária. Gostaria, no entanto, que me<br />
dissesse quais são as medidas concretas que<br />
estão a ser tomadas para acolher essas crianças<br />
na União Europeia.<br />
2-367<br />
Benita Ferrero-Waldner, Membro da<br />
Comissão. – (EN) Como acabo de dizer,<br />
dispomos de um bom número destas diferentes<br />
linhas de orientação, e estamos a implementar<br />
as que já existem. Acabo de referir, por<br />
exemplo, a política da UE relativa aos direitos<br />
da criança, cuja implementação é feita, em<br />
primeiro lugar, através do diálogo político. Em<br />
segundo lugar, estamos também a ajudar os<br />
países nas suas próprias estratégias, o que<br />
significa que estamos a cooperar com os países<br />
a título individual, além de estarmos a apoiar<br />
financeiramente a recente revisão dos Princípios<br />
de Cape Town. Tal como disse, isso teve como<br />
resultado os Princípios de Paris. Além disso,<br />
estamos também a manifestar oficialmente<br />
apoio político a essas linhas de orientação.<br />
Estamos, portanto, a tentar trabalhar em todas as<br />
diversas frentes, ajudando os países, mas<br />
utilizando também os nossos próprios projectos.<br />
2-368<br />
Presidente. - Pergunta nº 31 do Bernd Posselt<br />
(H-0460/07)<br />
Assunto: Estratégia para a região do Mar Negro<br />
Qual é a situação da estratégia externa da UE para o<br />
desenvolvimento da região do Mar Negro, e que papel<br />
desempenham, nesse contexto, as questões relacionadas com<br />
os direitos humanos, a segurança e a política externa em<br />
matéria de energia?<br />
2-369<br />
Benita Ferrero-Waldner, Membro da<br />
Comissão. – (EN) Esta é uma pergunta que diz<br />
respeito à política relativa à região do Mar<br />
Negro. Além dos três Estados-Membros da UE,<br />
a região do Mar Negro compreende mais sete<br />
países abrangidos pelas políticas da União<br />
Europeia, entre as quais, uma é a política de boa<br />
vizinhança, a segunda é o processo de préadesão,<br />
no caso da Turquia, e a terceira é a<br />
política de parceria com a Rússia. Estas<br />
políticas, e sobretudo a política europeia de
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 255<br />
vizinhança, determinam a nossa estratégia em<br />
relação à região, como um todo.<br />
Um dos nossos principais objectivos é, portanto,<br />
promover a prosperidade e a estabilidade,<br />
motivo por que oferecemos consideráveis<br />
programas de cooperação.<br />
Como sabem, ainda recentemente apresentámos<br />
a iniciativa “Sinergia para o Mar Negro”, que<br />
acaba de ser adoptada durante a Presidência<br />
alemã.<br />
A região é de primordial importância para nós,<br />
principalmente para o fornecimento de energia à<br />
UE - não apenas para a segurança dos<br />
abastecimentos de energia, mas também para a<br />
sua diversificação. Estamos igualmente e<br />
promover o diálogo com todos os países do Mar<br />
Negro sobre a segurança energética, de molde a<br />
proporcionarmos um quadro transparente para a<br />
produção, transporte e trânsito, não apenas num<br />
contexto regional, mas também para<br />
melhorarmos a nossa própria segurança<br />
energética e os abastecimentos da energia,<br />
mediante a sua diversificação.<br />
Estamos, além disso, a trabalhar na actualização<br />
das infra-estruturas existentes no sector da<br />
energia, bem como a promover o<br />
desenvolvimento de novas infra-estruturas, no<br />
contexto de um corredor para a energia entre o<br />
Mar Cáspio, o Mar Negro e a UE. Há ainda<br />
todos os critérios em matéria de direitos<br />
humanos estabelecidos pelo Conselho da<br />
<strong>Europa</strong> e pela OECE, que se aplicam a todos os<br />
Estados do Mar Negro. Queremos, portanto,<br />
melhorar os critérios dos direitos do Homem,<br />
mas também, apoiar e reforçar as estruturas<br />
democráticas e a sociedade civil, em particular.<br />
Isto é crucial.<br />
Finalmente, o terceiro ponto é constituído pela<br />
segurança e, em particular, pelos “conflitos<br />
congelados”, que representam um tremendo<br />
desafio. Esperamos que o envolvimento activo<br />
da UE nos esforços em curso para solucionar<br />
esses conflitos proporcione uma oportunidade<br />
para o conseguirmos num futuro não demasiado<br />
distante.<br />
2-370<br />
Bernd Posselt (PPE-<strong>DE</strong>). – (<strong>DE</strong>) Senhora<br />
Comissária Benita Ferrero-Waldner, muito<br />
obrigado pela sua resposta bastante<br />
pormenorizada e abrangente. Tenho ainda duas<br />
perguntas complementares. Em primeiro lugar,<br />
na Quinta-feira iremos ocuparmo-nos da<br />
Transnístria num debate sobre questões urgentes<br />
e muito importantes. Como avalia a Senhora<br />
Comissária a situação na Moldávia?<br />
A segunda questão diz respeito às tensões nos<br />
três Estados do Cáucaso do Sul, cuja forte<br />
escalada nos últimos dias e semanas se<br />
transformou uma espécie de conflito por<br />
procuração. Tem a Comissão exercido um papel<br />
de mediação nesta região?<br />
2-371<br />
Benita Ferrero-Waldner, Comissária. - (<strong>DE</strong>)<br />
Em primeiro lugar, e no que se refere à<br />
Transnístria e Moldávia, realizámos<br />
recentemente importantes conversações pessoais<br />
com o Presidente Vladimir Voronin, com o<br />
qual, posso garanti-lo ao senhor deputado Bernd<br />
Posselt, estamos a trabalhar de uma forma muito<br />
estreita, obviamente no quadro da nossa política<br />
de vizinhança.<br />
Sabemos que se realizaram conversações entre o<br />
Presidente Vladimir Voronin e o Presidente<br />
russo Vladimir Putin, mas o importante é que<br />
estas conduziram às conversações 5+2 que<br />
temos em curso. Estamos a fazer um grande<br />
esforço para apoiar a Moldávia de todas as<br />
formas possíveis. Surgem repetidamente<br />
questões de direitos humanos que devem ser<br />
abordadas, e já o fiz pessoalmente, tanto numa<br />
carta que dirigi ao Presidente Voronin, como<br />
directamente nas nossas conversações, porém,<br />
torna-se imperativo apoiarmos este país, que é o<br />
mais pobre da <strong>Europa</strong>, e é isso que estamos a<br />
fazer com os nossos programas.<br />
Relativamente às tensões no Cáucaso do Sul é<br />
verdade que se registou uma escalada.<br />
Salientámos repetidamente que uma solução dos<br />
conflitos na Ossécia do Sul, na Abcásia e<br />
também naturalmente em Nagorno-Karabakh só<br />
será possível se reforçarmos e intensificarmos o<br />
diálogo político. Estamos em estreito contacto<br />
com os vários representantes especiais do Alto<br />
Representante, e orientámos a nossa política de<br />
vizinhança para a criação de um clima<br />
conducente à procura de uma solução.<br />
Embora, por um lado, o Nagorno-Karabakh<br />
tenha tido uma oportunidade, que o Presidente<br />
lamentavelmente ainda não aproveitou, apesar<br />
de todos esperarmos que se registe um avanço, e<br />
enquanto na Ossécia do Sul são patentes<br />
melhorias, assistimos, por outro lado, a um<br />
avolumar dos problemas na Abcásia, e devemos<br />
estar particularmente vigilantes em relação a<br />
este país.<br />
2-372<br />
Reinhard Rack (PPE-<strong>DE</strong>). – (<strong>DE</strong>) A Senhora<br />
Comissária referiu uma série de importantes<br />
áreas de actuação política na resposta que deu à<br />
pergunta do senhor deputado Bernd Posselt.
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 256<br />
Gostaria de referir ainda outro assunto. A<br />
situação no Mar Negro levou a UE a ficar<br />
também nesta região com uma importante<br />
fronteira externa, o que levanta questões<br />
relacionadas com a travessia legal e ilegal desta<br />
fronteira. Os sectores da política de vistos e de<br />
imigração, bem como a prevenção da imigração<br />
ilegal, oferecem algumas oportunidades nesta<br />
matéria?<br />
2-373<br />
Benita Ferrero-Waldner, Comissária. - (<strong>DE</strong>)<br />
Permita-me que lhe diga, Senhor Deputado<br />
Reinhard Rack, que nesta questão estão<br />
envolvidos vários Estados. Temos, por um lado,<br />
a Bulgária e a Roménia, que são novos Estados-<br />
Membros da UE e que dão um contributo<br />
adequado para a formulação conjunta da política<br />
de migração da União Europeia.<br />
Por outro lado temos ainda, evidentemente,<br />
outros países, como a Turquia, que é um país<br />
candidato à adesão. Na devida altura, quando<br />
esta questão for analisada como um capítulo, a<br />
Turquia terá de aceitar e aplicar o acervo<br />
comunitário.<br />
As relações com alguns destes países estão<br />
integradas na política de vizinhança, e nesta<br />
matéria intervimos principalmente em duas<br />
áreas: por um lado, no que se refere a<br />
determinadas medidas para facilitar a concessão<br />
de vistos e, por outro lado, na questão dos<br />
acordos de repatriamento, de forma a prevenir<br />
tanto quanto possível a imigração ilegal.<br />
2-374<br />
Danutė Budreikaitė (AL<strong>DE</strong>). – (LT) Gostaria<br />
de formular uma pergunta acerca das Unidades<br />
3 e 4 da central de Kozloduy, na Bulgária.<br />
Embora o Tratado de Adesão exigisse que<br />
fossem encerrados, parece-lhe agora correcto,<br />
Senhora Comissária, tendo em conta a situação<br />
que se vive na <strong>Europa</strong> e no mundo em matéria<br />
de energia, que se encerre uma das unidades, ou<br />
a totalidade das unidades, de uma central de<br />
geração de electricidade que é bem gerida e<br />
segura e que funciona de forma económica?<br />
2-375<br />
Benita Ferrero-Waldner, Membro da<br />
Comissão. – (EN) Eu diria que esta é uma das<br />
principais razões para termos essa iniciativa de<br />
cooperação intitulada “Sinergia do Mar Negro”,<br />
bem como o Conselho Económico do Mar<br />
Negro como instrumento destinado a<br />
impulsionar esta cooperação. Gostaríamos de<br />
ver, por um lado, os países nossos parceiros, os<br />
países vizinhos, e, por outro, os nossos próprios<br />
Estados-Membros, a cooperar estreitamente<br />
com o país candidato, isto é, com a Turquia,<br />
mas também, especialmente, com o parceiro<br />
estratégico, a saber, com a Rússia.<br />
Encontramo-nos na fase embrionária desta nova<br />
política, que considero que ainda tem de crescer.<br />
Realizou-se um encontro muito importante em<br />
Istambul, que, espero, doravante irá dar uma<br />
oportunidade de intensificar e aprofundar a<br />
nossa cooperação. Penso, porém, ser demasiado<br />
cedo para se fazer já a sua avaliação. Agora é a<br />
altura de avançarmos e vermos o que<br />
conseguimos fazer, o que, evidentemente, é a<br />
nossa intenção.<br />
2-376<br />
Presidente. - Pergunta nº 32 do Evgeni Kirilov<br />
(H-0479/07)<br />
Assunto: A situação das enfermeiras búlgaras e do médico<br />
palestiniano na Líbia<br />
Poderá a Comissão informar sobre a actual situação das<br />
enfermeiras búlgaras e do médico palestiniano na Líbia, na<br />
sequência da recente visita da Comissária Benita Ferrero-<br />
Waldner e do Ministro alemão dos Negócios Estrangeiros<br />
Frank-Walter Steinmeier a este país? Poderá a Comissão<br />
retirar algumas conclusões desta situação e apresentar uma<br />
análise política da forma como as negociações com as<br />
autoridades líbias deverão continuar a ser conduzidas?<br />
2-377<br />
Benita Ferrero-Waldner, Membro da<br />
Comissão. – (EN) Senhor Presidente, o caso do<br />
pessoal médico da Bulgária e da Palestina<br />
constitui uma das minhas prioridades máximas.<br />
No decurso da minha visita à Líbia, em<br />
companhia do Ministro dos Negócios<br />
Estrangeiros Steinmeier, ao tempo Presidente<br />
em exercício do Conselho, registámos alguns<br />
progressos nas discussões com as autoridades<br />
líbias e com os representantes das famílias das<br />
crianças. Aparentemente, neste momento,<br />
estamos mais perto de encontrarmos uma<br />
solução baseada na solidariedade humana, que<br />
pode produzir alguns frutos.<br />
Tanto as famílias como o Governo têm tido uma<br />
atitude construtiva, tendo nós confirmado a<br />
nossa disponibilidade para tomarmos em<br />
consideração o prosseguimento do Plano de<br />
Acção Benghazi, a favor das crianças e,<br />
particularmente, a favor do Centro para Doenças<br />
Infecto-contagiosas e Imunologia de Benghazi.<br />
Neste momento, aguardamos o veredicto do<br />
Supremo Tribunal, esperado para amanhã, 11 de<br />
Julho. Isto, porém, não será o fim, porque está<br />
planeada outra medida, antes da reunião do<br />
Conselho Judicial Supremo da Líbia.<br />
Estamos em estreito contacto com as<br />
autoridades líbias e, evidentemente, ainda que lá
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 257<br />
não tenhamos chegado, esperamos que a história<br />
irá ter um desfecho positivo.<br />
2-378<br />
Евгени Кирилов (PSE). – Г-жо комисар,<br />
благодаря на Вас и на немското<br />
председателство за огромните усилия, които<br />
положихте.<br />
Вие, г-жо комисар, характеризирате тези<br />
преговори като деликатни. Обикновено<br />
често казвате така. Всъщност търпение и<br />
деликатност проявява Европейската<br />
комисия. Либийският режим, който не иска<br />
да търси истинската причина за СПИНепидемията<br />
до този момент, не проявява<br />
деликатност и си е намерил за тази цел<br />
дългосрочни заложници. Той драстично<br />
нарушава човешките права на европейски<br />
граждани вече 8 години и развива удобната<br />
му теза за независимото либийско<br />
правосъдие. А то е толкова независимо,<br />
колкото например са либийските медии,<br />
които за този период не посмяха нито един<br />
път да представят другата гледна точка, за<br />
разлика от българските и европейските<br />
медии.<br />
Попитах Ви за политическата оценка, защото<br />
този процес е политически. Логично е за<br />
утрешното заседание на съда в Либия и<br />
неговото решение, както и за всички<br />
решения до сега, либийските власти да носят<br />
отговорност. Бих желал да Ви попитам:<br />
„Имате ли алтернативен план за действие<br />
(председателят се опитва да го прекъсне.),<br />
ако Либия продължи да използва<br />
преговорите за удължаването на агонията на<br />
медицинските сестри и палестинския лекар?“<br />
2-379<br />
Benita Ferrero-Waldner, Membro da<br />
Comissão. – (EN) Gostaria de dizer que, pela<br />
primeira vez, tenho esperança de que se possa<br />
registar uma mudança positiva. Tal como disse,<br />
porém, neste momento, ainda lá não chegámos.<br />
Não queremos ter um plano B, porque<br />
queremos, realmente, trabalhar por aquilo que<br />
temos tentado fazer: ajudar as enfermeiras<br />
búlgaras e o médico palestiniano a recuperar a<br />
sua liberdade.<br />
Os próximos dias serão cruciais. Estaremos<br />
muito atentos, porquanto já oferecemos às<br />
autoridades líbias a oportunidade de dispor<br />
realmente de um plano a médio prazo para<br />
trabalharmos no sentido da criação de um centro<br />
em Benghazi, não apenas para a cidade, mas<br />
que irá ser igualmente um centro regional e um<br />
centro para tratamento do HIV/SIDA para toda<br />
essa parte da África subsariana.<br />
Tenhamos, pois, esperança, e vamos trabalhar<br />
em conjunto para encontrarmos uma boa<br />
solução.<br />
2-380<br />
Glyn Ford (PSE). – (EN) Este caso é realmente<br />
revoltante. O meu colega David Martin foi um<br />
dos primeiros a trazer este assunto à colação, na<br />
anterior legislatura, antes de 2004. Não<br />
obstante, ainda aqui estamos. O Governo líbio<br />
reconheceu que isto ameaçou azedar para<br />
sempre as relações entre a UE e a Líbia, o que<br />
seria extremamente lamentável, uma vez que a<br />
Líbia acaba de ser aceite novamente. Aplaudo a<br />
proposta de criação de um centro em Benghazi.<br />
Espero que a decisão de amanhã seja a decisão<br />
correcta. Caso contrário, espero que a Alta<br />
Autoridade Judicial seja capaz de a tomar. Se<br />
assim não fizer – e compreendo que a senhora<br />
Comissária não queira um plano B – não se<br />
importa de vir ter novamente connosco com<br />
novas propostas de acção, se não obtivermos a<br />
decisão adequada nas duas últimas<br />
oportunidades que nos restam?<br />
2-381<br />
Benita Ferrero-Waldner, Membro da<br />
Comissão. – (EN) Gostaria de repetir que as<br />
autoridades da Líbia se consciencializam, cada<br />
vez mais, de que também elas gostariam de ter<br />
boas relações com a União Europeia. Creio que<br />
compreenderam a importância de sair do<br />
isolamento e que este caso continua a constituir<br />
um obstáculo.<br />
Muito provavelmente, amanhã, o Supremo<br />
Tribunal irá apresentar o seu veredicto, mas<br />
também sabemos – e considero importante<br />
sublinhá-lo – que isso não irá constituir o fim do<br />
caminho. Ainda irá haver a decisão política do<br />
Alto Conselho Judicial.<br />
Caso não haja solução, é evidente que<br />
regressaremos e que teremos de ver o que é<br />
necessário fazer. Tal como disse anteriormente,<br />
porém, desta vez, o meu optimismo é prudente.<br />
Tenhamos esperança, não nos limitemos a<br />
cruzar os dedos, mas vamos trabalhar todos<br />
juntos o mais que pudermos. E isso é o que<br />
iremos fazer mesmo até ao último minuto. Isso é<br />
coisa que posso garantir-lhes.<br />
2-382<br />
Boguslaw Sonik (PPE-<strong>DE</strong>). – (PL) Senhora<br />
Comissária, por favor, vamos evitar uma<br />
situação em que, seguindo o exemplo dos<br />
Estados Unidos, a União Europeia pague um<br />
resgate, como o resgate pedido recentemente,<br />
para libertar as enfermeiras e o médico, pelo<br />
Coronel Mohamar Cadaffi, que pediu uma soma
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 258<br />
exorbitante para libertar as vítimas. Não<br />
podemos permitir que tal coisa aconteça.<br />
2-383<br />
Benita Ferrero-Waldner, Membro da<br />
Comissão. – (EN) Não quero entrar em<br />
pormenores sobre o que estamos a discutir com<br />
as autoridades líbias. Posso assegurar-lhes,<br />
porém, que não há qualquer resgate a pagar. A<br />
nossa única estratégia, desde o início, tem sido<br />
assegurar a nossa solidariedade com o povo<br />
líbio, e especialmente com as crianças<br />
afectadas. Estamos igualmente solidários com<br />
as famílias. Pensamos, também, que, por vezes,<br />
é possível converter um risco ou uma situação<br />
difícil numa oportunidade. A oportunidade<br />
podia ser o facto de este Centro em Benghazi<br />
poder não vir a ser apenas um centro para tratar<br />
essas crianças e as respectivas famílias, mas<br />
também um futuro centro de excelência para a<br />
região e, inclusivamente, para uma parte da<br />
África subsariana. Posso garantir-lhes<br />
plenamente que não está a ser pago qualquer<br />
resgate.<br />
2-384<br />
Presidente. - Pergunta nº 35 do Georgios<br />
Papastamkos (H-0453/07)<br />
Assunto: Energia nuclear na região dos Balcãs<br />
Que projectos foram transmitidos à Comissão relativos à<br />
construção de novas centrais nucleares nos Estados-<br />
Membros da UE da península dos Balcãs e, de um modo<br />
geral, do Sudeste da <strong>Europa</strong>? Dado o gradual encerramento<br />
dos reactores da central de Kozloduy e a simultânea<br />
construção em Belene, construção, como se apresenta a<br />
carta energética da região? Tendo em conta as reservas<br />
suscitadas pelo historial de intensa e forte actividade sísmica<br />
da região, considera a Comissão que a energia nuclear seja a<br />
solução estratégica correcta e responsável para resolver as<br />
necessidades em energia dos países da região?<br />
2-385<br />
Andris Piebalgs, Membro da Comissão. – (EN)<br />
Relativamente à região em causa, existe uma<br />
participação sobre a construção de uma nova<br />
central nuclear e um compromisso de<br />
encerramento. No dia 27 de Fevereiro deste ano,<br />
a Natsionalna Elektricheska Kompania<br />
(Companhia Nacional de Electricidade)<br />
participou à Comissão, ao abrigo do artigo 41º<br />
do Tratado Euratom, o seu projecto de<br />
investimento. A participação diz respeito à<br />
construção de uma nova central nuclear de<br />
terceira geração, com um reactor do tipo<br />
VVER-<strong>10</strong>00, em Belene (Bulgária).<br />
Está igualmente a ser levado a cabo o<br />
encerramento das unidades três e quatro da<br />
central nuclear de Kozlodui, como parte<br />
integrante do Acordo de Adesão da Bulgária à<br />
União Europeia. A Comissão, no seu papel de<br />
guardiã dos Tratados, irá vigiar a correcta<br />
implementação das cláusulas relevantes deste<br />
acordo. O encerramento destas unidades não<br />
deveria suscitar importantes preocupações<br />
relativamente ao fornecimento de energia. A<br />
ajuda da Comunidade para o desmantelamento,<br />
com base no Acordo de Adesão, cobre<br />
igualmente medidas necessárias na sequência do<br />
encerramento dos reactores no domínio da<br />
substituição das acções de substituição da<br />
capacidade, da eficácia e fornecimento de<br />
energia.<br />
Além disso, tanto na opinião da Comissão como<br />
na do Banco Mundial, são necessários novos<br />
investimentos de base em toda a região.<br />
Todavia, actualmente não estão a surgir<br />
particulares problemas estruturais.<br />
A Comissão tem sublinhado consistentemente<br />
que cabe a cada Estado-Membro decidir se deve<br />
ou não confiar na energia nuclear para a<br />
produção de electricidade. Caso os Estados-<br />
Membros decidam investir em novas centrais<br />
nucleares, a Comissão irá exercer os poderes de<br />
que dispõe para assegurar que os novos<br />
projectos de investimento satisfaçam os mais<br />
altos critérios no domínio da segurança, da<br />
defesa e da não-proliferação, tal como exigido<br />
pelo Tratado Euratom.<br />
No que diz respeito à questão sísmica, exige-se<br />
que, nos termos do artigo 37º do Tratado<br />
Euratom, a Bulgária proporcione à Comissão<br />
dados de ordem geral relacionados com o plano<br />
de eliminação de resíduos radioactivos. Isto irá<br />
aplicar-se à nova central nuclear de Belene.<br />
Cumpre que estes dados sejam apresentados,<br />
pelo menos, seis meses antes de as competentes<br />
autoridades búlgaras concederem qualquer<br />
autorização de descarga de efluentes<br />
radioactivos. A Comissão emitirá o seu parecer,<br />
com base nestes dados e após consulta do grupo<br />
de peritos em matéria do artigo 31º. A Comissão<br />
irá verificar se a implementação do plano, quer<br />
numa operação normal, quer em caso de<br />
acidente, é passível de causar contaminação<br />
radioactiva da água, dos solos ou do espaço<br />
aéreo de outro Estado-Membro. Uma vez que a<br />
revisão da Comissão também abrange cenários<br />
de acidentes, os dados de ordem geral a serem<br />
fornecidos pelos Estados-Membros também<br />
deveriam conter informações sobre a actividade<br />
sísmica da região, sobre a máxima actividade<br />
sísmica provável e sobre a resistência sísmica<br />
concebida para a instalação nuclear.<br />
2-386<br />
Georgios Papastamkos (PPE-<strong>DE</strong>). – (EL)<br />
Agradeço a resposta do Senhor Comissário.
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 259<br />
Senhor Presidente, passaram vinte anos desde a<br />
tragédia de Chernobil, que directa ou<br />
indirectamente provocou um número<br />
incalculável de mortes lentas. Nem a<br />
Organização Mundial de Saúde nem a Comissão<br />
divulgaram junto da opinião pública dados<br />
fidedignos sobre esta tragédia.<br />
Foi recentemente publicado na Suíça um estudo<br />
com nome de código Pegasos, que estabelece<br />
uma correlação entre riscos sísmicos e energia<br />
nuclear. Esse estudo veio a lume através do<br />
Neue Zürcher Zeitung.<br />
A Comissão dispõe de dados estatísticos<br />
probabilísticos sobre o risco sísmico? É dessa<br />
informação que estamos à espera dessa<br />
informação e não de saber se cada Estado-<br />
Membro é livre para ter ou não ter energia<br />
nuclear.<br />
2-387<br />
Andris Pielbags, Membro da Comissão. – (EN)<br />
De acordo com o Tratado Euratom, cumpre-nos<br />
dar um parecer. Seguramente, vamos exigir às<br />
empresas que gostariam de construir o reactor<br />
nuclear todos os dados necessários, bem como,<br />
em minha opinião, prestar a devida atenção ao<br />
assunto, com base nas informações que<br />
recebermos das autoridades.<br />
2-388<br />
Paul Rübig (PPE-<strong>DE</strong>). – (<strong>DE</strong>) Senhor<br />
Comissário Andris Piebalgs, estão ainda nas<br />
mãos do Conselho duas directivas relativas à<br />
eliminação de resíduos. Penso que é agora mais<br />
do que tempo de prosseguirmos o debate destas<br />
directivas, que foram propostas pela Comissão e<br />
receberam um forte apoio do Parlamento. Vê o<br />
Senhor Comissário alguma oportunidade de,<br />
com a liberalização do mercado da energia, as<br />
condições para o armazenamento final e<br />
desactivação ficarem também sujeitas a normas<br />
comuns?<br />
2-389<br />
Andris Pielbags, Membro da Comissão. – (EN)<br />
Infelizmente, não vejo a relação entre a<br />
liberalização e o modo como ela influenciaria a<br />
posição de um Estado-Membro. Instrumento<br />
muito mais forte de influência é o Grupo de<br />
Alto Nível para a segurança do tratamento de<br />
resíduos nucleares, porque esse é o modo de<br />
proceder e de reunir todos os Estados-Membros<br />
– os que dispõem e os que não dispõem de<br />
energia nuclear – e de fazer progredir realmente<br />
estas questões. A liberalização do mercado não<br />
terá qualquer efeito, porque a energia nuclear<br />
faz parte do conjunto energético nacional, e<br />
cada país gostaria de tomar as suas próprias<br />
decisões.<br />
Trata-se de uma questão política altamente<br />
sensível, motivo por que creio que a<br />
liberalização do mercado não terá qualquer<br />
influência sobre esse tipo de decisões. Os países<br />
que normalmente se opõem à utilização de<br />
energia nuclear não irão mudar de opinião. Os<br />
países que utilizam energia nuclear irão<br />
continuar a utilizá-la. Logo, creio que a melhor<br />
maneira de promover a directiva é trabalhar<br />
num grupo de alto nível dos 27 Estados-<br />
Membros e, desse modo, estabelecer um<br />
consenso mais amplo na fixação de critérios<br />
mais elevados de segurança nuclear e melhor<br />
tratamento dos resíduos nucleares.<br />
2-390<br />
Danutė Budreikaitė (AL<strong>DE</strong>). – (LT) Gostaria<br />
de inquirir sobre a possibilidade de se criar uma<br />
Dimensão do Mar Negro. Existe a Dimensão<br />
Nórdica, na qual se incluiu com êxito a Rússia e<br />
cujos acordos estão a ser cumpridos (embora a<br />
Rússia nem sempre o faça). Seria possível<br />
utilizar alguns elementos da Dimensão Nórdica<br />
para a constituição de uma Dimensão do Mar<br />
Negro, e adoptar assim uma posição abrangente<br />
em relação a todos os assuntos?<br />
2-391<br />
Andris Pielbags, Membro da Comissão. – (EN)<br />
A principal razão para o encerramento dos<br />
reactores foi a dúvida suscitada pelos níveis de<br />
segurança. O assunto foi amplamente debatido<br />
no decurso de toda a estratégia de pré-adesão,<br />
tendo a decisão sido tomada pelas autoridades<br />
búlgaras com base na avaliação da segurança. O<br />
encerramento nada tem a ver com fornecimento<br />
ou falta de fornecimento, mas sim com a<br />
segurança. Esse o motivo por que creio não<br />
haver processo de fazermos concessões<br />
relativamente a este assunto. Se fosse por<br />
qualquer outro motivo, como, por exemplo,<br />
excesso de energia – mas não foi, foi apenas por<br />
razões de segurança, reconhecidas pelas<br />
autoridades búlgaras, quando subscreveram o<br />
Tratado. Além disso, este Tratado foi ratificado<br />
em todos os Estados-Membros, o que significa<br />
que não só os governos que o subscreveram<br />
assumiram uma obrigação, como também essa<br />
obrigação foi aprovada pelos cidadãos de todos<br />
os Estados-Membros. Em minha opinião, não<br />
existem novos dados que nos permitam voltar<br />
atrás sobre esta decisão.<br />
2-392<br />
Presidente. - Pergunta nº 36 do Dimitrios<br />
Papadimoulis (H-0474/07)<br />
Assunto: Manutenção das reservas de combustíveis na<br />
Grécia<br />
A Comissão grega da concorrência, com a sua decisão<br />
334/V/<strong>2007</strong> adoptada depois de examinar o mercado dos
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 260<br />
produtos petrolíferos, apresentou uma série de medidas e<br />
propostas em que é feita uma referência particular à<br />
manutenção das reservas. A Comissão grega da<br />
Concorrência já tinha, numa consulta pública, constatado<br />
problemas com o regime de manutenção das reservas: "Com<br />
o actual regime jurídico de manutenção de reservas de<br />
segurança, impedem-se, de facto, as importações de<br />
produtos petrolíferos e, portanto, a concorrência a nível da<br />
refinação é limitada às duas unidades de refinação locais.<br />
Isto acontece porque não enfrentam fortes pressões da<br />
concorrência dos preços (inferiores) de importação, o que<br />
faz com que as duas refinarias locais cobrem preços às<br />
empresas de comercialização de combustíveis na Grécia<br />
mais elevados que nos outros Estados-Membros da UE<br />
apesar do baixo custo do petróleo bruto de que beneficiam<br />
as companhias de refinação locais".<br />
Adoptou o governo grego as medidas propostas pela<br />
Comissão grega da concorrência? Como comenta a<br />
Comissão o regime de manutenção de reservas em vigor e as<br />
soluções propostas? Tenciona a Comissão fazer diligências<br />
junto do governo grego para que adopte as propostas supra,<br />
e outras, para reforçar a concorrência?<br />
2-393<br />
Andris Pielbags, Membro da Comissão. – (EN)<br />
A legislação em vigor na UE deixa a cargo dos<br />
Estados-Membros decidir qual o sistema de<br />
manutenção das reservas, impondo certas<br />
obrigações relativamente aos seus níveis. Essa<br />
legislação impõe certos requisitos no que<br />
respeita a acordos internos para manter essas<br />
reservas separadas de certas condições de ordem<br />
geral que se aplicam a acordos no domínio da<br />
posse de reservas, como, por exemplo, os<br />
princípios de justiça, de não-discriminação e de<br />
transparência.<br />
Com base na informação fornecida pelas<br />
autoridades gregas, a Comissão Europeia<br />
considera, por enquanto, não haver provas que<br />
justifiquem um processo por infracção<br />
relacionado com os convénios sobre a posse de<br />
reservas estabelecidos nos termos da directiva.<br />
Tomando em consideração o que atrás fica dito,<br />
a Comissão continuará a controlar regularmente<br />
o nível das reservas mantidas na Grécia, a fim<br />
de garantir os níveis exigidos pela legislação da<br />
UE. Ao mesmo tempo, a Comissão Europeia<br />
gostaria de fazer notar que, em 2001, o Tribunal<br />
de Justiça Europeu decidiu que um convénio<br />
sobre a posse de reservas na Grécia não<br />
regulado pela directiva atrás referida violava o<br />
artigo 28º do Tratado da Comunidade Europeia<br />
sobre a livre circulação de bens. O caso foi<br />
encerrado depois de a Comissão ter sido<br />
informada de que as autoridades gregas<br />
respeitavam a decisão do Tribunal de Justiça.<br />
Todavia, se houver novos elementos que<br />
signifiquem uma violação do artigo 28º, como,<br />
por exemplo, a proibição ou restrição de bens<br />
importados, a Comissão Europeia irá examinar<br />
essa nova informação pormenorizada.<br />
2-394<br />
Dimitrios Papadimoulis (GUE/NGL). – (EL)<br />
Senhor Comissário, os novos elementos são as<br />
propostas da própria Comissão da Concorrência<br />
grega, que diz que os actuais níveis elevados de<br />
reservas impostos pela legislação vigente estão<br />
na prática a impedir as importações de produtos<br />
acabados e a favorecer as posições oligopolistas,<br />
dada a presença dominante de duas refinarias de<br />
petróleo na Grécia.<br />
A Grécia tem alguns dos preços de petróleo préimpostos<br />
mais elevados da União Europeia.<br />
A pergunta é esta: tenciona intervir junto das<br />
autoridades gregas no que se refere à aplicação<br />
das propostas da Comissão da Concorrência<br />
grega ou prefere assumir o papel de Pôncio<br />
Pilatos?<br />
2-395<br />
Andris Pielbags, Membro da Comissão. – (EN)<br />
A Comissão cumpre as suas obrigações de<br />
modo muito responsável, controlando realmente<br />
tanto o nível das reservas, como os acordos.<br />
Nesta fase, não temos qualquer prova de que a<br />
Grécia se encontre em situação de transgressão<br />
da legislação relativa às reservas. Se recebermos<br />
novas informações de que a Grécia está a<br />
transgredir essa legislação, daremos<br />
imediatamente início a um processo por<br />
infracção. Ao mesmo tempo, seria errado<br />
equacionar reservas com preços mais elevados,<br />
uma vez que as reservas têm uma influência<br />
extremamente mínima sobre o nível dos preços<br />
dos produtos petrolíferos.<br />
2-396<br />
Presidente. - Pergunta nº 37 do Justas Vincas<br />
Paleckis (H-0480/07)<br />
Assunto: Oleoduto "Družba"<br />
Em Julho do ano passado, a Rússia suspendeu o<br />
fornecimento de petróleo à Lituânia e à Letónia através do<br />
oleoduto "Družba". Desde há quase um ano que não temos<br />
quaisquer informações oficiais sobre os motivos da<br />
suspensão e as perspectivas de os fornecimentos serem<br />
retomados. A Rússia apresenta como justificação o facto de<br />
estar ainda em curso o estudo económico e técnico sobre a<br />
reparação do oleoduto "Družba", no termo do qual se<br />
verificará se é rentável para a Rússia reparar o oleoduto ou<br />
se deve ser construído um novo oleoduto Unečia – Velikije<br />
Luki – Primorsk. Segundo os peritos, o Governo russo<br />
tomou já a decisão política de renunciar ao oleoduto<br />
"Družba", dado que o novo oleoduto ofereceria à Rússia a<br />
possibilidade de não ter de fazer transitar o petróleo através<br />
de território bielorrusso e polaco para, em vez disso, o<br />
transportar directamente para a União Europeia através do<br />
porto de Primorsk, no Mar Báltico. Tal contradiz a estratégia<br />
da UE de transportar menos petróleo por via marítima, a fim<br />
de evitar as consequências ecológicas negativas, e terá<br />
consequências significativas para o aprovisionamento de<br />
petróleo de oito Estados, entre os quais se contam seis<br />
Estados-Membros da UE, a saber, a Lituânia, a Polónia, a<br />
Hungria, a Eslováquia, a República Checa e a Alemanha.
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 261<br />
Em Março, os Chefes de Estado e de Governo da UE<br />
declararam que o objectivo da política energética era<br />
garantir a segurança do abastecimento dos<br />
Estados-Membros da UE com fontes energéticas e a<br />
diversificação da respectiva infra-estrutura. A desactivação<br />
do oleoduto "Družba" significará um malogro claro desta<br />
política europeia. Que medidas concretas pensa a Comissão<br />
adoptar para obviar a esta situação? Quais são os<br />
prognósticos e as recomendações da Rede dos<br />
Correspondentes de Segurança Energética (NESCO)?<br />
2-397<br />
Andris Pielbags, Membro da Comissão. – (EN)<br />
Desde o início da suspensão do fornecimento de<br />
petróleo através do oleoduto de Druzhba que a<br />
Comissão Europeia pediu ao lado russo<br />
transparência e informações a respeito das<br />
medidas previstas para remediar a situação. Essa<br />
transparência foi repetidamente solicitada por<br />
carta, bem como em vários encontros bilaterais<br />
ao mais alto nível, inclusive na última Cimeira<br />
UE-Rússia, que teve lugar em Maio de este ano.<br />
A Comissão faz notar a resolução do Governo<br />
russo de prosseguir com os preparativos para a<br />
construção de um oleoduto entre Unecha e o<br />
terminal de Primorsk, no Báltico, uma evolução<br />
que presumivelmente podia conduzir à redução<br />
dos fornecimentos através do oleoduto de<br />
Druzhba.<br />
A possibilidade de aumento das exportações de<br />
petróleo através de Primorski realça a<br />
importância de um forte quadro legislativo para<br />
a segurança marítima, bem como os riscos<br />
ambientais relacionados com o tráfego de<br />
petroleiros e da eficaz implementação desse<br />
quadro legislativo. O Mar Báltico constitui um<br />
foco de particular atenção, com o seu<br />
estabelecimento de linhas de tráfego e o<br />
controlo de tráfego de petroleiros de um só<br />
tanque pela Agência Europeia da Segurança<br />
Marítima - EMSA. No decurso do diálogo sobre<br />
os transportes, acordou-se em que a segurança<br />
marítima é um dos assuntos mais importantes.<br />
A Comissão considera que, quando se trata de<br />
segurança marítima ou de riscos ambientais, o<br />
transporte de petróleo através de oleoduto é<br />
preferível ao transporte por petroleiros. Cumpre<br />
que investidores e promotores tomem esses<br />
riscos em consideração. Em Março de <strong>2007</strong>, o<br />
Conselho Europeu aprovou uma política<br />
energética para a <strong>Europa</strong>, que incluía um<br />
minucioso plano de acção que explica essa<br />
política, que devia ser apreciada como um todo.<br />
A segurança de abastecimento devia conseguirse<br />
mediante progressos em várias partes do<br />
plano de acção, particularmente o<br />
estabelecimento e funcionamento do mercado<br />
interno da energia e acordos de solidariedade no<br />
mercado entre os Estados-Membros. Esses<br />
progressos incluem igualmente a diversificação<br />
da energia, com um esforço em termos de<br />
eficácia energética e, em último lugar, mas não<br />
menos importante, um esforço no sentido da<br />
consecução de uma forte univocidade nas<br />
relações externas em matéria de energia.<br />
A Rede de Correspondentes de Segurança em<br />
matéria de Energia criada em Maio acaba<br />
precisamente de preparar o seu trabalho, indo,<br />
porém, futuramente ser um óptimo instrumento<br />
de avaliação dos riscos do fornecimento<br />
externo.<br />
2-398<br />
Justas Vincas Paleckis (PSE). – (EN) Muito<br />
obrigado, Senhor Comissário, pela sua exaustiva<br />
resposta. Na Lituânia, tanto o povo como o<br />
Governo apreciam devidamente os esforços da<br />
Comissão. Não obstante, o oleoduto de Druzhba<br />
não funciona. Lamento dizer que a Rússia não<br />
está disposta a cooperar. Qual é o papel da Rede<br />
de Correspondentes de Segurança em matéria de<br />
Energia nesta história?<br />
2-399<br />
Andris Pielbags, Membro da Comissão. – (EN)<br />
No que diz respeito ao oleoduto de Druzhba,<br />
não existe outro instrumento que continue a<br />
manter esta assunto na agenda. A NESCO<br />
(Rede de Correspondentes para a Segurança<br />
Energética) não pode, realmente, ajudar: a sua<br />
função é evitar ou antecipar a suspensão de<br />
fornecimento, motivo por que não pode<br />
proporcionar a necessária informação.<br />
Nós não estamos a pedir demasiado. Temos<br />
necessidade de dados precisos e de<br />
compromissos. Será que utilizarão o oleoduto?<br />
Em caso afirmativo, quando esperam fazê-lo?<br />
Não estamos a pedir dados secretos. Estamos a<br />
fazer apenas perguntas normais que bons<br />
vizinhos deveriam fazer entre si, porquanto nada<br />
têm a ver com a segurança do abastecimento.<br />
Dizemos que a utilização do oleoduto é uma<br />
ideia positiva, porque põe termo ao<br />
congestionamento dos mares e reduz os riscos<br />
ambientais.<br />
Todos esperamos que o oleoduto regresse ao<br />
serviço o mais brevemente possível e, se<br />
necessário, estaremos dispostos a proporcionar<br />
o apoio que seja necessário. Logo, a NESCO<br />
tem, em tudo isto, um papel muito limitado,<br />
uma vez que é apenas um instrumento destinado<br />
a mitigar os riscos de abastecimento.<br />
2-400<br />
Paul Rübig (PPE-<strong>DE</strong>). – (<strong>DE</strong>) Senhor<br />
Comissário, recorremos a coordenadores que se<br />
ocupam dos vários oleodutos. Pensa que seria<br />
também uma boa solução a designação de um<br />
coordenador no caso do oleoduto de Druzhba?
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 262<br />
2-401<br />
Andris Pielbags, Membro da Comissão. – (EN)<br />
Até ao momento, ainda não dispomos de redes<br />
transeuropeias de energia para o petróleo.<br />
Pessoalmente, diria que já é mais do que tempo<br />
de reconsiderarmos a situação, porque, no que<br />
diz respeito ao petróleo, subestimámos os riscos<br />
do abastecimento. Logo, devíamos trazer de<br />
novo o petróleo ao nosso debate sobre a energia,<br />
tanto neste Parlamento, como no Conselho e na<br />
Comissão.<br />
Actualmente, estamos a preparar um estudo em<br />
que se procede à avaliação de todos os riscos<br />
inerentes ao abastecimento do petróleo, de que<br />
partes do globo o recebemos, qual o papel<br />
desempenhado pela congestão dos mares, de<br />
onde provêm os riscos, etc. Creio que a certa<br />
altura devíamos passar à promoção de projectos<br />
particulares. Um projecto óbvio relativo ao<br />
petróleo, cujo desenvolvimento gostaríamos de<br />
promover é a inversão do fluxo do oleoduto<br />
Odessa-Brody-Płock-Gdańsk, uma vez que ele<br />
transporta o petróleo da congestionada região do<br />
Mar Negro para os seus mercados. É um<br />
projecto que já posso mencionar, e em que eu<br />
consideraria a necessidade de um tal<br />
coordenador. Todavia, o actual quadro jurídico<br />
não se aplica ao petróleo.<br />
2-402<br />
Presidente. - As perguntas que, por falta de<br />
tempo, não obtiveram resposta obtê-la-ão<br />
ulteriormente por escrito (ver Anexo).<br />
Está encerrado o período de perguntas.<br />
(A sessão, suspensa às 19h<strong>10</strong>, é reiniciada às<br />
21 horas).<br />
2-403<br />
PRESIDÊNCIA: MAURO<br />
Vice-presidente<br />
2-404<br />
Composição das comissões e das delegações:<br />
ver Acta<br />
2-405<br />
Execução do primeiro pacote ferroviário<br />
(debate)<br />
2-406<br />
Presidente. - Segue-se na ordem do dia o<br />
relatório (A6-0219/<strong>2007</strong>) do deputado Cramer,<br />
em nome da Comissão dos Transportes e do<br />
Turismo, sobre a execução do primeiro pacote<br />
ferroviário (2006/2213(INI))<br />
2-407<br />
Michael Cramer (Verts/ALE), relator. – (<strong>DE</strong>)<br />
Senhor Presidente, Senhoras e Senhores,<br />
gostaria de começar por manifestar a minha<br />
profunda gratidão aos relatores-sombra pela sua<br />
cooperação no primeiro pacote ferroviário.<br />
De um modo geral, pode dizer-se que o primeiro<br />
pacote ferroviário foi um êxito total. A abertura<br />
das redes europeias ao transporte ferroviário de<br />
mercadorias provou o seu valor, tendo-se<br />
revelado especialmente eficazes os países que já<br />
se haviam preparado previamente para esta<br />
situação, em vez de esperarem que as redes<br />
fossem abertas. A Alemanha, por exemplo,<br />
conseguiu aumentar o tráfego ferroviário de<br />
mercadorias em 25%, e os Países Baixos em<br />
42,5%, desde a abertura das redes, e o Reino<br />
Unido e a Polónia aumentaram a quota das<br />
mercadorias transportadas por via-férrea em<br />
60%, embora no caso do Reino Unido ela<br />
estivesse a um nível reduzido. Isto é benéfico<br />
para o ambiente e o transporte na <strong>Europa</strong>.<br />
Os países que não se prepararam para isto, que<br />
esperaram até ao último momento, não estão a<br />
obter resultados tão bons. França, por exemplo,<br />
que só abriu as suas linhas de transporte de<br />
mercadorias no início do corrente ano, registou<br />
no mesmo período uma quebra de 28% no<br />
transporte ferroviário de mercadorias. O volume<br />
de mercadorias transportadas por rodovia<br />
aumentou, o que dificilmente se coaduna com a<br />
política para o clima actualmente prevalecente.<br />
No meu relatório refiro também o facto de ter<br />
permanecido inalterada a repartição modal na<br />
generalidade, o que se fica evidentemente a<br />
dever à inexistência de condições justas de<br />
enquadramento para os diferentes modos de<br />
transporte. As nossas condições de<br />
enquadramento são tremendamente injustas.<br />
Podemos também afirmar que os transportes são<br />
demasiado baratos na <strong>Europa</strong> e que só o<br />
transporte ferroviário, que é amigo do ambiente,<br />
é demasiado caro.<br />
Temos também práticas injustas de apoio<br />
através de subsídios. Aproximadamente 95% do<br />
co-financiamento total dos transportes pela UE<br />
é canalizado para o transporte rodoviário, e não<br />
para o ferroviário, como é repetidamente<br />
defendido em discursos de opereta. Estou, por<br />
isso, muito satisfeito por a comissão ter<br />
conseguido chegar a um acordo que prevê que,<br />
no futuro, 40% das despesas com transportes<br />
deverão ser canalizadas para a ferrovia. É<br />
inaceitável que os nossos esforços sejam<br />
contrariados por práticas deficientes de<br />
financiamento.<br />
Entre as condições injustas de enquadramento<br />
figura inter alia a cobrança pela UE de taxas<br />
obrigatórias pela utilização das ferrovias por
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 263<br />
todas as composições em todas as linhas, sem<br />
um limite máximo, ao passo que as portagens<br />
rodoviárias têm um limite máximo, são<br />
voluntárias – uma vez que os Estados-Membros<br />
podem decidir cobrá-las ou não – e se aplicam<br />
apenas a auto-estradas e aos veículos pesados<br />
com mais de 12 toneladas. Isto é concorrência<br />
desleal e tal panorama deve ser modificado se se<br />
pretende dar uma possibilidade aos caminhosde-ferro.<br />
Alguns dos novos Estados-Membros estão, por<br />
exemplo, a aplicar taxas muito elevadas ao<br />
transporte ferroviário de mercadorias, sendo que<br />
as oito taxas mais elevadas pela utilização da<br />
ferrovia são cobradas em novos Estados-<br />
Membros. Estas elevadas taxas são<br />
simultaneamente usadas para subsidiar o<br />
transporte de passageiros, que recebe poucas ou<br />
nenhumas subvenções do Estado, ao passo que<br />
o transporte rodoviário de mercadorias escapa<br />
às taxas. Ora isto é um modelo de como<br />
transferir o transporte da ferrovia para a<br />
rodovia, o que é exactamente o contrário<br />
daquilo que o Comissário competente e a UE<br />
estão sempre a declarar que é o seu objectivo<br />
assumido.<br />
Queremos concorrência leal mas o quadro para<br />
esta concorrência leal ainda não está concluído,<br />
precisamente porque os operadores ferroviários<br />
que não possuem uma longa tradição como<br />
empresas públicas vêem os seus intentos<br />
repetidamente frustrados na <strong>Europa</strong>.<br />
Queixaram-se, por exemplo, de que o acesso à<br />
rede ou a um troço ferroviário favorável não<br />
pode ser autorizado porque esse troço já foi<br />
atribuído ao operador ferroviário pertencente ao<br />
grupo dominante, que as suas aspirações não<br />
podem ser satisfeitas em virtude de um<br />
alargamento ou da desmontagem de uma linha<br />
de ligação por uma empresa pública, que foram<br />
determinadas baixas velocidades (limites de<br />
velocidade) em troços sem haver razão para tal,<br />
de forma a frustrar os desejos dos novos<br />
operadores de transportes ferroviários de<br />
mercadorias, que os preços de determinados<br />
troços foram drasticamente aumentados quando<br />
os operadores ferroviários públicos foram<br />
vendidos a outras empresas, que a atribuição de<br />
subsídios cruzados não está a ser evitada e que<br />
as empresas não-públicas pagam<br />
frequentemente a energia a preços mais<br />
elevados do que as subsidiárias do mesmo<br />
grupo.<br />
Como podem ver, apesar do nosso êxito muito<br />
está por fazer e, globalmente, a situação da<br />
repartição modal entre rodovia e ferrovia na<br />
<strong>Europa</strong> não tem melhorado, mas sim piorado.<br />
Mas podemos afirmar o seguinte: o primeiro<br />
pacote ferroviário veio pôr termo ao declínio.<br />
Para melhorarmos a situação necessitamos<br />
agora de condições justas de enquadramento do<br />
tráfego ferroviário na <strong>Europa</strong>.<br />
2-408<br />
Jacques Barrot, Vice-Presidente da Comissão.<br />
- (FR) Senhor Presidente, Senhoras e Senhores<br />
Deputados, congratulo-me com o facto de o<br />
Parlamento Europeu se ter encarregado de<br />
apreciar o relatório da Comissão sobre a<br />
implementação do primeiro pacote ferroviário<br />
de 3 de Maio de 2006, e gostaria de agradecer<br />
muito especialmente ao senhor deputado<br />
Michael Cramer, autor do relatório, pelo seu<br />
trabalho muito sério e sólido.<br />
O que está em jogo na política ferroviária<br />
europeia é criar um quadro regulamentar que<br />
encoraje os novos investimentos e a prestação<br />
de serviços de transporte competitivos num<br />
espaço ferroviário comum. A criação desse<br />
espaço ferroviário comum exige a transposição<br />
integral e correcta das disposições comunitárias.<br />
No seu relatório de 2006, a Comissão tinha<br />
identificado as condições a cumprir para<br />
enfrentar o desafio; recordarei as mais<br />
importantes.<br />
Em primeiro lugar, a reestruturação das<br />
empresas históricas deve ser terminada. Deve<br />
processar-se no respeito das condições de<br />
separação contabilística e de neutralidade das<br />
funções essenciais como a da alocação das<br />
capacidades e a tarifação. Em segundo lugar, os<br />
princípios subjacentes à tarifação da infraestrutura<br />
ferroviária devem ser estabelecidos<br />
tendo em conta a tarifação dos outros modos de<br />
transporte. Tal deve inscrever-se numa<br />
estratégia global que favoreça uma concorrência<br />
justa entre os modos, e portanto o<br />
desenvolvimento sustentável. Em terceiro lugar,<br />
o bom funcionamento dos órgãos de controlo e<br />
segurança exige que esses mesmos órgãos sejam<br />
dotados dos necessários recursos financeiros e<br />
humanos. Esses órgãos devem gozar de uma<br />
real independência.<br />
O Parlamento Europeu retoma em larga medida<br />
as prioridades de acção identificadas pela<br />
Comissão. Essas prioridades põem em evidência<br />
as condições de concorrência intermodal e<br />
intramodal, assim como as regras que regem a<br />
separação entre infra-estrutura e exploração.<br />
No que respeita às condições que permitem uma<br />
concorrência intermodal, a Comissão pretende<br />
criar um quadro concorrencial justo e<br />
equilibrado. No seu relatório, Senhor Deputado<br />
Cramer, o senhor refere uma concorrência mais
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 264<br />
justa entre modos de transporte, através<br />
nomeadamente da internalização dos custos<br />
externos do transporte rodoviário. Na altura da<br />
adopção da Directiva "Eurovinheta",<br />
comprometi-me a apresentar, em Junho de<br />
2008, uma metodologia para a internalização<br />
dos cursos externos. Pois bem, esse<br />
compromisso será mantido!<br />
Quanto às condições de concorrência<br />
intramodal, apoio a vossa posição em prol do<br />
desenvolvimento rápido do sistema europeu de<br />
sinalização ERTMS/ETCS e da redução do<br />
nível de barulho das composições.<br />
Relativamente a este último ponto, a saber, os<br />
danos sonoros, apresentarei uma comunicação<br />
da Comissão sobre as medidas a tomar.<br />
Estamos também de acordo no que se refere às<br />
infra-estruturas, que constituem a prioridade<br />
para a promoção de uma boa eficiência do<br />
transporte ferroviário de frete. Em Outubro<br />
proporei à Comissão uma comunicação sobre<br />
uma rede ferroviária centrada no frete na<br />
<strong>Europa</strong>. Esse documento apresentará um Plano<br />
de Acção que cobrirá as principais sugestões da<br />
vossa resolução.<br />
Por fim, estou inteiramente de acordo com a<br />
necessidade de uma neutralidade estrita das<br />
funções essenciais para termos êxito na política<br />
de abertura dos mercados e no reforço da<br />
concorrência. O vosso relatório descreve os<br />
efeitos positivos da abertura para a eficiência do<br />
frete ferroviário nos países membros que<br />
abriram os seus mercados em primeiro lugar.<br />
Por fim, gostaria de lhes recordar o quanto a<br />
Comissão tenciona fazer tudo o que estiver ao<br />
seu alcance para que os Estados-Membros<br />
ponham efectivamente em prática as disposições<br />
dos pacotes ferroviários. E, se tal for necessário,<br />
instauraremos processos de infracção. Um<br />
mercado europeu só pode desenvolver-se se o<br />
quadro regulamentar for coerente no conjunto<br />
do seu território. O acesso não discriminatório<br />
aos serviços anexos ao transporte ferroviário,<br />
por exemplo nas estações de triagem, é<br />
essencial para o bom funcionamento do<br />
mercado ferroviário. Os meus serviços estão a<br />
avaliar também as opções com vista a uma<br />
reforma da legislação do primeiro pacote<br />
ferroviário sobre este ponto, o que nos<br />
conduzirá a uma reforma do código ferroviário<br />
europeu no próximo ano.<br />
Eis o que queria dizer em resposta ao senhor<br />
deputado Cramer, a quem agradeço mais uma<br />
vez. Quero evidentemente confirmar-lhe que a<br />
intenção da Comissão e deste seu Comissário é,<br />
com efeito, de fazer todos os possíveis para que<br />
a transferência modal em benefício do caminhode-ferro<br />
seja tão substancial quanto possível<br />
durante os próximos anos.<br />
Senhor Presidente, passo agora a ouvir os<br />
deputados com toda a atenção, para poder<br />
responder-lhes na conclusão do debate.<br />
2-409<br />
Elisabeth Jeggle, em nome do Grupo PPE-<strong>DE</strong>.<br />
– (<strong>DE</strong>) Senhor Presidente, Senhor Comissário,<br />
Senhoras e Senhores, Senhor Deputado Michael<br />
Cramer, como sabe nem sempre achei o seu<br />
relatório muito entusiasmante em todos os<br />
aspectos, e é desnecessário recordá-lo aqui e<br />
agora. Falta ao relatório do senhor deputado<br />
equilíbrio e relevância prática.<br />
Por exemplo, muito do conteúdo das suas<br />
disposições não tem relação com a aplicação do<br />
primeiro pacote ferroviário. Foi por esta razão<br />
que eu e o nosso coordenador, o Senhor<br />
Deputado Jarzembowski, apresentámos 20<br />
alterações, sendo que destas apenas 11 implicam<br />
a supressão de números inteiros. Fiquei<br />
satisfeita com o resultado da votação na<br />
Comissão dos Transportes e do Turismo.<br />
Constituem pontos importantes, em primeiro<br />
lugar, o apelo da Comissão a que se actue, sem<br />
demora, contra os Estados-Membros que não<br />
aplicaram ainda o primeiro e o segundo pacotes<br />
ferroviários na data estabelecida. Em segundo<br />
lugar, consideramos importante, no que se<br />
refere ao financiamento do novo alargamento<br />
dos eixos de transporte europeus, que se apoiem<br />
sobretudo os 30 projectos prioritários de redes<br />
transeuropeias. Lamentavelmente não se<br />
conseguiu fazer com que fosse aprovada a<br />
supressão total da secção intitulada<br />
“Regulamentação da separação entre a rede e a<br />
exploração”. Rejeito totalmente uma restrição<br />
da escolha entre os vários modelos de<br />
organização. Necessitamos de provas sólidas e<br />
de saber quais as vantagens e desvantagens que<br />
uma tal separação realmente implica.<br />
Continuamos a necessitar hoje de flexibilidade<br />
para as empresas ferroviárias, e por isso<br />
solicitámos uma votação separada.<br />
Gostaria também de referir brevemente ao<br />
problema dos veículos pesados de mercadorias,<br />
isto é, os camiões extralongos de 60 ou mais<br />
toneladas. Não podemos apoiar a alteração<br />
apresentada pelo senhor deputado Michael<br />
Cramer relativamente a estes veículos na<br />
votação deste relatório amanhã, pois afinal de<br />
contas esta votação diz respeito ao pacote<br />
ferroviário. Estou plenamente de acordo em que<br />
compete à ferrovia o transporte de mercadorias
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 265<br />
e, embora a minha posição possa parecer<br />
contraditória, considero que uma alteração sobre<br />
os veículos pesados de transporte de<br />
mercadorias não tem cabimento neste relatório.<br />
Iremos debater esta questão no contexto do<br />
relatório Ayala Sender e, nessa altura, teremos<br />
tempo de a discutir.<br />
2-4<strong>10</strong><br />
Robert Navarro, em nome do grupo PSE. -<br />
(FR) Senhor Presidente, neste momento em que<br />
traçamos o balanço do primeiro pacote<br />
ferroviário, somos forçados a constatar que<br />
ainda estamos muito longe da meta. Apesar dos<br />
progressos desenvolvidos, e nomeadamente de<br />
termos travado um declínio que parecia<br />
inevitável, a parte modal do caminho-de-ferro<br />
continua ainda demasiado fraca. É tanto mais<br />
lamentável quanto, nestes tempos de<br />
desregulação climática, a escolha da ferrovia vê<br />
a sua pertinência confirmada todos os dias pela<br />
actualidade.<br />
As razões para este balanço de meias tintas, já<br />
as conhecemos: apostámos demasiado na<br />
abertura, de que não podemos com certeza<br />
negar as vantagens, sem nos preocuparmos o<br />
suficiente com os obstáculos técnicos, sobretudo<br />
a falta de interoperabilidade, sabendo que esta<br />
deveria ter acompanhado a abertura a par e<br />
passo, em vez de a seguir de longe.<br />
Esta situação deve-se provavelmente ao facto de<br />
que liberalizar não custa em geral muito caro<br />
aos Estados, enquanto que harmonizar é<br />
completamente diferente. Actualmente, neste<br />
preciso momento em que recomeçamos enfim a<br />
enfrentar os problemas da interoperabilidade,<br />
parece-me portanto preocupante que, a coberto<br />
de co-modalidade, os objectivos da<br />
transferência modal para o caminho-de-ferro,<br />
nomeadamente, passem para segundo plano. Em<br />
vez de rever os objectivos em baixa, deveríamos<br />
ter revisto em alta os meios intelectuais, tanto<br />
como os financeiros.<br />
Espero que este relatório contribua portanto<br />
para recordar o caminho que ainda nos resta<br />
percorrer para voltarmos a dar ao caminho-deferro<br />
o lugar que ele merece.<br />
2-411<br />
Nathalie Griesbeck, em nome do grupo AL<strong>DE</strong>.<br />
- (FR) Senhor Presidente, Senhor Comissário,<br />
caros colegas, como já salientaram antes de<br />
mim, o primeiro pacote tinha por objecto lançar<br />
as bases de um espaço ferroviário europeu<br />
integrado e, através da modernização da rede,<br />
encorajar a transferência do transporte de<br />
mercadorias da rodovia para a ferrovia, de<br />
forma a reduzir a produção de CO2 e também,<br />
evidentemente, todos os engarrafamentos<br />
rodoviários de que sofre a nossa <strong>Europa</strong>. Quero<br />
agradecer ao meu colega, o senhor deputado<br />
Michael Cramer, pelo seu relatório de iniciativa,<br />
que traça um balanço completo da aplicação do<br />
primeiro pacote, sem no entanto omitir todos os<br />
elementos que afectam a eficiência do caminhode-ferro<br />
e todos os elementos que travam a<br />
concretização dos objectivos que nos tínhamos<br />
fixado.<br />
Saliente-se em primeiro lugar, com efeito, que a<br />
abertura à concorrência da rede ferroviária, ao<br />
mesmo tempo que manteve um elevadíssimo<br />
grau de segurança, permitiu um aumento<br />
claramente significativo do transporte de<br />
mercadorias, pelo menos globalmente no seio da<br />
União Europeia, e algumas pequenas empresas<br />
ferroviárias puderam também interessar-se por<br />
nichos considerados pouco rentáveis pelas<br />
operadoras históricas.<br />
Congratulo-me com o facto de o relatório<br />
colocar também a tónica no actual sistema de<br />
tarifação no que respeita à utilização da infraestrutura,<br />
a qual não permite o estabelecimento<br />
de uma concorrência leal entre os diferentes<br />
modos de transporte de mercadorias. Penso que,<br />
neste momento, é indispensável conseguir o<br />
mais rapidamente possível uma harmonização<br />
das portagens limitadas por sector que possa ter<br />
mais em conta a internalização dos custos<br />
externos e que limite o aumento exponencial a<br />
que estamos actualmente a assistir.<br />
Penso também que será necessário rediscutir a<br />
Directiva Eurovinheta, já que esta constituiu um<br />
avanço que devemos prosseguir, e congratulome<br />
com o facto de o senhor ter confirmado esta<br />
noite, Senhor Comissário, que estavam previstas<br />
discussões sobre este assunto a partir de Junho<br />
de 2008. Por outro lado, Senhor Comissário,<br />
espero que a Comissão, com o senhor, iniciem<br />
rapidamente um processo de modernização e<br />
desenvolvimento das infra-estruturas<br />
intermodais, sobretudo nos corredores<br />
internacionais das TTR, passando pela<br />
instalação do sistema ERTMS e permitindo uma<br />
verdadeira junção com as infra-estruturas<br />
portuárias, por um lado, e por outro com as<br />
infra-estruturas fluviais.<br />
Por fim, gostaria que a Comissão apresentasse<br />
recomendações com vista ao saneamento<br />
financeiro dos caminhos-de-ferro que, do meu<br />
ponto de vista, deverá ter em conta o<br />
desendividamento de que beneficiaram algumas<br />
operadoras históricas de forma a colocar o<br />
conjunto dos actores do transporte ferroviário<br />
em pé de igualdade.
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 266<br />
2-412<br />
Roberts Zīle, em nome do Grupo UEN. – (LV)<br />
Senhor Presidente, Senhor Comissário Barrot,<br />
antes de mais gostaria de agradecer ao senhor<br />
deputado Cramer pelo seu relatório, mesmo<br />
perante as avaliações altamente contraditórias<br />
de que foi alvo. Nos meus breves comentários<br />
gostaria de aflorar apenas um aspecto – fiquei<br />
satisfeito por constatar que o relatório sublinha<br />
que, apesar da liberalização do mercado do<br />
transporte ferroviário de mercadorias, os países<br />
situados na fronteira da União Europeia, tais<br />
como os Estados Bálticos, na realidade estão<br />
dependentes dos clientes do transporte de<br />
mercadorias e isto, no nosso caso, normalmente<br />
significa a Rússia. Se, no entanto, a Rússia<br />
decidir funcionar com uma empresa ferroviária<br />
monopolista, então torna-se relativamente difícil<br />
para nós discernir o impacto real que a<br />
introdução deste primeiro pacote de legislação<br />
ferroviária possa ter. Como tal, penso que esta<br />
questão necessita de continuar a ser discutida<br />
com a Rússia, também com outros aspectos<br />
potenciais em mente, e isto é particularmente<br />
verdadeiro face ao anúncio feito pelo Sr.<br />
Serguei Ivanov, Vice-Primeiro-Ministro russo,<br />
relativamente à deslocação do fluxo de<br />
mercadorias transportadas em contentores<br />
apenas para portos russos. Obrigado.<br />
2-413<br />
Erik Meijer, em nome do Grupo GUE/NGL. –<br />
(NL) Senhor Presidente, já há muitos anos que<br />
todos afirmam que os caminhos-de-ferro estão a<br />
perder a batalha do transporte de mercadorias<br />
em todos os países europeus. Isto aplica-se<br />
mesmo ao transporte transfronteiriço de longo<br />
curso. O sistema ferroviário é adequado para o<br />
transporte em massa e, em alguns casos, foram<br />
construídas linhas especiais para esse fim,<br />
sobretudo dentro e em torno de zonas industriais<br />
na Alemanha. Também a recentemente<br />
inaugurada linha de Betuwe nos Países Baixos,<br />
que faz parte do corredor de mercadorias Nº 1<br />
de Roterdão para Génova, através da Alemanha<br />
e da Suíça, é uma dessas linhas especiais que é<br />
totalmente inadequada para o transporte de<br />
passageiros.<br />
Apesar desta vantajosa posição de partida dos<br />
caminhos-de-ferro, a percentagem de<br />
mercadorias transportadas por caminho-de-ferro<br />
decresceu e, em certos casos, até mesmo o<br />
volume está a decrescer. Grande parte desse<br />
transporte foi assumido pelo camião, e o enorme<br />
crescimento do volume de mercadorias está em<br />
larga medida a ser processado por auto-estrada,<br />
o que contribui para o crescente<br />
congestionamento dessas vias.<br />
Esta transferência fica em grande parte a deverse<br />
à infra-estrutura. No passado, os caminhosde-ferro<br />
dispunham de uma rede muito<br />
ramificada, que cobria tanto as aldeias em zonas<br />
rurais como os portos e as zonas industriais nas<br />
cidades. Para além das linhas de mercadorias,<br />
existiam também estações de contentores onde<br />
as carruagens de mercadorias eram concentradas<br />
e redistribuídas pelos diferentes comboios. Uma<br />
vez que muitas empresas dispunham das suas<br />
próprias ligações à rede ferroviária, as<br />
carruagens de mercadorias podiam viajar<br />
directamente entre o cais de um porto e uma<br />
empresa distante sem que houvesse necessidade<br />
de proceder ao transbordo de mercadorias<br />
durante o percurso. Tudo o que hoje se pretende<br />
alcançar com os sistemas multimodais já tinha<br />
sido alcançado então. Infelizmente, os governos<br />
decidiram reduzir a rede de caminhos-de-ferro<br />
em virtude ela ser considerada deficitária.<br />
Numerosas pequenas linhas ferroviárias foram<br />
suprimidas e muitas ligações às empresas<br />
desapareceram. Em contrapartida, investiram-se<br />
milhares de milhões no alargamento do<br />
autêntico sorvedouro de espaço que é da rede de<br />
auto-estradas.<br />
Hoje em dia, o transporte de mercadorias de<br />
porta a porta só pode, em muitos casos, ser<br />
efectuado por camião. Esse modo de transporte<br />
é indispensável para a recolha e a entrega de<br />
mercadorias, e parece, assim, ser também<br />
solução mais fácil utilizar as auto-estradas para<br />
fazer o percurso, muito mais longo, entre o local<br />
de recolha e de entrega. Se a recuperação das<br />
ligações às empresas e as estações de<br />
contentores fossem recuperadas poderia<br />
contribuir consideravelmente para a recuperar o<br />
transporte de mercadorias por caminho-de-ferro.<br />
O primeiro pacote ferroviário baseia-se em parte<br />
na presunção de que o transporte ferroviário<br />
deveria adoptar os métodos de trabalho do<br />
transporte rodoviário e aéreo. Neste caso, são as<br />
empresas internacionais que organizam o<br />
transporte transfronteiriço do princípio ao fim, e<br />
esta é a opção mais atraente para o cliente que<br />
necessita de efectuar um transporte. O meu<br />
grupo sempre realçou que esta não é a única<br />
solução possível. Existe uma alternativa,<br />
nomeadamente uma melhor cooperação entre as<br />
empresas ferroviárias nacionais. Elas não<br />
deveriam olhar umas para as outras como<br />
concorrentes, mas antes como parceiros numa<br />
rede ferroviária europeia abrangente. Encorajálas<br />
a competir entre si faz precisamente com que<br />
essa cooperação seja mais difícil. Até agora não<br />
vimos quaisquer resultados positivos do rumo<br />
tomado. O mercado livre não é, em muitos
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 267<br />
casos, a solução para um problema, mas é<br />
precisamente a sua causa.<br />
O relator tem razão em defender sempre o novo<br />
sistema de segurança normalizado, o Sistema<br />
Europeu de Sinalização Ferroviária (ERTMS).<br />
Concordamos com ele neste ponto. Constatamos<br />
também que o arranque desse sistema está a ser<br />
muito mais lento do que se esperava e que, a par<br />
do novo sistema, deveria ser mantido um<br />
segundo sistema antigo. Graças à reduzida<br />
velocidade média do transporte ferroviário, o<br />
ERTMS causa menos problemas do que as<br />
linhas de alta velocidade para o transporte de<br />
passageiros.<br />
Por último, concordamos com o senhor<br />
deputado Cramer em que o transporte aéreo e o<br />
transporte rodoviário são mantidos<br />
artificialmente baratos, enquanto o transporte<br />
ferroviário é mantido artificialmente caro. Se<br />
nada for feito para mudar essa situação, será o<br />
modo de transporte menos amigo do ambiente<br />
que continuará a triunfar.<br />
2-414<br />
Georg Jarzembowski (PPE-<strong>DE</strong>). – (<strong>DE</strong>)<br />
Senhor Presidente, Senhor Vice-Presidente da<br />
Comissão, Senhoras e Senhores, tivemos aqui<br />
um momento interessante: o senhor deputado<br />
Erik Meijer fez-nos uma reconstituição virtual<br />
da História do caminho-de-ferro. Também ele<br />
deve ter percebido que a própria ideia de<br />
assentar carris entre aldeias para o transporte de<br />
mercadorias é algo de tão lento quanto irrealista.<br />
Não consigo também partilhar da demonização<br />
simplista que o senhor deputado Michael<br />
Cramer faz dos camiões. É que afinal de contas<br />
as empresas de camionagem pagam o imposto<br />
sobre o rendimento colectivo, o imposto<br />
automóvel, o imposto sobre os combustíveis e<br />
as portagens, e por isso a afirmação de que os<br />
camiões circulam gratuitamente e que a<br />
concorrência está distorcida é simplesmente<br />
irrealista. Partilho totalmente da sua opinião de<br />
que não é correcto o Ministério das Finanças<br />
polaco cobrar taxas excessivamente elevadas em<br />
troços rodoviários, mas isso é uma questão que<br />
deve ser tratada pelo Governo polaco e não pela<br />
legislação comunitária. Talvez devêssemos<br />
recordar ao Governo polaco que as taxas pela<br />
utilização de troços rodoviários se destinam a<br />
promover o transporte ferroviário e não a sanear<br />
as finanças públicas polacas. Contudo, isto não<br />
tem absolutamente nada que ver com os<br />
camiões.<br />
Senhor Presidente, gostaria de lhe pedir que se<br />
certificasse de que todos os Estados-Membros<br />
irão aplicar também rapidamente o segundo<br />
pacote ferroviário. É que fizemos pressão para<br />
que fosse aprovada a obrigatoriedade de as<br />
redes ferroviárias estarem abertas à circulação<br />
nacional e transfronteiriça de mercadorias a<br />
partir de 1 de Janeiro do corrente ano, e vejo<br />
esta questão como uma grande oportunidade de<br />
ajudar os mercados europeus a operarem para<br />
além das suas fronteiras.<br />
Gostaria de debater um dos pontos referidos<br />
pelo Senhor Comissário e peço-lhe que<br />
aprofunde esta questão. O Senhor Comissário<br />
afirmou que a Comissão está disponível para<br />
ajudar a reduzir o ruído provocado pelos<br />
vagões, e anunciou uma comunicação sobre este<br />
assunto. Ora eu gostaria de saber quando é que<br />
prevê apresentar esta comunicação. Pensa o<br />
Senhor Comissário que esse documento irá dar<br />
uma maior ênfase aos aspectos europeus ou irá<br />
abrir possibilidades para a concessão de ajudas a<br />
nível nacional? A poluição sonora, por exemplo<br />
provocada por comboios que atravessam zonas<br />
residenciais à noite, é inaceitável, sobretudo nas<br />
cidades. Ficaremos muito gratos ao Senhor<br />
Comissário se puder dar o seu contributo nesta<br />
questão.<br />
2-415<br />
Leopold Józef Rutowicz (UEN). – (PL) Senhor<br />
Presidente, o relatório do senhor deputado<br />
Cramer sobre a execução do primeiro pacote<br />
ferroviário mostra as dificuldades e os<br />
problemas com que esse pacote se defronta. Se<br />
devidamente desenvolvido e apoiado, o<br />
transporte rodoviário pode ter como resultado<br />
transportar um maior número de pessoas e de<br />
mercadorias aliviando, desse modo, o excesso<br />
dos transportes rodoviários e reduzindo as<br />
emissões de CO2. O transporte rápido de<br />
passageiros pode igualmente competir com os<br />
serviços de companhias aéreas e de autocarros<br />
locais. Interligando transportes ferroviários,<br />
rodoviários e marítimos, torna-se possível<br />
reduzir os custos e aumentar a eficácia da<br />
economia.<br />
Na execução deste pacote, devíamos prestar<br />
particular atenção ao apoio aos projectos<br />
ferroviários, sobretudo nos países destituídos de<br />
fundos para expandir e actualizar as suas redes e<br />
infra-estruturas dos transportes ferroviários,<br />
apoiando todas as actividades relacionadas com<br />
o intercâmbio de boas práticas, inclusive para o<br />
estabelecimento de modos de funcionamento<br />
flexíveis e competitivos para as companhias de<br />
caminhos-de-ferro, controlando e eliminando<br />
barreiras estruturais, administrativas e<br />
financeiras ao desenvolvimento do transporte,<br />
bem como apoiando o assumir pelos caminhosde-ferro<br />
de parte das operações internacionais<br />
dos transportes rodoviários.
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 268<br />
Gostaria de agradecer ao senhor deputado<br />
Cramer o seu relatório, que considero tão<br />
profundo quanto necessário.<br />
2-416<br />
Pedro Guerreiro (GUE/NGL). – O relatório<br />
hoje em debate contém aspectos que reflectem<br />
as exigências dos grandes interesses privados<br />
que estão na génese da liberalização e da<br />
privatização do serviço público de transporte<br />
ferroviário promovido ao nível da União<br />
Europeia e que rejeitamos.<br />
Consideramos que, pelo contrário, o relatório<br />
deveria denunciar que em países da União<br />
Europeia se verifica o desmembramento do<br />
serviço público e das empresas públicas, o<br />
encerramento de linhas ramais e de estações, a<br />
redução de serviços e do número de comboios, a<br />
redução brutal do número de trabalhadores<br />
ferroviários e o aumento do trabalho precário<br />
neste sector. Como consideramos que o relatório<br />
deveria pugnar, em outros aspectos, pela<br />
promoção do serviço público ferroviário através<br />
da existência de fortes empresas públicas com<br />
todas as suas valências, com uma gestão eficaz<br />
que garanta elevados níveis de qualidade de<br />
serviço e padrões de segurança, pela garantia do<br />
serviço público ferroviário com elevada<br />
qualidade, capacidade e conforto e com preços<br />
sociais, dando uma resposta plena às<br />
necessidades de mobilidade das populações e de<br />
transporte de mercadorias, pelo assegurar dos<br />
postos de trabalho dos trabalhadores do sector<br />
promovendo a sua integração nos quadros<br />
efectivos das empresas, dignificando as<br />
carreiras e os salários e assegurando uma<br />
formação contínua.<br />
2-417<br />
Jacques Barrot, Vice-Presidente da Comissão.<br />
- (FR) Senhor Presidente, agradeço a todos os<br />
intervenientes sem excepção as observações<br />
sensatas que me transmitiram.<br />
Quero no entanto dizer algumas palavras sobre<br />
um ponto que, para minha surpresa, não chamou<br />
muito a atenção do Parlamento. Trata-se da<br />
separação entre a gestão da infra-estrutura<br />
ferroviária e a prestação de serviços de<br />
transportes. Com efeito, é essa separação que<br />
permite conferir à concorrência todo o seu<br />
alcance. Temos de facto de garantir um acesso<br />
não discriminatório, de forma a facilitar a<br />
entrada no mercado de novos concorrentes. Eis<br />
um ponto importante.<br />
Gostaria de responder a algumas perguntas. Ao<br />
evocarmos a co-modalidade, o nosso objectivo<br />
era apenas o de explicar que o transporte<br />
ferroviário, incontestavelmente a melhor<br />
solução para as longas distâncias, deve poder<br />
ser completado por um transporte de<br />
proximidade que, nalguns casos, só pode ser<br />
assegurado, como disse o senhor deputado<br />
Georg Jarzembowski, pela estrada. Assim, a<br />
ideia não é a de retirar alguma coisa ao<br />
caminho-de-ferro mas sim, pelo contrário,<br />
permitir-lhe ter o lugar que lhe compete. É<br />
muito claro! Dirijo-me nomeadamente ao<br />
senhor deputado Navarro: não nos enganemos<br />
na intenção. A intenção é de facto a de ter êxito<br />
nessa transferência modal, de que sou grande<br />
defensor, tal como o senhor. Devo dizer que<br />
tudo aquilo que estamos a fazer, quer se trate do<br />
financiamento das infra-estruturas das redes<br />
transeuropeias ou da interoperabilidade que o<br />
sistema ERTMS e ETCS vais permitir-nos, ou<br />
ainda da aceitação cruzada do material rolante<br />
ou da promoção do frete nos corredores<br />
europeus, todas estas iniciativas visam<br />
conseguir uma transferência modal o mais<br />
substancial possível. Penso que, nesta matéria, a<br />
nossa atitude não apresenta ambiguidades.<br />
Senhora Deputada Nathalie Griesbeck, gostaria<br />
de lhe confirmar a intenção da Comissão de<br />
apresentar orientações sobre as ajudas estatais<br />
no sector ferroviário antes do final do ano.<br />
Gostaria também de confirmar ao senhor<br />
deputado Georg Jarzembowski que a<br />
comunicação sobre o ruído das composições<br />
está prevista para o Outono deste ano. Nada<br />
mais posso dizer de momento; estamos a<br />
trabalhar nisso.<br />
Outras perguntas mereceriam certamente<br />
resposta. Saibam pelo menos que ouvi com<br />
muita atenção tudo o que foi dito. Pela minha<br />
parte, considero que o trabalho realizado pelo<br />
senhor deputado Cramer e a sua comissão<br />
constitui um trabalho que esclarece a nossa<br />
Comissão. Gostaria ainda de repetir que aquilo<br />
que queremos são condições concorrenciais<br />
intermodais e intramodais justas que permitam<br />
efectivamente desenvolver essa transferência<br />
modal que, repito mais uma vez, defendemos<br />
claramente, sobretudo por razões ambientais e<br />
de descongestionamento da nossa rede<br />
rodoviária.<br />
Por todas as razões que poderão imaginar,<br />
precisamos mais do que nunca do caminho-deferro.<br />
Devo dizer que trabalho para isso todos os<br />
dias com muita determinação. Constatei aliás,<br />
com a inauguração da linha de Betuwe nos<br />
Países-Baixos, que está sem dúvida a emergir na<br />
<strong>Europa</strong> uma vontade de conferir ao caminho-deferro<br />
todo o lugar que merece; e, efectivamente,<br />
embora, nalguns casos, se coloquem problemas
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 269<br />
de taxas, compete aos Estados-Membros<br />
assumirem as suas responsabilidades. Esta<br />
transferência modal constitui uma verdadeira<br />
causa prioritária na <strong>Europa</strong>. Os governos têm<br />
também de aceitar fazerem dela uma prioridade.<br />
2-418<br />
Presidente. – Está encerrado o debate.<br />
A votação terá lugar na quarta-feira, 11 de Julho<br />
de <strong>2007</strong>.<br />
2-419<br />
Regras comuns no sector do transporte aéreo<br />
(reformulação) (debate)<br />
2-420<br />
Presidente. - Segue-se na ordem do dia o<br />
relatório (A6-0178/<strong>2007</strong>) do deputado Degutis,<br />
em nome da Comissão dos Transportes e do<br />
Turismo, sobre a proposta de regulamento do<br />
Parlamento Europeu e do Conselho relativo a<br />
regras comuns de exploração dos serviços de<br />
transporte aéreo na Comunidade (reformulação)<br />
(COM(2006)0396 - C6-0248/2006 -<br />
2006/0130(COD)).<br />
2-421<br />
Arūnas Degutis (AL<strong>DE</strong>), relator. – (LT) Este<br />
futuro regulamento deverá substituir os<br />
regulamentos actualmente em vigor, que<br />
perfazem o terceiro pacote de directrizes<br />
relativo ao mercado interno da aviação. Os<br />
referidos regulamentos estabelecem os<br />
procedimentos para a emissão e cancelamento<br />
das licenças às transportadoras aéreas e os<br />
princípios para um livre acesso às rotas aéreas<br />
intracomunitárias por parte das transportadoras<br />
aéreas comunitárias, bem como para a<br />
liberalização das tarifas aéreas.<br />
Na sequência da entrada em vigor do terceiro<br />
pacote, verificou-se uma expansão sem<br />
precedentes do transporte aéreo na <strong>Europa</strong>:<br />
assistiu-se ao desmantelamento dos velhos<br />
monopólios, à introdução da cabotagem<br />
intracomunitária e à intensificação da<br />
concorrência em todos os mercados para<br />
benefício dos consumidores, especialmente no<br />
que respeita aos preços. A aviação europeia<br />
passou de um mercado fortemente<br />
regulamentado, baseado em acordos bilaterais,<br />
para um mercado único fortemente competitivo.<br />
É natural que após vários anos de aplicação das<br />
medidas do terceiro pacote, algumas delas se<br />
tenham tornado obsoletas e outras estejam a ser<br />
mal aplicadas, carecendo agora de ser revistas,<br />
repensadas ou pura e simplesmente suprimidas.<br />
A proposta em apreço defende a correcção dos<br />
três pacotes de medidas referidos, a fim de<br />
facilitar a sua aplicação, simplificar a legislação,<br />
suprimir as disposições obsoletas e introduzir<br />
requisitos novos e mais rigorosos.<br />
A meu ver, a proposta da Comissão é lógica, e<br />
concordo que a revisão dos regulamentos em<br />
vigor não só faz sentido como é útil e essencial.<br />
Em qualquer dos casos, na opinião da Comissão<br />
dos Transportes e do Turismo, que obviamente<br />
apoio, deverão ser tornadas mais precisas<br />
determinadas partes importantes dos<br />
regulamentos.<br />
Gostaria de me deter nalgumas dessas partes:<br />
Locação. Existem diferenças entre os Estados-<br />
Membros no que respeita às práticas dos<br />
contratos de locação. Esse factor poderá<br />
distorcer o mercado e causar problemas sociais<br />
e de segurança aérea. Por conseguinte, deverão,<br />
sem dúvida, ser estabelecidos novos requisitos<br />
gerais. As regras propostas no artigo 13º são<br />
demasiado estritas e não têm em consideração<br />
determinadas características do sector dos<br />
transportes aéreos, sobretudo, a sua<br />
sazonalidade. Por conseguinte, será positivo que<br />
se encontre um compromisso lógico entre as<br />
preocupações sociais e a segurança e,<br />
simultaneamente, que se melhore o desempenho<br />
das companhias aéreas. No meu entender, o<br />
compromisso a que se chegou na Comissão dos<br />
Transportes e do Turismo poderá ajudar a<br />
resolver este problema.<br />
Transparência dos preços. Apoiamos o<br />
objectivo da Comissão de proibir a divulgação e<br />
publicidade de tarifas aéreas que não incluam<br />
todos os custos, impostos, taxas e imposições.<br />
Considero que o compromisso das<br />
transportadoras em publicar apenas os preços<br />
finais terá de ser claramente formulado.<br />
Também neste caso chegámos a um<br />
compromisso que reflecte igualmente as<br />
necessidades dos consumidores.<br />
Aspectos sociais específicos. As sugestões<br />
relativas a aspectos sociais específicos<br />
apresentadas por colegas de outros grupos são,<br />
na minha opinião, prematuras, a não ser que<br />
possam ser analisadas as possíveis<br />
consequências de uma hipotética adopção nesta<br />
altura. Por conseguinte, solicitamos à Comissão<br />
que elabore um estudo que permita vir a regular<br />
estas questões sem criar obstáculos à melhoria<br />
da competitividade do sector da aviação.<br />
Protecção dos passageiros. A proposta da<br />
Comissão não prevê um dispositivo claro que<br />
garanta que os passageiros não sejam<br />
prejudicados em caso de falência de uma
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 270<br />
companhia aérea; por exemplo, não serem<br />
compensados se o voo não for assegurado ou se<br />
ficarem abandonados à sua sorte no estrangeiro.<br />
Por isso, consideramos que devem ser incluídas<br />
nos regulamentos disposições que visem<br />
proteger os passageiros (Alterações 15–16).<br />
Obrigação de serviço público e aeroporto<br />
regional. Considero que qualquer definição de<br />
"aeroporto regional" para efeitos do<br />
cumprimento das obrigações de serviço público<br />
incluirá inevitavelmente aeroportos situados em<br />
regiões economicamente viáveis e excluirá<br />
aeroportos situados em regiões que necessitam<br />
de um apoio económico ou social. Uma vez que<br />
as obrigações de serviço público só se justificam<br />
no caso dos aeroportos que servem regiões com<br />
necessidades económicas ou sociais, sugiro que<br />
este conceito de “aeroporto regional”, difícil de<br />
definir, seja suprimido deste documento.<br />
Para além das questões supramencionadas,<br />
diversas definições e condições devem ser<br />
clarificadas a fim de evitar equívocos e<br />
divergências de aplicação dos regulamentos.<br />
Serviços aéreos intracomunitários. Embora<br />
tenhamos apresentado algumas alterações às<br />
questões supracitadas, apoiamos o reforço<br />
proposto das competências da Comissão no que<br />
respeita às decisões relativas à prestação de<br />
serviços aéreos intracomunitários. Uma vez que<br />
pode negociar determinados direitos com mais<br />
eficácia do que os Estados-Membros<br />
separadamente, a Comissão deverá então dispor<br />
da oportunidade de o fazer. Isso ficou bem<br />
patente no acordo celebrado com a Rússia sobre<br />
os direitos de sobrevoo da Sibéria.<br />
Por conseguinte, recomenda-se que o que o<br />
artigo 15° seja aceite tal como é proposto pela<br />
Comissão. Esta é uma caracterização sucinta da<br />
prestação de serviços.<br />
2-422<br />
Jacques Barrot, Vice-Presidente da Comissão.<br />
- (FR) Senhor Presidente, Senhoras e Senhores<br />
Deputados, a proposta que debatem hoje<br />
consagra um grande êxito da Comunidade<br />
Europeia. Com efeito, visa modernizar e<br />
completar a regulamentação de 1992 que criou o<br />
mercado único da aviação na <strong>Europa</strong>. A criação<br />
deste permitiu aos transportes aéreos europeus<br />
conhecerem uma expansão sem precedentes.<br />
O número de companhias aéreas aumentou e<br />
houve um crescimento geral do tráfego e da<br />
concorrência. A partir da liberalização total em<br />
1997, o número de ligações aumentou mais de<br />
60%; mais cidades são servidas, nomeadamente<br />
nas regiões isoladas. O aparecimento de novos<br />
concorrentes implicou uma baixa significativa<br />
das tarifas de muitas ligações. Cada vez mais<br />
Europeus podem viajar de avião. Esta evolução<br />
contribui para o crescimento económico, assim<br />
como para a criação de empregos directos e<br />
indirectos.<br />
Dado este êxito, a Comissão tenciona manter os<br />
princípios fundamentais deste mercado<br />
liberalizado. A proposta visa apenas simplificar<br />
a consolidação da legislação actual. Propõe<br />
também algumas adaptações destinadas a<br />
melhorar a eficácia da sua aplicação. Em<br />
primeiro lugar, a revisão permite uma limpeza<br />
do texto, de forma a suprimir as partes obsoletas<br />
ligadas à fase de transição para o mercado<br />
liberalizado. O texto é clarificado, algumas<br />
ambiguidades são suprimidas, três regulamentos<br />
são consolidados num único texto.<br />
Em segundo lugar, a proposta visa conseguir<br />
uma aplicação eficaz e homogénea das regras<br />
comunitárias. Actualmente, observam-se<br />
divergências entre os Estados-Membros na<br />
aplicação do terceiro pacote. Graças a esta<br />
revisão, teremos uma aplicação mais<br />
homogénea, nomeadamente no que respeita à<br />
concessão e à vigilância das licenças de<br />
exploração. Além disso, a proposta reforça o<br />
acompanhamento da viabilidade financeira das<br />
companhias, sobretudo das recém-chegadas.<br />
Em terceiro lugar, a proposta reforça a<br />
coordenação dos Estados-Membros sobre os<br />
serviços intracomunitários e sobre o sobrevoo<br />
do trânsito por companhias de países terceiros.<br />
É importante favorecer uma abordagem<br />
comunitária coordenada destinada a garantir a<br />
integridade do mercado europeu e facilitar o<br />
trabalho dos negociadores com os países<br />
terceiros.<br />
Por fim, em quarto lugar, a proposta defende<br />
novos direitos para os passageiros: o direito de<br />
os passageiros disporem de informação<br />
completa sobre o preço real de um bilhete,<br />
taxas, encargos e despesas incluídos; o direito<br />
de não ser discriminado em função da<br />
nacionalidade ou da residência na altura da<br />
compra de um bilhete.<br />
Assim, esta actualização deveria reforçar ainda<br />
mais o poder de atracção do mercado único<br />
europeu em numerosos países terceiros. Estes<br />
princípios aplicam-se não só à Suíça e aos<br />
países do Espaço Económico Europeu, mas<br />
também a Marrocos e aos países do Sudeste<br />
Europeu e constituem uma referência a nível<br />
internacional.
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 271<br />
Eis a razão por que agradeço, Senhor<br />
Presidente, ao Parlamento pela celeridade com<br />
que apreciou este dossiê. Devo saudar o<br />
trabalho realizado pelo vosso relator, o senhor<br />
deputado Arūnas Degutis, e agradecer ao<br />
presidente da Comissão dos Transportes e do<br />
Turismo, o senhor deputado Paolo Costa, assim<br />
como a todos os membros desta comissão pois,<br />
não hesito em dizê-lo, o Parlamento melhorou<br />
claramente o nosso texto.<br />
2-423<br />
Elisabeth Jeggle, em nome do Grupo PPE-<strong>DE</strong>.<br />
– (<strong>DE</strong>) Senhor Presidente, Senhor Comissário,<br />
Senhoras e Senhores, gostaria de começar por<br />
estender os meus calorosos agradecimentos ao<br />
senhor deputado Arūnas Degutis, na sua<br />
qualidade de relator, bem assim como a todos os<br />
deputados que entenderam dar a sua<br />
colaboração. É minha firme convicção que<br />
desde a votação na comissão passámos a ter um<br />
relatório equilibrado e pragmático sobre a<br />
exploração dos serviços de transporte aéreo. A<br />
proposta inicial da Comissão foi bem pensada e<br />
orientada para o seu objectivo neste caso, e por<br />
isso quero também agradecer vivamente à<br />
Comissão.<br />
Uma vez que estou fundamentalmente satisfeita<br />
com o resultado da votação em comissão,<br />
gostaria de discutir apenas os requisitos de<br />
transparência no que se refere à indicação dos<br />
preços das tarifas aéreas. Desde início que<br />
defendi a introdução de transparência sem<br />
burocracias adicionais e um tratamento igual e<br />
justo de todas as partes envolvidas. A tarifa<br />
aérea publicitada deve mostrar com clareza<br />
quais os impostos, taxas e encargos incluídos no<br />
preço e respectiva finalidade. Os preços dos<br />
bilhetes de avião devem ser fáceis de<br />
compreender pelo consumidor e transparentes,<br />
especialmente quando se trate de publicitar<br />
tarifas aéreas em páginas da Internet.<br />
Contudo, ainda não existe consenso sobre a<br />
forma de o fazer e o alcance exacto de tal<br />
medida. A alteração 48 prevê que as taxas e<br />
encargos devem ser enumerados e sintetizados<br />
em quatro categorias: em primeiro lugar temos<br />
os impostos e outras taxas em benefício do<br />
Estado; em segundo lugar as taxas de segurança<br />
aérea; em terceiro lugar as taxas, imposições,<br />
encargos e outros custos em benefício das<br />
transportadoras aéreas; e, em quarto lugar, as<br />
taxas, imposições, encargos e outros custos em<br />
benefício dos operadores dos aeroportos. O<br />
problema é que não é possível referir com<br />
clareza e antecipadamente as taxas de segurança<br />
aérea. Por isso solicitarei amanhã, em nome do<br />
meu grupo, a supressão desta segunda categoria<br />
relativa às taxas de segurança aérea, através de<br />
uma votação separada.<br />
Apesar desta alteração, o compromisso<br />
alcançado responde plenamente ao requisito de<br />
transparência, ao mesmo tempo que acautela os<br />
interesses dos passageiros e das transportadoras<br />
aéreas. É por isso que eu e o meu grupo não<br />
podemos apoiar as novas alterações 54 e 55<br />
apresentadas pelo relator.<br />
2-424<br />
Ulrich Stockmann, em nome do Grupo PSE. –<br />
(<strong>DE</strong>) Senhor Presidente, Senhor Comissário,<br />
Senhoras e Senhores, congratulamo-nos com a<br />
proposta da Comissão e, naturalmente, com o<br />
relatório do senhor deputado Arūnas Degutis,<br />
uma vez que ambos dão o seu contributo para a<br />
conclusão do mercado interno europeu dos<br />
serviços de transporte aéreo e o aumento dos<br />
níveis de segurança. Gostaria de referir e<br />
destacar quatro pontos.<br />
Em primeiro lugar, a disposição aprovada em<br />
matéria de transparência de preços é uma vitória<br />
clara para os consumidores. De futuro já não<br />
será possível enganar os cidadãos com falsos<br />
engodos publicitários. Todas as tarifas aéreas<br />
serão afixadas de forma abrangente e detalhada<br />
independentemente do canal de<br />
comercialização. Naturalmente que os preços<br />
dos serviços de segurança aérea são calculados<br />
com base numa taxa fixa, embora devam ser em<br />
última análise compreensíveis, mas não<br />
pretendemos entrar numa discussão sobre este<br />
tema. Globalmente pretende-se aqui clareza para<br />
os passageiros e o reforço da concorrência.<br />
Em segundo lugar, e no que se refere aos<br />
contratos de wetlease (locação de uma aeronave<br />
com a respectiva tripulação), este regulamento é<br />
equilibrado pois, por um lado, toma em<br />
consideração as necessidades das<br />
transportadoras aéreas em caso de oscilações<br />
sazonais, ou quando surja uma necessidade<br />
excepcional e tenham de se basear num tal<br />
modelo. Por outro lado, deixa claro que a<br />
subversão dos padrões sociais e de segurança<br />
europeus é algo de inaceitável.<br />
Em terceiro lugar, e à semelhança de muitos<br />
relatórios legislativos sobre os transportes<br />
aéreos, o nosso relatório contém numerosas<br />
alterações em matéria da legislação social<br />
aplicável aos trabalhadores. Solicita-se à<br />
Comissão que apresente finalmente e com<br />
urgência uma proposta sobre a questão, de<br />
modo a colmatar a lacuna deixada pela directiva<br />
relativa aos serviços, algo que o regulamento<br />
em apreço não pode fazer.
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 272<br />
Em quarto lugar, o novo procedimento de uma<br />
única fase para distribuição do tráfego é mais<br />
simples e rápido do que todos os anteriores<br />
procedimentos. Trata-se de uma boa decisão,<br />
inclusive para o futuro, que permite dar uma<br />
resposta mais flexível aos estrangulamentos de<br />
capacidade em matéria de infra-estruturas.<br />
2-425<br />
Mieczyslaw Edmund Janowski, em nome do<br />
Grupo UEN. – (PL) Senhor Presidente, os meus<br />
agradecimentos ao senhor deputado Degutis<br />
pelo seu relatório. Temos de concordar com o<br />
Senhor Comissário Barrot quando afirma que o<br />
terceiro pacote de medidas de liberalização dos<br />
transportes aéreos do mercado interno, agora já<br />
com quinze anos de idade, contribuiu<br />
significativamente para o desenvolvimento da<br />
aviação civil europeia.<br />
Actualmente, torna-se necessária uma mudança,<br />
no que se refere a leasing, autorizações para<br />
serviços de transportes aéreos, assuntos sociais,<br />
protecção de passageiros contra insolvência de<br />
transportadoras, etc. Outro factor importante é a<br />
observância adequada das oito Liberdades do<br />
Ar.<br />
A questão que suscita maior emoção é a<br />
transparência dos preços dos bilhetes de avião.<br />
Os passageiros esperam saber quanto irão pagar<br />
realmente pelos bilhetes e não truques<br />
publicitários dissimulados.<br />
Apoio o ponto de vista de que a regulação e a<br />
directiva que adoptámos sobre a prevenção da<br />
concorrência desleal, que entrará em vigor<br />
dentro de cinco meses, irá conduzir ao<br />
incremento dos direitos dos passageiros. Um<br />
passageiro deve ser, simultaneamente, objecto<br />
das actividades da transportadora e do<br />
aeroporto. Infelizmente, acontece demasiado<br />
frequentemente, os passageiros serem tratados<br />
como simples mercadorias.<br />
2-426<br />
Jaromír Kohlíček, em nome do Grupo<br />
GUE/NGL. – (CS) Senhoras e Senhores<br />
Deputados, associo as regras comuns para a<br />
exploração dos serviços do transporte aéreo na<br />
Comunidade ao terceiro pacote da aviação ou<br />
aos problemas relacionados com a sua<br />
implementação prática. O maior problema aqui<br />
é porventura a segurança do transporte, que<br />
implica assegurar as condições sociais dos<br />
trabalhadores, incluindo casos em que as<br />
aeronaves são fretadas com tripulação, bem<br />
como a segurança dos passageiros, que é<br />
tradicionalmente prioritária. Paralelamente<br />
existe a questão da saúde financeira das<br />
companhias aéreas e os requisitos mais<br />
rigorosos para os termos e condições aplicáveis<br />
à locação de aeronaves, incluindo as durações<br />
propostas.<br />
Penso que seria também desejável que os<br />
consumidores soubessem exactamente o que<br />
compraram com o seu dinheiro. De certeza que<br />
também suspeitariam de anúncios de<br />
companhias aéreas anunciando tarifas de 1 euro.<br />
Outra questão prende-se com a minúcia da<br />
análise do preço, e que elementos deve conter.<br />
A este respeito, é muito importante clarificar a<br />
distribuição dos diferentes custos com os<br />
passageiros e com a aeronave, incluindo a<br />
eterna discussão sobre o conceito de lucro<br />
razoável. Oponho-me definitivamente à ideia<br />
surgida no decurso do debate de que estão em<br />
causa normas técnicas e de que as questões<br />
sociais não devem ser aqui consideradas.<br />
Desejo agradecer ao relator, senhor deputado<br />
Degutis, que também fez referência às questões<br />
sociais na sua intervenção. Realizou um<br />
trabalho excepcional e o seu relatório merece o<br />
nosso apoio. No que diz respeito às alterações<br />
propostas, concordamos com todas elas, à<br />
excepção das alterações 16, 29, 37, 40, 42, 49 e<br />
50. Na maioria dos casos, não se trata de um<br />
desacordo substantivo: as nossas objecções<br />
prendem-se principalmente com o facto de que<br />
o mesmo foi proposto em dois sítios ou com o<br />
facto de existirem melhores opções.<br />
2-427<br />
Georg Jarzembowski (PPE-<strong>DE</strong>). - (<strong>DE</strong>)<br />
Senhor Presidente, Senhor Vice-Presidente da<br />
Comissão, Senhoras e Senhores, gostaria de<br />
referir mais três aspectos. Na consolidação do<br />
terceiro pacote relativo à aviação afigura-se<br />
crucial, em matéria de transparência das tarifas<br />
aéreas, que não haja falsos engodos<br />
publicitários, sendo também relevante neste<br />
domínio que as taxas fixas de segurança<br />
aplicadas aos passageiros correspondam<br />
realmente aos custos das medidas de segurança.<br />
Tenho a sensação que os aeroportos estão a usar<br />
algumas destas taxas de segurança para obterem<br />
lucros adicionais para si próprios. A bem da<br />
transparência de custos é muito importante que<br />
as taxas de segurança correspondam, de facto,<br />
aos custos das medidas de segurança.<br />
Em segundo lugar, gostaria de abordar a<br />
concorrência entre aeroportos e fazê-lo segundo<br />
duas perspectivas. Pedia ao Senhor Comissário<br />
que me desse sem demora um ou dois exemplos<br />
que ilustrassem realmente o alcance das<br />
directrizes da Comissão aplicáveis à autorização<br />
(ou recusa) de ajudas a aeroportos regionais na<br />
Comunidade. Em meu entender, existe um<br />
grande número de aeroportos regionais que só
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 273<br />
sobrevive graças a subvenções e que nunca será<br />
capaz de se autofinanciar. Nestes casos, as<br />
directrizes da Comissão deverão<br />
designadamente pôr fim a essas subvenções.<br />
Em terceiro lugar, com a consolidação do<br />
terceiro pacote relativo ao transporte aéreo<br />
modifica-se ligeiramente a definição de um<br />
sistema aeroportuário. Pedia ao Senhor<br />
Comissário que aprofundasse posteriomente<br />
também esta questão. É inaceitável que a<br />
legislação preveja que um sistema aeroportuário<br />
apenas pode existir se servir a mesma<br />
aglomeração urbana, e depois aeroportos como<br />
Frankfurt e Frankfurt-Hahn possam proclamar,<br />
apesar de estarem separados por 120 km de<br />
distância, que servem a mesma aglomeração<br />
urbana e, por conseguinte, devem ser<br />
reconhecidos como um só sistema<br />
aeroportuário. O Senhor Comissário não devia,<br />
de modo algum, permitir esta proliferação de<br />
estruturas reconhecidas como um sistema<br />
aeroportuário.<br />
2-428<br />
Inés Ayala Sender (PSE). – (ES) Senhor<br />
Presidente, desejo agradecer ao relator, senhor<br />
deputado Degutis, o excelente exercício de<br />
flexibilidade que demonstrou ao aceitar algumas<br />
das propostas dos diferentes deputados. Desejo<br />
felicitar também o Senhor Comissário pela sua<br />
magnífica intervenção, porque demonstrou que<br />
este texto representa uma melhoria definitiva da<br />
legislação, dado que actualiza, simplifica e<br />
consolida os melhores aspectos das normas que<br />
se tornaram obsoletas e que necessitavam, tendo<br />
em conta o desenvolvimento do sector, uma<br />
actualização célere.<br />
Na realidade, tudo se traduz em vantagens para<br />
todos os actores do sector, em particular os<br />
passageiros, num sector que já sofreu tanto<br />
como o da aviação. De resto, a incoerência entre<br />
este tipo de regulamentos não só costuma<br />
distorcer o funcionamento do mercado interno,<br />
como conduz, estamos em crer, a riscos para a<br />
qualidade do serviço e para a segurança e<br />
condições de trabalho.<br />
Entre o que se alcançou ou as melhorias que o<br />
Parlamento introduziu, gostaria de salientar,<br />
entre outros - a maioria foi referida pelos meus<br />
colegas -, a exigência de uma maior<br />
transparência e controlo da situação financeira<br />
das empresas e operadores do sector.<br />
Em virtude do crescimento exponencial deste<br />
sector e do aparecimento de interessantes nichos<br />
de potenciais clientes - como é o caso dos<br />
imigrantes, com um poder de compra crescente<br />
graças à regularização laboral, por exemplo, no<br />
meu país -, torna-se muito mais urgente aplicar<br />
com rigor regras e condições a fim de evitar as<br />
situações de fraude e de abuso que se detectam<br />
habitualmente na venda de bilhetes e também as<br />
ofertas enganosas das empresas que surgem em<br />
todo o lado.<br />
Afiguram-se-nos também muito razoáveis as<br />
disposições para evitar e mitigar as<br />
consequências sociais dessas fraudes e das<br />
eventuais falências. Além disso, a transparência<br />
dos preços e a não discriminação na aquisição,<br />
seja qual for o canal através do qual o<br />
passageiro adquire os bilhetes, parecem-nos<br />
igualmente fundamentais como melhoria do<br />
presente texto.<br />
Outros aspectos que penso que foram suscitados<br />
e também melhorados são os relativos às<br />
condições sociais para os trabalhadores do<br />
sector. Evitar o dumping social que distorce a<br />
situação económica e social e evitar que se<br />
jogue com os trabalhadores deslocalizados<br />
empregados por empresas transnacionais que<br />
operam em diferentes bases constituiu uma<br />
conquista e uma melhoria.<br />
Melhor ainda é o facto de que o debate aberto<br />
ao longo do processo de elaboração deste<br />
relatório conduziu à solicitação, na alteração 61,<br />
de uma proposta legislativa sobre as condições<br />
sociais e laborais, que penso que a Comissão<br />
deverá apresentar com carácter urgente.<br />
2-429<br />
Jim Higgins (PPE-<strong>DE</strong>). – (EN) Senhor<br />
Presidente, a abertura das viagens aéreas a<br />
milhões de cidadãos foi proporcionada pelas<br />
companhias de aviação que praticam baixas<br />
tarifas aéreas de passageiros. Concordo com o<br />
Senhor Comissário quando diz que o mercado<br />
único dos transportes aéreos tem constituído um<br />
êxito sem precedentes. Companhias aéreas<br />
como a Ryanair da Irlanda revolucionaram o<br />
sector, tendo pressionado transportadoras aéreas<br />
mais antigas, mais estabelecidas no mercado, e<br />
mais caras, a seguir-lhes o exemplo. Essa<br />
concorrência é boa para o consumidor e para o<br />
viajante.<br />
Quero, porém, concentrar-me no que esta noite<br />
já foi referido por quatro pessoas e que é o facto<br />
de haver um problema. Num mercado de tal<br />
modo competitivo, as transportadoras aéreas<br />
permitiram-se – e ainda se permitem – fazer<br />
uma publicidade tentadora, mas altamente<br />
enganosa em matéria de preços. Um bilhete<br />
anunciado por cinco cêntimos parece muito<br />
atraente, de facto, mas quando o consumidor vai<br />
marcar, on-line ou de outro modo, o bilhete de<br />
cinco cêntimos pode custar algumas centenas de
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 274<br />
euros, quando são facturadas as taxas e outros<br />
custos.<br />
Em Janeiro passado, trouxe aqui este assunto à<br />
colação, mediante uma pergunta parlamentar, a<br />
que a Comissão respondeu: “A Comissão, se<br />
bem que mantendo a regra geral da liberdade de<br />
preços, propõe que as transportadoras operando<br />
no interior da Comunidade […] proporcionem<br />
ao público em geral informações exaustivas<br />
sobre os seus preços e tarifas, bem como sobre<br />
as condições a eles associados”. Os<br />
consumidores serão, portanto, informados sobre<br />
os preços reais (preço do bilhete acrescido das<br />
várias despesas e taxas).<br />
O relatório Degutis, que aqui estamos a discutir<br />
esta noite, permitirá tornar isso realidade, o que<br />
é extremamente louvável. A obrigação de as<br />
transportadoras aéreas introduzirem<br />
transparência absoluta é muito bem-vinda e<br />
muito importante, porque agora o consumidor<br />
verá logo de início exactamente o que terá de<br />
pagar. Só isso não irá reduzir o número de<br />
viajantes – como muita gente pensa – mas, em<br />
minha opinião, irá melhorar a concorrência e<br />
beneficiar o público que viaja.<br />
Finalmente, será que o Comissário nos pode<br />
dizer exactamente quando podemos esperar ver<br />
isto concretizado? Quanto mais cedo melhor, a<br />
meu ver.<br />
2-430<br />
Jacques Barrot, Vice-Presidente da Comissão.<br />
- (FR) Senhor Presidente, Senhoras e Senhores<br />
Deputados, agradeço a todos os intervenientes e<br />
congratulo-me com a maior parte das alterações<br />
propostas. Estas alterações clarificam utilmente<br />
diversos pontos relativos, nomeadamente, à<br />
monitorização económica e financeira das<br />
companhias ou ainda às questões de locação de<br />
aeronaves.<br />
Apoio plenamente os avanços propostos no que<br />
respeita ao local de estabelecimento principal,<br />
de forma a garantir um controlo efectivo das<br />
companhias da responsabilidade de uma<br />
autoridade nacional. A Comissão partilha<br />
igualmente as vossas propostas relativas às<br />
condições de concessão e revogação das<br />
licenças, embora não possamos aceitar que essa<br />
medida seja aplicada com base exclusivamente<br />
na suspeita. As simplificações introduzidas às<br />
obrigações de serviço público e as coordenações<br />
entre aeroportos permitirão uma aplicação mais<br />
flexível e eficaz das medidas.<br />
Além disso, embora a Comissão possa apoiar<br />
sem qualquer problema a maioria das alterações,<br />
quero apesar de tudo transmitir-lhes algumas<br />
reservas. Posso compreender e apoiar a<br />
necessidade de encontrar soluções para os<br />
passageiros apeados por falência de uma<br />
companhia aérea. A senhora deputada Inés<br />
Ayala Sender referiu-se à questão. Foram de<br />
facto essas situações que conduziram a esta<br />
actualização da regulamentação, que visa<br />
reforçar as condições de concessão das licenças<br />
e o controlo económico e financeiro das<br />
companhias. Mas, neste momento, não posso<br />
aceitar uma nova obrigação de que ainda não<br />
analisámos a exequibilidade e o alcance em<br />
termos económicos e financeiros. Eis a razão<br />
por que, em minha opinião, deveríamos fazer<br />
referência à necessidade de prever condições de<br />
reembolso e de repatriamento, sem no entanto<br />
nos pronunciarmos desde já sobre uma solução<br />
de que ainda não conhecemos o impacto real.<br />
Segunda reserva, relativa à dimensão social. É<br />
extremamente importante que as autoridades<br />
nacionais apliquem correctamente as legislações<br />
nacional e europeia pertinentes. Há que recordar<br />
aos Estados-Membros estas obrigações,<br />
previstas no Tratado e nas legislações nacionais,<br />
mas este regulamento sectorial não parece o<br />
mais apropriado para tratar esta questão. Temos<br />
de aprofundar o assunto para melhor perceber<br />
todas as suas dimensões e para definir as<br />
necessidades reais que exigem uma resposta a<br />
nível comunitário. Assim, a proposta da vossa<br />
relatora parece-me justa ao fazer referência às<br />
obrigações dos Estados-Membros num<br />
considerando.<br />
Além disso, quero evidentemente responder<br />
àqueles de vós que me interrogaram sobre a<br />
futura proposta. Sim, a Comissão está a<br />
desenvolver um estudo sobre os efeitos do<br />
mercado interno da aviação sobre o emprego e<br />
as condições de trabalho. Esse estudo, que<br />
estará terminado em finais de <strong>2007</strong>, permitirnos-á<br />
alimentar as nossas reflexões e determinar<br />
que medidas concretas tomar.<br />
Como referiu o senhor deputado Georg<br />
Jarzembowski, a Comissão hesita quanto às<br />
obrigações demasiado específicas sobre o<br />
tráfego entre aeroportos. É legítimo exigir<br />
tempos de conexão razoáveis e eficazes com os<br />
centros das cidades. Mas não será ir longe de<br />
mais impormos um tempo determinado assim<br />
como uma obrigação de ligação entre os<br />
aeroportos?<br />
E passo agora ao problema dos preços. As<br />
disposições sobre a transparência dos preços e a<br />
plena informação do passageiro são necessárias,<br />
mas têm de ser praticáveis e inteligíveis. A<br />
vossa relatora tem razão em querer cobrir todos
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 275<br />
os voos que partam de um aeroporto da<br />
Comunidade Europeia. Contudo, a extensão<br />
desta obrigação apenas às companhias<br />
comunitárias nos países terceiros levanta sérias<br />
dificuldades jurídicas e comerciais.<br />
Gostaria de responder à pergunta sobre os<br />
custos dos serviços de segurança. É um facto<br />
que a Comissão é favorável a que o custo dos<br />
serviços de segurança e a parte do preço do<br />
bilhete dele decorrente sejam conhecidos. Por<br />
outro lado, defende a apresentação clara das<br />
diferentes despesas, impostos, taxas e encargos.<br />
Contudo, se é um facto que este regulamento<br />
visa garantir a informação do passageiro, não<br />
podemos usá-lo para estabelecer a utilização e<br />
as características de cada encargo, de cada taxa;<br />
tais imposições terão lugar na directiva sobre as<br />
taxas aeroportuárias em discussão nas nossas<br />
Instituições.<br />
Senhora Deputada Elisabeth Jeggle, no que<br />
respeita à publicidade na Internet, estou de<br />
acordo consigo, mas a alteração 48 parece-nos<br />
muito complicada. Temos realmente de ser<br />
claros e práticos.<br />
Quero também responder aos senhores<br />
deputados Ulrich Stockmann e Jaromír<br />
Kohlíček sobre a questão do aluguer com<br />
tripulação, o wet lease. Há que permitir uma<br />
certa flexibilidade para responder às<br />
necessidades excepcionais, estabelecendo<br />
simultaneamente condições apertadas de<br />
segurança e periodicidade. Sou favorável a um<br />
sistema que permita conciliar as exigências de<br />
segurança com a necessidade de recorrer à<br />
locação com tripulação a título excepcional e<br />
por um período limitado de tempo.<br />
Por fim, por razões de concorrência justa com<br />
os países terceiros, considero que se justifica<br />
compensar a supressão do artigo 23º sobre o<br />
price leadership por uma possibilidade de<br />
aplicar restrições, desde que o país terceiro com<br />
o qual o acordo foi assinado não reconheça os<br />
mesmos direitos. Trata-se de um princípio de<br />
bom senso que deve ajudar-nos nas negociações<br />
com os países terceiros. E agradeço ao<br />
Parlamento Europeu ter apoiado a abordagem<br />
da Comissão sobre as relações com os países<br />
terceiros, que têm de ser conduzidas de forma<br />
coordenada. Nesta matéria, Senhor Presidente,<br />
voltarei a precisar do apoio do Parlamento nas<br />
próximas etapas.<br />
Não pretendo ter respondido a todas as<br />
perguntas. Apenas repito que o trabalho do<br />
Parlamento melhorou o nosso texto. Assim,<br />
Senhor Deputado Degutis, Senhor Presidente da<br />
Comissão dos Transportes e do Turismo, é<br />
realmente com muita satisfação que agradeço ao<br />
Parlamento o seu trabalho; e as questões que<br />
referiram são muito pertinentes. Notei que,<br />
relativamente a algumas delas, não era<br />
necessariamente este texto que lhes devia dar<br />
uma resposta. A nível social, afirmei que<br />
estávamos a trabalhar nessa matéria e que, até<br />
ao final do ano, eu teria as coisas mais claras<br />
para apresentar uma eventual proposta.<br />
Senhor Presidente, pareceu-me necessário<br />
fornecer estas respostas mais aprofundadas para<br />
encerrar um debate de grande qualidade.<br />
2-430-250<br />
(FR) Posição da Comissão relativamente às<br />
alterações do Parlamento:<br />
Relatório Degutis (A6-0178/<strong>2007</strong>)<br />
A Comissão aprova as alterações nºs: 3, 4, 5, 6,<br />
7, 9, 11, 13, 14, 18, 19, 21, 22, 24, 26, 27, 28,<br />
29, 30, 34, 37, 38, 39, 43, 51, 52, 53, 54, 55 e<br />
56.<br />
A Comissão aprova em princípio as alterações<br />
nºs: 1, 8, <strong>10</strong>, 12, 20, 23, 31, 32, 36, 44 e 49.<br />
A Comissão aprova em parte as alterações nºs:<br />
33, 45 e 47.<br />
A Comissão rejeita as alterações nºs: 2, 15, 16,<br />
17, 25, 35, 40, 41, 42, 46, 48, 50, 57, 58, 59, 60<br />
e 61.<br />
2-431<br />
Presidente. – Está encerrado o debate.<br />
A votação terá lugar na quarta-feira, 11 de Julho<br />
de <strong>2007</strong>.<br />
2-432<br />
Manter a <strong>Europa</strong> em movimento (debate)<br />
2-433<br />
Presidente. - Segue-se na ordem do dia o<br />
relatório (A6-0190/<strong>2007</strong>) da deputada Barsi-<br />
Pataky, em nome da Comissão dos Transportes<br />
e do Turismo, sobre "Manter a <strong>Europa</strong> em<br />
movimento - Mobilidade sustentável para o<br />
nosso continente" (2006/2227(INI))<br />
2-434<br />
Etelka Barsi-Pataky (PPE-<strong>DE</strong>), relatora. –<br />
(HU) O Parlamento acolhe com agrado a<br />
revisão intercalar do documento fundamental da<br />
política de transportes europeia, que é o Livro<br />
Branco. Congratulamo-nos com o facto de a<br />
Comissão ter elaborado o seu relatório sobre o<br />
assunto após uma ampla coordenação e de ter<br />
realizado um trabalho exaustivo.<br />
Congratulamo-nos igualmente com o facto de<br />
ter feito sugestões em diversos domínios, no que<br />
diz respeito a modificações da actual política de<br />
transportes.
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 276<br />
O Parlamento reconhece os resultados<br />
alcançados nos últimos cinco anos, ao mesmo<br />
tempo que critica diversos pontos. O Parlamento<br />
solicita ao Conselho e à Comissão que<br />
considerem as nossas recomendações como um<br />
alicerce da política europeia de transportes.<br />
Ora, em que consistem essas recomendações?<br />
Em primeiro lugar, a experiência dos últimos<br />
anos mostra que a aplicação da regulamentação<br />
é o ponto fraco da política de transportes. No<br />
que toca à aplicação, aconteceu mais do que<br />
uma vez esta ter tido lugar com grande atraso, e,<br />
por vezes, foi incompleta ou mesmo inexistente.<br />
O relatório da Comissão não trata de modo<br />
suficientemente exaustivo ou honesto este<br />
problema, pelo que também não sugere soluções<br />
adequadas. O Parlamento salienta a importância<br />
da cooperação entre os níveis europeu, nacional<br />
e regional, do reforço dessa cooperação e do<br />
trabalho em conjunto.<br />
Em segundo lugar, a maioria dos deputados ao<br />
Parlamento considera que precisamos de dar à<br />
nossa política de transportes uma configuração<br />
mais realista do que a que lhe demos no<br />
passado. A revisão faz notar, com razão, que os<br />
transportes, enquanto serviço, desempenham um<br />
papel crucial na economia e na sociedade e são<br />
inseparáveis desta; a nossa recomendação é, por<br />
isso, a de que integremos plenamente os<br />
transportes na Estratégia de Lisboa.<br />
A maior parte de nós pensa que as capacidades<br />
existentes devem ser utilizadas com maior<br />
eficiência, por si próprias ou integradas, e que<br />
cada modo de transporte deve ser sustentável<br />
por si; isto aplica-se em particular à logística.<br />
Para além da co-modalidade em determinados<br />
domínios, a mudança de modos, em nosso<br />
entender, desempenha um papel especialmente<br />
importante no que diz respeito aos transportes<br />
de longo curso.<br />
Em terceiro lugar, no que diz respeito ao<br />
crescimento da economia europeia, o<br />
financiamento inadequado das infra-estruturas<br />
apresenta um risco. Nem o relatório da<br />
Comissão, nem a posição do Conselho, abordam<br />
de forma adequada este problema. O sector dos<br />
transportes na <strong>Europa</strong> necessita de mais<br />
financiamento comunitário, de mais<br />
financiamento dos Estados-Membros, de mais<br />
soluções financeiras corajosas e, acima de tudo,<br />
de mais apoio político, a fim de pôr em prática<br />
os seus projectos fundamentais. Pedimos e<br />
esperamos que as tarefas de revisão do<br />
orçamento septenal para este domínio tenham<br />
início imediatamente.<br />
Em quarto lugar, deveríamos falar sobre a<br />
alteração das circunstâncias e os novos desafios<br />
surgidos desde 2001. Entre esses, destacaria, em<br />
primeiro lugar, as tarefas decorrentes da<br />
reunificação da <strong>Europa</strong> em 2004 e <strong>2007</strong>, que<br />
aumentaram consideravelmente as diferenças na<br />
<strong>Europa</strong>, bem como a sua diversidade, que tem<br />
de ser analisada de forma muito mais rigorosa<br />
na legislação europeia. Além disso, é de<br />
interesse comum dispormos de uma rede de<br />
transportes trans-europeia interligada e<br />
interoperável. Assim, a utilização plena das<br />
fontes que asseguram a coesão deve ser uma<br />
responsabilidade conjunta de cada nível e de<br />
cada instituição.<br />
Em quinto lugar, temos de fazer face ao facto de<br />
que o impacto dos transportes nas alterações<br />
climáticas aumentou e continua a aumentar.<br />
Apesar de na sua reunião da Primavera o<br />
Conselho Europeu ter formulado objectivos<br />
gerais válidos, a transposição prática dos<br />
mesmos é a função da legislação que agora<br />
apreciamos e que vai ser levada a cabo no<br />
período que se segue. Entre esses diplomas<br />
inclui-se, por exemplo, a proposta da Comissão,<br />
anunciada para 2008, sobre a internalização dos<br />
custos externos.<br />
Em sexto lugar, temos de apreciar e de ter em<br />
conta o facto de que os regimes tradicionais<br />
estão progressivamente a atingir os seus limites<br />
de eficácia, pelo que devemos aproveitar o<br />
potencial dos sistemas inteligentes de<br />
transportes. Precisamos de criar um ambiente<br />
jurídico, económico e tecnológico adequado ao<br />
sector. Lançámos alguns projectos comunitários<br />
vastos e abrangentes, projectos europeus que<br />
são promissores. Mas a União não tem qualquer<br />
experiência dessas inovações, pelo que<br />
precisamos de ser pioneiros neste domínio.<br />
No entanto, as respostas europeias às alterações<br />
climáticas não servirão de nada, se não as<br />
conseguirmos aplicar à escala global. Senhor<br />
Comissário, em nossa opinião, após a presente<br />
revisão intercalar, terá de haver uma renovação<br />
progressiva da política de transportes europeia<br />
nesse sentido e um ajustamento aos novos<br />
desafios, já que, a não ser assim, o<br />
congestionamento, as pressões sobre o ambiente<br />
e os problemas da sustentabilidade social<br />
constituirão obstáculos graves ao crescimento<br />
da economia europeia e ao bem-estar. Agradeço<br />
a todos os colegas deputados que deram o seu<br />
apoio construtivo à elaboração do presente<br />
relatório.<br />
2-435<br />
Jacques Barrot, Vice-Presidente da Comissão.<br />
- (FR) Senhor Presidente, Senhoras e Senhores
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 277<br />
Deputados, estou muito contente por estar aqui<br />
a participar neste debate sobre a política<br />
europeia dos transportes. Quero saudar a<br />
qualidade do trabalho da senhora deputada<br />
Etelka Barsi-Pataky que, através de mensagens<br />
concisas, emitiu um sinal político forte. A<br />
senhora acaba de dizer, Senhora Deputada<br />
Etelka Barsi-Pataky, que uma política dos<br />
transportes deve saber renovar-se<br />
constantemente para, precisamente, se adaptar, e<br />
salientou a importância de garantir que este<br />
crescimento dos transportes seja sustentável.<br />
Congratulo-me com a consistência do seu<br />
relatório e sua adequação à análise intercalar do<br />
Livro Branco.<br />
A senhora deputada acolheu favoravelmente a<br />
abordagem realista da Comunicação da<br />
Comissão; trata-se de uma abordagem que<br />
pretende ser actualizada e corresponder aos<br />
Objectivos de Lisboa, inscrita no âmbito da<br />
Estratégia europeia de Desenvolvimento<br />
Sustentável. Estes objectivos aplicam-se aos<br />
quatro pilares da nossa abordagem: mobilidade<br />
sustentável, mobilidade segura, mobilidade<br />
inovadora e dimensão internacional.<br />
A senhora deputada apoiou igualmente o<br />
conceito de co-modalidade e, com efeito, para<br />
conseguirmos o seu êxito, temos de reduzir os<br />
impactos negativos de todos os modos de<br />
transporte para, precisamente, assegurar a<br />
eficácia e a eficiência ambiental de cada modo<br />
de transporte. A promoção de sistemas<br />
inteligentes de transportes e de logística, as<br />
políticas de mobilidade urbana e o<br />
desenvolvimento de sistemas de tarifação<br />
inteligentes constituem outros tantos meios para<br />
contribuir para isso sem comprometer a<br />
mobilidade necessária ao crescimento.<br />
E passo agora aos próximos prazos dentro desta<br />
linha: o Livro Verde sobre os transportes<br />
urbanos, de que a senhora frisou a importância;<br />
o Plano de Acção sobre a logística, que tenciono<br />
submeter à vossa apreciação dentro em breve e<br />
que incluirá acções que visam eliminar os<br />
obstáculos administrativos, operacionais e<br />
funcionais, de modo a estimular a formação e o<br />
intercâmbio das melhores práticas e promover a<br />
estandardização dos diferentes modos; uma<br />
comunicação sobre a política portuária está<br />
prevista para o Outono, na qual serão avaliados,<br />
entre outros aspectos, o da integração das infraestruturas<br />
portuárias na cadeia logística; a<br />
próxima nomeação de um coordenador europeu<br />
para as auto-estradas do mar e de um outro<br />
coordenador europeu para as vias navegáveis;<br />
finalmente, vamos consolidar o quadro<br />
institucional da navegação interna com a<br />
harmonização das licenças de piloto e a criação<br />
de um fundo de inovação neste sector.<br />
Em seguida, a comunicação sobre uma rede<br />
ferroviária baseada no frete na <strong>Europa</strong>. Depois,<br />
a tarifação das infra-estruturas. Como foi vosso<br />
desejo na altura da adopção da nova Directiva<br />
Eurovinheta, a Comissão apresentará em 2008<br />
uma metodologia relativa à internalização dos<br />
custos externos. Eis, Senhora Deputada Etelka<br />
Barsi-Pataky, uma boa agenda que, digamos,<br />
corresponde em grande medida àquilo que a<br />
senhora preconiza.<br />
Gostaria de acrescentar algumas observações<br />
sobre certas passagens do seu relatório,<br />
começando por recordar que a Comissão está a<br />
desenvolver uma política rigorosa de luta contra<br />
as infracções, a qual começa a dar frutos.<br />
Num outro registo, compreendo que as<br />
negociações internacionais constituam um tema<br />
sensível para o Parlamento. Posto isto, é à<br />
Comissão que compete negociar acordos<br />
internacionais, mas ela informará regularmente<br />
o Parlamento Europeu sobre a evolução dessas<br />
negociações. Tomo também nota do vosso<br />
pedido de relatório relativo à directiva sobre a<br />
interoperabilidade dos sistemas de portagem<br />
rodoviária electrónica e apresentaremos, como<br />
se encontra previsto na directiva, um relatório<br />
em 2009. A Comissão está a avaliar o impacto<br />
do sistema modular europeu. Apesar das<br />
vantagens e de um aumento da eficácia em<br />
alguns casos, esta opção continua controversa.<br />
Por fim, a Comissão apoia integralmente o<br />
desenvolvimento dos biocombustíveis com o<br />
estabelecimento de normas europeias para esse<br />
tipo de combustíveis. Trata-se de facilitar a<br />
concretização do objectivo mínimo da União<br />
Europeia: <strong>10</strong>% de biocombustíveis no consumo<br />
total de combustíveis até 2020.<br />
Vou agora ouvir com atenção as vossas<br />
observações, agradecendo mais uma vez ao<br />
Parlamento e à Comissão terem emitido<br />
pareceres informados sobre esta apreciação<br />
intercalar do Livro Branco.<br />
2-436<br />
Satu Hassi (Verts/ALE), relatora de parecer<br />
da Comissão da Indústria, da Investigação e da<br />
Energia. – (FI) Senhor Presidente, Senhoras e<br />
Senhores Deputados, queria dirigir os meus<br />
agradecimentos à relatora, senhora deputada<br />
Barsi-Pataky, pelo trabalho que realizou.<br />
Em nome da Comissão da Indústria, da<br />
Investigação e da Energia, não posso deixar de<br />
dizer, no entanto, que lamento que a Comissão
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 278<br />
dos Transportes e do Turismo tenha tido em tão<br />
pouca consideração as propostas da nossa<br />
comissão. Tradicionalmente pensa-se que<br />
quanto mais transportes houver, melhor para a<br />
economia e para a indústria. Contudo, a<br />
Comissão da Indústria, da Investigação e da<br />
Energia considerou que os transportes faziam<br />
com que outros incorressem em muito mais<br />
custos que presentemente não estão<br />
internalizados nos preços dos transportes.<br />
O sector dos transportes é aquele em que as<br />
emissões de dióxido de carbono estão a<br />
aumentar com maior rapidez. Por exemplo, as<br />
emissões resultantes dos transportes rodoviários<br />
aumentaram mais de 25% desde 1990; e a taxa<br />
de crescimento eleva-se a 50% no caso dos<br />
transportes aéreos. Este fenómeno torna<br />
insignificantes as reduções de emissões<br />
alcançadas na indústria e na produção de<br />
energia.<br />
É, por isso, altura de começarmos a aplicar o<br />
princípio do “poluidor-pagador” também aos<br />
transportes e a internalizar os custos dos<br />
prejuízos ambientais nos preços dos diferentes<br />
modos de transporte. É algo que é necessário<br />
também na perspectiva de uma concorrência<br />
leal. A Comissão dos Transportes, infelizmente,<br />
quis diluir este princípio, de modo que as taxas<br />
ambientais sobre os transportes fossem<br />
empregues no sector dos transportes. Os<br />
transportes, no entanto, também têm de encarar<br />
seriamente a questão das emissões de dióxido de<br />
carbono. Temos de estabelecer objectivos<br />
claros, não só para reduzir as emissões dos<br />
veículos, como também as de todas as formas de<br />
transporte.<br />
Parte desses objectivos implicarão em geral<br />
menos tráfego, em especial tráfego automóvel e<br />
tráfego aéreo. Metade dos percursos rodoviários<br />
efectuados diariamente na União Europeia são<br />
inferiores a cinco quilómetros. São efectuados<br />
principalmente nas cidades. Bastava que um<br />
terço desses percursos rodoviários curtos fosse<br />
eliminado e que, em vez disso, as pessoas<br />
andassem a pé ou de bicicleta ou utilizassem<br />
autocarros para que as emissões de dióxido de<br />
carbono na <strong>Europa</strong> diminuíssem vários pontos<br />
percentuais. Por exemplo, as emissões na<br />
Alemanha diminuiriam 4%. Além disso, a<br />
poluição atmosférica seria reduzida,<br />
precisamente nos locais onde a maioria das<br />
pessoas tende a viver.<br />
Segundo a Organização Mundial de Saúde,<br />
todos os anos, 300 000 europeus morrem<br />
precocemente devido à poluição atmosférica,<br />
cuja principal causa nas cidades é o tráfego<br />
automóvel. As empresas também beneficiariam,<br />
devido à diminuição das doenças causadas pela<br />
poluição.<br />
2-437<br />
Dieter-Lebrecht Koch, em nome do Grupo<br />
PPE-<strong>DE</strong>. – (<strong>DE</strong>) Senhor Presidente, Senhor<br />
Comissário, Senhoras e Senhores, gostaria de<br />
começar por felicitar a senhora deputada Etelka<br />
Barsi-Pataky pelo seu relatório e pelo grande<br />
trabalho e disponibilidade para estabelecer<br />
compromissos. A senhora deputada conseguiu,<br />
num relatório muito curto mas rigoroso e de<br />
grande alcance, dar uma panorâmica das<br />
prioridades fulcrais da futura política europeia<br />
de transportes. Os peritos, sobretudo aqueles<br />
que sabem ler nas entrelinhas, irão apreciar esta<br />
faceta. Os nossos cidadãos, no entanto, sentirão<br />
a falta de exemplos detalhados e tangíveis,<br />
assim como de propostas pragmáticas.<br />
A revisão intercalar do Livro Branco da<br />
Comissão de 2001 sobre os Transportes denota<br />
que temos um grande atraso a recuperar, e isto é<br />
válido não só para os aspectos de segurança mas<br />
também para muitas outras áreas, como a<br />
sustentabilidade ambiental, o investimento<br />
(sobretudo na concretização das RTE) e a<br />
logística. A senhora deputada Barsi-Pataky<br />
manifestou uma abordagem correcta através do<br />
seu apoio a uma rede intermodal de transportes<br />
em que cada transportador desenvolva os seus<br />
pontos fortes, de forma a criar serviços de<br />
transporte de mercadorias que sejam de<br />
interesse geral.<br />
Sinto a falta de apelos para um quadro<br />
comunitário adequado ao turismo intermodal,<br />
ou seja, para estruturar os movimentos dos<br />
cidadãos europeus. Necessitamos também de<br />
abordagens intermodais no transporte público e<br />
privado de passageiros de longo curso para<br />
satisfazer o desejo de mobilidade, que está em<br />
constante crescimento.<br />
Congratulo-me bastante com a decisão de se<br />
associarem os problemas de transporte<br />
existentes ao desenvolvimento de sistemas de<br />
transporte inteligentes e soluções técnicas<br />
inovadoras. As políticas devem ser<br />
suficientemente ousadas para conferirem<br />
prioridade à legislação relacionada com a<br />
segurança no sector dos transportes.<br />
As políticas devem também incluir disposições<br />
rigorosas para os veículos pesados de<br />
mercadorias com um peso máximo de 44<br />
toneladas e para a gestão da segurança das<br />
infra-estruturas de transporte.<br />
2-438
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 279<br />
Inés Ayala Sender, em nome do Grupo PSE. –<br />
(ES) Senhor Presidente, desejo felicitar<br />
vivamente a senhora deputada Barsi-Pataky pela<br />
sua capacidade de sintetizar um processo e um<br />
procedimento da dimensão da revisão deste<br />
Livro Verde, apesar - digamos - de todas as<br />
boas intenções. Mas era previsível que todos os<br />
deputados desejassem acrescentar alguma ideia<br />
à grande quantidade de ideias que a proposta da<br />
Comissão suscitava.<br />
Desejo felicitá-la também pela sua capacidade<br />
de alcançar compromissos válidos, que<br />
permitirão reunir um amplo apoio de todo o<br />
Parlamento.<br />
Conseguiu um bom equilíbrio entre os<br />
objectivos irrenunciáveis, como a mudança<br />
modal a favor de modos ainda pouco<br />
desenvolvidos e com grandes vantagens<br />
ambientais, como é o caso do caminho-de-ferro<br />
ou das vias navegáveis, mas podendo,<br />
concomitantemente, inclui-lo num novo<br />
conceito de co-modalidade que lhe conferiria<br />
um realismo mais aceitável para todos os<br />
actores do sector e que reduzia muitas das<br />
pressões que nos impediam de registar<br />
progressos de forma mais razoável.<br />
Um dos dramas da legislação comunitária -<br />
embora não exclusivamente da comunitária - é a<br />
sua deficiente aplicação. É, por conseguinte,<br />
fundamental reclamar instrumentos novos para a<br />
sua aplicação.<br />
Subscrevemos também a sua crítica ao<br />
insuficiente financiamento das redes<br />
transeuropeias e das restantes medidas do<br />
transporte a nível europeu e consideramos que<br />
abre perspectivas de futuro que podem revelarse<br />
muito úteis para o debate de 2008, para<br />
conseguir definitivamente um financiamento à<br />
altura das nossas ambições para o transporte<br />
europeu.<br />
Agradecemos-lhe também a sua compreensão<br />
em relação a integrar o transporte no centro da<br />
Estratégia de Lisboa. Pensamos que desta forma<br />
será possível responsabilizar definitivamente os<br />
Estados-Membros nos dois âmbitos: o âmbito<br />
da aplicação legislativa e o do financiamento<br />
suficiente.<br />
Consideramos também promissoras as propostas<br />
a favor da logística, que procuraremos seguir no<br />
relatório que estamos a elaborar actualmente,<br />
bem como as soluções inovadoras e o seu apoio<br />
total e contínuo aos sistemas de transporte<br />
inteligente.<br />
Apoiamos ainda o seu apelo à diversidade e ao<br />
que isso implicou a partir do alargamento, que<br />
conhece melhor do que ninguém.<br />
Concordamos com a sua posição relativamente<br />
à abordagem global e às relações com os países<br />
terceiros, que consideramos crucial para o<br />
futuro de toda a temática do transporte europeu.<br />
Congratulamo-nos, igualmente, pelo seu apoio<br />
ao Livro Verde sobre os transportes urbanos e<br />
agradecemos-lhe, finalmente, a sua<br />
compreensão acerca da necessidade de<br />
actualizar o seu relatório em relação às<br />
alterações climáticas, contemplando a última<br />
proposta do Conselho relativa à redução das<br />
emissões de CO2.<br />
A única coisa que devo anunciar-lhe, por<br />
último, é que não poderemos acompanhá-la no<br />
seu apoio ao conceito modular que figura no nº<br />
11 do seu relatório, mas julgo que, através da<br />
proposta que o senhor deputado Grosch<br />
porventura nos apresentará, poderemos dar<br />
solução a esse pequeno problema entre os dois<br />
grupos.<br />
2-439<br />
Paolo Costa, em nome do Grupo AL<strong>DE</strong>. – (IT)<br />
Senhor Presidente, Senhor Comissário Jacques<br />
Barrot, Senhoras e Senhores Deputados,<br />
estamos perante um excelente relatório a partir<br />
do qual o Parlamento pode compreender, apoiar<br />
e seguir o trabalho a desenvolver pela Comissão<br />
neste último período das suas actividades. O<br />
relatório Barsi-Pataky abrange todos os<br />
problemas com que lidámos nos últimos anos e<br />
está apto, portanto, a dar um contributo<br />
estratégico para a nossa política.<br />
Tive a infelicidade, se me é permitido<br />
expressar-me nestes termos, de chegar<br />
imediatamente antes dessa clara alteração de<br />
prioridades das últimas semanas, com a possível<br />
inclusão da luta contra as alterações climáticas<br />
entre as actividades da União e a sua<br />
responsabilidade directa pelas questões<br />
relacionadas com os custos da energia. Penso<br />
que temos, agora, de rever o texto à luz das<br />
novas prioridades e de justificar ou esclarecer<br />
todas as políticas que há que concretizar para<br />
garantir que também os transportes concorrem<br />
para a consecução desses dois objectivos.<br />
Significa isto esforçarmo-nos por utilizar<br />
combustíveis alternativos ou os mesmos<br />
combustíveis com motores mais eficientes,<br />
tentar organizar viagens mais eficientes do<br />
ponto de vista energético por meio da logística<br />
mas também, e antes de mais, impor princípios<br />
e lógica à nossa necessidade de insistir numa
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 280<br />
utilização mais racional de transportes eficientes<br />
do ponto de vista energético e que não sejam<br />
prejudiciais ao clima, assim como orientar as<br />
nossas vidas de modo a reduzir mobilidades<br />
desnecessárias.<br />
O que acabo de expor vem realçar as estratégias<br />
históricas que, afinal, devemos à política de<br />
transportes europeia. A interoperabilidade, o<br />
acesso aos mercados e a integração das redes<br />
voltam a impor-se, agora sujeitas a duas<br />
condicionantes: tempo e dinheiro. O tempo<br />
urge: tudo tem de acelerar, tudo tem de conduzir<br />
rapidamente a resultados para mantermos os<br />
objectivos de redução de CO2 e de custos de<br />
energia, previstos nos novos objectivos que a<br />
União se impôs a si própria.<br />
O outro problema tem a ver com o<br />
financiamento. A médio prazo há que<br />
reconsiderar o papel da União como<br />
intermediária relativamente aos investimentos<br />
dos Estados-Membros: estou a pensar não só no<br />
financiamento das infra-estruturas, decerto o<br />
montante mais substancial, mas também na<br />
interoperabilidade e noutras medidas que visam<br />
facilitar o acesso ao mercado. Esse<br />
financiamento deve não só ser obtido a nível<br />
europeu mas exige, também, que a Comissão<br />
possa coordenar as políticas e o financiamento<br />
de todos os Estados, única forma de garantir que<br />
atingimos rapidamente os resultados<br />
pretendidos.<br />
2-440<br />
Sepp Kusstatscher, em nome do Grupo<br />
Verts/ALE. – (<strong>DE</strong>) Senhor Presidente, o título<br />
do relatório soa muito prometedor: "Manter a<br />
<strong>Europa</strong> em movimento - Mobilidade sustentável<br />
para o nosso continente". A afirmação mais<br />
clara no relatório da senhora deputada Etelka<br />
Barsi-Pataky é a que figura no nº 14: “a revisão<br />
intercalar do Livro Branco sobre os transportes<br />
publicado em 2001 não estabeleceu os<br />
objectivos a longo prazo nem deu respostas”. A<br />
política de transportes da UE está cheia de<br />
contradições. Identifica correctamente muitos<br />
princípios positivos, mas frequentemente não os<br />
põe em prática.<br />
O presente relatório estabelece claramente que<br />
se regista um aumento nos efeitos negativos das<br />
mudanças climáticas, que se ficam também a<br />
dever a uma política de transportes errada.<br />
Muitos acreditam ainda que o crescimento será<br />
eterno, e que será cada vez mais rápido, maior e<br />
capaz de progredir sempre. O crescimento pode<br />
ser sustentável, mas é-o de um modo negativo.<br />
Com um crescimento incessante não<br />
atingiremos os objectivos de Quioto, e o<br />
objectivo de conseguir reduzir para metade as<br />
emissões de CO2 até 2050 não passará de uma<br />
ilusão.<br />
É frequente tratarmos apenas os sintomas mas<br />
não a causa do mal, e a senhora deputada Satu<br />
Hassi da Comissão para a Indústria, a<br />
Investigação e a Energia já citou aqui vários<br />
exemplos. Falta-nos a coragem para contarmos<br />
toda a verdade sobre os custos. Queremos<br />
construir novas e ridiculamente dispendiosas<br />
linhas ferroviárias de alta velocidade quando as<br />
linhas existentes, por exemplo em Itália, se<br />
desfazem em ferrugem. As emissões do tráfego<br />
aéreo não são incluídas nos cálculos de CO2 e<br />
fomentam-se os transportes por toda a <strong>Europa</strong>.<br />
Mas vejamos um acontecimento muito concreto<br />
e actual. Hoje, em Viena, os Ministros dos<br />
Transportes da Áustria, Itália e Alemanha<br />
reiteraram alegremente o seu empenho no túnel<br />
da base do Brenner. A viabilidade económica<br />
deste túnel é muito dúbia à luz da experiência<br />
recolhida com o túnel do Canal da Mancha. O<br />
financiamento virá de Estados-Membros que já<br />
violam os critérios de Maastricht, o que o coloca<br />
numa situação muito vacilante. Parte dos troços<br />
de acesso ainda nem sequer foram projectados.<br />
Trata-se, verdadeiramente, de um gigantesco<br />
elefante branco. Fala-se de uma transferência do<br />
tráfego de mercadorias para a ferrovia mas o<br />
que está projectado é uma linha de alta<br />
velocidade para o transporte de passageiros.<br />
Os objectivos de uma política dos transportes<br />
socialmente aceitável e amiga do ambiente<br />
devem ser a redução dos fluxos desnecessários<br />
de tráfego, a transferência para métodos de<br />
transporte mais amigos do ambiente, a<br />
honestidade sobre os custos – o que significa<br />
que os preços dos transportes devem incluir<br />
todos os custos de construção, manutenção,<br />
tomarem em consideração os problemas<br />
ambientais e de saúde e o custo dos acidentes –<br />
e uma tributação sustentável dos transportes<br />
baseada nas emissões de CO2, sem omitir o<br />
tráfego aéreo, que é uma das fontes mais<br />
importantes de emissões.<br />
2-441<br />
Johannes Blokland, em nome do Grupo<br />
IND/<strong>DE</strong>M. – (NL) Senhor Presidente, a prática<br />
provou ser mais teimosa do que a teoria. A meio<br />
do horizonte de planeamento do Livro Branco<br />
relativo aos transportes, constatamos que a<br />
consecução dos objectivos ainda não está à<br />
vista. A decisão da Comissão de ajustar os<br />
objectivos é ao mesmo tempo corajosa e<br />
sensata. Dou-lhe os meus parabéns. Esta<br />
mudança de rumo significa, contudo, que temos<br />
de centrar a nossa atenção noutros aspectos. O<br />
objectivo já não consiste apenas em transferir a
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 281<br />
carga, mas também em melhorar todos os<br />
modos de transporte. Em alguns casos, isso<br />
requer uma grande determinação e perseverança<br />
internacionais.<br />
Na <strong>Europa</strong> há também ainda muito trabalho a<br />
fazer, incluindo a implantação de infraestruturas<br />
adequadas, a utilização de novas<br />
tecnologias, a elaboração de programas de acção<br />
especificamente orientados para sectores do<br />
mercado e uma aplicação mais ampla do<br />
princípio do “poluidor/utilizador pagador”.<br />
Estes três elementos foram contemplados no<br />
relatório da senhora deputada Barsi-Pataky, e<br />
com toda a razão. Assim, posso identificar-me<br />
em larga medida com o conteúdo do seu<br />
relatório.<br />
Apresentei alterações relativamente a dois<br />
pontos. Este Parlamento aprova legislação em<br />
matéria de transportes, cabendo depois<br />
frequentemente aos Estados-Membros transpor<br />
essa legislação. Revelou-se que um só e mesmo<br />
texto legislativo é interpretado e aplicado de<br />
diferentes maneiras em diferentes Estados-<br />
Membros. Isto significa, por exemplo, que os<br />
camiões que atravessam diversos Estados-<br />
Membros cumprem essa mesma disposição<br />
legislativa num determinado país e não a<br />
cumprem noutro, com todas as consequências<br />
que isso implica. Isto é algo que considero<br />
inaceitável. Daí, pois, que a minha alteração 4<br />
chame a atenção para este aspecto e exorte os<br />
Estados-Membros e a Comissão a, quando tal<br />
necessário, chegarem a acordo sobre uma<br />
interpretação comum dos diplomas legislativos.<br />
Esta alteração não prevê sanções comuns<br />
aplicáveis às infracções.<br />
O segundo ponto prende-se com o transporte<br />
urbano, um sector que muito prezo, mas que<br />
entendo que é, e deverá continuar a ser, uma<br />
competência dos Estados-Membros. O papel da<br />
União Europeia deve, portanto, limitar-se<br />
exclusivamente à facilitação. Para concluir,<br />
gostaria de agradecer à senhora deputada Barsi-<br />
Pataky pelos seus esforços e de a felicitar por<br />
este resultado.<br />
2-442<br />
Reinhard Rack (PPE-<strong>DE</strong>). – (<strong>DE</strong>) Senhor<br />
Presidente, a revisão intercalar apresentada pela<br />
Comissão salienta com razão uma série de<br />
êxitos da política comum de transportes, e<br />
designadamente as constantes melhorias na<br />
incorporação das prioridades em matéria de<br />
política de transportes em outras políticas, que<br />
são por um lado o mercado interno e por outro a<br />
política ambiental. Gostaria de agradecer a<br />
Jacques Barrot, Vice-Presidente da Comissão,<br />
por ter referido especificamente o estudo sobre a<br />
internalização dos custos externos. Aguardamos<br />
com grande expectativa as conclusões e<br />
recomendações de novas medidas.<br />
Mas a revisão intercalar deve também<br />
reconhecer que muitas das acções identificadas<br />
como necessárias falharam ou estão ameaçadas<br />
de fracasso por falta de financiamento e<br />
disponibilidade para o fazer por parte da União<br />
Europeia, ou mais especificamente dos Estados-<br />
Membros. Isto quer dizer que são necessários<br />
novos impulsos nesta fase intercalar.<br />
Necessitamos de mais verbas, de melhores<br />
sistemas, de mais e melhores tecnologias novas,<br />
e sobretudo de uma melhor logística.<br />
Temos também de dominar novas matérias. É<br />
especialmente vital inserir os novos Estados-<br />
Membros e os países candidatos no sistema de<br />
redes transeuropeias, que é já um pouco antigo,<br />
de forma a podermos crescer conjuntamente. Se<br />
somarmos as diferentes facetas relacionadas<br />
com as considerações de segurança<br />
constataremos que há ainda muito trabalho a<br />
fazer.<br />
Na questão da política de transportes urbanos a<br />
ousadia e a sensibilidade devem ser os nossos<br />
lemas, e o importante aqui é uma abordagem<br />
metódica. Não é necessário transpor<br />
imediatamente qualquer ideia exequível e<br />
concebível para o direito comunitário e talvez<br />
seja melhor optar por uma legislação menos<br />
vinculativa, e por dar um maior estímulo sob a<br />
forma de melhores práticas e do respeito pela<br />
subsidiariedade.<br />
Os transportes na sua globalidade não irão<br />
diminuir mas antes aumentar. Alguns têm uma<br />
visão de futuro em que o crescimento dos<br />
transportes e da economia decorrerá de uma<br />
forma completamente separada. Nesta matéria<br />
há que evitar mergulhar de cabeça, pois o<br />
crescimento não serve para todos os domínios.<br />
A alteração 6 apresentada por deputados dos<br />
países escandinavos não deve ser vista ou usada<br />
como uma porta de entrada pelas traseiras para<br />
os chamados veículos pesados de mercadorias<br />
EuroCombi. O que pode ser uma boa prática na<br />
Escandinávia não serve para o resto da <strong>Europa</strong>.<br />
Agradeço à Comissão, e sobretudo gostaria de<br />
agradecer também à relatora este excelente<br />
relatório.<br />
2-443<br />
Anne E. Jensen (AL<strong>DE</strong>). – (DA) Senhor<br />
Presidente, Senhor Comissário, gostaria de<br />
começar por agradecer à senhora<br />
deputada Barsi-Pataky por ter produzido um<br />
relatório tão habilmente formulado e que
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 282<br />
contém mensagens muito claras. Desejo ainda<br />
agradecer à Comissão e ao Senhor Comissário<br />
Barrot pela avaliação do Livro Branco de que<br />
resultaram numerosas ideias novas e<br />
construtivas relativamente à política de<br />
transportes da UE. O Livro Branco constituirá,<br />
ao longo dos próximos anos, um quadro para<br />
decisões consistentes e de largo alcance na área<br />
dos transportes. A avaliação poderá também<br />
contribuir para decisões mais positivas. Os<br />
Chefes de Estado e de Governo da UE<br />
decidiram, naturalmente, que os transportes<br />
eficientes devem fazer parte do Processo de<br />
Lisboa, o qual se destina a transformar a UE na<br />
economia baseada no conhecimento mais<br />
competitiva até ao ano 20<strong>10</strong>, o que, obviamente,<br />
é muito positivo. Revela a existência de uma<br />
maior compreensão relativamente à importância<br />
crucial que assumem os transportes eficientes<br />
no desenvolvimento económico.<br />
Simultaneamente, o compromisso da Comissão<br />
para com a co-modalidade e a ênfase que<br />
colocou na interacção entre as diferentes<br />
modalidades de transporte, são testemunhos de<br />
um entendimento mais realista daquilo que<br />
determina a procura no sector dos transportes, o<br />
que equivale a dizer que as pessoas querem a<br />
forma mais segura, mais eficaz e mais barata de<br />
chegar do ponto A ao ponto B. Torna-se<br />
necessário desenvolver cada um dos modos de<br />
transporte de uma forma não prejudicial para o<br />
ambiente e de envidar mais esforços para<br />
coordenar as diferentes formas de transporte,<br />
tomando em consideração tanto a eficiência<br />
como o ambiente. Esta política implica<br />
investimentos, e podemos interrogar-nos se os<br />
Chefes de Estado e de Governo da UE virão a<br />
honrar as belas palavras proferidas sobre a<br />
melhoria dos transportes. Teremos em breve a<br />
oportunidade de o apreciar quando ficarmos a<br />
conhecer o que Redes Transeuropeias<br />
conseguirão obter. Receio que não tenham sido<br />
afectados fundos suficientes às Redes<br />
Transeuropeias para o período <strong>2007</strong> a 2013 e<br />
que tenhamos de exigir que a agenda para a<br />
revisão intercalar do quadro orçamental para<br />
2009 contemple mais verbas para investimentos<br />
em transportes.<br />
2-444<br />
Renate Sommer (PPE-<strong>DE</strong>). – (<strong>DE</strong>) Senhor<br />
Presidente, Senhor Comissário, Senhoras e<br />
Senhores, a <strong>Europa</strong> está mergulhada em<br />
engarrafamentos e a situação agrava-se. É<br />
necessária uma mudança, apesar de os<br />
transportes desempenharem um papel vital na<br />
nossa economia. Se a nossa política de<br />
transportes for má, a economia será afectada<br />
porque depende naturalmente do sector dos<br />
transportes. Afigura-se, por isso, importante que<br />
a nossa política de transportes estabeleça laços<br />
com as outras políticas.<br />
Podemos e devemos progredir numa série de<br />
importantes regulamentos, como os referentes à<br />
harmonização, começando pelo âmbito europeu,<br />
mas devemos recordar que só podem ser<br />
tomadas medidas políticas a nível comunitário<br />
se proporcionarem um claro valor acrescentado.<br />
Isto significa que devemos avaliar<br />
constantemente a necessidade de todos os<br />
regulamentos da UE em matéria de política de<br />
transportes. As medidas existentes devem ser<br />
avaliadas regularmente para se poderem<br />
eliminar quaisquer tendências indesejáveis logo<br />
desde a sua génese. Uma regulamentação<br />
excessiva é prejudicial ao mercado dos<br />
transportes.<br />
Para podermos introduzir aperfeiçoamentos<br />
reais na mobilidade e defesa do ambiente é<br />
necessário criar incentivos substanciais para<br />
meios de transporte relativamente amigos do<br />
ambiente, mas negligenciados até agora, como<br />
são a ferrovia e a navegação fluvial. Devemos<br />
especialmente levar os Estados-Membros a<br />
envolverem-se nesta área. Existe ainda todo um<br />
enorme manancial de potencialidades a<br />
aproveitar, e isso constitui um desafio para a<br />
<strong>Europa</strong>.<br />
Contudo, continua a não existir uma resposta<br />
satisfatória à questão de se saber se a Comissão<br />
Europeia devia intervir nos transportes urbanos.<br />
Seremos responsáveis por este sector? Não<br />
violará isto o princípio da subsidiariedade? Pode<br />
a <strong>Europa</strong> ditar como as nossas cidades devem<br />
organizar os seus assuntos internos? Não se<br />
pode permitir que a Comissão Europeia se sirva<br />
do actual e histérico debate sobre as mudanças<br />
climáticas para alargar as suas competências.<br />
Se queremos introduzir aperfeiçoamentos<br />
sustentáveis na situação dos transportes,<br />
melhorando assim a qualidade ambiental das<br />
nossas cidades, devemos levar atrás de nós os<br />
cidadãos da <strong>Europa</strong>. Só com mudanças no<br />
comportamento dos nossos cidadãos enquanto<br />
utentes dos transportes conseguiremos alcançar<br />
resultados substanciais e genuinamente eficazes.<br />
Para isso serão, porém, necessárias campanhas<br />
direccionadas de informação que deverão ser<br />
iniciadas e apoiadas a nível europeu.<br />
Para terminar, gostaria de agradecer à nossa<br />
relatora, a senhora deputada Etelka<br />
Barsi-Pataky, pelo excelente e exaustivo<br />
relatório sobre esta questão e por ter estado<br />
sempre disponível para debates.<br />
2-445
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 283<br />
Jerzy Buzek (PPE-<strong>DE</strong>). – (PL) Senhor<br />
Presidente, gostaria de agradecer ao relator o<br />
seu excelente trabalho. Os transportes europeus<br />
encontram-se confrontados com importantes<br />
desafios: um mercado uniforme e boas ligações,<br />
permeabilidade transfronteiriça, serviços em<br />
grandes cidades, segurança e qualidade dos<br />
serviços, e condições de trabalho para os<br />
trabalhadores dos transportes. Isto envolve,<br />
sobretudo, uma boa e sistemática regulação da<br />
legislação europeia e nacional. Além disso<br />
envolve organização e logística adequadas,<br />
grandes investimentos em infra-estruturas, mas,<br />
acima de tudo, consumo de energia. Não existe<br />
uma coisa chamada transporte sem<br />
fornecimento de energia.<br />
A utilização de energia nos transportes dá<br />
origem a emissões perigosas. Forçoso é<br />
limitarmos estas emissões por motivos<br />
ambientais, usando a requerida tecnologia. O<br />
custo dos combustíveis é elevado e temos de<br />
reduzir o seu consumo, incorporando novas<br />
tecnologias nos motores. Nova redução da<br />
poluição, contudo, e novas tecnologias<br />
economizadoras de combustíveis custam<br />
dinheiro, além de termos de as desenvolver mais<br />
para fazer descer o seu preço. Quanto mais<br />
barata for a tecnologia, mais barata é o<br />
transporte, e transporte barato significa uma<br />
economia competitiva. Assim, uma vez mais, o<br />
principal problema reside nas novas tecnologias.<br />
Gostaria de solicitar a esta Assembleia que, no<br />
decurso da revisão do orçamento intercalar,<br />
aumente consideravelmente as verbas<br />
destinadas às gastos com investigação e a<br />
tecnologia no domínio dos transportes. Temos<br />
de ser inovadores em matéria de tecnologia no<br />
domínio dos transportes, caso contrário iremos<br />
perder a corrida por um transporte competitivo,<br />
uma economia competitiva e a Estratégia de<br />
Lisboa.<br />
2-446<br />
Jacques Barrot, Vice-Presidente da Comissão.<br />
- (FR) Senhor Presidente, Senhoras e Senhores<br />
Deputados, gostaria em primeiro lugar, muito<br />
simplesmente mas também muito francamente,<br />
de dizer à senhora deputada Satu Hassi que<br />
estou espantado com as suas críticas, pois a<br />
verdade é que estamos altamente empenhados<br />
na mobilidade sustentável. Estou estarrecido,<br />
Senhora Deputada Satu Hassi, com o facto de a<br />
senhora poder pensar que estamos a esquecer o<br />
princípio do poluidor-pagador. Creio ter<br />
assumido, juntamente com o Senhor Comissário<br />
Dimas, um compromisso corajoso relativo à<br />
partilha com a aviação dos direitos de emissão<br />
de gases com efeito de estufa. Cumprimos uma<br />
orientação política, e estou muito espantado<br />
com as suas críticas que - permita-me - me<br />
parecem um pouco excessivas.<br />
Vou também aproveitar para dizer ao senhor<br />
deputado Sepp Kusstatscher que tenho<br />
dificuldade em compreendê-lo: é evidente que,<br />
no momento em que construímos infraestruturas<br />
para os TGV, libertamos vias<br />
convencionais para o frete. E não é por acaso<br />
que anunciei há pouco uma comunicação sobre<br />
as linhas de caminho-de-ferro destinadas ao<br />
frete.<br />
Senhora Deputada Renate Sommer, permita-me<br />
dizer-lhe também que não estou à procura de<br />
competências. Em contrapartida, tenho em<br />
conta, por um lado, as expectativas dos cidadãos<br />
e, por outro, o facto de que, se se pretende que o<br />
caminho-de-ferro assuma o lugar que lhe cabe<br />
na <strong>Europa</strong>, há que garantir a interoperabilidade.<br />
Se se pretende uma política de desenvolvimento<br />
sustentável, há-de chegar o momento em que ela<br />
só será possível com a coordenação e a<br />
harmonização à escala europeia. Permito-me<br />
dizê-lo sem rodeios, pois a senhora<br />
compreenderá que o Comissário que sou,<br />
empenhado como estou, quero realmente aceitar<br />
um certo número de críticas justas, mas sintome<br />
obrigado a responder de forma directa<br />
quando a crítica se torna excessiva.<br />
Passo agora às observações que queria fazer. A<br />
Comissão já começou a eliminar os obstáculos à<br />
circulação dos comboios: simplificação da<br />
certificação dos veículos ferroviários,<br />
interoperabilidade e segurança ferroviária, o<br />
terceiro pacote ferroviário. Agradeço à vossa<br />
Comissão dos Transportes e do Turismo ter<br />
trabalhado nesta matéria para chegar a um<br />
acordo.<br />
No sector da aviação, dispomos de dois<br />
regulamentos relativos à interoperabilidade dos<br />
sistemas europeus de gestão do tráfego aéreo.<br />
Em <strong>2007</strong>, adoptámos um pacote "aeroportos"<br />
centrado no papel dos aeroportos na<br />
competitividade no mercado interno da aviação<br />
e, no que respeita às infra-estruturas, dispomos<br />
de um novo regulamento RTE. Mas o presidente<br />
Costa tem razão quando diz que vamos ter<br />
efectivamente de redobrar esforços para<br />
coordenar os financiamentos, pois, como disse a<br />
senhora deputada Inés Ayala Sender e não só,<br />
estamos perante um orçamento demasiado<br />
limitado para poder realmente desencadear<br />
grandes obras de infra-estruturas que permitam<br />
a mobilidade sustentável. Têm toda a razão e<br />
agradeço ao Parlamento tê-lo recordado.
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 284<br />
O senhor deputado Dieter-Lebrecht Koch falou<br />
da co-modalidade no turismo, e com razão. A<br />
co-modalidade tem de jogar também a favor dos<br />
passageiros. Relativamente às infra-estruturas,<br />
como acabei de dizer, vamos tentar mobilizar<br />
todos os recursos possíveis e desenvolver<br />
parcerias público-privadas com a participação<br />
do Banco Europeu de Investimento (BEI).<br />
Duas palavras sobre os aspectos sociais do<br />
transporte. No passado mês de Abril, entraram<br />
em vigor novas regras sociais relativas ao<br />
transporte rodoviário profissional e<br />
apresentámos três propostas de regulamento<br />
com vista a modernizar o acesso à profissão de<br />
transportador rodoviário e ao mercado do<br />
transporte rodoviário. Quanto aos direitos dos<br />
passageiros, começámos a instaurar, graças ao<br />
Parlamento, os direitos das pessoas com<br />
mobilidade reduzida em todos os modos de<br />
transporte, nomeadamente os transportes em<br />
autocarro ou marítimos. Confesso, conhecendo<br />
a sensibilidade do Parlamento nesta matéria, que<br />
é agora necessário que esses direitos sejam<br />
aplicados na prática.<br />
No que se refere à segurança, gostaria de<br />
salientar mais uma vez a prioridade da<br />
segurança rodoviária na nossa acção, como<br />
demonstra o primeiro Dia Europeu da<br />
Segurança Rodoviária. Por outro lado<br />
simplificámos as regras em matéria de<br />
transporte de mercadorias perigosas e dispomos<br />
das nossas três agências de segurança aérea,<br />
marítima e ferroviária, que não estão paradas. A<br />
segurança ocupar-nos-á no Outono no âmbito da<br />
conciliação sobre as regras comuns no sector<br />
aéreo.<br />
Quanto à vertente inovação, em que a senhora<br />
deputada Etelka Barsi-Pataky tem toda a razão<br />
em insistir, trata-se de facto de um problema<br />
vital. Os transportes têm de beneficiar de todas<br />
as novas tecnologias. Será o caso do SESAR no<br />
tráfego aéreo. É o caso do ERTMS para equipar<br />
as novas linhas de caminho-de-ferro e depois,<br />
evidentemente, será o caso da poupança de<br />
energia e da propulsão verde para assegurar o<br />
carácter sustentável da mobilidade rodoviária.<br />
Tudo isto será objecto de um Plano de Acção<br />
relativo à eficiência energética e se inscreverá<br />
na estratégia europeia da energia definida pelo<br />
Conselho Europeu.<br />
Não vou alongar-me sobre a dimensão<br />
internacional. Temos evidentemente de<br />
desenvolver esta política que nos permitiu<br />
assinar um acordo open sky com os Estados<br />
Unidos e com outros países. Vamos agora<br />
prosseguir esses esforços.<br />
Senhor Presidente, vou parar por aqui pois,<br />
evidentemente, tudo isto mereceria<br />
desenvolvimentos nitidamente mais vastos.<br />
Agradeço ao Parlamento e sobretudo à senhora<br />
deputada Etelka Barsi-Pataky, pois creio que<br />
estamos empenhados numa política dos<br />
transportes que tem realmente em conta as<br />
exigências do futuro, que não está minimamente<br />
voltada para o passado, mas sim para o futuro,<br />
com o seguinte duplo objectivo: permitir uma<br />
mobilidade tal como exigida nos Objectivos de<br />
Lisboa e, simultaneamente, fazer com que essa<br />
mobilidade se mantenha compatível com os<br />
imperativos da protecção ambiental e da luta<br />
contra o aquecimento climático. Trata-se de<br />
uma batalha muito difícil. Agradeço muito ao<br />
Parlamento o seu apoio e, pessoalmente, sintome<br />
muito empenhado neste esforço em prol de<br />
uma mobilidade sustentável.<br />
2-447<br />
Presidente. – Está encerrado o debate.<br />
A votação terá lugar na quarta-feira, 11 de Julho<br />
de <strong>2007</strong>.<br />
2-448<br />
Relações comerciais bilaterais UE-China<br />
(debate)<br />
2-449<br />
Presidente. – Segue-se na ordem do dia a<br />
pergunta oral (B6-0129/<strong>2007</strong>), apresentada pelo<br />
deputado Markov em nome da Comissão do<br />
Comércio Internacional à Comissão: Evoluções<br />
recentes nas relações comerciais bilaterais com<br />
a China.<br />
2-450<br />
Helmuth Markov (GUE/NGL), autor. – (<strong>DE</strong>)<br />
Senhor Presidente, Senhor Comissário,<br />
Senhoras e Senhores Deputados, apraz-me<br />
poder introduzir este tema em nome da<br />
Comissão do Comércio Internacional. Gostaria<br />
de começar por agradecer ao Senhor Comissário<br />
Mandelson e aos seus serviços, o aumento<br />
significativo do fluxo de informações enviado à<br />
nossa comissão sobre as diferentes negociações<br />
comerciais bilaterais e inter-regionais. A<br />
comissão espera que este tipo de cooperação<br />
prossiga no caso das negociações internacionais<br />
de acordos de parceria e cooperação, nos quais,<br />
como no caso da China, o comércio é um<br />
elemento de peso.<br />
As nossas relações comerciais com a República<br />
Popular da China são de enorme importância<br />
para ambas as partes. No ano passado, a China<br />
ultrapassou os EUA passando a ser o maior<br />
exportador para a União Europeia. Ao mesmo<br />
tempo, o défice comercial da União Europeia
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 285<br />
com a China aumentou para 128 mil milhões de<br />
euros. A Comissão do Comércio Internacional<br />
tem estado a acompanhar a importância<br />
crescente que a China vem adquirindo, há<br />
algum tempo, no comércio internacional. A<br />
nossa comissão elaborou, já em 2005, um<br />
relatório de iniciativa sobre o assunto: o<br />
primeiro relatório alguma vez elaborado sobre<br />
um parceiro comercial específico. Num segundo<br />
relatório abordaram-se as consequências do fim<br />
do regime de quotas para a indústria têxtil e de<br />
vestuário da China. São devidos agradecimentos<br />
aos relatores – Caroline Lucas e Tokia Saïfi –<br />
pela visão de que deram mostras há dois anos.<br />
Ainda não foram dissipadas, na União Europeia<br />
e nos países em desenvolvimento, as<br />
preocupações com a indústria têxtil e de<br />
vestuário e com o impacto da abertura do<br />
mercado à China.<br />
Esta incerteza tem vindo a aumentar agora que o<br />
Memorando de Entendimento de 2005 está<br />
prestes a expirar. É necessário que haja uma<br />
declaração clara sobre o estatuto de economia<br />
de mercado da China, a fim de que possam ser<br />
investigadas as acusações de dumping neste<br />
domínio.<br />
O relatório Lucas abordou a questão da<br />
estratégia europeia, no que respeita à<br />
optimização da cadeia de criação de valor e ao<br />
aumento da produção de bens de alta tecnologia.<br />
A convicção de que a União Europeia pode<br />
continuar a oferecer soluções inteligentes a<br />
longo prazo e marcar o ritmo do progresso<br />
científico e técnico terá de ser posta em causa<br />
tendo em conta os números extraordinariamente<br />
elevados de chineses altamente qualificados que<br />
deixam as escolas. Reconhecemos e<br />
congratulamo-nos, obviamente, com a redução<br />
da pobreza na sequência do crescimento<br />
meteórico da China, nos últimos 20 anos. Ao<br />
mesmo tempo, é razoável esperar que a China<br />
cumpra as regras da OMC, que aceitou, ao<br />
tornar-se membro dessa organização. Entre elas<br />
incluem-se as disposições relativas à<br />
propriedade intelectual e o princípio da nãodisciminação<br />
dos bens importados. Também<br />
não podemos dar-nos ao luxo de ignorar as<br />
consequências ecológicas e sociais do<br />
crescimento da China. Deveremos estar<br />
preparados para apoiar aqueles que estão a<br />
enfrentar os problemas no terreno.<br />
Senhor Comissário Mandelson, creio ter lido<br />
que, no mês passado, numa conferência sindical<br />
no Reino, V. Exa. terá dito que, nas<br />
conversações internacionais e bilaterais sobre<br />
comércio, procuramos estabelecer normas<br />
ambientais e sociais justas. Espero<br />
simplesmente que esse princípio se aplique aos<br />
nossos principais parceiros comerciais, e não<br />
apenas aos pequenos. Por isso, esperamos que o<br />
Acordo de Parceria e Cooperação que<br />
actualmente está a negociar com a China<br />
incorpore todos esses elementos e que os<br />
interesses de todas as partes afectadas sejam<br />
tidos em conta, em vez de incidir<br />
exclusivamente no acesso ao mercado. Senhor<br />
Comissário, talvez nos possa dizer até que ponto<br />
esta mensagem foi veiculada através da posição<br />
da UE nas negociações relativas ao Acordo de<br />
Parceira e Cooperação com a China e também<br />
de que forma respondeu a China a essa posição.<br />
Outra questão mais genérica é a das relações<br />
entre as negociações internacionais e as<br />
bilaterais. A estratégia comercial da União<br />
Europeia vê as relações comerciais bilaterais e<br />
inter-regionais como complementos dos<br />
esforços multilaterais envidados na OMC. As<br />
negociações da OMC parecem estar num<br />
impasse. Poderá o Senhor Comissário explicar<br />
qual é a base para a condução de discussões<br />
bilaterais, tendo em conta a actual incerteza<br />
quanto à forma que assumirá o quadro global<br />
para as futuras negociações e, por conseguinte,<br />
quanto à forma dos acordos.<br />
Por último, gostaria de perguntar se será<br />
efectivamente necessário negociar, antes de<br />
chegarmos a um acordo de âmbito multilateral,<br />
acordos individuais OMC-plus, com disposições<br />
de que, sabemos, muitos países em<br />
desenvolvimento discordam. Este tipo de<br />
conduta não dificultará ainda mais do que<br />
actualmente acontece a conclusão de um acordo<br />
multilateral, que é a solução que a nossa<br />
comissão favorece?<br />
2-451<br />
Peter Mandelson, Membro da Comissão. –<br />
(EN) Senhor Presidente, permita-me que, em<br />
resposta ao senhor deputado Markov, lhe<br />
manifeste a minha gratidão tanto por reconhecer<br />
o aumento do fluxo de informação da Comissão<br />
para a sua comissão, como por verificar a<br />
existência de maior cooperação. No que diz<br />
respeito à China, a UE tem como objectivo com<br />
o futuro acordo de cooperação e parceria lançar<br />
as bases de uma parceria optimizada, que inclua<br />
a implementação e, se possível, a actualização<br />
dos critérios ambientais – incluindo a redução<br />
das mudanças climáticas -, sociais, laborais e de<br />
segurança, de molde a ficarmos no mesmo<br />
comprimento de onda relativamente a esses<br />
assuntos.<br />
É com agrado que acolhemos a oportunidade de<br />
proporcionarmos a esta Assembleia alguma
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 286<br />
reacção sobre a recente evolução registada nas<br />
relações comerciais bilaterais com a China.<br />
Desde que aceitei este cargo, a China tem<br />
constituído um assunto de prioridade máxima.<br />
Temos muito a ganhar, mas também temos<br />
algumas coisas a perder, dependendo do<br />
resultado da orientação que dermos a esta<br />
importante relação.<br />
No passado mês de Outubro, escolhi o<br />
Parlamento Europeu para, juntamente com a<br />
senhora Comissária Ferrero-Waldner, apresentar<br />
um documento de orientação sobre a política<br />
relativa à China – “Uma parceria mais estreita,<br />
responsabilidades acrescidas” – e, mais<br />
especificamente, sobre o comércio e os<br />
investimentos, o documento de orientação<br />
intitulado “Concorrência e Parceria". Nesse<br />
documento de orientação, argumentei que a<br />
<strong>Europa</strong> beneficia com uma relação económica<br />
aberta e equilibrada com a China, baseada numa<br />
reciprocidade leal.<br />
Esse argumento de base ainda se mantém válido<br />
actualmente. As nossas economias são<br />
complementares: em muitos sectores, a China<br />
tem grandes vantagens em matéria de<br />
concorrência – nós temos uma vantagem<br />
sustentável, no que diz respeito à concorrência<br />
no domínio dos serviços e bens de elevado valor<br />
acrescentado, particularmente nos que requerem<br />
uma forte protecção dos direitos intelectuais<br />
(PDI).<br />
Todavia, ainda não alcançámos nas nossas<br />
relações o equilíbrio capaz de garantir a sua<br />
sustentabilidade em benefício mútuo. Na<br />
realidade, o défice comercial da <strong>Europa</strong> em<br />
relação à China está a aumentar. Admito que<br />
parte desse défice possa ser o resultado natural<br />
das forças do mercado, mas também sabemos<br />
que o nosso potencial em matéria de<br />
exportações está a ser prejudicado por barreiras<br />
do mercado chinês e que, consequentemente,<br />
uma parte importante do actual equilíbrio<br />
comercial é artificial. É o produto da política, e<br />
não da economia; pode ser tratado por meio da<br />
política. Um estudo recente calculou, inclusive,<br />
os custos anuais das barreiras chinesas ao nosso<br />
comércio em 20 mil milhões de EUR,<br />
correspondentes à perda de 30% das nossas<br />
exportações para a China. A China tem de tomar<br />
medidas práticas para enfrentar o problema.<br />
Logo, o que procura a UE? Pois bem: nós<br />
pretendemos melhorar o acesso aos mercados<br />
chineses de bens e serviços e, para os<br />
investidores da UE, uma mudança considerável<br />
no domínio da protecção dos direitos de<br />
propriedade intelectual e dos direitos de autor,<br />
sobretudo erradicando os imensos mercados de<br />
rua que vendem produtos de contrafacção, e<br />
garantindo o pagamento pelas empresas<br />
chinesas às empresas da UE dos direitos devidos<br />
pela utilização das suas tecnologias.<br />
Queremos também uma abordagem ambiciosa<br />
das negociações tendentes a actualizar o Acordo<br />
de Cooperação Bilateral Económica e<br />
Comercial entre a UE e a China, datado de<br />
1985. Este acordo tem de ser um acordo<br />
verdadeiramente de alto nível, que trate<br />
preocupações de longa data. Além disso,<br />
queremos a garantia de que a necessidade de<br />
crescimento e a ausência de sinais do mercado<br />
interno da China não conduzirão a um excesso<br />
de produção e à prática de dumping,<br />
particularmente no que respeita aos produtos<br />
fundamentais, como, por exemplo, o aço.<br />
O principal argumento a favor de uma relação<br />
comercial positiva com a China continua a ser<br />
correcto, mas, nas nossas relações com a China,<br />
encontramo-nos, de certo modo, numa espécie<br />
de encruzilhada. A política de diálogo para<br />
tratar dos problemas que temos só será credível<br />
se proporcionar mais do que os meios<br />
alternativos para tentar forçar a mudança.<br />
A política de diálogo e de compromisso é<br />
passível de ser questionada, e sê-lo-á, se as<br />
coisas não melhorarem entre nós e se não se<br />
verificarem imediatamente melhoras e<br />
benefícios práticos e palpáveis, em<br />
consequência dessa política de diálogo e de<br />
compromisso.<br />
Permitam-me, portanto, que repita: abertura em<br />
relação à China redunda no interesse da <strong>Europa</strong>,<br />
mas apenas é sustentável se pudermos mostrar<br />
que os produtos e os serviços da UE são tão<br />
bem recebidos na China como os produtos da<br />
China são recebidos na <strong>Europa</strong>. Esse é o motivo<br />
por que a China tem de reciprocar, reforçando o<br />
seu compromisso, relativamente à abertura<br />
económica e à reforma do mercado no interior<br />
das próprias fronteiras.<br />
Apresentei esta questão aberta e francamente às<br />
autoridades Chinesas, mais recentemente, ao<br />
Ministro do Comércio, Bo Xilai, no decurso da<br />
nossa recente reunião do Comité Misto UE-<br />
China, em 12 de Junho, em Bruxelas. Nessa<br />
reunião, o dirigente chinês reconheceu, pela<br />
primeira vez, que, pura e simplesmente, a actual<br />
tendência para o desequilíbrio comercial entre a<br />
China e a UE não é sustentável. Foi-me dado<br />
concordar com Bo Xilai, sobre a criação de um<br />
grupo de alto nível para examinar processos de<br />
tratar este assunto. Estou ansioso por receber o
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 287<br />
primeiro relatório desse grupo no decurso da<br />
próxima Cimeira UE-China, que terá lugar em<br />
Novembro, esperando eu que ele identifique<br />
algumas das primeiras medidas práticas<br />
palpáveis que permitam resolver este desafio<br />
partilhado, garantindo, sobretudo, maiores<br />
importações de produtos da UE por parte da<br />
China.<br />
Cheguei a acordo com o Ministro Bo Xilai<br />
sobre 12 pontos específicos que tratam das<br />
preocupações de 12 empresas da UE relativas ao<br />
acesso ao mercado chinês. Uma destas<br />
preocupações dizia respeito ao acordo sobre<br />
termos de referência para a actualização do<br />
nosso pacto comercial de 1985. Isto constituiu<br />
um importante passo em frente, uma vez que eu<br />
tinha suspendido o nosso comprometimento até<br />
considerar que os termos de referência estavam<br />
correctos, do nosso ponto de vista.<br />
É importante realçar que o Acordo de<br />
Cooperação e Parceria de que fazem parte as<br />
nossas discussões em matéria comercial irá<br />
abranger todo o âmbito da relação bilateral UE-<br />
China, incluindo uma melhor cooperação em<br />
assuntos políticos. O ACP irá conter uma<br />
cláusula sobre os direitos do Homem, que irá<br />
cobrir todas as questões relacionadas com os<br />
princípios democráticos e os direitos<br />
fundamentais do Homem. Como já disse, um<br />
dos nossos objectivos no ACP é estabelecer uma<br />
base para um aumento da cooperação em<br />
assuntos relacionados com os critérios de<br />
segurança ambiental, social e laboral.<br />
Na vertente do comércio, o acordo irá cobrir<br />
questões importantes para ambas as partes,<br />
como, por exemplo, os direitos de propriedade<br />
industrial (DPI), investimento, barreiras<br />
comerciais não-tarifárias, movimento de<br />
capitais, comércio sustentável, recursos naturais<br />
e concorrência. Estas negociações constituem<br />
um instrumento importante para se tentar<br />
reequilibrar as nossas relações e criar<br />
oportunidades para os operadores comerciais da<br />
UE. Não obstante, este não é o nosso acordo<br />
preferencial, motivo por que não serão<br />
discutidas as pautas aduaneiras.<br />
A par disso, a Comissão Europeia continuará a<br />
controlar de perto a implementação por parte da<br />
China das suas obrigações no domínio da<br />
adesão à OMC. Nos próximos anos, isto<br />
continuará a constituir uma prioridade fulcral<br />
para a Comissão. A não adesão da China ao<br />
Acordo sobre a intervenção do governo no<br />
âmbito da OMC deixa fechados mercados<br />
importantes da China, sendo esta forçada a<br />
honrar o seu compromisso de encetar<br />
negociações sobre a adesão a este acordo em<br />
2008.<br />
A Comissão irá igualmente dar início a uma<br />
revisão exaustiva da abertura dos mercados na<br />
China bem como, mais tarde, mas ainda este<br />
ano, da implementação da China dos seus<br />
compromissos no âmbito da OMC. Os DPI<br />
constituíram, no mês passado, outro fulcro das<br />
minhas conversações com o Ministro Bo Xilai.<br />
A cooperação e o diálogo sobre as questões<br />
relativas às questões relacionadas com os DPI,<br />
não constituem um fim em si mesmos. Eles têm<br />
de dar azo a uma verdadeira mudança.<br />
Conversações não são o suficiente. Esse o<br />
motivo por que a Comissão deixou bem claro à<br />
China que a abordagem de cooperação que<br />
actualmente estamos a favorecer tem de dar<br />
resultados palpáveis.<br />
O próximo encontro do grupo de trabalho para a<br />
PI UE-China devia ter lugar no próximo mês.<br />
Caso se não registem progressos significativos a<br />
curto prazo no domínio das questões mais<br />
importantes para a UE, como, por exemplo, os<br />
mercados de contrafacções e pagamento por<br />
utilização de patentes, teremos de reconsiderar a<br />
nossa aproximação com a China no sector dos<br />
DPI. A Comissão não exclui a possibilidade de<br />
fazer uso do mecanismo de resolução de litígios<br />
da OMC. Além disso, a Comissão está a<br />
trabalhar activamente para pôr termo à entrada<br />
na Comunidade das exportações chinesas de<br />
artigos de contrafacção, muito especialmente<br />
mediante mecanismos aduaneiros reforçados<br />
nas fronteiras de toda a UE.<br />
A <strong>Europa</strong> tem capacidade para fazer frente a<br />
uma forte concorrência, mas tem de ser uma<br />
concorrência leal. Tal significa que temos de<br />
nos assegurar de que estamos a actuar em<br />
condições de concorrência equitativas,<br />
rejeitando práticas comerciais anti-concorrência<br />
e estando prontos a utilizar os nossos<br />
instrumentos de defesa comerciais contra o<br />
dumping e os subsídios ilegais, bem como a<br />
intensificar a nossa luta contra as contrafacções.<br />
Gostaria também de partilhar com os senhores<br />
deputados alguns elementos-chave do nossa<br />
análise actualizada do pedido da China de um<br />
estatuto de economia de mercado. Trata-se de<br />
uma questão importante no contexto da<br />
aplicação pela UE dos seus instrumentos de<br />
defesa comercial, quando confrontada com<br />
alegações pelos exportadores chineses de<br />
práticas desonestas de dumping na <strong>Europa</strong>. A<br />
análise actualizada reflecte as medidas<br />
significativas, e bem acolhidas, adoptadas pela<br />
China para se tornar uma economia de mercado.
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 288<br />
Registaram-se alguns progressos a todos os<br />
níveis, tendo-se levado a China a cumprir os<br />
quatro critérios relevantes do estatuto de<br />
economia de mercado (EEM). Pensamos,<br />
sobretudo, que merece ser reconhecida a<br />
adopção de um número leis importantes – a lei<br />
de falência, a nova lei dos direitos de<br />
propriedade e os novos critérios para as<br />
empresas de contabilidade. Todavia, a análise<br />
actualizada também mostra à evidência a<br />
necessidade de se registarem mais progressos.<br />
Nenhum dos quatro critérios relevantes foi<br />
observado na íntegra. Particularmente, será<br />
crucial a devida implementação de novos<br />
documentos legislativos. Creio que as<br />
autoridades da China compreendem bem que<br />
eles devem ser não só usados, mas também<br />
respeitados. Dentro de doze meses, iremos rever<br />
de novo a situação. Entretanto, iremos<br />
prosseguir com as nossas conversações de<br />
carácter técnico.<br />
Tenho em grande apreço as opiniões desta<br />
Assembleia, e estou empenhado em<br />
proporcionar-lhes atempadamente informações<br />
inequívocas, coisa que, sempre que possível e<br />
adequado, se tem feito por escrito. A análise do<br />
EES foi transmitida por escrito à Comissão do<br />
Comércio Internacional. Em outras ocasiões,<br />
pode ser mais adequado proporcionar as<br />
informações oralmente, dada a sua<br />
sensibilidade. Tudo isto está absolutamente de<br />
acordo com o artigo 19º do Acordo-Quadro. O<br />
que interessa é continuar a manter o Parlamento<br />
bem informado.<br />
Resumindo a minha abordagem, creio numa<br />
parceria equilibrada entre a União Europeia e a<br />
China, baseada numa reciprocidade leal, numa<br />
parceria, cuja função fundamental é abrir<br />
mercados a um comércio leal em benefício da<br />
<strong>Europa</strong>, da China e de todo o mundo. Creio que<br />
a UE tem desempenhado o seu papel,<br />
concretizando essa parceria. É justo insistirmos<br />
em que a China desempenhe também<br />
plenamente o seu papel.<br />
2-452<br />
Georgios Papastamkos, em nome do Grupo<br />
PPE-<strong>DE</strong>. – (EL) Senhor Presidente, o Senhor<br />
Comissário Mandelson não é apenas um orador<br />
inspirado, é também um negociador incansável.<br />
Seis anos após a adesão da China à OMC,<br />
continuamos à espera de um equilíbrio no<br />
comércio bilateral entre a União Europeia e a<br />
China. A China tira pleno proveito dos<br />
benefícios dos mercados abertos, sem no<br />
entanto cumprir na íntegra as obrigações que lhe<br />
competem por força das regas e disciplinas<br />
multilaterais.<br />
Os mercados chineses permanecem, em larga<br />
medida, fechados e carecem de transparência.<br />
Existem grandes obstáculos às importações, que<br />
resultam – segundo as estimativas – na perda de<br />
lucros da ordem dos 20 mil milhões de euros<br />
por ano para as empresas europeias.<br />
A protecção da propriedade intelectual é<br />
insuficiente. Basta referir que, em 2006, 80%<br />
dos bens de contrafacção apreendidos nas<br />
fronteiras da <strong>Europa</strong> eram de origem chinesa. A<br />
Comissão preferiu prosseguir o diálogo bilateral<br />
com a China sobre as questões da propriedade<br />
intelectual em vez de uma acção coordenada<br />
entre a UE e os EUA, os quais por sua vez<br />
activaram o mecanismo de resolução de litígios<br />
da OMC contra a China.<br />
O diálogo pode parecer o caminho a seguir. No<br />
entanto, estamos à espera de resultados<br />
palpáveis deste diálogo específico. Seja como<br />
for, o diálogo não invalida o recurso a outros<br />
meios legais.<br />
No sector dos têxteis e do vestuário, deveriam<br />
ser utilizados todos os meios a fim de garantir<br />
uma boa evolução dos fluxos europeus quando o<br />
Acordo de Xangai expirar em 2008. No que se<br />
refere ao calçado de origem chinesa, convida-se<br />
a Comissão a acompanhar de perto as<br />
importações, por forma a prevenir o risco de a<br />
China contornar as já de si inadequadas medidas<br />
de defesa comercial adoptadas pela União.<br />
Enquanto potência comercial, a China constitui<br />
tanto uma ameaça como uma oportunidade. O<br />
que precisamos de combater são as vantagens<br />
competitivas da China decorrentes de barreiras<br />
proibitivas às importações, da concorrência<br />
desleal e de práticas de dumping económico,<br />
ecológico e social.<br />
A liberalização do comércio, que apoiamos<br />
entusiasticamente, deve basear-se na<br />
reciprocidade e ser acompanhada por<br />
compensações institucionais equivalentes.<br />
2-453<br />
Francisco Assis, em nome do Grupo PSE. –<br />
Senhor Presidente, partindo do pressuposto<br />
fundamental de que o relacionamento entre a<br />
União Europeia e a China se reveste de<br />
importância estratégica e decisiva do ponto de<br />
vista político, temos de projectar este<br />
relacionamento no plano comercial<br />
subordinando-o a dois princípios que foram<br />
enunciados, muito bem, pelo Senhor<br />
Comissário: por um lado apostar na cooperação<br />
e, por outro, nunca deixar de manter uma
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 289<br />
postura de grande exigência no relacionamento<br />
com a China.<br />
As nossas relações comerciais com a China são<br />
extremamente assimétricas. Não são apenas os<br />
nossos interesses mais directos que estão em<br />
causa, mas os nossos valores essenciais em<br />
matéria de preservação ambiental, de respeito<br />
pelos direitos laborais e de garantia da protecção<br />
de algumas questões sociais fundamentais.<br />
É nessa perspectiva que devemos estabelecer<br />
uma dialéctica permanente entre o esforço de<br />
cooperação com uma grande potência<br />
emergente, que é absolutamente fundamental<br />
para o equilíbrio do sistema internacional. Por<br />
isso não podemos ter uma atitude fechada em<br />
relação à China. Pelo contrário, como não<br />
podemos ter uma atitude fechada em relação a<br />
um mercado que está em crescimento e que nos<br />
vai possibilitando novas oportunidades, que,<br />
evidentemente, temos de aproveitar. Também aí<br />
temos de ser exigentes em matéria de abertura<br />
desses mesmos mercados e em matéria de<br />
respeito, por exemplo, pelos direitos de<br />
propriedade intelectual. Ao mesmo tempo a<br />
União Europeia tem de ter essa postura de<br />
grande exigência em relação a questões que são<br />
fundamentais e que se prendem com alguns<br />
princípios nucleares do nosso modelo de<br />
organização económica, social e política.<br />
Isto obriga, de facto, a esta postura de equilíbrio<br />
(e eu creio que é esse o esforço que a Comissão<br />
Europeia tem vindo a fazer ao adoptar os<br />
instrumentos de defesa comercial que estão à<br />
nossa disposição sempre que verificamos que há<br />
o perigo real de as exportações chinesas porem<br />
em causa alguns sectores industriais europeus,<br />
nomeadamente o do calçado, do vestuário e dos<br />
têxteis) e à adopção de uma grande exigência no<br />
relacionamento que deve ser mantido nesse<br />
plano com a China.<br />
Creio que é este o caminho que tem de ser<br />
prosseguido e que deverá alicerçar-se<br />
precisamente na ideia fundamental de que não<br />
podemos abdicar de ter um relacionamento cada<br />
vez mais estreito com a China. Ao mesmo<br />
tempo temos de tentar projectar alguns dos<br />
nossos valores.<br />
Termino dizendo que me parece que nós,<br />
europeus, nos encontramos numa situação muito<br />
especial no contexto internacional, isto é, os<br />
nossos interesses identificam-se em grande parte<br />
com os nossos valores. Proteger os nossos<br />
interesses passa pela projecção de muitos dos<br />
nossos valores e se soubermos projectá-los<br />
estaremos seguramente a defender os nossos<br />
interesses.<br />
2-454<br />
Jorgo Chatzimarkakis, em nome do Grupo<br />
AL<strong>DE</strong>. – (<strong>DE</strong>) Senhor Presidente, considero que<br />
cumpre começar por expressar o apoio da<br />
<strong>Europa</strong> às vítimas das cheias na China.<br />
O nosso colega Markov levantou uma questão<br />
de extrema importância, o que gostaria de<br />
agradecer em nome da Comissão do Comércio<br />
Internacional. A UE e a China possuem duas<br />
das mais antigas culturas do mundo. Temos, de<br />
um lado, o maior bloco comercial do mundo e,<br />
de outro, a economia que apresenta o mais<br />
rápido crescimento na história da humanidade.<br />
Por isso, esta é seguramente uma questão que<br />
precisa de ser tratada à margem da OMC: uma<br />
questão que exige uma abordagem bilateral e<br />
um acordo bilateral.<br />
É muito o que está em jogo para ambas as<br />
partes. Não deveremos permitir-nos ser<br />
pressionados pelos EUA. Por isso, gostaria de<br />
agradecer ao Senhor Comissário Mandelson o<br />
facto de ter recusado a adopção de uma<br />
estratégia comum da OMC nas relações com a<br />
China no que diz respeito à contrafacção.<br />
Ambas as partes – China e UE – possuem<br />
interesses e instrumentos que lhes permitem<br />
proteger-se contra violações de direitos de<br />
propriedade intelectual, ou permiti-las: medidas<br />
anti-dumping e anti-subvenções. O que importa<br />
é a forma como lidamos uns com os outros – a<br />
forma como utilizamos esses instrumentos. O<br />
Senhor Comissário afirmou que a reciprocidade<br />
é vital, e eu concordo.<br />
Nós Europeus beneficiamos do facto de a China<br />
ter adoptado em geral as leis sobre patentes que<br />
vigoram em todo o continente europeu. É<br />
positivo. Mas dispor de leis não é suficiente: é<br />
preciso que os direitos sejam aplicáveis e<br />
aplicados. No entanto, é também do interesse da<br />
própria China que assim seja – estão cientes de<br />
que a empresa chinesa Heier terá em breve<br />
interesse em defender as suas patentes. Isso<br />
prova que a China precisa efectivamente desta<br />
estratégia.<br />
Porém, que fazer, entretanto? Somos ameaçados<br />
por um cenário muito hostil, em que os chineses<br />
pretendem patentes que são muito semelhantes<br />
às nossas e depois fecham o seu mercado. Já<br />
provaram ser possível fazê-lo. Graças ao<br />
anterior Presidente do Instituto Europeu de<br />
Patentes, Senhor Alain Pompidou, dentro de<br />
cerca de quarto anos, a China terá efectivamente<br />
ultrapassado a UE no que toca ao número de<br />
patentes.
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 290<br />
Considero que deveremos ligar a questão das<br />
patentes às metas da UE em matéria de<br />
protecção. É isso mesmo: com as nossas metas<br />
de protecção do clima! Permitam-me que<br />
explique porquê: a China tem uma cultura em<br />
que todos ganham, uma cultura que luta pela<br />
consecução da harmonia. Por isso, penso que se<br />
tivermos algo a oferecer, poderemos ter êxito. A<br />
China experimenta actualmente enormes<br />
problemas ambientais. A estabilidade social está<br />
ameaçada; o governo está sob grandes pressões<br />
devido aos enormes problemas ambientais. Na<br />
Conferência PCIP e na Cimeira do G8, a China<br />
indicou que pretende avançar para metas de<br />
protecção do clima. No entanto, em muitos<br />
casos, a China não dispõe de tecnologia. Assim,<br />
a nossa oferta poderia passar pelo seguinte<br />
gesto: apoiamos uma central eléctrica a carvão<br />
livre de CO2 com as nossas tecnologias, mas em<br />
contrapartida exigimos que os nossos direitos de<br />
patente sejam respeitados.<br />
Senhor Comissário, segue no bom caminho.<br />
Muito obrigado pela informação que hoje nos<br />
disponibilizou.<br />
2-455<br />
Cristiana Muscardini, em nome do Grupo<br />
UEN. - (IT) Senhor Presidente, Senhoras e<br />
Senhores Deputados, num momento em que a<br />
Comissão Europeia deu início a conversações<br />
com a China com vista a um novo acordo de<br />
parceria e cooperação, a Comissão do Comércio<br />
Internacional do Parlamento entende ser seu<br />
dever chamar a atenção do executivo da<br />
Comunidade para alguns aspectos bem<br />
conhecidos que caracterizam as relações com o<br />
gigante asiático.<br />
A China tem todo o direito ao crescimento<br />
económico e ao desenvolvimento, que<br />
significam o bem-estar dos seus cidadãos mas,<br />
ao mesmo tempo, constituem uma oportunidade<br />
para a economia mundial. Tais metas não<br />
devem, no entanto, ser perseguidas à custa da<br />
inobservância das regras do comércio<br />
internacional, daquilo que foi decidido em fora<br />
legítimos e dos princípios que a China aceitou<br />
quando aderiu à OMC, ou as consequências<br />
poderiam ser desastrosas para os seus parceiros<br />
económicos, a começar pela <strong>Europa</strong>, e para os<br />
próprios cidadãos chineses.<br />
As conversações com a China constituem a<br />
oportunidade mais apropriada para discutir<br />
bilateralmente essas questões. Temos de<br />
arranjar forma de lidar com a protecção dos<br />
direitos humanos, actualmente insuficiente, e<br />
com normas inadequadas nos domínios<br />
ambiental, social e da segurança. Ninguém está<br />
à espera que a China atinja os nossos níveis mas<br />
seria bom que, aos poucos, aplicasse normas<br />
mais aceitáveis. Devemos agir como "pais<br />
exportadores" se queremos melhorar o acesso ao<br />
mercado da União Europeia mediante o<br />
levantamento gradual das barreiras não pautais<br />
e, em termos mais gerais, das barreiras<br />
administrativas de toda a espécie que tantas<br />
vezes desencorajam as empresas, especialmente<br />
as mais pequenas, de investir na China, e temos<br />
de adoptar uma posição mais firme no combate<br />
à contrafacção.<br />
O Governo chinês tem de cumprir a sua parte e<br />
demonstrar vontade política de agir eficazmente<br />
no sentido de combater um fenómeno que afecta<br />
vasto número de empresas e, especialmente,<br />
consumidores em todo o mundo. Em particular<br />
a contrafacção relacionada com a alimentação,<br />
que tem vindo a aumentar nos últimos tempos,<br />
merece a maior atenção, já que tem efeitos para<br />
a saúde dos cidadãos inadvertidos e indefesos<br />
que confiam na aparência dos rótulos. É<br />
imperativo que essa batalha contra a<br />
contrafacção e a falsificação envolva tanto as<br />
autoridades europeias como o Governo chinês.<br />
Nos três pontos mencionados esperamos que a<br />
Comissão, durante as conversações que o<br />
Parlamento tenciona seguir com a máxima<br />
atenção, adopte uma atitude firme susceptível de<br />
conduzir a resultados claros e inequívocos para<br />
os nossos empresários, os nossos consumidores<br />
e, bem assim, os cidadãos chineses, pois<br />
entendemos que o "bem-estar" deve estender-se<br />
não só aos Europeus mas também aos Chineses.<br />
2-456<br />
Bastiaan Belder, em nome do Grupo<br />
IND/<strong>DE</strong>M. – (NL) Senhor Comissário, o<br />
estatuto de economia de mercado não está ainda<br />
ao alcance da China. Para tal existem ainda<br />
demasiadas irregularidades nas relações<br />
bilaterais, e estou a pensar, por exemplo, nas<br />
frequentes violações dos direitos de propriedade<br />
intelectual.<br />
Senhor Comissário, deduzi da sua excelente<br />
intervenção que, na sequência do encontro que<br />
teve com o Ministro chinês Bo Xilai em de 12<br />
de Junho, o diálogo sobre os direitos de<br />
propriedade intelectual foi reatado, uma notícia<br />
que me causou enorme satisfação. Aliás, ao<br />
contrário do meu colega Liberal, eu sou de<br />
opinião que, em assuntos como este, no<br />
contexto da OMC, a UE faria bem em cerrar<br />
prontamente fileiras com os Estados Unidos.<br />
Afinal de contas, os Estados Unidos continuam<br />
a ser o nosso principal aliado estratégico.
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 291<br />
Na realidade, Senhor Comissário, eu gostaria,<br />
acima de tudo, de chamar a sua atenção para<br />
outro aspecto importante das nossas relações<br />
comerciais com a China, designadamente a<br />
exportação de matérias-primas secundárias,<br />
como o papel usado. Este é um assunto<br />
extremamente actual, ao qual a imprensa<br />
neerlandesa de referência dedicou um extenso<br />
artigo no passado fim-de-semana. Como sabe,<br />
as novas regras europeias relativas à exportação<br />
destas matérias-primas irão entrar em vigor<br />
dentro de dois dias. Foi devido a um erro da<br />
Comissão que não foram ainda concluídos<br />
acordos com países importantes como a China e<br />
a Índia. Significa isto que, a partir de 12 de<br />
Julho, o papel usado e outros materiais<br />
recicláveis passarão a ser a forma de resíduo<br />
mais perigosa. Como compreenderá, isto irá ter<br />
consequências significativas para a exportação<br />
destes produtos.<br />
Exortaria o Comissário Mandelson a prometer a<br />
este Parlamento uma disposição transitória que<br />
vigore até 1 de Janeiro de 2008. Durante esse<br />
período, o Senhor Comissário poderá concluir<br />
acordos com os países que até à data ficaram de<br />
fora. Deste modo, V. Exa. poderá evitar a<br />
paralisação das exportações e a acumulação<br />
destes produtos nos portos europeus, como o de<br />
Roterdão. Espero que V. Exa. tome realmente<br />
providências, pois esta é uma questão que<br />
transmite ao público neerlandês uma imagem<br />
muito negativa da <strong>Europa</strong>.<br />
2-457<br />
Georg Jarzembowski (PPE-<strong>DE</strong>). – (<strong>DE</strong>)<br />
Senhor Presidente, Senhor Comissário,<br />
concordamos que precisamente devido à<br />
dimensão do défice comercial da UE face à<br />
China, é preciso que a União Europeia disponha<br />
de maiores oportunidades de acesso aos<br />
mercados, que as distorções criadas pelos<br />
auxílios estatais do Estado chinês sejam<br />
reduzidas e que o Governo chinês aplique<br />
também nas províncias as normas da OMC<br />
relativas aos direitos de propriedade intelectual.<br />
Temos igualmente de trabalhar em conjunto<br />
para convencer a China de que não estamos<br />
apenas a apresentar uma lista de exigências, mas<br />
antes que é do interesse da China permitir um<br />
acesso justo aos mercados. É preciso que<br />
consigamos que a China compreenda que, se<br />
quiser melhorar a sua situação ambiental, se<br />
quiser um fornecimento de energia eficiente –<br />
bem vistas as coisas, a China tem bastante<br />
dinheiro, não há problemas nessa frente –, é<br />
preciso que nos conceda acesso ao seu mercado<br />
de contratos de direito público. Poderemos,<br />
então, vender os nossos produtos na China no<br />
âmbito de um comércio sensato de bens, e a<br />
China poderá adquirir modernas centrais<br />
eléctricas a carvão, centros de tratamento de<br />
águas residuais e outros, utilizando a nossa<br />
tecnologia.<br />
A China não precisa de esmolas, tem imenso<br />
capital: possui as maiores reservas de divisas do<br />
mundo. A China está actualmente a criar um<br />
fundo para investir o seu dinheiro em todo o<br />
mundo. A nossa mensagem ao Governo chinês<br />
deverá ser: invistam o vosso capital no vosso<br />
próprio país! Façam algo pela protecção<br />
ambiental e a segurança energética, melhorem a<br />
segurança nas minas de carvão. Se tivermos<br />
êxito, poderemos melhorar as relações<br />
comerciais a longo prazo.<br />
Evidentemente, como indicou, estes acordos<br />
contêm também uma cláusula de direitos<br />
humanos, pois há anos que debatemos os<br />
direitos humanos com a China; temos de nos<br />
manter firmes a esse respeito. Como referiu o<br />
orador anterior, ninguém espera que a China<br />
respeite a totalidade dos direitos humanos de um<br />
dia para o outro, mas é preciso que se registem<br />
progressos significativos. A República Popular<br />
da China assinou o Pacto Internacional de<br />
Direitos Civis e Políticos há vários anos, mas<br />
ainda não o ratificou nem aplicou. Por isso,<br />
precisamos de dizer: optaram por assinar,<br />
afirmaram que pretendiam defender os direitos<br />
humanos, agora cumpram!<br />
2-458<br />
Joan Calabuig Rull (PSE). – (ES) Senhor<br />
Comissário, desejo agradecer-lhe a informação<br />
que nos facultou e ainda o seu trabalho a favor<br />
de relações equilibradas e vantajosas para as<br />
duas partes.<br />
Estamos de acordo em que a China não deve ser<br />
considerada apenas como uma ameaça para<br />
alguns sectores, mas também como uma grande<br />
oportunidade. Mas, naturalmente, também<br />
concordamos em que este país tem de continuar<br />
a envidar esforços para aplicar os acordos, abrir<br />
os seus mercados e criar um clima de abertura<br />
ao investimento.<br />
Como salientou, a indústria europeia continua a<br />
denunciar a existência de um número excessivo<br />
de barreiras e obstáculos que a colocam numa<br />
situação de desvantagem competitiva.<br />
Continuamos a falar, neste sentido, de barreiras<br />
pautais e de barreiras não pautais, como a<br />
pirataria, a contrafacção, a discriminação entre<br />
produtos nacionais e importados, etc.<br />
Neste sentido, consideramos que a abertura de<br />
negociações sobre um novo acordo de<br />
associação e cooperação com a China é uma boa
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 292<br />
iniciativa que deve permitir à União Europeia<br />
reforçar a sua política comercial bilateral com<br />
base no princípio, que citou, de reciprocidade.<br />
Entre os temas que deveriam ser objecto de<br />
atenção nas negociações do acordo,<br />
congratulamo-nos por partilhar a visão de que<br />
deve figurar, obviamente, o dos direitos<br />
humanos. Concretamente, devemos dizer que o<br />
Governo chinês está a registar progressos nesta<br />
matéria e que convém também que, neste<br />
sentido, se refiram os direitos reconhecidos pela<br />
Organização Internacional do Trabalho, um<br />
elemento importante em matéria de direitos<br />
humanos.<br />
O acordo deve servir também para continuar a<br />
promover um compromisso por parte das<br />
autoridades chinesas em matéria de protecção<br />
efectiva - e não exclusivamente teórica - dos<br />
direitos de propriedade intelectual através da<br />
adopção das respectivas medidas nos domínios<br />
administrativo, jurídico e de controlo<br />
fronteiriço.<br />
Gostaria de fazer referência ao “Memorando de<br />
Entendimento” entre a União Europeia e a<br />
China sobre o comércio para o sector têxtil e a<br />
confecção, que expira este ano. O final da sua<br />
vigência suscita preocupação no seio da<br />
indústria têxtil, bem como o facto de as<br />
condições do acordo assinado entre os Estados<br />
Unidos e a China se prorrogarem até ao final de<br />
2008. Dada esta disparidade, gostaria também<br />
que nos dissesse que medidas podem ser<br />
tomadas com vista a evitar situações de tensão<br />
como as se registaram em 2005.<br />
2-459<br />
Marek Aleksander Czarnecki (UEN). – (PL)<br />
Senhor Presidente, uma vez mais, este fórum<br />
está a discutir as relações comerciais com a<br />
China, país que ao longo de última década<br />
emergiu como uma potência económica e<br />
política a nível mundial.<br />
Em Outubro do ano passado, a Comissão<br />
Europeia aprovou um programa para as relações<br />
entre a UE e a China, programa que implicava o<br />
aumento das garantias mútuas. Nesta situação,<br />
seria sensato apoiar a mudança para uma maior<br />
abertura e maior pluralismo na China, bem<br />
como a cooperação nos domínios da energia e<br />
das mudanças climáticas, já que sabemos que a<br />
China é um dos maiores produtores mundiais de<br />
gases com efeitos de estufa. Por outro lado, não<br />
devemos esquecer o alarme causado quando<br />
foram descobertos em Espanha milhares de<br />
tubos de pasta dentífrica de contrafacção, alguns<br />
dos quais fabricados na China, contendo doses<br />
tóxicas de dietileno glycol muito superiores à<br />
média europeia.<br />
A China significa produtos mais baratos e mais<br />
concorrência nas lojas europeias, mas será<br />
sempre saudável? Sou favorável ao melhor<br />
aproveitamento possível das oportunidades<br />
oferecidas pelo desenvolvimento dinâmico das<br />
relações com a China, particularmente, na<br />
sequência da visita que efectuei ao país, onde<br />
me foi dado ver em primeira-mão esta potência<br />
mundial em rápido desenvolvimento.<br />
A Comissão afirma, e com razão, que uma<br />
economia chinesa forte redunda no interesse da<br />
<strong>Europa</strong>. Não devíamos, porém, esquecer-nos de<br />
cuidar sobretudo dos interesses dos Estados-<br />
Membros da Comunidade e de avaliarmos as<br />
oportunidades, mas também as ameaças que põe<br />
a cooperação com este tigre asiático, através do<br />
prisma desses interesses.<br />
2-460<br />
Christofer Fjellner (PPE-<strong>DE</strong>). – (SV) Estou<br />
convencido de que o receio do crescimento<br />
económico da China é, na realidade, exagerado.<br />
Penso que todos aqueles que têm uma<br />
perspectiva histórica de política comercial<br />
suficientemente longa reconhecem uma grande<br />
parte da inquietação e dos argumentos do debate<br />
travado aquando da integração na economia<br />
mundial do Japão e de outros tigres asiáticos<br />
(como a Coreia e Taiwan). É certo que é fácil<br />
assustarmo-nos com a dimensão relativa dos<br />
países em questão. Mas, como o Senhor<br />
Comissário afirmou, as suas economias<br />
complementam a economia da <strong>Europa</strong> e a sua<br />
dimensão representa mesmo uma grande<br />
oportunidade para a <strong>Europa</strong>. Estou convencido<br />
de que o crescimento forte e sustentado que o<br />
mundo vive neste preciso momento se deve<br />
muito ao facto de a China, a Índia e outros<br />
grandes países estarem a integrar-se na<br />
economia mundial.<br />
Isto não significa, porém, que não haja<br />
problemas nas relações comerciais. Penso que<br />
temos muitos problemas importantes para<br />
resolver no que toca, por exemplo, à violação<br />
dos direitos de autor e a questões relacionadas<br />
com os direitos de propriedade intelectual,<br />
assim como ao facto de os mercados chineses<br />
estarem fechados a tudo, desde os serviços<br />
financeiros às peças de automóveis.<br />
No entanto, quase estou mais preocupado com<br />
as tendências proteccionistas que o crescimento<br />
da China está a suscitar na <strong>Europa</strong>. Não porque<br />
eu acredite que o Senhor Comissário seja<br />
favorável a essas tendências, mas há agora<br />
muitas vozes que reclamam mais barreiras
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 293<br />
comerciais para deter as importações da China.<br />
Já se ouviu esta tarde falar nesta câmara, por<br />
exemplo, em travar as exportações de têxteis<br />
chineses. Estou convencido de que as barreiras<br />
comerciais europeias contra a China custam<br />
mais aos consumidores europeus e às empresas<br />
europeias do que as importações de produtos<br />
chineses. Devemos, portanto, continuar a<br />
combater as barreiras comerciais europeias e<br />
não as exportações chinesas.<br />
A verdade é que a crescente prosperidade da<br />
China, juntamente com o comércio com a<br />
China, não só dão a milhares, milhões ou<br />
centenas de milhões de chineses a possibilidade<br />
de serem mais ricos e terem uma vida mais<br />
digna, como também tornam a <strong>Europa</strong> mais rica.<br />
Não podemos esquecer que o comércio nunca é<br />
um jogo de soma zero. Ambos ficamos a<br />
ganhar.<br />
2-461<br />
Carlos Carnero González (PSE). – (ES)<br />
Senhor Presidente, permita-me que inicie com<br />
uma frase reiterada vezes sem conta nas sessões<br />
nocturnas, mas acontece que estamos a debater<br />
entre um grupo estrito um tema que se reveste<br />
de uma grande importância que penso que nem<br />
sequer contamos nesta sessão com a presença de<br />
um representante da Embaixada chinesa.<br />
Tenho plena confiança em que a acta da sessão<br />
que os serviços desta Câmara elaboram de<br />
forma tão eficaz lhes possibilite ler o que for<br />
aqui dito.<br />
Para pegar na intervenção precedente, sou<br />
obrigado a chegar a uma conclusão: é<br />
impensável a globalização tal como a estamos a<br />
viver actualmente sem a explosão da China. A<br />
presença da China no mercado mundial foi,<br />
simplesmente, um facto decisivo e<br />
inquestionável, mas - e não devemos esquecê-lo<br />
- muito recente.<br />
A irrupção da China, que se deu de forma<br />
directa e maciça no caso da produção, sê-lo-á<br />
ainda mais no caso do consumo e também no da<br />
distribuição a nível mundial, convertendo-se<br />
num dos principais factores determinantes dos<br />
dois âmbitos.<br />
Mas também não podemos esquecer que a<br />
quantidade e as características das mercadorias<br />
chinesas, definidas em boa medida pelo perfil<br />
da sua mão-de-obra, do seu mercado interno,<br />
limitado em nível de rendimentos mas<br />
incomparável em quantidades absolutas, e, mais<br />
recentemente, a sua capacidade de investimento,<br />
fazem da China uma grande potência da oferta e<br />
da procura.<br />
No entanto, como salientou num magnífico<br />
artigo de hoje o nosso colega Martin, a China é<br />
um factor fundamental para o êxito ou para o<br />
fracasso de muitas negociações internacionais,<br />
como, entre outros, o registado muito<br />
recentemente na reunião do G4.<br />
Podemos abordar as relações com a China<br />
simplesmente dizendo que é tudo facilidades, ou<br />
seja, que todas as portas estão abertas para o que<br />
enviamos e para o que podemos receber? Penso<br />
que não. Temos de o fazer de uma forma regular<br />
e, paralelamente, pedindo claramente<br />
reciprocidade, a eliminação das barreiras para o<br />
acesso aos produtos europeus, protecção<br />
adequada dos direitos de propriedade intelectual<br />
e das patentes, pleno respeito pelas normas<br />
exigíveis em términos sociais - que considero<br />
fundamental -, e igual respeito pelos critérios<br />
ambientais e de segurança também nos bens<br />
produzidos na China.<br />
E, naturalmente, não devemos esquecer os<br />
direitos humanos. Não estamos a falar aqui<br />
unicamente de valores em termos metafísicos.<br />
Estamos a falar de direitos aplicáveis a pessoas,<br />
a cidadãos como nós. Estamos a falar de valores<br />
que são simplesmente inquestionáveis e, além<br />
do mais, não podem relativizar-se. Ainda hoje<br />
foram executadas mais pessoas na China e isto é<br />
uma questão que representa a mais grave<br />
violação dos direitos humanos que se pode<br />
imaginar.<br />
2-462<br />
Tune Kelam (PPE-<strong>DE</strong>). – (EN) Senhor<br />
Presidente, gostaria de agradecer ao Senhor<br />
Comissário a sua mensagem absolutamente<br />
clara e convincente e dizer-lhe que verifico que<br />
compartilhamos das mesmas preocupações.<br />
Há dez meses, este Parlamento decidiu que as<br />
relações comerciais com a China requeriam um<br />
acesso recíproco ao mercado, um acesso que se<br />
deve basear nas regras da OMC, na<br />
concorrência leal e num equilíbrio razoável de<br />
interesses. Infelizmente, hoje em dia, a situação<br />
de reciprocidade não corresponde a essas<br />
expectativas. Estamos preocupados com o<br />
crescente défice comercial registado nas nossas<br />
relações com a China, e estamos preocupados<br />
com o facto de 70% da totalidade dos produtos<br />
de contrafacção nos mercados europeus serem<br />
provenientes da China e de as indústrias da UE<br />
estarem a sofrer grandes prejuízos, em<br />
consequência da concorrência desleal e do<br />
dumping social. Ao mesmo tempo, grande<br />
número dos exportadores da UE são postos em<br />
situação de desvantagem, quando tentam<br />
penetrar nos mercados chineses. Os
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 294<br />
representantes da UE deviam, portanto, insistir,<br />
em primeiro lugar, em providenciar segurança<br />
jurídica para as empresas estrangeiras na China.<br />
Estou de acordo com o Senhor Comissário em<br />
que o desequilíbrio das relações com a China é,<br />
sobretudo, produto das políticas e não das<br />
economias. A utilização muito espalhada de<br />
trabalho escravo, incluindo do trabalho infantil,<br />
constitui um problema extremamente alarmante<br />
que devia ser tratado ao mais alto nível possível.<br />
Os casos denunciados recentemente são apenas<br />
a ponta do iceberg.<br />
A China já é membro da OMC há seis anos, mas<br />
ainda não implementou compromissos<br />
importantes assumidos no âmbito da OMC,<br />
entre os quais a da propriedade intelectual, e<br />
igualdade de tratamento e transparência a nível<br />
nacional. Verifico que ainda existe margem de<br />
manobra para se criar um equilíbrio recíproco e<br />
leal das relações, associando firmemente o<br />
pedido de Pequim de um estatuto de economia<br />
de mercado ao pleno cumprimento por Pequim<br />
dos compromissos assumidos no âmbito da<br />
OMC.<br />
Finalmente, a China deve ser considerada um<br />
exemplo que dá que pensar, tendo em mente a<br />
iminente adesão da Rússia à OMC. Na medida<br />
em que hesitássemos em insistir na<br />
reciprocidade e no cumprimento dos<br />
compromissos, seria irrealista esperar que o<br />
apoio da UE à adesão da Rússia fizesse com que<br />
o Governo de Putin se comporte de acordo com<br />
as regras da OMC.<br />
2-463<br />
Csaba Sándor Tabajdi (PSE). – (HU) Há duas<br />
semanas, 20 deputados ao Parlamento Europeu<br />
deslocaram-se à China, e essa deslocação<br />
confirmou que a situação é muito mais<br />
complexa e matizada do que sabemos aqui.<br />
Concordo inteiramente com o senhor deputado<br />
Fjellner quando este afirma que o século XXI<br />
poderia ser o século da China e que, para a<br />
União Europeia, isto constitui um desafio e uma<br />
oportunidade enormes.<br />
Há uma assimetria muito grande, não só no<br />
comércio externo, como também no facto de<br />
que os chineses estarem muito mais<br />
familiarizados com a União Europeia do que<br />
nós, na União Europeia, com a China. A<br />
situação é muito mais matizada, quer em termos<br />
de direitos humanos, quer em outras questões. É<br />
uma enorme desvantagem competitiva para nós.<br />
O problema não está só no facto de não<br />
dominarmos a língua chinesa, como também no<br />
facto de os chineses dominarem muito melhor o<br />
inglês e outras línguas europeias – o que<br />
constitui uma enorme assimetria. Temos de<br />
superar estas questões, já que, se não alterarmos<br />
a situação, não conseguiremos progressos a<br />
nível da excelência.<br />
2-464<br />
Peter Mandelson, Membro da Comissão. –<br />
(EN) Senhor Presidente, tendo em mente o<br />
provável desejo de V. Exa. de encerrar esta<br />
sessão antes da meia-noite, gostaria de dizer<br />
apenas que, na sua esmagadora maioria, as<br />
contribuições para este debate têm sido muito<br />
equilibradas e muito realistas. Considero que<br />
tanto o senhor deputado Calabuig Rull, como o<br />
senhor deputado Carnero González, por<br />
exemplo, fizeram observações muito oportunas<br />
ao realçarem o facto de a China constituir, tanto<br />
uma oportunidade, como uma ameaça para a<br />
<strong>Europa</strong>. Outra observação oportuna foi a do<br />
senhor deputado Fjellner, quando disse que, nas<br />
nossas relações com a China, temos de adoptar<br />
um ponto de vista a longo prazo. É certo que o<br />
senhor deputado também se referiu ao<br />
crescimento do proteccionismo, uma espécie de<br />
nacionalismo chinês, que está a tornar-se mais<br />
proeminente nas práticas comerciais da China.<br />
A minha opinião é que o nacionalismo da China<br />
não convive confortavelmente com os enormes<br />
benefícios decorrentes do sistema de comércio<br />
internacional, que se baseia na reciprocidade.<br />
Sem reciprocidade, futuramente, a China não<br />
poderá esperar da nossa parte a boa-vontade e a<br />
abordagem equilibrada que tem recebido da<br />
<strong>Europa</strong>.<br />
A verdade é que a China está a ficar abaixo das<br />
nossas expectativas. Não é que não esteja a<br />
cumprir ou implementar todas as suas<br />
obrigações e os compromissos assumidos no<br />
âmbito da OMC, porque, em muitos aspectos,<br />
está a fazê-lo. Todavia, em outros sectores<br />
importantes da actividade económica da China,<br />
no sector dos serviços financeiros e outros, não<br />
está a implementar na íntegra os compromissos<br />
feitos aquando da sua adesão à OMC.<br />
Manifestaram-se uma ou duas preocupações a<br />
respeito dos têxteis. Esta Assembleia recordarse-á<br />
de que, em 2005, negociei com a China um<br />
acordo voluntário que concedeu à indústria<br />
europeia um período adicional de dois anos e<br />
meio para se reestruturar e adaptar à nova<br />
situação mundial no sector dos têxteis. Foi um<br />
acordo definitivo, concluído bilateralmente,<br />
motivo por que a Comissão não dispõe de<br />
quaisquer meios para procurar uma extensão<br />
para além de 2008 dos níveis acordados que têm<br />
vindo a funcionar. Todavia, irei criar meios de<br />
controlar e vigiar quaisquer mudanças súbitas<br />
em grande escala nas exportações chinesas de<br />
têxteis que possam ameaçar perturbar o nosso
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 295<br />
mercado europeu. Além disso, irei estudar qual<br />
a acção – se é que vou empreender alguma –<br />
que posso empreender à luz da perturbação do<br />
nosso mercado.<br />
Isto é absolutamente diferente da utilização dos<br />
instrumentos de defesa do comércio. O acordo<br />
sobre os têxteis baseou-se no comércio leal, não<br />
se tratou de comércio desleal. Foi apenas uma<br />
perturbação que, desta vez, não conseguimos<br />
aceitar em tal escala. Noutros aspectos, a<br />
utilização de IDC não é contra a vantagem<br />
natural da China, no domínio da concorrência,<br />
mas sim contra a concorrência desleal, e iremos<br />
manter o direito e o uso plenos dos nossos<br />
instrumentos de defesa comercial, bem como<br />
utilizá-los como e quando necessário.<br />
Concluindo, houve outras pessoas que se<br />
referiram à necessidade de a China de tornar<br />
mais elevados os critérios que utiliza em relação<br />
aos critérios sociais, laborais e ambientais. Esse<br />
será sempre uma característica da discussão que<br />
travo com os funcionários chineses.<br />
Pessoalmente, estou extremamente empenhado<br />
no crescente intercâmbio de tecnologia com a<br />
China nos projectos relativos às mudanças<br />
climáticas. Este é um processo importante de<br />
garantir o interesse chinês em fazer frente às<br />
mudanças climáticas, situação em que ambos<br />
ganham. A UE pode exportar tecnologia limpa,<br />
de baixo consumo energético, e a China pode<br />
contribuir para fazer frente aos seus problemas<br />
ambientais. Isto constitui o fulcro do nosso<br />
diálogo com a China sobre as mudanças<br />
climáticas e é uma coisa que, futuramente,<br />
tenciono desenvolver no domínio do comércio.<br />
Isto põe termo às minhas observações em<br />
resposta a este debate, que aplaudo<br />
grandemente. Como disse, foi muito<br />
equilibrado, e é evidente que vou assegurar-me<br />
de que eu e os meus serviços tomaremos<br />
absolutamente em conta os comentários e as<br />
observações que esta noite foram feitas pelos<br />
senhores deputados deste Parlamento.<br />
2-465<br />
Bastiaan Belder (IND/<strong>DE</strong>M). – (EN) Senhor<br />
Presidente, dirigi ao Senhor Comissário uma<br />
pergunta absolutamente inequívoca: neste<br />
momento, reina no meu país grande agitação,<br />
em consequência da notícia escaldante sobre<br />
uma missão da Comissão ter concordado com a<br />
exportação dos chamados recursos secundários,<br />
como, por exemplo, papel usado, materiais para<br />
reciclagem, etc.<br />
O que vai fazer, Senhor Comissário? Peço-lhe<br />
que conclua acordos com países como a China e<br />
a Índia e faça uma pausa até 1 de Janeiro de<br />
2008, porque, caso contrário, irá registar-se uma<br />
paralisação das exportações em portos como<br />
Roterdão. Perguntei-lhe o que vai fazer. Não<br />
obtive qualquer resposta. Espero que tenha sido<br />
por esquecimento.<br />
2-466<br />
Peter Mandelson, Membro da Comissão. –<br />
(EN) Senhor Presidente, creio que, dadas as<br />
circunstâncias e o avançado da hora, seria<br />
preferível dar ao senhor deputado uma resposta<br />
por escrito a esta pergunta.<br />
2-467<br />
Presidente. – Está encerrado o debate.<br />
Declarações escritas (Artigo 142º)<br />
2-468<br />
Sebastiano (Nello) Musumeci (UEN), por<br />
escrito. - (IT) Senhor Presidente, Senhoras e<br />
Senhores Deputados, o último caso grave e<br />
muito recente de um bem contrafeito consumido<br />
em grande escala - uma pasta de dentes em cuja<br />
composição entrava anticongelante e que foi<br />
vendida na União Europeia e produzida na<br />
China - traz de novo à ribalta o problema do<br />
combate à "falsificação multinacional".<br />
É neste grande país asiático, onde existe uma<br />
escravatura de facto, com trabalhadores que não<br />
beneficiam de qualquer espécie de protecção,<br />
que se concentra grande parte dos produtos da<br />
indústria de contrafacção - medicamentos,<br />
produtos de cosmética e produtos alimentares<br />
mas também brinquedos e roupas que contêm<br />
substâncias químicas cancerígenas estritamente<br />
proibidas na União Europeia.<br />
Infelizmente, trata-se de um fenómeno que, até<br />
há poucos anos, se restringia a uns poucos<br />
produtos de alta gama (cremes e perfumes,<br />
relógios e malas de luxo) mas que se expandiu e<br />
abrange agora produtos que chegam às mãos de<br />
um número cada vez maior de utilizadores,<br />
constituindo elevado risco para a saúde dos<br />
consumidores.<br />
Hoje, mais do que nunca, o Ocidente político e<br />
industrial tem de adoptar uma posição de força<br />
relativamente à poderosa e rica China. Por um<br />
lado, há que reforçar a cooperação entre<br />
Estados-Membros na inspecção de produtos<br />
importados e, por outro, temos de convencer o<br />
Governo chinês a proceder a controlos muito<br />
estritos no terreno, para proteger a indústria<br />
europeia da concorrência desleal que resulta, em<br />
parte, da contrafacção e da pirataria.<br />
2-469<br />
Tokia Saïfi (PPE-<strong>DE</strong>), por escrito. - (FR) A<br />
China representa um desafio político e
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 296<br />
comercial extremamente importante. É de facto<br />
indispensável repensar as relações económicas e<br />
comerciais entre a UE e a China, baseadas no<br />
respeito das regras comerciais leais e justas<br />
assim como na aplicação das regras da OMC. A<br />
China tem de enveredar pelo caminho da<br />
responsabilidade global e a favor do<br />
estabelecimento de relações comerciais<br />
baseadas na reciprocidade. Com efeito, os<br />
nossos mercados europeus estão abertos àqueles<br />
que abrem os seus, mas estão fechados aos que<br />
os fecham. Não devemos aceitar a concorrência<br />
desleal e as práticas de dumping monetário,<br />
social e ecológico. Quanto à questão das normas<br />
ambientais, a União Europeia, no âmbito do<br />
novo acordo, tem de denunciar a importação<br />
para o mercado comunitário de produtos que<br />
não respeitem as normas ambientais e<br />
fitossanitárias (que a UE impõe ela própria aos<br />
seus produtores comunitários). A China<br />
representa um actor capital e tem de cooperar na<br />
questão das alterações climáticas e da energia, a<br />
fim de reforçar a governança internacional<br />
ambiental. A realização de progressos paralelos<br />
nas vertentes políticas e comerciais, como se<br />
poderá compreender, é mais que determinante<br />
para um acordo UE-China eficaz.<br />
2-470<br />
Ordem do dia da próxima sessão: ver Acta<br />
2-471<br />
Encerramento da sessão<br />
2-472<br />
(A sessão é suspensa às 24H00)
<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 297<br />
INDICE<br />
<strong>TERÇA</strong>-<strong>FEIRA</strong>, <strong>10</strong> <strong>DE</strong> <strong>JULHO</strong> <strong>DE</strong> <strong>2007</strong> ................ 1<br />
Abertura da sessão .................................................... 1<br />
Entrega de documentos: ver Acta ............................. 1<br />
Transferências de dotações: ver Acta........................ 1<br />
Debates sobre casos de violação dos direitos<br />
humanos, da democracia e do Estado de<br />
direito (comunicação das propostas de<br />
resolução apresentadas): ver Acta............................. 1<br />
Plena realização do mercado interno dos<br />
serviços postais da Comunidade (debate).................. 1<br />
Serviços financeiros 2005-20<strong>10</strong> - Livro<br />
Branco (debate) ..................................................... 280<br />
Modernizar o direito do trabalho para<br />
enfrentar os desafios do século XXI (debate)........ 333<br />
Período de votação................................................. 340<br />
Convocação da Conferência<br />
Intergovernamental (prazo para a entrega de<br />
alterações): Ver Acta............................................. 344<br />
Declarações de voto ............................................... 344<br />
Correcções e intenções de voto: ver Acta .............. 356<br />
Aprovação da acta da sessão anterior: ver<br />
Acta........................................................................ 356<br />
Modernizar o direito do trabalho para<br />
enfrentar os desafios do século XXI<br />
(continuação do debate)......................................... 356<br />
Destacamento de trabalhadores (debate).............. 369<br />
Futura política marítima da União (debate) ......... 376<br />
Período de perguntas (perguntas à Comissão)...... 390<br />
Composição das comissões e das delegações:<br />
ver Acta.................................................................. 406<br />
Execução do primeiro pacote ferroviário<br />
(debate).................................................................. 406<br />
Regras comuns no sector do transporte aéreo<br />
(reformulação) (debate)......................................... 412<br />
Manter a <strong>Europa</strong> em movimento (debate) ............ 419<br />
Relações comerciais bilaterais UE-China<br />
(debate).................................................................. 428<br />
Ordem do dia da próxima sessão: ver Acta .......... 439<br />
Encerramento da sessão ........................................ 439