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TERÇA-FEIRA, 10 DE JULHO DE 2007 - Europa

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<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 1<br />

2-001<br />

2-002<br />

PRESIDÊNCIA: MARTÍNEZ MARTÍNEZ<br />

Vice-Presidente<br />

2-003<br />

Abertura da sessão<br />

2-004<br />

(A sessão tem início às 09H00)<br />

2-005<br />

2-006<br />

Entrega de documentos: ver Acta<br />

Transferências de dotações: ver Acta<br />

2-007<br />

Debates sobre casos de violação dos direitos<br />

humanos, da democracia e do Estado de<br />

direito (comunicação das propostas de<br />

resolução apresentadas): ver Acta<br />

2-008<br />

Plena realização do mercado interno dos<br />

serviços postais da Comunidade (debate)<br />

2-009<br />

Presidente. - Segue-se na ordem do dia o<br />

relatório (A6-0246/<strong>2007</strong>) do deputado Ferber,<br />

em nome da Comissão dos Transportes e do<br />

Turismo, sobre a proposta de directiva do<br />

Parlamento Europeu e do Conselho que altera a<br />

Directiva 97/67/CE no respeitante à plena<br />

realização do mercado interno dos serviços<br />

postais da Comunidade (COM(2006)0594 – C6-<br />

0354/2006 – 2006/0196(COD)).<br />

2-0<strong>10</strong><br />

Charlie McCreevy, Membro da Comissão. –<br />

(EN) Senhor Presidente, gostaria, em primeiro<br />

lugar, de agradecer calorosamente à Comissão<br />

dos Transportes e do Turismo e, em especial, ao<br />

relator, senhor deputado Marcus Ferber, o<br />

excelente trabalho realizado na elaboração do<br />

relatório sobre a Directiva “Serviços postais”. O<br />

resultado é tanto mais louvável quanto a<br />

preparação envolveu outras cinco comissões e<br />

cerca de 600 alterações. Acresce que o dossier é<br />

muito sensível do ponto de vista político e<br />

tecnicamente complexo.<br />

A nossa proposta surgiu após profunda<br />

preparação. Não estamos a aplicar teorias<br />

abstractas concebidas numa torre de marfim ou<br />

baseadas em fervor ideológico. A abertura do<br />

mercado não constitui um fim em si mas é<br />

<strong>TERÇA</strong>-<strong>FEIRA</strong>, <strong>10</strong> <strong>DE</strong> <strong>JULHO</strong> <strong>DE</strong> <strong>2007</strong><br />

___________________________<br />

positiva para o consumidor, para as empresas e,<br />

consequentemente, para toda a economia.<br />

Após meses de debate continua a existir o risco<br />

de esquecermos a intenção original. Permitamme,<br />

então, recordar o que implica na verdade a<br />

nossa proposta. Antes de mais, a proposta da<br />

Comissão visa garantir um serviço universal de<br />

elevada qualidade para todos os utentes na<br />

União Europeia. Os utentes e consumidores dos<br />

serviços postais têm direito a serviços de<br />

primeira qualidade, os quais devem estar<br />

disponíveis a todos, a preços acessíveis.<br />

Em segundo lugar, e partindo de um estudo<br />

pormenorizado e de uma vasta consulta, a<br />

Comissão confirma na sua proposta que 2009 é<br />

a data prevista para a abolição de quaisquer<br />

direitos exclusivos e monopólios que ainda<br />

possam subsistir. Direitos exclusivos e<br />

monopólios impedem a concorrência e os<br />

efeitos positivos que a mesma tem para a<br />

inovação, a qualidade e os preços.<br />

Em terceiro lugar, a nossa proposta confirma a<br />

disponibilidade de uma vasta gama de<br />

mecanismos que os Estados-Membros podem<br />

escolher para financiar qualquer custo líquido<br />

ou encargo financeiro não razoável que as<br />

obrigações de serviço universal possam implicar<br />

para os prestadores do serviço universal.<br />

Em quarto lugar, a proposta permite maior<br />

flexibilidade em termos de fixação de preços<br />

dos serviços postais, os quais poderão então<br />

melhor reflectir os custos verdadeiros<br />

mantendo, ao mesmo tempo, a possibilidade de<br />

tarifas uniformes ou de serviços postais a que é<br />

aplicada a tarifa avulsa. A Comissão reconhece<br />

a grande importância do papel dos serviços<br />

postais para a coesão territorial e social, de que<br />

são reflexo as tarifas uniformes para serviços<br />

postais. A proposta vem reforçar, ainda, os<br />

direitos dos consumidores em termos, por<br />

exemplo, de recurso.<br />

Em quinto lugar, a presente proposta visa alterar<br />

disposições relativas a autorização e<br />

licenciamento, numa tentativa de reduzir<br />

entraves injustificados à entrada. A proposta<br />

vem, bem assim, tornar mais claras as regras de<br />

acesso à infra-estrutura postal.<br />

Finalmente, o texto impõe maior transparência<br />

no que se refere ao papel e à independência das<br />

autoridades reguladoras nacionais.


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 2<br />

Todos os elementos expostos contribuem para o<br />

sucesso até agora alcançado com a abertura<br />

gradual do mercado e conduzem a um<br />

enquadramento que também permitirá ao sector<br />

postal desenvolver o seu potencial. Trata-se, na<br />

verdade, do último passo de um longo processo<br />

iniciado quase há duas décadas.<br />

É do conhecimento geral que está a acontecer<br />

uma “revolução das comunicações”. É para<br />

todos nós, na nossa vida quotidiana, um desafio<br />

importante. Vem ameaçar os operadores postais<br />

que não se adaptarem. Nenhuma área reservada<br />

poderá proteger qualquer operador postal da<br />

concorrência de outros meios de comunicação.<br />

A única opção consiste em reformar e adaptarse,<br />

em transformar o desafio em oportunidade.<br />

Este contexto em rápida mudança torna ainda<br />

mais necessário concluir o processo de reforma<br />

que começámos há mais de 15 anos. O<br />

Parlamento Europeu moldou significativamente,<br />

em todas as fases, essa reforma. A Comissão<br />

está disponível para prestar toda a assistência<br />

necessária para, finalmente, concluir o mercado<br />

interno dos serviços postais.<br />

Até à data, a experiência da abertura do<br />

mercado tem sido bastante positiva. A<br />

eficiência, a qualidade e o desempenho<br />

aumentaram substancialmente. Em toda a União<br />

Europeia é prestado um serviço universal de<br />

elevada qualidade a preços acessíveis.<br />

É nossa responsabilidade conjunta que essas<br />

características se mantenham. A plena abertura<br />

do mercado é a forma correcta de avançar. Há<br />

quem tenha tentado, nos últimos meses, ver a<br />

abertura do mercado e o êxito de outros<br />

operadores postais como ameaças. No entanto,<br />

muitos detractores já perceberam que se trata de<br />

ameaças que temos de enfrentar e que é muito<br />

mais importante concentrarmo-nos na melhor<br />

forma de lidar com elas. Em termos gerais,<br />

prevalece uma abordagem construtiva, o que me<br />

permite alimentar uma atitude optimista e<br />

esperar que se chegue a entendimento sobre tão<br />

importante dossier.<br />

Para concluir, a presente Directiva constitui um<br />

elemento essencial da Agenda de Lisboa.<br />

Chegou a altura de oferecer aos cidadãos<br />

europeus a escolha a que têm direito e que<br />

esperam. Os utentes e consumidores dos<br />

serviços postais serão os principais beneficiários<br />

da directiva. A abertura do mercado em 2009<br />

introduzirá uma concorrência controlada e<br />

regulamentada que estimulará a inovação, novos<br />

modelos de empresas e novos serviços. Não se<br />

pretende repartir o bolo de forma diferente ou<br />

introduzir uma reforma a expensas das pessoas<br />

que trabalham no sector, pretende-se antes<br />

aumentar a dimensão do mercado e permitir que<br />

todos retirem daí vantagens.<br />

2-011<br />

Markus Ferber (PPE-<strong>DE</strong>), relator. – (<strong>DE</strong>)<br />

Senhor Presidente, Senhor Comissário,<br />

Senhoras e Senhores Deputados, a liberalização<br />

dos serviços postais é uma das propostas mais<br />

importantes em discussão na segunda metade<br />

desta legislatura. Temos vindo a trabalhar nela<br />

desde a terceira e quarta legislaturas e gostaria<br />

de recapitular tudo o que foi feito desde que a<br />

Comissão Europeia apresentou o seu Livro<br />

Branco, em 1992. É importante que nós,<br />

Parlamento, enviemos um sinal claro hoje e<br />

amanhã, na votação. Espero que em breve<br />

levemos este projecto, iniciado no fim da<br />

década de 1980, a uma boa conclusão.<br />

Qual é a questão principal? Muito<br />

simplesmente, a questão é passar de um serviço<br />

postal baseado na oferta para um serviço postal<br />

baseado na procura. Temos monopólios nos<br />

Estados-Membros há já 200 anos. Durante o<br />

debate de hoje, iremos ouvir falar de muitos<br />

problemas que afectam os serviços postais. Para<br />

mim, só pode haver uma conclusão: os<br />

monopólios não estão em condições de resolver<br />

esses problemas. Eles só poderão ser resolvidos<br />

quando houver uma concorrência leal – que é<br />

algo a que damos muito valor – na União<br />

Europeia, uma concorrência com grande ênfase<br />

nas condições de trabalho, mas que não deixe de<br />

ser concorrência.<br />

Este foi o modelo que delineámos em conjunto<br />

na Comissão dos Transportes e do Turismo,<br />

independentemente das nossas ligações<br />

nacionais ou partidárias. A este respeito,<br />

gostaria de agradecer aos meus colegas<br />

deputados que participaram nos trabalhos e<br />

contribuíram para chegarmos a este<br />

compromisso. Podemos dizer com confiança<br />

que, até ao fim de 20<strong>10</strong>, os mercados postais de<br />

todos os Estados-Membros estarão<br />

liberalizados, ainda que tenhamos previsto<br />

algumas derrogações até 2012. Devo dizer<br />

claramente que aqueles que vêm de um domínio<br />

protegido não têm o direito de se envolver onde<br />

já exista concorrência. É a isto que se chama<br />

reciprocidade.<br />

Uma objecção comum a este respeito é a de que<br />

esta posição é contrária ao Tratado da UE. A<br />

minha única resposta é remeter para a directiva<br />

relativa aos serviços postais actualmente<br />

aplicável. Esta proíbe explicitamente a entrada<br />

de um operador num mercado concorrencial<br />

com os lucros obtidos enquanto monopólio.


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 3<br />

Estão pendentes na DG Concorrência dez<br />

processos contra Estados-Membros suspeitos de<br />

fazerem precisamente isto. Assim, se a actual<br />

directiva nos fornece um instrumento para<br />

assegurar este tipo de reciprocidade, devemos<br />

fazer uso dele.<br />

Dissemos muito claramente que não deve haver<br />

mudanças na gama de serviços postais que<br />

deverão estar ao dispor de todos os cidadãos da<br />

UE. O serviço universal deve estar ao dispor de<br />

todos os cidadãos, independentemente de onde<br />

residam, na cidade ou no campo, no centro ou<br />

na periferia da <strong>Europa</strong>. Esta é a posição<br />

correcta. Já mostrámos que existe um direito<br />

legal a um determinado nível de prestação de<br />

serviço noutros domínios da liberalização do<br />

mercado.<br />

A segunda grande questão é a de saber como<br />

pode ser financiado este serviço universal. Em<br />

conjunto, chegámos a uma boa solução. No<br />

entanto, é importante que os Estados-Membros<br />

tenham instrumentos suficientes. Se lerem a<br />

directiva atentamente, encontrarão cinco<br />

instrumentos, quatro propostos pela Comissão e<br />

umas quantas formas mistas que nós<br />

acrescentámos, que nos permitirão organizar<br />

este serviço universal de modo a que esteja<br />

disponível em toda a parte.<br />

Elaborámos um calendário claro daquilo que a<br />

Comissão e os Estados-Membros têm de fazer<br />

antes da abertura dos mercados. Isto evitará que<br />

alguém seja apanhado de surpresa quando as<br />

medidas forem aplicadas, uma vez que tudo está<br />

a ser feito de acordo com os Estados-Membros.<br />

Demos grande atenção aos aspectos relativos à<br />

protecção do consumidor. O senhor Comissário<br />

já referiu as tarifas uniformes que permitirão aos<br />

cidadãos continuarem a usar um modelo de<br />

carta normalizado. Queremos também continuar<br />

a garantir o serviço aos deficientes visuais. Para<br />

além da proposta da Comissão, introduzimos<br />

um completo sistema de reclamações, para<br />

assegurar que os direitos dos consumidores<br />

continuarão a ser igualmente protegidos num<br />

regime liberalizado.<br />

Analisámos atentamente a questão dos<br />

trabalhadores do sector postal. Há mais de um<br />

milhão de trabalhadores do sector postal em<br />

toda a União Europeia, e é evidente que eles<br />

querem saber o que lhes vai acontecer num<br />

ambiente liberalizado. Penso que encontrámos<br />

as soluções certas, no que se refere tanto à<br />

definição de trabalhador do sector postal como à<br />

manutenção dos direitos que lhes são garantidos<br />

numa base nacional.<br />

Gostaria de agradecer a todos os que nos<br />

ajudaram a chegar a este compromisso e, em<br />

especial, à Comissão, pela sua atitude próactiva.<br />

Espero que o Conselho também esteja<br />

em breve em condições de formular uma<br />

posição comum com base na nossa primeira<br />

leitura.<br />

2-012<br />

Pervenche Berès (PSE), relatora de parecer da<br />

Comissão dos Assuntos Económicos e<br />

Monetários. - (FR) Senhor Presidente, Senhor<br />

Comissário, Senhoras e Senhores Deputados,<br />

devo o privilégio de intervir neste debate ao<br />

infeliz seguimento da apreciação do parecer<br />

inicialmente redigido pelo meu colega Gilles<br />

Savary dirigido à Comissão dos Assuntos<br />

Económicos e Monetários. Dada a votação que<br />

teve lugar no seio daquela comissão, o relator<br />

renunciou, com efeito, a que o seu nome<br />

figurasse neste relatório.<br />

Iniciámos o processo de abertura à concorrência<br />

dos serviços postais faz agora dez anos,<br />

reduzindo progressivamente o monopólio das<br />

operadoras nacionais e tentando<br />

simultaneamente garantir a manutenção do<br />

serviço universal. Esta exigência do serviço<br />

universal encontra-se agora reafirmada no<br />

relatório Ferber, que define para o efeito três<br />

instrumentos de financiamento e reconhece,<br />

consequentemente, que o mercado por si só não<br />

poderia garantir um serviço quotidiano no<br />

conjunto dos nossos territórios. O prazo<br />

suplementar de dois anos concedido aos novos<br />

Estados-Membros bem como aos Estados<br />

dotados de uma topografia difícil testemunha<br />

bem a dificuldade de conciliar liberalização<br />

total com obrigação de serviço público.<br />

O relator desejaria que fosse reconhecido um<br />

quarto domínio, um quarto modo de<br />

financiamento, do domínio reservado. A vossa<br />

Comissão dos Assuntos Económicos e<br />

Monetários optou por não apoiar o relator, quer<br />

na introdução dessa noção de domínio<br />

reservado, quer numa modificação do<br />

calendário. Preferiu seguir praticamente a<br />

proposta inicial da Comissão de considerar a<br />

data de 2009 como a data de abertura do serviço<br />

postal à liberalização. Gostaria de dizer que,<br />

neste aspecto, a título excepcional e pessoal,<br />

concebo que a comissão consultada quanto à<br />

matéria de fundo tenha tido razão em não ouvir<br />

a Comissão dos Assuntos Económicos e<br />

Monetários. Ao dizê-lo exprimo uma opinião<br />

absolutamente pessoal: não é a presidente da<br />

Comissão dos Assuntos Económicos e<br />

Monetários que está a falar.<br />

2-013


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 4<br />

Stephen Hughes (PSE), relator de parecer da<br />

Comissão do Emprego e dos Assuntos Sociais. –<br />

(EN) Senhor Presidente, a Comissão do<br />

Emprego e dos Assuntos Sociais teria preferido<br />

que a plena realização do mercado interno dos<br />

serviços postais fosse sujeita a novo estudo<br />

prospectivo que demonstrasse que os serviços<br />

universais podem ser mantidos em cada Estado-<br />

Membro e que procurasse a melhor forma de<br />

manter ou melhorar a situação do emprego no<br />

sector postal. No entanto, frequentemente a<br />

política é a arte do possível, e sei que o meu<br />

amigo Brian Simpson chegou à melhor solução<br />

possível com o relator e os outros relatoressombra<br />

na Comissão dos Transportes e do<br />

Turismo.<br />

Agrada-nos o claro realce colocado na<br />

manutenção dos serviços universais e no<br />

número de salvaguardas que constam agora do<br />

relatório, na forma como vai ser apresentado a<br />

este Parlamento. É também com grande<br />

satisfação que verificamos que o relatório se<br />

centra na necessidade de garantir elevadas<br />

normas sociais e de emprego, agora que começa<br />

a esboçar-se a liberalização. Trata-se de um<br />

ponto importante, sabendo que a própria<br />

Deutsche Post já expressou alguma preocupação<br />

quanto à redução das normas relativas ao<br />

emprego entre alguns novos concorrentes do<br />

mercado postal alemão.<br />

Acreditamos estar perante o melhor acordo<br />

possível nesta última fase do processo de<br />

liberalização.<br />

2-014<br />

Hannes Swoboda (PSE), relator do parecer da<br />

Comissão da Indústria, da Investigação e da<br />

Energia. – (<strong>DE</strong>) Senhor Presidente, ao contrário<br />

de alguns dos meus colegas deputados, eu já<br />

sabia que o senhor deputado Ferber, não<br />

obstante a sua intervenção inicial, é um homem<br />

aberto a compromissos, pelo que conseguiu<br />

chegar a uma boa solução. O senhor deputado<br />

Ferber apresentou a situação nestes termos: há<br />

muitas diferenças a nível europeu, com a<br />

liberalização muito avançada nalguns países e<br />

menos noutros. Fazer recuar este processo teria<br />

sido impossível e, provavelmente, fútil.<br />

O ponto principal – e neste podemos concordar<br />

com a Comissão da Indústria, da Investigação e<br />

da Energia, que foi a primeira a pôr a questão<br />

em marcha – é o da existência de um serviço<br />

realmente universal, garantido a todos os<br />

cidadãos, independentemente de viverem numa<br />

cidade ou numa região isolada, de serem ricos<br />

ou pobres, e prestado pelos serviços postais. A<br />

sua regulamentação continua a ser da<br />

responsabilidade dos governos nacionais.<br />

Foi por isso que insistimos, e estou satisfeito por<br />

a comissão competente ter adoptado a ideia, em<br />

que devemos esperar algum tempo, embora não<br />

indefinidamente, dado que alguns países já<br />

fizeram os preparativos adequados, mas<br />

devemos esperar o tempo suficiente para que os<br />

cidadãos, as empresas e as organizações se<br />

preparem, de forma a garantir que as empresas e<br />

os cidadãos disponham de um serviço adequado.<br />

Outra questão importante é a do emprego. A<br />

liberalização e a abertura dos mercados não<br />

pode ser baseada no princípio de “quanto mais<br />

baixos os salários e piores as condições,<br />

melhor”. O importante é que haja concorrência<br />

leal entre as instituições postais existentes e as<br />

novas. Também este aspecto foi devidamente<br />

tratado no relatório.<br />

Por todas estas razões, a minha opinião pessoal<br />

é que encontrámos uma boa solução. A<br />

Comissão da Indústria, da Investigação e da<br />

Energia deu a sua aprovação e espero que a<br />

maioria desta câmara concorde com a proposta.<br />

2-015<br />

Markus Pieper (PPE-<strong>DE</strong>), relator do parecer<br />

da Comissão do Desenvolvimento Regional. –<br />

(<strong>DE</strong>) Senhor Presidente, Senhor Comissário,<br />

Senhoras e Senhores Deputados, a liberalização<br />

do mercado postal tem também uma dimensão<br />

regional, porque a fiabilidade e a qualidade da<br />

distribuição postal são factores regionais para a<br />

economia e para a população.<br />

Antes de mais, gostaria de agradecer ao senhor<br />

deputado Richard Seeber, relator do parecer da<br />

Comissão do Desenvolvimento Regional. O<br />

senhor deputado Seeber pediu-me que me<br />

encarregasse da parte dele. Gostaria de<br />

agradecer igualmente ao relator, senhor<br />

deputado Ferber, o seu relatório muito<br />

equilibrado.<br />

Em princípio, somos favoráveis à abertura dos<br />

mercados. Não se trata de um fim em si mesmo,<br />

mas de um instrumento para aumentar a<br />

eficiência e a qualidade de serviço do sector<br />

postal. Como já aconteceu noutros sectores, a<br />

liberalização irá criar mais empregos do que<br />

aqueles que os mercados protegidos geram. No<br />

entanto, a Comissão do Desenvolvimento<br />

Regional recomenda que o impacto da<br />

liberalização seja analisado mais<br />

minuciosamente. De que forma os mercados<br />

livres afectam a coesão regional e a<br />

competitividade regional?<br />

No caso das zonas rurais e isoladas, temos de<br />

encontrar, juntamente com os prestadores


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 5<br />

privados, soluções de mercado que não<br />

aumentem os custos para os consumidores nem<br />

reduzam a frequência da distribuição. A este<br />

respeito, o comércio e o correio electrónicos<br />

abrem algumas perspectivas interessantes para<br />

as zonas rurais, nomeadamente prestando<br />

serviços substitutos equivalentes aos que<br />

anteriormente eram prestados pelo Estado.<br />

Porém, a Comissão do Desenvolvimento<br />

Regional entende que, a longo prazo, tem de<br />

continuar a ser dada atenção às consequências<br />

da manutenção do serviço universal.<br />

Aos Estados-Membros que o considerem<br />

necessário, deve ser dada a possibilidade de<br />

adiarem a realização do mercado interno dos<br />

serviços postais, que está programada para<br />

2009. Pelas mesmas razões, somos também<br />

favoráveis ao prolongamento dos prazos para os<br />

novos Estados-Membros e no caso das zonas<br />

muito remotas, como propõe a Comissão dos<br />

Transportes e do Turismo.<br />

A abertura dos mercados a duas velocidades daí<br />

resultante não pode, porém, levar a uma<br />

situação em que monopólios do Estado de zonas<br />

protegidas ofereçam serviços em<br />

Estados-Membros ou regiões já liberalizados.<br />

Esta é outra forma de concorrência distorcida<br />

que os Estados-Membros e…<br />

(O Presidente retira a palavra ao orador)<br />

2-016<br />

Marianne Thyssen, em nome do Grupo<br />

PPE/<strong>DE</strong>. – (NL) Senhor Presidente, Senhor<br />

Comissário, Senhoras e Senhores Deputados,<br />

como o Comissário observou há instantes, já há<br />

mais de <strong>10</strong> anos que trabalhamos na abertura do<br />

mercado interno dos serviços postais, e iremos<br />

pronunciar-nos sobre a última fase desse<br />

processo, sobre aquilo que deverá acontecer<br />

com a área reservada dos envios postais com<br />

menos de 50 gramas. Quando este monopólio<br />

residual for eliminado, vamos ter, dentro de<br />

alguns anos, um mercado postal que tem todas<br />

as hipóteses de se tornar mais dinâmico, que<br />

ficará totalmente aberto e que poderá funcionar<br />

de uma forma competitiva e transparente.<br />

Em nosso entender, a proposta da Comissão não<br />

nos oferecia garantias suficientes de uma<br />

liberalização prudente, mas, graças ao talento<br />

negocial do relator, o senhor deputado Ferber, e<br />

à boa cooperação de outros colegas deste<br />

Parlamento, no seio da Comissão dos<br />

Transportes e do Turismo foi celebrado um<br />

acordo que mereceu um amplo apoio político,<br />

um acordo que, acima de tudo, oferece às<br />

empresas postais um período de tempo mais<br />

alargado para se prepararem convenientemente.<br />

Uma vez que nem todos os Estados-Membros<br />

realizaram os mesmos progressos no caminho<br />

para a liberalização dos serviços postais, esta é<br />

uma via sensata.<br />

Além disso, o relatório Ferber representa<br />

também um enorme progresso noutros<br />

domínios. Assim, por exemplo, os trabalhadores<br />

no sector postal não terão necessariamente de<br />

temer efeitos adversos, se bem que devamos,<br />

naturalmente, manter-nos vigilantes a este<br />

respeito. Igualmente crucial é a nossa ambição<br />

de garantir aos utentes a prestação do serviço<br />

universal. É óbvio que o correio tem de<br />

continuar a ser entregue diariamente e os utentes<br />

têm de poder entregar a sua correspondência em<br />

locais próximos das suas casas.<br />

O plano nacional que os Estados-Membros têm<br />

de apresentar à Comissão relativo ao<br />

financiamento do seu serviço universal é<br />

obviamente um elemento crucial neste contexto.<br />

Em suma, esperamos que na sequência da<br />

votação de amanhã tenhamos um texto<br />

equilibrado, cabendo depois ao Conselho, e<br />

certamente aos Estados-Membros, lidar de uma<br />

forma sensata com o resultado da nossa votação.<br />

2-017<br />

Brian Simpson, em nome do Grupo PSE. –<br />

(EN) Senhor Presidente, felicito o nosso relator,<br />

o senhor deputado Markus Ferber, pelo trabalho<br />

desenvolvido para este relatório. Muito tempo<br />

passou desde que, há anos, pela primeira vez<br />

terçámos armas a propósito dos serviços postais.<br />

Na verdade, penso que na altura ainda existia o<br />

Muro de Berlim, o que mostra há quanto tempo<br />

se arrasta esta discussão.<br />

Os serviços postais são um assunto muito<br />

pessoal e muito político. Por isso são tão<br />

diferentes de outros sectores como as<br />

telecomunicações ou a energia, pois o correio,<br />

como tantas vezes afirmei neste Hemiciclo, tem<br />

a ver com pessoas; tem a ver com a linha<br />

avançada do serviço público. Eis o que explica a<br />

sua importância e o grande interesse que<br />

provoca.<br />

Sei que no trabalho que desenvolvemos em<br />

comissão tentámos integrar as opiniões de<br />

outras comissões e grupos políticos. Após árduo<br />

trabalho e, devo dizer, uma grande dose de boa<br />

vontade, chegámos a um acordo que<br />

classificaria como positivo.<br />

Queria apenas dizer que esta directiva específica<br />

não trata, verdadeiramente, de liberalização. A<br />

questão de saber se devíamos liberalizar os<br />

serviços postais há muito se perdeu. O senhor<br />

deputado Stephen Hughes tem toda a razão


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 6<br />

quando afirma que a política é a arte do<br />

possível. A minoria que pensa - e cuja opinião<br />

respeito - que devíamos manter o modelo<br />

antigo, manter o monopólio e a área reservada,<br />

defende um ponto de vista cujos méritos posso<br />

compreender, mas a verdade é que não é nesse<br />

mundo que vivemos actualmente. A vasta<br />

maioria dos nossos Estados-Membros já<br />

liberalizou; a vasta maioria dos que ainda não<br />

liberalizaram gostaria de o fazer pelo que, na<br />

verdade, o que falta por vezes é um pouco de<br />

sentido da realidade.<br />

O Parlamento concordou numa liberalização<br />

controlada e, na verdade, a última vez que se<br />

pronunciou sobre o assunto concordou com a<br />

data de 1 de Janeiro de 2009. Desde aí, porém,<br />

deu-se a adesão dos novos Estados-Membros e<br />

o meu grupo pensa que isso significa que temos<br />

de avaliar o que já fizemos e de pensar na<br />

possibilidade de propor um calendário diferente<br />

e de atrasar a aplicação para os países que<br />

necessitarem de adiamento.<br />

Devo, no entanto, dizer que, por muito forte que<br />

seja a posição da Comissão quanto aos serviços<br />

universais, já no que respeita à forma como<br />

financiá-los apresenta-se muito enfraquecida.<br />

Analisemos, então, o ponto fundamental. De<br />

que modo garantimos um serviço universal que<br />

trate em pé de igualdade todos os cidadãos,<br />

independentemente do local onde vivam? É<br />

tendo em conta esta questão que defendemos a<br />

garantia de pontos de acesso em áreas rurais e<br />

periféricas. De que modo financiamos esse<br />

serviço universal? De que modo aplicamos<br />

planos nacionais que permitam que isso<br />

aconteça? De que modo protegemos os<br />

trabalhadores e as suas condições de trabalho e<br />

de que modo garantimos que os novos Estados-<br />

Membros não são forçados a uma concorrência<br />

que não podem aguentar? É aqui que o prazo é<br />

importante.<br />

Estas são as questões a que tentámos dar<br />

resposta no presente relatório e no compromisso<br />

a que chegámos e espero que o Parlamento,<br />

amanhã, apoie esse compromisso.<br />

2-018<br />

Luigi Cocilovo, em nome do Grupo AL<strong>DE</strong>. –<br />

(IT) Senhor Presidente, Senhoras e Senhores<br />

Deputados, também eu queria felicitar<br />

calorosamente o senhor deputado Markus<br />

Ferber pelo seu relatório. Creio que outros<br />

colegas empenhados também contribuíram para<br />

esse trabalho e não creio que, por muito sensível<br />

e complexo que fosse, pudesse ser comparado a<br />

“um duelo ao amanhecer nas traseiras do<br />

convento” entre os deputados Ferber e Simpson;<br />

não se tratou de terçar armas mas de perceber<br />

que se trata de um domínio delicado, como o<br />

são todos aqueles onde a oferta não pode<br />

orientar-se por benefícios meramente<br />

económicos mas deve também visar a<br />

necessidade de dar resposta ao interesse público.<br />

Isto pode ir além das soluções habituais em<br />

situações de oferta e procura, que se guiam pelo<br />

mercado e pelos benefícios do mercado apenas.<br />

Foi necessário encontrar um difícil equilíbrio,<br />

visto a reforma, como já foi referido pelo<br />

Senhor Comissário e reiterado pelo deputado<br />

Ferber, ter sido levada a cabo não devido ao<br />

mercado mas aos interesses dos consumidores.<br />

O mercado apenas poderá ser instrumento para<br />

conseguir e garantir, tanto quanto possível, que<br />

se defende os interesses dos consumidores<br />

reduzindo os custos dos serviços de qualidade.<br />

Também eu penso que as velhas indústrias<br />

monopolistas já não estavam à altura de dar<br />

resposta aos desafios: seria perigoso, porém,<br />

pensar que nesses casos a única resposta<br />

consiste em abrir o mercado à concorrência.<br />

Trata-se de uma medida que, se bem que útil,<br />

fundamental e importante, não é, por si só,<br />

bastante.<br />

Daí a inevitabilidade de procurar um serviço<br />

universal garantido, com várias opções, que<br />

evite os riscos da ambiguidade na interpretação<br />

e de litígios que, provavelmente, não<br />

conseguimos eliminar totalmente. Existem<br />

diversas opções, todas dirigidas - tendo em vista<br />

a diversidade dos mercados - para a necessidade<br />

de contribuir para os custos líquidos de um<br />

serviço que, em muitas circunstâncias, nunca<br />

será exclusivamente coberto através do<br />

funcionamento do mercado. Para isso é crucial,<br />

como já alguém referiu, a concorrência leal.<br />

Não partilho da desconfiança quanto ao sistema<br />

de concessão de licenças, que foi comparado a<br />

uma guilhotina que impediria e asfixiaria a<br />

concorrência. As licenças podem ser<br />

instrumentos muito úteis para garantir a<br />

competência de determinada empresa e garantir<br />

que a concorrência se desenrola livremente<br />

embora dentro de um enquadramento normativo<br />

que, abrangendo o respeito por regulamentos<br />

sobre segurança social, qualificações<br />

profissionais, definições de serviços de<br />

substituição e exigências de serviço público,<br />

pode aplicar-se de forma transparente a todos os<br />

operadores do sector.<br />

Será também uma forma de impedir que os que<br />

têm o encargo do serviço universal entrem na<br />

arena da concorrência de mãos atadas.<br />

2-019


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 7<br />

Roberts Zīle, em nome do Grupo UEN. – (LV)<br />

Obrigado, Senhor Presidente, Senhor<br />

Comissário McCreevy. Também eu gostaria de<br />

começar por felicitar o senhor deputado Ferber<br />

pelo excelente compromisso que conseguiu<br />

estabelecer, numa situação extremamente<br />

difícil, como bem demonstram as muitas<br />

centenas de propostas apresentadas pelos mais<br />

díspares grupos de interesses. Estou também<br />

satisfeito por este ser um caso em que as<br />

características específicas dos novos<br />

Estados-Membros foram tidas em consideração<br />

através da disposição relativa ao prolongamento<br />

de dois anos e, possivelmente, um prazo ainda<br />

mais dilatado para a manutenção do serviço<br />

universal. Reconheço, certamente, o facto de em<br />

muitos dos novos Estados-Membros os serviços<br />

postais ainda não estarem preparados para uma<br />

verdadeira concorrência deste tipo. Como tal, é<br />

muito importante conseguir-se, por um lado, a<br />

melhoria da qualidade dos serviços postais nos<br />

novos Estados-Membros – algo que a<br />

concorrência proporciona – mas, por outro, é<br />

necessário considerar o aspecto humano que<br />

senhor deputado Simpson acabou de referir.<br />

Fico igualmente satisfeito pelo facto de os<br />

Estados-Membros terem a oportunidade de<br />

escolher um de entre vários modelos para<br />

financiar este período de serviço universal e, por<br />

último, fico satisfeito por ter sido possível, no<br />

seio das comissões, chegar a um compromisso<br />

em relação a manter-se a protecção dos dados<br />

pessoais nos casos em que o prestador do actual<br />

serviço universal tem de entregar a sua base de<br />

dados a outros participantes no mercado. Assim<br />

sendo, espero sinceramente que a votação de<br />

amanhã seja coroada de êxito e que chegue ao<br />

fim o longo trabalho relativo à directiva dos<br />

serviços postais. Obrigado.<br />

2-020<br />

Eva Lichtenberger, em nome do Grupo<br />

Verts/ALE. – (<strong>DE</strong>) Senhor Presidente, Senhor<br />

Comissário, Senhoras e Senhores Deputados, a<br />

concorrência sempre teve resultados positivos<br />

quando funcionou com um bom enquadramento.<br />

O mesmo se aplica aos serviços postais –<br />

quando viável. No entanto, para sermos justos,<br />

temos de dizer que na última fase da<br />

liberalização, os consumidores, em especial nas<br />

zonas rurais, notaram um declínio na qualidade<br />

do serviço. Ser privado não significa<br />

automaticamente ser bom, tal como ser do<br />

Estado não é automaticamente ser bom. Aquilo<br />

de que precisamos é de condições boas,<br />

positivas e equitativas.<br />

A Comissão referiu, e bem, a importância de<br />

uma prestação de serviços completa, em<br />

especial nas zonas rurais. Não se pode permitir<br />

que os serviços se concentrem apenas nas<br />

cidades. No entanto, as propostas para o<br />

financiamento destes serviços, que são mais<br />

onerosos, são, em grande parte, irrealistas,<br />

pensadas apenas para os grandes<br />

Estados-Membros e definidas em termos vagos.<br />

O Tribunal de Justiça Europeu terá muito que<br />

fazer.<br />

Outro resultado foi o de muitos colegas<br />

deputados terem pedido derrogações. Assim,<br />

temos uma lei da Grécia, de acordo com a qual<br />

os países com muitas ilhas podem liberalizar<br />

mais lentamente. Temos outra lei para o<br />

Luxemburgo, de acordo com a qual os países<br />

pequenos com uma população restrita – uma<br />

escolha de palavras interessante – devem<br />

liberalizar mais tarde, e o mesmo se aplica aos<br />

novos Estados-Membros. Em resumo, estas<br />

formulações são muito vagas. Mesmo assim,<br />

peço-vos: não adiem a vossa decisão! Os<br />

problemas não se resolvem por os metermos na<br />

gaveta. É por isso que não posso concordar com<br />

mais adiamentos e o Grupo dos Verdes/Aliança<br />

Livre Europeia tem a mesma posição.<br />

Temos de eliminar de uma vez por todas – e<br />

este é o ponto crucial do relatório – a opção de<br />

demarcar uma área reservada, o que, em última<br />

instância, significa que tudo é subsidiado, desde<br />

o lucrativo lixo postal (“junk mail”) até à<br />

correspondência privada, que dá prejuízo. Esta<br />

prática tem de acabar. Porém, na sua<br />

generosidade, a Comissão continua a permitir<br />

esses subsídios estatais. Considero errada essa<br />

posição. Sou mais favorável a uma abordagem<br />

centrada nos benefícios. O fundo de<br />

compensação que está a ser proposto, embora<br />

possa ser viável nos grandes Estados-Membros,<br />

não o é nos mais pequenos, porque o mercado<br />

ainda não se ajustou devidamente.<br />

A publivenda postal (“direct mail”) é uma mina<br />

de ouro. As cartas com menos de 50 gramas são<br />

a categoria a que os operadores privados estão à<br />

espera de deitar a mão. Não estão minimamente<br />

interessados no cartão de boas-festas à tia Maria<br />

que vive na montanha. Qual será, portanto, o<br />

resultado deste relatório se for aprovado tal<br />

como está? Caiuadramento normativo que,<br />

abrangendo o respeito por regulamentos sobre<br />

segurança social, qualificações profissionais,<br />

definições de serviços de substituição e<br />

exigências de serviço público, pode aplicar-se<br />

de forma transparente a t o d o s<br />

o s o p e r a d o r e s<br />

d o s e c t o r .<br />

S e r á t a m b é m<br />

u m a f o r m a d e


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 8<br />

i m p e d i r q u e o s<br />

q u e t ê m o<br />

e n c a r g o d o<br />

s e r v i ç o<br />

u n i v e r s a l<br />

e n t r e m n a a r e n a<br />

d a c o n c o r r ê n c i a<br />

d e m ã o s a t a d a s .<br />

< B R K ><br />

2 - 0 1 9<br />

P T R o b e r t s Z + l e ,


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 9<br />

e m n o m e


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> <strong>10</strong><br />

U慴E慴N慴.慴 慴慴 慴( L V )<br />

O b r i g a d o ,<br />

S e n h o r<br />

P r e s i d e n t e ,<br />

S e n h o r C o missário


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 11<br />

McCreevy. Também eu gostaria de começar por


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 12<br />

o senhor deputado Ferber pelo excelente<br />

compromisso que conseguiu estabelecer, numa<br />

situação extremamente difícil, como bem<br />

demonstram as muitas centenas de propostas<br />

apresentadas pelos mais díspares grupos de<br />

interesses. Estou também satisfeito por este ser<br />

um caso em que as características específicas<br />

dos novos Estados-Membros foram tidas em<br />

foram tidas em consideração através da<br />

disposição relativa ao prolongamento de dois<br />

anos e, possivelmente, um prazo ainda mais<br />

dilatado para a manutenção do serviço<br />

universal. Reconheço, certamente, o facto de em<br />

muitos dos novos Estados-Membros os serviços<br />

postais ainda não estarem preparados para uma<br />

verdadeira concorrência deste tipo. Como tal, é<br />

muito importante conseguir-se, por um lado, a<br />

melhoria da qualidade dos serviços postais nos<br />

novos Estados-Membros – algo que a<br />

concorrência proporciona – mas, por outro, é<br />

necessário considerar o aspecto humano que<br />

senhor deputado Simpson acabou de referir.<br />

Fico igualmente satisfeito pelo facto de os<br />

Estados-Membros terem a oportunidade de<br />

escolher um de entre vários modelos para<br />

financiar este período de serviço universal e, por<br />

último, fico satisfeito por ter sido possível, no<br />

seio das comissões, chegar a um compromisso<br />

em relação a manter-se a protecção dos dados<br />

pessoais nos casos em que o prestador do actual<br />

serviço universal tem de entregar a sua base de<br />

ados a outros participantes no mercado. Assim<br />

sendo, espero sinceramente que a votação de<br />

amanhã seja coroada de êxito e que chegue ao<br />

fim o longo trabalho relativo à directiva dos<br />

serviços postais. Obrigado. <br />

2-020<br />

PTEva Lichtenberger, em nome do Grupo<br />

Verts/ALE. – (<strong>DE</strong>) Senhor Presidente, Senhor<br />

Comissário, Senhoras e Senhores Deputados, a<br />

concorrência sempre teve resultados positivos<br />

quando funcionou com um bom enquadramento.<br />

O mesmo se aplica aos serviços postais –<br />

quando viável. No entanto, para sermos justos,<br />

temos de dizer que na última fase da<br />

liberalização, os consumidores, em especial nas<br />

l nas zonas rurais, notaram um declínio na<br />

qualidade do serviço. Ser privado não significa<br />

automaticamente ser bom, tal como ser do<br />

Estado não é automaticamente ser bom. Aquilo<br />

de que precisamos é de condições boas,<br />

positivas e equitativas.


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 13<br />

A Comissão referiu, e bem, a importância de


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 14<br />

s completa, em especial nas zonas rurais. Não<br />

se pode permitir que os serviços se concentrem<br />

apenas nas cidades. No entanto, as propostas<br />

para o financiamento destes serviços, que são<br />

mais onerosos, são, em grande parte, irrealistas,<br />

pensadas apenas para os grandes<br />

Estados-Membros e definidas em termos vagos.<br />

O Tribunal de Justiça Europeu terá muito que<br />

fazer.<br />

Outro resultado foi o de muitos colegas<br />

deputados terem pedido derrogações. Assim,<br />

temos uma lei da Grécia, de acordo com a qual<br />

os países com muitas ilhas podem liberalizar<br />

mais lentamente. Temos outra lei para o<br />

Luxemburgo, de acordo com a qual os países<br />

pequenos com uma população restrita – uma<br />

escolha de palavras interessante – devem<br />

liberalizar mais tarde, e o mesmo se aplica aos<br />

novos Estados-Membros. Em resumo, estas<br />

formulações são muito vagas. Mesmo assim,


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 15<br />

peço-vos: não adiem a vossa decisão! Os


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 16<br />

a gaveta. É por isso que não posso concordar<br />

com mais adiamentos e o Grupo dos<br />

Verdes/Aliança Livre Europeia tem a mesma<br />

posição.<br />

Temos de eliminar de uma vez por todas – e<br />

este é o ponto crucial do relatório – a opção de<br />

demarcar uma área reservada, o que, em última<br />

instância, significa que tudo é subsidiado, desde<br />

o lucrativo lixo postal (“junk mail”) até à<br />

correspondência privada, que dá prejuízo. Esta<br />

prática tem de acabar. Porém, na sua<br />

generosidade, a Comissão continua a permitir<br />

esses subsídios estatais. Considero errada essa


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 17<br />

essa posição. Sou mais favorável a uma


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 18<br />

cios. O fundo de compensação que está a ser<br />

proposto, embora possa ser viável nos grandes<br />

Estados-Membros, não o é nos mais pequenos,<br />

porque o mercado ainda não se ajustou<br />

devidamente.<br />

A publivenda postal (“direct mail”) é uma mina<br />

de ouro. As cartas com menos de 50 gramas são<br />

a categoria a que os operadores privados estão à


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 19<br />

espera de deitar a mão. Não estão minimamente


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 20<br />

s no cartão de boas-festas à tia Maria que vive<br />

na montanha. Qual será, portanto, o resultado<br />

deste relatório se for aprovado tal como está?<br />

Caixas de correio a transbordar nas cidades,<br />

montes de lixo postal e um bom serviço de<br />

distribuição nas zonas urbanas, mas uma<br />

degradação gradual dos serviços nas zonas<br />

rurais. Este vai ser o resultado inevitável,<br />

porque, a longo prazo, os governos não vão<br />

querer nem poder financiar o serviço.<br />

E de que forma irão os operadores concorrer? À<br />

custa dos seus trabalhadores e da população<br />

rural. Os operadores privados só poderão ter<br />

lucro se as condições de trabalho se<br />

de trabalho se deteriorarem: por favor, tenham<br />

isto em mente durante o debate. O que temos<br />

nas mãos é dumping social, que não poderemos<br />

reverter com um ou dois considerandos. <br />

2-021<br />

PTFrancis Wurtz, em nome do grupo<br />

GUE/NGL. - (FR) Senhor Presidente, Senhor<br />

Comissário, o meu colega Erik Meijer virá falar<br />

do relatório do senhor deputado Ferber.<br />

Pela minha parte, gostaria de ilustrar muito<br />

concretamente, com base neste caso do projecto<br />

de directiva e da atitude da Comissão a seu<br />

respeito, o dogmatismo liberal que alimenta a<br />

crise de legitimidade do modelo económico e<br />

social europeu e a arrogância que mantém o<br />

clima de desconfiança relativamente às nossas<br />

instituições.<br />

Recordo o que afirma, desde o início, a<br />

Confederação Europeia dos Sindicatos sobre o<br />

seu projecto, Senhor Comissário. Passo a citar:<br />

"Esta proposta eliminará o sector de serviço<br />

á o sector de serviço reservado que se revelou<br />

ser o único serviço fiável". E prossegue:<br />

"Perderam-se centenas de milhares de empregos<br />

desde que a liberalização foi lançada. A longo<br />

prazo, tal facto terá um impacto grave e<br />

negativo na União Europeia. A Confederação<br />

Europeia dos Sindicatos recomenda ao<br />

Conselho e ao Parlamento que não adopte a<br />

proposta da Comissão".<br />

Pelo seu lado, a rede UNI-Europe poste, que<br />

representa mais de 1 milhão de empregados,<br />

estima, e cito: "Que a proposta da Comissão<br />

poria em perigo a extensão, a qualidade e o<br />

acesso aos serviços de que gozam actualmente<br />

os cidadãos da União". Também ela - e continuo<br />

a citar - "exorta unanimemente o Parlamento e o<br />

Conselho a rejeitarem a proposta da Comissão"<br />

que, segundo o secretário-geral da rede, "não<br />

conseguiu garantir o financiamento do serviço<br />

iço postal universal ao cidadão".<br />

Evidentemente!


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 21<br />

Além disso, dezenas de milhares de petições de<br />

utilizadores que se opõem a este mau texto<br />

foram directamente enviadas à Comissão. Pela<br />

sua parte, nove operadoras postais históricas<br />

insistiram na ameaça que pesa sobre o futuro<br />

financiamento do serviço universal. Mais do que<br />

isso, segundo o Ministro Luxemburguês das<br />

Comunicações, o Sr. Jean-Louis Schiltz, uma<br />

maioria de Estados-Membros tem problemas


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 22<br />

com as regras previstas para o financiamento do


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 23<br />

público se esta directiva for aplicada. Resposta<br />

da Comissão a esta avalancha de interpelações:<br />

a sua directiva é a única opção válida. E acabou!<br />

Eis exactamente, Senhor Presidente, o que já


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 24<br />

não é aceite pela opinião pública, e a nossa


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 25<br />

aceite junto do maior número possível de<br />

parlamentos nacionais. Eis o sentido da nossa<br />

alteração de rejeição, adiando para 2009 ou<br />

mais. Cá estaremos amanhã na votação. <br />

2-022<br />

PTMichael Henry Nattrass, em nome do Grupo<br />

IND/<strong>DE</strong>M. – (EN) Senhor Presidente, a gestão<br />

de um sistema postal que faça entregas em<br />

qualquer lugar do Reino Unido seis dias por<br />

semana, de que os Britânicos beneficiam há<br />

mais de um século, diz respeito ao próprio<br />

Reino Unido e não à burocracia da UE. Uma<br />

distribuição de correio eficiente encoraja as


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 26<br />

empresas, especialmente em áreas rurais. Trata-


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 27<br />

Mail pode pedir subsídios para fazer a<br />

distribuição em postos remotos, incluindo as<br />

ilhas escocesas. Mas é um assunto que compete<br />

ao governo local e ao Governo britânico central,<br />

não à UE. O conceito da UE acaba por ser<br />

favorável a mais publicidade não endereçada<br />

que não é bem recebida nem pelos Britânicos<br />

nem pelos seus cestos de papéis. Como de<br />

costume, a UE quer micro-gerir tudo, destruindo<br />

métodos que há anos funcionam bem e<br />

impondo, ao mesmo tempo, regras que<br />

entravam a inovação.<br />

O facto de a UE pretender imiscuir-se no<br />

sistema postal do RU é, para mim, tão estranho<br />

como a Grã-Bretanha pretender distribuir as<br />

cartas dos Flamengos, Finlandeses ou<br />

Franceses. Talvez estejam à espera que<br />

espera que manifeste regozijo pelo adiamento<br />

da plena realização do mercado para 20<strong>10</strong>. A<br />

verdade é que rejeito toda a directiva com base<br />

no velho princípio britânico de que “se cada um<br />

tratar dos seus assuntos tudo se resolverá” e não<br />

na aparente directriz da UE de “mãos ao alto e<br />

não se mexam enquanto impomos mais alguma<br />

burocracia”.<br />

Em suma, esta directiva é para devolver ao<br />

remetente. <br />

2-023<br />

PTLuca Romagnoli, em nome do Grupo ITS. –<br />

(IT) Senhor Presidente, Senhoras e Senhores


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 28<br />

Deputados, a proposta de alteração à Directiva


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 29<br />

realização do mercado interno dos serviços<br />

postais, apresentada pelo senhor deputado<br />

Markus Ferber, recebeu vasto consenso, como<br />

prova a sua recepção em comissão, assim como<br />

os compromissos alcançados na matéria pelos<br />

grupos políticos.<br />

Como tive ocasião de referir, não sou, de forma<br />

alguma, defensor indefectível do liberalismo,<br />

muito pelo contrrio. Isso deve-se, em parte, ao<br />

facto de, em Itália, o liberalismo não ter<br />

produzido os resultados milagrosos tão<br />

publicitados em termos de melhoria de serviços<br />

e preços. Na verdade, em Itália - e desafio os<br />

eus colegas italianos campeões do liberalismo a<br />

provar o contrário - a liberalização de vários<br />

sectores, dos seguros à energia, aos transportes<br />

ferroviários e aos próprios serviços postais,<br />

resultou em preços mais elevados e maiores<br />

dificuldades na utilização dos serviços.<br />

Tanto assim é que, em Itália, mesmo aqueles<br />

que provêm de uma tradição marxista se tornam<br />

campeões da liberalização e passam a ministros.<br />

Não são comunistas e ponto final; são<br />

comunistas que, para poderem ir ao encontro do<br />

mercado, se tornam ministros depois de, pelo<br />

caminho, se terem sentado nestas bancadas,<br />

embora com contributos pouco empenhados ou<br />

profícuos. Assim, da parte dos comunistas<br />

ministros levanta-se uma agitação que vai<br />

atacando diversas categorias profissionais, dos<br />

advogados aos notários, dos motoristas de táxi<br />

aos padeiros, o que confirma a justiça do<br />

consumo e da concorrência. Eis como eu<br />

próprio, um nacional populista, para além das<br />

convicções ideológicas que já trazia, acabo por<br />

assistir a uma demonstração concreta de que o<br />

mercado livre não cura todos os males - muitas<br />

vezes, até, acaba por alimentá-los.<br />

Contudo, na esperança de que, ao menos no<br />

rança de que, ao menos no meu país, maior<br />

concorrência no sector postal - que, além do<br />

mais, é um sector público que, depois de<br />

parcialmente privatizado, sofreu um aumento de<br />

preços em comparação com um serviço que<br />

seguia plenamente as normas europeias -<br />

signifique, finalmente, um serviço melhor,<br />

nalmente, um serviço melhor, tenciono apoiar o<br />

relatório Ferber. Não queria deixar de dizer que,<br />

em Itália, o serviço oferecido pelos operadores<br />

privados no sector da expedição é,<br />

normalmente, excelente e parece ter criado mais<br />

emprego do que os postos de trabalho perdidos<br />

no serviço público. Não posso também<br />

escamotear que, enquanto os grandes clientes<br />

comerciais não precisam de protecção especial<br />

contra os serviços de má qualidade, os pequenos


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 30<br />

clientes encontram-se na situação contrária no


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 31


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 32<br />

.


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 33<br />

itivo que o serviço universal seja garantido<br />

pelo menos cinco dias por semana em todos os<br />

Estados-Membros e não podemos regredir neste<br />

aspecto. Do mesmo modo, quem poderá opor-se<br />

ao desejo de serviços postais mais rápidos, mais<br />

regulares e mais fiáveis ou a um sistema justo<br />

de reembolso ou compensação tantas vezes


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 34<br />

referido no relatório Ferber? A questão é


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 35<br />

aqui de tempo suficiente para analisar todos os<br />

aspectos - positivos e negativos - do relatório.<br />

Espero que, a partir de Janeiro de 2011, a não<br />

manutenção de direitos exclusivos para a<br />

prestação de serviços postais seja vantajosa para<br />

todos. Será também a primeira vez que me verei<br />

obrigado a mudar de opinião quanto à natureza<br />

positiva das liberalizações. <br />

2-024<br />

PTAlessandro Battilocchio (NI). – (IT) Senhor<br />

Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, a<br />

proposta de directiva relativa aos serviços<br />

postais é mais um passo na direcção de um<br />

asso na direcção de um importante objectivo:<br />

concluir o mercado interno dos serviços postais,<br />

já que os serviços de interesse económico geral<br />

desempenham um papel fundamental em vários<br />

países em termos quer de desenvolvimento<br />

económico quer de coesão social. É portanto<br />

essencial que, ao mesmo tempo que abrimos<br />

plenamente o mercado, possamos garantir a<br />

amente o mercado, possamos garantir a<br />

sustentabilidade dos serviços postais universais,<br />

através das medidas mais adequadas para o<br />

financiar.<br />

No entanto, há ainda críticas a ultrapassar.<br />

Referirei duas, apenas: convém, em primeiro<br />

lugar, definir mais claramente os critérios para<br />

conceder autorizações aos operadores que<br />

pretendem fornecer serviços postais tanto<br />

universais como não universais. Isto, para<br />

omo não universais. Isto, para garantir que todos<br />

os intervenientes são sujeitos às mesmas<br />

condições de concorrência e às mesmas<br />

obrigações de fornecimento de serviços e de<br />

contribuição para o financiamento. Aqui, o texto<br />

original da Comissão parece mais claro do que o<br />

texto proposto na alteração 44, que retira a<br />

diversos operadores postais e prestadores<br />

designados a possibilidade de aceder ao sistema<br />

de condições aplicáveis à concessão de licenças.


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 36<br />

condições aplicáveis à concessão de licenças.


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 37<br />

rir prende-se com a regulação do acesso à<br />

rede postal. Na verdade, em termos gerais, e<br />

sem prejuízo dos princípios gerais de<br />

transparência e não-discriminação, não vejo<br />

necessidade de regulação adicional. Alguns<br />

Estados-Membros já fixaram os critérios de<br />

acesso com base nas necessidades e<br />

características dos respectivos mercados<br />

nacionais de serviços postais: com efeito, a<br />

regulação de acesso não pode ser definida de<br />

forma generalizada mas depende da situação<br />

existente em cada mercado nacional individual.<br />


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 38<br />

2-025


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 39<br />

PPE-<strong>DE</strong>). – (<strong>DE</strong>) Senhor Presidente, a directiva<br />

relativa aos serviços postais constitui uma<br />

proposta especialmente importante. Não afecta<br />

só um milhão de trabalhadores dos correios,<br />

mas praticamente todos os cidadãos. Foi por<br />

isso que não nos poupámos a esforços na<br />

HYPERLINK<br />

"http://www.europarl.eu.int/committees/tran_ho<br />

me.htm" Comissão dos Transportes e do<br />

ortes e do Turismo . Gostaria de agradecer ao<br />

relator, porque as alterações e compromissos<br />

permitiram-nos dar grandes passos em frente e<br />

melhoraram significativamente o texto da<br />

Comissão.<br />

O mais importante para mim é, em primeiro<br />

lugar, que a prestação do serviço continue no<br />

centro das atenções. Em segundo lugar, qual


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 40<br />

será o futuro papel dos Estados-Membros? Isto


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 41<br />

ontinuar a ser o aspecto principal mas, para<br />

mim, isso não significa que amanhã não<br />

venhamos a ter salários mais baixos, piores<br />

serviços e, por último, preços mais elevados.<br />

Ao contrário de alguns dos meus colegas<br />

deputados, que têm uma visão mais pessimista<br />

de todo este processo, penso que a presente<br />

proposta atribui um papel importante aos<br />

Estados-Membros. Fazendo justiça a esse papel,<br />

eles podem manter os níveis de serviço na<br />

distribuição e na recolha. Aquilo que interessa<br />

aos cidadãos em termos de serviços está<br />

acautelado neste projecto. O dumping social<br />

pode ser evitado, se for essa a vontade dos<br />

Estados-Membros. No nosso país também<br />

houve petições a respeito dos carteiros, no<br />

sentido de estes manterem o seu papel actual.<br />

No projecto, não só tivemos na devida conta<br />

esta importante questão, como afirmámos<br />

mesmo claramente que os Estados-Membros<br />

podem manter esta profissão.<br />

Quanto ao financiamento, há diversos modelos.<br />

Na minha opinião – e embora isto não seja<br />

presentemente viável – deve ser garantido o<br />

financiamento a uma parte do sector reservado.


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 42<br />

Mas estamos apenas na primeira leitura, e


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 43<br />

s traga algumas alterações.<br />

Os monopólios têm de ser eliminados, mas não<br />

a qualquer preço. Já indiquei quais são as nossas<br />

condições para esse preço: em primeiro lugar, o<br />

serviço, em segundo, a manutenção da profissão<br />

e, em terceiro, a garantia de financiamento. Por<br />

último, penso que a eliminação dos monopólios<br />

não significa deixar que outros monopólios<br />

ocupem o seu lugar. Por isso, seria útil que o<br />

Parlamento voltasse a discutir detalhadamente


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 44<br />

todo o princípio da liberalização, especialmente


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 45<br />

s cidadãos. <br />

2-026<br />

PTInés Ayala Sender (PSE). – (ES) Senhor<br />

Presidente, reconhecemos a atitude neste<br />

momento do relator, senhor deputado Ferber, na<br />

medida em que, com base ainda numa posição<br />

de liberalização radical e simplista, que deixava<br />

entrever inclusivamente interesses nacionais,<br />

decidiu aceitar desde o princípio os<br />

compromissos que permitem reunir um maior<br />

apoio deste Parlamento a um relatório crucial<br />

como este.<br />

Mas o meu reconhecimento e felicitações<br />

particulares vão dirigidos ao senhor deputado<br />

Simpson, que conseguiu os compromissos, e<br />

que realizou o difícil e ingrato mas bem<br />

ucedido trabalho de alcançar os objectivos<br />

fundamentais do nosso grupo: em primeiro<br />

lugar, manter e proteger a definição do serviço<br />

universal na sua acepção mais estrita, a que<br />

assegura uma coesão económica, social e<br />

territorial, com uma presença quotidiana em<br />

todo o nosso território, a preços acessíveis e<br />

com um serviço público de elevada qualidade.<br />

Era, para tal, necessário esclarecer e garantir<br />

uma estabilidade financeira suficiente, pelo que<br />

ra suficiente, pelo que não partilhávamos a<br />

posição da Comissão, pouco clara. Somos de<br />

opinião, por conseguinte, que o exercício que os<br />

Estados-Membros devem fazer não é uma mera<br />

formalidade e exigimos que a Comissão o tenha<br />

em consideração.<br />

Consideramos igualmente fundamentais as<br />

cláusulas de salvaguarda social, e exigimos à<br />

Comissão e aos Estados-Membros o seu<br />

desenvolvimento e aplicação integrais.<br />

Incentivamos, por conseguinte, os sindicatos, os<br />

operadores e as entidades reguladoras a<br />

trabalhar intensivamente nestas cláusulas, por<br />

forma a que esse trabalho seja paralelo ao<br />

realizado pelos Estados-Membros.<br />

Num momento em que lutamos contra o<br />

emprego precário, contra o desemprego das<br />

mulheres e a favor de serviços de qualidade<br />

prestados aos cidadãos, consideramos uma<br />

grande irresponsabilidade induzir um<br />

agravamento destas condições. Por esta razão,<br />

pensamos que os desafios do futuro são<br />

assegurar o financiamento do serviço universal<br />

de forma estável e segura e garantir um<br />

emprego de qualidade neste sector.


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 46


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 47<br />

que assim seja. <br />

2-027<br />

PTDirk Sterckx (AL<strong>DE</strong>). – (NL) Senhor<br />

Presidente, o compromisso que o relator e os<br />

relatores-sombra alcançaram merece o meu<br />

apoio. Penso que um mercado europeu aberto<br />

para as empresas postais constitui a única forma<br />

de abordar a concorrência com as alternativas<br />

electrónicas. Estas empresas têm de se<br />

modernizar, têm de se adaptar a novas<br />

circunstâncias; e quando se tem a almofada de<br />

um monopólio, é pouco provável que se parta<br />

em busca de novos clientes. A tendência é para<br />

que se continue a trabalhar do mesmo modo que<br />

sempre se trabalhou.<br />

Temos também um prazo claro: 2011. Assim,<br />

todos sabem com o que contar. Gostaríamos de<br />

realçar a importância do serviço público, e não


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 48<br />

só para os cidadãos, aliás, pois este serviço


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 49<br />

ente importante para as pequenas empresas.<br />

Além disso, uma questão espinhosa é a de saber<br />

como compensar a eventual perda desse serviço<br />

público.<br />

É aqui que Estados-Membros poderiam<br />

desempenhar um papel crucial, como o senhor<br />

deputado Grosch já referiu, mas não obstante<br />

gostaria de dizer que essa compensação não<br />

deve servir para permitir que os serviços postais<br />

que sempre funcionaram mal continuem por<br />

esse caminho. Temos de tornar o sector postal<br />

mais eficiente, e penso que essa será uma das<br />

principais consequências da proposta que vamos<br />

otar amanhã. <br />

2-028<br />

PTSeán Ó Neachtain (UEN). – A Uachtaráin, is<br />

é prionsabal na seirbhísí domhanda an ghné is<br />

tábhachtaí de na moltaí seo, dar liom. Ciallaíonn<br />

an prionsabal sin go gcaithfear seirbhís poist a<br />

chur ar fáil do chuile theach agus gnó san<br />

Eoraip, cúig nó sé huaire sa tseachtain. Mar sin,<br />

beidh ar chuile Bhallstát an córas sin a chur i<br />

bhfeidhm agus go gcinnteoidh sé go mbeidh an<br />

tseirbhís sin ar fáil i ngach Ballstát. Agus tá<br />

seans láidir go dtacóidh an Pharlaimint anseo<br />

t anseo leis na moltaí seo a chur i bhfeidhm ó<br />

2011 seachas 2009 agus aontaím leis sin. Maidir<br />

le cás na hÉireann, ba mhaith liom fáilte a chur<br />

roimh an socrú atá idir an Post agus Banc Fortis<br />

na Beilge. Postbank atá ar an gcomhaontú seo<br />

agus cuirfidh sé seirbhís bainc ar fáil do


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 50<br />

chustaiméirí an idirlín agus trí oifigí poist ar fud


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 51<br />

arfach é seo mar tá an Post á réiteach féin i<br />

gcomhair na hiomaíochta atá le teacht sna<br />

seirbhísí san Eoraip agus tá súil agam as seo go<br />

dtacóidh sé seo leis na hoifigí poist faoin tuath<br />

in Éirinn agus ar fud na hEorpa a choinneáil ar<br />

oscailt. Go raibh maith agat. <br />

2-029<br />

PTPierre Jonckheer (Verts/ALE). - (FR) Senhor<br />

Presidente, Senhor Comissário, gostaria de<br />

intervir sobre dois pontos. O primeiro diz<br />

respeito ao que está realmente a acontecer para<br />

além dos discursos. A questão que se coloca<br />

efectivamente é a de saber, antes de mais, se a<br />

abertura generalizada à concorrência das<br />

operadoras postais permite uma baixa relativa


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 52<br />

dos preços e, caso afirmativo, a quem é que


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 53<br />

eficia; em seguida, se permite boas condições de<br />

trabalho e, caso afirmativo, para quem, tudo isto<br />

garantindo a qualidade dos serviços.<br />

Enquanto deputados, fomos informados pelas<br />

organizações sindicais, mas também pelas<br />

próprias operadoras postais, que a experiência<br />

na Alemanha ou na Suécia não dava respostas<br />

positivas a estas questões. Na Alemanha,<br />

a estas questões. Na Alemanha, registámos<br />

perdas líquidas de 29 000 empregos na<br />

Deutsche Post, dos quais 15 000 não foram<br />

compensados por criações de empregos por<br />

parte das novas operadoras, sem contar que<br />

assistimos a uma multiplicação dos empregos


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 54<br />

precários. Na Suécia, as baixas de preços


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 55<br />

mpresas, em prejuízo dos consumidores<br />

privados e das pequenas e médias empresas.<br />

Assim, contrariamente ao que o senhor<br />

deputado Brian Simpson afirmou, não é por<br />

razões teóricas que defendemos a manutenção<br />

do domínio reservado; não é porque decidimos,


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 56<br />

em 1997, que a missa tinha necessariamente de


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 57<br />

bservar os factos, e os factos mostram que, nos<br />

inúmeros países que anteciparam a abertura à<br />

concorrência, os resultados não são os<br />

esperados. Tal facto deveria fazer-nos reflectir.<br />

O meu segundo ponto diz respeito à<br />

responsabilidade dos Estados-Membros.<br />

Efectivamente, como referiu o deputado<br />

ivamente, como referiu o deputado Mathieu<br />

Grosch, a proposta que nos é apresentada deixa<br />

uma grande autonomia aos Estados-Membros<br />

em termos quer de condições de trabalho, quer<br />

de prestação de serviços. Posto isto, estimo, pela<br />

minha parte, que não é da nossa<br />

responsabilidade de eleitos europeus definir<br />

uma lei europeia e deixar aos Estados-Membros<br />

a possibilidade de a aplicar ou não. Eis a razão<br />

bilidade de a aplicar ou não. Eis a razão pela<br />

qual as nossas alterações introduzem, no corpo<br />

da directiva, nos seus artigos, requisitos em<br />

matéria de respeito das condições de trabalho e<br />

de salário e em matéria de prestação de serviço<br />

universal. Eis onde reside, em minha opinião, a<br />

grande diferença entre as alterações do Grupo<br />

dos Verdes/Aliança Livre Europeia e as<br />

alterações de compromisso subscritas pelo


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 58<br />

Grupo do Partido Popular Europeu


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 59<br />

s e pelo Grupo da Aliança dos Democratas e<br />

Liberais pela <strong>Europa</strong>, assim como por uma parte<br />

do Grupo Socialista no Parlamento Europeu.<br />

<br />

2-030<br />

PTErik Meijer (GUE/NGL). – (NL) Senhor<br />

Presidente, há mais de um século, o falho<br />

desempenho das empresas postais privadas<br />

levou o Estado a assumir o seu controlo. Desde<br />

então, essa tem sido a melhor garantia de uma<br />

entrega atempada da correspondência contra a


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 60<br />

mesma tarifa em todo o lado. As diferenças


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 61<br />

densamente povoadas, onde a entrega de correio<br />

é lucrativa, e a zonas escassamente povoadas ou<br />

remotas, onde a entrega é dispendiosa, foram<br />

eliminadas. A triagem e a entrega de envios<br />

postais passaram para as mãos de profissionais<br />

que forneciam qualidade. Em muitos casos, os<br />

carteiros e as estações de correio tornaram-se<br />

verdadeiramente vitais, não só para os<br />

o só para os habitantes das zonas rurais mas<br />

também para os habitantes das cidades<br />

economicamente mais fracos.<br />

Já há muitos anos que constatamos que as<br />

empresas privadas adquirem com especial<br />

agrado as componentes mais lucrativas dos<br />

serviços postais, para as quais angariam<br />

preferencialmente pessoal temporário – como<br />

estudantes, donas de casa e idosos – para quem<br />

a entrega de correio não é o principal meio de<br />

o é o principal meio de subsistência. Estas<br />

empresas preferem não remunerar estas pessoas<br />

em função das horas de trabalho por elas<br />

cumpridas, mas em função do número de cartas<br />

que estas processam, e substituem as estações<br />

de correio por contratos com supermercados.<br />

Em resultado disso, os clientes têm de<br />

contentar-se com menos qualidade e o número<br />

de funcionários é drasticamente restringido. Os<br />

políticos que indultam estas práticas estão na<br />

realidade a causar um problema em vez de o<br />

resolver. Em breve seremos confrontados com o<br />

risco de os governos terem de atribuir subsídios<br />

para manter de pé as componentes da entrega<br />

postal que geram mais prejuízo, enquanto as<br />

que geram mais prejuízo, enquanto as<br />

componentes lucrativas serão seleccionadas<br />

pelas grandes empresas internacionais.<br />

Embora os compromissos celebrados entre os<br />

três maiores grupos políticos possam<br />

proporcionar um adiamento e amortecer a<br />

proposta original, nada oferecem em termos de


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 62<br />

soluções duradouras. O meu grupo apresentou


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 63<br />

e apoiou as apresentadas por outros grupos,<br />

mas considera que a rejeição da proposta e a<br />

manutenção da situação actual é de longe a<br />

melhor opção. <br />

2-031<br />

PTJohannes Blokland (IND/<strong>DE</strong>M). – (NL)<br />

Senhor Presidente, antes de mais, gostaria de<br />

felicitar o senhor deputado Ferber pelo resultado<br />

alcançado. Após anos de estudo e de debates, o<br />

mercado livre para os serviços postais está agora<br />

ao nosso alcance. A principal vantagem deste


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 64<br />

relatório consiste no facto de ter sido


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 65<br />

mercado postal. Significa isto que os<br />

fornecedores sabem com o que contar. Isso dálhes<br />

a oportunidade de adaptarem a sua gestão<br />

em conformidade - se o não fizeram já -, o que<br />

deverá conduzir a um aumento de poder do<br />

sector no seu todo. Isto é necessário para que ele<br />

possa enfrentar a concorrência da comunicação<br />

electrónica.<br />

Outra vantagem reside na atenção prestada à<br />

situação específica nos Estados-Membros. A<br />

proposta reconhece as diferenças mútuas em<br />

termos sociais, geográficos e económicos. Os<br />

Estados-Membros continuam a ter espaço de<br />

manobra suficiente para abordar estas questões<br />

prioritárias nacionais da forma que melhor lhes<br />

tárias nacionais da forma que melhor lhes<br />

convém.<br />

Não negarei que algumas empresas na <strong>Europa</strong><br />

irão enfrentar tempos difíceis. A experiência<br />

ensinou-nos, porém, que um funcionamento<br />

orientado para o mercado é útil para aguçar o<br />

espírito e aproveitar as oportunidades que se<br />

apresentam. Espero que todas as empresas<br />

postais na <strong>Europa</strong> queiram e possam travar esta<br />

batalha. <br />

2-032


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 66<br />

PTRodi Kratsa-Tsagaropoulou (PPE-<strong>DE</strong>). –


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 67


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 68<br />

r


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 69<br />

慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴<br />

慴慴慴慴慴慴慴慴 慴慴


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 70


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 71<br />

nde feito numa matéria como os serviços<br />

postais, que não é uma mera actividade<br />

económica, mas antes está interligada com a<br />

tradição, com a vida quotidiana dos cidadãos<br />

europeus e com a imagem que estes têm da<br />

eficácia do seu Estado.<br />

Considero importante que, no cerne do nosso<br />

trabalho, a nossa ambição central seja a de<br />

salvaguardar um serviço universal eficiente e<br />

viável, e apoio a alteração apresentada pela<br />

senhora deputada Barsi-Pataky e outros<br />

deputados, entre os quais me incluo, para que se<br />

utados, entre os quais me incluo, para que se<br />

continue a preparar devidamente a aplicação da<br />

livre concorrência, de modo a que a directiva de<br />

hoje possa ser aplicada até à liberalização e<br />

possa salvaguardar o correio recebido, o<br />

enviado e o publicitário. <br />

2-033<br />

PTSaïd El Khadraoui (PSE). – (NL) Senhor<br />

– (NL) Senhor Presidente, Senhoras e Senhores<br />

Deputados, a reforma do mercado postal é uma<br />

questão muito delicada, na medida em que o<br />

impacto da abertura do mercado será,


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 72<br />

obviamente, diferente em cada um dos países,


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 73<br />

ão ou da quantidade de correio que as pessoas<br />

habitualmente enviam. Essa é também, como o<br />

senhor deputado Simpson referiu, uma rede de<br />

pessoas com que todos estão em contacto.<br />

É com uma mistura de sentimentos que encaro o<br />

compromisso que amanhã será submetido à


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 74<br />

votação. Por um lado, é certamente verdade que,


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 75<br />

e refere a domínios cruciais, o compromisso<br />

está muito longe da proposta original da<br />

Comissão e da posição do relator. Estou grato<br />

ao senhor deputado Ferber pela flexibilidade<br />

que demonstrou neste tocante.<br />

A definição de prestação de serviço universal<br />

permaneceu intacta. O prazo foi estendido por<br />

dois anos. Até lá, os Estados-Membros terão de<br />

notificar qual o modelo de financiamento que<br />

inanciamento que prevêem aplicar; e, no plano<br />

social, conseguimos assegurar que, através de<br />

um regime de licenciamento, possam ser<br />

impostas as mesmas condições laborais e<br />

salariais a todos os operadores. Isto é essencial.<br />

No entanto, permanecem muitas questões por<br />

responder. Será um financiamento sustentável<br />

do serviço universal possível num mercado<br />

totalmente liberalizado? Em todas as<br />

circunstâncias? A menos, naturalmente, que<br />

partamos do princípio de que o contribuinte<br />

pagará a conta. Neste âmbito não recebemos<br />

onta. Neste âmbito não recebemos garantias<br />

suficientes. Penso que teria sido preferível que,<br />

em lugar de nos concentrarmos numa data e<br />

antes de decidirmos avançar com a<br />

liberalização, tivéssemos primeiramente<br />

averiguado em cada país se a abertura do<br />

mercado era de facto a melhor maneira de<br />

modernizar mais o sistema e de garantir a<br />

qualidade da prestação de serviço.<br />

O compromisso representa um passo em frente,<br />

mas não é suficiente. Há ainda muito trabalho a<br />

fazer. A bola está demasiado no campo dos<br />

Estados-Membros, pelo que irei sem dúvida<br />

alguma secundar algumas alterações que não<br />

foram adoptadas na comissão mas foram de<br />

novo apresentadas pelo Grupo dos<br />

dos Verdes/Aliança Livre Europeia, entre<br />

outros. <br />

2-034<br />

PTNathalie Griesbeck (AL<strong>DE</strong>). - (FR) Senhor<br />

Presidente, caros colegas, embora muitos de nós<br />

concordem que a abertura total à concorrência<br />

dos serviços postais em 20<strong>10</strong> pode favorecer a<br />

criação de serviços de dimensão europeia e terá<br />

um forte impacto sobre a criação de empregos,


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 76<br />

somos também muitos a dizer que esta


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 77<br />

o pode atentar contra a qualidade actual dos<br />

serviços postais, que participam na vida<br />

económica e social do conjunto dos nossos<br />

territórios, nomeadamente os mais remotos.<br />

Aliás, já o tinha afirmado em Fevereiro de 2006,<br />

recordando os legítimos temores dos nossos<br />

concidadãos, dos trabalhadores dos correios e<br />

das operadoras históricas. E sei que alguns<br />

temores se mantêm. Desde então, o trabalho do


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 78<br />

Parlamento, com as suas diferentes


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 79<br />

bilidades, permitiu uma maior flexibilidade<br />

tanto da definição do serviço universal como do<br />

seu financiamento, através nomeadamente da<br />

introdução do fundo de compensação, que<br />

permite repartir mais equitativamente o custo do<br />

serviço entre as operadoras conforme participam<br />

ou não, em todo ou em parte, no exercício desse<br />

serviço.<br />

Embora vigiando de perto a aplicação pelas<br />

autoridades dos diferentes países,<br />

nomeadamente o meu, de uma definição<br />

o meu, de uma definição ambiciosa do serviço<br />

universal, estaremos muito atentos aos seus<br />

mecanismos de financiamento que permitam<br />

dispor de um serviço postal de qualidade para o<br />

conjunto dos nossos territórios, e sobretudo para<br />

os nossos concidadãos, para os trabalhadores,<br />

mas sobretudo para os cidadãos europeus no seu<br />

conjunto. <br />

2-035<br />

PTPRESIDÊNCIA: ONESTA<br />

Vice-presidente<br />

2-036


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 80<br />

PT


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 81<br />

慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴<br />

慴慴慴慴慴 Z b i g<br />

n i e w K r z y s z t o f<br />

K u z m i u k ( U E N ) .<br />

( P L ) S e n h o r<br />

P r e s i d e n t e , a<br />

p r o p ó s i t o d o<br />

d e b a t e s o b r e a<br />

l i b e r a l i z a ç ã o<br />

d o s s e r v i ç o s<br />

p o s t a i s , q u e r i a<br />

e x p r e s s a r a<br />

m i n h a<br />

s a t i s f a ç ã o p e l a s<br />

a l t e r a ç õ e s<br />

a p r e s e n t a d a s<br />

p e l a C o m i s s ã o<br />

d o s T r a n s p o r t e s<br />

e d o T u r i s m o à


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 82<br />

p r o p o s t a d a


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 83<br />

Vão, de certo modo, ao encontro das<br />

expectativas dos novos Estados-Membros.<br />

Registamos, em primeiro lugar, o alargamento,<br />

em dois anos, do prazo para a plena<br />

liberalização do mercado dos serviços postais<br />

nos novos Estados-Membros. Trata-se de um<br />

alargamento imprescindível para que as<br />

empresas postais desses países possam proceder<br />

à reestruturação necessária para conseguirem<br />

necessária para conseguirem competir com as<br />

poderosas empresas postais dos Estados-<br />

Membros mais antigos.<br />

Em segundo lugar, devíamos realçar os<br />

subsídios complementares para as empresas que<br />

prestam “serviços universais” ou a criação de<br />

um fundo especial para o qual contribuirão<br />

todos os operadores ou, ainda, o sistema de<br />

compensação estatal para os operadores que<br />

fornecem esse tipo de serviços.<br />

Trata-se de uma solução da maior importância<br />

para países como a Polónia, onde grande parte<br />

da população vive em zonas rurais,<br />

frequentemente em povoados muito remotos, o<br />

que aumenta significativamente os custos do<br />

fornecimento de serviços postais. <br />

2-037<br />

PTJoost Lagendijk (Verts/ALE). – (NL) Senhor<br />

nhor Presidente, Senhoras e Senhores<br />

Deputados, como já foi dito em muitas ocasiões<br />

nesta Câmara, aquilo que está a acontecer,<br />

aquilo que estamos agora a debater, é inevitável,<br />

mas os consumidores não devem ter receio: a<br />

prestação de serviço irá melhorar e os preços<br />

irão descer.<br />

Sejamos honestos caros colegas: todos sabemos<br />

que tais garantias não existem. Sabemo-lo por<br />

experiência, por exemplo na Suécia e no Reino<br />

Unido. Nos pequenos mercados postais, a<br />

substituição do monopólio estatal irá<br />

seguramente conduzir a um monopólio privado,


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 84<br />

e todos sabemos que tal significa que não há


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 85<br />

de preços mais baixos.<br />

Muito francamente, aquilo que mais me aflige é<br />

a posição, o futuro, dos trabalhadores


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 86<br />

actualmente afectos ao sector postal. Exprimo


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 87<br />

te sentimento com base na experiência, por<br />

exemplo na parte do mercado postal neerlandês<br />

que já foi liberalizada e onde verificamos que<br />

muitos dos empregos permanentes se<br />

transformaram em empregos incertos a tempo<br />

parcial. Também neste domínio temos de ser<br />

honestos com os cidadãos da <strong>Europa</strong>. Por<br />

definição, as coisas não melhoram com a<br />

liberalização.<br />

E digo isto também com base na minha<br />

experiência, na minha experiência pessoal. O<br />

meu pai trabalhou no sector postal durante 40<br />

anos, tal como os meus tios e os meus primos.<br />

Esses empregos eram motivo de orgulho, e para<br />

muita gente, aliás. Sei que esse mundo de<br />

outrora, o mundo das velhas certezas, não vai<br />

voltar. Não é por nostalgia ou por um espécie<br />

de romantismo descabido que eu apelaria a que<br />

voltássemos a essa era, mas isso deixa-me, por<br />

xa-me, por assim dizer, com uma sensação de<br />

desconforto em relação ao futuro incerto de<br />

muitas pessoas que actualmente trabalham no<br />

sector postal e que se orgulham disso, ou das<br />

pessoas que têm orgulho nos seus carteiros.<br />

Isto suscita-me também muitas dúvidas quanto à<br />

questão de saber se é realmente esta a<br />

mensagem que deveríamos transmitir agora<br />

enquanto Parlamento Europeu: nobres<br />

promessas aos consumidores, que sabemos que<br />

omessas aos consumidores, que sabemos que<br />

não vamos poder cumprir, ou anúncios de<br />

mudanças abrangentes para os trabalhadores,<br />

cujo impacto nós sabemos que poderá vir a ser<br />

enorme. Este não é o meu conceito de uma<br />

<strong>Europa</strong> social. <br />

2-038


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 88<br />

PTPatrick Louis (IND/<strong>DE</strong>M). - (FR)


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 89<br />

caros colegas, a concorrência possui virtudes<br />

mas, em economia de mercado, antes de laisser<br />

faire há muito o que fazer. A este título, o<br />

ordenamento do território constitui uma das<br />

condições da atracção, da eficácia económica e<br />

da qualidade de vida. A privatização integral do<br />

serviço postal pode atentar contra esse<br />

ordenamento do território e, por conseguinte,<br />

contra o bem das nações.


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 90


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 91<br />

com uma topologia homogénea. De facto,<br />

conforme os lugares, os custos de entrega do<br />

pequeno correio diferem muitíssimo. Privatizar<br />

o serviço significa que, mais cedo ou mais tarde,<br />

ele será facturado ao custo real ou abandonado,<br />

pelo que as zonas rurais ou remotas, já<br />

ameaçadas de desertificação económica,<br />

sofrerão uma desvantagem competitiva que as<br />

mergulhará na espiral deflacionista.<br />

Assim, temos de admitir mais uma vez, nesta<br />

Assembleia, que os nossos países são diferentes<br />

pela sua natureza e pela sua cultura. Precisamos<br />

Precisamos portanto de dar a cada um deles a<br />

liberdade soberana de encontrarem a solução<br />

que lhes convém. O mercado interno não<br />

representa uma finalidade em si, não passa de<br />

um instrumento ao serviço do bem das nações.<br />

Saibamos não o esquecer, no superior interesse<br />

dos nossos compatriotas! <br />

2-039<br />

PTCorien Wortmann-Kool (PPE-<strong>DE</strong>). – (NL)<br />

Senhor Presidente, gostaria de agradecer ao


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 92<br />

senhor deputado Ferber pelo trabalho que


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 93<br />

a questão que afecta muitos cidadãos na<br />

<strong>Europa</strong>, uma vez que a oferta de um serviço<br />

diversificado e eficaz aos consumidores e às<br />

empresas é algo que os velhos monopólios<br />

estatais já não estão em condições de fazer sem<br />

estímulos do mercado. É positivo, pois, que até<br />

ao final de 20<strong>10</strong> esses monopólios tenham sido<br />

extintos, criando assim mais espaço para a<br />

inovação e a nova prestação de serviços.<br />

O Conselho está dividido, mas, sob a égide do<br />

senhor deputado Ferber, este Parlamento toma<br />

uma vez mais a iniciativa de oferecer uma<br />

solução para um assunto delicado. A proposta<br />

que temos agora em cima da mesa é, a meu ver,<br />

uma proposta equilibrada, que prevê uma data<br />

clara para a extinção dos monopólios e para o<br />

estabelecimento da reciprocidade.<br />

A existência de condições de concorrência<br />

equitativas é, contudo, um factor de vital


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 94<br />

importância neste contexto. No que respeita às


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 95<br />

rcado, há que fazer justiça – e está-se a fazer<br />

justiça – a diferentes interesses. É por isso que<br />

os Estados-Membros dispõem de uma vasta


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 96<br />

gama de possibilidades no que se refere ao


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 97<br />

do serviço. No entanto, isto encerra também o<br />

risco de burocracia, de falta de transparência e<br />

de oportunidades indirectas para proteger o<br />

mercado. É por esse motivo que a Comissão tem<br />

a enorme tarefa de proceder a avaliações muito<br />

críticas dos planos e das condições de<br />

financiamento dos Estados-Membros e de<br />

verificar se a concorrência é leal.


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 98<br />

O senhor deputado Meijer ainda vive,


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 99<br />

entemente, no século passado, pois há muitos<br />

anos que o mercado postal vem sofrendo<br />

mudanças profundas. O correio electrónico, a<br />

Internet e outras tecnologias da comunicação<br />

geraram muitas mudanças e alteraram<br />

radicalmente o mercado postal. Embora isto<br />

implique inevitavelmente uma perda de postos<br />

de trabalho, um mercado liberalizado lança um<br />

desafio à nossa criatividade. Novos serviços e<br />

novas actividades geram também novo<br />

emprego, como a experiência já demonstrou, e<br />

esse emprego é mais sustentável em termos de<br />

mais sustentável em termos de futuro do que a<br />

manutenção dos velhos monopólios estatais.<br />

<br />

2-040<br />

PTRobert Navarro (PSE). - (FR) Senhor<br />

Presidente, quero antes de mais transmitir-lhes<br />

as desculpas do meu colega Gilles Savary, que<br />

está bloqueado em Bordéus.<br />

Neste momento em que se decide o futuro do<br />

serviço público postal, gostaria de insistir num<br />

ponto específico: o do financiamento do serviço<br />

ento do serviço universal. O que nos propõem<br />

hoje é a substituição do que sobra do monopólio<br />

residual, que serve para financiar o serviço<br />

universal de forma simples e transparente, por<br />

uma paleta de sistemas complexos e pouco<br />

transparentes, cujo único mérito seria o de<br />

garantir uma concorrência livre e não distorcida<br />

no sector postal. Ora, essa paleta contém fundos


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> <strong>10</strong>0<br />

de compensação que todos sabemos


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> <strong>10</strong>1<br />

ta a contenciosos permanentes, subsídios<br />

públicos que auguram processos contra os<br />

Estados-Membros ou um sistema dito de "play<br />

or pay" que nunca foi experimentado e que,<br />

também ele, corre o risco de abrir a porta a<br />

contestações sem fim.<br />

No fundo, este elefante branco que queremos


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> <strong>10</strong>2<br />

construir é consequência de uma opção


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> <strong>10</strong>3<br />

e ver com a eficácia real e a qualidade do<br />

serviço postal. A prazo, este sistema levará a<br />

uma redução progressiva do campo do serviço<br />

universal e ao fim da tarifa única, tendo<br />

simultaneamente um impacto mais que<br />

previsível sobre o emprego e os custos<br />

administrativos.<br />

Não podemos perfilhar tal situação. O serviço<br />

postal, nomeadamente nas zonas rurais, não se<br />

resume a um simples serviço comercial,<br />

constituindo sim uma ferramenta ao serviço da<br />

coesão social e territorial, e não é<br />

desmantelando-o que vamos reconciliar a<br />

<strong>Europa</strong> com os cidadãos. <br />

2-041<br />

PTJeanine Hennis-Plasschaert (AL<strong>DE</strong>). – (NL)<br />

Senhor Presidente, devo dizer muito<br />

honestamente que, para um Liberal, o<br />

compromisso que temos diante de nós não<br />

constitui motivo de regozijo. Após 15 anos de<br />

debate, a data de entrada em vigor acabou por<br />

ser protelada. Além disso, o compromisso<br />

contém as necessárias disposições<br />

proteccionistas que impedem a total abertura do<br />

mercado e suscitam muitas incertezas jurídicas.<br />

Os debates são frequentemente dominados por<br />

interesses nacionais. Especialmente os Estados-<br />

Membros que não operaram reformas


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> <strong>10</strong>4<br />

suficientes durante os últimos anos são


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> <strong>10</strong>5


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> <strong>10</strong>6<br />

o


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> <strong>10</strong>7<br />

慴慴慴慴慴慴 慴慴慴慴慴 慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴漠漠<br />

tecem o compromisso, nem aqueles que traçam<br />

os mais diversos cenários catastróficos e/ou<br />

falam de dumping social. <br />

2-042<br />

PTENClaude Turmes (Verts/ALE). – (<strong>DE</strong>)<br />

Senhor Presidente, o Grupo dos Verdes/Aliança<br />

Livre Europeia, a que pertenço, está a tentar<br />

avaliar a liberalização segundo os critérios mais<br />

imparciais e isentos de ideologia que é possível.<br />

Quais serão as suas consequências para os<br />

consumidores? E para as condições de trabalho?<br />

E para o ambiente? Os meus colegas senhora<br />

deputada Lichtenberger e senhor deputado<br />

Jonckheer já referiram a política económica e o<br />

impacto social. Porém, em termos ambientais, a<br />

presente proposta é um absurdo: às 8 da manhã<br />

chega a carrinha postal amarela, às 9 chega a<br />

carrinha azul, às <strong>10</strong> a carrinha vermelha e às 11<br />

a carrinha preta. Nenhuma das carrinhas é<br />

utilizada de forma eficiente: por outras palavras,


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> <strong>10</strong>8<br />

numa altura em que tanto falamos das alterações


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> <strong>10</strong>9<br />

s a lançar a confusão total na logística postal e<br />

a dar origem a mais tráfego desnecessário nas<br />

estradas.<br />

É esta dependência cega da liberalização por<br />

parte dos conservadores, dos liberais e de alguns<br />

socialdemocratas que põe em risco o importante<br />

projecto europeu aos olhos do público. <br />

2-043<br />

PTEtelka Barsi-Pataky (PPE-<strong>DE</strong>). – (HU) A


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 1<strong>10</strong><br />

abertura plena dos mercados europeus é um


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 111<br />

so importante para a eliminação dos obstáculos<br />

que restam ao mercado único europeu. O acordo<br />

político do Parlamento permite que os<br />

prestadores de serviços postais que actualmente<br />

ainda detêm uma posição de monopólio se<br />

preparem para a concorrência em finais de<br />

2012. Felicito o relator por este acordo.<br />

O nosso objectivo é que a legislação europeia<br />

torne todos os operadores competitivos, de<br />

modo a que esta legislação não represente uma<br />

desvantagem para as empresas que irão estar em<br />

concorrência após a liberalização do mercado,<br />

rrência após a liberalização do mercado, mas<br />

que, pelo contrário, abra novas perspectivas.<br />

Para que tal aconteça, as fontes de receita<br />

presentemente asseguradas pela directiva em<br />

vigor devem permanecer disponíveis para as<br />

empresas e serviços postais em causa, até ao<br />

final do período de derrogação.<br />

Quarenta colegas e eu própria apresentámos<br />

uma iniciativa, que, de forma decisiva e sem<br />

ambiguidades, estipula quais são esses direitos.<br />

Insto o Parlamento a apoiar esta iniciativa. Por<br />

to a apoiar esta iniciativa. Por outro lado,<br />

esperamos que os serviços postais utilizem este<br />

período de derrogação para se tornarem<br />

verdadeiramente competitivos, e que o façam de<br />

modo não prejudicial para as regiões mais<br />

pequenas.<br />

A minha colega, a senhora deputada Becsey,<br />

chamou frequentemente a atenção para o facto<br />

de o acordo parlamentar nos oferecer a<br />

oportunidade de dotar os serviços universais<br />

obrigatórios de uma base financeira mais<br />

segura, coisa que os cidadãos europeus esperam<br />

que façamos. Por conseguinte, chamo a atenção<br />

de todos para o facto de termos ainda muito<br />

trabalho pela frente, mesmo depois de a<br />

directiva ser adoptada. <br />

2-044<br />

PTAlain Hutchinson (PSE). - (FR) Senhor<br />

Presidente, em contracorrente à maioria que<br />

parece estar a formar-se na nossa Assembleia,<br />

gostaria esta manhã de fazer ouvir a voz dos<br />

mais modestos dos nossos concidadãos, a voz<br />

daqueles para quem os serviços públicos<br />

constituem um património importante uma vez<br />

que, pelo seu lado, não dispõem de nenhum<br />

lado, não dispõem de nenhum património.<br />

Gostaria de frisar os efeitos nefastos e<br />

desastrosos que provocam as múltiplas<br />

liberalizações aprovadas no seio deste<br />

Parlamento nos domínios, por exemplo, da<br />

energia, dos transportes e, agora, dos serviços<br />

postais. Efeitos desastrosos no sentido de que as<br />

liberalizações provocam, para muitos dos


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 112<br />

nossos concidadãos, inconvenientes enormes<br />

ligados tanto a uma degradação constatada da<br />

qualidade desses serviços a partir da sua<br />

liberalização - basta ver o que se passa na


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 113<br />

Suécia - como a um encarecimento quase


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 114<br />

erviços, ou ainda às numerosas perdas de<br />

empregos públicos, os quais são muito<br />

simplesmente substituídos por empregos de má<br />

qualidade.<br />

Eis a razão pela qual, Senhor Presidente, votarei<br />

- bem como a delegação socialista belga<br />

francófona - contra a liberalização dos serviços<br />

postais, tentando simultaneamente melhorar o<br />

conteúdo da proposta graças a alterações que<br />

poderiam salvaguardar uma parte desses<br />

serviços, nomeadamente as alterações que


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 115<br />

reintroduzem a possibilidade de cada Estado-


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 116<br />

mínio reservado a fim de financiar o serviço<br />

universal de que todos os cidadãos devem poder<br />

beneficiar. <br />

2-045<br />

PT<br />

O n a J u k n e v i<br />

i e n ( A L D E ) .<br />

( L T ) L a m e n t o<br />

q u e n ã o<br />

c o n s i g a m o s a<br />

a b e r t u r a t o t a l<br />

d o m e r c a d o d o s<br />

s e r v i ç o s<br />

p o s t a i s e m<br />

2 0 0 9 . O s<br />

c o n s u m i d o r e s e<br />

o s p r e s t a d o r e s<br />

d e s e r v i ç o s<br />

s e r ã o o s m a i s<br />

p r e j u d i c a d o s<br />

c o m e s s e f a c t o .<br />

A p r a z - m e q u e<br />

a z - m e q u e e s t e<br />

a s s u n t o e s t e j a<br />

a g o r a a s e r<br />

d i s c u t ido amplamente na Lituânia.<br />

Espero que, no meu país, a abertura do mercado<br />

dos serviços postais ocorra bastante antes de<br />

2013. Concordo que o futuro dos serviços<br />

universais não deverá ser decidido<br />

exclusivamente pelas forças de mercado; são<br />

necessárias medidas regulamentares. No<br />

entanto, não considero necessário o<br />

financiamento temporário, especialmente se for<br />

proporcionado por fundos estatais. Há quem<br />

receie que a abertura do mercado dos serviços<br />

postais provoque o desemprego de muitas<br />

pessoas. No entanto, a investigação levada a<br />

levada a cabo e a experiência de outros países<br />

demonstram que a abertura do mercado dos<br />

serviços postais induz uma expansão desses<br />

serviços. A maioria dos postos de trabalho<br />

mantém-se. São criadas novas oportunidades de<br />

emprego nos estabelecimentos de novos<br />

operadores. Votarei a favor deste texto, que,<br />

embora não seja muito ambicioso, representa,<br />

ainda assim, um passo em frente. <br />

2-046<br />

PTChristine De Veyrac (PPE-<strong>DE</strong>). - (FR)


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 117<br />

Senhor Presidente, gostaria em primeiro lugar


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 118<br />

os importantes esforços que ele tem vindo a<br />

desenvolver nestes últimos meses, ou mesmo<br />

anos, como pelo seu espírito de abertura e pela<br />

sua capacidade de ouvir os outros, pois, como<br />

ele sabe, nem sempre partilhámos os mesmos<br />

pontos de vista sobre este complexo dossier.<br />

Neste momento em que o Parlamento Europeu<br />

se prepara para votar a última etapa da<br />

liberalização postal, a do correio de menos de<br />

50 gramas, gostaria de me congratular com<br />

aquilo que me parece ser um progresso para os<br />

utilizadores. A concorrência é, com efeito,<br />

sinónimo de melhoria do serviço, como<br />

testemunham os esforços de modernização<br />

empreendidos por diversos monopólios postais<br />

nacionais desde a altura em que souberam que<br />

terão de enfrentar novas operadoras no seu<br />

mercado nacional.<br />

A concorrência é também sinónimo de melhoria<br />

da competitividade para um sector cujo volume<br />

de negócios está em baixa e que, se não<br />

fizermos nada, se afundará esmagado pelos<br />

défices e acabará por perder toda e qualquer<br />

atracção aos olhos dos utilizadores. Não quero<br />

citar nenhum exemplo concreto, mas todos nós


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 119<br />

temos presentes exemplos de países onde o


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 120


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 121<br />

blico já não assegura correctamente o serviço


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 122<br />

eve aos utilizadores.<br />

Assim, embora confirmemos amanhã a última<br />

etapa da liberalização, a concorrência não


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 123<br />

constitui, para mim, um fim em si. Tem de


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 124<br />

viço dos utilizadores, e congratulo-me com o<br />

facto de o texto votado pelo Parlamento<br />

Europeu prever explicitamente que a<br />

distribuição do correio a qualquer cidadão da<br />

UE, habite ele onde habitar, constitui um<br />

princípio obrigatório. Congratulo-me também<br />

com o facto de o texto prever explicitamente<br />

que a operadora que deverá assumir o serviço<br />

universal, e que terá portanto encargos<br />

suplementares, poderá ser financiado por uma<br />

taxa sobre a actividade dos seus concorrentes<br />

não sujeitos às mesmas obrigações, ou poderá<br />

mesmo ser eventualmente financiado - porque<br />

não - por subvenções públicas. Este tipo de<br />

financiamento será legal e todos os Estados<br />

poderão recorrer a eles. Até que montante? Eis a<br />

pergunta a que a segunda leitura e o tempo que<br />

nos separa da liberalização efectiva deverão<br />

permitir-nos responder.


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 125


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 126<br />

o um pedido à Comissão Europeia que tinha<br />

formulado em comissão parlamentar e através<br />

de uma pergunta escrita a que não obtive<br />

resposta: quando é que ela tenciona publicar as<br />

linhas directrizes para o cálculo do custo do<br />

serviço universal? Tanto os deputados como os<br />

Estados precisam de saber quais são as<br />

orientações da Comissão sobre o que ela<br />

considera que faz ou não parte do serviço<br />

universal. Seja como for, teremos necessidade<br />

de uma clarificação sobre este ponto antes da<br />

segunda leitura para podermos manter o nosso<br />

apoio a este texto. <br />

2-047<br />

PTZita Gurmai (PSE). – (HU) O sector postal<br />

europeu representa 1% do PIB da UE e emprega<br />

perto de 3 milhões de pessoas, afectando<br />

indirectamente, através dos familiares, cerca de<br />

5 milhões de pessoas. De acordo com o estudo<br />

efectuado pela PricewaterhouseCoopers,<br />

ela PricewaterhouseCoopers, existem diferenças<br />

enormes entre os vários Estados-Membros a<br />

nível do grau de preparação para uma


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 127<br />

liberalização plena. Em situação de maior risco


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 128<br />

is dos novos Estados-Membros e as pessoas<br />

que trabalham no sector.<br />

Uma liberalização rápida pode causar uma<br />

considerável perda de negócio aos operadores<br />

postais estatais. Na Grã-Bretanha, a abertura<br />

plena do mercado iniciou-se em 1 de Janeiro de


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 129<br />

2006, e, no espaço de um ano, o Royal Mail


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 130<br />

negócio num volume de 2 milhões de cartas<br />

profissionais a favor da concorrência.<br />

Numerosos postos de trabalho podem também<br />

ficar em risco: na Alemanha, por exemplo, de<br />

acordo com o director do Deutsche Post, a<br />

abertura do mercado pode provocar a extinção<br />

de nada mais, nada menos do que 30 000 postos<br />

de trabalho, no caso de esse operador perder<br />

20% de quota de mercado da distribuição de<br />

cartas de pouco peso, serviço sobre o qual ainda<br />

detém o monopólio.<br />

Analisando atentamente o assunto, verifica-se<br />

não ser coincidência o facto de a maioria das<br />

comissões do Parlamento Europeu não<br />

considerar 2009 uma data aceitável para a plena<br />

abertura do mercado, propondo, em vez desta,<br />

uma data mais tardia, tendo sido mencionado o<br />

ano de 2013. É claro que devemos apoiar o<br />

alargamento completo das quatro liberdades<br />

pleto das quatro liberdades fundamentais,<br />

incluindo o princípio comunitário relativo aos<br />

serviços, mas uma condição indispensável para<br />

tal é que a cada Estado-Membro seja dado<br />

tempo suficiente e um calendário preciso que<br />

possa ser monitorizado pela Comissão, de modo<br />

a preparar-se a nível técnico.<br />

ar-se a nível técnico.<br />

Além disso, no que respeita à liberalização e de<br />

modo a assegurar a livre concorrência, é muito<br />

importante que todos os operadores postais do<br />

sector fiquem sujeitos a um conjunto unificado<br />

de condições de funcionamento que garanta que<br />

um conjunto unificado de critérios qualitativos e<br />

de condições de funcionamento seja aplicado<br />

aos novos operadores que entrem no mercado.


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 131<br />

Senhor Deputado Brian Simpson, agradeço a


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 132<br />

s dos novos Estados-Membros. <br />

2-048<br />

PTOlle Schmidt (AL<strong>DE</strong>). – (SV) Espero que<br />

seja bem sucedido, senhor deputado Ferber.<br />

Mais vale tarde do que nunca! Os serviços<br />

postais suecos já estão desregulados desde 1993.<br />

O que eu gostaria de dizer aos meus colegas<br />

senhora deputada Lichtenberger, senhor<br />

deputado Wurtz e outros cépticos é que a Suécia<br />

constitui um excelente exemplo de um mercado<br />

aberto de serviços postais que funciona. Todas<br />

as sondagens mostram que os consumidores<br />

estão mais do que satisfeitos. O serviço


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 133<br />

melhorou, os horários de abertura foram


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 134<br />

os e há maior acessibilidade. Há agora mais<br />

40% de balcões postais nas localidades<br />

pequenas do que havia em 2001. Os colegas<br />

belgas que estão preocupados podem ter em<br />

mente que, em termos de superfície, a Suécia é<br />

15 vezes maior do que a Bélgica. Há quase 350<br />

habitantes por quilómetro quadrado na Bélgic<br />

ão com os 22 da Suécia, onde a topografia é<br />

bastante diferente. O correio chega a tempo,<br />

mesmo no meu extenso e escassamente povoado<br />

país, e o Estado não precisa de orçamentar<br />

recursos suplementares para assegurar que os<br />

serviços são devidamente prestados em todo o<br />

território.<br />

Tempos novos exigem soluções novas. Não<br />

tenham receio, meus amigos.


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 135<br />

Por último, a alteração 79 refere-se a uma


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 136<br />

abertura e transparência com vista a evitar a<br />

concorrência desleal e os subsídios cruzados.<br />

<br />

2-049<br />

PTAstrid Lulling (PPE-<strong>DE</strong>). - (FR) Senhor<br />

Presidente, tive de me resignar: a guerra contra<br />

a liberalização generalizada dos serviços postais<br />

já não pode ser ganha, nem no Conselho nem<br />

aqui. Assim, resignei-me a lutar por uma<br />

tomada em consideração da situação muito<br />

especial dos correios no meu pequeno país.<br />

Com efeito, o nosso mercado constitui uma<br />

presa muito atraente e é particularmente<br />

disputado porque a sua clientela representa 70%<br />

o porque a sua clientela representa 70% do<br />

volume do correio com, além disso, uma das<br />

densidades demográficas mais elevadas, e um<br />

número de 455 peças - cartas ou encomendas -<br />

tratadas por pessoa e por ano, ou seja, um dos<br />

volumes mais elevados na <strong>Europa</strong>. A isto há que<br />

acrescentar um custo da mão-de-obra mais de<br />

duas vezes superior ao dos seus concorrentes,<br />

es superior ao dos seus concorrentes, por razões<br />

históricas que nada têm a ver com uma eventual<br />

ineficácia dos correios.<br />

Diversos modelos econométricos mostram que,<br />

em caso de liberalização total, a parte do<br />

mercado servida pelos nossos correios reduzirse-ia<br />

a uma fracção mínima de 4%, gerando um<br />

excedente de 940 empregos dos 1 500 empregos<br />

actuais, a maior parte dos quais intocáveis<br />

devido ao estatuto protegido do funcionário<br />

público. As tarifas deveriam ser multiplicadas<br />

por cinco para financiar os custos de uma<br />

cobertura a <strong>10</strong>0% do território nacional e para<br />

manter a frequência de 5 distribuições semanais,<br />

em caso de financiamento por subvenções<br />

inscritas no orçamento de Estado. Totalizando<br />

um montante de 36 milhões de euros, correriam<br />

o risco de pulverizar os critérios de Maastricht<br />

richt em matéria de défice público. Assim,<br />

justifica-se também adiar até 2013 o prazo para<br />

a liberalização no meu país.<br />

Eis a razão por que lhes peço encarecidamente<br />

que votem favoravelmente a alteração 62 do<br />

meu grupo, a qual permitirá reduzir o impacto<br />

negativo da liberalização total no meu país, pelo<br />

menos por um certo tempo. <br />

2-050<br />

PTEmanuel Jardim Fernandes (PSE). – Senhor<br />

Presidente, gostaria de saudar o relator, o colega<br />

taria de saudar o relator, o colega Ferber, pela<br />

qualidade do seu relatório, mas também Brian<br />

Simpson pelo esforço de compromisso no<br />

sentido de alargar o prazo da abertura e<br />

assegurar o funcionamento e o financiamento do<br />

serviço universal.


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 137<br />

A última fase da liberalização dos serviços<br />

postais estava longe de conseguir um mercado


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 138<br />

s consumidores, os trabalhadores e as<br />

empresas. O caminho adoptado pela Comissão<br />

na sua proposta não garantia suficientemente a<br />

universalidade do serviço, nem clarificava a<br />

forma do seu financiamento, daí que tivesse


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 139<br />

apoiado o colega Brian Simpson quanto à


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 140<br />

e apresentação de estudos, por parte da<br />

Comissão, sobre os custos das obrigações de<br />

serviço público a serem realizados nos planos<br />

nacionais, nas regras de financiamento do<br />

serviço universal, adaptadas às diferentes<br />

características dos Estados e das suas regiões,<br />

inclusive as ultraperiféricas, onde os custos de<br />

provisão destes serviços são normalmente mais<br />

elevados.<br />

Só depois de aprovados pela Comissão deveria<br />

ser utilizada a abertura do serviço postal abaixo<br />

das 50 gramas e daí o apoio ao compromisso de<br />

fixar a data de Dezembro de 20<strong>10</strong>, ou de<br />

Dezembro de 2012, para os novos Estados, ou,<br />

Estados, ou, como eu desejaria para todos,<br />

Dezembro de 2011.<br />

Outras possibilidades expressas através de<br />

alterações ainda presentes no plenário<br />

mereceram também o meu acordo porque a<br />

abertura, sem a salvaguarda do serviço público e<br />

do seu funcionamento, seria um mau passo para<br />

o emprego, o crescimento e para a manutenção<br />

do serviço universal. Reitero, no entanto, que a<br />

aprovação de uma nova data na votação de<br />

de uma nova data na votação de amanhã, na<br />

base de um compromisso eventualmente com<br />

alguma alteração complementar, é fundamental<br />

para a evolução destes serviços. <br />

2-051<br />

PTReinhard Rack (PPE-<strong>DE</strong>). – (<strong>DE</strong>) Senhor<br />

Presidente, “o carteiro traz sempre alguma coisa<br />

para toda a gente”, como diz o anúncio dos<br />

serviços postais austríacos. A liberalização do<br />

sector irá trazer alguma coisa para toda a gente,<br />

se for devidamente organizada e se for garantido<br />

que os serviços são prestados a todos, que o<br />

correio vai ser também distribuído nos Alpes e<br />

não só nas zonas industrializadas, que os<br />

trabalhadores terão condições de trabalho boas e<br />

s e seguras e que o serviço universal será<br />

financiado naqueles segmentos que não são<br />

especialmente lucrativos.<br />

O relatório Feber, na sua versão actual, contém<br />

boas respostas para todas estas questões, o que<br />

significa regulamentos razoáveis para os<br />

serviços postais, para os seus trabalhadores e,<br />

sobretudo, para os seus clientes. Com este<br />

. Com este relatório, vamos garantir que a<br />

<strong>Europa</strong> traz alguma coisa para toda a gente!<br />

<br />

2-052<br />

PTNicole Fontaine (PPE-<strong>DE</strong>). - (FR) Senhor<br />

Presidente, Senhor Comissário, caros colegas,<br />

nunca se r á demais frisar que estamos neste<br />

momento a co-legislar sobre o serviço postal<br />

1 Ver infra.


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 141<br />

para perto de 500 milhões de cidadãos europeus.


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 142


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 143<br />

numa perspectiva económica e com sensatez, e


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 144<br />

o impacto que terão as nossas decisões para uma<br />

população tão vasta quanto geograficamente<br />

diversificada.<br />

Numa perspectiva económica porque o princípio<br />

a porque o princípio de abrirmos<br />

progressivamente à concorrência a totalidade<br />

das actividades económicas não só é inerente à<br />

própria noção de mercado interno sem fronteiras<br />

internas, como se encontra inscrito, desde 1957,


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 145<br />

as, como se encontra inscrito, desde 1957, no


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 146<br />

atado fundador da União, sendo benéfico em<br />

muitos aspectos, como referiu com muita razão


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 147<br />

Christine De Veyrac. É dever e mérito da


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 148


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 149<br />

ja posto em prática sem proteccionismo


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 150


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 151<br />

do.


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 152


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 153<br />

alidade


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 154<br />

慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴慴<br />

慴慴<br />

er<br />

tura do mercado. Trata-se de um assunto que


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 155<br />

será essencial também nas discussões com o


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 156<br />

-Membros pretendem mais tempo, outros já<br />

abriram os respectivos mercados ou fá-lo-ão<br />

antes de 2009 e um número significativo de<br />

Estados-Membros concorda com a proposta da<br />

Comissão neste aspecto.<br />

O Parlamento sugeriu que se solicitasse ainda à<br />

Comissão que forneça assistência e orientação<br />

para a aplicação desta directiva após a sua<br />

entrada em vigor mas antes de 1 de Janeiro de


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 157<br />

2009. A Comissão sempre se mostrou


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 158


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 159<br />

Membros e fê-lo em diversas ocasiões. No<br />

entanto, fê-lo de forma autónoma, o que, como


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 160


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 161<br />

ros certamente compreenderão, assume


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 162<br />

to das suas responsabilidades ao abrigo do<br />

Título VI do Tratado CE. Serei muito claro: a<br />

Comissão não deixará os Estados-Membros por<br />

sua conta após a adopção desta importante<br />

directiva pelo legislador.


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 163


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 164<br />

iços postais seja um êxito. Queremo-lo pelos<br />

nossos utentes e pelos operadores mas também<br />

pelos muitos milhares de carteiros que garantem<br />

que o correio é um dos nossos serviços mais<br />

acarinhados. A Comissão fará tudo o que estiver<br />

ao seu alcance para contribuir para este<br />

objectivo.<br />

Está sobre a mesa um elevado número de<br />

alterações. Mandei elaborar um apanhado da<br />

posição da Comissão sobre as alterações, o qual


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 165<br />

será transmitido aos serviços do Parlamento


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 166<br />

ço ao relator, senhor deputado Ferber, e saliento<br />

a importância de avançar com tão sensível e<br />

importante dossier. <br />

2-054<br />

PTPosição da Comissão sobre as alterações<br />

apresentadas pelo Parlamento<br />

A. Alterações que a Comissão pode aceitar,<br />

pode aceitar em princípio/em parte e/ou pode<br />

aceitar na condição de serem reformuladas:<br />

1, 2, 3, 4, 8, 9, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 20,<br />

25, 26, 27, 28, 29, 30, 31, 32, 33, 35, 37, 39, 41,<br />

27, 28, 29, 30, 31, 32, 33, 35, 37, 39, 41, 44, 46,<br />

47, 49, 51, 52, 53, 55, 56, 60, 63, 65, 75, 76, 79,<br />

80, 82, 83.<br />

B. Alterações que a Comissão não pode aceitar:<br />

5, 6, 7, <strong>10</strong>, 19, 21, 22, 23,24, 34, 36, 38, 40, 42,<br />

43, 45, 48, 50, 54, 57, 58, 59, 61, 62, 64, 66, 67,<br />

68, 69, 70, 71, 72, 73, 74, 77, 78, 81, 84.<br />

<br />

2-055<br />

PTPresidente. – Está encerrado o debate.<br />

A votação terá lugar amanhã, quarta-feira.<br />

Declarações escritas (Artigo 142º) <br />

2-055-500<br />

PT<br />

S i l v i<br />

a - A d r i a n a b i c u<br />

( P S E ) , î n s c r i s .<br />

A p r e c i e z c a<br />

e x t r e m d e<br />

f a v o r a b i l a<br />

s u s t i n e r e a<br />

P a r l a m e n t u l u i<br />

E u r o p e a n p e n t r u<br />

d i v e r s i f i c a r e a<br />

a c t i v i t a t i i<br />

o p e r a t o r i l o r<br />

p o _ t a l i p r i n<br />

f u r n i z a r e a d e<br />

s e r v i c i i a l e<br />

s o c i e t c i i<br />

i n f o r m a c i o n a l e ,<br />

a m e n d a m e n t l a<br />

c a r e c i n p e n t r u<br />

c a s i g u r a t â t<br />

s u p r a v i e c u i r e a


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 167<br />

o p e r a t o r i l o r<br />

t r a d i c i o n a l i d e<br />

p o _ t î n e r a<br />

d i g i t a l , c â t _ i


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 168<br />

p o s i b i l e s u r s e


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 169<br />

d e f i n a n c a r e<br />

p e n t r u s e r v i c i u l<br />

u n i v e r s a l .<br />

A m c o n v i n g e r e a<br />

c c e l m a i<br />

i m p o r t a n t<br />

f a c t o r d e<br />

p r o g r e s e s t e<br />

c o n c u r e n c a ,<br />

a c e a s t a<br />

c o n d u c a n d l a o<br />

m a i b u n<br />

c a l i t a t e a<br />

i t a t e a<br />

s e r v i c i i l o r _ i<br />

l a p r e c u r i m a i<br />

m i c i .<br />

Î n R o m â n i a<br />

l e g i s l a c i a<br />

p r e v e d e a d e j a<br />

d a t a d e 1<br />

i a n u a r i e 2 0 0 9<br />

p e n t r u<br />

e l i m i n a r e a<br />

z o n e i<br />

r e z e r v a t e , i a r<br />

î n u n e l e s t a t e<br />

m e m b r e<br />

l i b e r a l i z a r e a<br />

t o t a l a a v u t<br />

d e j a l o c .<br />

T e x t u l a p r o b a t<br />

d e P a r l a m e n t<br />

e s t e u n t e x t d e<br />

c o m p r o m i s c a r e<br />

p e r m i t e<br />

l i b e r a l i z a r e a<br />

t o t a l a<br />

s e r v i c i i l o r<br />

p o _ t a l e , d a r d<br />

d o v a d d e<br />

s o l i d a r i t a t e c u<br />

s t a t e l e c a r e a u<br />

n e v o i e d e m a i<br />

m u l t t i m p<br />

p e n t r u a c e s t<br />

p r o c e s .<br />

D i r e c t i v a<br />

p r o p u n e _ i<br />

s o l u t i i p e n t r u<br />

f i n a n c a r e a<br />

s e r v i c i u l u i<br />

u n i v e r s a l , f a r a<br />

î n s s f i x e z e<br />

o m o d a l i t a t e d e<br />

c a l c u l a r e a<br />

c o s t u r i l o r .


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 170<br />

A s t e p t a m<br />

s o l u t i a<br />

C o m i s i e i p a n a<br />

i n s e p t e m b r i e .


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 171<br />

E s t e e s e n c i a l


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 172<br />

c i i l e p o _ t a l e s<br />

f i a c c e s i b i l e _ i<br />

d i s p o n i b i l e<br />

c h i a r _ i î n t r - u n<br />

c t u n c u d o a r<br />

c â t e v a f a m i l i i ,<br />

s i t u a t î n v â r f<br />

d e m u n t e s a u p e<br />

o i n s u l , i a r<br />

c a l i t a t e a<br />

l o c u r i l or de munca din domeniul<br />

serviciilor postale sa fie asigurata si dupa<br />

deschiderea totala a pietei. <br />

2-056<br />

PTReinhard Rack (PPE-<strong>DE</strong>). – (<strong>DE</strong>) Senhor<br />

Presidente, o Senhor Comissário McCreevy<br />

afirmou, com razão, que este é um elemento<br />

importante da legislação europeia. Pediu<br />

também ao Conselho que se orientasse<br />

devidamente por estas propostas. Infelizmente,<br />

o Conselho não está presente na discussão deste<br />

importante texto legislativo. Talvez fosse boa<br />

ideia lembrar aos portugueses que hoje já é <strong>10</strong><br />

de Julho e que eles têm a Presidência desde 1 de<br />

Julho. <br />

2-057<br />

PTPresidente. – Muito obrigado pela sua<br />

intervenção, enviaremos um telegrama para<br />

Lisboa. <br />

2-058<br />

PTServiços financeiros 2005-20<strong>10</strong> - Livro<br />

Branco (debate)<br />

2-059<br />

PTPresidente. – Segue-se na ordem do dia o<br />

relatório (A6-0248/<strong>2007</strong>) da deputada van den<br />

Burg, em nome da Comissão dos Assuntos


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 173<br />

Económicos e Monetários, sobre a política


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 174<br />

anceiros 2005-20<strong>10</strong> - Livro Branco<br />

(2006/2270(INI)). <br />

2-060<br />

PTIeke van den Burg (PSE), relatora. – (EN)<br />

Senhor Presidente, ao redigir este relatório em<br />

nome do Parlamento Europeu felicitei


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 175<br />

sinceramente o Comissário Charlie McCreevy e


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 176<br />

its Bolkestein, pelo êxito da legislação e<br />

regulação dos mercados financeiros e o trabalho<br />

executivo da Comissão Europeia neste âmbito.<br />

Aí não temos discordâncias. Podemos, no<br />

entanto, pensar de forma diferente no que<br />

respeita à avaliação dos passos a seguir e das<br />

a seguir e das prioridades de acompanhamento.<br />

Julgo que isso se deve a diferentes perspectivas.<br />

Para mim, não basta pensar no sucesso deste<br />

sector financeiro como tal. Considero tratar-se<br />

de um sector fundamental e quero certificar-me<br />

de que oferece a infra-estrutura certa para o<br />

ta para o crescimento económico, a riqueza e o<br />

bem-estar. Por isso no meu relatório me centro,<br />

primeiro, na questão estratégica de saber quem<br />

lucra com este sucesso.<br />

Estarão os utilizadores finais a retirar as mesmas<br />

vantagens que os grandes conglomerados<br />

financeiros multinacionais que adquiriram<br />

posições dominantes no topo dos mercados<br />

financeiros? Quem beneficia mais da maior<br />

liquidez dos mercados? Será a KKR, a<br />

Blackstone e as outras empresas de<br />

participações privadas que concluem negócios<br />

de milhares de milhões de dólares ou as<br />

empresas que estão abrangidas porque vêem as<br />

as notações de risco cair a pique, até atingirem a<br />

insignificância? Será que os empresários ainda<br />

se atrevem a investir em projectos de<br />

investigação e desenvolvimento a longo prazo<br />

para desenvolver produtos e serviços novos e<br />

inovadores ou sentem-se pressionados por ciclos<br />

de planificação e informação financeira cada<br />

vez mais curtos? Estará o tremendo aumento de<br />

produtos financeiros complexos derivados dos<br />

tradicionais títulos de dívida e acções a conduzir<br />

ívida e acções a conduzir a melhor distribuição<br />

do capital ou estará, antes, a contribuir para<br />

gerar maiores lucros com base na especulação<br />

para os fundos hedge que ditam as regras do<br />

sistema em pirâmide? Estarão os cidadãos dos<br />

Estados-Membros mais recentes numa situação<br />

mais confortável, com a invasão de bancos e<br />

companhias de seguros estrangeiros nos seus<br />

países ou ver-se-ão, de novo, confrontados com<br />

estruturas monopolistas que apenas lhes<br />

proporcionam produtos normalizados de<br />

qualidade medíocre a preços superiores aos dos<br />

países onde se situa a sua sede?<br />

Estas perguntas, a que poderemos acrescentar<br />

outras, parecem-me fundamentais para<br />

podermos dar resposta ao seguinte quesito: que<br />

uesito: que tipo de acompanhamento é<br />

necessário? A primeira mensagem do meu<br />

relatório é que convém proceder a uma análise<br />

económica mais profunda para poder responder<br />

à pergunta.


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 177<br />

Passo, agora, às prioridades estabelecidas pelo<br />

relatório. A primeira mensagem centra-se numa<br />

das minhas grandes preocupações, a enorme<br />

concentração no topo do mercado, com 30 ou 40<br />

grandes intervenientes financeiros<br />

internacionais e elevada concentração em


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 178<br />

diversos Estados-Membros. No relatório sobre


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 179<br />

ncorrência que aprovámos na última sessão<br />

expressámos as nossas preocupações e<br />

sugerimos à Comissária Nellie Kroes que<br />

incluísse na lista de eventuais inquéritos e<br />

investigações as actividades no topo do mercado<br />

financeiro dos bancos de investimento,<br />

sociedades de notação de risco, empresas de<br />

contabilidade, entre outras. Na semana passada<br />

repetimos a nossa sugestão à Senhora<br />

Comissária.<br />

O segundo ponto tem a ver com os riscos de<br />

estabilidade financeira desses novos<br />

desenvolvimentos de investimentos alternativos<br />

- fundos hedge, participações privadas. Não será<br />

necessário entrar em pormenores, já que os<br />

jornais todos os dias nos mostram maiores<br />

res preocupações. As autoridades de supervisão<br />

prudencial, os bancos centrais, o BCE e os<br />

nossos parceiros nos EUA, com quem nos<br />

encontraremos na próxima semana, também<br />

apresentaram as mesmas preocupações e penso<br />

que chegou a altura de lidarmos com esses<br />

riscos.<br />

O terceiro ponto prende-se com os mercados a<br />

retalho. A minha resposta à ausência de<br />

integração por parte do retalho não seria apenas<br />

melhorar o sistema e abrir as fronteiras mas<br />

istema e abrir as fronteiras mas permitir uma<br />

estratégia mais precisa e mais centrada, em<br />

particular para os utilizadores móveis, que<br />

precisam realmente de aceder e trabalhar com<br />

fornecedores de serviços nos diversos Estados-<br />

Membros, pelo que acreditamos mais em<br />

mos mais em encorajar produtos financeiros<br />

pan-europeus como o produto de pensão<br />

apresentado umas semanas atrás pela Federação<br />

Bancária Europeia.


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 180


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 181<br />

ito assume importância, o mesmo acontecendo<br />

com os sistemas de pensão, o acesso aos<br />

serviços básicos, a educação financeira e maior<br />

informação por parte dos consumidores e, por<br />

fim, melhor legislação e a futura arquitectura da<br />

supervisão. Neste ponto, creio que a grande<br />

diferença entre nós reside na abordagem<br />

minimalista da Comissão, confirmada ainda na<br />

semana passada pelo lema “less is more”. Para<br />

nós, impõe-se uma regulação bem centrada.<br />

Quanto à arquitectura da supervisão, diria que o<br />

Outono será a altura ideal para a discutir. Não


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 182<br />

basta esperar para ver o que acontece, por muito


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 183<br />

tência de desenvolvimentos positivos. <br />

2-061<br />

PTCharlie MacCreevy, Membro da Comissão. –<br />

(EN) Senhor Presidente, queria louvar a<br />

Comissão dos Assuntos Económicos e<br />

Monetários e, em particular, a relatora, senhora<br />

deputada Ieke van den Burg, pela sua iniciativa<br />

e pelo árduo trabalho que realizou com este<br />

relatório.<br />

Não é fácil lidar com a tão abrangente política<br />

dos serviços financeiros num relatório, já que<br />

vai dos serviços bancários às compensações,<br />

passando por liquidações, fundos hedge e<br />

sistemas de pagamento. O seu relatório é, neste<br />

aspecto, admirável.<br />

Queria ainda expressar a minha satisfação pela<br />

aparente convergência de ideias em tantos<br />

aspectos da política dos serviços financeiros.<br />

Embora, por vezes, a nossa abordagem aos<br />

assuntos seja diferente, é encorajador verificar<br />

que, em muitos aspectos, estamos em sintonia.<br />

O Parlamento Europeu e a Comissão estão<br />

unidos na vontade de tornar os mercados<br />

financeiros europeus um êxito cada vez maior.<br />

Todos pretendemos mercados financeiros<br />

profundos, líquidos e dinâmicos que funcionem<br />

como um verdadeiro catalisador para o<br />

investimento e o crescimento e que, em última<br />

análise, beneficiem todos os cidadãos. Todos<br />

queremos que os nossos sistemas de<br />

ue os nossos sistemas de regulamentação e<br />

supervisão sejam estáveis, justos e eficientes e<br />

todos queremos reforçar o papel da <strong>Europa</strong> na<br />

cena financeira global. É fundamental<br />

continuarmos a trabalhar para atingir esses<br />

objectivos.<br />

Saúdo calorosamente a atenção concedida, no<br />

relatório, à questão da supervisão. Trata-se de<br />

uma prioridade absoluta da Comissão em <strong>2007</strong>.<br />

Estamos a trabalhar afincadamente nas nossas<br />

propostas no sentido de reforçar o processo<br />

Lamfalussy, que deverão ser apresentadas adas.<br />

Temos igualmente de garantir a segurança da<br />

cooperação em situação de crise.<br />

2-063<br />

Othmar Karas, em nome do Grupo PPE-<strong>DE</strong>. –<br />

(<strong>DE</strong>) Senhor Presidente, Senhor Comissário,<br />

Senhora Relatora, é verdade que temos de<br />

continuar a consolidar o mercado financeiro. O<br />

plano de acção para os serviços financeiros até<br />

2004 contribuiu para o desenvolvimento de um<br />

mercado de capitais europeu integrado e<br />

funcional, que se tornou líder mundial,<br />

nomeadamente devido à forma sólida e<br />

consistente como está regulado. Mas está longe


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 184<br />

de ser perfeito, como demonstra o presente<br />

relatório. Inicialmente, a relatora previu 43<br />

pontos. Estes suscitaram 217 propostas de<br />

alteração. Juntamente com os relatores-sombra<br />

– apresento as desculpas do senhor deputado<br />

Hoppenstedt – foram estabelecidos 35<br />

compromissos e houve 141 votações na<br />

comissão.<br />

Sobre esta questão, todos apontamos no mesmo<br />

sentido, porque precisamos de um mercado<br />

financeiro interno mais forte. CEPS, CERVM,<br />

CASSPCR e lead supervisor (autoridade de<br />

supervisão principal) são termos que exprimem<br />

a busca de uma estrutura ideal para a supervisão<br />

dos mercados financeiros europeus. A última<br />

simulação de crise para verificar a estabilidade<br />

financeira na União Europeia mostrou<br />

claramente que ainda há muito por fazer.<br />

É necessária uma melhor coordenação entre os<br />

órgãos de supervisão competentes, para garantir<br />

uma gestão adequada e, assim, a estabilidade<br />

financeira em tempos de crise. Está prevista<br />

para 2009 uma simulação semelhante. O que<br />

todas as variantes na UE têm em comum é que o<br />

principal enfoque da supervisão continua a<br />

residir em cada uma das instituições e não no<br />

grupo institucional. Aquilo de que precisamos,<br />

portanto, são estruturas de supervisão que<br />

continuem a desenvolver-se. Precisamos de uma<br />

maior coordenação entre as autoridades<br />

nacionais de supervisão. Não precisamos de<br />

uma supervisão centralizada, mas de promover a<br />

cultura de supervisão dominante, que é<br />

caracterizada por objectivos e valores idênticos.<br />

2-064<br />

Pervenche Berès, em nome do grupo PSE. -<br />

(FR) Senhor Presidente, Senhor Comissário,<br />

como sabe, para o meu grupo, o mercado não<br />

constitui um fim em si, o mercado deve<br />

financiar uma estratégia. Esta estratégia, a<br />

União Europeia acaba de a renovar de forma<br />

excepcional, no passado dia 9 de Março, em<br />

torno daquilo a que eu chamaria a estratégia dos<br />

vinte: em 2020, 20% de... etc., não vou alongarme.<br />

Eis a razão por que precisamos de integrar<br />

um mercado financeiro coerente.<br />

Muito já foi feito, mas muito resta ainda para<br />

fazer. De entre as coisas que falta fazer, há<br />

evidentemente a questão dos mercados a<br />

retalho. A este respeito, pensamos que<br />

deveríamos incluir uma abordagem muito<br />

especial na estratégia da Comissão.<br />

Evidentemente que será necessário promover a<br />

educação financeira, tornou-se quase o tema da<br />

moda, e terá o apoio do meu grupo quando se<br />

tratar de desenvolver essa educação. Mas, como<br />

salientámos na altura da apreciação da Directiva<br />

MiFID, há também que investigar as condições<br />

em que os produtos financeiros são propostos<br />

aos investidores, aos consumidores e aos<br />

pequenos aforradores: trata-se da questão das<br />

condições de comercialização dos produtos<br />

financeiros, que temos também de analisar de<br />

perto.<br />

Resta o debate que acaba de ser aberto, com<br />

muita pompa e circunstância, pela Presidência<br />

alemã, relativo aos fundos alternativos, os hedge<br />

funds. O simples facto de se ter podido pensar<br />

num código de conduta a nível internacional<br />

mostra bem o quando este debate evoluiu.<br />

Assim, os actores deste mercado beneficiam de<br />

oportunidades criadas pela integração, o que<br />

lhes confere um certo número de<br />

responsabilidades e deveres. Deste ponto de<br />

vista, penso que o meu grupo não partilha o<br />

ponto de equilíbrio atingido. Se queremos<br />

garantir a segurança do sistema, temos de<br />

prosseguir a discussão, inclusive no que se<br />

refere a analisar as condições em que os prime<br />

brokers são simultaneamente juízes e partes no<br />

negócio.<br />

Em seguida, há a questão das estruturas de<br />

mercado. A legislação que estamos a adoptar<br />

possui um impacto sobre as estruturas de<br />

mercado, não podemos ignorá-lo. Ao definirmos<br />

a nossa legislação segmento a segmento, temos<br />

de possuir uma ideia clara do mercado<br />

financeiro que queremos para responder da<br />

melhor forma às necessidades de financiamento<br />

da economia europeia. Será um mercado<br />

financeiro de que os principais beneficiários são<br />

os bancos de investimento localizados fora da<br />

União Europeia precisamente aquilo com que<br />

sonhamos? Penso que não. Temos de integrar<br />

uma estratégia que permita a todos os actores<br />

encontrarem o seu lugar no equilíbrio global.<br />

E depois, evidentemente, a grande questão com<br />

que nos confrontamos é a questão da<br />

supervisão. Partilho inteiramente os pontos de<br />

vista do nosso relator sobre este ponto. O poder<br />

e a legitimidade dos comités de nível III, os<br />

supervisores, têm de ser reforçados; cada<br />

supervisor nacional tem de possuir uma<br />

obrigação de convergência europeia. Desta<br />

forma, asseguraremos a segurança do sistema e<br />

poderemos servir-nos dessa supervisão<br />

integrada como de um instrumento privilegiado<br />

para a criação de um mercado europeu.<br />

2-065<br />

Margarita Starkevičiūtė, em nome do Grupo<br />

AL<strong>DE</strong>. – (LT) Como alguns colegas já<br />

referiram, o mercado financeiro europeu é líder<br />

a nível mundial, e deveríamos continuar a seguir<br />

políticas que permitam à <strong>Europa</strong> manter esse


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 185<br />

primeiro lugar a nível mundial. Caros Colegas<br />

Liberais, que tipo de políticas pretendemos?<br />

Antes de mais, precisamos de uma política que<br />

seja eficaz e aberta à inovação e a novos<br />

produtos. Deveremos conceder prioridade a<br />

mecanismos de auto-regulação, sem criar<br />

entraves ao aparecimento de novos produtos<br />

financeiros. A legislação deverá ser aplicada de<br />

forma a que seja assegurada a igualdade de<br />

condições de concorrência, quer para as grandes<br />

empresas, quer para as pequenas empresas.<br />

Gostaria de colocar especial ênfase na expressão<br />

“pequenas empresas”. Muito frequentemente, a<br />

Comissão apenas considera os interesses das<br />

grandes empresas.<br />

Queremos também que exista uma supervisão<br />

adequada. Uma supervisão adequada não<br />

implica uma fiscalização até ao mais ínfimo<br />

pormenor; significa uma supervisão conduzida<br />

de acordo com determinados princípios. Para<br />

que estes princípios sejam aplicados de forma<br />

uniforme nos diversos países, gostaríamos que<br />

os Governos nacionais e também a Comissão, e<br />

os próprios deputados ao Parlamento Europeu,<br />

se empenhassem mais em garantir que as<br />

entidades se supervisão nacionais cooperem de<br />

forma mais ampla entre si e com outras<br />

entidades no sector financeiro.<br />

Gostaríamos também que os desafios à<br />

consolidação do mercado financeiro e os riscos<br />

sistemáticos fossem aferidos para que fique bem<br />

claro para os consumidores, que são quem em<br />

última análise paga a factura, se uma ou outra<br />

instituição, uma grande instituição europeia, não<br />

funciona convenientemente. Gostaríamos ainda<br />

de ver um mercado financeiro no qual os<br />

interesses dos clientes da banca a retalho sejam<br />

protegidos – os interesses de um milhão de<br />

residentes comuns da UE.<br />

Que tipo de mercado deverá ser este? A nível do<br />

retalho, o mercado terá de confiar numa<br />

estrutura aberta para que um amplo leque de<br />

produtos financeiros esteja acessível, para que<br />

se possam evitar situações em que apenas<br />

estejam disponíveis num país os produtos de um<br />

só banco e para que as pessoas, em todos os<br />

países, possam dispor de igualdade de<br />

oportunidades para usufruírem da variedade e<br />

do potencial inovador do mercado da UE.<br />

Gostaríamos de assistir à criação de<br />

determinados produtos em toda a UE, a fim de<br />

que os trabalhadores possam circular livremente<br />

entre um país e outro. Ouve-se também falar de<br />

diversos produtos de pensões e crédito<br />

hipotecário.<br />

Queremos ainda um mercado com uma boa<br />

relação custo-eficácia. Que se pretende dizer<br />

com custos adequados ao consumidor do sector<br />

de retalho? Isso não é sinónimo de<br />

regulamentação; significa, sim, transparência.<br />

Terá de existir uma estrutura de custos clara<br />

para os serviços financeiros a fim de que cada<br />

um dos consumidores possa optar por um pacote<br />

adequado, de acordo com as circunstâncias em<br />

que se encontre e com o montante que poderá<br />

pagar, e esperamos que, desta forma, o mercado<br />

financeiro europeu se mantenha o mais<br />

competitivo do mundo.<br />

2-066<br />

ENSahra Wagenknecht, em nome do Grupo<br />

GUE/NGL. – (<strong>DE</strong>) Senhor Presidente, Senhoras<br />

e Senhores Deputados, a secção do relatório<br />

sobre os veículos de investimento alternativo<br />

refere-se, nomeadamente, a fundos<br />

especulativos (“hedge funds”) e fundos de<br />

participações privadas (“private equity funds”),<br />

em relação aos quais esta câmara deve tomar<br />

uma decisão clara. Os “hedge funds” são<br />

conhecidos em todo o mundo pela sua política<br />

agressiva de exploração de mão-de-obra, de<br />

pilhagem de empresas e de insensível destruição<br />

de empregos, pelo que são acertadamente<br />

comparados a gafanhotos.<br />

A redacção do relatório não alerta de forma<br />

suficientemente clara para estes perigos.<br />

Precisamos de definições claras e inequívocas.<br />

As orientações relativas aos “hedge funds” e aos<br />

“private equity funds” têm de regular o seguinte:<br />

requisitos mínimos para o capital de<br />

participação destes fundos, todos os lucros<br />

devem estar sujeitos aos impostos sobre o<br />

rendimento e sobre os lucros no país onde a<br />

empresa gestora tenha a sua sede, obrigação de<br />

registo, obrigação de revelar a estrutura de<br />

activos, a estrutura de propriedade e as<br />

transacções em curso e muito mais.<br />

O nosso grupo apresentou alterações para este<br />

efeito e esperamos que as tenham em<br />

consideração no momento da votação.<br />

2-067<br />

PRESIDÊNCIA: MORGANTINI<br />

Vice-presidente<br />

2-068<br />

John Whittaker, em nome do Grupo<br />

IND/<strong>DE</strong>M. - (EN) Senhor Presidente, o plano de<br />

acção para os serviços financeiros é um órgão<br />

de regulação pesado e complexo. Na sua vã<br />

tentativa de harmonizar produtos financeiros e<br />

de suprimir o risco, terá como único efeito<br />

empurrar as empresas para fora da União<br />

Europeia. Mesmo a City, em Londres, percebe<br />

agora que os custos de respeitar a Directiva


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 186<br />

relativa aos mercados de instrumentos<br />

financeiros ultrapassam em muito quaisquer<br />

vantagens decorrentes do acesso a um mercado<br />

mais vasto. E existem sempre efeitos colaterais<br />

não previstos. A relatora queixa-se de que não<br />

estão a ser envidados esforços suficientes para<br />

ajudar o consumidor final de serviços<br />

financeiros. Afirma que as necessidades básicas<br />

de todos os cidadãos consistem no acesso a uma<br />

conta bancária, transferências financeiras a<br />

baixo custo e a possibilidade de poupar dinheiro<br />

ou contrair empréstimos. Mas o grande<br />

obstáculo aos serviços bancários de retalho<br />

reside nos procedimentos altamente<br />

burocráticos, no sentido de conhecer bem o<br />

cliente, impostos às instituições bancárias em<br />

resultado dos regulamentos contra o<br />

branqueamento de capitais da UE. A situações<br />

destas aplica-se a expressão “dar um tiro no pé”.<br />

2-069<br />

Petre Popeangă, în numele grupului ITS. –<br />

Consider că o lucrare având ca obiectiv<br />

stabilirea unei politici pe termen mediu în<br />

domeniul serviciilor financiare este una a cărei<br />

necesitate şi importanţă nu pot fi puse la<br />

îndoială.<br />

Concentrarea pieţei, mijloacele alternative de<br />

investiţii, accesul la finanţare în sectorul cu<br />

amănuntul, riscurile sistemice, îmbunătăţirea<br />

prevederilor legale şi altele reprezintă categorii<br />

importante de activităţi a căror aplicare la nivel<br />

naţional, ca şi impactul acestora la nivel global,<br />

justifică asemenea acţiuni iniţiate şi la nivelul<br />

Uniunii Europene.<br />

Necesitatea unui asemenea demers rezultă în<br />

primul rând din necesitatea asigurării unei<br />

transparenţe sporite şi a unui spaţiu de acţiune<br />

uniform pentru concurenţă, dar şi din<br />

necesitatea separării diferitelor servicii furnizate<br />

consumatorului şi, nu în ultimul rând, de gama<br />

limitată a produselor cu amănuntul oferite de<br />

către grupurile financiare care operează pe<br />

pieţele naţionale.<br />

Cantonându-mă din lipsă de timp doar la<br />

domeniul protecţiei consumatorului, menţionez<br />

că, deşi acesta este considerat la nivelul Uniunii<br />

Europene ca fiind una din activităţile prioritare,<br />

practica demonstrează că în anumite zone nu se<br />

ridică la cotele necesare fie datorită insuficienţei<br />

prevederilor legale, fie din lipsa unor garanţii<br />

certe că furnizorii de servicii sunt organisme<br />

fiabile şi solide din punct de vedere financiar.<br />

Cu aceste câteva precizări, menţionez că susţin<br />

aprobarea propunerii raportorului privind Carta<br />

Albă a Comisiei referitoare la politica serviciilor<br />

financiare în perioada 2005-20<strong>10</strong>, ca şi a<br />

propunerilor referitoare la organizarea de<br />

dezbateri pe tema fondurilor speculative, puncte<br />

de vedere care constituie, de altfel, şi poziţia<br />

autorităţii competente din România faţă de<br />

problematica pieţelor de instrumente financiare.<br />

2-070<br />

Gunnar Hökmark (PPE-<strong>DE</strong>). – (EN) Senhora<br />

Presidente, queria começar por agradecer à<br />

relatora.<br />

À medida que avançamos com os serviços<br />

financeiros e o processo de reforma temos de<br />

nos colocar algumas perguntas, por exemplo, se<br />

queremos que os mercados financeiros europeus<br />

sejam vitais e dinâmicos e se situem no centro<br />

do desenvolvimento financeiro global. A<br />

resposta é, obviamente, afirmativa.<br />

Todavia, devemos também estar seguros de que<br />

podem ser atractivos a nível global e de que têm<br />

capacidade para atrair capital e vitalidade.<br />

Retiramos daqui alguns objectivos, pois<br />

precisamos de regulamentos que garantam<br />

transparência e credibilidade e devíamos evitar<br />

aqueles que visam regular a concorrência, os<br />

produtos e os serviços. É do contrário que<br />

precisamos. Devíamos garantir a existência de<br />

regras fundamentais comuns que abram<br />

caminho aos novos serviços financeiros<br />

orientados para o futuro da <strong>Europa</strong>. Exige-se um<br />

equilíbrio e gostaria que o resultado final do<br />

relatório fosse mais aberto e defendesse a<br />

abertura à concorrência. Salientaria que não<br />

deve existir qualquer espécie de patriotismo<br />

económico no sector financeiro na <strong>Europa</strong>, pois<br />

isso apenas poderá entravar o desenvolvimento<br />

dinâmico e o crescimento dos mercados<br />

financeiros europeus. Quanto ao futuro dos<br />

serviços financeiros na <strong>Europa</strong>, devíamos seguir<br />

o grito da Revolução Francesa: liberté, égalité,<br />

fraternité. Encoraja a concorrência e pode criar<br />

uma dinâmica nos mercados financeiros<br />

europeus.<br />

2-071<br />

Harald Ettl (PSE). – (<strong>DE</strong>) Senhora Presidente,<br />

um mercado de capitais integrado e funcional<br />

seria uma base importante para a economia<br />

europeia no actual ambiente de rápida<br />

globalização. Devemos agradecer à relatora por<br />

se debruçar não só sobre o sucesso económico<br />

dos mercados de capitais europeus, mas também<br />

sobre a diversificação e os benefícios<br />

resultantes, assim como os riscos potenciais.<br />

Os serviços financeiros são uma coisa boa<br />

quando correspondem às exigências da nossa<br />

sociedade e a beneficiam, mas para isso é<br />

necessário um rigoroso controlo. Deixar o<br />

mercado entregue aos seus mecanismos convida


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 187<br />

ao abuso. Mesmo que os “hedge funds” e as<br />

“private equities” possam assegurar a<br />

diversificação do mercado, o perigo de riscos<br />

sistémicos com impactos excessivamente<br />

negativos, por exemplo, através de falhas na<br />

gestão de activos, envolve um potencial de crise<br />

incontrolável. Por exemplo, as práticas<br />

comerciais dos “hedge funds” mudam<br />

rapidamente. As autoridades do mercado<br />

financeiro em Londres estão a detectar um<br />

crescente número de casos em que os requisitos<br />

de informação são desrespeitados.<br />

Os operadores de mercado habilidosos estão<br />

sempre a descobrir novas formas de dissimular<br />

as suas actividades, como lemos frequentemente<br />

no “Neue Zürcher Zeitung”. Os resultados são<br />

algumas astuciosas tácticas de surpresa na<br />

aquisição de empresas. Os trabalhadores, que<br />

são, em última instância, os responsáveis pelo<br />

valor das economias nacionais, ir-se-ão<br />

tornando cada vez mais brinquedos nas mãos<br />

dos interesses do capital. Para impedir isto sem<br />

pôr em causa a prosperidade do mercado e para<br />

promover uma melhor distribuição de lucros,<br />

precisamos de uma maior intervenção das<br />

comissões competentes. Não deve ser a<br />

economia a decidir o que é melhor para si<br />

própria, porque é aos políticos que compete<br />

regular e fiscalizar a economia, para benefício<br />

da sociedade na União Europeia a longo prazo.<br />

2-072<br />

Sharon Bowles (AL<strong>DE</strong>). – (EN) Senhora<br />

Presidente, queria deixar três chamadas de<br />

atenção para três pontos do nosso relatório.<br />

Primeiro, o meu grande pomo de discórdia tem<br />

a ver com a questão da moda, pois parece<br />

obrigatório criticar as participações privadas e<br />

mais ainda os fundos hedge. É positivo olhar<br />

para as coisas, analisá-las e discuti-las. É errado<br />

concluir precipitadamente qual o resultado<br />

desejável apenas para seguir as ideias na moda.<br />

Em segundo lugar, no nº 6 fala-se de uma<br />

concentração da prestação de serviços<br />

financeiros às grandes empresas cotadas na<br />

bolsa. Neste contexto pode parecer mais<br />

adequado falar das empresas de auditoria, já que<br />

a sua consolidação teve, como consequência, a<br />

redução dessas empresas a menos de meia dúzia<br />

com capacidade para auditorias de grande<br />

fôlego. Não me parece correcto, porém, sugerir<br />

que os bancos de investimento se encontram<br />

numa situação de concentração comparável,<br />

dado que nenhum dos três primeiros detém uma<br />

parte de mercado de <strong>10</strong>%. Desta perspectiva,<br />

mencionar os bancos de investimento vem<br />

retirar força ao argumento que pretendemos<br />

avançar a propósito das empresas de auditoria.<br />

Em terceiro lugar, no que respeita à supervisão,<br />

tudo isto é muito interessante mas estão em<br />

curso cooperação e mudanças. Os níveis 2 e 3<br />

têm de ser instalados e aperfeiçoados. Como é<br />

possível avaliar a fase seguinte antes de se saber<br />

os resultados da fase anterior?<br />

2-073<br />

Alexander Radwan (PPE-<strong>DE</strong>). – (<strong>DE</strong>)<br />

Senhora Presidente, Senhor Comissário,<br />

gostaria de começar por exprimir o meu sincero<br />

agradecimento à relatora pelo seu trabalho, com<br />

o qual conseguiu unir um amplo espectro<br />

político no Parlamento Europeu.<br />

O mercado único dos serviços financeiros na<br />

UE tem sido uma história de sucesso. As<br />

recomendações da Comissão e a sua aplicação<br />

pelo Parlamento e pelo Conselho e nos<br />

Estados-Membros levarão a que o mercado<br />

financeiro europeu se torne gradualmente mais<br />

atractivo do que o mercado financeiro dos EUA.<br />

Isto é ilustrado pelo facto de as bolsas de<br />

valores europeias estarem a ser compradas por<br />

americanos, para assim assegurarem a sua<br />

influência sobre elas. Este facto está na origem<br />

de uma nova evolução e levanta-se a questão de<br />

saber como devemos abordar os novos<br />

acontecimentos no mercado.<br />

O ponto principal é o futuro dos controlos na<br />

<strong>Europa</strong>. O desenvolvimento de bancos<br />

transfronteiras é um caso que exige atenção.<br />

Referirei apenas o UniCredito, o<br />

HypoVereinsbank com sede na Baviera e o<br />

Banco da Áustria. Discutimos também o ABN<br />

Amro e o Banco Santander, que foi comprado<br />

na Grã-Bretanha. Temos de garantir que as<br />

autoridades de supervisão estão atentas a estes<br />

acontecimentos e que cada supervisor não se<br />

ocupe apenas do seu Estado-Membro, mas que<br />

exista uma cooperação europeia. Não se trata de<br />

pedir um supervisor europeu, mas temos de<br />

trazer o desenvolvimento europeu mais para o<br />

centro das atenções.<br />

Basileia II e a autoridade de supervisão<br />

principal (lead supervisor) foram os primeiros<br />

passos neste sentido. Apoio inteiramente que a<br />

Comissão faça uma abordagem corajosa na<br />

Solvabilidade II. Espero que os supervisores<br />

nacionais e os Ministros das Finanças nacionais<br />

se tornem mais cooperantes a este respeito e<br />

mostrem mais apoio às alterações do que<br />

mostraram até agora.<br />

Temos também de pensar um pouco sobre a<br />

forma como configurar a relação transatlântica<br />

no futuro. No actual estado de coisas, a SEC – a<br />

autoridade de supervisão americana – tem<br />

sempre um efeito indirecto na regulação do


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 188<br />

mercado europeu. Isto não deveria acontecer.<br />

Precisamos de uma resposta europeia à SEC,<br />

que procure evitar que isto aconteça. Cito o<br />

exemplo de um banco austríaco que teve de se<br />

livrar dos seus clientes porque estava a ser<br />

comprado por um fundo americano e os clientes<br />

eram cubanos.<br />

Senhor Comissário, a Comissão trata<br />

regularmente com bancos regionais. E faz muito<br />

bem. Senhora Deputada Bowles, não pretendo<br />

antecipar o resultado da discussão, mas<br />

precisamos de discutir os "hedge funds" num<br />

debate aberto. O que não podemos dizer é que<br />

queremos evitar a questão porque receamos o<br />

resultado.<br />

2-074<br />

Antolín Sánchez Presedo (PSE). – (ES)<br />

Senhora Presidente, os serviços financeiros são<br />

uma fonte estratégica de eficiência e de<br />

prosperidade numa economia globalizada.<br />

Desejo felicitar a relatora, senhora deputada van<br />

den Burg, pelo relatório que elaborou, que<br />

representa uma reflexão profunda e uma valiosa<br />

contribuição para o futuro da política de<br />

serviços financeiros, ao estabelecer importantes<br />

orientações para tirar partido das suas<br />

potencialidades:<br />

Em primeiro lugar, aumentando os nossos<br />

pontos fortes, seguindo a abordagem da<br />

resolução de Março de eliminação dos<br />

obstáculos para facilitar as aquisições<br />

transeuropeias e as aquisições de acções na<br />

banca, seguros e empresas de investimento, com<br />

o objectivo de que os nossos operadores tirem<br />

partido do mercado interno e se preparem para<br />

competir com motores globais.<br />

Em segundo lugar, reduzindo os pontos fracos.<br />

Há um exemplo claro nas actividades de<br />

notação nas quais existe esta debilidade como<br />

consequência de um vazio regulamentar e da<br />

ausência de operadores europeus. O relatório<br />

propõe um tratamento adequado nos dois casos.<br />

Em terceiro lugar, controlando os riscos, tanto<br />

os que afectam a estabilidade financeira geral<br />

como os riscos operativos decorrentes de<br />

distorções ou do mau funcionamento do<br />

mercado e de práticas desleais ou de informação<br />

privilegiada, ou aqueles que são consequência<br />

da excessiva concentração de algumas<br />

actividades de serviços financeiros de segmento<br />

superior nas grandes empresas, como as<br />

agências de notação, as grandes empresas de<br />

auditoria e os bancos de investimento.<br />

O tratamento é igualmente correcto. Por um<br />

lado, a estreita vigilância por parte das<br />

autoridades da concorrência para evitar abusos e<br />

barreiras a novos aderentes; por outro lado, ao<br />

exigir que a Comissão, na linha da sua<br />

abordagem de estudos sectoriais, examine<br />

exaustivamente a situação e, finalmente, registe<br />

progressos na integração da supervisão<br />

financeira europeia.<br />

Relativamente à arquitectura da supervisão<br />

financeira, embora o actual sistema não seja<br />

perfeito, funciona razoavelmente bem e merece<br />

um tratamento evolutivo, como propõe a<br />

relatora. É necessário reforçar a cooperação<br />

entre as autoridades supervisoras, o que só será<br />

possível com uma perspectiva europeia, ou seja,<br />

avançando em direcção a uma cultura europeia<br />

comum e através de práticas que permitam que<br />

os supervisores nacionais não só tenham<br />

práticas similares como competências e<br />

mandatos que possibilitem a utilização de novas<br />

técnicas e instrumentos.<br />

2-075<br />

Charlie McCreevy, Membro da Comissão. –<br />

(EN) Senhora Presidente, como antes referi, o<br />

relatório em debate mostra que o Parlamento e a<br />

Comissão estão em sintonia quanto aos aspectos<br />

mais importantes relativos a serviços<br />

financeiros. Ambas as instituições pensam num<br />

horizonte para além de 20<strong>10</strong>, data a que se<br />

refere a nossa política actual. Cientes das<br />

potenciais inovações e perigos que nos<br />

espreitam, trabalhamos para que as nossas<br />

estruturas de supervisão funcionem melhor. Ao<br />

mesmo tempo, estamos a construir fortes laços<br />

com os nossos parceiros reguladores noutros<br />

domínios, na certeza de que as nossas interrelações<br />

sairão fortalecidas.<br />

A nossa atitude é de constante procura de<br />

formas de garantir que os nossos mercados<br />

financeiros funcionam e beneficiam todos os<br />

cidadãos.<br />

Tendo em conta a colaboração positiva entre as<br />

instituições, estou certo de que teremos êxito.<br />

2-076<br />

Presidente. – Está encerrado o debate.<br />

A votação terá lugar na quarta-feira, 11 de Julho<br />

de <strong>2007</strong>.<br />

Declarações escritas (Artigo 142º)<br />

2-077<br />

Gábor Harangozó (PSE), por escrito. – (EN)<br />

Em primeiro lugar queria felicitar<br />

calorosamente a relatora, senhora deputada Ieke<br />

van den Burg, pelo seu excelente trabalho a<br />

propósito do Livro Branco sobre a política de


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 189<br />

serviços financeiros (2005-20<strong>10</strong>). Tanto o<br />

relatório como o Livro Branco assumem a maior<br />

importância, visto ser óbvio que a criação de um<br />

verdadeiro mercado de capitais europeu com<br />

uma posição de liderança a nível mundial em<br />

consonância com os objectivos da Agenda de<br />

Lisboa depende em grande parte da viabilidade<br />

e coerência dos regulamentos financeiros da<br />

Comunidade. Para além de uma viabilidade dos<br />

regulamentos financeiros em sintonia com os<br />

objectivos de melhor regulamentação, é<br />

conveniente tornar mais célere a transposição da<br />

legislação comunitária pelos Estados-Membros,<br />

se pretendemos realizar de modo eficaz a<br />

aplicação cabal do Plano de Acção para os<br />

Serviços Financeiros (PASF). Obviamente, será<br />

necessário avaliar os verdadeiros efeitos da<br />

aplicação do PASF para os seus beneficiários;<br />

concordo plenamente com a relatora quando<br />

apela a uma análise mais profunda das<br />

consequências económicas das medidas<br />

propostas no PASF à luz da Estratégia de<br />

Lisboa. A aplicação coerente e a avaliação<br />

contínua dos regulamentos financeiros<br />

constituem os elementos chave para o sucesso<br />

de um mercado de capitais europeu dinâmico<br />

com uma posição de liderança a nível mundial.<br />

2-078<br />

Piia-Noora Kauppi (PPE-<strong>DE</strong>), por escrito. –<br />

(EN) A Primavera passada foi o momento<br />

adequado para discutir o futuro dos serviços<br />

financeiros na UE. Foram lançadas mudanças<br />

inovadoras quer do lado dos reguladores quer no<br />

próprio desenvolvimento dos mercados. Rara<br />

foi a semana em que não se verificou um<br />

desenvolvimento significativo com efeitos<br />

directos no funcionamento dos mercados<br />

financeiros europeus e na forma como nós,<br />

legisladores, devemos lidar com eles.<br />

O crescente número de casamentos entre bolsas<br />

é, provavelmente, a manifestação mais visível.<br />

À medida que os bancos e outros locais de<br />

negociação financeira vão atraindo volumes de<br />

trocas comerciais mais elevados, é muito natural<br />

que as bolsas tentem juntar forças. O<br />

aperfeiçoamento e a modernização da nossa<br />

infra-estrutura de trocas comerciais serão<br />

benéficos para investidores e trarão maior<br />

inovação aos instrumentos financeiros.<br />

A grande questão, nesta altura, tem a ver com a<br />

supervisão. A nossa abordagem não deve partir<br />

de uma perspectiva do pior cenário possível. É<br />

certo que há preocupações legítimas quanto à<br />

regulação dos vários grupos de capital privados.<br />

Da mesma forma, não é claro o que acontecerá<br />

se e quando alguma coisa correr mal. Mas, para<br />

já, tentemos alcançar uma convergência de<br />

práticas nos comités do Nível 3. A longo prazo,<br />

o Parlamento gostaria de assistir a esforços mais<br />

unificados no cenário da supervisão europeia.<br />

2-079<br />

Modernizar o direito do trabalho para<br />

enfrentar os desafios do século XXI (debate)<br />

2-080<br />

Presidente. – Segue-se na ordem do dia o<br />

relatório (A6-0247/<strong>2007</strong>) do deputado<br />

Protasiewicz, em nome da Comissão do<br />

Emprego e dos Assuntos Sociais, sobre<br />

modernizar o direito do trabalho para enfrentar<br />

os desafios do século XXI (<strong>2007</strong>/2023(INI)).<br />

2-081<br />

Jacek Protasiewicz (PPE-<strong>DE</strong>), relator. – (PL)<br />

Senhora Presidente, Senhor Comissário, com o<br />

debate de hoje encerramos uma discussão que<br />

tomou vários meses ao Parlamento Europeu e<br />

que versava a modernização do direito do<br />

trabalho para enfrentar os desafios do século<br />

XXI. O debate foi bastante emotivo e, por<br />

vezes, chegou ao rubro o que, na verdade, não<br />

nos surpreende, já que se trata de um tema que<br />

afecta praticamente todos os Europeus,<br />

independentemente da idade, forma de vida ou<br />

local onde habitam.<br />

No entanto, a discussão acalorada não se<br />

confinou às paredes deste Parlamento. A<br />

publicação do Livro Verde deu azo a um amplo<br />

debate em toda a União Europeia e envolveu<br />

numerosos sindicatos, organizações patronais,<br />

empresas locais e organizações de<br />

trabalhadores, tendo ainda havido diversas<br />

iniciativas não governamentais nos Estados-<br />

Membros, tanto antigos como novos.<br />

Ao longo destes meses fiquei com a impressão<br />

de que a maioria dos participantes no debate<br />

concorda em que os desafios do novo século<br />

exigem modificações no direito do trabalho.<br />

Que desafios são esses? Verificam-se quatro<br />

tipos principais de desafios: primeiro, as<br />

consequências positivas e negativas da<br />

globalização crescente para as economias<br />

europeias. Em segundo lugar, o rápido<br />

desenvolvimento do sector dos serviços, que<br />

permitiu a pronta criação de novos trabalhos<br />

tanto nos Estados-Membros mais novos como<br />

nos mais antigos, mesmo se diferem, quanto à<br />

natureza, dos postos de trabalho antes criados<br />

pela indústria. O terceiro desafio decorre das<br />

alterações radicais nas tecnologias,<br />

nomeadamente na tecnologia das novas<br />

comunicações, com amplos efeitos na forma<br />

como hoje trabalhamos. Outro grande desafio é<br />

o da mudança demográfica que, agora mesmo,<br />

está a alterar radicalmente a situação no<br />

mercado de trabalho europeu e lhe trará


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 190<br />

mudanças ainda mais radicais no futuro<br />

próximo.<br />

Apesar de o reconhecimento da necessidade de<br />

alterações ter sido consensual, já uma decisão<br />

quanto à direcção que tais alterações devem<br />

tomar não é tão clara. Alguns deputados ao<br />

Parlamento Europeu manifestaram-se a favor de<br />

maior flexibilidade da regulamentação europeia,<br />

afirmando que, desse modo, o emprego<br />

aumentará e, consequentemente, o desemprego<br />

será menor. Outros, em contrapartida, defendem<br />

que o direito do trabalho deve ter um papel de<br />

maior protecção. Alguns deputados advogam<br />

maior harmonização dos sistemas jurídicos<br />

nacionais, justificando-a com o processo de<br />

criação de um mercado único europeu. Outros<br />

defendem indefectivelmente os princípios da<br />

subsidiariedade, referindo as diferenças nas<br />

várias tradições e modelos que prevalecem em<br />

diversos Estados-Membros e salientando que tal<br />

diversidade é positiva, já que permite que se<br />

chegue às melhores práticas através do<br />

intercâmbio de experiências, e é preferível a<br />

uma nova regulamentação comunitária, por<br />

norma inflexível.<br />

A primeira versão do relatório que redigi como<br />

proposta do Parlamento Europeu era a favor de<br />

maior flexibilidade e opunha-se à<br />

harmonização. Apresentava cláusulas que<br />

avaliavam positivamente a influência das<br />

formas de emprego “atípicas” na criação de<br />

emprego na União Europeia e convidava os<br />

Estados-Membros a aplicar métodos activos na<br />

política do emprego e a apoiar a adaptabilidade<br />

com o objectivo de proteger as pessoas e não os<br />

empregos existentes.<br />

No relatório inicial tentei também chamar a<br />

atenção para a necessidade de melhorar a<br />

regulamentação da UE e nacional de forma a<br />

libertar as empresas e os cidadãos de custos e<br />

burocracias desnecessários. Observava, ainda,<br />

que um direito do trabalho excessivamente<br />

restritivo pode desencorajar as empresas de<br />

recrutar novos trabalhadores, mesmo em<br />

situações de crescimento económico.<br />

Finalmente, assinalava a importância crucial do<br />

ensino para melhorar as possibilidades de<br />

trabalhadores e desempregados encontrarem<br />

novos empregos. Neste contexto, propus que<br />

instássemos a Comissão Europeia, os Estados-<br />

Membros e as entidades patronais a investirem<br />

na formação contínua e a melhorarem a<br />

qualidade do ensino ministrado aos jovens,<br />

prestando especial atenção às necessidades dos<br />

mercados de trabalho locais e regionais.<br />

Finalmente, chamava a atenção para a enorme<br />

importância da mobilidade para melhorar a<br />

situação do mercado de trabalho europeu. Por<br />

esse motivo propus que desafiássemos os<br />

Estados-Membros a remover os obstáculos<br />

impostos a cidadãos de outros Estados-<br />

Membros e a abrir os respectivos mercados de<br />

trabalho nacionais.<br />

A primeira versão do relatório provocou acesa<br />

reacção dos deputados. O acalorado debate e as<br />

490 alterações apresentadas ao texto original<br />

foram sujeitos a mais discussão e a negociações<br />

com todos os grupos políticos. Queria, a<br />

propósito, agradecer em especial aos meus<br />

colegas do Grupo Socialista no Parlamento<br />

Europeu e, nomeadamente, a Ole Christensen e<br />

seus consultores.<br />

O resultado das negociações foi levado a<br />

votação numa reunião extraordinária da<br />

Comissão do Emprego e dos Assuntos Sociais<br />

realizada em Estrasburgo, em 18 de Junho.<br />

Devo reconhecer que o resultado da votação não<br />

foi bem o que eu esperava. Fiquei também com<br />

a impressão de que perdemos parte considerável<br />

de um contributo que eu tinha avançado na<br />

primeira versão e que, na minha opinião, não foi<br />

devidamente aproveitado nos debates<br />

posteriores, e que consistia no seguinte:<br />

qualquer reforma do mercado de trabalho,<br />

incluindo a reforma do direito do trabalho,<br />

deveria ter como objectivo criar novos<br />

empregos na <strong>Europa</strong>, se queremos enfrentar o<br />

desafio dos 17 milhões de pessoas actualmente<br />

fora do mercado de trabalho. Tão elevados<br />

níveis de desemprego constituem uma ameaça<br />

directa aos valores em que assenta o modelo<br />

social europeu e temos de envidar todos os<br />

esforços para os reduzir radicalmente.<br />

Neste momento há mais de 60 alterações ao<br />

relatório na sua forma actual. Cerca de metade<br />

apoia uma abordagem de criação de mais<br />

emprego. Espero que os resultados da votação<br />

sejam de molde a permitir-me recomendar ao<br />

Parlamento que apoie o texto e que a votação<br />

confirme a importância do debate que a<br />

Comissão Europeia lançou ao publicar o Livro<br />

Verde em Novembro do ano passado.<br />

2-082<br />

Vladimír Špidla, Membro da Comissão. – (CS)<br />

Senhora Presidente, Senhoras e Senhores<br />

Deputados, o Livro Verde constituiu uma boa<br />

oportunidade para debater a necessidade de<br />

melhorar o direito do trabalho com vista a<br />

enfrentar os desafios do século XXI. Provocou<br />

uma enorme resposta de um grande número de<br />

partes interessadas. Estas respostas contêm<br />

informação útil sobre os ordenamentos jurídicos


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 191<br />

nacionais e sobre os problemas recentemente<br />

detectados no mercado de trabalho europeu<br />

causados pela mobilidade transfronteiriça e pela<br />

expansão do comércio internacional no território<br />

da União Europeia.<br />

Foi surpreendente a qualidade das respostas ao<br />

Livro Verde, e penso que são o resultado das<br />

consultas e debates conduzidos pelos governos e<br />

por alguns parlamentos dos Estados-Membros,<br />

conjuntamente com os parceiros sociais e outras<br />

partes interessadas tanto a nível comunitário<br />

como a nível nacional. Alguns dos problemas<br />

surgidos no decurso desta consulta pública<br />

tinham já sido objecto de negociações e de<br />

resoluções do Parlamento Europeu.<br />

Desejo felicitar o relator, os grupos políticos e o<br />

Parlamento pelas suas contribuições para a<br />

elaboração deste relatório de iniciativa.<br />

O relator tenta estabelecer uma forma de tirar<br />

partido prático do debate sobre o Livro Verde,<br />

através de medidas práticas susceptíveis de<br />

reunir um vasto apoio. O Livro Verde reconhece<br />

plenamente também a competência dos Estados-<br />

Membros em matéria de direito do trabalho e<br />

das relações de trabalho e de tradição, e de<br />

progressos na negociação colectiva. O debate<br />

colocou em evidência a utilidade do direito do<br />

trabalho na resolução de questões relativas à<br />

redução de trabalhadores num mundo em rápida<br />

mudança caracterizado por uma grande<br />

mobilidade de capitais e tecnologias.<br />

O direito do trabalho e a negociação colectiva<br />

estão intrinsecamente ligados. O direito do<br />

trabalho propicia uma base sobre a qual os<br />

parceiros sociais a todos os níveis podem<br />

negociar acordos de compromisso sobre as<br />

relações de trabalho, a aprendizagem ao longo<br />

da vida, os contratos de trabalho flexíveis e<br />

sobre a organização do mercado de trabalho, o<br />

que facilita a movimentação entre empregos e a<br />

passagem de um tipo de contrato para outro.<br />

Não será surpresa para ninguém que, em<br />

resposta ao Livro Verde, entre as organizações<br />

de parceiros sociais haja uma grande variedade<br />

de opiniões sobre a forma como registar<br />

progressos. Registaram-se divisões acentuadas<br />

durante as negociações do Parlamento sobre<br />

este relatório e em negociações paralelas a nível<br />

comunitário e a nível nacional em relação aos<br />

seguintes pontos:<br />

– o estatuto de tempo inteiro, contratos-tipo sem<br />

termo comparativamente a novas formas<br />

flexíveis de trabalho e a tónica sobre medidas<br />

para resolver a segmentação do mercado de<br />

trabalho;<br />

– a abordagem a ter na alteração de contratos<br />

atípicos, alguns dos quais carecem das garantias<br />

adequadas em termos de segurança de emprego;<br />

isto implica principalmente casos de relações de<br />

trabalho multilaterais; a flexibilidade é muitas<br />

vezes reclamada sem uma protecção do<br />

emprego adequada e sem qualquer possibilidade<br />

de se ter uma verdadeira segurança no quadro<br />

de relações de trabalho mais estáveis;<br />

– a tónica dada no Livro Verde às relações<br />

individuais de trabalho suscitou a questão de<br />

saber se foi dispensada uma atenção suficiente à<br />

dimensão colectiva da legislação laboral e às<br />

vantagens do diálogo social;<br />

– foi dito que a Comissão deveria ter limitado<br />

este debate aos parceiros sociais a nível<br />

comunitário e que não deveria ter aberto um<br />

debate público que contasse com a participação<br />

dos organismos comunitários, dos governos dos<br />

Estados-Membros e dos parceiros sociais a nível<br />

da União Europeia e a nível nacional;<br />

– foram também esgrimidos argumentos sobre a<br />

contribuição que a União Europeia poderia fazer<br />

para apoiar a reforma da legislação laboral e<br />

para desenvolver regras sociais mínimas<br />

aplicáveis a todas as formas de contratos de<br />

trabalho.<br />

Penso que o relatório preconiza, em princípio:<br />

– uma análise da flexibilidade e da segurança<br />

enquanto dois factores que se reforçam<br />

mutuamente contribuindo para melhorar a<br />

produtividade e a qualidade do emprego;<br />

– adoptar uma abordagem que, no<br />

desenvolvimento das questões da segurança no<br />

emprego, tenha em conta o ciclo de vida;<br />

– propiciar uma protecção básica para todos os<br />

trabalhadores, independentemente do tipo de<br />

contrato que celebraram;<br />

– ajuda concedida aos trabalhadores para mudar<br />

de emprego de forma rápida e sustentável;<br />

– assegurar que os esforços para modernizar a<br />

legislação laboral são consentâneos com as<br />

abordagens de legislar melhor e de redução da<br />

carga administrativa excessiva, em particular no<br />

que diz respeito ao cumprimento das<br />

disposições legais relativas às pequenas<br />

empresas;<br />

– uma implementação adequada das disposições<br />

jurídicas comunitárias sobre o trabalho e sobre a


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 192<br />

melhoria da informação para os empregados e<br />

trabalhadores no que diz respeito às disposições<br />

mínimas comunitárias em vigor, relativamente,<br />

em especial, à luta contra o trabalho ilegal.<br />

Consideramos que os princípios da não<br />

discriminação, da igualdade do género, do<br />

horário de trabalho flexível com vista a<br />

reconciliar a vida profissional com a vida<br />

familiar e as oportunidades de obter educação e<br />

formação profissional constituem a pedra<br />

angular da segurança do emprego, essencial<br />

para uma transição fluida entre empregos, e<br />

entre diferentes tipos de contrato de trabalho.<br />

O relatório dá conta da complexidade de<br />

distinguir entre diferentes categorias de<br />

trabalhadores e as pessoas que trabalham por<br />

conta própria. Existe um receio de que uma<br />

maior mobilidade transfronteiriça possa afectar<br />

a correcta implementação do acervo<br />

comunitário. Congratulo-me pela atitude<br />

positiva do Parlamento de encontrar meios de<br />

resolver o problema, respeitando o direito dos<br />

Estados-Membros de decidir se as relações de<br />

trabalho estão implicadas num determinado<br />

caso.<br />

Penso que o relatório salienta também as<br />

vantagens do diálogo entre a Organização<br />

Internacional do Trabalho (OIT) e a União<br />

Europeia na matéria. Devemos tirar o maior<br />

partido possível dos conhecimentos e da<br />

experiência da OIT, e utilizar os seus esforços<br />

para estabelecer normas de trabalho básicas que<br />

permitam a coexistência da flexibilidade e da<br />

segurança.<br />

A Comissão está incumbida de avaliar os temas<br />

principais desta política, e as alternativas à<br />

mesma surgidas pelo conjunto de respostas que<br />

recebemos, incluindo aquelas que foram<br />

recentemente incorporadas no relatório de<br />

iniciativa do Parlamento.<br />

Senhoras e Senhores Deputados, é com interesse<br />

que aguardo o debate sobre este tema<br />

extremamente sensível e complexo, e espero<br />

que permita avançar mais iniciativas e que<br />

conduza à adopção do presente relatório.<br />

2-083<br />

Donata Gottardi (PSE), relatora de parecer da<br />

Comissão dos Assuntos Económicos e<br />

Monetários. – (IT) Senhora Presidente,<br />

Senhoras e Senhores Deputados, o Parlamento<br />

Europeu está a fazer um bom trabalho. O<br />

trabalho até agora desenvolvido em comissão -<br />

na Comissão do Emprego e dos Assuntos<br />

Sociais e na Comissão dos Assuntos<br />

Económicos e Monetários - obedeceu a padrões<br />

elevados. Conseguiu escapar a choques<br />

ideológicos e oposições e centrou-se no objecto<br />

do Livro Verde sobre políticas de emprego e na<br />

possibilidade de planear a inovação.<br />

A globalização e a demografia constituem<br />

apenas dois dos principais desafios. O<br />

desenvolvimento sustentável também exige<br />

mudanças na organização do trabalho e na<br />

utilização do tempo. Uma análise atenta<br />

demonstra que não existe tempo não trabalhado<br />

mas antes tempo para dedicar à vida pessoal e à<br />

vida familiar; que errámos ao identificar a nova<br />

fronteira do conflito social como um conflito<br />

entre trabalhadores “integrados” e “excluídos”;<br />

que a relação entre flexibilidade e segurança é<br />

mútua e deve ter em conta as necessidades das<br />

entidades patronais a par das necessidades dos<br />

trabalhadores; que alargar os direitos não deve<br />

tanto ser um belo texto consignado num papel<br />

mas implica mudança e transparência, implica<br />

agir contra o trabalho não declarado, implica<br />

coordenar políticas e implica um vigor renovado<br />

na harmonização rumo à meta do direito do<br />

trabalho europeu.<br />

2-084<br />

Mia De Vits (PSE), relatora de parecer da<br />

Comissão do Mercado Interno e da Protecção<br />

dos Consumidores. – (NL) Senhor Presidente,<br />

estou satisfeita com este debate, mas não com o<br />

método. Senhor Comissário, o direito do<br />

trabalho é, em primeiro lugar e acima de tudo,<br />

uma competência dos Estados-Membros e, em<br />

particular, dos parceiros sociais. Ele garante o<br />

direito a um salário digno, a boas condições de<br />

trabalho e à protecção em caso de<br />

despedimento, e contribui também para um<br />

clima social estável de que nós precisamos para<br />

o crescimento económico e a produtividade.<br />

Neste contexto, o ponto de referência é o normal<br />

contrato de trabalho e não os mais variados<br />

estatutos precários.<br />

Congratulo-me, pois, pelo facto de o relatório da<br />

Comissão do Emprego e dos Assuntos Sociais<br />

realçar estes dois elementos cruciais e pelo facto<br />

de a sugestão que formulei no parecer que emiti<br />

em nome da Comissão do Mercado Interno e da<br />

Protecção dos Consumidores para uma<br />

iniciativa europeia relativa à cadeia de<br />

responsabilidade ter sido adoptada.<br />

A discussão em torno da flexibilização das<br />

condições de despedimento transmite a<br />

mensagem errada aos trabalhadores europeus.<br />

Durante as últimas semanas, no meu país, ouvi<br />

manifestações de forte indignação relativamente<br />

ao nível das indemnizações por despedimento<br />

pagas pela Opel Antuérpia, mas verifiquei que<br />

há pouca indignação entre essas mesmas


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 193<br />

pessoas no que se refere aos planos de<br />

reestruturação imorais que as empresas levam a<br />

cabo.<br />

Tanto o relatório do Parlamento como a<br />

Confederação Europeia de Sindicatos são muito<br />

críticos em relação ao Livro Verde, e por isso<br />

que espero, Senhor Comissário, que V. Exa.<br />

possa responder a essa crítica. Se uma das partes<br />

envolvidas no diálogo social tece esse tipo de<br />

críticas, então temos o dever de lhe dar uma<br />

resposta adequada.<br />

2-085<br />

Kartika Tamara Liotard (GUE/NGL),<br />

relatora de parecer da Comissão dos Direitos<br />

da Mulher e da Igualdade dos Géneros. – (NL)<br />

Senhor Deputado Protasiewicz, Comissão, eu<br />

não sou contra a reforma do direito do trabalho<br />

se a mesma conduzir a mais certeza em matéria<br />

de cuidados de saúde adequados, prestações de<br />

desemprego, pensões para todos – incluindo os<br />

que auferem os rendimentos mais baixos.<br />

Porém, a Comissão inverte toda esta questão;<br />

em vez de pugnar pelo reforço dos direitos dos<br />

trabalhadores, a Comissão quer transformar a<br />

<strong>Europa</strong> num paraíso para os empregadores, onde<br />

o direito de não se poder ser despedido sem<br />

qualquer justificação será remetido para o<br />

nostálgico passado, onde as pessoas deixarão de<br />

ter o direito de se recusarem a trabalhar horas<br />

extraordinárias não remuneradas e onde os<br />

contratos colectivos de trabalho serão<br />

considerados antiquados.<br />

A Comissão chama a isto flexigurança. Soa<br />

bem, mas a tradução daquilo que a Comissão<br />

espera atingir com isso é simples: mais<br />

flexibilidade para o empregador e mais<br />

incerteza para o empregado. Isto será<br />

particularmente desastroso para as mulheres,<br />

para os jovens e para as minorias, que já são<br />

desfavorecidos no mercado de trabalho e que<br />

estão desproporcionalmente representados nos<br />

empregos a tempo parcial e nos contratos<br />

temporários. Se esta proposta for adoptada sem<br />

alterações, estas pessoas serão as primeiras<br />

vítimas, e as restantes seguir-se-ão.<br />

2-086<br />

José Albino Silva Peneda, em nome do Grupo<br />

PPE-<strong>DE</strong>. – Senhora Presidente, Senhor<br />

Comissário, caros Colegas, gostaria em primeiro<br />

lugar de saudar o relator Protasiewicz pelo<br />

esforço desenvolvido. Contudo, tenho de dizer<br />

que o relatório, tal como nos é apresentado, é<br />

desequilibrado. É desequilibrado porque cobre,<br />

sobretudo, os aspectos referentes à protecção<br />

social - que são seguramente importantes -, mas<br />

ignora a outra perspectiva fundamental para<br />

uma reforma das leis laborais para o século<br />

XXI, que deve encarar uma maior flexibilidade<br />

no funcionamento dos mercados de trabalho.<br />

Depois, o texto repousa numa visão muito<br />

conservadora ainda alimentada por uma cultura<br />

assente na desconfiança e no conflito. Ora, do<br />

que precisamos hoje é do oposto: uma cultura<br />

baseada na confiança e na cooperação entre as<br />

partes.<br />

Esta alteração de paradigma, absolutamente<br />

necessária para que se possa conciliar os valores<br />

da justiça social e da dignidade humana, com o<br />

aumento da competitividade, não aparece<br />

assumida neste relatório. Seria fundamental que<br />

este equilíbrio de que falo, e que está ausente do<br />

texto do relatório, estivesse claramente expresso<br />

porque seria por aí que se poderia fomentar a<br />

alteração de comportamentos e de atitudes por<br />

parte das empresas e dos trabalhadores no<br />

sentido de fomentar os níveis de confiança.<br />

Em resumo, o texto deste relatório é de certo<br />

modo uma desilusão, porque não dá sinais no<br />

sentido de mostrar que a <strong>Europa</strong> dos nossos dias<br />

tem o rasgo, o talento e a capacidade para se<br />

tornar mais competitiva, ao mesmo tempo que<br />

mostra ser capaz de preservar os valores<br />

representativos do seu modelo social. A verdade<br />

é que o texto em apreço não dá sinais de rasgo e<br />

não evidencia nem talento, nem capacidade<br />

reformadora. Por isso, o Partido Popular<br />

Europeu apresentou um conjunto de alterações<br />

que, a serem aceites, farão com que este<br />

relatório não se transforme numa oportunidade<br />

perdida.<br />

2-087<br />

Ole Christensen, em nome do grupo PSE. –<br />

(DA) Senhora Presidente, gostaria de agradecer<br />

ao relator, senhor deputado Protasiewicz, pela<br />

cooperação construtiva que emprestou à<br />

preparação do relatório. Para que a UE consiga<br />

superar os desafios do século XXI e criar<br />

crescimento sustentável com mais e melhores<br />

empregos, é necessário melhorar a qualidade<br />

dos empregos e do trabalho em si. A legislação<br />

laboral tem um papel relevante a desempenhar<br />

neste aspecto. Se competirmos com base em<br />

condições de trabalho deficientes e salários<br />

baixos, ficaremos para trás face a uma<br />

globalização e concorrência cada vez maiores.<br />

A segurança no emprego é um factor de<br />

produção. Um elevado nível de segurança<br />

promove a flexibilidade, o emprego e a<br />

competitividade. É um aspecto que deve ser<br />

reflectido na futura legislação laboral e repudio<br />

qualquer tentativa para minar a segurança social<br />

e económica pela qual os trabalhadores lutaram<br />

arduamente ao longo de muitos anos.


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 194<br />

Nos últimos anos pudemos observar um<br />

marcado aumento do uso de contratos de<br />

trabalho atípicos, o que, infelizmente, também é<br />

um sinal de que as empresas procuram<br />

contornar a legislação laboral e fugir às suas<br />

obrigações sociais. Infelizmente ainda existe um<br />

número excessivo de trabalhadores que não têm<br />

escolha, quando colocados perante este tipo de<br />

contratos e que, consequentemente, não têm<br />

acesso a qualquer protecção e segurança. São<br />

frequentemente obrigados a aceitar empregos<br />

sem direito a pensão de reforma, baixa por<br />

doença ou licença de maternidade. Também<br />

continua a existir um número elevado de<br />

trabalhadores que não beneficiam de direitos<br />

sociais essenciais. A Organização Internacional<br />

do Trabalho tem alertado, em diversas ocasiões,<br />

para a relação entre condições inferiores de<br />

saúde e de segurança no trabalho, por um lado, e<br />

os contratos a termo certo, por outro. Tendo dito<br />

isto, também consideramos que os contratos<br />

normalizados a tempo inteiro deveriam ser a<br />

norma. Os contratos sem termo são vantajosos,<br />

tanto para os trabalhadores como para as<br />

empresas. Oferecem segurança, previsibilidade<br />

e melhores oportunidades de desenvolvimento.<br />

A flexibilidade e a segurança no emprego não<br />

são incompatíveis, mas antes condições prévias<br />

recíprocas. É um aspecto que deverá estar<br />

reflectido na futura legislação laboral. A<br />

flexibilidade envolve basicamente o<br />

desenvolvimento de uma cooperação<br />

construtiva e de confiança mútua nas empresas.<br />

Significa que o sistema de negociação colectiva<br />

e o diálogo social têm um papel importante a<br />

desempenhar no desenvolvimento da<br />

flexigurança. O Grupo Socialista no Parlamento<br />

Europeu rejeita o enfoque obtuso da Comissão<br />

sobre a legislação laboral individual. Em muitos<br />

países, o melhor equilíbrio entre a flexibilidade<br />

e a segurança é alcançado através da celebração<br />

de acordos colectivos, adaptados de modo<br />

constante ao desenvolvimento das necessidades<br />

dos trabalhadores e das empresas. Por esse<br />

motivo a Comissão deverá promover o diálogo<br />

social, tanto a nível nacional como a nível<br />

Europeu.<br />

2-088<br />

Luigi Cocilovo, em nome do Grupo AL<strong>DE</strong>. –<br />

(IT) Senhora Presidente, Senhoras e Senhores<br />

Deputados, também eu queria saudar o trabalho<br />

desenvolvido, não só pelo relator mas, creio, por<br />

todos os grupos. Foi um trabalho que produziu o<br />

texto agora em análise, aprovado pela Comissão<br />

do Emprego e dos Assuntos Sociais. Há, no<br />

entanto, um ponto que queria esclarecer: não<br />

creio que neste documento prevaleçam ideias<br />

conservadoras e decepcionantes.<br />

Julgo que o texto contribui para ultrapassar<br />

resistências e obstáculos ideológicos a formas<br />

de flexibilidade nas relações de trabalho que,<br />

hoje, não só existem como vão ao encontro da<br />

necessidade de permitir que as empresas, a nível<br />

europeu, respondam aos desafios que a<br />

competitividade lhes coloca a nível mundial.<br />

Se, porém, queremos proteger essas<br />

necessidades, as novas formas de contrato têm<br />

de ser celebradas de forma adequada. Um<br />

contrato mais flexível - a tempo parcial, a termo<br />

ou proposto a trabalhadores recrutados através<br />

de empresas de trabalho temporário - dá<br />

resposta à necessidade de flexibilidade e<br />

permite reagir rapidamente aos picos de procura<br />

e às necessidades de maior produção impostas<br />

pela concorrência no mercado de trabalho. Ao<br />

mesmo tempo, tais contratos não devem ser<br />

utilizados como instrumento para introduzir<br />

formas de discriminação nos custos e na<br />

protecção, o que transformaria o contrato<br />

flexível numa espécie de base ou atalho para o<br />

dumping social, que nada tem a ver com as<br />

exigências da competitividade e transforma o<br />

desafio da concorrência num mero desafio de<br />

concorrência de custos. Por isso penso que,<br />

embora devamos afirmar a necessidade de<br />

aceitar a existência dessas formas contratuais e<br />

não as rejeitar por motivos ideológicos, temos<br />

também de aumentar o nível de protecção<br />

específica e as garantias relativas a essas formas<br />

flexíveis de trabalho.<br />

Daí decorre o seguinte: o primado da<br />

regulamentação colectiva sobre excepções<br />

individuais; a existência de áreas de<br />

responsabilidade europeia que respeitem<br />

prerrogativas nacionais no domínio social e de<br />

uma dimensão comunitária, regida pela<br />

subsidiariedade, com competência específica<br />

para criar regulamentação, garantindo as normas<br />

mínimas e conferindo significado à dimensão<br />

europeia, não a reduzindo a mero canal para o<br />

mercado; a luta contra o mercado de trabalho<br />

paralelo; e, finalmente, a rejeição da mera lógica<br />

comercial.<br />

O problema está em atingir esses objectivos de<br />

forma equilibrada e em evitar negociar a<br />

protecção, por exemplo, trocar a protecção<br />

proporcionada por uma empresa pela protecção<br />

do mercado de trabalho. Temos de pugnar por<br />

tudo o que possa promover formas de<br />

mobilidade e transição de elevada qualidade e,<br />

uma vez mais, formas de trabalho que não sejam<br />

contrárias à protecção social.<br />

2-089<br />

Andrzej Tadeusz Masiel, em nome do Grupo<br />

UEN. – (PL) Senhora Presidente, o Livro Verde


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 195<br />

proposto pela Comissão e o relatório em debate<br />

são, a meu ver, uma válida introdução a um<br />

debate mais vasto sobre a adaptação do direito<br />

do trabalho às realidades em mutação, quer na<br />

<strong>Europa</strong> quer no mundo exterior.<br />

Estamos apenas no início e depara-se-nos uma<br />

tarefa complicada. Temos de chegar a resultados<br />

em questões difíceis de conciliar, como<br />

aumentar o número de postos de trabalho e<br />

preservar a qualidade dos mesmos, garantir<br />

segurança social para os trabalhadores e manter<br />

o máximo possível de contratos tipo e, ao<br />

mesmo tempo, zelar pelos interesses dos<br />

empregadores e lidar com a concorrência no<br />

mercado global.<br />

Há um aspecto fundamental:<br />

independentemente de um contrato de trabalho<br />

ser ou não a tempo parcial, independentemente<br />

da existência de mais formas atípicas de<br />

contrato de trabalho ou de contratos de trabalho<br />

convencionais, todos os cidadãos da UE devem<br />

gozar do direito de trabalhar ou fornecer<br />

serviços alternativos e têm,<br />

inquestionavelmente, direito a cuidados de<br />

saúde garantidos.<br />

É com prazer que o meu grupo político vai<br />

votar, amanhã, a favor do presente relatório.<br />

2-090<br />

Elisabeth Schroedter, em nome do Grupo<br />

Verts/ALE. – (<strong>DE</strong>) Senhora Presidente, Senhor<br />

Comissário, Senhoras e Senhores Deputados, o<br />

debate sobre a liberalização dos serviços postais<br />

ocupou hoje muito do nosso tempo. E mostrou<br />

também que é tipicamente no sector dos<br />

serviços que a liberalização é seguida por um<br />

aumento da precarização das relações de<br />

trabalho.<br />

Perante uma tal evolução, todos esperam que a<br />

Comissão defenda os direitos dos trabalhadores<br />

num Livro Verde sobre os direitos dos<br />

trabalhadores, que estabeleça normas mínimas a<br />

nível europeu para impedir que esses direitos<br />

entrem em queda livre e que reforce a<br />

representação sindical e o diálogo social.<br />

Porém, o Livro Verde da Comissão começa por<br />

falar de ideias como a flexigurança, que abre as<br />

portas ao dumping social, o que causou um<br />

amargo desapontamento e levará a um aumento<br />

do eurocepticismo.<br />

Esta câmara fez aqui uma alteração clara: os<br />

direitos dos trabalhadores não são exclusivos,<br />

mas aplicam-se a todos os trabalhadores,<br />

independentemente do seu regime de<br />

negociação colectiva. É a situação no terreno<br />

que é decisiva. Só é possível mais flexibilidade<br />

se houver mais segurança. Só desta forma o<br />

relatório pode ser mais desenvolvido.<br />

2-091<br />

Roberto Musacchio, em nome do Grupo<br />

GUE/NGL. – (IT) Senhora Presidente, Senhoras<br />

e Senhores Deputados, a <strong>Europa</strong> preocupa-se<br />

muito pouco com problemas de emprego e,<br />

quando decide debruçar-se sobre eles, fá-lo de<br />

forma totalmente inadequada, como se o<br />

emprego não estivesse no centro da democracia<br />

e do modelo social europeu. Muitas das razões<br />

que explicam os problemas da <strong>Europa</strong> podem,<br />

indubitavelmente, ser encontradas nesta<br />

subavaliação censurável e deliberada. Na<br />

<strong>Europa</strong> a insegurança do trabalho está muito<br />

espalhada e entrava a coesão social,<br />

constituindo uma verdadeira tragédia - aliás, a<br />

maior tragédia social sofrida por gerações<br />

inteiras de jovens, assim como por trabalhadores<br />

mais velhos precocemente expulsos do mercado<br />

de trabalho. Daqui decorrem consequências para<br />

as nossas cidades, para as nossas famílias, para<br />

todos nós.<br />

Combater a insegurança do emprego é vital para<br />

construir um futuro e para oferecer certeza e<br />

esperança. É esta a nossa tarefa prioritária. Em<br />

vez de combater a insegurança do emprego, a<br />

Comissão parece estar a adoptá-la e, quase, a<br />

utilizá-la para reduzir os direitos individuais e<br />

colectivos, para minimizar ainda mais o papel<br />

os sindicatos e para lançar aqueles que possuem<br />

direitos - e que, na realidade, são cada vez<br />

menos - contra os que não beneficiam dos<br />

mesmos, em nome de uma pretensa política do<br />

emprego.<br />

Isto é inaceitável. Há que afirmar que a <strong>Europa</strong><br />

considera o trabalho a base da verdadeira<br />

democracia e da coesão social e que tem um<br />

conceito próprio do que é um trabalho normal:<br />

emprego estável, por um período ilimitado,<br />

protegido por contrato e pelo papel dos<br />

sindicatos e com a exigência de condições<br />

iguais para trabalhos típicos ou não, como parte<br />

da igualdade no emprego. Trata-se de uma ideia<br />

de emprego bastante saudável, benéfica também<br />

para a produção, já que defende que a<br />

competitividade não deve basear-se na<br />

exploração mas na qualidade e na inovação.<br />

Poupar nos custos do emprego e colocar os<br />

trabalhadores em situação de concorrência uns<br />

contra os outros pode permitir lucros a curto<br />

prazo mas nada faz pelo crescimento da<br />

economia ou da sociedade.<br />

Eis o modelo social que a <strong>Europa</strong> devia<br />

apresentar ao mundo e do qual devia ser<br />

expoente máximo. O direito ao trabalho é um<br />

elemento fundamental da democracia, já que


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 196<br />

estabelece as regras de actividade em que se<br />

estriba a sociedade. Partindo desses direitos<br />

devíamos construir uma unidade social de novos<br />

e velhos, em vez de os colocar numa ridícula<br />

situação de oposição. O contrato de trabalho<br />

devia incluir essas normas e direitos, que não<br />

podem ser delegados noutros ou substituídos<br />

por acção externa, a qual deixaria o contrato de<br />

trabalho à mercê da lei da selva. Por isso o<br />

conceito de flexigurança não nos convence,<br />

assim como não nos convence a substituição dos<br />

benefícios sociais por contratos frágeis: os<br />

benefícios têm de constar do contrato e têm de<br />

constituir uma protecção para o trabalhador<br />

como cidadãos europeu.<br />

O texto apresentado ao Parlamento é um<br />

compromisso: inclui pontos ambíguos mas,<br />

simultaneamente, alguns elementos importantes.<br />

Os ataques a este tipo de trabalho, como os<br />

desferidos por algumas alterações, seriam<br />

negativos e levar-nos-iam na direcção errada.<br />

Digo-o, em especial, aos meus camaradas<br />

socialistas, sobretudo no que se refere às<br />

alterações que distorcem a natureza do emprego<br />

normal. Para nós, a aprovação dessas alterações<br />

equivaleria a desrespeitar o compromisso a que<br />

se chegou em comissão.<br />

2-092<br />

Derek Roland Clark, em nome do Grupo<br />

IND/<strong>DE</strong>M. – (EN) Senhora Presidente, a<br />

primeira versão apresentada pelo relator não foi<br />

bem acolhida em comissão por que se tentava<br />

reduzir a burocracia e limitar a regulamentação<br />

que pretende proteger os trabalhadores mas que,<br />

na realidade, provoca desemprego.<br />

Estamos agora a debater a segunda versão, que<br />

recebeu maior aceitação, pois o relator esbateu<br />

os aspectos mais agrestes do texto. É uma pena,<br />

pois o que isso significa é que vamos manter<br />

muitas das práticas restritivas em nome da<br />

harmonização enquanto, ao mesmo tempo,<br />

aquilo que temeis - a globalização - acaba por<br />

avançar insidiosamente. Para isso a UE teria de<br />

lidar com a concorrência nos mercados livres<br />

mundiais, mas não estamos preparados para tal.<br />

A menos que aprendamos como competir na<br />

própria <strong>Europa</strong>, nunca conseguiremos competir<br />

a nível global. Os futebolistas praticam<br />

continuamente trabalho com bola e espírito de<br />

equipa, não se preparam para uma partida a<br />

jogar às cartas no café do bairro! Do mesmo<br />

modo, uma prática contínua dos sistemas<br />

proteccionistas europeus significará a derrota<br />

nos campeonatos mais competitivos disputados<br />

em terreno hostil e global.<br />

2-093<br />

Roger Helmer (NI). – (EN) Senhora Presidente,<br />

o partido a que pertenço, o Partido Conservador<br />

Britânico, tem como política repor a cláusula de<br />

auto-exclusão em relação à qual se chegou a<br />

acordo em Maastricht, para permitir que o<br />

Reino Unido se retire da legislação social e<br />

laboral da UE. Confio em que os meus colegas<br />

conservadores deste Parlamento terão pleno<br />

apoio do seu grupo político, o PPE-<strong>DE</strong>, para<br />

aplicar essa política.<br />

Passando agora ao relatório, é com surpresa que<br />

leio, no Considerando C, que “a União Europeia<br />

não é apenas uma zona de comércio livre”.<br />

Quem sabe uns rudimentos de comércio<br />

internacional já terá percebido que a UE não é,<br />

de forma alguma, uma zona de comércio livre: é<br />

uma união aduaneira. Também saberá que a<br />

união aduaneira, ou Zollverein, é um conceito<br />

inventado por Bismarck no século XIX, e que<br />

não tem razão de ser no século XXI. Se<br />

olharmos por esse mundo fora, veremos que as<br />

zonas de comércio livre funcionam, enquanto as<br />

uniões aduaneiras funcionam muito pior. A UE<br />

é, aliás, o único grupo de países desenvolvidos<br />

que ainda funciona de modo tão antiquado. Se é<br />

intenção deste Parlamento transformar a UE, de<br />

forma a passar de união aduaneira com<br />

pretensões políticas a verdadeira e moderna<br />

zona de comércio livre, terá todo o meu apoio.<br />

As propostas da Comissão de modernizar o<br />

direito do trabalho e o nosso primeiro relatório<br />

traduzem um reconhecimento tardio dos<br />

avultados prejuízos que um mercado de trabalho<br />

inflexível e intrusivo provocou nas economias<br />

europeias. Constituem os primeiros passos na<br />

via da liberalização. No entanto, as alterações<br />

aprovadas na “Comissão do Desemprego”<br />

invertem essa tendência e transformam o<br />

relatório numa lista de propostas, bastante<br />

perigosas aliás, de ambições socialistas<br />

retrógradas.<br />

As alterações de hoje restabelecem o equilíbrio<br />

e, se forem mantidas, levam-nos a considerar<br />

que as tímidas medidas do relatório são melhor<br />

do que medida nenhuma e merecem o nosso<br />

apoio. O nº 2 cita a Carta dos Direitos<br />

Fundamentais. Trata-se de um documento que<br />

foi assinado duas vezes por Tony Blair.<br />

Todavia, após a Cimeira de Bruxelas de 22 de<br />

Junho, Blair apareceu, qual Chamberlain após<br />

Munique, declarando que tinha assegurado a sua<br />

“linha vermelha” e que a Carta não afectaria o<br />

direito do trabalho do Reino Unido. Peço à<br />

Comissão que responda, claramente, “sim” ou<br />

“não”: será a auto-exclusão proposta por Tony<br />

Blair defensável juridicamente? Aguardo com<br />

interesse a resposta da Comissão.


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 197<br />

2-094<br />

Presidente. - Uma vez que vamos prosseguir<br />

com o período de votação, está encerrado o<br />

debate. Será reiniciado às 15H00.<br />

2-095<br />

2-096<br />

PRESIDÊNCIA: DIANA WALLIS<br />

Vice-presidente<br />

Período de votação<br />

2-097<br />

Presidente. - Segue-se na ordem do dia o<br />

período de votação.<br />

(Resultados pormenorizados das votações: ver<br />

Acta.)<br />

2-098<br />

Eleição de um Vice-Presidente do<br />

Parlamento Europeu (votação)<br />

2-099<br />

Pedido de consulta do Comité das Regiões -<br />

Contributo do voluntariado para a coesão<br />

económica e social (artigo 118º do<br />

Regimento) (votação)<br />

2-<strong>10</strong>0<br />

Protocolo ao Acordo Euro-Mediterrânico<br />

que cria uma associação CE-Argélia, a fim de<br />

ter em conta o alargamento de 1 de Maio de<br />

2004 (votação)<br />

2-<strong>10</strong>1<br />

- Recomendação Jacek Saryusz-Wolski (A6-<br />

0274/<strong>2007</strong>)<br />

2-<strong>10</strong>2<br />

Protocolo ao acordo de parceria e de<br />

cooperação CE-Moldávia (adesão da<br />

Bulgária e da Roménia à UE) (votação)<br />

2-<strong>10</strong>3<br />

- Relatório Jacek Saryusz-Wolski (A6-<br />

0224/<strong>2007</strong>)<br />

2-<strong>10</strong>4<br />

Protocolo ao acordo de parceria e de<br />

cooperação CE-Ucrânia (adesão da Bulgária<br />

e da Roménia à UE) (votação)<br />

2-<strong>10</strong>5<br />

- Relatório Jacek Saryusz-Wolski (A6-<br />

0216/<strong>2007</strong>)<br />

2-<strong>10</strong>6<br />

Protocolo ao Acordo de Parceria e<br />

Cooperação CE-Arménia a fim de ter em<br />

conta a adesão da República da Bulgária e da<br />

Roménia à União Europeia (votação)<br />

2-<strong>10</strong>7<br />

- Relatório Jacek Saryusz-Wolski (A6-<br />

0254/<strong>2007</strong>)<br />

2-<strong>10</strong>8<br />

Protocolo ao Acordo de Parceria e<br />

Cooperação CE-Azerbaijão a fim de ter em<br />

conta a adesão da República da Bulgária e da<br />

Roménia à União Europeia (votação)<br />

2-<strong>10</strong>9<br />

- Relatório Jacek Saryusz-Wolski (A6-<br />

0255/<strong>2007</strong>)<br />

2-1<strong>10</strong><br />

Protocolo ao Acordo de Parceria e<br />

Cooperação CE-Geórgia a fim de ter em<br />

conta a adesão da República da Bulgária e da<br />

Roménia à União Europeia (votação)<br />

2-111<br />

- Relatório Jacek Saryusz-Wolski (A6-<br />

0256/<strong>2007</strong>)<br />

2-112<br />

Adesão da Bulgária e da Roménia à<br />

Convenção de 26 de Julho de 1995 sobre a<br />

utilização da informática no domínio<br />

aduaneiro (votação)<br />

2-113<br />

- Relatório Jean-Marie Cavada (A6-<br />

0265/<strong>2007</strong>)<br />

2-114<br />

Seguro directo não vida (competências de<br />

execução atribuídas à Comissão) (votação)<br />

2-115<br />

- Relatório Pervenche Berès (A6-0237/<strong>2007</strong>)<br />

– Antes da votação<br />

2-116<br />

Pervenche Berès (PSE), relatora. - (FR)<br />

Senhora Presidente, uma vez que se trata de um<br />

dossier importante no domínio da comitologia,<br />

não vou importunar longamente esta<br />

Assembleia, mas gostaria que votássemos<br />

contra a primeira parte da alteração do<br />

Parlamento Europeu e a favor da segunda.<br />

Penso que todos os membros terão percebido a<br />

importância deste voto.<br />

2-117<br />

Presidente. – Muito obrigada, Senhora<br />

Deputada Pervenche Berès. Vamos então votar<br />

apenas a segunda parte.<br />

2-118<br />

Organismos de investimento colectivo em<br />

valores mobiliários (competências de<br />

execução atribuídas à Comissão) (votação)<br />

2-119<br />

- Relatório Pervenche Berès (A6-0239/<strong>2007</strong>)<br />

2-120<br />

Resseguro (competências de execução<br />

atribuídas à Comissão) (votação)


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 198<br />

2-121<br />

- Relatório Pervenche Berès (A6-0238/<strong>2007</strong>)<br />

- Antes da votação:<br />

2-122<br />

Pervenche Berès (PSE), relatora. - (FR)<br />

Senhora Presidente, num espírito de eficácia, e<br />

para que o nosso texto permita ao Conselho<br />

concordar com a nossa formulação, deveríamos<br />

votar aqui contra a alteração da nossa Comissão<br />

dos Assuntos Económicos e Monetários.<br />

2-123<br />

Nova classificação estatística de produtos por<br />

actividade (CPA) (votação)<br />

2-124<br />

- Relatório Guntars Krasts (A6-0242/<strong>2007</strong>)<br />

2-125<br />

Sondagem relativa às forças de trabalho na<br />

Comunidade (votação)<br />

2-126<br />

- Relatório Jan Andersson (A6-0181/<strong>2007</strong>)<br />

- Antes da votação:<br />

2-127<br />

Jan Andersson (PSE), relator. – (SV) Quero<br />

apenas chamar a atenção dos senhores<br />

deputados para o facto de as alterações 1 a 3<br />

terem sido retiradas para facilitar um acordo<br />

com o Conselho em primeira leitura. Os<br />

membros da comissão parlamentar foram<br />

informados desta medida.<br />

2-128<br />

Presidente. – Passamos então directamente à<br />

votação única.<br />

2-129<br />

Rotulagem de eficiência energética dos<br />

equipamentos de escritório (reformulação)<br />

(votação)<br />

2-130<br />

- Relatório Nikolaos Vakalis (A6-0234/<strong>2007</strong>)<br />

– Antes da votação:<br />

2-131<br />

Nikolaos Vakalis (PPE-<strong>DE</strong>), relator. – (EL)<br />

Senhor Presidente, gostaria de frisar que com o<br />

seu voto positivo de hoje o Parlamento Europeu<br />

estará a dar um salto enorme e a quebrar um<br />

tabu que prevaleceu na <strong>Europa</strong> durante décadas.<br />

Pela primeira vez, o dinheiro público terá de ser<br />

utilizado, através de contratação pública, para<br />

aumentar a eficiência energética, que é<br />

considerada muito correctamente como pilar<br />

básico de uma política energética sustentável.<br />

Espero que isto marque o início de uma prática<br />

em que o dinheiro dos contribuintes é aplicado<br />

em questões altamente prioritárias.<br />

Por último, gostaria de agradecer ao Senhor<br />

Comissário Piebalgs e à Presidência alemã por<br />

terem tornado possível a aprovação do<br />

regulamento em primeira leitura.<br />

2-132<br />

Convenção das Nações Unidas relativa a um<br />

Código de Conduta das Conferências<br />

Marítimas (revoga o Regulamento (CEE) n.º<br />

954/79 do Conselho) (votação)<br />

2-133<br />

- Relatório Corien Wortmann-Kool (A6-<br />

0258/<strong>2007</strong>)<br />

2-134<br />

Controlo das actividades de pesca na<br />

Antárctida (votação)<br />

2-135<br />

- Relatório Rosa Miguélez Ramos (A6-<br />

0213/<strong>2007</strong>)<br />

2-136<br />

Adesão da Bulgária e da Roménia à<br />

Convenção Europol de 26 de Julho de 1995<br />

(votação)<br />

2-137<br />

- Relatório Genowefa Grabowska (A6-<br />

0260/<strong>2007</strong>)<br />

2-138<br />

Adesão da Bulgária e da Roménia à<br />

Convenção de 29 de Maio de 2000 relativa ao<br />

auxílio judiciário mútuo em matéria penal<br />

entre os Estados-Membros da UE (votação)<br />

2-139<br />

- Relatório Genowefa Grabowska (A6-<br />

0261/<strong>2007</strong>)<br />

2-140<br />

Adesão da Bulgária e da Roménia à<br />

Convenção de 17 de Junho de 1998 relativa<br />

às decisões de inibição de conduzir (votação)<br />

2-141<br />

- Relatório Genowefa Grabowska (A6-<br />

0269/<strong>2007</strong>)<br />

2-142<br />

Adesão da Bulgária e da Roménia à<br />

Convenção de 26 de Maio de 1997 relativa à<br />

luta contra a corrupção em que estejam<br />

implicados funcionários das Comunidades<br />

Europeias ou dos Estados-Membros da União<br />

Europeia (votação)<br />

2-143<br />

- Relatório Jörg Leichtfried (A6-0272/<strong>2007</strong>)<br />

2-144


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 199<br />

Inserção de um novo artigo sobre<br />

rectificações no Regimento (novo artigo 204º-<br />

A) (votação)<br />

2-145<br />

- Relatório Richard Corbett (A6-0229/<strong>2007</strong>)<br />

2-146<br />

Aplicação e interpretação do Regimento<br />

(alteração do artigo 201º do Regimento)<br />

(votação)<br />

2-147<br />

- Relatório Richard Corbett (A6-0230/<strong>2007</strong>)<br />

2-148<br />

Consulta sobre a imunidade parlamentar de<br />

Alessandra Mussolini (votação)<br />

2-149<br />

- Relatório Klaus-Heiner Lehne (A6-<br />

0251/<strong>2007</strong>)<br />

2-150<br />

Pedido de defesa da imunidade parlamentar<br />

de Ashley Mote (votação)<br />

2-151<br />

- Relatório Francesco Enrico Speroni (A6-<br />

0250/<strong>2007</strong>)<br />

2-152<br />

Projecto de orçamento rectificativo n° 4/<strong>2007</strong><br />

(votação)<br />

2-153<br />

- Relatório James Elles (A6-0268/<strong>2007</strong>)<br />

2-154<br />

Relatório Especial nº 9/2006 do Tribunal de<br />

Contas relativo às despesas com tradução<br />

efectuadas pela Comissão, pelo Parlamento e<br />

pelo Conselho (votação)<br />

2-155<br />

- Relatório Alexander Stubb (A6-0215/<strong>2007</strong>)<br />

2-156<br />

Minimização dos custos administrativos<br />

impostos pela legislação (votação)<br />

2-157<br />

- Relatório Jan Mulder (A6-0275/<strong>2007</strong>)<br />

2-158<br />

Lei aplicável às obrigações extracontratuais<br />

("Roma II") (votação)<br />

2-159<br />

- Relatório Diana Wallis (A6-0257/<strong>2007</strong>)<br />

2-160<br />

Programa de Acção Comunitária no domínio<br />

da Saúde (<strong>2007</strong>-2013) (votação)<br />

2-161<br />

- Recomendação para segunda leitura<br />

Antonios Trakatellis (A6-0184/<strong>2007</strong>)<br />

2-162<br />

Instrumentos de medição com mercúrio<br />

(votação)<br />

2-163<br />

- Recomendação para segunda leitura<br />

Sornosa Martínez (A6-0218/<strong>2007</strong>)<br />

2-164<br />

Processo de autorização uniforme para os<br />

aditivos, enzimas e aromas alimentares<br />

(votação)<br />

2-165<br />

- Relatório Åsa Westlund (A6-0153/<strong>2007</strong>)<br />

– Antes da votação<br />

2-166<br />

Hartmut Nassauer (PPE-<strong>DE</strong>). – (<strong>DE</strong>) Senhora<br />

Presidente, permita-me que assinale um erro na<br />

lista de votações do Grupo do Partido Popular<br />

Europeu (Democratas-Cristãos) e dos<br />

Democratas Europeus. Na votação sobre a base<br />

jurídica, alteração 39, devemos constar da lista<br />

com um sinal menos e não mais.<br />

2-167<br />

Aditivos alimentares (votação)<br />

2-168<br />

- Relatório Åsa Westlund (A6-0154/<strong>2007</strong>)<br />

2-169<br />

Enzimas alimentares (votação)<br />

2-170<br />

- Relatório Avril Doyle (A6-0177/<strong>2007</strong>)<br />

2-171<br />

Aromas e ingredientes alimentares com<br />

propriedades aromatizantes (votação)<br />

2-172<br />

- Relatório Mojca Drčar Murko (A6-<br />

0185/<strong>2007</strong>)<br />

2-173<br />

Aproximação das taxas dos impostos<br />

especiais de consumo de álcool e bebidas<br />

alcoólicas (votação)<br />

2-174<br />

- Relatório Astrid Lulling (A6-0148/<strong>2007</strong>)<br />

– Antes da votação<br />

2-175<br />

Astrid Lulling (PPE-<strong>DE</strong>), relatora. - (FR)<br />

Senhora Presidente, caros colegas, gostaria de<br />

chamar muito rapidamente a vossa atenção para<br />

este relatório, já que o procedimento é muito<br />

complicado.<br />

Por preocupação de clareza, esclareço a todos<br />

aqueles que querem evitar aumentos das taxas<br />

mínimas sobre a cerveja e as bebidas


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 200<br />

espirituosas que têm de votar contra todas as<br />

alterações adoptadas em comissão excepto uma,<br />

adoptada em Comissão dos Assuntos<br />

Económicos e Monetários por uma pequena<br />

maioria de acaso de 21 contra 19. Peço-lhes<br />

pelo menos, seja qual for o resultado dessa<br />

votação, que rejeitem todo o meu relatório e que<br />

mantenham assim a situação em vigor em<br />

matéria de imposto sobre o consumo específico<br />

de álcool enquanto esperamos pelo relatório da<br />

Comissão, já que o Senhor Comissário Kovàcs<br />

pretende apresentar, no final do ano, propostas<br />

sobre toda a política dos impostos sobre<br />

consumos específicos.<br />

E gostaria talvez ainda de lhes recordar o que<br />

disse Winston Churchill:<br />

2-176<br />

(EN) "Um bom texto é coisa que não existe."<br />

(Aplausos)<br />

2-177<br />

(FR) Quero acrescentar que não há nada pior do<br />

que aumentar inutilmente os impostos na pior<br />

altura. Assim, por favor, sigam o meu conselho<br />

no que respeita ao voto e, no mínimo, rejeitem o<br />

relatório!<br />

(Aplausos)<br />

2-178<br />

Presidente. – Muito obrigada, Senhora<br />

Deputada Astrid Lulling. O Parlamento<br />

agradece o seu conselho.<br />

2-179<br />

Pervenche Berès (PSE), presidente da<br />

Comissão dos Assuntos Económicos e<br />

Monetários. - (FR) Senhora Presidente, a<br />

Assembleia recordar-se-á que tivemos de<br />

reenviar este texto à comissão pois, no<br />

seguimento de votações contraditórias, a nossa<br />

relatora tinha apelado ao voto contra.<br />

A Comissão dos Assuntos Económicos e<br />

Monetários desenvolveu um trabalho sério que,<br />

manifestamente, não corresponde à opinião da<br />

nossa relatora, a qual deveria sem dúvida ter<br />

retirado o seu nome do resultado final. Este não<br />

foi conseguido com uma pequena maioria de<br />

acaso mas sim no seguimento de um trabalho<br />

extremamente minucioso, com a Comissão e<br />

com o Conselho, em prol de uma proposta<br />

muito razoável que, espero, esta Assembleia irá<br />

poder apoiar.<br />

(Aplausos)<br />

2-180<br />

Identificação, designação e protecção das<br />

infra-estruturas críticas europeias (votação)<br />

2-181<br />

- Relatório Jeanine Hennis-Plasschaert (A6-<br />

0270/<strong>2007</strong>)<br />

2-182<br />

Mercado interno do gás e da electricidade<br />

(votação)<br />

2-183<br />

- Relatório Alejo Vidal-Quadras (A6-<br />

0249/<strong>2007</strong>)<br />

– Antes da votação da alteração nº 2:<br />

2-184<br />

Alejo Vidal-Quadras (PPE-<strong>DE</strong>), relator. –<br />

(ES) Senhora Presidente, desejo usar da palavra<br />

para me referir à alteração 2, que faz referência<br />

ao papel dos operadores de rede de transportes.<br />

No texto do relatório é utilizado o termo<br />

«institucional». Na linguagem da União<br />

Europeia, «institucional» tem um significado<br />

muito concreto, que é demasiado elevado para o<br />

que aqui se pretende. Por conseguinte, sugiro a<br />

substituição do termo «institucional» por<br />

«oficial».<br />

Desta forma, o texto seria: Congratula-se pela<br />

proposta de conceder às actuais associações de<br />

ORT um papel oficial, com obrigações e<br />

objectivos formais ("Solução ETSO+/ GTE+").<br />

2-185<br />

(O Parlamento aprova a alteração oral)<br />

2-186<br />

Pesca industrial e produção de farinhas e<br />

óleos de peixe (votação)<br />

2-187<br />

- Relatório Struan Stevenson (A6-0155/<strong>2007</strong>)<br />

***<br />

2-188<br />

Åsa Westlund (PSE). – (EN) Senhora<br />

Presidente, queria fazer uma invocação do<br />

Regimento. Obviamente, a Senhora Presidente<br />

está a ter dificuldades em ver-me neste<br />

momento. Solicitei duas vezes uma verificação<br />

electrónica sobre o meu relatório, em vão.<br />

Queria apenas que ficasse registado que talvez<br />

isso se tenha devido ao facto de não conseguir<br />

ouvir uma mulher que se senta na última<br />

bancada, talvez não dê a palavra ou talvez não<br />

consiga ouvir o pedido. A Senhora Presidente e<br />

os seus colegas enganaram-se diversas vezes e,<br />

embora a Senhora Presidente tenha ouvido um<br />

pedido de verificação electrónica, não ouviu tal<br />

pedido no caso do meu relatório, e solicitei-o<br />

duas vezes. Creio que este facto merece ficar<br />

registado em acta. Muito obrigada.<br />

(Aplausos)


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 201<br />

2-189<br />

Presidente. – Ouvimos aquilo que disse, mas<br />

acredite que, aqui, todos fazemos o possível por<br />

ouvir e ver e registámos as suas palavras.<br />

2-190<br />

Convocação da Conferência<br />

Intergovernamental (prazo para a entrega de<br />

alterações): Ver Acta<br />

2-191<br />

Declarações de voto<br />

2-192<br />

– Relatório Jacek Saryusz-Wolski (A6-<br />

0216/<strong>2007</strong>)<br />

2-193<br />

Andreas Mölzer (ITS), por escrito. – (<strong>DE</strong>)<br />

Kiev não está, de modo algum, tão “a caminho<br />

de Bruxelas” como alguns podem pensar. Um<br />

afastamento inequívoco de Moscovo, que<br />

Lukashenko pareceu há algum tempo estar a<br />

preparar, teria consequências, nomeadamente no<br />

que diz respeito ao aprovisionamento de<br />

petróleo e de gás. Qualquer instabilidade nesta<br />

zona teria igualmente consequências para a<br />

União Europeia.<br />

Apesar de a última ronda de alargamento nos ter<br />

levado até ao limite das nossas capacidades,<br />

ainda não se decidiu se iremos respeitar a<br />

influência russa nos territórios pós-soviéticos,<br />

ou se iremos continuar a secundar cegamente os<br />

esforços dos EUA para se expandirem na<br />

<strong>Europa</strong> Oriental. Apesar dos ziguezagues e da<br />

tensão política na Ucrânia, é do nosso interesse<br />

aprofundarmos as relações de vizinhança com<br />

este país. Ao tomarmos a medida geradora de<br />

confiança de facilitar a concessão de vistos,<br />

devemos assegurar-nos de que o antigo<br />

escândalo está totalmente resolvido e de que não<br />

haverá mais abusos do sistema.<br />

2-194<br />

– Relatório Jean-Marie Cavada (A6-<br />

0265/<strong>2007</strong>)<br />

2-195<br />

Carlos Coelho (PPE-<strong>DE</strong>), por escrito. - Nos<br />

termos do Acto de Adesão da Bulgária e da<br />

Roménia, de 2005, foi criado um sistema<br />

simplificado que permite a sua adesão a<br />

convenções e protocolos concluídos com base<br />

no artigo 34º do TUE ou no artigo 293º do TCE,<br />

não existindo assim a necessidade de se<br />

negociar e concluir protocolos de adesão<br />

específicos a estas convenções reduzindo, desta<br />

forma, a enorme burocracia que representaria a<br />

necessidade de uma ratificação por parte dos 27<br />

Estados-Membros.<br />

É, deste modo, estabelecida, no seu anexo, uma<br />

lista com sete convenções e protocolos em<br />

matéria de justiça e assuntos internos, onde se<br />

encontra a presente convenção.<br />

Congratulo-me com este tipo de iniciativas que<br />

visam reduzir a burocracia ao nível comunitário,<br />

bem como o dispêndio exagerado de tempo em<br />

questões tão simples como esta.<br />

Apoio, assim, esta Decisão do Conselho que<br />

determina a data a partir da qual a Convenção<br />

de 26 de Julho de 1995 sobre a utilização da<br />

informática no domínio aduaneiro, bem como os<br />

respectivos protocolos, deverão entrar em vigor<br />

na Bulgária e na Roménia.<br />

2-196<br />

– Relatório Genowefa Grabowska (A6-<br />

0260/<strong>2007</strong>)<br />

2-197<br />

Andrzej Jan Szejna (PSE), por escrito – (PL)<br />

Voto a favor do relatório da senhora deputada<br />

Genowefa Grabowska sobre a adesão da<br />

Bulgária e da Roménia à Convenção Europol,<br />

de 26 de Julho de 1995.<br />

Em conformidade com o acto de adesão da<br />

Bulgária e da Roménia à União Europeia, esses<br />

Estados podem aderir a convenções celebradas<br />

pelos Estados-Membros, nos termos do nº 34 do<br />

Tratado da União Europeia, por procedimento<br />

simplificado. Assim sendo, não há necessidade<br />

de negociações e de protocolos especiais de<br />

adesão, o que implicaria também a ratificação<br />

por parte de todos os membros da Comunidade.<br />

Basta que o Conselho, após consulta ao<br />

Parlamento Europeu, adopte uma decisão na<br />

qual fixará a data a partir da qual a Convenção<br />

Europol entra em vigor nesses países, a par dos<br />

protocolos respectivos.<br />

O Conselho deverá também levar em linha de<br />

conta os novos prazos de aplicação dos três<br />

protocolos, com data de 30 de Novembro de<br />

2000, 28 de Novembro de 2002 e 7 de<br />

Novembro de 2003.<br />

2-198<br />

– Relatório Alexander Stubb (A6-0215/<strong>2007</strong>)<br />

2-198-500<br />

Jean-Pierre Audy (PPE-<strong>DE</strong>), por escrito. -<br />

(FR) Votei favoravelmente o excelente relatório<br />

do meu colega Alexander Stubb sobre o<br />

Relatório Especial do Tribunal de Contas<br />

relativo às despesas com tradução efectuadas<br />

pela Comissão, pelo Parlamento e pelo<br />

Conselho. Estou muito contente por ter podido<br />

introduzir uma alteração que lamenta que cada<br />

vez mais documentos ou comunicações,<br />

nomeadamente alterações de compromisso na


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 202<br />

altura da sua votação em comissão, ou, por<br />

exemplo, anexos aos relatórios, sejam<br />

apresentados numa única língua. Esta tendência<br />

não é conforme à necessidade de manter um<br />

modelo de funcionamento democrático da nossa<br />

União associando diversos povos de culturas e<br />

línguas diferentes. O nosso modelo pode servir<br />

a outras regiões do planeta, nomeadamente ao<br />

espaço mediterrânico, e devemos respeitar<br />

integralmente a utilização das línguas. Lamento<br />

não ter podido evitar que o relatório encoraje as<br />

comissões e delegações parlamentares, na<br />

medida do possível, a apenas fornecerem os<br />

textos nas línguas dos seus membros titulares e<br />

suplentes, exigindo simultaneamente que outras<br />

versões linguísticas sejam fornecidas a pedido.<br />

Esta última restrição conduzirá a retirar aos<br />

deputados a possibilidade de acompanharem os<br />

trabalhos noutras comissões que não a sua.<br />

2-199<br />

Pedro Guerreiro (GUE/NGL), por escrito. -<br />

O respeito pelas línguas oficiais de cada Estado-<br />

Membro da União Europeia está consignado nos<br />

seus Tratados. Contudo, é fomentada a ideia de<br />

que algumas traduções são dispensáveis,<br />

utilizando como argumento a questão<br />

financeira, e apelando à necessidade de definir<br />

prioridades e restrições como, por exemplo, a<br />

extensão dos documentos. Orientações que, por<br />

contrariarem o respeito pelo multilinguismo,<br />

não aceitamos.<br />

Pelo que reafirmamos a nossa firme rejeição de<br />

qualquer tentativa de limitar o uso de qualquer<br />

língua oficial (e de trabalho) na UE com o<br />

argumento da existência de custos elevados, de<br />

que são exemplo, como em devido tempo<br />

denunciámos, os actuais critérios que<br />

determinam as línguas utilizadas durante as<br />

assembleias parlamentares UE-ACP, que<br />

inviabilizam de forma discriminatória a<br />

utilização do português.<br />

Assim como rejeitamos que, a pretexto de<br />

argumentos orçamentais falaciosos, se reduza o<br />

número de intérpretes e de tradutores e se<br />

precarizem ou degradem as suas condições de<br />

trabalho no Parlamento, na Comissão e no<br />

Conselho, promovendo, nomeadamente, a<br />

externalização destes serviços, que são<br />

imprescindíveis para o funcionamento adequado<br />

destas instituições e para a garantia de acesso à<br />

informação pertinente na sua língua de origem<br />

por parte dos cidadãos e das cidadãs dos<br />

diferentes Estados-Membros da União Europeia.<br />

2-200<br />

Bairbre de Brún e Mary Lou McDonald<br />

(GUE/NGL), por escrito. - (EN) Abstivemonos<br />

na votação de hoje do relatório do senhor<br />

deputado Alexander Stubb por sentirmos<br />

preocupação quanto à expressão<br />

"multilinguismo integral controlado", que<br />

poderá ser utilizada para restringir a quantidade<br />

de material escrito à disposição dos utilizadores<br />

irlandeses, em comparação com os falantes de<br />

outras línguas oficiais e de trabalho.<br />

Actualmente, uma série de serviços que<br />

poderiam estar disponíveis em Irlandês não o<br />

estão porque a administração do Parlamento<br />

Europeu não mostra qualquer abertura nesse<br />

sentido. Conviria eliminar tantas restrições<br />

desnecessariamente impostas ao Irlandês como<br />

língua de trabalho.<br />

Algumas das sugestões do relatório Stubb<br />

relativas, nomeadamente, ao respeito pelo<br />

multilinguismo, ao controlo de qualidade, à<br />

satisfação dos utilizadores, aos sistemas de<br />

memória de tradução e a uma base de dados de<br />

terminologia comum são positivas.<br />

2-201<br />

Andreas Mölzer (ITS), por escrito. – (<strong>DE</strong>) As<br />

críticas do Tribunal de Contas ao aumento de<br />

25% dos custos de tradução, que não pode ser<br />

explicado unicamente pelo aumento do número<br />

de línguas oficiais de 11 para 21, devem ser<br />

analisadas com atenção. Por isso, poderá valer a<br />

pena considerar se não seria vantajoso, no<br />

futuro, repartir os custos de tradução por línguas<br />

de destino, a fim de avaliar melhor a<br />

necessidade, a procura e os resultados da<br />

tradução. Precisamos também de uma estratégia<br />

para as negociações de pré-adesão em curso,<br />

porque, se só a Macedónia tem seis línguas<br />

oficiais, em breve teremos uma Torre de Babel<br />

muito nossa.<br />

Quando toda a informação estiver disponível,<br />

tornar-se-á claro o potencial de economias<br />

através da racionalização. No entanto, esta<br />

auditoria não deve ser mal utilizada ao ponto de<br />

levar a que documentos importantes da UE<br />

sejam classificados como “documentos de<br />

trabalho” ou “anexos”, para fechar a porta à<br />

obrigação de os traduzir integralmente. O<br />

alemão, em especial, devido à sua importância<br />

enquanto língua materna e segunda língua<br />

estrangeira mais falada na UE, deve ser<br />

promovido.<br />

2-202<br />

Marianne Thyssen (PPE-<strong>DE</strong>), por escrito. –<br />

(NL) Senhora Presidente, votei a favor do<br />

relatório Stubb porque concordo com as suas<br />

linhas gerais.<br />

As nossas acções devem continuar a basear-se<br />

no pleno multilinguismo, por respeito pelo<br />

princípio da igualdade de todos os cidadãos e


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 203<br />

em prol de uma comunicação tão boa quanto<br />

possível e da democracia. Ao mesmo tempo,<br />

porém, devemos ter cuidado com os custos,<br />

pois, de contrário, corremos o risco de perder o<br />

apoio social ao multilinguismo da nossa<br />

Instituição.<br />

2-203<br />

– Relatório Jan Mulder (A6-0275/<strong>2007</strong>)<br />

2-205-500<br />

Jean-Pierre Audy (PPE-<strong>DE</strong>), por escrito. -<br />

(FR) Votei favoravelmente o relatório do meu<br />

colega Jan Mulder sobre a redução, para o<br />

mínimo, das despesas administrativas impostas<br />

pela legislação europeia. O objectivo "Legislar<br />

melhor" da Comissão Europeia deve ser<br />

encorajado e vigiado. As despesas<br />

administrativas inúteis constituem a praga das<br />

nossas sociedades baseadas no Estado de direito<br />

que, por vezes, não se apercebem de que a<br />

inflação do direito traz a sua depreciação, pois<br />

os cidadãos não aplicam regras inúteis e caras.<br />

Não é uma ilusão pensar numa redução de 25%<br />

das despesas administrativas daqui até 2013, sob<br />

reserva de se analisar muito bem de que é que se<br />

trata e de não se perder de vista que falsas<br />

poupanças podem custar muito mais caro.<br />

Todos sabemos que a mediocridade é muito<br />

mais cara, a longo prazo, do que a qualidade.<br />

Embora tenhamos de combater incansavelmente<br />

todas as legislações inúteis e respectivas<br />

despesas administrativas, temos<br />

simultaneamente de zelar, cuidadosa e<br />

ponderadamente, por regulamentar as<br />

actividades económicas no interesse bem<br />

compreendido dos consumidores e dos<br />

produtores.<br />

2-204<br />

Andreas Mölzer (ITS), por escrito. – (<strong>DE</strong>) Se<br />

continuarmos a fazer aparecer como por encanto<br />

novas agências, só para satisfazer sensibilidades<br />

nacionais, com funções que se sobrepõem às das<br />

existentes, não devemos ficar surpreendidos<br />

com as crescentes e ferozes críticas a uma<br />

burocracia florescente, aberrações organizativas<br />

sem qualquer controlo e criação de empregos<br />

desnecessários. A confiança dos cidadãos exige<br />

mais do que e-governo e outras habilidades<br />

publicitárias semelhantes, pelo que temos de<br />

evitar e eliminar as duplicações.<br />

Devemos igualmente aproveitar as actuais<br />

potencialidades de economia. Nestas incluem-se<br />

a redução dos locais de reunião do Parlamento a<br />

um só, a avaliação das despesas com base nos<br />

custos efectivos, um sistema antifraude de<br />

primeira categoria e uma recuperação efectiva<br />

de subsídios pagos indevidamente, juntamente<br />

com os milhões que se podem poupar não<br />

tentando impingir alargamentos a cidadãos<br />

relutantes. A UE não deve, de forma alguma,<br />

seguir o exemplo de alguns Estados-Membros<br />

onde um número crescente de migrantes está a<br />

ocupar lugares na administração. Isto causará<br />

danos irreparáveis à criação e desenvolvimento<br />

de uma identidade europeia.<br />

2-205<br />

– Relatório Diana Wallis (A6-0257/<strong>2007</strong>)<br />

2-205-250<br />

Jean-Pierre Audy (PPE-<strong>DE</strong>), por escrito. -<br />

(FR) Votei favoravelmente o relatório da minha<br />

colega Diana Wallis sobre o projecto comum de<br />

regulamento do Parlamento Europeu e do<br />

Conselho relativo à lei aplicável às obrigações<br />

extracontratuais ("Roma II"). Este dossier de<br />

extrema complexidade representa um passo em<br />

direcção à harmonização das regras nacionais de<br />

conflito entre as leis aplicáveis às obrigações<br />

não contratuais, ou seja, as consequências dos<br />

acidentes rodoviários, a concorrência desleal, os<br />

atentados ambientais, a difamação e, de uma<br />

formal mais global, os atentados aos direitos<br />

individuais, etc.<br />

No essencial, o Parlamento Europeu não foi<br />

suficientemente ouvido pelos Estados-Membros<br />

e os numerosos estudos e relatórios que deverão<br />

avaliar as consequências deste acordo serão<br />

indispensáveis para voltarmos a este importante<br />

dossier. Por exemplo, relativamente aos<br />

acidentes rodoviários, como é que podemos<br />

contentar-nos em aplicar a lei do local do<br />

acidente, e não a do domicílio da vítima, e como<br />

é que temos a garantia de que simples<br />

considerandos deste regulamento irão obrigar os<br />

tribunais para o cálculo dos danos? Como é que<br />

vamos gerir as difamações numa imprensa<br />

internacionalizada e desmaterializada? E há<br />

mais... Espera-nos um importante trabalho sobre<br />

estes temas.<br />

2-206<br />

Bruno Gollnisch (ITS), por escrito. - (FR)<br />

Quero felicitar a relatora pelo texto equilibrado<br />

que nos propõe. Este texto tem por finalidade a<br />

criação de um quadro jurídico coerente para as<br />

relações entre os direitos internacionais privados<br />

e os restantes instrumentos comunitários.<br />

Este regulamento sobre a lei aplicável às<br />

obrigações extracontratuais ("Roma II") visa<br />

com efeito harmonizar as regras nacionais de<br />

conflitos de legislações. Estas regras<br />

determinam a lei aplicável às obrigações não<br />

contratuais como, por exemplo, os acidentes da<br />

circulação rodoviária, a responsabilidade<br />

inerente aos produtos, a concorrência desleal ou<br />

os danos ambientais.


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 204<br />

Somos favoráveis ao próprio princípio da<br />

adopção de regras padrão em matéria de conflito<br />

de leis, embora seja necessário que elas sejam,<br />

recordamos, suficientemente claras e precisas.<br />

Não era o caso das disposições controversas<br />

sobre a difamação por parte dos meios de<br />

comunicação social. As liberdades de expressão<br />

e da imprensa devem ser protegidas e poder<br />

exercer-se integralmente. Aqui, na ausência de<br />

regras de protecção da independência editorial,<br />

foi razoável excluir as disposições relativas à<br />

violação da vida privada pelos meios de<br />

comunicação social do campo de aplicação do<br />

Roma II.<br />

Assim, votaremos favoravelmente este relatório.<br />

2-207<br />

– Relatório Antonios Trakatellis (A6-<br />

0184/<strong>2007</strong>)<br />

2-208<br />

Françoise Grossetête (PPE-<strong>DE</strong>), por escrito. -<br />

(FR) Congratulo-me com a adopção do<br />

compromisso negociado com o Conselho<br />

relativo ao segundo Programa de Acção<br />

Comunitária no domínio da Saúde <strong>2007</strong>-2013.<br />

A União Europeia não pode continuar a<br />

economizar num programa comum de saúde<br />

com um investimento público comum. É<br />

lamentável que o orçamento tenha sido revisto<br />

em baixa. É necessário um grande número de<br />

investimentos antes de nos dotarmos dos<br />

necessários meios preventivos e técnicos. Mais<br />

vale prevenir do que remediar, pelo que uma<br />

boa informação sobre os modos de vida ou uma<br />

alimentação mais sã destinados a reduzir a<br />

mortalidade provocada por doenças graves<br />

constitui uma condição prévia absolutamente<br />

necessária. Há também que generalizar soluções<br />

técnicas para as situações de urgência, como por<br />

exemplo a disponibilização generalizada de<br />

desfibrilhadores.<br />

Mas a saúde não se resume a uma questão<br />

contabilística. É também e sobretudo um bem<br />

para todos. A responsabilidade dos pacientes<br />

constitui um elemento central. O<br />

estabelecimento de disposições claras e<br />

aplicáveis em toda a União representa<br />

incontestavelmente a via essencial em direcção<br />

ao futuro.<br />

2-209<br />

Georgios Toussas (GUE/NGL), por escrito. –<br />

(EL) O programa de acção proposto como<br />

posição comum do Conselho da UE não<br />

pretende proteger e melhorar a saúde pública,<br />

mas sim gerir os seus problemas, alargar a<br />

comercialização e a privatização dos serviços de<br />

saúde e ajudar os grupos de empresas privados a<br />

penetrar neste sector lucrativo para o capital.<br />

A responsabilidade e a obrigação de proteger e<br />

melhorar a saúde pública, que são incumbência<br />

do Estado, estão a ser transferidas para as<br />

autoridades locais, as ONG, a “sociedade civil”,<br />

promovendo-se ao mesmo tempo a<br />

responsabilidade pessoal como factor básico<br />

determinante para a saúde pública.<br />

As reestruturações capitalistas no sector da<br />

saúde pública inscrevem-se na política<br />

antilaboral mais geral da UE, do agravamento<br />

das condições dos seguros e do aumento da<br />

idade de reforma dos trabalhadores. Somos<br />

radicalmente contra as propostas antilaborais<br />

incluídas no plano de acção comunitária no<br />

sector da saúde pública.<br />

O Partido Comunista da Grécia luta por serviços<br />

de segurança social e de saúde exclusivamente<br />

públicos e capazes de responder às necessidades<br />

contemporâneas da família trabalhadora.<br />

2-209-001<br />

– Relatório María Sornosa Martínez (A6-<br />

0218/<strong>2007</strong>)<br />

2-211<br />

Ivo Belet (PPE-<strong>DE</strong>). – (NL) A minha posição<br />

nesta matéria é precisamente no centro. Permitame<br />

que teça uma breve consideração a respeito<br />

da redução da utilização de mercúrio, à qual<br />

todos são favoráveis. Isso é positivo, visto que,<br />

em muitos sectores, a utilização de mercúrio foi<br />

excedida e, de facto, o mercúrio tem de ser<br />

substituído por outras substâncias, mas somos<br />

de opinião que uma proibição total da sua<br />

utilização em instrumentos tradicionais,<br />

incluindo os tradicionais barómetros de<br />

mercúrio, vai longe demais.<br />

Recentemente visitei a empresa Dingens na<br />

cidade belga de Leopoldsburg, uma empresa<br />

que já demonstrou há décadas que os<br />

barómetros de mercúrio podem ser produzidos<br />

de uma forma sustentável, ecológica e<br />

responsável. Além disso, o tempo de vida útil<br />

desses barómetros tradicionais é ilimitada,<br />

contrariamente à dos seus sucessores digitais,<br />

que funcionam a pilhas e, consequentemente,<br />

consomem energia. Aliás, os fabricantes de<br />

barómetros tradicionais tornaram-se<br />

especialistas na manutenção sustentável destes<br />

instrumentos, pelo que o mercúrio dos<br />

barómetros já não penetra no circuito de<br />

resíduos.<br />

Assim, gostaria de fazer um apelo à Comissão –<br />

e esta é a minha última observação – e a todos


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 205<br />

os envolvidos para que transmitam já um sinal<br />

ao sector em questão e para que, em prol da<br />

avaliação, que demorou dois anos, tenham em<br />

devida consideração esta legítima situação<br />

específica dos fabricantes de barómetros de<br />

mercúrio no sentido de que estes possam –<br />

esperemos – continuar a beneficiar de regimes<br />

de isenção.<br />

2-212<br />

Philip Claeys (ITS). – (NL) Muito obrigado,<br />

Senhora Presidente. Votei a favor das alterações<br />

1 e 2 porque entendo que a produção de<br />

barómetros tradicionais tem de continuar a ser<br />

possível. Oponho-me veementemente a<br />

qualquer forma de intromissão europeia que<br />

conduza não só à perda de costumes e métodos<br />

de produção tradicionais mas também à perda<br />

de postos de trabalho.<br />

Além disso, é muito incerto se a proibição de<br />

barómetros de mercúrio constituiria uma medida<br />

efectiva. Há outras formas de utilização de<br />

mercúrio muito mais amplas e muito mais<br />

problemáticas do que as que se verificam na<br />

produção de barómetros. Além disso, os<br />

barómetros de mercúrio não necessitam de<br />

pilhas e têm um tempo de vida ilimitado.<br />

Este Parlamento conseguiu uma vez mais perder<br />

uma oportunidade de ter em conta uma<br />

realidade concreta, nomeadamente a de que as<br />

pequenas e médias empresas ocupam um lugar<br />

crucial na nossa economia e na <strong>Europa</strong>. A<br />

última coisa de que estas PME precisam é de<br />

uma ainda maior intromissão e ingerência por<br />

parte da <strong>Europa</strong>.<br />

2-213<br />

Jim Allister (NI), por escrito. - (EN) Votei a<br />

favor das alterações no sentido de eximir os<br />

barómetros do alcance desta legislação<br />

demasiadamente prescritiva e, por as alterações<br />

não terem sido aceites, votei contra o relatório.<br />

A proibição total de instrumentos com mercúrio<br />

vai destruir uma indústria artesanal há muito<br />

existente no Reino Unido e resulta de uma<br />

interferência obsessiva de Bruxelas, muito além<br />

do que seria necessário e sensato, em assuntos<br />

que não se incluem na sua esfera de<br />

competências.<br />

2-212-500<br />

Jean-Pierre Audy (PPE-<strong>DE</strong>), por escrito. -<br />

(FR) Saúdo a sensata decisão relativa à posição<br />

comum do Conselho, que retoma a maior parte<br />

das alterações aprovadas pelo Parlamento<br />

Europeu. A principal diferença entre a posição<br />

do Parlamento e a do Conselho diz respeito aos<br />

barómetros de mercúrio e às derrogações a criar,<br />

ficando claro que a proibição que seria então<br />

aplicada só abrangeria os barómetros de<br />

mercúrio novos, continuando os barómetros em<br />

circulação a poderem ser vendidos, reparados e<br />

conservados.<br />

Dadas as propriedades muito perigosas do<br />

mercúrio e a quantidade muito elevada de<br />

mercúrio que contêm os barómetros tradicionais<br />

comparados, por exemplo, com os termómetros<br />

médicos, a solução de uma derrogação limitada<br />

proposta pelo Conselho constitui um<br />

compromisso equilibrado: trata-se com efeito de<br />

conceder uma derrogação temporária destinada<br />

a permitir aos fabricantes de barómetros<br />

tradicionais adaptarem-se à nova situação.<br />

2-214<br />

Françoise Grossetête (PPE-<strong>DE</strong>), por escrito. -<br />

(FR) Quero saudar a adopção da proposta de<br />

directiva do Parlamento Europeu e do Conselho<br />

que altera a Directiva 76/769/CEE do Conselho<br />

relativa à limitação da colocação no mercado de<br />

certos instrumentos de medição que contêm<br />

mercúrio.<br />

Sou favorável à limitação da colocação no<br />

mercado destinado ao grande público dos<br />

dispositivos de medição contendo mercúrio, os<br />

quais são proibidos em França desde 1998.<br />

A posição comum do Conselho, aceite pelo<br />

Parlamento, estabelece um equilíbrio que<br />

permite simultaneamente a redução da<br />

disseminação do mercúrio no ambiente e a<br />

previsão de um período transitório para certos<br />

artigos como os barómetros tradicionais. Um<br />

período de transição de dois anos após a data de<br />

entrada em vigor da directiva permitirá aos<br />

industriais envolvidos fazerem evoluir a sua<br />

tecnologia para os dispositivos sem mercúrio.<br />

2-215<br />

James Nicholson (PPE-<strong>DE</strong>), por escrito. -<br />

(EN) Sinto-me perplexo por estarmos ainda a<br />

produzir legislação que põe em risco postos de<br />

trabalho sem que haja uma verdadeira<br />

compensação a nível do ambiente. A indústria<br />

de fabrico de barómetros no Reino Unido, como<br />

noutros Estados-Membros, é uma indústria<br />

tradicional que remonta há vários séculos. É<br />

necessário, sem dúvida, controlar devidamente a<br />

utilização de mercúrio, e avançámos<br />

consideravelmente nos últimos anos em<br />

matérias conexas, como o armazenamento e a<br />

exportação. Devia ser possível, no entanto,<br />

salvaguardar o fabrico tradicional mediante,<br />

entre outras medidas, a aposição de avisos de<br />

segurança. Não vejo qualquer necessidade de<br />

destruir uma arte há tanto estabelecida<br />

simplesmente porque é mais fácil criar uma<br />

legislação "tamanho único". A <strong>Europa</strong> social de


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 206<br />

nada serve se significa retirar do mundo do<br />

trabalho quem se ocupa de indústrias artesanais<br />

tradicionais.<br />

2-216<br />

Marianne Thyssen (PPE-<strong>DE</strong>), por escrito. –<br />

(NL) Senhora Presidente, Senhoras e Senhores<br />

Deputados, o mercúrio é uma substância<br />

perigosa com a qual há que lidar com a devida<br />

precaução. Ninguém neste Parlamento tem<br />

dúvidas quanto a esse respeito. Infelizmente, na<br />

votação do relatório Sornosa Martínez, este<br />

Parlamento levou hoje esta posição até ao<br />

absurdo, o que eu muito lamento.<br />

Agarrando-se obstinadamente à proibição total<br />

da produção de barómetros tradicionais, a<br />

Comissão, hoje secundada por uma maioria<br />

deste Parlamento, desferiu o golpe mortal num<br />

sector que representa 360 anos de tradição<br />

europeia. O facto de todos os fabricantes de<br />

barómetros na União Europeia serem<br />

responsáveis por uns meros <strong>10</strong>% do consumo de<br />

mercúrio – uma substância que, por sinal, é<br />

reciclada a <strong>10</strong>0% – vem apenas agravar a<br />

questão. Hoje, não fomos claramente guiados<br />

pelo bom senso na nossa decisão.<br />

2-217<br />

– Relatório Asa Westlund (A6-0153/<strong>2007</strong>)<br />

2-218<br />

Charlotte Cederschiöld, Christofer Fjellner,<br />

Gunnar Hökmark e Anna Ibrisagic (PPE-<br />

<strong>DE</strong>), por escrito. - (SV) A votação dos<br />

relatórios da senhora deputada Westlund não diz<br />

respeito apenas aos aditivos alimentares que<br />

podem ser utilizados. Refere-se principalmente<br />

a quem deve decidir sobre as questões relativas<br />

aos aditivos alimentares.<br />

Ao contrário da relatora, os conservadores<br />

suecos não têm a opinião de que o Parlamento<br />

Europeu deve avaliar e tomar decisões de<br />

aprovação respeitantes a aditivos alimentares<br />

específicos com base em dados como o risco<br />

que estes possam comportar para pessoas com<br />

alergias. Isto conduziria a uma politização de<br />

questões importantes que devem ser decididas<br />

numa base científica e ao nível da autoridade<br />

pertinente. Rejeitamos, portanto, a proposta<br />

sobre o aumento de poder de co-decisão do<br />

Parlamento.<br />

Em consequência, na votação de hoje o nosso<br />

voto foi contra a regulamentação<br />

excessivamente específica.<br />

2-219<br />

– Relatório Asa Westlund (A6-0154/<strong>2007</strong>)<br />

2-220<br />

Zuzana Roithová (PPE-<strong>DE</strong>). – (CS) Senhor<br />

Comissário, dei o meu apoio à autorização mais<br />

flexível para os aditivos alimentares. A<br />

Comissão deveria debruçar-se especificamente<br />

sobre o impacto destes aditivos sobre o<br />

ambiente e sobre a saúde. Gostaria, se me<br />

permitem, de chamar a atenção para o elevado<br />

número de pessoas com alergias, cuja vida<br />

depende da manutenção de uma dieta sem<br />

glúten. Além de alimentos específicos, estas<br />

pessoas compram alimentos comuns que<br />

geralmente não contêm glúten. Os aditivos<br />

devem ter uma rotulagem adequada para não<br />

induzem os consumidores em erro. Os<br />

fabricantes e as entidades que procedem aos<br />

controlos ignoram frequentemente que a<br />

rotulagem de cada produto deve indicar de<br />

forma explícita se este contém glúten. Em<br />

termos estatísticos, os europeus que sofrem de<br />

alergias provocadas pelos alimentos não têm<br />

acesso, lamentavelmente, à informação<br />

necessária ao fazerem as suas compras, pelo que<br />

a sua escolha de alimentos é limitada ou, o que é<br />

muito pior, colocam a própria vida em risco. Por<br />

conseguinte, exorto a Comissão a supervisionar<br />

uma investigação adequada ao glúten nos<br />

aditivos e a promover uma rotulagem completa<br />

de todos os alimentos para que esses europeus<br />

que têm de fazer uma dieta sem glúten também<br />

a compreendam.<br />

2-220-500<br />

Jean-Pierre Audy (PPE-<strong>DE</strong>), por escrito. -<br />

(FR) Votei favoravelmente o excelente relatório<br />

da minha colega sueca Åsa Westlund sobre os<br />

aditivos alimentares. Embora seja normal<br />

facilitar a tarefa da Comissão Europeia<br />

aceitando que as decisões de autorização de<br />

aditivos alimentares estejam sujeitas ao<br />

processo de comitologia, a Comissão, pelo seu<br />

lado, tem de ter em conta no novo regulamento<br />

sobre os aditivos alimentares, assim como no<br />

novo regulamento que estabelece um<br />

procedimento de autorização uniforme aplicável<br />

a aditivos, enzimas e aromas alimentares, as<br />

observações que o Parlamento não tem parado<br />

de formular desde há anos.<br />

Estas observações dizem sobretudo respeito ao<br />

ambiente, à saúde pública e às pessoas alérgicas.<br />

Temos de nos congratular com o facto de a<br />

legislação actual prever que a autorização dos<br />

aditivos não possa induzir o consumidor em<br />

erro. Ora, os corantes servem por vezes para dar<br />

a impressão que um alimento contém frutas,<br />

quando não é o caso. A protecção dos<br />

consumidores deve portanto ser reforçada neste<br />

aspecto, sem prejudicar os industriais.<br />

2-221


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 207<br />

Thomas Wise (IND/<strong>DE</strong>M), por escrito. - (EN)<br />

Embora concorde com os princípios<br />

estabelecidos nas alterações relativas à<br />

rotulagem indicativa de OGM, abstive-me por<br />

acreditar que se trata de matéria que deve ser<br />

tratada pelos governos nacionais e que não deve<br />

tornar-se competência da UE.<br />

2-222-250<br />

- Relatório Avril Doyle (A6-0177/<strong>2007</strong>)<br />

2-222-125<br />

Jean-Pierre Audy (PPE-<strong>DE</strong>), por escrito. -<br />

(FR) Votei a favor do excelente relatório da<br />

minha colega irlandesa Avril Doyle sobre a<br />

proposta de regulamento do Parlamento e do<br />

Conselho relativa às enzimas alimentares e que<br />

altera inúmeros textos actuais. Para eliminar os<br />

obstáculos às trocas e evitar a insegurança<br />

jurídica, mas também qualquer divergência nas<br />

normas de protecção sanitária e de protecção<br />

dos consumidores entre os Estados-Membros,<br />

torna-se urgente harmonizar, a nível<br />

comunitário, a regras em matéria de utilização<br />

das enzimas no sector da transformação<br />

alimentar, a qual se desenvolveu<br />

consideravelmente nestes últimos anos (fabrico<br />

de pão, queijo, cerveja, sumo de fruta,<br />

transformação do amido, etc.).<br />

As grandes evoluções científicas e tecnológicas,<br />

que permitem dispor de novas enzimas a partir<br />

de microrganismos geneticamente modificados,<br />

devem levar-nos a aceitar esta perspectiva de<br />

uma harmonização da legislação relativa à<br />

utilização das enzimas alimentares na União<br />

Europeia. É do interesse bem compreendido dos<br />

consumidores e dos industriais, desde que a<br />

legislação não seja demasiado onerosa.<br />

2-222<br />

– Relatório Mojca Drčar Murko (A6-<br />

0185/<strong>2007</strong>)<br />

2-222-500<br />

Jean-Pierre Audy (PPE-<strong>DE</strong>), por escrito. -<br />

(FR) Votei a favor do excelente relatório da<br />

minha colega eslovena Mojca Drčar Murko<br />

sobre a proposta de regulamento do Parlamento<br />

Europeu e do Conselho relativo aos aromas e a<br />

determinados ingredientes alimentares com<br />

propriedades aromatizantes utilizados nos e<br />

sobre os géneros alimentícios e que altera<br />

inúmeros textos existentes.<br />

Actualmente, todos os paladares e odores<br />

naturais podem ser reproduzidos por processo<br />

de síntese a partir de 2 600 moléculas com<br />

propriedades aromatizantes, havendo a<br />

possibilidade de criar novos paladares não<br />

existentes no estado natural. As evoluções<br />

tecnológicas no sector dos aromas e a<br />

volatilidade dos gostos dos nossos concidadãos<br />

devem levar-nos a zelar pela segurança<br />

alimentar e pela protecção dos consumidores,<br />

oferecendo simultaneamente à indústria<br />

envolvida a possibilidade de prosseguir o<br />

desenvolvimento tecnológico, tudo isto<br />

contribuindo para reforçar o mercado interno.<br />

Foram levantadas muitas questões, e eu saúdo<br />

os compromissos alcançados pela relatora que<br />

fazem com que a proposta de regulamento<br />

constitua uma iniciativa eficaz visando<br />

modernizar e simplificar a legislação em<br />

matéria de aromas.<br />

2-223<br />

Glyn Ford (PSE), por escrito. - (EN) Voto a<br />

favor do presente relatório. Saúdo, em<br />

particular, o compromisso assumido no sentido<br />

de indicar a presença de OGM através de<br />

rotulagem adequada. Não partilho totalmente<br />

das preocupações expressas por alguns dos<br />

colegas quanto à segurança dos OGM. A minha<br />

opinião é diferente pois, na qualidade de<br />

cientista, creio que os OGM têm um papel a<br />

desempenhar. Aceito, no entanto, que os outros<br />

têm direito a uma escolha diferente. Assim, a<br />

rotulagem permite às pessoas cuja opinião<br />

difere da minha evitarem os produtos que<br />

decidem rejeitar.<br />

2-224<br />

– Relatórios Asa Westlund (A6-0154/<strong>2007</strong>) e<br />

Mojca Drčar Murko (A6-0185/<strong>2007</strong>)<br />

2-225<br />

Gerard Batten (IND/<strong>DE</strong>M), por escrito. -<br />

(EN) Apesar de concordar com os princípios<br />

contidos nestas alterações sobre a rotulagem<br />

indicativa de OGM, o Partido da Independência<br />

do Reino Unido absteve-se por entender que<br />

estamos perante matéria da competência dos<br />

governos nacionais e que não deve passar para a<br />

competência da UE.<br />

2-226<br />

Nigel Farage (IND/<strong>DE</strong>M), por escrito. – (EN)<br />

A alteração 38 - segundo a qual o conteúdo dos<br />

alimentos que derivam de OGM deve ser<br />

claramente indicado através da rotulagem -, por<br />

muito desejável que seja, convida mais à<br />

abstenção do que ao apoio, devido à fonte de<br />

que emana, perigosa e inalteravelmente<br />

antidemocrática (as Instituições da UE). Dito de<br />

outro modo, considero que o governo centralista<br />

da UE, que não é sujeito a responsabilização<br />

democrática, constitui perigo maior para a<br />

civilização do que aditivos alimentares em cuja<br />

composição entrem OGM não indicados através<br />

de rotulagem. Consequentemente, abstive-me na<br />

votação desta alteração.<br />

2-227


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 208<br />

– Relatórios Asa Westlund (A6-0153/<strong>2007</strong> e<br />

A6-0154/<strong>2007</strong>), Avril Doyle (A6-0177/<strong>2007</strong>) e<br />

Mojca Drčar Murko (A6-0185/<strong>2007</strong>)<br />

2-228<br />

Françoise Grossetête (PPE-<strong>DE</strong>), por escrito. -<br />

(FR) Votei favoravelmente o pacote relativo à<br />

racionalização dos procedimentos de<br />

autorização e utilização, à consolidação das<br />

directivas relativas aos aditivos e aromas e ainda<br />

à harmonização das legislações referentes às<br />

enzimas.<br />

Foi introduzido um certo número de garantias<br />

suplementares destinadas a assegurar a<br />

transparência das decisões e a protecção dos<br />

consumidores, facto com que me congratulo. A<br />

futura legislação terá por objectivo garantir a<br />

protecção dos consumidores e a segurança<br />

alimentar, preservando simultaneamente a<br />

inovação e a competitividade da indústria agroalimentar.<br />

A indústria agro-alimentar utiliza muitos aromas<br />

naturais e artificiais: pelo menos 2 600<br />

encontram-se referenciados. Cada vez mais<br />

enzimas entram também no fabrico dos géneros<br />

consumidos, e os textos adoptados visam<br />

melhorar a segurança de utilização dessas<br />

substâncias.<br />

Convém portanto preservar a competitividade<br />

da indústria agro-alimentar no mercado. Os<br />

aromas naturais são integralmente compostos<br />

por agentes aromatizantes naturais. A relação<br />

90/<strong>10</strong> proposta pela Comissão permitia obter<br />

um aroma natural com gostos diferenciados em<br />

função dos produtos, dos alvos ou ainda da<br />

cultura dos Estados-Membros. Os <strong>10</strong>%<br />

provinham de outras fontes naturais que não a<br />

substância em causa.<br />

Lamento, portanto, a adopção da regra arbitrária<br />

dita de 95/5, que corre o risco de penalizar a<br />

indústria agro-alimentar sem no entanto reforçar<br />

a informação do consumidor.<br />

2-229<br />

- Relatório Astrid Lulling (A6-0148/<strong>2007</strong>)<br />

2-230<br />

Konrad Szymánski (UEN), por escrito. - (EN)<br />

Votei contra o relatório relativo ao imposto<br />

especial sobre o consumo de álcool e bebidas<br />

alcoólicas. A Comissão dos Assuntos<br />

Económicos e Monetários pronunciou-se a favor<br />

de um aumento de 4,5% nas taxas mínimas.<br />

Sendo eu contrário a qualquer harmonização ou<br />

aumento das taxas, por muito pequeno que seja,<br />

vi-me forçado a votar contra o relatório da<br />

senhora deputada Astrid Lulling.<br />

2-231<br />

Marianne Thyssen (PPE-<strong>DE</strong>), por escrito. –<br />

(NL) Senhora Presidente, Senhoras e Senhores<br />

Deputados, sempre que falamos sobre cerveja,<br />

sobre vinho ou outras bebidas alcoólicas, os<br />

ânimos exaltam-se neste Parlamento. Foi isso<br />

que aconteceu no caso dos acordos relativos às<br />

fábricas de cerveja e é isso que acontece agora.<br />

Há quinze anos, o Conselho chegou a acordo<br />

sobre as taxas mínimas do imposto especial<br />

sobre o consumo de bebidas alcoólicas. O<br />

objectivo era claro: a aproximação mútua das<br />

taxas fortemente divergentes nos Estados-<br />

Membros.<br />

Passados tantos anos, temos de concluir que as<br />

decisões tomadas na altura ultrapassaram as<br />

marcas. Assim, por razões de saúde pública,<br />

alguns Estados-Membros, incluindo os países<br />

escandinavos, aplicam taxas muito superiores às<br />

taxas mínimas. Isso nada tem de errado. Cada<br />

Estado-Membro tem o direito de adoptar uma<br />

política em matéria de impostos especiais de<br />

consumo compatível com as suas tradições<br />

nacionais e as suas preferências políticas.<br />

No entanto, reconheçamos também que a<br />

correcção inflacionista das taxas existentes,<br />

proposta pela Comissão, não irá alterar a<br />

situação. Uma vez que actual discrepância entre<br />

as taxas de imposto especial de consumo<br />

aplicadas nos Estados-Membros e as distorções<br />

da concorrência existentes irão persistir sem<br />

qualquer sinal de abrandamento, secundei a<br />

relatora Lulling no seu voto contra.<br />

2-232<br />

- Relatório Jeanine Hennis-Plasschaert (A6-<br />

0270/<strong>2007</strong>)<br />

2-233<br />

Hubert Pirker (PPE-<strong>DE</strong>). – (<strong>DE</strong>) Senhora<br />

Presidente, o objectivo da senhora deputada<br />

Hennis-Plasschaert em relação à directiva<br />

proposta deve ser apoiado, porque se trata muito<br />

simplesmente de uma questão de proteger<br />

importantes infra-estruturas que interessam a<br />

vários países contra ataques terroristas. É por<br />

isso que precisamos de identificar e definir as<br />

infra-estruturas, assim como os planos de<br />

segurança.<br />

No entanto, a proposta da Comissão vai longe<br />

demais. Põe em causa o princípio da<br />

solidariedade, ao confundir actividades<br />

terroristas com instrumentos económicos. A<br />

Comissão deve ponderar se a compilação<br />

centralizada de infra-estruturas críticas não<br />

poderá ser utilizada pelos terroristas,<br />

aumentando assim os riscos.


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 209<br />

Esta câmara fez propostas de alteração<br />

construtivas que, felizmente, aprovámos por<br />

ampla maioria. Proponho, portanto, que a<br />

Comissão as tenha em conta. Votei a favor do<br />

relatório.<br />

2-233-500<br />

Jean-Pierre Audy (PPE-<strong>DE</strong>), por escrito. -<br />

(FR) Votei a favor do excelente relatório da<br />

minha colega neerlandesa Jeanine Hennis-<br />

Plasschaert sobre a proposta de directiva do<br />

Conselho relativa à identificação, designação e<br />

protecção das infra-estruturas críticas europeias.<br />

Em primeiro lugar, saúdo a visão do Conselho<br />

Europeu de Junho de 2004 que está na origem<br />

desta proposta de directiva. Com efeito, é<br />

imperativo que a União Europeia acompanhe os<br />

Estados-Membros na protecção das infraestruturas<br />

críticas perante os riscos,<br />

nomeadamente terroristas, com que estamos<br />

confrontados. Embora a responsabilidade deste<br />

tipo de infra-estruturas caiba aos Estados-<br />

Membros e aos proprietários/exploradores que,<br />

regra geral, lhes estão ligados, é lógico<br />

comunitarizar alguns aspectos de prevenção,<br />

recenseamento e classificação das infraestruturas<br />

críticas, assim como a avaliação da<br />

necessidade de melhorar a sua protecção. O<br />

desenvolvimento da Internet e a liberalização de<br />

certos mercados (electricidade, gás,<br />

telecomunicações, frete por via férrea, etc.)<br />

devem obrigar-nos a uma enorme vigilância das<br />

nossas infra-estruturas críticas cada vez mais<br />

interconectadas a nível europeu e cuja<br />

interrupção, definitiva ou temporária, ou<br />

destruição poderia ter repercussões graves para<br />

a saúde, a segurança ou o bem-estar económico<br />

ou social dos cidadãos europeus ou para o bom<br />

funcionamento dos governos dos Estados-<br />

Membros.<br />

2-234<br />

Pedro Guerreiro (GUE/NGL), por escrito. -<br />

O estabelecimento de um quadro de acção<br />

comum para a protecção das infra-estruturas<br />

críticas europeias coloca-nos, uma vez mais,<br />

perante a questão central da transferência de<br />

competências que estão no cerne da soberania<br />

dos Estados para o âmbito da UE.<br />

A definição ao nível comunitário da protecção<br />

destas infra-estruturas, em nome da chamada<br />

"luta contra o terrorismo", colocará os Estados-<br />

Membros perante a responsabilidade da<br />

implementação de medidas vinculativas, como<br />

é, aliás, referido na justificação desta proposta.<br />

Apesar de a relatora mitigar o alcance da<br />

proposta inicial, por exemplo, sublinhando que<br />

"a responsabilidade da protecção das infraestruturas<br />

críticas incumbe única e<br />

exclusivamente aos Estados-Membros" e<br />

considerando "que uma abordagem comunitária<br />

só se justifica se forem afectados pelo menos<br />

três Estados-Membros, ou então dois Estados-<br />

Membros para além daquele no qual se situa a<br />

infra-estrutura crítica", os objectivos de fundo<br />

não são colocados em causa.<br />

Sendo ainda de sublinhar, como a realidade<br />

recente demonstra, que, a pretexto da dita "luta<br />

contra o terrorismo", têm vindo a ser<br />

implementadas medidas que ferem os direitos,<br />

as liberdades e as garantias dos cidadãos.<br />

Esperemos que tal conceito de "protecção de<br />

infra-estruturas críticas europeias" não venha a<br />

ser utilizada como argumento para cercear a<br />

legítima acção de luta dos trabalhadores em<br />

defesa dos seus direitos.<br />

2-235<br />

Jörg Leichtfried (PSE), por escrito. – (<strong>DE</strong>)<br />

Voto a favor do relatório sobre a identificação e<br />

designação das infra-estruturas críticas<br />

europeias e a avaliação da necessidade de<br />

melhorar a sua protecção.<br />

Os danos causados a uma infra-estrutura ou a<br />

interrupção do seu funcionamento num Estado-<br />

Membro podem ter consequências negativas<br />

para outros Estados-Membros e para a<br />

economia europeia no seu conjunto. Por isso, a<br />

protecção das infra-estruturas críticas é<br />

essencial para a segurança interna da UE.<br />

Concordo igualmente com a proposta do<br />

relatório no sentido de ser elaborada, segundo<br />

critérios comuns, uma lista de sectores<br />

prioritários com infra-estruturas críticas<br />

europeias. No entanto, os Estados-Membros não<br />

devem ser obrigados a descrever as suas<br />

infra-estruturas críticas com grande detalhe,<br />

porque isso seria contrário aos interesses da<br />

segurança nacional.<br />

Disposições jurídicas horizontais ao nível da<br />

UE, que tenham em conta os complexos<br />

processos e as interfaces das infra-estruturas<br />

críticas com dimensão transnacional, constituem<br />

uma preocupação justificada. No entanto, deve<br />

reconhecer-se, ao mesmo tempo, que a UE deve<br />

apoiar, e não duplicar, o trabalho feito pelos<br />

Estados-Membros. Por esta razão, aprovo<br />

também a proposta de uma abordagem<br />

ascendente, pois as autoridades nacionais<br />

conhecem melhor o que se passa nos respectivos<br />

países.<br />

2-236<br />

Georgios Toussas (GUE/NGL), por escrito. –<br />

(EL) O relatório aceita na íntegra a filosofia da<br />

proposta de directiva, que designa como infra-


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 2<strong>10</strong><br />

estruturas críticas europeias quaisquer infraestruturas<br />

importantes, públicas ou privadas,<br />

que afectem vários Estados-Membros da UE e<br />

obriga estes a apresentar uma lista dessas infraestruturas<br />

à Comissão Europeia, a qual por sua<br />

vez prepara uma lista única para toda a UE, de<br />

modo a que possa supervisionar e controlar a<br />

respectiva segurança em relação a “atentados<br />

terroristas”.<br />

De acordo com a proposta de directiva:<br />

O sector privado – ou seja, as empresas<br />

monopolistas – adquirem competências em<br />

matéria de segurança nacional que<br />

anteriormente eram da exclusiva<br />

responsabilidade do governo.<br />

A proposta abre caminho a que os movimentos<br />

dos trabalhadores e das massas populares que<br />

afectem qualquer infra-estrutura de<br />

“importância europeia”, incluindo mesmo<br />

instalações privadas, sejam classificados como<br />

“atentados terroristas” (por exemplo, greves em<br />

sectores críticos tais como a energia, as<br />

telecomunicações, etc., a ocupação simbólica de<br />

fábricas, empresas, etc., os piquetes de greve, as<br />

manifestações, etc.).<br />

A proposta põe decididamente em risco a<br />

segurança nacional e a soberania dos Estados-<br />

Membros, na medida em que os obriga a<br />

entregar à UE uma lista de todas as suas infraestruturas<br />

que sejam cruciais para a segurança e<br />

os seus planos em matéria de segurança.<br />

Mais uma vez o pretexto da “ameaça terrorista”<br />

é o veículo conveniente da UE para completar o<br />

seu quadro institucional reaccionário, que se<br />

vira contra os movimentos da classe<br />

trabalhadora e que protege o poder do capital<br />

europeu, minando ainda mais a soberania<br />

nacional dos Estados-Membros.<br />

2-237<br />

Geoffrey Van Orden (PPE-<strong>DE</strong>), por escrito. -<br />

(EN) As infra-estruturas críticas situam-se não a<br />

nível europeu mas a nível nacional. Compete<br />

aos governos nacionais defendê-las tendo em<br />

conta, nomeadamente, as ameaças que se<br />

deparam às democracias perante o terrorismo.<br />

Sou, obviamente, a favor de medidas que<br />

reforcem verdadeiramente a segurança. Todavia,<br />

esta directiva é mais um passo da UE para<br />

alargar o alcance da sua acção à esfera da<br />

segurança e defesa, e é justamente este elemento<br />

que merece maior objecção da minha parte. A<br />

Comissão parece entender a segurança como<br />

forma de “garantir a estabilidade do mercado<br />

interno", falhando o essencial. O sistema<br />

proposto de informar a Comissão sobre riscos e<br />

ameaças identificados contribui apenas para<br />

criar mais burocracia, do ponto de vista de ónus<br />

e estruturas. A exigência de os Estados-<br />

Membros notificarem circunstanciadamente à<br />

Comissão as suas infra-estruturas críticas é<br />

contraproducente, já que daí resultaria uma lista<br />

de alvos de grande interesse para mãos erradas.<br />

2-238<br />

- Relatório Alejo Vidal-Quadras (A6-<br />

0249/<strong>2007</strong>)<br />

2-239<br />

Markus Pieper (PPE-<strong>DE</strong>). – (<strong>DE</strong>) Senhor<br />

Presidente, Senhoras e Senhores Deputados,<br />

votei contra o relatório do senhor deputado<br />

Vidal-Quadras, não porque me oponha à<br />

abertura dos mercados da electricidade e do gás,<br />

muito pelo contrário, mas porque não posso<br />

concordar – pelo menos, por enquanto – com<br />

uma das suas principais exigências, que é a da<br />

separação da propriedade, por três motivos: em<br />

primeiro lugar, porque temos de dar às<br />

autoridades reguladoras nacionais mais tempo<br />

para se dotarem de uma regulamentação eficaz<br />

em matéria de concorrência; em segundo lugar,<br />

porque me parece que não ficou minimamente<br />

demonstrado que a separação da propriedade vá<br />

promover o investimento em redes de<br />

aprovisionamento; e em terceiro lugar, porque a<br />

proposta de separação não se aplica nos casos<br />

em que as redes e as instalações geradoras ainda<br />

são propriedade do Estado.<br />

É neste aspecto que devemos impor as estritas<br />

condições de liberalização que, até agora, têm<br />

sido negadas à concorrência, em vez de pôr em<br />

causa as que estão no bom caminho da<br />

economia de mercado, através de disposições de<br />

separação.<br />

2-239-500<br />

Jean-Pierre Audy (PPE-<strong>DE</strong>), por escrito. -<br />

(FR) Votei favoravelmente o relatório do meu<br />

colega espanhol Alejo Vidal-Quadras sobre as<br />

perspectivas do mercado interno do gás e da<br />

electricidade, o qual permitiu fazer o balanço<br />

deste dossier após um longo processo de<br />

liberalização dos mercados da energia e,<br />

sobretudo, da adopção, pelo Conselho Europeu<br />

de Março de 2006, de um "pacote energia"<br />

visando garantir a segurança do<br />

aprovisionamento, bem como a competitividade<br />

e a sustentabilidade ambiental em matéria de<br />

política energética da União Europeia. Lamento<br />

que a alteração apresentada pelos meus colegas<br />

Herbert Reul, Anne Laperrouze, Catherine<br />

Trautmann e outros, e que eu votei<br />

favoravelmente, não tenha sido aprovada pelo<br />

Parlamento, pois permitia uma pista equilibrada<br />

e alternativa à separação pura e simples da<br />

propriedade das redes, garantindo


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 211<br />

simultaneamente a independência dessa<br />

separação. São temas sobre os quais o debate<br />

político está longe de estar encerrado. O mesmo<br />

acontece quanto ao papel dos reguladores, à<br />

eliminação dos obstáculos às interconexões, ao<br />

desenvolvimento das novas produções em<br />

massa a partir de energias renováveis e aos<br />

consideráveis investimentos em infra-estruturas<br />

para dar resposta às necessidades crescentes,<br />

etc.<br />

2-240<br />

Bernadette Bourzai (PSE), por escrito. - (FR)<br />

Quis votar contra o relatório Vidal-Quadras<br />

sobre as perspectivas do mercado interno do gás<br />

e da electricidade, o qual prepara<br />

nomeadamente a apresentação pela Comissão,<br />

no próximo mês de Setembro, de um terceiro<br />

pacote "liberalização".<br />

Em primeiro lugar, oponho-me ao princípio<br />

liberal dogmático de separação da propriedade<br />

(propriedade e gestão da rede), pois não dá<br />

nenhuma garantia em matéria de investimentos,<br />

de aprovisionamento, de segurança ou de acesso<br />

dos terceiros e das energias renováveis à rede.<br />

Por outro lado, não garante uma disponibilidade<br />

da energia ao melhor preço para os cidadãos e<br />

não cumpre as obrigações de serviço público.<br />

Porquê então revolucionar a organização actual,<br />

que funciona bem e que garante a independência<br />

efectiva dos gestores de redes graças,<br />

nomeadamente, a uma intervenção proactiva do<br />

regulador e à aplicação de regras apertadas que<br />

garantem uma igualdade de tratamento e um<br />

serviço de qualidade a todos os utilizadores das<br />

redes, mesmo os que habitam em regiões com<br />

condições naturais desfavoráveis ou<br />

ultraperiféricas.<br />

Além disso, penso que o problema da<br />

independência do gestor de redes de transporte<br />

não remete para a questão do regime de<br />

propriedade, mas sim para a da regulação.<br />

Porquê então pedir uma supressão do carácter<br />

público das operadoras de energia?<br />

2-241<br />

Françoise Castex (PSE), por escrito. - (FR)<br />

Lamento a adopção da separação patrimonial de<br />

propriedade advogada pelos defensores ferozes<br />

do desmantelamento das grandes empresas.<br />

Quanto a mim, a direita liberal acaba de desferir<br />

um novo golpe ao princípio da missão de<br />

serviço público, tão caro aos cidadãos europeus.<br />

Considero que a separação patrimonial não dá<br />

qualquer garantia em matéria de investimentos,<br />

segurança ou acesso de terceiros à rede<br />

(incluindo as energias renováveis, que correm o<br />

risco de ser penalizadas devido aos seus<br />

elevados custos). E também não garante uma<br />

disponibilidade da energia ao melhor preço para<br />

os cidadãos.<br />

Estimo que teria sido preferível manter um<br />

sistema à francesa, que integra no seu<br />

funcionamento as regras legislativas oriundas<br />

das anteriores directivas europeias.<br />

2-242<br />

Ilda Figueiredo (GUE/NGL), por escrito. -<br />

Este é mais um dos passos para a liberalização<br />

do mercado interno do gás e da electricidade no<br />

seguimento da Estratégia de Lisboa. As<br />

palavras-chave neste relatório são<br />

"liberalização" e "mercado". A ideia base de que<br />

partem é sempre a mesma. A premissa de que o<br />

mercado resolverá, por si só, o problema do<br />

abastecimento e do consumo energético, já por<br />

inúmeros exemplos refutada, aparece defendida<br />

com crescente fervor para tentar escamotear que<br />

é cada vez mais difícil ignorar que o "mercado"<br />

apenas tem funcionado para alguns, com a<br />

acumulação de lucros fabulosos, mas não para<br />

os consumidores, que se vêm confrontados com<br />

o aumento crescente dos preços na factura<br />

energética.<br />

O sector energético, como sector estratégico de<br />

um país, é vital para sua a independência e<br />

soberania. Subordiná-lo a interesses privados<br />

nacionais e transnacionais é uma afronta à<br />

soberania dos povos, aos direitos dos<br />

trabalhadores e das populações.<br />

Por isso, mais uma vez, rejeitamos a<br />

liberalização do gás e da electricidade e<br />

defendemos a sua manutenção no sector<br />

público, como único garante de acesso a um<br />

serviço contínuo, de qualidade e a preços<br />

acessíveis.<br />

2-243<br />

Robert Goebbels (PSE), por escrito. - (FR)<br />

Votei contra a liberalização dos sectores do gás<br />

e da electricidade porque penso que a separação<br />

da propriedade do transporte não será o meio<br />

mais eficaz de promover o investimento nessas<br />

infra-estruturas. Como reconhece o próprio<br />

relatório, "este modelo poderia não resolver<br />

todas as questões, como as das interconexões ou<br />

dos pontos de congestão". O que é facto é que o<br />

mercado da electricidade e o mercado do gás<br />

precisam de investimentos consideráveis. Não é<br />

eliminando as grandes operadoras do mercado<br />

que a UE poderá garantir a sua segurança de<br />

aprovisionamento. Mantém-se a situação<br />

estranha de que os países europeus que mais<br />

liberalizaram possuem também os preços mais<br />

elevados para os consumidores.


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 212<br />

2-244<br />

Bairbre de Brún e Mary Lou McDonald<br />

(GUE/NGL), por escrito. - (EN) O Sinn Féin<br />

rejeitou o relatório Vidal-Quadras sobre o<br />

mercado interno do gás e da electricidade<br />

devido à ênfase que este coloca na privatização<br />

e na "separação da propriedade". Os Estados-<br />

Membros deverão manter o direito a deter e<br />

operar totalmente os seus sistemas de energia,<br />

se assim o entenderem.<br />

Na sua qualidade de partido de toda a Irlanda<br />

ansiamos por um mercado de energia para toda<br />

a Irlanda, totalmente integrado e sujeito a<br />

controlo. As interconexões entre o Norte e o Sul<br />

constituem importantes elementos de infraestrutura<br />

na criação de uma economia para a<br />

toda a Irlanda.<br />

2-245<br />

Dominique Vlasto (PPE-<strong>DE</strong>), por escrito. -<br />

(FR) A delegação UMP quer recordar e salientar<br />

que a separação patrimonial não constitui a<br />

melhor resposta para os actuais<br />

disfuncionamentos dos mercados.<br />

Num contexto de forte concorrência, que está a<br />

assistir à emergência de poderosas operadoras<br />

não europeias, parece-nos perigoso desmantelar<br />

empresas energéticas europeias em nome de<br />

uma abordagem dogmática da política da<br />

concorrência, muito afastada das lógicas<br />

industriais que deveriam reforçar a União<br />

Europeia na competição mundial.<br />

O aprovisionamento energético europeu<br />

representa uma aposta estratégica a longo prazo<br />

que exige que se garanta a sua segurança para<br />

além da duração de um único contrato. Essa<br />

segurança de aprovisionamento energético<br />

depende de investimentos já nitidamente<br />

insuficientes. Estes terão no entanto de<br />

aumentar consideravelmente a fim de dar<br />

resposta às nossas necessidades futuras, quer se<br />

trate de gás, quer se trate de electricidade.<br />

A separação patrimonial significa que as nossas<br />

operadoras energéticas tradicionais não poderão<br />

realizar esses investimentos nas redes<br />

energéticas. Deixar essa questão para os recémchegados,<br />

que não possuirão forçosamente os<br />

meios financeiros necessários, ou para empresas<br />

não europeias, que não partilham<br />

necessariamente a nossa avaliação das nossas<br />

futuras necessidades, é extremamente perigoso e<br />

muito preocupante.<br />

Nestas condições, a delegação UMP espera da<br />

Comissão Europeia o desenvolvimento de uma<br />

abordagem alternativa à separação patrimonial.<br />

2-246<br />

- Relatório Struan Stevenson (A6-0155/<strong>2007</strong>)<br />

2-247<br />

Pedro Guerreiro (GUE/NGL), por escrito. -<br />

As proteínas animais não integram o regime<br />

alimentar natural - sublinhe-se "natural" -, por<br />

exemplo, de um bovino adulto.<br />

Actualmente muitos parecem esquecer - ou<br />

fazem-se de esquecidos -, quanto às<br />

consequências da crise das "vacas loucas" - da<br />

ESB - para a saúde humana e animal, assim<br />

como quanto às consequências socioeconómicas<br />

subjacentes ao modelo de produção intensiva<br />

que esteve na sua origem.<br />

O presente relatório pretende levantar o<br />

embargo ao uso da farinha e do óleo de peixe na<br />

alimentação dos ruminantes. O seu intuito é<br />

incrementar ainda mais os lucros da agroindústria<br />

e dos grandes agricultores.<br />

Esta intenção merece a nossa rejeição. Não só<br />

porque esta medida se enquadra no fomento da<br />

produção intensiva e da verticalização da<br />

produção agrícola, como iria incentivar a pesca<br />

industrial para a obtenção de farinha e óleo de<br />

peixe para a alimentação, nomeadamente de<br />

ruminantes - num contexto de escassez de<br />

recursos haliêuticos, onde estes deveriam ser<br />

mais valorizados para fins de alimentação<br />

humana -, mas, sobretudo, porque continuam a<br />

subsistir riscos para a saúde humana e animal.<br />

Deste modo, consideramos imperiosa a<br />

aplicação do princípio da precaução. Por isso,<br />

lamentamos que a nossa proposta de rejeição de<br />

levantamento da actual proibição tenha sido<br />

rejeitada.<br />

2-248<br />

Correcções e intenções de voto: ver Acta<br />

2-249<br />

(A sessão, suspensa às 13H15, é reiniciada às<br />

15H05)<br />

2-250<br />

2-251<br />

PRESIDÊNCIA: COCILOVO<br />

Vice-presidente<br />

Aprovação da acta da sessão anterior: ver<br />

Acta<br />

2-252<br />

Modernizar o direito do trabalho para<br />

enfrentar os desafios do século XXI<br />

(continuação do debate)<br />

2-253


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 213<br />

Presidente. – Segue-se na ordem do dia a<br />

continuação do debate do relatório do deputado<br />

Protasiewicz, sobre modernizar o direito do<br />

trabalho para enfrentar os desafios do século<br />

XXI.<br />

2-254<br />

Thomas Mann (PPE-<strong>DE</strong>). – (<strong>DE</strong>) Senhor<br />

Presidente, apesar das consideráveis pressões do<br />

tempo, o relator, senhor deputado Protasiewicz,<br />

obteve um compromisso que estabelece um<br />

equilíbrio entre segurança e flexibilidade na<br />

actual legislação do trabalho. No entanto,<br />

algumas formulações ainda não são<br />

suficientemente precisas, como as do artigo 35º,<br />

que dá definições variáveis do estatuto de um<br />

trabalhador segundo o direito do trabalho. Como<br />

se espera que funcione o princípio do<br />

“trabalhador não assalariado de manhã,<br />

trabalhador assalariado à tarde”? Os<br />

trabalhadores não assalariados economicamente<br />

dependentes são também trabalhadores não<br />

assalariados quando têm um único empregador.<br />

São normalmente pessoas que ganham a vida<br />

em microempresas e são responsáveis por uma<br />

grande percentagem dos postos de trabalho na<br />

UE. Tentativas para fazer uma distinção<br />

rigorosa entre assalariados e não assalariados<br />

feitas no meu país, a Alemanha, na década de<br />

1990, resultaram no colapso de empresas<br />

nascentes e de milhares de microempresas.<br />

Tenho as maiores dúvidas em relação à<br />

responsabilidade solidária para as empresas<br />

gerais ou principais, que levanta muito<br />

problemas concretos. As empresas gerais são<br />

sobrecarregadas com funções do Estado. Estão a<br />

ser sujeitas a mais burocracia e a custos<br />

consideráveis. Por este motivo, apresentei uma<br />

alteração que suprimirá claramente essas<br />

obrigações excessivas.<br />

Noutra alteração, sublinho a competência da<br />

União Europeia e dos seus Estados-Membros<br />

em matéria de direito do trabalho, como<br />

dispõem os artigos 127º e 137º do Tratado CE.<br />

Temos de rejeitar qualquer nova<br />

regulamentação ou harmonização ao nível<br />

europeu.<br />

Recomendo que votemos a favor do relatório<br />

amanhã, quando as alterações tiverem sido<br />

introduzidas, entre outras razões pelo esforço do<br />

relator para ser tão equilibrado.<br />

2-255<br />

Jan Andersson (PSE). – (SV) Gostaria de<br />

agradecer a todos os intervenientes, o relator e<br />

os relatores-sombra, pelo trabalho construtivo<br />

que fizeram na comissão para produzir um<br />

relatório em torno do qual podemos estabelecer<br />

um consenso. Temos de ver este relatório no<br />

contexto dos desafios globais e da evolução<br />

demográfica, que significam que temos de<br />

transformar a <strong>Europa</strong>. Já o disse antes e volto a<br />

dizê-lo: a Comissão começou pelo lado errado.<br />

O importante é a segurança face à mudança. E o<br />

que é mais importante, sendo assim, não é<br />

mudar o direito do trabalho, mas ter uma<br />

política activa de mercado de trabalho. As<br />

nossas preocupações devem ser com a<br />

educação, a aprendizagem ao longo da vida e<br />

bons acordos de segurança de emprego, para<br />

que as pessoas possam, de uma forma ou outra,<br />

mudar para novos postos de trabalho, na mesma<br />

empresa ou noutra. Esta evolução deve ser vista<br />

como algo positivo, e não como uma ameaça.<br />

Por isso, ao pôr em causa o direito do trabalho,<br />

a Comissão começou pelo lado errado. É<br />

preciso um bom direito do trabalho na <strong>Europa</strong><br />

para que os trabalhadores se sintam seguros.<br />

Qual é a situação actual? Crescemos e<br />

aumentámos o emprego na <strong>Europa</strong>. Isto é<br />

positivo. No entanto, assistimos também a outra<br />

evolução. Há um número crescente de empregos<br />

precários e de má qualidade, que não asseguram<br />

uma subsistência digna e que, por exemplo,<br />

oferecem más condições de trabalho. É com isto<br />

que temos de acabar e não o faremos pondo em<br />

causa o direito do trabalho. Fá-lo-emos, sim,<br />

pegando nos maus empregos e tornando-os<br />

melhores e mais seguros, para que se pareçam<br />

mais com empregos normais a tempo inteiro. É<br />

este o caminho que temos de seguir.<br />

Depois, a Comissão concentrou-se no direito do<br />

trabalho individual, no que foi infeliz. O direito<br />

do trabalho colectivo tem um papel muito<br />

importante em muitos países europeus. Os<br />

parceiros sociais têm um grande papel a<br />

desempenhar no direito do trabalho. Não seria<br />

despropositado chamar também a atenção para o<br />

direito do trabalho colectivo e para o importante<br />

trabalho feito pelos parceiros sociais sob a<br />

forma de diálogo social.<br />

2-256<br />

Elizabeth Lynne (AL<strong>DE</strong>). – (EN) Senhor<br />

Presidente, gostaria de felicitar o relator e de<br />

agradecer a sua cooperação. Este debate prendese<br />

com o futuro do direito do trabalho, e cumpre<br />

reconhecer a actual realidade, a saber, que se<br />

regista um aumento dos contratos atípicos e que<br />

temos de nos concentrar mais na segurança do<br />

emprego do que na segurança de um posto de<br />

trabalho.<br />

Considero que não deveremos exigir uma<br />

definição de trabalhador a nível da UE. Essa<br />

definição deverá ser deixada aos Estados-


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 214<br />

Membros. No que se refere à negociação<br />

colectiva, esta tem ainda um importante papel a<br />

desempenhar, mas é preciso que garantamos que<br />

as pessoas que não pertencem a um sindicato<br />

tenham uma palavra a dizer. O mesmo deveria<br />

também acontecer com as pequenas e médias<br />

empresas.<br />

De momento, a lista de parceiros sociais da<br />

Comissão é pequena, e considero que não se<br />

tem verdadeiramente em conta as opiniões das<br />

PME, que, em muitos aspectos, são o motor da<br />

economia europeia. Exorto a que todos os<br />

presentes votem a favor das alterações<br />

apresentadas pelo Grupo AL<strong>DE</strong>.<br />

2-257<br />

Konrad Szymański (UEN). – (PL) Senhor<br />

Presidente, serei breve: felicito o relator mas<br />

não a maioria da Comissão do Emprego e dos<br />

Assuntos Sociais que propôs estas alterações ao<br />

relatório. O mercado de trabalho está em<br />

mutação - novas profissões, novas tecnologias,<br />

partilha de serviços crescente significam que<br />

têm de surgir novas formas de emprego.<br />

As preocupações da esquerda com trabalhos<br />

menos remunerados e menos seguros revelamse,<br />

normalmente, infundadas. O verdadeiro<br />

problema reside na difusão de soluções<br />

inflexíveis que impedem a criação de novos<br />

postos de trabalho e condenam uma larga franja<br />

de pessoas ao desemprego, assim como na<br />

transposição dessas experiências negativas para<br />

países onde o mercado de trabalho é altamente<br />

competitivo.<br />

A burocracia com que esbarram as empresas<br />

que querem contratar trabalho dentro do<br />

mercado europeu não passa de uma forma de<br />

proteccionismo moderno, que visa sobretudo os<br />

novos Estados-Membros e de que são exemplo<br />

flagrante os casos Vaxholm e Viking Line, em<br />

relação aos quais foi necessário recorrer ao<br />

Tribunal de Justiça Europeu.<br />

Pelas razões expostas, se as alterações propostas<br />

pelos membros do Grupo do Partido Popular<br />

Europeu (Democratas-Cristãos) e dos<br />

Democratas Europeus forem aceites, tanto pelo<br />

relator como pelos demais deputados, não<br />

poderei apoiar o presente relatório.<br />

2-258<br />

Ilda Figueiredo (GUE/NGL). – Senhor<br />

Presidente, os exemplos diários que<br />

conhecemos de exploração dos trabalhadores,<br />

em Portugal noutros países da União Europeia,<br />

como a Holanda e a Roménia, envolvendo<br />

também portugueses, demonstram que, em<br />

nome da modernização do direito de trabalho, o<br />

que pretendem é facilitar os despedimentos,<br />

através da alteração dos prazos de pré-aviso, dos<br />

custos e procedimentos aplicáveis ao<br />

despedimento individual e colectivo, da própria<br />

definição do despedimento individual sem justa<br />

causa para destruir os actuais vínculos<br />

contratuais.<br />

Querem também a alteração do tempo e da<br />

organização do trabalho, com todas as<br />

consequências no ataque à própria contratação<br />

colectiva e à organização dos trabalhadores. Ao<br />

colocar empregadores e trabalhadores no<br />

mesmo prato da balança das disposições<br />

contratuais de uma organização de trabalho dita<br />

moderna, desvalorizam a necessidade de<br />

proteger o emprego seguro e os direitos do elo<br />

mais frágil da relação laboral: os trabalhadores<br />

que precisam do trabalho e do salário para<br />

sobreviver.<br />

Como demonstraram em Guimarães no passado<br />

dia 5 de Julho, os trabalhadores estão em luta<br />

contra estas graves propostas.<br />

2-259<br />

Ana Mato Adrover (PPE-<strong>DE</strong>). – (ES) Senhor<br />

Presidente, em primeiro lugar, desejo felicitar o<br />

senhor deputado Protasiewicz pelo seu esforço<br />

de consenso; espero que tenha êxito amanhã.<br />

Era, sem qualquer dúvida, necessário fazer uma<br />

reflexão conjunta sobre o significado das<br />

normas para regular o mercado de trabalho, e<br />

penso que o Livro Verde constituiu uma boa<br />

oportunidade para o fazer.<br />

Desde a Cimeira do Luxemburgo colocaram-se<br />

novos reptos e novos problemas, como a<br />

imigração e o envelhecimento da população, e<br />

recordamos que em 1997 o objectivo era<br />

simplesmente incentivar a criação de postos de<br />

trabalho. Hoje, numa etapa de maior<br />

dinamização da economia, não preconizamos<br />

apenas o pleno emprego mas também um<br />

emprego de qualidade.<br />

Quero com isto dizer que procuramos melhores<br />

condições de trabalho, maior eficácia da gestão<br />

empresarial, conciliação da vida familiar e da<br />

vida profissional, formação ao longo de toda a<br />

vida e também estabilidade. É aqui que reside a<br />

primeira crítica que quero fazer ao relatório.<br />

A estabilidade não pode ser incompatível com<br />

os contratos a tempo parcial. O relatório exclui<br />

este tipo de contratos e apenas defende os<br />

contratos a tempo inteiro, esquecendo-se de que<br />

este tipo de contratos é muito necessário - são<br />

contratos que podem ser também contratos por


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 215<br />

tempo indeterminado e estáveis - para conciliar<br />

a vida profissional com a vida familiar.<br />

O relatório também condena e esquece os<br />

contratos temporários, que são necessários e<br />

insubstituíveis em alguns sectores, como o<br />

turismo, a hotelaria, a construção e a<br />

agricultura, em relação aos quais seria<br />

impensável celebrar contratos indefinidos, em<br />

virtude do papel que desempenham.<br />

Gostaria de tecer outra observação: sabemos<br />

que os sistemas de trabalho diferem muito de<br />

país para país. Tal como as relações entre os<br />

diferentes sectores, pelo que se torna muito<br />

difícil produzir uma legislação comum a nível<br />

europeu.<br />

Preferimos apostar na subsidiariedade, e<br />

também no método aberto de coordenação e no<br />

acordo entre os agentes sociais. Não queremos,<br />

naturalmente, que seja passado um cheque em<br />

branco à Comissão para que esta instituição<br />

possa actuar em temas do âmbito do direito de<br />

trabalho sem contar com os diferentes países e<br />

com as diferentes características de cada um<br />

deles.<br />

2-260<br />

Françoise Castex (PSE). - (FR) Senhor<br />

Presidente, Senhoras e Senhores Deputados,<br />

creio que já era tempo de a União proceder a<br />

este debate, e podemos congratular-nos com a<br />

iniciativa do Livro Verde. Todavia, temo que<br />

esta iniciativa não constitua forçosamente uma<br />

boa notícia para os trabalhadores europeus. Com<br />

efeito, o Livro Verde é criticável tanto a nível<br />

do método adoptado como a nível das<br />

orientações que propõe.<br />

Em primeiro lugar, quanto ao método: lamento<br />

que esta consulta não respeite o processo<br />

previsto no artigo 138º do Tratado, que confere<br />

um estatuto específico aos parceiros sociais<br />

sempre que se trata de política social. Esta<br />

derrogação processual é aliás denunciada pela<br />

Confederação Europeia dos Sindicatos.<br />

Em seguida, quanto à matéria de fundo: um<br />

Livro Verde deve ser imparcial. Deve colocar<br />

questões sem lhes dar resposta antecipadamente.<br />

Ora, a Comissão Europeia avança afirmações de<br />

ordem claramente ideológica. É o caso quando<br />

acusa o modelo tradicional de criar obstáculos<br />

ao emprego. É também o caso quando declara<br />

que a protecção contra o despedimento constitui<br />

um obstáculo ao dinamismo das empresas e<br />

quando classifica a insegurança no trabalho<br />

como uma marca de modernidade.<br />

Existem na <strong>Europa</strong> e no direito internacional<br />

publicado pela OIT princípios e direitos<br />

fundamentais que têm de ser respeitados. O<br />

contrato por tempo indeterminado deve ser<br />

confirmado como regra. O trabalhador<br />

assalariado deve ser protegido pela legislação<br />

ou pela negociação colectiva ou pelas duas. Eis<br />

a razão por que, insisto, a negociação colectiva<br />

deve continuar a ser a principal fonte para a<br />

elaboração do direito laboral.<br />

Por fim, duas palavras sobre o conceito de<br />

flexigurança, elevado a princípio. Tal como se<br />

encontra aqui definido, introduz um<br />

desequilíbrio fundamental na partilha das<br />

competências entre a União e os Estados-<br />

Membros. A União Europeia imporia a<br />

flexibilidade e deixaria aos Estados-Membros a<br />

exclusiva responsabilidade de garantir a<br />

segurança dos trabalhadores. Os nossos<br />

concidadãos querem uma <strong>Europa</strong> protectora dos<br />

seus direitos e do seu modelo social. Não lhes<br />

podemos transmitir a imagem de uma <strong>Europa</strong><br />

destruidora dos seus acervos sociais. A sua<br />

adesão ao projecto europeu depende disso, não<br />

o esqueçamos.<br />

2-261<br />

Ona Juknevičienė (AL<strong>DE</strong>). – (LT) Há duas<br />

questões importantes no documento elaborado<br />

pelo senhor deputado Protasiewicz: 1) contratos<br />

atípicos, 2) o conceito de trabalhador.<br />

Quando se recorre a contratos atípicos, existe<br />

discriminação do trabalhador. Estes não<br />

possuem garantias sociais adequadas. No<br />

entanto, a flexibilidade ajuda as empresas a<br />

adaptar-se às mudanças do mercado e ajuda os<br />

trabalhadores a compatibilizarem a sua vida<br />

pessoal com a vida profissional.<br />

Muitos lituanos trabalham no sector da<br />

construção no Reino Unido, registados como<br />

independent workers (trabalhadores<br />

independentes). Na realidade, trabalham para<br />

empresas de construção exactamente como<br />

outros trabalhadores. Porém, não dispõem de<br />

idênticas garantias laborais, sociais e outras.<br />

Qualquer definição de trabalhador deverá<br />

assentar na sua situação real no local de<br />

trabalho, durante as horas de trabalho. O nosso<br />

objectivo é um mercado de trabalho eficaz, no<br />

qual qualquer pessoa encontre um emprego<br />

adequado e as empresas encontrem os<br />

trabalhadores de que precisam. O documento<br />

hoje em apreço dá um contributo para a<br />

consecução desse objectivo.<br />

2-262<br />

Mieczysław Edmund Janowski (UEN). – (PL)<br />

Senhor Presidente, Senhor Comissário, queria


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 216<br />

começar por agradecer ao deputado<br />

Protasiewicz ter-se debruçado sobre a<br />

importante questão da adaptação do direito do<br />

trabalho às exigências do mundo de hoje.<br />

Embora saibamos que não existe um código do<br />

trabalho comunitário, a União Europeia devia,<br />

ainda assim, inspirar mudanças positivas e<br />

competitivas, bem como alguma normalização<br />

em toda a área onde se insere o direito do<br />

trabalho.<br />

Gostaria, agora, de referir sumariamente a<br />

posição do sindicato polaco Solidariedade<br />

quanto ao Livro Verde: defende o Solidariedade<br />

que, embora a principal base de trabalho deva<br />

continuar a ser o contrato de trabalho de<br />

duração indeterminada, que garante a<br />

manutenção adequada das relações de emprego,<br />

convém reconhecer, ainda assim, uma definição<br />

de trabalhador dependente de modo a abranger<br />

todas as pessoas que trabalham por conta de<br />

outrem, incluindo as que fornecem trabalho com<br />

base em contratos estabelecidos ao abrigo do<br />

direito civil. Esta definição devia estar ligada a<br />

uma definição clara de auto-emprego.<br />

Gostaria, resumidamente, de referir alguns<br />

pontos importantes: o trabalho à distância,<br />

nomeadamente para jovens pais e deficientes, e<br />

a necessidade de eliminar diferenças de<br />

remuneração entre homens e mulheres que<br />

desempenham a mesma tarefa. Actualmente as<br />

palavras-chave deviam ser emprego,<br />

flexibilidade e segurança. O que conta, porém,<br />

não são as palavras mas as pessoas - por um<br />

lado as pessoas que pretendem ganhar a vida<br />

trabalhando à tarefa, incluindo os<br />

desempregados, e as outras, os empregadores -<br />

privados e públicos, e todos os que sentem<br />

responsabilidade na resolução dos nossos<br />

problemas, cada vez mais globais.<br />

2-263<br />

Edit Bauer (PPE-<strong>DE</strong>). – (SK) Estou de acordo<br />

com aqueles que não gostariam de viver num<br />

ambiente em que a legislação laboral reflectisse<br />

exclusivamente as necessidades da<br />

concorrência.<br />

É claro que novas tendências económicas<br />

implicam a necessidade de um mercado de<br />

trabalho mais flexível, que está associado a uma<br />

maior proporção de contratos de trabalho<br />

atípicos. Neste contexto, a questão subjacente<br />

que se coloca é a seguinte: Quem é que deverá<br />

assumir os novos e maiores riscos de um<br />

mercado de trabalho mais flexível? Não se trata<br />

apenas de uma maior protecção para<br />

"trabalhadores excluídos", uma vez que os<br />

indivíduos ou as suas famílias terão de arcar<br />

com os riscos e que as perdas sociais se<br />

revelarão desproporcionadamente grandes na<br />

ausência de uma nova abordagem que se baseie<br />

na introdução de um modelo em que todos<br />

ganhem. Imaginem os problemas associados<br />

com a crise demográfica. É difícil encontrar<br />

uma solução. De momento parece que existem<br />

mais perguntas do que respostas, tanto a nível<br />

europeu como a nível dos Estados-Membros.<br />

Parece ser necessário um novo paradigma na<br />

área do direito laboral, mas não apenas no<br />

sentido mais estrito do termo. Inicialmente, o<br />

conceito de “flexisegurança” baseava-se no<br />

pressuposto de que os indivíduos poderiam e<br />

deveriam adaptar-se às novas condições de um<br />

mercado de trabalho flexível, mas não deveriam<br />

arcar com os riscos resultantes da nova situação.<br />

Em vez disso, estes riscos deveriam ser<br />

repartidos entre os indivíduos, os empregadores<br />

e a sociedade. Não há dúvida que encontrar as<br />

respostas correctas exige coragem política. A<br />

coragem de procurar respostas que não sirvam<br />

apenas os interesses da concorrência, em<br />

detrimento de tudo o resto, mas representem um<br />

novo equilíbrio de valores.<br />

2-264<br />

Joel Hasse Ferreira (PSE). – Senhor<br />

Presidente, Comissário, caros Colegas, queria<br />

saudar o nosso colega Protasiewicz por ter<br />

conseguido, com a nossa colaboração,<br />

transformar o seu relatório inicial num relatório<br />

do Parlamento. Também uma palavra de<br />

destaque para o colega Christensen que<br />

organizou pelo PSE um contributo estruturado e<br />

colectivo. O relatório integra aspectos centrais<br />

do actual debate europeu, como a questão da<br />

flexisegurança, e cito que a flexisegurança só<br />

pode ser atingida através de um direito do<br />

trabalho eficiente e moderno e que a negociação<br />

colectiva e a existência de parceiros sociais são<br />

uma parte importante da abordagem em matéria<br />

de flexisegurança.<br />

Importante é também o convite aos Estados-<br />

Membros para reverem e adaptarem os sistemas<br />

de segurança social de forma a<br />

complementarem as políticas activas do<br />

mercado de trabalho, nomeadamente a formação<br />

e a aprendizagem ao longo da vida. Foi com<br />

muito gosto que apresentei algumas alterações,<br />

nomeadamente relativas à relevância das<br />

pequenas e médias empresas como um<br />

importante motor para a criação e o aumento do<br />

emprego na <strong>Europa</strong>, bem como para o<br />

desenvolvimento social e regional, sendo<br />

importante reforçar o papel das PME na<br />

melhoria da legislação laboral.<br />

Também é importante uma melhor coordenação<br />

entre a legislação laboral nacional e as


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 217<br />

inspecções sociais. Isto é imprescindível para se<br />

poder lutar de forma mais eficiente contra a<br />

exploração do trabalho dos imigrantes. E temos<br />

ainda que reconhecer a necessidade de se<br />

instituírem modalidades de trabalho, de horário<br />

de trabalho, suficientemente flexíveis, para<br />

responder às necessidades dos trabalhadores e<br />

das empresas ou instituições onde trabalham.<br />

Neste contexto, é também importante mencionar<br />

e sublinhar que todos os trabalhadores devem<br />

ter direito ao mesmo nível de protecção e que<br />

certos grupos não devem ser à partida excluídos<br />

de um nível de protecção mais elevado, tais<br />

como marítimos, trabalhadores de navios e<br />

trabalhadores em off-shores. Não posso deixar<br />

de sublinhar, antes de concluir, o convite do<br />

Parlamento Europeu aos Estados-Membros para<br />

eliminarem as restrições ao acesso aos seus<br />

mercados de trabalho e melhorarem assim a<br />

mobilidade dos trabalhadores no território da<br />

União Europeia, contribuindo para uma<br />

realização mais rápida dos objectivos da<br />

Estratégia de Lisboa.<br />

O direito do trabalho pode e deve ser<br />

modernizado mas não deve pôr em causa, antes<br />

deve reforçar, os equilíbrios sociais em cada<br />

Estado-Membro, bem como a coesão social<br />

europeia.<br />

2-265<br />

Siiri Oviir (AL<strong>DE</strong>). – (ET) Considerando, em<br />

primeiro lugar, a sociedade europeia, que está a<br />

envelhecer e, em segundo lugar, um dos<br />

objectivos mais importantes da estratégia de<br />

Lisboa, que é o de alcançar um elevado nível de<br />

emprego, estou convencido de que o modelo<br />

tradicional de relações laborais não é<br />

necessariamente adequado a empregados com<br />

contratos de trabalho normais, celebrados por<br />

tempo indeterminado.<br />

Numa sociedade turbulenta, os empregados<br />

devem ser capazes de se adaptar a mudanças e<br />

de tirar partido das oportunidades surgidas com<br />

a globalização.<br />

Assim, penso que modelos alternativos de<br />

relações contratuais podem, além de outros<br />

aspectos, aumentar a capacidade das empresas<br />

para canalizar a criatividade dos seus<br />

trabalhadores, criando igualmente, desta forma,<br />

mais vantagens competitivas.<br />

A melhor forma de alcançar o que acabo de<br />

referir é através da utilização do método aberto<br />

de coordenação, que é um método útil para o<br />

intercâmbio de informações sobre melhores<br />

práticas, com vista a responder a desafios<br />

comuns de um modo flexível e transparente.<br />

Para concluir, gostaria de agradecer ao relator<br />

pela coragem de apreciar este tema com tanto<br />

detalhe e a toda a Assembleia pela atenção<br />

prestada.<br />

2-266<br />

Andrzej Tomasz Zapałowski (UEN). – (PL)<br />

Senhor Presidente, os desafios demográficos<br />

com que se defrontam, hoje, muitos países da<br />

União Europeia devem-se, entre outras razões, à<br />

instabilidade dos jovens. Hoje em dia, para que<br />

um jovem consiga encontrar um emprego<br />

razoavelmente seguro, tem de possuir<br />

experiência e de apresentar as referências<br />

exigidas pelo empregador. Em consequência,<br />

muitas pessoas decidem constituir família já em<br />

idade mais avançada o que, obviamente, não<br />

encoraja grandes famílias. Cabe à <strong>Europa</strong> pensar<br />

e agir no sentido de assegurar que a sua<br />

identidade e tradições cristãs sobrevivem e se<br />

impõem nos próximos anos.<br />

Queria agradecer ao meu colega um relatório<br />

que identifica os problemas principais mas, ao<br />

mesmo tempo, dedica profunda atenção à<br />

estabilidade do emprego sob a forma de<br />

contratos de trabalho de duração indeterminada,<br />

que deviam ser regra.<br />

Convém, ainda, que a <strong>Europa</strong> levante as<br />

restrições ao acesso aos mercados de trabalho<br />

impostas aos novos Estados-Membros, em<br />

especial porque tais restrições surgem da parte<br />

dos Estados que mais falam de integração<br />

europeia enquanto, na realidade, praticam um<br />

intervencionismo nacional a larga escala.<br />

2-267<br />

Richard Falbr (PSE). – (CS) Senhor<br />

Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, não<br />

vejo qualquer razão para adoptar um tom<br />

conciliatório. Há muita coisa em jogo. O Livro<br />

Verde sobre a modernização do direito do<br />

trabalho só tem um único mérito: pode ser<br />

facilmente deitado abaixo como uma invenção<br />

inacreditável de meias verdades e de<br />

observações hipócritas. Gostaria de aproveitar<br />

esta minha intervenção para formular algumas<br />

perguntas.<br />

Por que razão não foi o conteúdo do relatório<br />

discutido com os parceiros sociais? Será que<br />

não existem a nível europeu? O direito do<br />

trabalho existe e foi desenvolvido nos últimos<br />

<strong>10</strong>0 anos de forma a que os empregados que<br />

oferecem os seus serviços aos empregadores<br />

pudessem operar em pé de igualdade. Por que<br />

razão parece o Livro Verde sugerir que a<br />

necessidade de assegurar essa igualdade já não<br />

existe? Por que razão não refere o documento


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 218<br />

que uma boa parte do trabalho já está a ser feito<br />

fora do âmbito do direito do trabalho? Vê a<br />

Comissão o trabalho como um bem de<br />

consumo? Por que razão se afirma no Livro<br />

Verde de forma tão veemente que os contratos<br />

de trabalho sem termo estão desactualizados e<br />

que 76% dos europeus estão de acordo com esta<br />

afirmação? Por que razão o Livro Verde<br />

também não propõe o desmantelamento da<br />

Organização Internacional do Trabalho com<br />

base no que adoptou em quase <strong>10</strong>0 anos? Pode o<br />

Senhor Comissário Špidla dizer-me se sabe que,<br />

à excepção de alguns Estados-Membros, as<br />

orientações hipócritas para reforçar o papel dos<br />

parceiros sociais não podem ser cumpridas?<br />

Sabe que num conjunto de Estados-Membros a<br />

ideia de diálogo social é uma ficção e um meio<br />

de o governo desacreditar os sindicatos? Tudo<br />

isto se aplica à República Checa. Sabe que para<br />

aquelas pessoas que têm um emprego precário é<br />

praticamente impossível sindicalizar-se? Sabe<br />

que as inspecções de trabalho em certos países<br />

só existem no papel? Isto, mais uma vez, é<br />

aplicável à República Checa.<br />

Deve fazer-se uma menção particular ao termo<br />

recentemente inventado "flexigurança", um<br />

exemplo da nova forma de falar europeia com a<br />

qual se pretende dar a impressão que nada tem a<br />

ver com "flexploração". Aparentemente, isto<br />

conduzirá a menos diferenças entre aqueles que<br />

integram o mercado de trabalho e aqueles que se<br />

encontram fora dele, de modo a que todos<br />

passam a estar dele excluído.<br />

2-268<br />

Anneli Jäätteenmäki (AL<strong>DE</strong>). – (FI) Senhor<br />

Presidente, a proposta da Comissão relativa ao<br />

futuro da legislação laboral é um passo<br />

importante, ainda que tenhamos de recordar que<br />

a modernização da legislação laboral é, em<br />

primeiro lugar, matéria da competência dos<br />

Estados-Membros.<br />

Desagrada-me o facto de esta iniciativa da<br />

Comissão ser francamente unilateral e lamento<br />

particularmente que este Livro Verde ignore<br />

totalmente as diferenças salariais colossais que<br />

ainda existem entre homens e mulheres nos<br />

Estados-Membros da UE.<br />

A Comissão não está interessada em postos de<br />

trabalho nos quais mulheres e homens dos<br />

diferentes países europeus possam receber<br />

tratamento igual, agora que estamos no século<br />

XXI. Esperava também que a proposta<br />

ponderasse meios de implementar as oito<br />

directivas relativas à igualdade que a UE<br />

adoptou e que garantiriam igualdade salarial<br />

entre homens e mulheres.<br />

Gostaria, por último, de dizer que é lamentável<br />

que não se possa esperar muito da UE na área<br />

da promoção da igualdade entre mulheres e<br />

homens.<br />

2-269<br />

Wieslaw Stefan Kuc (UEN). – (PL) Senhor<br />

Presidente, o Direito do Trabalho é um dos<br />

documentos mais difíceis, tanto no que se refere<br />

aos seus aspectos jurídicos, como em termos de<br />

conteúdo. Não só contém elementos de ordem<br />

económica e jurídica, como contém igualmente<br />

elementos de ordem moral. Conciliar todos<br />

esses elementos entre si constitui uma tarefa<br />

espinhosa e, por vezes, mesmo impossível. Não<br />

obstante, vamos tentar conciliá-los, na medida<br />

do possível.<br />

Como devia ser o direito do trabalho no século<br />

XXI? No século XXI, o direito do trabalho tem<br />

de satisfazer as seguintes condições: em<br />

primeiro lugar, tem de ser flexível e de ter<br />

capacidade para se adaptar às condições em<br />

mudança acelerada. Em segundo lugar, devia<br />

proteger os trabalhadores e promover o seu<br />

desenvolvimento. Em terceiro lugar, devia<br />

proteger os interesses dos empregadores e<br />

permitir às empresas desenvolverem-se, muito<br />

embora sendo o mais eficiente possível. Em<br />

quarto lugar, deve permitir a utilização<br />

optimizada dos recursos do trabalho. Em quinto<br />

lugar, deve permitir o diálogo entre<br />

trabalhadores e empregadores. Mais importante<br />

de tudo, o direito do trabalho deve ser igual em<br />

toda a União Europeia e ser aplicável em todos<br />

os Estados-Membros.<br />

2-270<br />

Marie Panayotopoulos-Cassiotou (PPE-<strong>DE</strong>).<br />

– (EL) Senhor Presidente, através de legislação<br />

europeia e dos Estados-Membros e através do<br />

diálogo entre os parceiros sociais está-se a tentar<br />

modernizar o quadro jurídico que irá continuar a<br />

proporcionar aos empregadores e aos<br />

trabalhadores todo o género de segurança<br />

jurídica e de protecção social.<br />

A pergunta é esta: a protecção social e a<br />

integração social são consequências ou são<br />

requisitos prévios para alcançar os objectivos do<br />

crescimento económico, do pleno emprego e da<br />

justiça social?<br />

Aceito a função alternativa dos dois objectivos<br />

no sentido da questão “quem nasceu primeiro: o<br />

ovo ou a galinha?”<br />

A promoção do crescimento económico e a<br />

salvaguarda da segurança dos trabalhadores<br />

devem ser objectivos consensuais comuns desde<br />

o nível da planificação até ao nível da execução,


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 219<br />

tendo em especial atenção a necessidade de um<br />

mercado flexível e o reforço da segurança, o que<br />

constitui um desafio duplo, para ganharmos<br />

velocidade, de acordo com a sua proposta,<br />

Senhor Comissário, desempenhando um papel<br />

de liderança num ambiente internacional<br />

competitivo e aberto, sem trairmos os valores ou<br />

as normas sociais vigentes.<br />

As novas formas de emprego de carácter<br />

opcional e de aceitação voluntária tornam mais<br />

fácil o ingresso e a permanência no mercado de<br />

trabalho de grupos com características especiais,<br />

nomeadamente os jovens, os trabalhadores mais<br />

idosos e as mulheres. O intercâmbio de boas<br />

práticas em matéria de acordos inovadores<br />

salvaguarda o equilíbrio entre vida profissional<br />

e familiar, assegurando um apoio especial para<br />

as mulheres e os seus deveres triplos.<br />

Os trabalhadores têm diferentes necessidades<br />

consoante a fase da vida em que se encontram e<br />

as suas perspectivas em termos de carreira.<br />

Cada Estado-Membro tem também as suas<br />

especificidades e diferentes condições<br />

económicas e aplica a sua legislação nacional. A<br />

legislação europeia é um suplemento e um<br />

complemento para as relações transfronteiras e<br />

para a realização de um mercado livre único.<br />

Não devemos esquecer as potencialidades da<br />

aprendizagem ao longo da vida no combate ao<br />

desemprego e devemos lembrar que, com<br />

confiança nas relações entre o Estado e os<br />

parceiros sociais, com respeito pela dignidade<br />

das pessoas, servindo a justiça social e evitando<br />

conflitos, aumentaremos a competitividade e a<br />

prosperidade europeias.<br />

2-271<br />

Maria Matsouka (PSE). – (EL) Senhor<br />

Presidente, o debate sobre a modernização do<br />

direito do trabalho, na medida em que foi um<br />

debate substantivo e não um pretexto, constituiu<br />

uma oportunidade importante para ilustrar as<br />

diferenças radicais entre a Direita e Esquerda.<br />

A Direita interpreta as elevadas taxas de<br />

desemprego e de pobreza como um resultado da<br />

inflexibilidade do direito do trabalho. Considera<br />

o mercado negro como mais ou menos<br />

inevitável e, para legalizar tudo isto, fala de<br />

flexibilidade com segurança. E haverá coisa<br />

melhor do que o modelo dinamarquês? No<br />

entanto, a sua aplicação pressupõe a total<br />

harmonização económica, financeira e fiscal<br />

entre os Estados-Membros.<br />

O relatório que vamos votar melhora o projecto<br />

inicial em numerosos pontos, graças à<br />

contraproposta global dos socialistas centrada<br />

na protecção dos trabalhadores, que não é a<br />

causa de desemprego nem um acto de caridade.<br />

É tão-só um dos mais importantes pilares do<br />

crescimento económico e da justiça social.<br />

Não neguemos a realidade! Face ao aumento<br />

historicamente sem precedentes da riqueza<br />

produzida e face à sua repartição perigosamente<br />

desigual a favor dos empregadores, temos de<br />

aprofundar o conceito de direito do trabalho.<br />

2-272<br />

Janusz Wojciechowski (UEN). – (PL) Senhor<br />

Presidente, felizmente, o Parlamento Europeu<br />

adoptou uma abordagem holística da questão do<br />

direito do trabalho e, por esse facto, a minha<br />

gratidão ao relator Jacek Protasiewicz, que<br />

elaborou um relatório da mais alta qualidade.<br />

Gostaria de aproveitar a ocasião para me referir<br />

à situação dramática dos trabalhadores<br />

estrangeiros em muitos países da União<br />

Europeia. Em certos países, foram descobertos<br />

mais campos de trabalho escravo ou semiescravo.<br />

Pessoas que procuram trabalho no<br />

estrangeiro para ganharem a sua subsistência<br />

caem nas mãos de criminosos sem escrúpulos<br />

que os exploram, humilham e, por vezes, os<br />

assassinam. Esta situação constitui uma<br />

vergonha para a União Europeia do século XXI.<br />

O Parlamento Europeu tem de dirigir um apelo<br />

a todos os seus membros, bem como às suas<br />

autoridades encarregues da inspecção do<br />

trabalho e da execução da lei no sentido de<br />

concentrarem particular atenção na difícil<br />

situação dos trabalhadores estrangeiros e de<br />

impedirem a sua exploração por criminosos.<br />

2-273<br />

Ria Oomen-Ruijten (PPE-<strong>DE</strong>). – (NL) Como<br />

vê, o nosso contacto visual continua a funcionar,<br />

o que é excelente. Senhor Presidente, é bom que<br />

hoje realizemos um debate sobre o direito do<br />

trabalho, pois há um conjunto de coisas que<br />

estão a mudar no mercado de trabalho da<br />

<strong>Europa</strong> e em todos os nossos Estados-Membros.<br />

Com efeito, vemos que há uma enorme<br />

necessidade de flexibilidade, não só para ir ao<br />

encontro das necessidades do mercado, mas<br />

também das necessidades dos próprios<br />

trabalhadores, já que em muitos casos eles<br />

desejam conjugar a vida profissional com a vida<br />

familiar, a família alargada, e com as suas<br />

obrigações familiares. Essa flexibilidade é<br />

necessária, em especial numa sociedade onde a<br />

percentagem de idosos está a aumentar,<br />

enquanto a percentagem de jovens está a<br />

diminuir e onde a população em envelhecimento<br />

já não quer provavelmente trabalhar as 40 ou 36


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 220<br />

horas completas no mercado de trabalho, mas<br />

gostaria, mesmo assim, de permanecer activa<br />

nesse mercado com um emprego menos<br />

exigente.<br />

Porém, se nós quisermos essa flexibilidade – e é<br />

por isso que um debate é tão útil –, e reconhecer<br />

essa flexibilidade como um benefício, isso<br />

significa também que, a par dessa flexibilidade,<br />

nós temos, logo à partida – e lamento o facto de<br />

a senhora deputada Matsouka ter deixado o<br />

hemiciclo, pois ela falou de um debate entre<br />

Direita e Esquerda, mas recusa-se a escutar – de<br />

oferecer segurança às pessoas que querem<br />

continuar activas em empregos mais flexíveis e<br />

permitir, assim, que o mercado de trabalho<br />

funcione mais eficazmente.<br />

O facto de o grande bem da flexibilidade já não<br />

ser reconhecido, algo que eu muito lamento, é<br />

uma lacuna – uma lacuna que nós talvez<br />

consigamos colmatar através das alterações que<br />

vão ser adoptadas dentro de instantes. Acho<br />

também que não podemos deixar isto apenas ao<br />

mercado, visto que o mercado se regula a si<br />

próprio. Temos de procurar mais uma vez<br />

introduzir a flexibilidade, em combinação com<br />

garantias adequadas.<br />

2-274<br />

Richard Howitt (PSE). – (EN) Senhor<br />

Presidente, existem mais de 1 milhão de<br />

agências de trabalho temporário no Reino Unido<br />

e mais de 6 milhões em toda a <strong>Europa</strong>, de<br />

acordo com a Fundação de Dublin. Trata-se da<br />

forma de trabalho atípico que mais cresceu na<br />

UE ao longo dos últimos 20 anos, no entanto, ao<br />

abrigo da legislação da UE, este grupo de<br />

trabalhadores vê ser-lhe negada protecção<br />

laboral.<br />

No meu círculo eleitoral do Leste de Inglaterra,<br />

cerca de 80 000 trabalhadores migrantes vieram<br />

dos chamados 8 países da adesão, o maior<br />

número em todo o Reino Unido. Muitos<br />

chegaram graças a agências de emprego e<br />

muitos, embora nem todos, são vítimas de<br />

exploração. Veja-se o caso dos trabalhadores de<br />

uma agência, identificados pelo sindicato<br />

Communication Workers Union, contratados<br />

pela British Telecom em Norwich, Ipswich e<br />

Brentwood, que não usufruíram de dois<br />

aumentos salariais consecutivos, gozam 16 – e<br />

não 25 – dias de férias e recebem menos 50%<br />

por horas extraordinárias do que os seus colegas<br />

permanentes. Ou o caso dos trabalhadores da<br />

Bernard Matthews, em Norfolk e Suffolk, 60%<br />

dos quais são trabalhadores de agências de<br />

trabalho temporário recrutados em Portugal e<br />

que receberam apenas 19 libras esterlinas por<br />

dia por seis dias, aquando do seu despedimento<br />

na sequência do surto de gripe das aves.<br />

À Comissão digo: oferece “flexigurança”. Nós<br />

vemos e, na verdade, até nos congratulamos por<br />

alguma flexibilidade, mas onde está a<br />

segurança, se não abrange os trabalhadores das<br />

agências de trabalho temporário? À próxima<br />

Presidência portuguesa digo: deverá existir um<br />

compromisso sensato durante o período de<br />

carência, mas esta é uma directiva que, desde o<br />

alargamento da UE, nunca foi sujeita a votação.<br />

Submetam-na a votação, verifiquem para que<br />

lado pende a maioria. O Governo do Reino<br />

Unido afirmou que apoiará a directiva. O<br />

mesmo deveria acontecer em toda a <strong>Europa</strong>.<br />

2-275<br />

Zita Pleštinská (PPE-<strong>DE</strong>). – (SK) O<br />

crescimento do emprego deve-se sobretudo às<br />

PME e aos comerciantes individuais. Estes<br />

empregadores estão entre os principais<br />

responsáveis pela criação de oportunidades de<br />

trabalho e aumento do emprego na <strong>Europa</strong>.<br />

Por esta razão, e dado o amplo espectro de<br />

tradições laborais, contratos comerciais e tipos<br />

de empresas nos mercados de trabalho dos<br />

Estados-Membros da UE, a tarefa prioritária da<br />

UE deverá ser a criação de legislação<br />

comunitária que reforce a posição das PME<br />

criando, simultaneamente, novos postos de<br />

trabalho através de melhorias na legislação<br />

laboral.<br />

A experiência mostra que, por exemplo, a<br />

directiva europeia sobre horas extraordinárias, a<br />

que se opuseram muitos Estados-Membros, não<br />

deveria ser incorporada na legislação laboral e<br />

tem de ser revista. A razão para isso é que as<br />

restrições às horas extraordinárias representam<br />

uma ameaça para muitos sectores da economia,<br />

quer estejamos a falar dos trabalhadores do<br />

sector dos cuidados de saúde, do sector mineiro,<br />

dos serviços sociais ou das corporações de<br />

bombeiros.<br />

Este mês, no meu país (Eslováquia), o<br />

parlamento nacional aprovou uma nova Lei<br />

Laboral que provocou reacções negativas<br />

especialmente por parte das PME. O governo<br />

queria reforçar a posição dos sindicatos e<br />

alargar os seus poderes. O facto é que, graças às<br />

pressões da oposição e de grupos de<br />

empregadores, a proposta original do governo<br />

foi significativamente alterada, estabelecendo na<br />

versão final um certo equilíbrio entre as<br />

competências dos sindicatos e dos<br />

empregadores. Para além disso, uma alteração<br />

apresentada pelo SDKÚ-DS conseguiu alterar a<br />

definição do conceito de “trabalho dependente”


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 221<br />

de forma a não pôr em risco os comerciantes<br />

individuais. Graças a mais de 600 comentários<br />

feitos durante a preparação e a mais umas<br />

dezenas no parlamento, foi possível alterar a<br />

proposta original do Smer SD e, assim, evitar<br />

que a legislação laboral eslovaca retrocedesse<br />

para o século passado.<br />

A elevada taxa de desemprego na <strong>Europa</strong>,<br />

sobretudo nos novos Estados-Membros, é um<br />

fracasso que reclama a tomada de medidas e,<br />

como tal, congratulo-me com a abordagem do<br />

relator, o senhor deputado Jacek Protasiewicz,<br />

cujo relatório propõe soluções para cumprir a<br />

promessa do séc. XXI. No entanto, estou<br />

preocupada com a sua formulação depois da<br />

votação na Comissão do Emprego e dos<br />

Assuntos Sociais, a qual não posso apoiar a<br />

menos que sejam aprovadas as alterações<br />

apresentadas pelo relator em nome do nosso<br />

partido político (o Grupo do Partido Popular<br />

Europeu (Democratas-Cristãos) e dos<br />

Democratas Europeus). Algumas partes do<br />

projecto de relatório apresentam uma visão<br />

obsoleta e desequilibrada dos problemas actuais<br />

dos mercados de trabalho europeus, e por essa<br />

razão o relatório tenta proteger apenas os<br />

trabalhadores. Uma tal interpretação da política<br />

laboral poderá levar a uma situação em que não<br />

exista nada de que os proteger, uma vez que<br />

ficarão desempregados.<br />

2-276<br />

Agnes Schierhuber (PPE-<strong>DE</strong>). – (<strong>DE</strong>) Senhor<br />

Presidente, Senhor Comissário, Senhoras e<br />

Senhores Deputados, penso que não devemos<br />

ver o relatório Protasiewiczb separado da<br />

pergunta oral e da proposta de resolução.<br />

Gostaria de agradecer o trabalho de ambos os<br />

relatores.<br />

Infelizmente, o destacamento de trabalhadores<br />

na esfera dos serviços ainda não tem quaisquer<br />

normas unificadas à escala da <strong>Europa</strong>. Isto<br />

mostra também que a coordenação dos fluxos de<br />

comunicação e de informação entre<br />

Estados-Membros e as autoridades competentes<br />

deixa muito a desejar. Os controlos neste<br />

domínio continuam também a ser inadequados.<br />

É absolutamente necessária uma relação<br />

equilibrada entre liberdade de circulação e de<br />

prestação de serviços, por um lado, e protecção<br />

do trabalhador, por outro. Do meu ponto de<br />

vista, uma regulamentação a este respeito seria a<br />

forma mais simples e mais eficaz de evitar o<br />

dumping social.<br />

É necessário promover e intensificar a<br />

cooperação e o intercâmbio de informação entre<br />

Estados-Membros e introduzir medidas de<br />

controlo adequadas. Mais algum detalhe nas<br />

orientações da Comissão poderia ser útil neste<br />

aspecto. Para assegurar a protecção e os direitos<br />

dos trabalhadores, proponho que os países de<br />

acolhimento efectuem a fiscalização e o<br />

controlo necessários.<br />

A Comissão deve, portanto, apoiar activamente<br />

a cooperação entre as autoridades de<br />

fiscalização dos Estados-Membros, criando uma<br />

plataforma permanente para colaboração<br />

transfronteiras. No que se refere às empresas e<br />

trabalhadores, também apelo a um maior<br />

envolvimento dos parceiros sociais nesta<br />

questão. Só o equilíbrio trará mais emprego e,<br />

com este, mais bem-estar e segurança para todos<br />

na <strong>Europa</strong>.<br />

2-277<br />

Monica Maria Iacob-Ridzi (PPE-<strong>DE</strong>). –<br />

Consider că acest raport este unul echilibrat şi<br />

care reflectă diversitatea relaţiilor de muncă de<br />

pe teritoriul Uniunii Europene, dar şi a poziţiilor<br />

politice faţă de un subiect care dă naştere unor<br />

discuţii aprinse.<br />

Atingerea unui echilibru în relaţia dintre angajat<br />

şi angajator, în care ambele părţi au de câştigat,<br />

trebuie să fie o prioritate a Uniunii Europene. În<br />

acest cadru, al flexibilităţii şi al securităţii,<br />

angajatorul câştigă mai multă forţă de muncă,<br />

iar angajatul mai multă protecţie pentru tipul de<br />

contract flexibil.<br />

Pentru România, unde avem un rezervor<br />

important de forţă de muncă în zona rurală,<br />

contractele de muncă flexibile sunt o soluţie<br />

pentru a intra pe piaţa muncii fără a pierde din<br />

drepturile sociale de care beneficiază angajaţii<br />

cu contract clasic. Aceasta ar asigura o integrare<br />

mai rapidă pe piaţa muncii a lucrătorilor din<br />

zona rurală, care vor putea să participe la<br />

creşterea economiei din anii următori şi să<br />

beneficieze de ea.<br />

Apreciez atenţia pe care raportul o acordă<br />

sprijinirii familiei. Multe dintre aceste contracte<br />

flexibile sunt alese de femei care trebuie să facă<br />

faţă unei presiuni din ce în ce mai mari de a<br />

concilia viaţa profesională cu cea familială.<br />

În sprijinul tinerilor aş fi dorit ca raportul să<br />

încurajeze mai mult utilizarea tehnologiei<br />

informaţiei şi a comunicării ca instrumente<br />

principale în modul de lucru. Munca la distanţă<br />

în condiţii de maximă mobilitate este o tendinţă<br />

deja prezentă pe care trebuie să o folosim în<br />

beneficiul celor mai bine pregătiţi pentru ea.<br />

Pentru reducerea muncii la negru trebuie să<br />

încurajăm angajatorii să declare relaţiile de<br />

muncă fără să fie dezavantajaţi economic. O


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 222<br />

parte din acest fenomen este cauzată de<br />

restricţiile pe care unele state membre încă le<br />

menţin pentru lucrătorii din ţările care au aderat<br />

recent la Uniunea Europeană. Este o<br />

discriminare inutilă care creează atât probleme<br />

de administrare pentru statele respective cât şi<br />

riscuri pentru lucrători. De aceea consider ca<br />

eliminarea perioadelor de tranziţie impuse de<br />

aceste state membre va avea ca efect direct<br />

reducerea muncii la negru.<br />

2-278<br />

Tadeusz Zwiefka (PPE-<strong>DE</strong>). – (PL) Senhor<br />

Presidente, a modificação do direito do trabalho<br />

na União Europeia é importante não só para<br />

segurança e protecção dos postos de trabalho,<br />

mas também pelo seu impacto sobre os índices<br />

de emprego. Temos estado envolvidos em<br />

prolongadas discussões sobre a questão de se<br />

saber se a concorrência a nível global exige<br />

mudanças no actual modelo de direito do<br />

trabalho. A minha opinião é que, sem dúvida<br />

alguma, exige.<br />

Ao longo dos últimos vinte anos, temos vindo a<br />

observar um gradual, e cada vez mais rápido,<br />

afastamento das formas correntes do direito do<br />

trabalho, bem como do modelo normal do<br />

emprego. Este fenómeno constitui uma resposta<br />

aos desafios da globalização, que é um processo<br />

independente e, quer se goste quer não,<br />

compete-nos a nós fazermos com que a nossa<br />

sociedade faça, ou não, uso das oportunidades<br />

que ela proporciona.<br />

Fazer frente aos aspectos negativos da<br />

globalização requer um direito do trabalho<br />

muito mais flexível, mas que, simultaneamente,<br />

retenha os seus actuais níveis de segurança. Não<br />

devíamos esquecer que, actualmente, o nível de<br />

segurança do emprego na União Europeia é o<br />

mais elevado do mundo. Não temos necessidade<br />

de melhorar mais a segurança do emprego;<br />

temos, sim, necessidade de maior flexibilidade e<br />

mobilidade, de liberalização dos mercados de<br />

trabalho em todos os Estados-Membros.<br />

Não obstante toda a regulação, a flexibilidade<br />

está a fazer incursões nas nossas vidas.<br />

Actualmente, 40% de todas as formas de<br />

emprego são atípicas e responsáveis por 60%<br />

dos novos postos de trabalho. Em última<br />

análise, e este é o sinal mais optimista até agora,<br />

dois terços das formas atípicas de emprego<br />

transformam-se em emprego tradicional, isto é,<br />

em contratos permanentes.<br />

As estruturas tradicionais do direito do trabalho<br />

não estão preparadas para as actuais realidades.<br />

Nas economias modernas baseadas nos serviços,<br />

ou nas que têm os seus fundamentos nas PME,<br />

uma abordagem mais flexível e atípica pode<br />

constituir a chave do êxito.<br />

É evidente que a flexibilidade não é suficiente,<br />

se não houver mobilidade dos trabalhadores.<br />

Esse o motivo por que peço a abertura total do<br />

mercado de trabalho da União Europeia aos<br />

trabalhadores de todos os Estados-Membros.<br />

Actualmente, sabemos que os benefícios da<br />

liberalização dos mercados de trabalho não<br />

estão a ser usufruídos apenas pelos<br />

trabalhadores migrantes, mas também pelos<br />

países que decidiram abrir os seus mercados de<br />

trabalho.<br />

Nenhuma economia pode desenvolver-se e ser<br />

competitiva sem empresas a funcionar<br />

devidamente, capazes de concorrer no mercado<br />

mundial, e habilmente dirigidas por<br />

administradores e proprietários competentes.<br />

Não obstante, nem as empresas mais bem<br />

administradas podem funcionar sem pessoal<br />

competente. Para sobreviverem, têm<br />

necessidade uns dos outros.<br />

2-279<br />

Iles Braghetto (PPE-<strong>DE</strong>). - (IT) Senhor<br />

Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, a<br />

necessidade de modernizar o direito do trabalho<br />

perante as inovações do século XXI impõe<br />

desafios genuínos e exigentes ao mercado de<br />

trabalho actual, em especial para quem procura<br />

novo emprego - que implique um trabalho de<br />

alta qualidade, um trabalho que tenha a ver com<br />

as outras áreas da sua vida pessoal.<br />

Conjugar a flexibilidade do trabalho -<br />

característica de um mercado global e<br />

competitivo - com a segurança de emprego -<br />

direito/dever de todos os cidadãos - exige, como<br />

estabelecido na Estratégia de Lisboa, que as<br />

competências e aptidões profissionais sejam<br />

utilizáveis. Para isso, há que dispor dos<br />

instrumentos que permitam tornar as pessoas<br />

apetecíveis aos olhos das empresas, adaptando a<br />

sua formação técnica específica às novas<br />

tecnologias.<br />

Na sociedade europeia nota-se a emergência de<br />

um tipo de ensino e formação que está a impedir<br />

ou a tornar mais lento o desenvolvimento de<br />

competências e conhecimento. Para a União<br />

Europeia, o investimento em capital humano e<br />

na formação dos jovens é a melhor forma, e a<br />

mais moderna, de afirmar o direito ao trabalho.<br />

Eis um dos desafios apresentados pelo Livro<br />

Verde.<br />

Agradeço ao relator o trabalho que desenvolveu<br />

para harmonizar os diferentes pontos de vista<br />

expressos no debate.


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 223<br />

2-280<br />

Philip Bushill-Matthews (PPE-<strong>DE</strong>). – (EN)<br />

Senhor Presidente, gostaria de começar, se me é<br />

permitido, por agradecer à Comissão o seu<br />

Livro Verde muito criterioso. O trabalho da<br />

Comissão deu origem a este relatório e o seu<br />

trabalho desencadeou este debate. Penso que o<br />

facto de o Livro Verde estar escrito da forma<br />

como está – e, na verdade, de a Comissão ter<br />

mantido consultas tão amplas e úteis –<br />

acrescentou certamente maior riqueza às nossas<br />

próprias deliberações. Espero certamente que,<br />

no final da votação de amanhã, depois de todas<br />

as alterações terem sido postas a votação, o<br />

Senhor Comissário possa, por seu turno,<br />

entender por bem agradecer ao Parlamento a<br />

nossa resposta positiva àquele trabalho, mas<br />

esperemos para ver.<br />

Foi já feita referência ao relator e ao excelente<br />

trabalho que realizou, e gostaria de me associar<br />

a esses comentários. Foram numerosos os<br />

comentários por diversos colegas sobre a<br />

expressão “flexibilidade”. Penso que o relator<br />

mostrou grande flexibilidade ao reconhecer a<br />

pertinência das preocupações expressas pelos<br />

membros dos outros grupos políticos, mas<br />

considero que foi também demonstrada<br />

flexibilidade por parte dos relatores-sombra ao<br />

acolherem a posição do relator. Gostaria de<br />

agradecer a todos o seu trabalho. No início do<br />

nosso debate, o senhor deputado Szymański<br />

afirmou não poder estender os seus<br />

agradecimentos ao trabalho da comissão<br />

parlamentar. Simpatizo de certa forma com esse<br />

comentário. Gostaria apenas de lhe dizer que,<br />

tendo em conta a limitação de tempo, o relatório<br />

que saiu da comissão foi, na sua essência, um<br />

relatório provisório. Confio totalmente que o<br />

relatório que sairá amanhã desta Assembleia,<br />

após a introdução de alterações, será<br />

substancialmente diferente e que uma questão<br />

potencialmente controversa acabará por dar<br />

lugar a uma mensagem claramente unida.<br />

Por fim, gostaria de pedir à Comissão que, na<br />

sua análise dos nossos debates, tenha em devida<br />

consideração aquilo que, entre a fase da<br />

discussão em comissão e a fase actual, foi<br />

retirado do texto. Penso que essa é uma<br />

mensagem significativa. Gostaria também que a<br />

Comissão analisasse bem o que acabou por<br />

ficar. Gostaria, em particular, de chamar a<br />

atenção para o nº <strong>10</strong> relativo à questão do tempo<br />

de trabalho e à necessidade de maior<br />

flexibilidade para trabalhadores e empregadores.<br />

Uma coisa é dizer que é necessária maior<br />

flexibilidade. Agora convidamos a Comissão a<br />

mostrar a mesma flexibilidade ao fazer avançar<br />

este dossiê muito difícil e delicado.<br />

Por último, gostaria de referir os nossos<br />

assistentes, e aqui refiro-me não só aos<br />

assistentes dos deputados, mas também aos<br />

assistentes dos nossos grupos parlamentares.<br />

São frequentemente os heróis e heroínas<br />

esquecidos. Considero que o trabalho que<br />

desenvolveram foi extraordinário,<br />

especialmente num período de tempo<br />

extremamente curto. Por conseguinte, em nome<br />

de todos vós, gostaria de lhes agradecer e de os<br />

felicitar pelo trabalho realizado.<br />

2-281<br />

Vladimír Špidla, Membro da Comissão. – (CS)<br />

Senhor Presidente, Senhoras e Senhores<br />

Deputados, não foi uma surpresa o facto de o<br />

debate sobre o direito do trabalho ter sido um<br />

debate de grande alcance e um debate profundo,<br />

e diversas vezes um debate bastante aceso. Isso<br />

é natural porque o tema da legislação laboral é<br />

um dos mais sensíveis e está no centro do<br />

modelo social europeu. Congratulo-me por o<br />

Livro Verde ter constituído a base deste debate<br />

tão circunstanciado. Foram manifestadas mais<br />

de 450 opiniões diferentes, o que excede<br />

largamente o que é comum numa consulta<br />

pública sobre um Livro Verde. É igualmente<br />

claro que o Livro Verde não pretende resolver a<br />

questão do direito do trabalho; antes, suscita<br />

questões. A Comissão avaliará estas questões e<br />

irá, subsequentemente, emitir respostas.<br />

Penso que o debate neste Hemiciclo demonstra<br />

que existem boas perspectivas para se alcançar<br />

um consenso sobre determinados elementos<br />

fundamentais. Gostaria de referir alguns deles,<br />

que considero serem particularmente<br />

importantes. O primeiro é a necessidade de um<br />

diálogo significativo. Apesar do facto de o nível<br />

de diálogo social em certos Estados-Membros<br />

ser muito reduzido, penso que é um componente<br />

fundamental. É principalmente por isto que<br />

concedemos um apoio directo ao diálogo social<br />

no quadro do Fundo Social Europeu, em<br />

particular através da criação de capacidade<br />

administrativa para os parceiros sociais.<br />

A segunda questão que deve ser salientada é que<br />

a legislação laboral não existe num vazio e que<br />

qualquer debate sobre esta matéria será sempre<br />

sensível e terá sempre um impacto sobre os<br />

parceiros sociais. Penso igualmente que o<br />

desenvolvimento futuro do direito do trabalho<br />

exige que se evitem quaisquer medidas que<br />

conduzam à desintegração do mercado de<br />

trabalho, a uma maior insegurança do emprego<br />

ou a qualquer redução dos direitos fundamentais<br />

dos trabalhadores.<br />

Deve resolver-se a situação dos trabalhadores<br />

que trabalham formalmente por conta própria


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 224<br />

mas que dependem economicamente de um<br />

consumidor ou empregador principal que é a<br />

fonte do seu rendimento. A legislação laboral<br />

deve fazer-se cumprir de forma pró-activa para<br />

proteger e apoiar empregos de elevada<br />

qualidade e para combater o trabalho não<br />

declarado.<br />

Senhoras e Senhores Deputados, foram<br />

suscitadas algumas questões que estão fora da<br />

ideia principal do debate, e que provavelmente<br />

não receberão resposta inclusivamente na<br />

votação, pelo que gostaria de as aflorar.<br />

Permitam-me que saliente que a protecção<br />

social é uma condição prévia do pleno emprego,<br />

e não uma consequência deste. Os mercados de<br />

trabalho com uma protecção laboral débil -<br />

como acontece nos países em desenvolvimento,<br />

por exemplo - não possibilita uma criação de<br />

emprego suficientemente efectiva. Gostaria<br />

também de salientar que já existe uma directiva<br />

relativa ao destacamento de trabalhadores, e<br />

oportunamente debateremos uma série de<br />

interpretações da mesma. Por esta razão, já<br />

existem normas, embora seja fácil de imaginar<br />

um desenvolvimento diferente.<br />

O tema das agências de emprego foi também<br />

suscitado. Desejo recordar que a Presidência<br />

portuguesa incorporou de certa forma esta<br />

questão no seu programa, e no contexto da<br />

Presidência iremos tentar registar alguns<br />

progressos que são muito necessários. A<br />

descrição do desenvolvimento do mercado das<br />

agências de emprego feita pelo senhor deputado<br />

foi, em meu entender, muito precisa. A<br />

dinâmica deste mercado é clara, tal como alguns<br />

fenómenos que podem sem dúvida ser vistos<br />

como indicadores de eventual dumping social.<br />

Senhoras e Senhores Deputados, o mercado de<br />

trabalho está claramente em mutação e é<br />

extremamente importante que encontremos<br />

algumas respostas gerais, a nível comunitário e,<br />

mais importante, nos Estados-Membros, que<br />

estão em posição de fazer cumprir a legislação<br />

laboral, e que são capazes, por um lado, de<br />

apoiar a nossa capacidade global, a eficácia, a<br />

competitividade e a força de uma sociedade, e,<br />

por outro, de assegurar a segurança adequada<br />

aos trabalhadores no século XXI. Não é uma<br />

tarefa fácil, mas o debate convenceu-me de que<br />

o relatório do Parlamento tem possibilidade de<br />

ser aprovado, pelo que aguardo com interesse o<br />

resultado final.<br />

2-282<br />

2-283<br />

PRESIDÊNCIA: ROTHE<br />

Vice-presidente<br />

Presidente. Está encerrado o debate.<br />

A votação terá lugar amanhã, 11 de Julho de<br />

<strong>2007</strong>.<br />

Declarações escritas (Artigo 142º)<br />

2-284<br />

Bogdan Golik (PSE), por escrito. – (PL)<br />

Senhor Presidente, gostaria de felicitar o senhor<br />

deputado Protasiewicz pelo seu eficiente e<br />

difícil relatório. É muito importante termos<br />

encetado um debate público sobre as direcções<br />

por que terá de enveredar a modernização do<br />

direito do trabalho para fazer frente aos desafios<br />

da globalização, ao persistente desemprego<br />

estrutural e às tendências demográficas que não<br />

beneficiam a União Europeia.<br />

O mundo que nos rodeia e os pontos do relatório<br />

mostram que aquilo de que temos necessidade<br />

actualmente é de uma UE com uma política<br />

comum destinada a combater o desemprego, nos<br />

moldes da política energética comum. Uma<br />

política comum é tão extremamente necessária<br />

por se tratar de um problema a que nem os mais<br />

prósperos Estados europeus, como a Alemanha<br />

e a França, onde, em breve, o desemprego pode<br />

atingir os <strong>10</strong>%, conseguem fazer-lhe frente.<br />

Tenho as minhas dúvidas no que diz respeito à<br />

proposta de se adoptar uma regulamentação<br />

comum a nível da UE para criar os fundamentos<br />

de um sistema de critérios mínimos sociais,<br />

como proposto no considerando S. A meu ver, é<br />

tão grande a actual disparidade entre os Estados-<br />

Membros que a proposta é simplesmente<br />

inviável. As quotas mínimas deviam ser<br />

regulamentadas independentemente pelos<br />

Estados-Membros, de acordo com o nível do<br />

seu desenvolvimento económico, com a<br />

situação do seu mercado de trabalho e com as<br />

suas tradições.<br />

Grande parte dos dados indica que o emprego<br />

cresce graças aos contratos “atípicos”. O dilema<br />

não reside, portanto, entre a base em que a<br />

pessoa é empregada e se ela está ou não a<br />

trabalhar. Isto devia constituir a prioridade dos<br />

Estados-Membros e da UE nos próximos anos,<br />

com especial relevância para os jovens que<br />

acedem ao mercado de trabalho, para as<br />

mulheres e os idosos.<br />

2-285<br />

Malgorzata Handzlik (PPE-<strong>DE</strong>), por escrito.<br />

– (PL) As minhas sinceras felicitações ao relator<br />

por um relatório em que proporciona uma<br />

análise realista das mudanças necessárias no<br />

direito do trabalho para o adequar aos desafios<br />

do século XXI.


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 225<br />

A meu ver, em certos países, o direito do<br />

trabalho continua a ser anacrónico e nada tem a<br />

ver com os desafios da globalização.<br />

O mundo moderno tem necessidade de um<br />

direito do trabalho transparente e flexível. Os<br />

trabalhadores deviam poder beneficiar de uma<br />

educação e formação profissional ao longo da<br />

vida, que os tornasse aptos a corresponder às<br />

exigências do mercado de trabalho.<br />

O principal problema do mercado de trabalho é<br />

a burocracia exigida às empresas, uma<br />

burocracia que lhes atrasa o desenvolvimento.<br />

Eliminar barreiras no sector das PME significa<br />

melhorar a sua competitividade, com um<br />

consequente aumento do número de postos de<br />

trabalho.<br />

A modernização do direito do trabalho devia<br />

basear-se no apoio activo ao mercado de<br />

trabalho e na promoção da criação e mudança de<br />

postos de trabalho, bem como na formação<br />

profissional contínua para o mercado de<br />

trabalho. Tal não devia confundir-se, porém,<br />

com uma política de emprego demasiado<br />

proteccionista, cuja consequência é a<br />

manutenção artificial de postos de trabalho de<br />

que o mercado não tem necessidade e que<br />

enfraquece a posição no mercado das empresas<br />

afectadas.<br />

Uma das principais consequências da<br />

manutenção artificial dos postos de trabalho é a<br />

manutenção de um nível mais elevado de<br />

despesas com o pessoal, ou o atraso do<br />

desenvolvimento dos trabalhadores, por falta de<br />

oportunidades de requalificação e de formação<br />

profissional, ao mesmo tempo que, por outro<br />

lado, a manutenção artificial dos postos de<br />

trabalho conduz, habitualmente, ao<br />

enfraquecimento gradual de uma empresa e à<br />

sua eliminação do mercado.<br />

Logo, é importante promover activamente a<br />

criação de postos de trabalho, em vez de os<br />

proteger a todo o custo.<br />

2-286<br />

Véronique Mathieu (PPE-<strong>DE</strong>), por escrito. -<br />

(FR) Globalização, envelhecimento da<br />

população, aceleração das trocas: outros tantos<br />

desafios a enfrentar amanhã ainda mais do que<br />

hoje.<br />

Nenhum Estado-Membro pode pretender<br />

consegui-lo sozinho, e só uma acção coordenada<br />

com a União Europeia proporcionará o êxito da<br />

política do emprego e da política social. Assim,<br />

congratulo-me com o relatório de iniciativa<br />

sobre a modernização do direito laboral,<br />

necessária para enfrentar os desafios do século<br />

XXI; o seu objectivo é mais que louvável, é<br />

vital.<br />

O trabalho tem de ser revalorizado, o seu<br />

enquadramento legislativo tem de ser adaptado<br />

à sua época, e será necessário permitir trabalhar<br />

àqueles que querem trabalhar, valorizando<br />

formações atraentes, e trabalhar mais a quem<br />

pretender fazê-lo, oferecendo mais flexibilidade<br />

nas negociações empregados-empregadores.<br />

A flexibilidade não significa o fim das regras de<br />

protecção, significa sim que essas regras serão<br />

determinadas por uma livre negociação<br />

adaptada às necessidades de todos, necessidades<br />

essas manifestadas no âmbito de um diálogo<br />

social encorajado.<br />

A França já iniciou esse diálogo com os<br />

parceiros sociais, pelo que é com prazer que<br />

recebo este relatório, que segue o mesmo<br />

caminho das ambições e das acções<br />

empreendidas em França.<br />

2-287<br />

Csaba Őry (PPE-<strong>DE</strong>), por escrito. – (HU)<br />

Considero a iniciativa da Comissão Europeia<br />

um passo oportuno e muito corajoso que veio<br />

abrir o debate sobre a modernização da<br />

legislação laboral. Sou defensor de uma<br />

abordagem matizada e de alterações técnicas<br />

equilibradas. Não considero correcto que<br />

algumas pessoas ponham nos píncaros formas<br />

atípicas de emprego e recomendem aos<br />

legisladores nacionais e europeu que atribuam a<br />

essas formas atípicas um grau de prioridade<br />

superior ao dos contratos de emprego normais<br />

de duração indeterminada. Não posso aceitar<br />

que um contrato atípico deva ser considerado,<br />

só por si, como tendo mais valor só por ser<br />

atípico.<br />

Por outro lado, também não considero correcto<br />

que tentemos utilizar os instrumentos<br />

legislativos, administrativos ou executivos para<br />

obrigar os empresários a fazer um uso mais<br />

vasto dos contratos de trabalho normais. Temos<br />

de reconhecer que, nas circunstâncias que são as<br />

da globalização, as nossas economias são<br />

obrigadas a enfrentar constrangimentos<br />

económicos externos e têm de reagir a esses<br />

constrangimentos no interesse da garantia da<br />

prossecução do seu bom funcionamento.<br />

A nossa abordagem desta difícil questão será<br />

equilibrada, se reconhecermos que tanto as<br />

formas normais como as formas atípicas de<br />

emprego se justificam. Os empresários<br />

deveriam dispor de uma gama mais vasta de


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 226<br />

formas possíveis de contrato, e, face aos<br />

desafios do século XXI, precisamos também de<br />

dar respostas novas a inúmeros problemas<br />

antigos. No domínio do desenvolvimento da<br />

legislação laboral, quer a União Europeia quer<br />

os Estados-Membros têm tarefas muito<br />

importantes a desempenhar.<br />

2-288<br />

Destacamento de trabalhadores (debate)<br />

2-289<br />

Presidente. Segue-se na ordem do dia a<br />

pergunta oral (B6-0132/<strong>2007</strong>) apresentada pelo<br />

deputado Andersson, em nome da Comissão do<br />

Emprego e dos Assuntos Sociais, à Comissão:<br />

Destacamento de trabalhadores.<br />

2-290<br />

Jan Andersson (PSE), relator. – (SV) Creio<br />

que foi Jacques Delors quem disse que o<br />

mercado interno de bens e serviços nunca teria<br />

sucesso sem uma forte dimensão social. Porque<br />

terá dito isto? O que ele quis dizer foi que não<br />

podemos usar as más condições de trabalho, os<br />

baixos salários, etc., para concorrermos entre<br />

nós no mercado interno. E porquê? Porque os<br />

trabalhadores europeus nunca aceitariam essa<br />

política. O debate sobre a flexigurança mostra<br />

também que não podemos usar os baixos<br />

salários e as más condições de trabalho para<br />

concorrer com outros países exteriores à UE.<br />

Nem podemos, portanto, adoptar uma atitude<br />

semelhante dentro da UE.<br />

É nesta perspectiva que devemos ver a directiva<br />

relativa ao destacamento de trabalhadores. Esta<br />

directiva surgiu com o objectivo de garantir<br />

condições de trabalho justas e dignas para os<br />

trabalhadores: condições salariais, horários de<br />

trabalho e outras. Tem-se falado de regras<br />

mínimas mas, se quisermos proceder de acordo<br />

com o parecer do Advogado-Geral no processo<br />

Laval, o que se deve aplicar não são regras<br />

mínimas, mas regras normais. É isto que o<br />

Advogado-Geral diz no seu parecer. Isto é<br />

importante para os trabalhadores. É importante<br />

para que eles tenham condições dignas e é<br />

igualmente importante para as empresas. Se não<br />

tivéssemos estes regulamentos, estaríamos a<br />

beneficiar as empresas que pagam baixos<br />

salários e que têm más condições de trabalho.<br />

Não haveria neutralidade concorrencial – algo<br />

que é importante tanto para os trabalhadores<br />

como para as empresas.<br />

A Comissão produziu uma interpretação. Posso<br />

dizer que há partes com as quais estamos de<br />

acordo, mas há outras de que discordamos.<br />

Permitam-me que comece pelas partes com as<br />

quais concordamos. É preciso um melhor<br />

intercâmbio de informação entre as autoridades<br />

dos vários Estados-Membros. As empresas que<br />

operam noutro país precisam de estar<br />

consideravelmente mais bem informadas das<br />

condições aí existentes. Nesta matéria, há muito<br />

para fazer no futuro.<br />

A Comissão examinou a jurisprudência e, por<br />

vezes, fez interpretações controversas, embora<br />

noutros casos tenha interpretado correctamente.<br />

No que se refere aos cidadãos de países<br />

terceiros, não temos nada a dizer sobre a<br />

interpretação da Comissão mas, em vários<br />

outros casos, temos uma opinião diferente.<br />

Citarei dois exemplos. O primeiro refere-se ao<br />

requisito de um representante. Neste domínio, a<br />

Comissão interpretou por excesso o conceito da<br />

justiça. O processo que existe diz respeito à<br />

obrigatoriedade de o representante ser residente<br />

no país onde tem lugar a actividade. Nós não<br />

fazemos essa exigência. Dito isto, é importante<br />

que os países possam impor exigências a um<br />

representante que não é uma pessoa qualquer,<br />

mas alguém com um mandato efectivo para<br />

representar a empresa. Isto é importante no meu<br />

país, onde temos contratos colectivos, e é<br />

igualmente importante noutros países, na<br />

perspectiva das autoridades e em termos, por<br />

exemplo, das condições do ambiente de<br />

trabalho. Tem de ser possível impor requisitos a<br />

um representante que detém um mandato para<br />

falar em nome da empresa.<br />

A questão seguinte refere-se à documentação<br />

social. Há processos judiciais para os quais a<br />

Comissão remete. Temos, por exemplo, o caso<br />

da Bélgica e da questão de saber se a<br />

documentação deve ser guardada durante cinco<br />

anos. É demasiado tempo, concordo. No<br />

entanto, é necessária documentação que mostre<br />

quem está empregado e a trabalhar e que salário<br />

e horário de trabalho tem. Esta informação é,<br />

sem dúvida, necessária durante o período em<br />

que o trabalho está a ser executado e também<br />

durante um período posterior razoável. Estamos,<br />

naturalmente, conscientes de que existe neste<br />

domínio um certo nível de fraude, pelo que é<br />

necessário aguardar um período razoável depois<br />

de o trabalho ter terminado.<br />

O erro da Comissão foi ter interpretado por<br />

excesso na sua Comunicação. Interpretou por<br />

excesso a jurisprudência. O requisito de um<br />

representante é importante, assim como a<br />

exigência da documentação social. A Comissão<br />

afirma que não podemos pôr em causa qualquer<br />

modelo de mercado de trabalho da <strong>Europa</strong>. Esta<br />

é uma declaração importante, mas é<br />

precisamente isto que está a ser feito quando se


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 227<br />

critica os Estados-Membros que estabeleceram<br />

requisitos em matéria de representantes e de<br />

documentação social. Se não é permitido<br />

estabelecer esses requisitos, é naturalmente<br />

impossível ter um mercado de trabalho<br />

regulado, tal como é impossível manter o nosso<br />

modelo de mercado de trabalho. Estaremos<br />

então a falar de outro modelo e é isso que a<br />

Comissão deve entender. A Alemanha formulou<br />

precisamente as mesmas críticas que os países<br />

nórdicos.<br />

Por último, gostaria de me referir à questão do<br />

equilíbrio. Os países que não exercem qualquer<br />

tipo de controlo devem ser igualmente<br />

criticados. Há países que não têm controlos<br />

suficientes, o que significa que os trabalhadores<br />

talvez trabalhem em condições que não<br />

cumprem os requisitos da directiva relativa ao<br />

destacamento de trabalhadores. Estes países<br />

devem ser objecto de crítica.<br />

2-291<br />

Vladimír Špidla, Membro da Comissão. – (CS)<br />

Senhora Presidente, Senhoras e Senhores<br />

Deputados, a 13 de Junho de <strong>2007</strong> a Comissão<br />

adoptou a comunicação final relativa à<br />

comunicação de 2006, na qual manifestava o<br />

seu pleno apoio ao objectivo dos Estados-<br />

Membros de eliminar as práticas ilegais no<br />

mercado de trabalho. A Comissão reconhece<br />

que as entidades nacionais devem proceder a<br />

verificações adequadas para assegurar que os<br />

prestadores de serviços cumprem as condições<br />

de trabalho estipuladas na legislação nacional.<br />

Todavia, as avaliações realizadas desde 2006<br />

sobre os progressos registados, que a Comissão<br />

levou a efeito com base na informação facultada<br />

pelos Estados-Membros e pelos parceiros<br />

sociais a nível comunitário, indicam que<br />

algumas medidas implementadas em alguns<br />

Estados-Membros são desproporcionadas e<br />

ultrapassam o limite em termos do que é<br />

necessário para assegurar uma protecção<br />

efectiva dos trabalhadores destacados. Como se<br />

referia na comunicação de Junho de <strong>2007</strong>, tudo<br />

indica que esta situação foi resultante da uma<br />

cooperação ineficaz entre as respectivas<br />

entidades nacionais e de um acesso inadequado<br />

à informação.<br />

Nas suas comunicações, a Comissão recorda<br />

que, no que diz respeito à liberdade de<br />

circulação de serviços, consagrada no Tratado<br />

da União Europeia, as normas só podem ser<br />

limitadas por razões de interesse público<br />

primordial, por exemplo a protecção dos<br />

trabalhadores, e que estas razões devem ser<br />

justificáveis. Devemos avaliar caso a caso se as<br />

medidas nacionais particulares podem ser<br />

consideradas justificáveis e adequadas - por<br />

exemplo o requisito de ter um representante que<br />

seja residente no país de acolhimento ou a<br />

obrigação de manter determinada documentação<br />

relativa às condições sociais e laborais no<br />

território de acolhimento para fins de controlo.<br />

A Comissão está a analisar muito atentamente a<br />

situação em cada Estado-Membro para poder<br />

determinar que medidas de controlo podem ser<br />

consideradas injustificáveis e inadequadas.<br />

Sempre que necessário, a Comissão abrirá<br />

processos por incumprimento das obrigações,<br />

para fazer cumprir o direito comunitário.<br />

Saliento ainda que a Comissão está também a<br />

analisar se as medidas adoptadas pelos<br />

diferentes Estados-Membros são adequadas e<br />

efectivas. Caso o não sejam, proceder-se-á da<br />

mesma forma, porque o objectivo é proteger os<br />

trabalhadores de forma eficaz sem entravar o<br />

mercado interno.<br />

A Comissão não tenciona actualmente publicar<br />

mais orientações. A decisão final sobre o<br />

cumprimento das medidas nacionais cumpre ao<br />

Tribunal de Justiça, que já emitiu um conjunto<br />

de decisões, e não à Comissão nem ao<br />

Parlamento.<br />

No que diz respeito à cooperação em matéria de<br />

informação, a Comissão detectou uma melhoria<br />

muito promissora. Todavia, é essencial que se<br />

registem mais melhorias. A Comissão propõe,<br />

por conseguinte, o aumento e o reforço da<br />

cooperação administrativa com os Estados-<br />

Membros, principalmente para associar outras<br />

partes interessadas - em particular os parceiros<br />

sociais - que desempenham um papel<br />

importante no controlo do cumprimento das<br />

normas.<br />

A avaliação do cumprimento das medidas indica<br />

que, apesar de a implementação da directiva não<br />

ter conduzido a muitas queixas formais nem a<br />

processos jurídicos, existem alguns problemas<br />

que requerem uma maior reflexão, como a<br />

eficácia da implementação de sanções<br />

transfronteiras ou a protecção dos trabalhadores<br />

em caso de subcontratação múltipla. A<br />

Comissão gostaria de associar os parceiros<br />

sociais e os Estados-Membros a este trabalho.<br />

Por último, desejo salientar que a comunicação<br />

de Junho de <strong>2007</strong> revela que, em princípio, a<br />

Comissão não tenciona, de forma alguma,<br />

debilitar os vários modelos sociais dos Estados-<br />

Membros nem a forma como os Estados-<br />

Membros organizam os seus sistemas de<br />

relações de legislação de trabalho e de


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 228<br />

negociação colectiva. Cumpre, naturalmente, à<br />

Comissão assegurar que a legislação da<br />

Comunidade Europeia é rigorosamente<br />

cumprida, e nos casos em que foram adoptadas<br />

medidas desadequadas, que não conduzem à<br />

protecção dos trabalhadores mas sim a<br />

restrições à liberdade de prestação de serviços<br />

no mercado interno, a Comissão interveio, como<br />

consagrado no Tratado.<br />

2-292<br />

Philip Bushill-Matthews, em nome do Grupo<br />

PPE-<strong>DE</strong>. – (EN) Senhora Presidente, um dos<br />

desafios suscitados pela elaboração de uma<br />

pergunta oral seguida, de imediato, por uma<br />

resolução, num muito curto espaço de tempo, é<br />

conseguir que esta reflicta totalmente tudo<br />

aquilo que queremos dizer. Penso, nesta<br />

ocasião, como talvez nalgumas outras, que a<br />

própria falta de tempo terá determinado que<br />

nem todos concordássemos com a redacção dos<br />

pormenores da resolução. Não quero com isso<br />

fazer uma crítica aos oponentes políticos do<br />

outro lado do hemiciclo. Trata-se apenas de um<br />

comentário, da enumeração de um facto.<br />

Gostaria de acrescentar – oficiosamente, em<br />

qualquer resposta e consideração que a<br />

Comissão possa dar – a seguinte pergunta. Se a<br />

actual directiva não está a ser correctamente<br />

aplicada na totalidade dos Estados-Membros,<br />

poderá a Comissão tomar, por favor, um pouco<br />

mais de tempo para perceber porquê? Haverá<br />

alguns problemas intrínsecos à directiva?<br />

Suscitará a Directiva ainda alguns problemas<br />

para determinados Estados-Membros? Assim,<br />

em vez de afirmar à força que “é a directiva e é<br />

a directiva e é a directiva, implementem-na sem<br />

demora”, por favor, não será possível escutar<br />

com um pouco mais de atenção, pois estou certo<br />

de que daí poderemos retirar alguma lição. Em<br />

princípio, todos somos favoráveis a uma<br />

directiva nesta área para que exista clareza.<br />

O último comentário que gostaria de tecer parte<br />

certamente deste lado do hemiciclo. Estamos<br />

interessados em facilitar o destacamento de<br />

trabalhadores. Estamos obviamente interessados<br />

na segurança das suas condições de trabalho,<br />

mas estamos igualmente interessados na<br />

promoção da sua mobilidade. Porém, não<br />

estamos interessados em fazer uso destas<br />

questões como um instrumento de<br />

proteccionismo para evitar o destacamento de<br />

trabalhadores.<br />

2-293<br />

Anne Van Lancker, em nome do Grupo PSE. –<br />

(NL) Senhor Presidente, Senhor Comissário,<br />

posso dizer-lhe que é com sentimentos muito<br />

contraditórios que o meu grupo acolhe esta nova<br />

comunicação da Comissão. Por um lado, é<br />

positivo, naturalmente, que a Comissão queira<br />

continuar a concentrar-se na implementação da<br />

Directiva relativa ao destacamento de<br />

trabalhadores, pois, praticamente todas as<br />

semanas, nos são comunicados novos casos de<br />

exploração social de trabalhadores destacados<br />

algures, uma situação que colocou, além disso,<br />

sob forte pressão as nossas condições de<br />

trabalho nos nossos países. Por outro lado,<br />

temos a nítida sensação de que a Comissão não<br />

conseguiu ainda encontrar o equilíbrio correcto<br />

entre a garantia da livre prestação de serviços,<br />

por um lado, e a protecção dos trabalhadores,<br />

por outro.<br />

Como o Senhor Comissário certamente saberá,<br />

as medidas de controlo que os Estados-<br />

Membros tomaram, como a obrigação de manter<br />

documentos no local de trabalho, a imposição<br />

de declarações de destacamento ou a presença<br />

de um representante mandatado, são elementos<br />

essenciais para que se possa proteger as<br />

condições laborais dos trabalhadores<br />

destacados.<br />

Além disso, é mais do que evidente, Senhor<br />

Comissário, que os Estados-Membros só podem<br />

confiar nas suas próprias medidas nacionais,<br />

visto que a imprescindível cooperação<br />

transnacional entre administrações e o acesso à<br />

necessária informação são praticamente<br />

inexistentes, e os mecanismos compulsórios<br />

simplesmente não funcionam. Apesar disso, a<br />

comunicação sugere que todo um conjunto de<br />

medidas dessa natureza não é compatível como<br />

o Direito comunitário, e o senhor ameaça<br />

mesmo instaurar processos de infracção antes<br />

mesmo de terem sido dados os passos<br />

indispensáveis para garantir a circulação da<br />

informação, para permitir que a cooperação<br />

entre os Estados-Membros funcione<br />

verdadeiramente e para criar um sistema de<br />

sanções efectivo.<br />

Escusado será dizer que o meu grupo saúda a<br />

intenção da Comissão de criar um comité<br />

permanente de alto nível para ajudar os Estados-<br />

Membros a melhorar a sua cooperação. No<br />

entanto, Senhor Comissário, a cooperação<br />

administrativa não basta. O que pedimos<br />

também é uma plataforma europeia para a<br />

cooperação transfronteiriça entre os serviços de<br />

inspecção competentes dos Estados-Membros.<br />

Enquanto este aspecto não for resolvido,<br />

continuará a faltar um elemento decisivo para<br />

fazer cumprir a Directiva relativa ao<br />

destacamento de trabalhadores.<br />

2-294


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 229<br />

Anne E. Jensen, em nome do Grupo AL<strong>DE</strong>. –<br />

(DA) Senhora Presidente, Senhor Comissário,<br />

em nome do meu grupo desejo apoiar a<br />

abordagem escolhida pela Comissão<br />

relativamente a esta directiva, nomeadamente de<br />

apostar no fornecimento de melhor informação,<br />

no reforço da cooperação entre os Estados-<br />

Membros e de querer levar os Estados-Membros<br />

perante o Tribunal de Justiça Europeu em caso<br />

de infracção grave.<br />

Infelizmente, temos de reconhecer que numa<br />

UE alargada, onde se verificam diferenças<br />

significativas nos níveis de rendimentos, existe<br />

muita insegurança, incluindo no que diz respeito<br />

a este aspecto. Por um lado, existe o receio de<br />

os trabalhadores destacados para outros<br />

Estados-Membros ficarem sujeitos a condições<br />

de trabalho inferiores às normais no país<br />

anfitrião e que esta situação possa constituir<br />

uma ameaça para a segurança do emprego. Por<br />

outro, continuam a existir muitos obstáculos<br />

burocráticos à livre troca de serviços na UE.<br />

Estes factores constituem um entrave à<br />

concorrência e significam que as pessoas<br />

acabam por desfrutar de serviços de pior<br />

qualidade. A Directiva relativa ao destacamento<br />

dos trabalhadores visa, justamente, alcançar um<br />

equilíbrio adequado entre a liberdade de prestar<br />

serviços transfronteiriços e a manutenção<br />

simultânea da protecção no mercado de trabalho<br />

do país anfitrião. Durante as consultas na<br />

Comissão do Emprego e dos Assuntos Sociais,<br />

foi-nos referido por representantes das entidades<br />

patronais e dos sindicatos que a Directiva<br />

relativa ao destacamento de trabalhadores é, de<br />

facto, suficientemente positiva, mas que é muito<br />

complicada. Em consequência disso, as<br />

entidades patronais e os trabalhadores não<br />

possuem conhecimento suficiente dos seus<br />

direitos e obrigações, uma situação em relação à<br />

qual é necessário intervir. Agir dentro da lei<br />

deve poder ser simples e directo, uma situação<br />

que cabe assegurar através do fornecimento de<br />

informação, a qual deve ser compreensível e<br />

escrita na língua dessas pessoas. As pessoas<br />

também devem ter acesso facilitado a ajuda para<br />

a resolução de eventuais problemas.<br />

A Comissão constatou que os Estados-Membros<br />

nem sempre confiam na informação que é<br />

trocada entre os países, pelo que considero que<br />

seria uma boa ideia agora reforçar a cooperação<br />

entre os Estados-Membros nesta área. Além<br />

disso, a Agência de Dublin para a Segurança e<br />

Saúde no Trabalho deveria tomar uma iniciativa<br />

para a troca de boas práticas, envolvendo dessa<br />

forma tanto os parceiros do mercado do trabalho<br />

como os Estados-Membros num processo<br />

positivo.<br />

Relativamente à questão levantada pelo senhor<br />

deputado Andersson, nomeadamente de se<br />

exigir ao país anfitrião que exista um<br />

representante e a emissão de documentação no<br />

local de trabalho, também penso que é relevante<br />

manter o equilíbrio certo e penso, sinceramente,<br />

que foi justamente este equilíbrio que a<br />

Comissão conseguiu encontrar. É nesta base que<br />

assentam as nossas alterações ao relatório. O<br />

representante não necessita de estar fisicamente<br />

presente no país anfitrião. É um aspecto sobre o<br />

qual estamos de acordo e que gostaria que<br />

ficasse claro.<br />

Relativamente às referências ao caso Laval ou<br />

Waxholm, penso que devemos aguardar a<br />

decisão final antes de nos basearmos neste caso<br />

como orientação relativamente ao estado do<br />

direito.<br />

E com isto concluo as minhas observações.<br />

2-295<br />

Elisabeth Schroedter, em nome do Grupo<br />

Verts/ALE. – (<strong>DE</strong>) Senhora Presidente, o<br />

presente debate constitui também uma<br />

advertência: se esta comunicação é mais uma<br />

tentativa de fazer entrar pela porta das traseiras<br />

os artigos 24º e 25º que foram suprimidos da<br />

versão inicial da directiva relativa aos serviços,<br />

o Parlamento rejeitá-la-á sem ambiguidades. A<br />

directiva relativa ao destacamento de<br />

trabalhadores existe para proteger os<br />

trabalhadores e essa função protectora deve<br />

continuar a ser sacrossanta.<br />

Na directiva relativa ao destacamento de<br />

trabalhadores prevalece o princípio do local<br />

onde a actividade é exercida, o que significa,<br />

entre outras coisas, que todas as medidas<br />

tomadas pelos Estados-Membros que sirvam<br />

para proteger os trabalhadores destacados e os<br />

seus interesses são legítimas e desejáveis. A<br />

directiva é uma lei para um mercado interno<br />

livre dos serviços. Mas esta liberdade não pode<br />

existir a qualquer preço. Não pode ser uma luz<br />

verde ao dumping social.<br />

Estou cansada de ter de decidir em cima do<br />

joelho sobre a possibilidade teórica de se<br />

apresentarem provas de jogo leal no país de<br />

origem do trabalhador num prazo de duas ou<br />

quatro semanas. A situação nos grandes e<br />

pequenos estaleiros de construção por toda a<br />

<strong>Europa</strong> conta-nos uma história diferente. A<br />

impossibilidade de controlar as fichas de<br />

remuneração no local cria possibilidades<br />

acrescidas de arranjos criminosos.


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 230<br />

Seguramente que não querem assumir a<br />

responsabilidade por isto. Saiam e observem os<br />

estaleiros de construção com os vossos próprio<br />

olhos antes de passarem adiante. Vejam como<br />

os trabalhadores são privados de salários justos<br />

e como o dumping social distorce a<br />

concorrência leal. Salário igual para trabalho<br />

igual no mesmo local deve ser o princípio<br />

prevalecente.<br />

2-296<br />

Mary Lou McDonald, em nome do Grupo<br />

GUE/NGL. – (EN) Senhora Presidente, antes de<br />

mais, é preciso que tenhamos presente que a<br />

Directiva relativa ao destacamento de<br />

trabalhadores se prende com os direitos dos<br />

trabalhadores, e que apenas estabelece normas<br />

mínimas em matéria de salários, férias, etc. Sem<br />

a Directiva, os trabalhadores ficam expostos a<br />

todo o tipo de exploração por parte de empresas<br />

de vão de escada ou de um falso emprego por<br />

conta própria, facto que alguns empregadores<br />

não se têm coibido de explorar.<br />

No entanto, parece-me que, com esta ênfase, a<br />

Comissão atribui primazia à eliminação dos<br />

obstáculos à prestação de serviços e ao bom<br />

funcionamento do mercado interno. Considero<br />

que a resolução associada a esta pergunta oral<br />

representa um retrocesso face às posições do<br />

Parlamento, mais recentemente expressas no<br />

relatório Schroedter. O facto é que a Comissão<br />

não aplicou a Directiva e que muitos dos<br />

Estados-Membros ignoram as suas disposições.<br />

Estas falhas não deveriam ser iludidas com<br />

argumentos sobre a proporcionalidade ou o<br />

proteccionismo. Quando o Parlamento aprovou<br />

a Directiva “Serviços”, foi garantido àqueles<br />

que se preocuparam, como nós, com o seu<br />

impacto sobre os direitos dos trabalhadores, que<br />

a aplicação cabal da Directiva relativa ao<br />

Destacamento de Trabalhadores dissiparia as<br />

nossas preocupações. Não foi o que aconteceu, e<br />

a Comissão malogrou na aplicação da Directiva.<br />

Este facto deixa numerosos trabalhadores<br />

desprotegidos, sem as normas mínimas<br />

necessárias para evitar a exploração e o abuso.<br />

2-297<br />

Thomas Mann (PPE-<strong>DE</strong>). – (<strong>DE</strong>) Senhora<br />

Presidente, em 13 de Junho, a DG Emprego<br />

notificou a Comissão de que alguns<br />

Estados-Membros, Alemanha incluída, não<br />

estão, deliberadamente, a aplicar a directiva<br />

relativa ao destacamento de trabalhadores. O<br />

meu país é acusado de efectuar controlos<br />

excessivamente rigorosos, assim forçando a<br />

saída de trabalhadores de outros<br />

Estados-Membros. Até onde pode ir a<br />

provocação? Eu esperava outra atitude de um<br />

Comissário cuja imparcialidade muito tenho<br />

apreciado noutras ocasiões.<br />

Embora a cooperação entre os países de envio e<br />

os países de recepção seja importante, ela não<br />

pode substituir controlos efectivos. O nosso<br />

objectivo comum deve ser garantir a protecção<br />

do trabalhador, impedir o dumping social e<br />

detectar e punir o trabalho ilegal. Mas isto só<br />

pode ser feito se tivermos documentos válidos,<br />

que têm de estar escritos na língua do país de<br />

acolhimento. Devem estar disponíveis para<br />

apresentação os contratos de trabalho, os<br />

cálculos de remuneração e as folhas de<br />

presença. O Procurador-Geral do Tribunal de<br />

Justiça Europeu apoia este ponto de vista,<br />

porque os inspectores terão, obviamente,<br />

problemas consideráveis com documentos que<br />

não estejam escritos na língua do respectivo<br />

país.<br />

Em segundo lugar, para permitir que as<br />

informações sejam devidamente enviadas, o<br />

receptor deve apresentar um endereço na<br />

Alemanha, e não apenas uma caixa postal no<br />

estrangeiro que tenha sido escolhida<br />

precisamente para preservar o anonimato, e<br />

todos são obrigados a designar como<br />

representante oficial alguém que considerem<br />

apropriado. O local de trabalho também pode<br />

ser um endereço. É isto que considero uma<br />

solução justa.<br />

Ameaçar com processos por infracção é um<br />

insulto. Na <strong>Europa</strong>, Senhor Comissário, as<br />

coisas têm de ser feitas correctamente, incluindo<br />

as inspecções. Peço-lhe, Senhor Comissário<br />

Špidla, que mantenha o sentido das proporções<br />

e do equilíbrio que nos habituámos a ver em si.<br />

2-298<br />

Jean Louis Cottigny (PSE). - (FR) Senhora<br />

Presidente, Senhor Comissário, Senhoras e<br />

Senhores Deputados, sou daqueles que pensam<br />

que o destacamento dos trabalhadores constitui<br />

uma oportunidade para a União Europeia e os<br />

seus cidadãos. Uma oportunidade tanto a nível<br />

económico como no que respeita a contribuir<br />

para o reforço da ideia europeia. Os<br />

trabalhadores destacados no território europeu<br />

são antes de mais europeus e devem ser tratados<br />

como tal, o que, em minha opinião, significa<br />

que, para um mesmo emprego no mesmo<br />

território, não deve ser permitida nenhuma<br />

desigualdade.<br />

Um dos problemas suscitados actualmente pela<br />

Directiva 96/71/CE é o de que, devido à falta de<br />

harmonização dos sistemas nacionais em<br />

matéria de direito do trabalho e às disparidades<br />

existentes entre novos e antigos Estados-


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 231<br />

Membros nesta matéria, surge o receio de que<br />

esta directiva venha a permitir arbitrariedades<br />

entre Estados-Membros e favorecer dumping<br />

social. Repito mais uma vez: é pelo alto que a<br />

<strong>Europa</strong> social tem de ser construída, e não<br />

desmantelando os seus acervos sociais, como há<br />

quem deseje aqui. Prova disso são algumas<br />

alterações apresentadas ao relatório relativo à<br />

modernização do direito do trabalho.<br />

Neste domínio, recomendo que não brinquemos<br />

aos alquimistas, pois corremos o risco de nos<br />

vermos a braços com conflitos sociais<br />

incontroláveis. Em minha opinião, para<br />

evitarmos esses escolhos, os Estados-Membros<br />

devem poder continuar a manter um certo<br />

número de restrições, mas também, quando<br />

acolhem trabalhadores destacados, devem poder<br />

impor certas condições. Estou a pensar<br />

nomeadamente que os trabalhadores destacados<br />

devem poder beneficiar, nos países de<br />

acolhimento, de representantes mandatados<br />

independentes. Devem poder fornecer<br />

informações pertinentes relativas ao seu tempo<br />

de trabalho e às condições de segurança e de<br />

saúde relativas a esse trabalho, de forma a que<br />

lhes possa ser garantida uma protecção. Os<br />

trabalhadores assalariados destacados devem<br />

poder proceder a uma declaração prévia, a fim<br />

de permitir aos parceiros sociais dos Estados de<br />

acolhimento, onde os salários são fixados por<br />

negociação colectiva, entrarem em jogo para<br />

negociarem directamente com a empresa de<br />

origem dos trabalhadores destacados.<br />

Mas temos de ir ainda mais longe neste<br />

domínio, prosseguindo reflexões como a da<br />

criação de um salário mínimo europeu. Temos<br />

de possuir uma vontade política de<br />

convergência em direcção a uma base de<br />

direitos sociais comuns no conjunto da União<br />

Europeia. É com tais práticas que enveredamos<br />

por uma <strong>Europa</strong> social, uma <strong>Europa</strong> unida, uma<br />

<strong>Europa</strong> dos trabalhadores que todos desejamos.<br />

2-299<br />

Evelyne Gebhardt (PSE). – (<strong>DE</strong>) Senhor<br />

Presidente, Senhor Comissário, quando<br />

discutimos a directiva relativa aos serviços,<br />

afirmámos muito clara e definitivamente que<br />

esta não deveria, de forma alguma, afectar os<br />

direitos sociais nos Estados-Membros. Foi por<br />

isso que suprimimos os infames artigos 24º e<br />

25º da directiva, para que não fosse possível<br />

explorar lacunas na lei para passar por cima<br />

desses direitos.<br />

Também acordámos que, para eliminar<br />

quaisquer ambiguidades, a directiva relativa ao<br />

destacamento de trabalhadores deveria ser<br />

alterada se suscitasse algum problema. Gostaria<br />

de vos recordar este compromisso, com o qual a<br />

Comissão Europeia também concordou, e de<br />

pedir a renovação desse acordo.<br />

Senhor Comissário, concordo consigo quando<br />

diz que a falta ou a insuficiência de cooperação<br />

entre as autoridades é uma das principais razões<br />

por que estamos a ter estes problemas com a<br />

directiva relativa ao destacamento de<br />

trabalhadores; mas acredita realmente que<br />

eliminar as possibilidades de controlo, a<br />

documentação e tudo o mais que é necessário<br />

para o controlo irá melhorar essa cooperação<br />

insuficiente? Pelo contrário, a falta de<br />

documentação e a pouca cooperação entre<br />

autoridades facilitam o dumping social puro e<br />

simples. Não posso acreditar que seja isto o que<br />

realmente pretende.<br />

Por isso, trabalhemos em conjunto para<br />

melhorar a cooperação administrativa e para<br />

abrir o mercado aos serviços e aos<br />

trabalhadores, com o mais elevado nível de<br />

protecção social. Assim, estaremos a fazer algo<br />

de positivo pela <strong>Europa</strong> e, em vez de uma<br />

abordagem destrutiva aos Estados-Membros,<br />

estaremos a procurar, num espírito positivo,<br />

soluções que verdadeiramente contribuam para<br />

o progresso. É neste sentido que devemos<br />

avançar. Caso contrário, acabaremos por não<br />

chegar onde queremos.<br />

2-300<br />

Proinsias De Rossa (PSE). – (EN) Senhora<br />

Presidente, fiquei desapontado ao ouvir o<br />

Senhor Comissário Špidla dizer-nos, hoje, que<br />

não propõe uma nova comunicação a este<br />

respeito.<br />

Se pretendermos que os trabalhadores circulem<br />

de um Estado-Membro para outro sem<br />

desencadear um nivelamento por baixo, será<br />

necessário garantir que a legislação seja clara,<br />

que existam normas aplicadas da mesma forma<br />

em toda a União Europeia e que as mesmas<br />

sejam cabalmente aplicadas. A Directiva<br />

relativa ao Destacamento de Trabalhadores, na<br />

sua versão actual, não cumpre esses critérios, o<br />

mesmo acontecendo com as orientações que a<br />

Comissão publicou há apenas um ano.<br />

Actualmente, é preciso que a Comissão insista<br />

na retenção dos documentos no Estado-Membro<br />

onde o trabalhador se encontra destacado, e<br />

teremos de insistir num empregador<br />

identificável que assuma a responsabilidade<br />

pelo cumprimento. Ainda assim, isso só será<br />

suficiente se todos os Estados-Membros tiverem<br />

em vigor mecanismos de cumprimento e<br />

sanções graves em caso de violação da<br />

legislação.


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 232<br />

Não há qualquer possibilidade de progresso<br />

relativamente a questões como a flexigurança e<br />

a reforma da legislação laboral se não<br />

abordarmos temas como a segurança dos<br />

trabalhadores nesta área. Na <strong>Europa</strong>, os<br />

trabalhadores não aceitarão uma diminuição dos<br />

seus direitos ou um nivelamento por baixo. Só<br />

será possível aprovar, nesta Assembleia,<br />

legislação que enfraqueça, de alguma forma, os<br />

direitos dos trabalhadores se estes considerarem<br />

existir para si vantagens em evitar uma redução<br />

ao menor denominador comum. Considero<br />

inacreditável a falta de visão que o Conselho e a<br />

Comissão demonstram nesta área; é pura e<br />

simplesmente inexplicável, se efectivamente<br />

pretendem criar uma União Europeia social.<br />

2-301<br />

Vladimír Špidla, Membro da Comissão. – (CS)<br />

Senhoras e Senhores Deputados, gostaria de<br />

deixar claro que a correcta implementação da<br />

directiva relativa ao destacamento de<br />

trabalhadores não é, em circunstância alguma,<br />

uma porta traseira através da qual procuramos<br />

enfraquecer e comprometer a protecção dos<br />

trabalhadores no mercado de trabalho europeu.<br />

Muito pelo contrário, a correcta implementação<br />

da directiva conduzirá à protecção efectiva dos<br />

trabalhadores, o que se reveste da máxima<br />

importância. Não é verdade, de forma alguma,<br />

que a Comissão está a colocar restrições sobre<br />

os poderes de controlo: quero afirmar<br />

categoricamente que qualquer medida que um<br />

Estado-Membro considere necessária, e que seja<br />

proporcionada ao objectivo prosseguido, será,<br />

naturalmente, correcta e aplicável.<br />

Devo também recordar que a decisão sobre esta<br />

directiva não foi tomada numa torre de marfim,<br />

como o não foi a decisão relativa à comunicação<br />

- foi debatida em inúmeras ocasiões no terreno<br />

com os parceiros sociais. Acho que quando está<br />

em causa a implementação da legislação, todos<br />

nós sabemos distinguir entre casos em que a<br />

legislação se torna uma questão de mera<br />

burocracia e não alcança os seus objectivos e,<br />

por outro lado, casos em que alcança objectivos<br />

diferentes e incorrectos. As verificações devem,<br />

por isso, ser exaustivas e efectivas, mas no<br />

âmbito de um método aplicado, dado que a<br />

directiva e a legislação em geral não permitem<br />

tudo. Ou seja, nem tudo será aceitável - só o que<br />

se inserir no quadro da legislação, e que é<br />

efectivo e proporcional.<br />

No que diz respeito a alterar a directiva, como<br />

foi sugerido, gostaria de dizer que o próprio<br />

Parlamento já abordou este tema pelo menos<br />

duas ou três vezes, tal como os parceiros<br />

sociais, e não foi formulada qualquer posição<br />

prevalecente pela qual a directiva poderia ser<br />

reformulada de uma forma substantiva. Pelo<br />

contrário, as posições formuladas foram sempre<br />

a favor de melhorar a cooperação e a<br />

implementação. Gostaria ainda de recordar que<br />

a implementação é da competência dos Estados-<br />

Membros, e é responsabilidade da Comissão<br />

assegurar que a implementação é efectuada no<br />

quadro da legislação comunitária. É também sua<br />

obrigação utilizar os recursos legais à sua<br />

disposição. A este respeito, a Comissão verifica,<br />

naturalmente, qual é a situação nos mercados de<br />

trabalho nos diferentes Estados-Membros e<br />

actua em conformidade, como previsto na<br />

legislação.<br />

É óbvio que é importantíssimo melhorar a<br />

cooperação administrativa. É igualmente<br />

importante melhorar a cooperação entre as<br />

várias entidades de controlo dos Estados-<br />

Membros, e a Comissão envidará e canalizará<br />

os seus esforços nesta direcção. Se ficar<br />

provado em debates subsequentes que se<br />

justifica estender a legislação, este ponto será<br />

suscitado e vivamente debatido. De momento,<br />

nem o debate político preliminar no Parlamento<br />

nem o debate com os parceiros sociais indicam<br />

que seria positivo tomar qualquer nova medida<br />

legislativa neste domínio.<br />

Senhoras e Senhores Deputados, devo salientar,<br />

mais uma vez, que o objectivo da presente<br />

directiva é a protecção efectiva dos<br />

trabalhadores, e todas as medidas de controlo<br />

que contribuam para uma protecção efectiva<br />

serão adequadas. Os Estados-Membros que não<br />

efectuam um controlo efectivo estão a violar a<br />

lei. O controlo em qualquer domínio deve ser,<br />

logicamente, efectuado de uma forma<br />

proporcionada, no sentido jurídico do termo, e<br />

debatemos com muita frequência o significado<br />

do termo proporcionado. O Tribunal de Justiça<br />

do Luxemburgo tem autoridade para dirimir<br />

esses conflitos entre as instituições europeias.<br />

2-302<br />

Presidente. – Para conclusão do debate,<br />

comunico que recebi uma proposta de<br />

resolução, apresentada nos termos do nº 5 do<br />

Artigo <strong>10</strong>8º do Regimento 2 .<br />

Está encerrado o debate.<br />

A votação terá lugar amanhã, 11 de Julho de<br />

<strong>2007</strong>.<br />

2-303<br />

Futura política marítima da União (debate)<br />

2-304<br />

2 Ver acta.


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 233<br />

Presidente. – Segue-se na ordem do dia o<br />

relatório (A6-0235/<strong>2007</strong>) do deputado Piecyk,<br />

em nome da Comissão do Ambiente, da Saúde<br />

Pública e da Segurança Alimentar, sobre a<br />

futura política marítima da União: uma visão<br />

europeia para os oceanos e os mares<br />

(2006/2299(INI))<br />

2-305<br />

Willi Piecyk (PSE), relator. – (<strong>DE</strong>) Senhora<br />

Presidente, Senhor Comissário, Senhoras e<br />

Senhores Deputados, na sua política marítima, o<br />

Parlamento Europeu está a entrar em águas<br />

desconhecidas. Cinco comissões trabalharam<br />

neste relatório e obtiveram resultados<br />

respeitáveis. Gostaria de começar por expressar<br />

os meus sinceros agradecimentos aos meus corelatores,<br />

senhores deputados Hassi, Stevenson,<br />

Chatzimarkakis e Matsis, pela sua colaboração.<br />

Os meus agradecimentos também aos membros<br />

do meu pessoal, senhor Jordan e senhora<br />

Schramm – assim como ao estagiário Jan, que<br />

fez bom trabalho de investigação –, porque sem<br />

eles este relatório teria sido praticamente<br />

impossível de elaborar.<br />

Senhoras e Senhores Deputados, para fazermos<br />

uma ideia da importância da política marítima,<br />

direi que 90% do comércio internacional e 40%<br />

do comércio interno da União Europeia é<br />

transportado por mar. Quarenta por cento do<br />

PIB da <strong>Europa</strong> é gerado nas zonas costeiras.<br />

Cerca de dois terços dos europeus preferem<br />

passar férias junto ao mar, e o turismo costeiro<br />

gerou, em 2004, um rendimento de 72 mil<br />

milhões de euros. Mas turismo costeiro<br />

pressupõe mar limpo. Fica assim evidente a<br />

necessidade – na verdade é uma condição sine<br />

qua non – de a UE não formular apenas, mas<br />

também aplicar, uma política marítima<br />

integrada.<br />

É da Comissão o grande mérito de ter trazido,<br />

com este Livro Verde, a política marítima para a<br />

agenda europeia. No entanto, o documento é<br />

frequentemente vago e descritivo, pouco<br />

específico. Depois de um ano de consultas,<br />

precisamos de menos conferências e mais<br />

medidas, mais acções políticas concretas. Como<br />

disse Goethe: “Trégua às palavras, esses meros<br />

sons vazios, e demos finalmente lugar aos actos,<br />

meus amigos!”<br />

Senhor Comissário, se amanhã aprovarmos o<br />

relatório, a Comissão – e, naturalmente, os<br />

Estados-Membros – terá muito trabalho entre<br />

mãos. O meu pessoal fez os cálculos: o projecto<br />

de relatório contém 80 recomendações à<br />

Comissão e ao Conselho. Se as reunirmos por<br />

assunto, haverá 33 conjuntos de medidas que<br />

esperamos que o Conselho e a Comissão<br />

venham a aplicar no futuro.<br />

Gostaria hoje de me debruçar sobre alguns<br />

domínios importantes, como o transporte<br />

marítimo. Esperamos que o Conselho aprove<br />

sem demora sete medidas legislativas: entre<br />

outras, as relativas à inspecção pelo Estado do<br />

porto, aos atracadouros de emergência e à<br />

responsabilidade civil em caso de acidente – e<br />

todas elas são dirigidas somente à Presidência<br />

portuguesa. Há um anacronismo peculiar no<br />

facto de a <strong>Europa</strong> ainda ver as viagens de<br />

pequeno curso como comércio internacional.<br />

Por esse motivo, a cabotagem tem de ser<br />

finalmente integrada no mercado único. Na<br />

questão das auto-estradas do mar, desde a<br />

adopção das redes transeuropeias, em 2004, não<br />

fizemos o mínimo progresso. A Comissão tem<br />

de designar um coordenador, para ver se as<br />

coisas começam finalmente a mover-se.<br />

A luta contra as alterações climáticas: se bem<br />

que o transporte marítimo, seja o modo mais<br />

compatível com o ambiente, não é<br />

absolutamente limpo, pois contribui com 4%<br />

das emissões de CO2 a nível mundial e produz<br />

grandes volumes de dióxido de enxofre e óxido<br />

de azoto. Estou certo de que as emissões do<br />

transporte marítimo são uma questão que<br />

teremos de enfrentar. Uma questão ainda mais<br />

importante, porém, é a redução drástica das<br />

emissões marítimas e, ao mesmo tempo, a<br />

utilização de fontes de energia renováveis como<br />

a solar e a eólica nos navios. Isto dá também aos<br />

construtores navais europeus e aos seus<br />

fornecedores um grande potencial de<br />

crescimento. Além disso, e está longe de ser o<br />

menos importante, o LeaderSHIP 2015 diz<br />

respeito à futura competitividade de toda a<br />

indústria.<br />

A política marítima em matéria de clima<br />

envolve igualmente o fornecimento de<br />

electricidade da rede de terra pelos navios<br />

atracados nos portos, o que também implica a<br />

aplicação do há muito esperado plano de acção<br />

para a promoção da energia eólica produzida no<br />

mar.<br />

Quanto à questão do emprego: se o sector<br />

marítimo se queixa de que os jovens não<br />

querem entrar nas profissões marítimas, cabe<br />

perguntar em que medida essas profissões foram<br />

activamente promovidas no passado.<br />

Precisamos, pois, de uma campanha de<br />

educação. Mas é também recomendável que os<br />

trabalhadores marítimos não sejam tratados<br />

como trabalhadores de segunda classe.


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 234<br />

Sobre a poluição marítima: <strong>10</strong>0% dos resíduos<br />

dos navios têm de ser removidos nos portos. As<br />

descargas ilegais de petróleo têm de ser<br />

combatidas. Ao mesmo tempo, porém, e uma<br />

vez que 80% da poluição marítima é causada<br />

por resíduos que têm origem em terra,<br />

precisamos de um plano de acção concreto da<br />

Comissão para apoio na resolução deste<br />

problema.<br />

Sobre a questão da investigação marítima:<br />

temos na União Europeia excelentes institutos,<br />

mas não estão ligados entre si. Precisamos,<br />

portanto, de uma organização coordenadora, um<br />

consórcio europeu das ciências marítimas, com<br />

forte apoio da Comissão.<br />

Senhora Presidente, não pretendo ser moralista,<br />

mas é indiscutível que o mar não precisa de nós,<br />

nós é que precisamos dele. Por essa razão,<br />

temos de ter uma política marítima europeia<br />

eficaz e integrada. Vamos, pois, avaliar cada<br />

Presidência do Conselho pelos progressos que<br />

fizer em matéria de política marítima.<br />

(Aplausos)<br />

2-306<br />

Joe Borg, Membro da Comissão. - (EN)<br />

Senhora Presidente, Senhoras e Senhores<br />

Deputados, quando iniciámos este processo, as<br />

palavras “Para uma futura política marítima da<br />

União” compunham uma frase cheia de<br />

potencial e esperança.<br />

Hoje, dois anos volvidos desde o início dos<br />

trabalhos e um ano depois do lançamento do<br />

Livro Verde, já não falamos de possibilidades.<br />

Hoje falamos daquilo que pode tornar-se<br />

realidade. Em 30 de Junho, demos por<br />

concluído o processo de consulta. Milhares de<br />

actores interessados de toda a <strong>Europa</strong><br />

participaram nesse processo, manifestando o seu<br />

apoio esmagador a este projecto. O Parlamento<br />

esteve extremamente activo no período de<br />

tempo que antecedeu este debate. Permitam-me<br />

que manifeste os meus agradecimentos e apreço<br />

ao relator, o senhor deputado Willi Piecyk, pelo<br />

resultado conseguido, por ter coordenado os<br />

fortes interesses das diferentes comissões e por<br />

ter produzido este impressionante relatório.<br />

Gostaria igualmente de agradecer aos relatores<br />

das diferentes comissões que participaram neste<br />

processo o seu inestimável contributo, bem<br />

como a todos os outros deputados que se<br />

mostraram particularmente favoráveis ao<br />

projecto da política marítima. Apraz-nos, em<br />

especial, a natureza holística e intersectorial do<br />

parecer do Parlamento. O consenso espelhado<br />

no relatório constitui uma base positiva para o<br />

futuro funcionamento de uma política marítima<br />

europeia holística e integrada.<br />

O conteúdo do relatório é, com efeito,<br />

impressionantemente vasto, e agradecemos um<br />

tão elevado número de sugestões.<br />

Congratulamo-nos com o facto de o Parlamento<br />

dar ênfase, na esfera dos assuntos marítimos, à<br />

necessidade de progressos rápidos no que<br />

respeita às propostas legislativas que se<br />

encontram actualmente em fase de análise no<br />

Conselho e que dizem respeito à segurança dos<br />

transportes marítimos e à protecção e<br />

preservação do meio marinho. Os objectivos da<br />

nossa futura política marítima exigirão, na<br />

verdade, uma aplicação cabal desta legislação<br />

por parte dos Estados-Membros.<br />

No ante-projecto de orçamento para 2008, a<br />

Comissão solicitou igualmente dotações<br />

destinadas a acções preparatórias com vista a<br />

dar início à concretização de algumas das<br />

acções previstas no âmbito da nova política<br />

marítima, e esperamos que o Parlamento apoie<br />

esse pedido.<br />

Estamos preparados, em particular, para<br />

trabalhar em áreas como a integração dos<br />

sistemas de vigilância das actividades no mar, a<br />

criação de uma rede de informação relacionada<br />

com os mares e oceanos e o intercâmbio de boas<br />

práticas nas indústrias e serviços marítimos,<br />

através da promoção de “clusters” marítimos<br />

em 2008. Estamos convictos de que esses<br />

projectos trarão benefícios substanciais a longo<br />

prazo.<br />

Passando a alguns aspectos específicos<br />

levantados no relatório, permitam-me alguns<br />

comentários de carácter geral. A Comissão<br />

congratula-se com o apelo do Parlamento no<br />

sentido de que a dimensão ambiental seja<br />

claramente reflectida nas propostas que<br />

apresentaremos em Outubro, estando<br />

empenhada em prestar particular atenção às<br />

alterações climáticas. A este respeito, a<br />

Comissão está a analisar os contributos de todos<br />

os actores interessados no que respeita ao<br />

comércio de emissões e à navegação; às fontes<br />

de energia renováveis para os navios, como a<br />

energia eólica e solar, a utilização de<br />

electricidade da rede de terra pelos navios<br />

atracados nos portos e a energia eólica<br />

produzida no mar; ao desmantelamento de<br />

navios, etc. Todos estes serão contributos<br />

positivos no âmbito do combate às alterações<br />

climáticas e de outras considerações ambientais<br />

mais amplas.


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 235<br />

Como tem sido dito em diversas ocasiões, a<br />

estratégia de protecção do meio marinho<br />

continua a ser o cerne da política marítima e<br />

constitui o seu pilar ambiental. Reforçam-se<br />

mutuamente.<br />

A Comissão congratula-se igualmente com o<br />

reconhecimento dado no relatório à importância<br />

dos transportes marítimos para a economia<br />

europeia. Os esforços de simplificação e de<br />

melhoria legislativa continuam a ser uma das<br />

principais prioridades da Comissão. Os<br />

transportes marítimos são um dos modos de<br />

transporte menos prejudiciais para o ambiente.<br />

Tendo isso presente, deverão ser acelerados os<br />

esforços que permitam melhorar ainda mais, de<br />

futuro, essa característica.<br />

Os transportes marítimos são também<br />

importantes muito para além das questões da<br />

sustentabilidade, pois contribuem para uma<br />

maior integração do nosso mercado interno<br />

comum e são cruciais para o comércio externo<br />

da <strong>Europa</strong> nesta era de globalização.<br />

A importância económica dos sectores<br />

marítimos para a União Europeia e o êxito de<br />

um certo número de clusters nacionais e<br />

regionais são sobejamente conhecidos. A<br />

concertação da política marítima da UE tem<br />

posto em evidência o vivo interesse de todas as<br />

partes interessadas no reforço e promoção do<br />

desenvolvimento de clusters marítimos em toda<br />

a União Europeia. A Comissão empenhou-se em<br />

promover as boas práticas e as interligações<br />

entre clusters marítimos, quer em contextos<br />

nacionais, quer regionais, através do<br />

levantamento cartográfico dos clusters<br />

marítimos europeus e da análise do seu<br />

potencial em matéria de cooperação.<br />

Quanto às questões levantadas no relatório a<br />

respeito da investigação e inovação, a Comissão<br />

considera que a excelência no campo da<br />

investigação e das tecnologias marítimas é<br />

essencial para desenvolver de forma sustentável<br />

o vasto potencial dos recursos marinhos.<br />

Constituirá uma base essencial para a<br />

consecução da integração e para o reforço das<br />

sinergias nos vários sectores marítimos. Razão<br />

por que a investigação e tecnologia marítimas<br />

foram reconhecidas como uma prioridade<br />

transversal no Sétimo Programa Quadro em<br />

matéria de Investigação a analisar com<br />

particular atenção.<br />

Reconhecemos a importância do turismo como<br />

motor do desenvolvimento sustentável nas<br />

zonas costeiras e marítimas. Ao mesmo tempo,<br />

o turismo costeiro e marítimo pode ser utilizado<br />

como instrumento de promoção da preservação<br />

das características culturais, históricas e<br />

ambientais do nosso espaço marítimo.<br />

Está prevista, para <strong>2007</strong>, uma comunicação que<br />

fixará uma agenda para o turismo sustentável e<br />

competitivo na <strong>Europa</strong>. Terá como base o<br />

relatório que permitiu recolher as reacções dos<br />

actores europeus no domínio do turismo e<br />

identificará novas iniciativas possíveis a nível<br />

da UE, inclusivamente na área do turismo<br />

costeiro e marítimo, que poderão, assim<br />

esperamos, complementar as iniciativas dos<br />

Estados-Membros.<br />

A Comissão congratula-se com a atitude<br />

positiva manifestada no relatório face à<br />

necessidade de garantir a sustentabilidade no<br />

domínio das pescas. Tomámos uma série de<br />

iniciativas a fim de aumentar o número de zonas<br />

marítimas protegidas e desenvolver políticas a<br />

favor das abordagens de longo prazo em matéria<br />

de gestão das pecas.<br />

Para além disso, a Comissão já apresentou<br />

propostas para a eliminação progressiva das<br />

devoluções de capturas. No contexto do pacote<br />

de Outubro, a Comissão aprovará igualmente<br />

propostas que visam o combate à pesca ilegal,<br />

não-declarada e não-regulamentada, bem como<br />

medidas relativas às práticas de pesca<br />

destrutivas.<br />

Passando aos aspectos sociais, permitam-me<br />

que diga que partilhamos totalmente das<br />

preocupações do Parlamento no que respeita à<br />

escassez de especialistas e profissionais<br />

altamente qualificados que o sector marítimo<br />

enfrenta e que analisaremos com grade interesse<br />

as sugestões feitas no relatório relativamente a<br />

cursos de formação destinados a proporcionar<br />

um vasto conhecimento da gestão baseada nos<br />

ecossistemas das pescas nos mares e oceanos.<br />

Subscrevemos a opinião do Parlamento quanto à<br />

necessidade de revisão da exclusão dos<br />

marítimos das directivas sociais. No que se<br />

refere às normas sociais para os marítimos,<br />

permitam-me que saliente a importância do<br />

trabalho em curso entre os parceiros sociais, no<br />

que respeita à integração no direito comunitário<br />

da Convenção consolidada da OIT sobre as<br />

condições de trabalho dos marítimos.<br />

Um último comentário sobre a governação:<br />

resulta evidente das nossas consultas com os<br />

Estados-Membros e as partes interessadas a<br />

necessidade de uma coordenação mais estreita<br />

entre todas as políticas sectoriais e todos os<br />

níveis da governação se quisermos dispor de


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 236<br />

uma política marítima de sucesso. Por<br />

conseguinte, considero a posição do Parlamento<br />

a este respeito oportuna e relevante. Para além<br />

disso, reconhecemos ser necessário apoiar o<br />

intercâmbio e o fomento das boas práticas no<br />

quadro da política marítima através de<br />

plataformas que favoreçam o intercâmbio de<br />

informações e boas práticas. Para isso,<br />

tencionamos organizar conferências anuais que<br />

reúnam os actores interessados das várias<br />

regiões, dos Estados-Membros e da UE,<br />

incluindo as partes interessadas de todos os<br />

sectores conexos. Este exercício contribuirá<br />

também para aumentar a visibilidade dos<br />

sectores marítimos em geral.<br />

Senhoras e Senhores Deputados, a fim de<br />

aproveitar a dinâmica gerada durante o processo<br />

de consulta, pretendemos apresentar um pacote<br />

ambicioso em matéria de política marítima, em<br />

<strong>10</strong> de Outubro, e submetê-lo a novas consultas<br />

com o Parlamento e o Conselho. Este pacote<br />

traduzirá na realidade a visão de uma nova<br />

política marítima da UE. Incluirá uma<br />

comunicação sobre o processo consultivo, que<br />

mostrará como este foi amplo e abrangente e<br />

colocará em relevo a cooperação estreita e<br />

construtiva que mantivemos com os nossos<br />

interlocutores, e uma segunda comunicação, que<br />

proporá uma política marítima europeia e um<br />

plano de acção nesta matéria. A política terá por<br />

base a realidade marítima da <strong>Europa</strong>, a<br />

importância de uma abordagem integrada das<br />

questões marítimas, a nossa visão e princípios<br />

para essa política. Visará promover e<br />

desenvolver uma utilização sustentável dos<br />

oceanos e dos mares, proporcionar uma elevada<br />

qualidade de vida em todas as regiões,<br />

incrementar a transparência e aumentar a<br />

visibilidade marítima da <strong>Europa</strong>, reforçar o<br />

papel de liderança da <strong>Europa</strong> a nível<br />

internacional neste domínio e, por último mas<br />

não menos importante, procurar dar expressão<br />

ao potencial da <strong>Europa</strong> em matéria de<br />

conhecimento total e inovação nos assuntos<br />

marítimos. O plano de acção dará uma<br />

indicação quando à forma como será aplicada a<br />

nossa política marítima, identificando as acções<br />

e temas para uma proposta.<br />

Para concluir, permitam-me que, uma vez mais,<br />

felicite o Parlamento e os relatores pelo<br />

excelente trabalho que desenvolveram.<br />

Aguardamos com expectativa manter o nosso<br />

diálogo estreito com o Parlamento nos próximos<br />

meses, a fim de lançarmos as bases que<br />

permitirão dotar a <strong>Europa</strong> de uma política<br />

marítima europeia.<br />

2-307<br />

Satu Hassi (Verts/ALE), relatora de parecer<br />

da Comissão do Ambiente, da Saúde Pública e<br />

da Segurança Alimentar. – (FI) Senhora<br />

Presidente, Senhoras e Senhores Deputados,<br />

muito obrigado ao relator, o senhor deputado<br />

Willi Piecyk, pelo excelente trabalho de<br />

cooperação entre as comissões parlamentares,<br />

que tão bem trabalharam umas com as outras. É<br />

importante para nós compreender que a<br />

exploração económica do mar também depende<br />

do facto de o mar estar limpo e da existência de<br />

ecossistemas marinhos saudáveis. Por esta<br />

razão, é importante integrar o ponto de vista<br />

ambiental em todas as decisões que se tomem<br />

sobre o mar.<br />

Por exemplo, a prática da sobrepesca, sem uma<br />

visão a prazo, deu origem à destruição de muitas<br />

unidades populacionais de peixe e é também a<br />

principal razão do declínio da biodiversidade<br />

marinha. As populações de peixe não<br />

conseguem recuperar, a menos que se reduza a<br />

quantidade de poluição no mar a partir de terra e<br />

o volume de produtos químicos industriais e<br />

fertilizantes agrícolas, causadores de<br />

eutrofização. Este aspecto é especialmente<br />

importante em áreas fechadas do mar, tais como<br />

o Báltico. Tal como disse o relator, também é<br />

importante reduzir as emissões da navegação, já<br />

que esta é uma das principais fontes de emissões<br />

que contaminam o ar que respiramos.<br />

As alterações climáticas também não significam<br />

apenas o aumento do nível das águas do mar:<br />

significam igualmente acidificação do mar, o<br />

que terá um impacto drástico em todos os<br />

ecossistemas marinhos.<br />

2-308<br />

Jorgo Chatzimarkakis (AL<strong>DE</strong>), relator de<br />

parecer da Comissão da Indústria, da<br />

Investigação e da Energia. – (<strong>DE</strong>) Senhora<br />

Presidente, antes de mais, gostaria de agradecer<br />

ao relator, que estabeleceu verdadeiramente um<br />

novo patamar na cooperação. Nunca antes<br />

testemunhei uma tão excelente cooperação, e<br />

por isto o felicito .<br />

Gostaria de agradecer à Comissão por ter<br />

produzido este relatório e pela sua abordagem<br />

integrada. É muito oportuno. Como europeus –<br />

e digo isto na perspectiva da Comissão da<br />

Indústria, da Investigação e da Energia – temos<br />

muito para oferecer no domínio da política<br />

marítima. Somos líderes em matéria de clusters<br />

marítimos, somos campeões mundiais com os<br />

nossos estaleiros navais, 40% das frotas<br />

mercantes estão em mãos europeias e cerca de<br />

35% do equipamento marítimo é fornecido pela<br />

UE. Outra coisa em que somos bons é a<br />

investigação. A biotecnologia azul é uma


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 237<br />

tecnologia do futuro para a obtenção de energia<br />

do mar e os resultados da redução das emissões<br />

de CO2 são igualmente bons.<br />

Infelizmente, não falamos a uma só voz. Por<br />

isso, é positivo que tenhamos dado este pontapé<br />

de saída. Esperamos com grande expectativa o<br />

pacote de medidas que quer finalizar, Senhor<br />

Comissário. O mundo olha-nos, porque espera<br />

algo de nós. Esperamos um excelente pacote.<br />

2-309<br />

Struan Stevenson (PPE-<strong>DE</strong>), relator de<br />

parecer da Comissão das Pescas. – (EN)<br />

Senhor Presidente, gostaria de agradecer ao<br />

senhor deputado Willi Piecyk o seu brilhante<br />

relatório e a lição que nos deu sobre o modo<br />

como deve desenrolar-se a cooperação entre<br />

comissões. O objectivo da Comissão das Pescas<br />

era a produção de uma estratégica marítima<br />

destinada a desenvolver a protecção, valorizar o<br />

nosso património marítimo e encorajar a<br />

exploração sustentável dos nossos mares e<br />

oceanos, mas considero que – para corroborar o<br />

que o Senhor Comissário afirmou –, sem<br />

abordarmos de forma eficaz as causas essenciais<br />

das alterações climáticas, toda a política<br />

marítima da UE poderá ficar votada ao fracasso.<br />

A existência de um sector pesqueiro sustentável<br />

ajudará a preencher este critério e, assim sendo,<br />

se a pesca não assumir o lugar que lhe cabe no<br />

cerne da estratégia marítima europeia, então a<br />

resposta às necessidades será dada por produtos<br />

capturados em locais e com o recurso a métodos<br />

sobre os quais não temos qualquer controlo.<br />

A importância desta integração da gestão não<br />

pode ser negligenciada. Traria benefícios para<br />

todos e para o ambiente em geral. O princípio<br />

do “poluidor-pagador” é, actualmente, uma<br />

regra que não é cumprida no sector marítimo da<br />

UE. As empresas que poluem o mar deverão<br />

contribuir para um fundo a nível da UE<br />

vocacionado para o repovoamento das unidades<br />

populacionais e a preservação do ambiente.<br />

O nosso relatório salienta igualmente a<br />

importância da melhoria da imagem do sector<br />

das pescas, exortando a que sejam dedicados<br />

mais recursos à investigação e à educação, com<br />

vista a melhorar os conhecimentos e as<br />

qualificações.<br />

Concordo igualmente com a Comissão que a<br />

rede de zonas marítimas protegidas nas águas da<br />

UE deve ser alargada e instaurado um sistema<br />

de gestão integrada das zonas costeiras, de<br />

molde a garantir que se ponha cobro à<br />

degradação nefasta dos habitats e ao acentuado<br />

declínio da biodiversidade que nos últimos anos<br />

têm, frequentemente, sido um lugar comum.<br />

Aguardo com expectativa a apresentação pela<br />

Comissão, no Outono, do plano de acção.<br />

2-3<strong>10</strong><br />

Yiannakis Matsis (PPE-<strong>DE</strong>), relator de<br />

parecer da Comissão do Desenvolvimento<br />

Regional. – (EL) Senhora Presidente, as minhas<br />

recomendações para a política marítima estão<br />

incluídas no meu parecer, que já foi aprovado<br />

pelas comissões competentes.<br />

No entanto, nenhuma recomendação – e friso<br />

isto na presença do Senhor Comissário – pode<br />

ser bem sucedida se o ambiente não for<br />

protegido, o ambiente que o homem tem vindo a<br />

destruir freneticamente, como o provam<br />

tragicamente os incêndios registados nos países<br />

Mediterrâneo ao longo dos últimos anos e dos<br />

últimos dias.<br />

Todos os planos pressupõem que vamos<br />

conseguir salvar o ambiente e inverter o efeito<br />

de estufa através deste programa de acção,<br />

começando pela criação de uma força de<br />

combate a incêndios, que irá funcionar com<br />

contribuições, meios e dotações conjuntas,<br />

principalmente dos Estados-Membros<br />

interessados, e estará em estado de alerta<br />

durante os meses de Verão.<br />

Se houver vontade, tudo se poderá fazer e os<br />

riscos poderão ser evitados. Caso contrário, as<br />

nossas políticas não passarão do papel. Como<br />

seremos capazes de falar sobre as áreas costeiras<br />

em desenvolvimento quando nessas áreas,<br />

especialmente nos países do Mediterrâneo, nada<br />

mais resta a não ser terra queimada?<br />

(A Presidente retira a palavra ao orador)<br />

2-311<br />

Luís Queiró, em nome do Grupo PPE-<strong>DE</strong>. –<br />

Senhora Presidente e caros colegas, quero, em<br />

primeiro lugar, felicitar Willy Piecyk pelo<br />

excelente trabalho que desenvolveu ao longo<br />

dos últimos meses. Soube ouvir, soube conciliar<br />

perspectivas e, sobretudo, soube defender uma<br />

visão holística e construtiva da estratégia<br />

marítima. Foi também essa visão que defendi<br />

enquanto relator-sombra do PPE.<br />

Fica assim provado que com equilíbrio é<br />

possível desenvolver a economia e salvaguardar<br />

o ambiente e que um olhar fragmentado sobre o<br />

mar e os oceanos é um olhar sem dimensão nem<br />

ambição. O mar, que é por excelência o lugar da<br />

globalização, tem para nós, europeus, uma<br />

importância fulcral. Sabendo que o crescimento


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 238<br />

do comércio mundial irá aumentar o transporte<br />

marítimo e consequentemente desenvolver<br />

várias das economias do mar, é vantajoso<br />

pensarmos a uma escala europeia, mas isso não<br />

significa, a nosso ver, uma política comum<br />

única.<br />

O desejável é uma abordagem estratégica que<br />

tire partido do potencial de cooperação entre os<br />

27 Estados-Membros, uma cooperação que<br />

tenha em conta os custos do combate à<br />

imigração ilegal, à poluição, contra o tráfico de<br />

estupefacientes e o contrabando ou na luta pela<br />

segurança do território europeu, uma<br />

cooperação inteligente a favor do ambiente<br />

marinho, que tanto é do interesse dos<br />

ambientalistas quanto dos que dão prioridade à<br />

economia.<br />

A poluição é uma ameaça à natureza mas é<br />

igualmente um risco para os aproveitamentos<br />

económicos que podemos retirar do mar e dos<br />

oceanos. O equilíbrio há-de ser, pois, a palavrachave.<br />

Nem o fundamentalismo que impede o<br />

desenvolvimento económico, nem a exploração<br />

desordeira e destruidora dos recursos.<br />

Neste sentido é essencial olhar o potencial do<br />

mar e dos oceanos na perspectiva do<br />

investimento na investigação e do<br />

desenvolvimento, preservando igualmente a<br />

tradição. Se queremos modernizar a nossa<br />

economia temos de financiar redes de cientistas,<br />

promover a partilha do conhecimento, ser os<br />

primeiros nas novas economias e nas novas<br />

indústrias, mas também apostar seriamente no<br />

destino turístico das costas europeias, que é um<br />

património de uma riqueza e de uma diversidade<br />

incomparáveis.<br />

Finalizo, Senhora Presidente, com a expectativa<br />

de que seja possível, já a partir de amanhã,<br />

navegar com rumo, ou seja, a caminho da<br />

definição e execução de propostas consequentes<br />

em matéria de política marítima europeia,<br />

intenção aliás que tivemos oportunidade de<br />

ouvir aqui hoje da parte do Sr. Comissário Borg.<br />

2-312<br />

Paulo Casaca, em nome do Grupo PSE. –<br />

Senhora Presidente, Senhor Comissário, caros<br />

relatores, cara relatora, gostaria de vos felicitar<br />

pelo excelente trabalho que realizaram e<br />

permitir-me-ia frisar seis preocupações<br />

fundamentais, a ter em conta na execução da<br />

política europeia para os mares e oceanos: fazer<br />

com que a legislação existente e a criar seja<br />

integrada num quadro único; que a gestão seja<br />

também integrada no contexto de um<br />

planeamento marítimo que tenha em conta todos<br />

os interesses em presença; que seja integrado o<br />

mar na legislação ambiental existente,<br />

cumprindo designadamente convenções<br />

internacionais, como a Convenção OSPAR; que<br />

se ponha em prática uma gestão baseada nos<br />

ecossistemas marinhos; que se promova o<br />

desenvolvimento das comunidades piscatórias<br />

com a mesma aproximação desenvolvida com<br />

sucesso no domínio rural; que se crie um quadro<br />

integrado para o controlo e aplicação dessa<br />

legislação nos mares.<br />

A política marítima europeia não pode repetir os<br />

erros da política comum das pescas, que criou<br />

uma disfunção entre a concepção das políticas e<br />

os seus usufrutuários, por um lado, e os custos<br />

da sua aplicação e do seu controlo, por outro.<br />

Numa região como a dos Açores a aplicação da<br />

Directiva sobre a Estratégia Marinha, por<br />

exemplo, tem custos que podem cifrar-se em<br />

muitos milhões de euros. Nós pensamos que a<br />

<strong>Europa</strong> tem que actuar aqui de forma integrada<br />

também do ponto de vista financeiro.<br />

2-313<br />

Josu Ortuondo Larrea, em nome do Grupo<br />

AL<strong>DE</strong>. – (ES) Senhora Presidente, esta manhã -<br />

uma grande coincidência com este debate sobre<br />

a política marítima - tive oportunidade de ler um<br />

artigo na imprensa no qual se afirmava que os<br />

seres humanos tiveram origem na água, sem a<br />

qual a vida não é possível, e que os seres<br />

humanos adultos são constituídos por 75% de<br />

água.<br />

Além disso, três quartos da superfície terrestre<br />

estão cobertos pela água dos mares e dos<br />

oceanos e que se produz um ciclo constante de<br />

transferência de água dos oceanos para a<br />

atmosfera, desta para a Terra para, finalmente e<br />

através dos rios, de novo para o mar, o que nos<br />

obriga a dedicar toda a nossa atenção à<br />

sustentabilidade do meio marinho, sobretudo<br />

quando há muito que se ligaram todos os<br />

alarmes a nível mundial em relação à<br />

deterioração do ambiente, em geral, e das<br />

alterações climáticas, em particular.<br />

Consideramos que em todos os âmbitos<br />

institucionais - tanto comunitário, como estatal,<br />

regional e local -, bem como no âmbito privado,<br />

devem adoptar-se rapidamente medidas<br />

susceptíveis de melhorar a qualidade das águas.<br />

Neste sentido, desejamos manifestar a nossa<br />

preocupação pelo amplo calendário que figura<br />

na proposta de directiva relativa a uma<br />

estratégia marinha. Pensamos que, à semelhança<br />

de quando falamos da poluição atmosférica e do<br />

buraco da camada de ozono, não dispomos de<br />

muito tempo para poder intervir e inverter a<br />

actual tendência. Se o não fizermos o quanto


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 239<br />

antes, receio que o processo degenerativo será<br />

irreversível.<br />

Por conseguinte, propusemos a adopção com<br />

carácter urgente do calendário de elaboração dos<br />

planos de acção no âmbito da nova estratégia<br />

marinha, tornando-os consentâneos com outros<br />

programas importantes da União, como os<br />

financiados pelo FE<strong>DE</strong>R, pelo Fundo de<br />

Coesão, e também com a política agrícola, na<br />

medida em que também há actividades agrícolas<br />

que são responsáveis por descargas para o mar.<br />

Consideramos igualmente que é necessário<br />

dispor de informação mais precisa sobre a<br />

situação dos mares e oceanos. Preconizamos<br />

uma melhor coordenação e ligação de todos os<br />

institutos europeus de investigação marinha,<br />

promovendo ou uma rede ou um consórcio<br />

europeu e criando uma base de dados marítima<br />

que seja acessível a todos eles.<br />

Devemos melhorar a formação e a informação a<br />

todos os níveis e difundir as melhores práticas<br />

no que diz respeito ao controlo e à poluição. A<br />

este respeito, volto a insistir num aspecto que<br />

tenho vindo a reiterar há anos, a saber, a<br />

necessidade da obrigatoriedade da instalação de<br />

dispositivos nos navios - que já existem - de<br />

controlo de descarga e limpeza de tanques e<br />

porões, à semelhança das caixas negras não<br />

manipuláveis, que constituirão o melhor método<br />

para impedir as descargas deliberadas, apesar de<br />

considerar que isto deve ser complementado<br />

com inspecção e vigilância por satélite.<br />

Não devemos esquecer-nos dos pescadores<br />

profissionais, que constituem um grupo<br />

populacional importante, cujo modo de vida<br />

deve ser salvaguardado para o futuro, evitando<br />

que as regiões costeiras ou insulares fiquem<br />

despovoadas ou sejam invadidas pelo urbanismo<br />

selvagem.<br />

Por último, propugnamos ainda a aplicação ao<br />

sector marítimo do princípio do "poluidor<br />

pagador" e a criação de um fundo comunitário<br />

destinado ao repovoamento e à conservação da<br />

flora e da fauna marinhas, com base nas<br />

contribuições de todas as actividades industriais<br />

energéticas, turísticas, recreativas e de todo o<br />

tipo que poluem os nossos mares.<br />

2-314<br />

Ian Hudghton, em nome do Grupo Verts/ALE.<br />

– (EN) Senhora Presidente, a UE possui<br />

aproximadamente 65 000 quilómetros de costa.<br />

A Escócia possui um sexto dessa extensão e 95<br />

ilhas habitadas. Temos claramente muito a<br />

oferecer e muito a ganhar com uma estratégia<br />

marítima da UE que ajude a apoiar e<br />

desenvolver as nossas comunidades costeiras. A<br />

Escócia é rica em energia, possuindo reservas<br />

de petróleo e gás e potencial para a produção de<br />

energia eólica no mar e de energia das ondas. A<br />

Escócia está bem colocada para desenvolver<br />

mais os principais equipamentos de transportes<br />

marítimos. A Escócia possui excelentes<br />

instalações de investigação marinha que podem<br />

contribuir para uma melhor compreensão das<br />

questões ambientais do meio marinho e, apesar<br />

da PCP, continua a ser responsável por uma<br />

elevada percentagem do sector pesqueiro da UE.<br />

A ideia de uma estratégia marítima europeia é<br />

de louvar, mas não deverá indiciar uma<br />

mudança no sentido de que as águas da UE<br />

passem a ser vistas como um recurso comum<br />

sem uma ligação particular às diferentes nações<br />

marítimas. É preciso que a UE actue apenas<br />

onde as nossas nações marítimas careçam de<br />

acção ou apoio para o seu próprio planeamento<br />

estratégico. É preciso que aprendamos com as<br />

lições da PCP e com o seu malogro.<br />

2-315<br />

Georgios Toussas, em nome do Grupo<br />

GUE/NGL. – (EL) Por um lado, os lucros<br />

astronómicos dos armadores e dos grupos de<br />

empresas monopolistas que desenvolvem a sua<br />

actividade no sector da navegação e, por outro,<br />

a intensificação do trabalho, a substituição em<br />

massa dos marítimos dos Estados-Membros por<br />

mão-de-obra barata que recebe salários de<br />

miséria não superiores a 515 dólares mensais e<br />

os importantes crimes marítimos, como os casos<br />

do Erika, do Prestige, do Sea Diamond e outros,<br />

que provocam catástrofes ecológicas de grandes<br />

dimensões e um veemente protesto da opinião<br />

pública internacional são exemplos claros da<br />

política marítima antilaboral da União Europeia.<br />

É hipócrita o interesse manifestado pelos<br />

armadores, pela Comissão Europeia e pelos<br />

governos e é infundado o seu argumento de que<br />

não há marítimos suficientes e que querem atrair<br />

os marítimos dos Estados-Membros para a<br />

navegação, quando eles próprios se juntam para<br />

despedir em massa os marítimos europeus que<br />

trabalham nos navios, reduzindo constantemente<br />

a composição operacional dos mesmos e<br />

substituindo-os, ao mesmo tempo, por<br />

marítimos mais baratos de países terceiros,<br />

provocando assim um aumento da taxa de<br />

desemprego no sector.<br />

O impacto adverso desta política antilaboral é<br />

enorme para os trabalhadores que vivem nas<br />

regiões insulares remotas da Grécia e de outros<br />

países.<br />

2-316


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 240<br />

Johannes Blokland, em nome do Grupo<br />

IND/<strong>DE</strong>M. – (NL) Senhor Presidente, a<br />

importância dos oceanos é conhecida.<br />

Proporcionam-nos vida, alimento e prazer. É<br />

vital, portanto, que nos empenhemos em<br />

garantir uma boa gestão destes oceanos, um<br />

aspecto a que o relatório do senhor deputado<br />

Piecyk consagrou uma atenção exaustiva. Essa<br />

boa gestão requer uma abordagem equilibrada<br />

em que os aspectos ecológicos e económicos<br />

sejam ponderados a nível mundial, europeu e<br />

nacional. Deste modo, poderemos continuar a<br />

colher os seus benefícios no futuro.<br />

Gostaria de fazer uma observação relacionada<br />

com o desenvolvimento dos portos. Para que<br />

possam dar um contributo vital para a<br />

prosperidade dos cidadãos, é importante que os<br />

portos desenvolvam os seus potenciais de<br />

acordo com os requisitos prévios estabelecidos.<br />

Em minha opinião, a <strong>Europa</strong> deveria abster-se<br />

de influenciar esse desenvolvimento, tanto em<br />

termos de espaço como em termos económicos.<br />

Os Estados-Membros são responsáveis pela<br />

configuração dos seus portos, cabendo ao<br />

mercado assegurar o tratamento eficiente dos<br />

fluxos de carga. A fim de dar maior visibilidade<br />

a este aspecto no texto, apresentei um conjunto<br />

de alterações que eu espero que mereça o vosso<br />

apoio.<br />

2-317<br />

Jim Allister (não-inscrito). – (EN) Senhora<br />

Presidente, no pacote marítimo, é muito aquilo<br />

que pode parecer plausível, porém, o receio que<br />

me inspira uma política marítima da UE é que a<br />

mesma possa ser utilizada pela Comissão para<br />

conseguir poderes de controlo sobre todas as<br />

facetas da vida, os acontecimentos e as<br />

actividades no mar. Tendo em conta o desastre<br />

completo que as actuais competências da UE em<br />

matéria de política das pescas, ao abrigo de uma<br />

PCP injusta, tem representado para o Reino<br />

Unido, é escassa a minha confiança de que algo<br />

de mais positivo possa resultar se se entregarem<br />

todas as questões marítimas nas mãos da UE.<br />

Daí resultariam, receio, uma regulamentação<br />

excessiva, controlos sufocantes e directivas<br />

estúpidas. Na verdade, mesmo no que se refere<br />

às pescas, o que leio neste relatório é uma<br />

receita para atirar um maior número de<br />

pescadores para o desemprego, a pretexto de se<br />

restringir ainda mais o esforço de pesca ao<br />

abrigo do chamado “princípio da precaução”.<br />

2-318<br />

Corien Wortmann-Kool (PPE-<strong>DE</strong>). – (NL)<br />

Senhor Presidente, o mar é uma grande riqueza<br />

com enormes recursos, que nós devemos tratar<br />

com o devido cuidado. É por isso que a<br />

abordagem integrada deste Livro Verde é tão<br />

importante. No entanto, esta abordagem tem de<br />

ser prática e eficaz para que não erremos o alvo.<br />

Concordo com o relator quando diz que os<br />

cuidados com o ambiente e a sustentabilidade<br />

são factores importantes. Gostaria também de o<br />

felicitar pelo seu relatório, mas devo dizer que<br />

este foi um processo muito difícil em virtude do<br />

procedimento de cooperação reforçada. Isso fez<br />

com que tenhamos agora um extenso<br />

documento com 147 pontos. Um aspecto que<br />

penso ser relevante e que deploro é o facto de a<br />

importância do transporte marítimo ter sido, em<br />

certa medida, relegada para segundo plano por<br />

novas medidas. Isto é lamentável, sobretudo se<br />

tivermos em conta a enorme importância de que<br />

o transporte marítimo se reveste para a<br />

sustentabilidade.<br />

Já dispomos de uma imensa quantidade de<br />

regras e de regulamentos relacionados com a<br />

segurança ou com modos de transporte amigos<br />

do ambiente, mas a sua transposição e aplicação<br />

pelos Estados-Membros deixa ainda muito a<br />

desejar. Gostaria realmente de exortar a<br />

Comissão a transformar a implementação e a<br />

aplicação da legislação existente numa<br />

verdadeira prioridade. A União Europeia<br />

deveria ter também mais poderes de<br />

coordenação e, se necessário, poder impor o<br />

cumprimento dessas disposições. Em finais de<br />

2006, a Comissão deveria ter apresentado um<br />

estudo sobre a viabilidade de uma guarda<br />

costeira europeia. Estamos agora em meados de<br />

<strong>2007</strong> e ainda nada vimos, infelizmente. Gostaria<br />

efectivamente de exortar a Comissão a<br />

empenhar-se neste assunto com a necessária<br />

urgência.<br />

A Comissão deveria chamar a atenção dos<br />

Estados-Membros para a importância de um<br />

bom ordenamento do território e de uma boa<br />

gestão das zonas costeiras. No entanto, deverão<br />

ser os Estados-Membros em questão a assumir a<br />

responsabilidade por isso. As autoridades<br />

políticas locais, regionais e nacionais também se<br />

sentem responsáveis pela sustentabilidade e pela<br />

preservação dessas zonas costeiras, e<br />

precisamente quando de trata de uma questão<br />

território, deve ser, quanto a mim, aplicado o<br />

princípio da subsidiariedade.<br />

2-319<br />

Robert Navarro (PSE). - (FR) Senhora<br />

Presidente, quero antes de mais agradecer a<br />

Willi Piecyk o impressionante trabalho de<br />

síntese que realizou. No cômputo geral, trata-se<br />

de um relatório completo, equilibrado e que<br />

toma devidamente em consideração a dimensão<br />

económica, ambiental e social desta futura<br />

política marítima. Em matéria social, salienta a


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 241<br />

importância da formação profissional e das<br />

perspectivas de carreira, assim como da<br />

imperiosa necessidade para os Estados-<br />

Membros da União de assinarem e ratificarem<br />

rapidamente as convenções da OIT relativas ao<br />

trabalho marítimo. Tal exigência é essencial se<br />

queremos que o saber-fazer europeu neste<br />

domínio não desapareça. Quanto ao resto, a bola<br />

está agora no campo da Comissão e dos<br />

Estados-Membros.<br />

Quanto a estes últimos, a reforma do orçamento<br />

da União a partir de 2008 deverá fornecer-lhes a<br />

oportunidade de mostrarem que levam estas<br />

questões a sério. Quanto à Comissão, terá por<br />

missão a coordenação dessa política marítima.<br />

Trata-se de um estaleiro imenso, onde a<br />

ausência de uma orientação sólida poderia<br />

conduzir ao caos muito rapidamente. Eis a razão<br />

por que penso que a ideia de um Comissário<br />

responsável pela política marítima, que<br />

disponha de um mandato suficiente para arbitrar<br />

quando tal se impuser, merece ser analisada.<br />

Evidentemente que solidez não significa rigidez.<br />

Assim, para conferir a necessária flexibilidade à<br />

concretização das iniciativas que serão<br />

decididas no âmbito dessa futura política<br />

marítima, creio que seria pertinente garantir a<br />

clara participação das regiões.<br />

2-320<br />

Anne E. Jensen (AL<strong>DE</strong>). – (DA) Senhora<br />

Presidente, gostaria de salientar dois aspectos, o<br />

primeiro diz respeito ao Mar Báltico e o<br />

segundo ao desenvolvimento dos portos na UE.<br />

Em nenhum outro aspecto se faz sentir de forma<br />

mais clara a necessidade da existência de<br />

melhor trabalho de equipa entre a UE, os<br />

governos nacionais e as autoridades regionais e<br />

locais do que no caso específico do Mar Báltico.<br />

Necessitamos de uma estratégia coordenada<br />

mais de perto, para salvar o ambiente e as<br />

pescas e conseguir um desenvolvimento eficaz e<br />

sustentável dos transportes marítimos em<br />

cooperação construtiva com os transportes<br />

rodoviários.<br />

O Mar Báltico é um dos mares mais poluídos de<br />

todo o mundo e a Comissão deveria,<br />

consequentemente, desenvolver uma estratégia<br />

comunitária própria para esta região. No que diz<br />

respeito aos portos, será necessário, para<br />

desenvolver os transportes marítimos, apostar<br />

na construção e expansão dos portos e das áreas<br />

portuárias e na ligação dos portos às redes<br />

ferroviárias e rodoviárias. A nova estratégia<br />

comunitária deveria, consequentemente, incluir<br />

uma estratégia para os portos que permita<br />

desenvolver estes últimos de acordo com a<br />

evolução e com a procura do mercado. Temos<br />

de assegurar que a restante legislação<br />

comunitária e a interpretação da mesma não<br />

impeçam o desenvolvimento dos portos.<br />

2-321<br />

Marian-Jean Marinescu (PPE-<strong>DE</strong>). –<br />

Aderarea României şi a Bulgariei a adus Marea<br />

Neagră la graniţa Uniunii Europene, creând<br />

astfel oportunitatea dezvoltării unei politici<br />

maritime care să cuprindă toate mările şi<br />

oceanele ce înconjoară <strong>Europa</strong>.<br />

Marea Neagră şi Marea Mediterană reprezintă<br />

două zone de maximă importanţă pentru politica<br />

de vecinătate a Uniunii. Dezvoltarea portuară,<br />

comerţul, industria costieră, cercetarea,<br />

pescuitul şi turismul sunt elemente integrate atât<br />

politicii de vecinătate cât şi celei maritime.<br />

Reţelele de transport maritim, politicile<br />

regionale de mediu şi canalele de transport<br />

pentru resurse energetice sunt, de asemenea,<br />

incluse în planurile de acţiune ale ambelor<br />

politici. Politica maritimă europeană va veni în<br />

sprijinul politicii de vecinătate, catalizând şi<br />

complementând acţiunile acesteia.<br />

Politica maritimă trebuie să iniţieze şi să aplice<br />

măsuri în cadrul subiectelor menţionate pentru<br />

asigura o dezvoltare convergentă atât a statelor<br />

membre cât şi a statelor riverane incluse în<br />

politica de vecinătate. O politică maritimă<br />

europeană viabilă trebuie să asigure cooperarea<br />

între statele vecine şi între acestea şi Uniune, şi<br />

să aibă capacitatea de a dirija problematicele din<br />

cadrul structurilor regionale a căror activitate sa<br />

dovedit utilă până în prezent. O dovadă în<br />

acest sens este şi asumarea de către Uniunea<br />

Europeană a statutului de observator în cadrul<br />

BS.<br />

Elaborarea unei politici maritime trebuie să aibă<br />

în vedere specificul fiecărei zone, ca de exemplu<br />

problema traficului de orice natură şi<br />

optimizarea tranzitului de produse energetice în<br />

cazul Mării Negre sau fenomenul migraţiei în<br />

cazul Mării Mediterane.<br />

Acţiunile deja preconizate de către Comisie,<br />

precum comunicarea referitoare la sinergia<br />

Mării Negre trebuie sa reprezinte puncte de<br />

referinţă în consolidarea viitoarei politici<br />

maritime comune europene. Marea nu este o<br />

barieră ci o punte de legătură pentru<br />

consolidarea căreia trebuie făcut un efort comun<br />

de cunoaştere reciprocă şi solidaritate cu<br />

posibilităţi reale de implicare europeană în<br />

procesele de democratizare şi de dezvoltare ale<br />

statelor riverane.<br />

2-322<br />

Matthias Groote (PSE). – (<strong>DE</strong>) Senhora<br />

Presidente, Senhoras e Senhores Deputados,<br />

gostaria de começar por agradecer ao relator, o


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 242<br />

senhor deputado Piecyk, pelo excelente trabalho<br />

que realizou no seu relatório.<br />

Nesta minha intervenção, gostaria de abordar<br />

resumidamente dois pontos. O primeiro é<br />

relativo à energia, da qual o mar é uma fonte<br />

infinita. Deve ser feita uma referência especial à<br />

energia eólica neste contexto, porque tem um<br />

grande potencial, que tem de ser aproveitado.<br />

Como é possível aproveitá-lo? A <strong>Europa</strong><br />

necessita de fortes sistemas de incentivos que<br />

induzam os investidores a assumirem o risco de<br />

investir em energia eólica produzida no mar. É<br />

necessária coordenação para criarmos estas<br />

condições e é por isso que me congratulo<br />

explicitamente com o pedido do relatório para<br />

que a Comissão apresente um plano de acção<br />

para o desenvolvimento da energia eólica. Este<br />

plano de acção para a energia eólica irá também<br />

permitir-nos cumprir o objectivo, estabelecido<br />

na Cimeira da Primavera, de cobrir 20% das<br />

nossas necessidades de energia primária com<br />

energias renováveis até 2020.<br />

Congratulo-me igualmente com o facto de o<br />

relatório prever a instalação de uma<br />

infra-estrutura de rede inteligente. Será esta a<br />

única forma de atingirmos a meta proposta no<br />

relatório dos 50 GW de energia instalada<br />

produzida no mar até 2020.<br />

O segundo ponto refere-se às alterações<br />

climáticas e ao transporte marítimo. As<br />

alterações climáticas terão um impacto<br />

considerável nos mares e oceanos e, portanto, os<br />

modos de transporte por via aquática devem<br />

também ser incluídos no sistema de comércio de<br />

emissões. O processo legislativo para incluir o<br />

transporte aéreo encontra-se em primeira leitura<br />

no Parlamento. Uma vez que o transporte<br />

marítimo gera muito mais emissões de gases<br />

com efeito de estufa do que o transporte aéreo,<br />

apoio o pedido do relator de inclusão do<br />

transporte marítimo no sistema de comércio de<br />

emissões.<br />

2-323<br />

Francesco Musotto (PPE-<strong>DE</strong>). – (IT) Senhora<br />

Presidente, Senhor Comissário Joe Borg,<br />

Senhoras e Senhores Deputados, é a primeira<br />

vez que o Parlamento se debruça sobre o<br />

sistema dos mares, dos oceanos, das zonas<br />

costeiras e das ilhas da <strong>Europa</strong> de uma<br />

perspectiva global. Estamos a falar de um<br />

extraordinário tesouro da <strong>Europa</strong>, já que conta<br />

com, aproximadamente, 68 000 quilómetros de<br />

costa no seu território, o dobro da extensão<br />

costeira dos Estados Unidos e o triplo da<br />

extensão costeira da Rússia. No passado essa<br />

dimensão e os problemas que dela decorrem<br />

foram esquecidos. O presente Livro Verde<br />

representa um marco na construção da nova<br />

política marítima baseada neste incalculável<br />

activo, que oferece possibilidades únicas e<br />

inexploradas.<br />

Neste contexto, o relatório Piecyk - pelo qual<br />

saúdo o meu distinto colega - traz um contributo<br />

significativo: apoio, em especial, a atenção<br />

prestada aos aspectos ambientais. Na verdade,<br />

as nossas costas são zonas muito vulneráveis e<br />

acusam de forma particularmente evidente os<br />

efeitos das alterações climáticas e da exploração<br />

intensiva de recursos. Tendo em conta esse<br />

facto, há que adoptar abordagens baseadas na<br />

protecção e no respeito, para assegurarmos que<br />

o mar continua a constituir recurso fiável para<br />

as pessoas que vivem nas regiões costeiras. Na<br />

minha opinião, há que completar o relatório<br />

Piecyk com mais propostas, a apresentar sob a<br />

forma de alterações, que permitam tornar mais<br />

claro o âmbito de tão importante iniciativa.<br />

Acima de tudo, uma política marítima europeia,<br />

tal como qualquer outra política, deve ser<br />

dotada dos recursos necessários. Por<br />

conseguinte, convém que as negociações sobre<br />

o próximo quadro financeiro tenham em<br />

consideração os objectivos identificados no<br />

Livro Verde sobre os oceanos e os mares. Da<br />

mesma forma, é aconselhável que o Comissário<br />

responsável pela política marítima mantenha<br />

essa competência, não se restringindo a sua<br />

pasta apenas a questões relacionadas com as<br />

pescas.<br />

Finalmente, conviria prestar especial atenção às<br />

ilhas que, pela sua atractividade e características<br />

naturais, constituem um bem valioso em termos<br />

de sustentabilidade e de competitividade da<br />

política marítima europeia.<br />

2-324<br />

Riitta Myller (PSE). – (FI) Senhora Presidente,<br />

o mar está a ser ameaçado por actividades<br />

humanas, quer em terra, quer no mar. A maior<br />

parte do dióxido de carbono que aquece e a<br />

acidifica as águas marinhas provém de terra,<br />

mas há uma parte cada vez maior que é<br />

produzida pelos próprios transportes marítimos,<br />

e a situação agrava-se. Há que fazer algo para<br />

enfrentar estes dois problemas.<br />

O tráfego marítimo tem de ser incluído nos<br />

acordos internacionais sobre o clima e o<br />

comércio de emissões. O aquecimento das águas<br />

marinhas como resultado das alterações<br />

climáticas terá consequências inauditas para os<br />

ecossistemas em todo o planeta. Afinal, mais de<br />

80% do aumento do aquecimento do sistema<br />

climático está nos mares.


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 243<br />

Desde 1961, o aquecimento dos oceanos<br />

estendeu-se a uma profundidade de 3 000<br />

metros. Este fenómeno está a alterar a ecologia<br />

marinha e a diversidade ecológica dos mares.<br />

Algumas espécies, tais como os corais, estão<br />

ameaçadas de extinção, enquanto outras, as<br />

chamadas espécies invasivas alóctones, estão a<br />

tornar-se demasiadamente abundantes.<br />

O Báltico é o mar mais vulnerável do mundo.<br />

Temos de estar preparados para evitar os<br />

perigos causados pelo aumento do tráfego<br />

marítimo, tais como os transportes de petróleo, e<br />

a navegação deve ser tão segura quanto<br />

possível. Deve haver sistemas de alerta rápido e<br />

de controlo operacionais em toda a parte.<br />

2-325<br />

David Casa (PPE-<strong>DE</strong>). – (MT) Muito<br />

obrigado, Senhora Presidente. A <strong>Europa</strong> está,<br />

presentemente, a concentrar-se numa nova visão<br />

para os nossos mares, que, sem dúvida, têm um<br />

grande potencial. Todos certamente<br />

concordamos que o mar é de importância vital<br />

para a União Europeia e que, ao longo dos anos,<br />

se tornou um tema muito importante do debate<br />

político. É sabido que este tipo de discussão é<br />

essencial, se quisermos adoptar uma abordagem<br />

mais holística dos mares.<br />

Os Comissários responsáveis pelas políticas<br />

relacionadas com o mar, em especial o<br />

Comissário maltês, Senhor Comissário Joe<br />

Borg, elaboraram um documento sobre o futuro<br />

da política marítima da União. A publicação<br />

desse Livro Verde deu origem a amplas<br />

consultas sobre as perspectivas de uma política<br />

marítima de sucesso, que foi adoptada pela<br />

Comissão. O objectivo era chegar a acordo<br />

sobre o modo de pôr em prática políticas<br />

marítimas, mantendo, ao mesmo tempo, uma<br />

sinergia constante entre os diferentes sectores.<br />

Esta nova política marítima vai ajudar a<br />

melhorar o nível de vida dos países costeiros,<br />

repercutindo a política de desenvolvimento<br />

regional. Uma política deste tipo não só<br />

aumentará a concorrência como também<br />

protegerá o ambiente, dando ainda resposta a<br />

desafios como o da imigração e o das alterações<br />

climáticas. Temos a capacidade de assegurar<br />

que esses desafios sejam enfrentados com êxito,<br />

e, na verdade, é nosso dever fazê-lo.<br />

As expectativas são grandes, mas não podemos<br />

esquecer que as oportunidades para aceitar esses<br />

desafios são igualmente significativas. Gostaria<br />

de apelar a todos os europeus para que<br />

aproveitem essas oportunidades. Gostaria de<br />

concluir afirmando que a cooperação a nível<br />

europeu é claramente necessária para<br />

avançarmos. O futuro da <strong>Europa</strong> depende dos<br />

nossos mares. Isto exige um novo nível de<br />

cooperação, e penso que só poderemos<br />

beneficiar com essa cooperação. Muito<br />

obrigado.<br />

2-326<br />

Jamila Madeira (PSE). – Senhora Presidente,<br />

caros colegas, caro camarada Piecyk, muito<br />

obrigada pelo seu relatório. Como refere no seu<br />

relatório, as políticas sectoriais e isoladas que<br />

temos actualmente não respondem aos desafios<br />

que este novo século implica ao nível de uma<br />

política de mares e temos que dotar a União<br />

Europeia de uma visão integrada que, de forma<br />

horizontal e global, apresente soluções.<br />

Soluções para o desenvolvimento da qualidade<br />

de vida nas zonas costeiras, para a criação de<br />

estruturas e desenvolvimento do sector do<br />

transporte, para a preservação do fundo dos<br />

mares e dos recursos marinhos, para a criação<br />

de parcerias e centros de excelência que visem<br />

uma gestão sustentada dos oceanos e dos mares<br />

na União a 27. Os mares devem ser protegidos e<br />

enaltecidos de forma comum, partilhada, no<br />

sentido de fomentarmos e assegurarmos um<br />

turismo sustentável, uma política de pescas<br />

equilibrada, um sector de transportes marítimos<br />

mais amigo do ambiente, uma preservação<br />

consciente e eficaz deste elemento essencial que<br />

é o mar.<br />

As alterações climáticas, a poluição, a pressão<br />

urbanística nas zonas costeiras, a falta de<br />

tratamento de águas que desaguam nos nossos<br />

mares são tudo matérias que devem receber a<br />

nossa particular atenção, estudo e preocupação<br />

comum, de forma a assegurar a manutenção de<br />

um ecossistema marinho saudável. Essencial é<br />

aliar estas preocupações à inovação e aos novos<br />

recursos energéticos que podemos retirar dos<br />

mares com uma energia proveniente das ondas e<br />

à criação de centros de excelência que se<br />

dediquem ao estudo dos oceanos.<br />

Para tal é preciso aproximar o mar, a cultura do<br />

mar e a educação sobre o mar dos cidadãos<br />

europeus, aproximá-los das suas origens, é<br />

preciso envolver as regiões insulares que por<br />

natureza estão ligados aos mares, mas é urgente<br />

trabalhar para a coesão dos factores marítimos<br />

na realidade das regiões europeias continentais<br />

costeiras, por excelência e tradição...<br />

(O Presidente tira a palavra à oradora)<br />

2-327<br />

Margie Sudre (PPE-<strong>DE</strong>). - (FR) Senhora<br />

Presidente, Senhor Comissário, as regiões<br />

ultraperiféricas são citadas repetidas vezes no<br />

Livro Verde, mas continuam largamente<br />

subestimadas na reflexão global conduzida


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 244<br />

sobre uma abordagem integrada da política<br />

marítima, apesar da sua situação geográfica no<br />

Oceano Índico, no Atlântico e no Mar das<br />

Caraíbas, e apesar do facto de essas regiões<br />

serem das mais implicadas na questão da gestão<br />

sustentável dos mares, dos oceanos e das zonas<br />

costeiras. Assim, a criação de uma rede de<br />

investigação sobre a biodiversidade marinha<br />

tropical, o Netbiome, projecto financiado ao<br />

abrigo do sexto PQRD e que agrupa as sete<br />

RUP e alguns PTU, constitui um avanço<br />

importante no domínio da gestão marinha<br />

sustentável e da investigação e do<br />

desenvolvimento no meio marinho tropical.<br />

As RUP são confrontadas com imprevistos<br />

como os maremotos, os ciclones e,<br />

evidentemente, o aquecimento climático, outros<br />

tantos cataclismos que fragilizam o ambiente e<br />

os fundos marinhos. V. Exa. foi aliás vítima de<br />

um desses imprevistos, Senhor Comissário, uma<br />

vez que teve de renunciar a uma deslocação à<br />

Ilha da Reunião, no passado mês de Março,<br />

devido ao ciclone Gamede. A experiência das<br />

RUP, em termos de prevenção dos riscos e da<br />

redução da vulnerabilidade das zonas costeiras,<br />

deve introduzir um valor acrescentado<br />

considerável à nossa reflexão comum. Além<br />

disso, a questão do equilíbrio entre turismo e<br />

respeito do meio marinho coloca-se nas RUP<br />

mais do que noutros locais, de forma a que este<br />

sector de actividade permita um<br />

desenvolvimento sustentável daquelas regiões,<br />

onde o turismo figura entre as primeiras fontes<br />

de rendimento.<br />

Por fim, a questão da coerência entre as<br />

diferentes políticas europeias coloca-se no<br />

domínio da pesca, pois as nossas regiões devem<br />

reforçar a segurança no mar e tornar as<br />

profissões da pesca mais atraentes, numa altura<br />

em que a política actual visa limitar a potência e<br />

o número de navios, inclusivamente nas nossas<br />

regiões onde o estado dos recursos não o<br />

justifica.<br />

Espero que esta reflexão conduza à emergência<br />

da uma política marítima europeia global e<br />

coerente, na qual as RUP verão reconhecido um<br />

papel privilegiado, à altura do conhecimento<br />

aprofundado dos mares que as caracteriza. Por<br />

fim, gostaria de terminar agradecendo ao<br />

deputado Willi Piecyk pelo seu trabalho.<br />

2-328<br />

PRESIDÊNCIA: MANUEL ANTÓNIO DOS<br />

SANTOS<br />

Vice-Presidente<br />

2-329<br />

Richard Howitt (PSE). – (EN) Senhor<br />

Presidente, congratulo-me com o Livro Verde<br />

da Comissão e defendo, hoje, que a minha<br />

região, o Leste de Inglaterra, acolha a sede do<br />

Centro Europeu da Excelência no Reino Unido.<br />

Com 700 km de costa, portos importantes em<br />

Great Yarmouth, Ipswich, Felixstowe, Harwich<br />

e Tilbury, zonas de uma beleza natural<br />

extraordinária a Norte de Norfolk e nos<br />

estuários dos rios Stour e Orwell, é para nós<br />

uma ambição concreta, e não teórica, melhorar<br />

as relações entre as pessoas e o mar.<br />

É preciso que aproveitemos o centro para a<br />

promoção de energias renováveis, financiado<br />

pela UE em Lowestoft– que deverá abrir este<br />

ano –, onde o potencial da minha região para o<br />

desenvolvimento de energia eólica produzida no<br />

mar poderá responder a 25% das necessidades<br />

de electricidade do Reino Unido e dar um<br />

importante contributo para o cumprimento das<br />

metas europeias em matéria de redução das<br />

emissões de carbono. É preciso que<br />

reconheçamos que o aumento do nível das águas<br />

do mar – 40 cm até 2050 no Leste de Inglaterra<br />

– transformam os actuais planos de protecção do<br />

litoral contra a erosão e as inundações num<br />

mero paliativo na nossa região e na <strong>Europa</strong>. As<br />

inundações devastadoras na região de East<br />

Anglia, em 1953, mataram 307 pessoas, e hoje<br />

praticamente meio milhão de propriedades estão<br />

em risco. Temos de fazer mais.<br />

Por último, a estratégia marítima deverá apoiar<br />

o desenvolvimento económico nas regiões<br />

marítimas. Sofremos das especificidades da<br />

periferia. Na minha região, King’s Lynn,<br />

Clacton-on-Sea, Southend-on-Sea e Thurrock<br />

lideram, no Reino Unido, a lista dos <strong>10</strong>% de<br />

regiões que sofrem de múltiplas desvantagens.<br />

Temos de tornar realidade o conceito de<br />

desenvolvimento sustentável nos domínios do<br />

desenvolvimento portuário, turismo e<br />

reabilitação.<br />

2-330<br />

Rosa Miguélez Ramos (PSE). – (ES) Senhor<br />

Presidente, desejo iniciar a minha intervenção<br />

agradecendo ao senhor deputado Piecyk o<br />

magnífico trabalho que realizou como relator,<br />

porque é evidentemente vital para a <strong>Europa</strong><br />

adoptar uma perspectiva integrada e sustentável<br />

da gestão marinha.<br />

Algumas actividades indispensáveis para<br />

alcançar os objectivos da Agenda de Lisboa são<br />

desenvolvidas no meio aquático, mas o mar<br />

representa também outros valores menos<br />

comerciais, que se prendem porém com a<br />

identidade e com a cultura mais profundas dos<br />

nossos povos.


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 245<br />

Deploro que a pesca tenha ficado de certa forma<br />

esbatida neste Livro Verde, apesar de ser uma<br />

competência exclusiva da Comissão e objecto<br />

de uma política comum. Além da sua<br />

importância económica, a pesca é fundamental<br />

para a manutenção do emprego e da cultura em<br />

numerosas regiões europeias.<br />

Estou convencida de que este sector será um dos<br />

grandes beneficiários de uma melhor integração<br />

com outras políticas relacionadas com o mar,<br />

por exemplo, a melhoria da formação e das<br />

condições de vida e de trabalho das pessoas que<br />

vivem do mar e o reforço do investimento em<br />

investigação, indispensável para compreender o<br />

funcionamento dos mares e dos oceanos.<br />

Como europeia procedente da Galiza - uma<br />

região marítima -, estou convencida de que esta<br />

política irá desempenhar um papel essencial<br />

para as regiões costeiras, para as suas cidades e<br />

populações.<br />

2-331<br />

Emanuel Jardim Fernandes (PSE). – Senhor<br />

Presidente, começaria por agradecer ao colega<br />

Willi Piecyk pelo seu excelente relatório, mas<br />

também pela disponibilidade para receber e<br />

integrar contributos que viessem clarificar,<br />

alargar o âmbito e também dar nova eficiência à<br />

política marítima europeia.<br />

Vindo de uma região marítima insular e<br />

ultraperiférica, os meus contributos visaram<br />

garantir o adequado reconhecimento da<br />

importância das RUPS na definição e eficaz<br />

implementação da política marítima, devido ao<br />

posicionamento geográfico destas e seu vasto<br />

conhecimento sobre oceanos e mares e<br />

consequente partilha de responsabilidade entre a<br />

União Europeia e as RUPS. Melhor gestão e<br />

exploração sustentável dos recursos marinhos,<br />

valorização das zonas costeiras através de uma<br />

cuidada organização da orla costeira e medidas<br />

específicas com vista ao desenvolvimento de<br />

uma política costeira alargada, apoio aos<br />

transportes marítimos respeitadores do<br />

ambiente, inclusive através do desenvolvimento<br />

de uma estratégia portuária e europeia eficaz e<br />

adaptada às características das zonas europeias,<br />

apoio à investigação marinha, designadamente<br />

na área da medicina, da energia e, em geral, dos<br />

recursos marinhos, promoção dos direitos<br />

sociais, tendo em conta aquilo que vem da<br />

Organização Internacional do Trabalho, por<br />

forma a garantir a excelente visibilidade e, por<br />

último, a formação da vida profissional do<br />

sector marítimo, trabalhem no mar ou trabalhem<br />

em terra, e garantia de que o turismo, enquanto<br />

uma das principais actividades económicas<br />

ligadas aos mares e oceanos, é devidamente tida<br />

em conta.<br />

2-332<br />

ENKarin Jöns (PSE). – (<strong>DE</strong>) Senhor<br />

Presidente, Senhor Comissário, também eu<br />

quero expressar o meu sincero agradecimento<br />

ao senhor deputado Piecyk por um relatório<br />

verdadeiramente excelente.<br />

Sou de uma região com uma tradição marítima<br />

profundamente enraizada. A sobreexploração<br />

dos recursos pesqueiros e a falência de vários<br />

estaleiros navais conduziu a uma taxa de<br />

desemprego de quase 20%. No entanto, a<br />

construção naval está de novo a recuperar. Em<br />

vez da transformação de peixe, é a<br />

biotecnologia que está na ordem do dia. Estão a<br />

ser instalados cada vez mais parques eólicos no<br />

mar. A investigação climática está a ganhar um<br />

lugar de destaque. Este é o resultado de grandes<br />

investimentos, não só em investigação e<br />

inovação, mas também em formação. Temos de<br />

fazer mais para promover a formação em<br />

profissões marítimas, para criar empregos bons<br />

e sustentáveis. O potencial de crescimento só<br />

para os próximos cinco anos está calculado em<br />

cerca de 15%, e congratulo-me por o relatório<br />

do senhor deputado Piecyk, ao contrário do<br />

Livro Verde da Comissão, o considerar uma<br />

prioridade clara.<br />

Em conclusão, peço a todos os meus colegas<br />

que apoiem a alteração apresentada pelo meu<br />

Grupo, que visa pôr fim ao tratamento dos<br />

marítimos como trabalhadores de secunda<br />

classe. As normas mínimas europeias do direito<br />

do trabalho devem ser aplicadas sem reservas<br />

também a eles.<br />

2-333<br />

Joe Borg, Membro da Comissão. - (EN) Senhor<br />

Presidente, Senhoras e Senhores Deputados,<br />

uma vez mais, os vossos contributos, aqui, hoje<br />

demonstram o empenhamento do Parlamento na<br />

política marítima e são uma prova clara do<br />

excelente trabalho de coordenação levado a<br />

cabo pelo senhor deputado Piecyk.<br />

Nas vossas intervenções, levantaram uma série<br />

de questões que merecem claramente maior<br />

ponderação e estudo, especialmente tendo em<br />

vista a preparação da aprovação do Livro Azul<br />

pela Comissão, no próximo mês de Outubro.<br />

Permitam-me que afirme claramente que o<br />

objectivo do nosso trabalho relativamente à<br />

política marítima é desencadear o potencial<br />

proporcionado por uma utilização sustentável<br />

dos nossos mares e oceanos. É a primeira vez<br />

que olhamos para este espaço marítimo de uma


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 246<br />

forma integrada e holística e procuramos tirar<br />

partido do valor acrescentado onde ele existe.<br />

Permitam-me que saliente que este não é<br />

certamente um exercício de centralização de<br />

poderes, mas sim um exercício que visa dar um<br />

incentivo à coordenação e envolver as partes<br />

interessadas mais do que acontece actualmente.<br />

Evidentemente, este é o início do processo e não<br />

o fim. Haverá oportunidades para continuar a<br />

desenvolver as nossas posições relativamente a<br />

uma série de questões levantadas. Permitam-me<br />

que reitere que a política marítima não pode ser<br />

uma política de tamanho único. Esta política<br />

deverá ser talhada de forma a ter em conta as<br />

especificidades dos diferentes mares que<br />

banham a União Europeia.<br />

Permitam-me apenas mais uma palavra sobre os<br />

aspectos regionais. Obviamente que vemos a<br />

dimensão regional como o factor-chave no<br />

nosso exercício, e a dimensão ultra-periférica é<br />

indubitavelmente essencial. Gostaria de<br />

assegurar que todos os envolvidos a nível<br />

regional e que as acções regionais continuarão a<br />

ser a pedra angular da nossa política, à medida<br />

que fazemos avançar este dossiê.<br />

2-334<br />

Presidente. - Está encerrado o debate.<br />

A votação terá lugar na quarta-feira.<br />

Declarações escritas (artigo 142º)<br />

2-335<br />

Viorica-Pompilia-Georgeta Moisuc (ITS), în<br />

scris. – Raportul domnului Willi Piecyk din<br />

Comisia pentru transport si turism abordează un<br />

ansamblu de probleme de cea mai mare<br />

actualitate privitor la stabilirea unor reguli şi<br />

percepte general valabile pentru statele membre<br />

ale U.E. în vederea protejării şi exploatării<br />

raţionale a apelor mărilor şi oceanelor.<br />

Mă voi referi la unele chestiuni legate de<br />

specificul situaţiei la Marea Neagră, mare de<br />

frontieră externă a Uniunii, şi anume: după<br />

căderea regimului comunist în România,<br />

dezvoltarea turismului pe litoralul de vest al<br />

Mării Negre a atras o creştere îngrijorătoare a<br />

poluării apelor mării din cauza nenumăratelor<br />

restaurante deschise chiar pe plajă, restaurante<br />

care deversează în mare reziduurile de tot felul;<br />

în acelaşi timp plaja s-a îngustat foarte mult din<br />

cauza acestor stabilimente.<br />

Poluarea Marii Negre este datorată în bună<br />

măsură şi exploatării neraţionale a Deltei<br />

Dunării - al doilea fluviu ca mărime în <strong>Europa</strong><br />

după Volga. Asupra echilibrului biologic al<br />

Deltei, asupra faunei şi florei unice în <strong>Europa</strong>,<br />

are un puternic impact negativ construirea de<br />

către Ucraina a canalului Bâstroe - acţiune<br />

împotriva căreia s-au pronunţat specialişti din<br />

toată lumea.<br />

Pentru aceste motive, la care se pot adăuga<br />

multe altele, considerăm că propunerile făcute<br />

de raportor şi în special construirea unei politici<br />

europene maritime unice pe baza prevederilor<br />

din Cartea Verde sunt bine venite şi le susţinem<br />

în întregime.<br />

2-336<br />

Dominique Vlasto (PPE-<strong>DE</strong>), por escrito. -<br />

(FR) Com este relatório podemos avaliar<br />

plenamente o potencial que a UE poderia retirar<br />

de uma política marítima mais integrada, que<br />

passaria de medidas fragmentadas e específicas<br />

para propostas mais coerentes. No seu Livro<br />

Verde, a Comissão não o consegue, mas<br />

reconheçamos que não estamos a ajudá-la muito<br />

com este relatório demasiado longo e<br />

insuficientemente estruturado.<br />

Retenho quatro desafios principais a enfrentar:<br />

conciliar desenvolvimento económico com<br />

protecção do ambiente, incluindo as questões de<br />

segurança marítima e de biodiversidade<br />

marinha; conseguir o ordenamento do litoral de<br />

forma a permitir a coabitação das zonas<br />

portuárias e residenciais, de actividades<br />

económicas e naturais; passar de uma economia<br />

tradicional para novos sectores de forte valor<br />

acrescentado, como as biotecnologias marinhas<br />

e as novas energias; pôr em prática uma<br />

governança eficaz, uma vez que este desafio<br />

político e administrativo condiciona o êxito do<br />

conjunto.<br />

Existe sem qualquer dúvida um verdadeiro<br />

potencial de desenvolvimento das actividades<br />

ligadas ao mar, que representam actualmente<br />

3% a 5% do PIB europeu, mas pôr tudo isto em<br />

música será difícil e exigirá uma coordenação<br />

eficaz.<br />

Neste relatório a UE é pioneira e defende<br />

claramente as suas ambições. Resta encontrar os<br />

meios para passar desta visão para uma política<br />

integrada.<br />

2-337<br />

Período de perguntas (perguntas à Comissão)<br />

2-338<br />

Presidente. - Segue-se o período de perguntas<br />

(B6-0133/<strong>2007</strong>).<br />

Foram apresentadas as seguintes perguntas à<br />

Comissão.


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 247<br />

Primeira parte<br />

A pedido do Comissário Verheugen, o período<br />

de perguntas começará pela pergunta nº 28.<br />

2-339<br />

Presidente. - Pergunta nº 28 do Catherine<br />

Stihler (H-0493/07)<br />

Assunto: Consulta sobre a informação ao paciente<br />

Poderá a Comissão indicar como tenciona consultar<br />

formalmente as organizações de consumidores para a<br />

elaboração do relatório sobre as práticas correntes em<br />

matéria de informação aos pacientes, tal como está previsto<br />

no artigo 88º bis da Directiva 2004/27/CE 3 ?: "No prazo de<br />

três anos após a entrada em vigor da Directiva 2004/726/CE,<br />

a Comissão, após consulta das organizações de doentes, de<br />

consumidores, de médicos e de farmacêuticos dos Estados-<br />

Membros e de outras partes interessadas, apresentará ao<br />

Parlamento Europeu e ao Conselho um relatório sobre as<br />

práticas actuais em matéria de informação - nomeadamente<br />

por Internet - e sobre os respectivos riscos e benefícios para<br />

o doente"?<br />

2-340<br />

Günter Verheugen, Vice-Presidente da<br />

Comissão. - (<strong>DE</strong>) Senhor Presidente, Senhora<br />

Deputada Catherine Stihler, nos termos do<br />

artigo 88º-A da Directiva 2001/83/CE, a<br />

Comissão está a elaborar um relatório sobre as<br />

práticas actuais em matéria de informação do<br />

paciente no que respeita aos medicamentos. O<br />

relatório sintetizará a situação actual mas não<br />

apresentará ainda orientações ou propostas para<br />

esta política, uma vez que, nos termos do artigo<br />

88º-A, estas deverão ser apresentadas apenas<br />

numa segunda fase. Logo que a versão final do<br />

relatório esteja disponível será imediatamente<br />

apresentada ao Conselho e ao Parlamento<br />

Europeu.<br />

No âmbito da preparação deste relatório os<br />

serviços da Comissão realizaram vastas<br />

consultas a organizações de doentes e de<br />

consumidores, aos Estados-Membros e a outras<br />

partes interessadas. Seguindo o processo<br />

habitual, a consulta pública demorou mais de<br />

dois meses, de Abril a Junho do ano em questão.<br />

O projecto foi publicado na página da Internet<br />

da Direcção-Geral das Empresas e da Indústria e<br />

foi solicitada a emissão de pareceres.<br />

Até agora já foram recebidos mais de 50<br />

contributos, e todos os dias chegam mais alguns.<br />

Dez destes contributos provêm de organizações<br />

de doentes e de consumidores, o que serve de<br />

prova válida de que as organizações de<br />

consumidores e todas as outras partes<br />

interessadas, bem como o público em geral,<br />

tiveram oportunidade de emitirem sua opinião<br />

3 JO L 136 de 30.4.2004, p. 34.<br />

sobre este relatório e darem os seus respectivos<br />

contributos, e de facto fizeram-no de uma forma<br />

abundante.<br />

As respostas recebidas estão a ser analisadas<br />

muito cuidadosamente e o relatório final terá de<br />

ponderar, com base nesta análise, a melhor<br />

estratégia para proporcionar a todos os cidadãos<br />

europeus o mesmo acesso a uma informação tão<br />

clara quanto possível sobre medicamentos.<br />

Gostaria de garantir à senhora deputada que esta<br />

questão me preocupa bastante e que irei fazer<br />

tudo ao meu alcance para concluir este processo<br />

tão rapidamente quanto possível. É, contudo, de<br />

importância crucial que as nossas propostas se<br />

baseiem numa informação abrangente e em<br />

vastas consultas da opinião pública, pois<br />

entendo que nesta questão o rigor, a exactidão e<br />

a qualidade são definitivamente mais<br />

importantes do que a rapidez.<br />

2-341<br />

Catherine Stihler (PSE). – (EN) Obrigada,<br />

Senhor Comissário. Penso que há uma grande<br />

preocupação relativamente à forma como as<br />

partes foram consultadas. Muitos de nós, aqui,<br />

consideram que não deverá haver mais<br />

mudanças na actual legislação, a saber, que<br />

deverá manter-se a proibição da publicidade<br />

directa ao cliente e que não deverão existir vias<br />

escusas para a publicidade directa a<br />

medicamentos. É preciso que permitamos um<br />

maior envolvimento dos consumidores no fórum<br />

farmacêutico com ênfase naquilo que os<br />

pacientes e os consumidores comuns pretendem<br />

e necessitam saber e não naquilo que a indústria<br />

pretende disponibilizar. Por conseguinte, poderá<br />

o Senhor Comissário considerar a hipótese de<br />

introduzir alterações ao calendário adoptado<br />

para permitir que se estudem devidamente todos<br />

os pontos de vista alternativos e abordar o<br />

problema da informação de uma forma centrada<br />

no doente e com soluções centradas nos<br />

doentes?<br />

2-342<br />

Günter Verheugen, Vice-Presidente da<br />

Comissão. - (<strong>DE</strong>) Senhora Deputada Catherine<br />

Stihler, gostaria de começar por lhe assegurar<br />

que estamos plenamente de acordo com a<br />

avaliação política de que não devemos abrir a<br />

porta à publicidade a produtos de prescrição<br />

médica obrigatória, e isso não acontecerá<br />

enquanto eu o puder impedir. O único objectivo<br />

deve ser prestar uma informação objectiva,<br />

abrangente e neutra aos doentes e fazê-lo de<br />

forma a evitar confundi-los e garantir que todos<br />

têm igual acesso a esta informação objectiva e<br />

neutral.


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 248<br />

O problema que enfrentamos hoje é que alguns<br />

grupos de doentes têm acesso a todos os tipos de<br />

informação através da Internet e de outras<br />

modernas tecnologias de comunicação, ao passo<br />

que muitos outros não dispõem desta<br />

informação, e temos de acabar com esta<br />

situação.<br />

Gostaria, mais uma vez, de reiterar claramente<br />

que não ultrapassaremos a fronteira entre a<br />

informação dos doentes e a publicidade a<br />

produtos. Além disso, definiremos com grande<br />

clareza as regras e critérios por que se deverão<br />

pautar as informações em questão.<br />

No que se refere ao calendário, já afirmei que<br />

está concluída a fase de consultas. Estamos<br />

agora a trabalhar a todo o vapor na conclusão do<br />

relatório final com base nestas consultas. Tal<br />

como já vos disse antes, farei tudo o que estiver<br />

ao meu alcance para acelerar este processo que,<br />

seja qual for a eventualidade, deverá ficar<br />

concluído no final do corrente ano.<br />

2-343<br />

Presidente. - Pergunta nº 26 do Brian Crowley<br />

(H-0467/07)<br />

Assunto: Luta contra o desemprego dos jovens e o<br />

desemprego de longa duração na UE<br />

A Comissão pode indicar que medidas tomou este ano para<br />

lutar contra o desemprego dos jovens e o desemprego de<br />

longa duração na União Europeia e para garantir que os<br />

cidadãos da UE que estão desempregados tenham acesso a<br />

acções de formação de qualidade no domínio das<br />

tecnologias da informação?<br />

2-344<br />

Vladimír Špidla, Membro da Comissão. – (CS)<br />

Senhor Presidente, Senhoras e Senhores<br />

Deputados, o mercado de trabalho na <strong>Europa</strong><br />

está a melhorar de uma forma geral, e muito<br />

rápida e positivamente. Nunca houve tantas<br />

pessoas a trabalhar na <strong>Europa</strong> e os números do<br />

desemprego atingiram o seu mínimo nos<br />

últimos tempos. Todavia, a taxa de desemprego<br />

entre os jovens mantém-se elevada, em torno do<br />

dobro da média europeia. O desemprego entre<br />

os jovens é da exclusiva responsabilidade dos<br />

Estados-Membros, no âmbito das suas políticas<br />

de mercado de trabalho. É porém também<br />

verdade que a União Europeia deve contribuir<br />

para a solução deste problema.<br />

A função-chave da União Europeia consiste em<br />

apoiar os Estados-Membros nos seguintes dois<br />

domínios:<br />

– coordenação e controlo da política nacional<br />

dos Estados-Membros relativa ao desemprego<br />

no contexto da Estratégia de Lisboa e<br />

– concessão de apoio financeiro, em particular<br />

através do Fundo Social Europeu.<br />

O relançamento da Estratégia de Lisboa<br />

propicia o quadro para a coordenação de<br />

políticas. A Comissão segue de muito perto as<br />

políticas de desemprego nacionais. No último<br />

relatório da Comunidade sobre o desemprego, a<br />

Comissão e o Conselho sublinharam a<br />

necessidade urgente de melhorar a situação dos<br />

jovens no mercado de trabalho. Apesar de os<br />

Estados-Membros se terem comprometido a<br />

propiciar aos jovens uma vida nova, a maioria<br />

dos 4,6 milhões de jovens desempregados não<br />

recebem uma oferta de trabalho, uma oferta de<br />

educação ou de formação profissional nos<br />

primeiros seis meses em que estão no<br />

desemprego. Os jovens que encontram um<br />

trabalho têm, frequentemente, condições<br />

contratuais inseguras. A Comissão é de opinião<br />

que esta é uma situação insatisfatória e<br />

recomendou aos Estados-Membros que<br />

melhorassem a situação dos jovens, em<br />

particular em matéria de educação e de<br />

formação profissional.<br />

No entender da Comissão, devem ser dados<br />

passos em particular nos seguintes três<br />

domínios:<br />

Em primeiro lugar, na inclusão social, que é<br />

uma condição prévia vital do desenvolvimento<br />

sustentável na <strong>Europa</strong>. A Comissão apoiará uma<br />

coesão activa dirigida a ajudar as pessoas<br />

excluídas do mercado de trabalho a inserirem-se<br />

neste, bem como programas que assegurem um<br />

salário mínimo suficiente e um acesso a serviços<br />

socais de qualidade.<br />

Em segundo lugar, na educação ao longo da<br />

vida, porque não restam dúvidas de que a<br />

educação gera educação e as pessoas com<br />

educação e com mais qualificações têm um<br />

maior acesso à educação ao longo da vida do<br />

que aquelas que mais dela necessitam, ou seja,<br />

as pessoas com baixas qualificações ou pessoas<br />

idosas com conhecimentos desactualizados. No<br />

que diz respeito à Estratégia de Lisboa, a<br />

Comissão adoptou uma série de recomendações<br />

aos Estados-Membros no domínio da educação<br />

e da formação profissional, relativas<br />

particularmente ao abandono escolar precoce,<br />

com o objectivo de elevar os níveis de educação<br />

dos europeus. Recordo que o objectivo de<br />

referência da União Europeia é reduzir o<br />

abandono escolar precoce abaixo dos <strong>10</strong>%. O<br />

número actual é de 15,2% e em certos países,<br />

bastante mais elevado do que esse número.<br />

Reduzir o abandono escolar precoce é, na nossa<br />

óptica, um dos factores mais importantes para


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 249<br />

melhorar as oportunidades dos jovens no<br />

mercado de trabalho. Outra recomendação da<br />

Comissão é a do apoio à mobilidade geográfica.<br />

Apesar do desemprego, algumas regiões e<br />

sectores acusam uma falta de mão-de-obra. Por<br />

conseguinte, deveria exortar-se os jovens a tirar<br />

partido destas oportunidades de trabalho.<br />

Outra possibilidade é a concessão de apoio<br />

financeiro comunitário a cargo do Fundo Social<br />

Europeu. Paralelamente a coordenar as políticas,<br />

a União apoia os esforços dos Estados-Membros<br />

de modernização do mercado de trabalho.<br />

Durante o período <strong>2007</strong>-2013, os Estados-<br />

Membros receberão 72,6 mil milhões de euros<br />

para financiar a reforma dos mercados de<br />

trabalho nacionais, sendo mais de 90% deste<br />

montante destinado a cumprir os objectivos de<br />

Lisboa. O investimento em capital humano, que<br />

representa um terço do orçamento do Fundo<br />

Social Europeu, é a prioridade número um para<br />

<strong>2007</strong>-2013. Outros 30% desse montante serão<br />

afectados à coesão social, concretamente a<br />

grupos desfavorecidos.<br />

O Fundo Social Europeu já surtiu resultados<br />

práticos. Todos os anos, cerca de 2 milhões de<br />

pessoas obtêm um emprego depois de<br />

beneficiarem do apoio de projectos do Fundo<br />

Social Europeu. Em <strong>2007</strong>, 25% dos<br />

desempregados na União Europeia participará<br />

em projectos do Fundo Social Europeu, dos<br />

quais beneficiam todos os anos mais de um<br />

milhão de pessoas marginalizadas ou<br />

desfavorecidas. Cerca de 4 milhões de pessoas<br />

concluem todos os anos com êxito cursos de<br />

formação profissional integrados no programa<br />

de aprendizagem ao longo da vida, que é<br />

apoiado pelo Fundo Social Europeu.<br />

Dado que, como salientei, a questão do<br />

desemprego dos jovens continua a constituir um<br />

problema, a Comissão procura mais soluções<br />

eficazes. Por esta razão, a Comissão está a<br />

ultimar um projecto de comunicação sobre a<br />

inserção dos jovens no sistema de ensino, no<br />

emprego e na sociedade, cuja adopção está<br />

prevista para Setembro deste ano. Esta<br />

comunicação será acompanhada por um<br />

documento de trabalho da Comissão relativo ao<br />

emprego dos jovens.<br />

Senhoras e Senhores Deputados, como salientei,<br />

a questão do desemprego dos jovens é, como é<br />

óbvio, fundamentalmente uma questão que<br />

incumbe aos Estados-Membros, às suas<br />

políticas de emprego, às suas políticas de<br />

educação, etc., embora a União Europeia não<br />

possa ficar e não ficará inactiva.<br />

2-345<br />

Brian Crowley (UEN). – (EN) Senhor<br />

Presidente, agradeço ao Senhor Comissário a<br />

sua resposta. No escasso tempo de que<br />

disponho, centrar-me-ei em três áreas<br />

específicas.<br />

Antes de mais, no que se refere ao desemprego<br />

dos jovens, verificamos que existe uma enorme<br />

escassez de qualificações, não só em domínios<br />

como a Internet, as comunicações e as<br />

tecnologias, mas também no que respeita às<br />

competências utilizadas em ofícios tradicionais,<br />

por exemplo, por carpinteiros, electricistas,<br />

pedreiros, etc. Parece não haver qualquer nova<br />

iniciativa com vista a tentar proporcionar<br />

formação suplementar com base nestes recursos.<br />

Em segundo lugar, no que se refere à questão da<br />

mobilidade, existem barreiras que afectam os<br />

jovens sobretudo no que respeita à mobilidade<br />

com vista à consecução de trabalho e ao<br />

reconhecimento das suas qualificações quando<br />

as possuem.<br />

Em terceiro e ultimo lugar, no que se refere ao<br />

desemprego de longa duração, são importantes<br />

programas de regresso ao trabalho, que<br />

permitam aos cidadãos reter alguns dos seus<br />

direitos sociais, ajudando-os, assim, na sua<br />

reintegração no mundo do trabalho. Que<br />

propostas específicas existem nesta matéria?<br />

2-346<br />

Vladimír Špidla, Membro da Comissão. – (CS)<br />

Estes dois pontos revestem-se de extrema<br />

importância, naturalmente, e poderíamos<br />

analisá-los em profundidade, mas permitam-me<br />

que responda de forma breve. No âmbito da<br />

política activa de emprego do Fundo Social<br />

Europeu, procuramos alargar as qualificações e,<br />

como correctamente recordou, as qualificações<br />

não são uma questão puramente intelectual, mas<br />

incluem igualmente trabalho físico e outras<br />

actividades. A Comissão está, por isso, a<br />

preparar um foro, no quadro do foro para a<br />

reestruturação, para abordar o futuro mercado<br />

de trabalho, ou seja, um mercado de trabalho<br />

com empregos que podem ser vistos a longo<br />

prazo como estáveis ou como emergentes, e<br />

parte dos nossos esforços será dedicada a<br />

formular os requisitos adequados às<br />

qualificações, módulos adequados à aquisição<br />

de qualificações e métodos flexíveis e<br />

resistentes para a prossecução de um equilíbrio<br />

entre o futuro mercado de trabalho e as<br />

qualificações.<br />

No tocante à mobilidade dos trabalhadores,<br />

existe, mais uma vez, uma série de diferentes<br />

meios de apoiar a mobilidade, sendo o mais<br />

importante o objectivo estabelecido pelo meu


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 250<br />

colega Senhor Comissário Figel,<br />

designadamente a proposta de política relativa<br />

ao reconhecimento das qualificações não<br />

exclusivamente em sectores nos quais as<br />

qualificações são já reconhecidas mas também<br />

noutros sectores, incluindo os chamados ofícios.<br />

Penso que se lançarmos este projecto,<br />

melhoraremos significativamente a situação dos<br />

jovens no mercado de trabalho.<br />

2-347<br />

Presidente. - Pergunta nº 27 do Olle Schmidt<br />

(H-0487/07)<br />

Assunto: Refúgio para escritores e jornalistas perseguidos<br />

A União Europeia tem a obrigação de apoiar um debate<br />

aberto em sociedades fechadas e ditaduras. Num número<br />

excessivo de países, porém, a liberdade de expressão<br />

continua a estar associada ao risco da própria vida. Em todo<br />

o mundo, jornalistas e escritores são perseguidos, raptados e<br />

assassinados. A liberdade de expressão é importante para<br />

que as ditaduras dêem lugar a sociedades abertas e<br />

democráticas. A Comissão poderia enviar um sinal claro da<br />

importância da liberdade de expressão, oferecendo um<br />

refúgio temporário a escritores e jornalistas perseguidos na<br />

sequência de restrições à liberdade de expressão.<br />

Recentemente, o governo dinamarquês propôs uma medida<br />

neste sentido.<br />

Está a Comissão disposta a tomar a iniciativa de oferecer um<br />

refúgio na União Europeia aos escritores ameaçados de<br />

perseguição em consequência das restrições à liberdade de<br />

expressão?<br />

2-348<br />

Franco Frattini, Vice-Presidente da Comissão.<br />

- (EN) As condições em que pode ser concedida<br />

protecção internacional a nacionais de países<br />

terceiros, como o estatuto de refugiado com<br />

direito a protecção subsidiária num Estado-<br />

Membro, foram harmonizadas a nível<br />

comunitário. Com efeito, a Directiva<br />

2004/83/CE que estabelece normas mínimas<br />

relativas às condições a preencher por nacionais<br />

de países terceiros ou apátridas para poderem<br />

beneficiar do estatuto de refugiado ou de pessoa<br />

que, por outros motivos, necessite de protecção<br />

internacional, impõe aos Estados-Membros da<br />

UE a obrigação de concessão de estatuto de<br />

refugiado a nacionais de países terceiros que<br />

procurem protecção com base num receio<br />

fundado de perseguição devido às suas opiniões<br />

políticas.<br />

Neste contexto, a noção de opinião política<br />

inclui qualquer opinião relativa aos assuntos que<br />

digam respeito ao Estado, governo ou<br />

sociedade, muito para além da identificação<br />

com um partido político específico ou ideologia<br />

reconhecida.<br />

Os Estados-Membros estão, por isso, obrigados,<br />

em virtude da legislação da UE, a oferecer<br />

protecção aos jornalistas e escritores que, como<br />

resultado do exercício da sua liberdade de<br />

expressão, tenham, nos seus países de origem,<br />

um receio fundado de perseguição sob a forma<br />

de ameaça à sua vida, à sua liberdade física, ou<br />

outras formas de violação grave dos seus<br />

direitos humanos.<br />

A Comissão congratula-se com quaisquer<br />

iniciativas dos diferentes Estados-Membros<br />

destinadas a aumentar o grau de protecção<br />

concedido a escritores e jornalistas perseguidos<br />

como resultado de restrições à sua liberdade de<br />

expressão.<br />

2-349<br />

Olle Schmidt (AL<strong>DE</strong>). - (SV) Essa é uma<br />

resposta positiva. Com a minha pergunta, quis<br />

exortar o Senhor Comissário a tomar uma<br />

iniciativa, juntamente com os<br />

Estados-Membros, para regular melhor esta<br />

questão e para assegurar que os escritores e<br />

jornalistas que tenham a possibilidade de vir<br />

para a <strong>Europa</strong> possam efectivamente fazê-lo.<br />

Penso que este é o nosso dever, tendo em conta<br />

uma situação mundial incrivelmente difícil.<br />

Permita-me que lhe lembre, Senhor Comissário,<br />

que, no ano passado, foram assassinadas 113<br />

pessoas que trabalhavam em meios de<br />

comunicação social, 807 foram presas, quase 1<br />

500 foram fisicamente agredidas e 56 foram<br />

raptadas. Entre os escritores, 18 foram mortos e<br />

144 presos. É tempo de agir. Poderia pensar-se<br />

numa subvenção da UE segundo as linhas<br />

apontadas pelo Senhor Comissário.<br />

2-350<br />

Franco Frattini, Vice-Presidente da Comissão.<br />

– (IT) Senhor Presidente, é com todo o gosto<br />

que respondo ao senhor deputado Olle Schmidt.<br />

Estando em vigor a directiva, todos os Estados-<br />

Membros têm obrigação de a respeitar. Um<br />

aspecto em que talvez pudéssemos fazer algo<br />

mais é o da informação e comunicação com o<br />

país de origem: é provável que os jornalistas<br />

tenham pouco conhecimento das possibilidades<br />

de protecção que lhes são oferecidas pelo direito<br />

europeu caso se encontrem em situação de<br />

perigo.<br />

No que respeita aos programas de comunicação,<br />

convém que todos os Estados-Membros saibam<br />

que a Comissão Europeia está disposta não só a<br />

contribuir para o seu financiamento mas<br />

também a promovê-los. Assim, para melhor<br />

aplicar uma directiva que existe justamente nos<br />

termos que acabo de referir, há que dispor de<br />

maior conhecimento sobre a mesma.<br />

2-351<br />

Jörg Leichtfried (PSE). – (<strong>DE</strong>) Senhor<br />

Presidente, queria declarar expressamente o


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 251<br />

meu apoio à pergunta do senhor deputado Olle<br />

Schmidt, uma vez que o espírito que inspira e<br />

move a União Europeia não reina em países<br />

onde se assiste à proibição e queima de livros, a<br />

que se segue a perseguição dos seus autores.<br />

Gostaria de alargar um pouco o âmbito da<br />

pergunta. Em meu entender, não só é necessário<br />

dar a estas pessoas uma protecção especial<br />

como a União Europeia se deve também<br />

preocupar em garantir que o que estes autores<br />

escrevem seja disseminado e transmitido a<br />

outros, para acabar precisamente com as<br />

ditaduras que os oprimem. Pondera a Comissão<br />

apoiar estas pessoas não apenas permitindo a<br />

sua estada aqui, mas também promovendo as<br />

suas actividades?<br />

2-352<br />

Franco Frattini, Vice-Presidente da Comissão.<br />

– (IT) Senhor Presidente, na verdade, já<br />

ponderámos sobre a possibilidade de criar<br />

programas que dêem a conhecer opiniões de<br />

pessoas que, nos respectivos países, são<br />

consideradas como escritores dissidentes, de<br />

forma a promover a difusão de ideias liberais e<br />

democráticas. O nosso objectivo último consiste<br />

em que as ideias sejam conhecidas justamente<br />

nos países de que são oriundos esses escritores<br />

ou jornalistas.<br />

É nossa tarefa divulgar os valores democráticos<br />

além das fronteiras da <strong>Europa</strong>, e creio que<br />

podemos fazê-lo recorrendo, entre outras, à voz<br />

de corajosos escritores e jornalistas, que deviam<br />

ser protegidos na <strong>Europa</strong> mas cujas ideias<br />

devem ser conhecidas também nos países de que<br />

fugiram. Em princípio concordo, portanto, com<br />

essa abordagem.<br />

2-353<br />

Jim Allister (NI). – (EN) Quando pensamos<br />

nos jornalistas perseguidos e ameaçados, é<br />

difícil não referir a recente libertação de Alan<br />

Johnston em Gaza, com que todos nos<br />

congratulámos. Porém, poderá a Comissão<br />

concordar que terá de ser estabelecido um<br />

equilíbrio cuidadoso a fim de garantir que<br />

organizações terroristas, como o Hamas, não<br />

sejam reforçadas ou recompensadas por<br />

qualquer intervenção na solução de um<br />

problema que jamais deveria ter acontecido, a<br />

saber, a limitação da liberdade de um jornalista<br />

corajoso como Alan Johnston? Solicito, por<br />

favor, o comentário do Senhor Comissário?<br />

2-354<br />

Franco Frattini, Vice-Presidente da Comissão.<br />

– (IT) Senhor Presidente, é para mim claro que,<br />

nessa matéria, a <strong>Europa</strong> já se expressou através<br />

dos Ministros dos Negócios Estrangeiros da<br />

União Europeia: a libertação de pessoas que<br />

foram raptadas é um dever cuja<br />

responsabilidade diplomática cabe à <strong>Europa</strong>.<br />

A libertação de Alan Johnston foi um facto que<br />

saudámos, mas, obviamente, como afirmou o<br />

senhor deputado, ninguém pensa que o Hamas<br />

deva ser por isso recompensado; como todos<br />

sabem, continua a figurar na lista de<br />

organizações terroristas.<br />

Posto isto, é evidente que aquilo que mais nos<br />

interessa é salvar vidas humanas e que os<br />

jornalistas possam desenvolver as suas<br />

actividades, mesmo em áreas difíceis, de<br />

conflito ou em zonas de alto risco. De outro<br />

modo, estaríamos a esquecer a própria missão<br />

dos jornalistas, que consiste em ir para os locais,<br />

mesmo os mais perigosos, e em relatar aquilo<br />

que viram e ouviram.<br />

2-355<br />

Segunda parte<br />

2-356<br />

Presidente. - Pergunta nº 29 do Stavros<br />

Arnaoutakis (H-0500/07)<br />

Assunto: Risco de extinção das reservas de peixe no Mar<br />

Egeu<br />

Segundo estudos científicos publicados, as reservas de peixe<br />

no Mar Egeu estão a diminuir perigosamente pondo as zonas<br />

de pesca em risco de esgotamento. Esta situação agrava-se<br />

com a não aplicação de medidas efectivas para a gestão<br />

sustentável das actividades da pesca, bem como pela<br />

utilização incontrolada de artes e práticas de pesca que<br />

danificam significativamente os ecossistemas das zonas de<br />

reprodução/renovação das reservas pesqueiras.<br />

A Comissão Europeia tem a tarefa imediata de proteger esta<br />

região contra o desenvolvimento destes fenómenos, por um<br />

lado para manter pelo menos as reservas e por outro, para<br />

proteger os pescadores costeiros que vivem da pesca. Como<br />

tenciona a Comissão fazer face a esse grave problema?<br />

2-357<br />

Joe Borg, Membro da Comissão. - (EN)<br />

Agradeço ao senhor deputado Arnaoutakis a sua<br />

pergunta relativa ao Mar Egeu e aos seus<br />

recursos haliêuticos. Cabe recordar que o<br />

Conselho de Ministros aprovou o Regulamento<br />

proposto sobre as medidas de gestão para a<br />

exploração sustentável dos recursos haliêuticos<br />

no Mar Mediterrâneo, em finais de 2006. Este<br />

Regulamento entrou subsequentemente em<br />

vigor, em Janeiro de <strong>2007</strong>. A Comissão<br />

considera que o Regulamento representa uma<br />

resposta justa e vigorosa aos problemas<br />

levantados pelo senhor deputado no que se<br />

refere, quer às espécies demersais, quer às<br />

espécies pelágicas de pequena dimensão.<br />

Relativamente a outras espécies altamente<br />

migradoras, como o atum rabilho, a<br />

Comunidade aprovou também recentemente


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 252<br />

nova legislação, que contribuirá para a melhoria<br />

do estado de conservação dessas unidades<br />

populacionais.<br />

Permitam-me que saliente aqui que a introdução<br />

de medidas de gestão não é, no entanto,<br />

suficiente, se não existir subsequentemente uma<br />

execução e um acompanhamento adequados das<br />

medidas tomadas. Os Estados-Membros e as<br />

organizações de pescadores têm um papel<br />

fundamental a desempenhar nesse domínio. A<br />

Comissão manter-se-á extremamente atenta a<br />

fim de garantir uma aplicação adequada de<br />

todas essas medidas. Essa a razão por que, em 2<br />

de Abril de <strong>2007</strong>, escrevi aos Ministros dos<br />

Estados-Membros interessados a fim de fazer o<br />

ponto da situação no que se refere à aplicação<br />

do regulamento, escassos meses após a sua<br />

aprovação. Os meus serviços continuarão a<br />

acompanhar a situação e a aplicação por parte<br />

dos Estados-Membros das diferentes<br />

disposições do Regulamento.<br />

Para além das medidas comunitárias que<br />

possam vir ainda a ser complementadas no<br />

futuro, é igualmente fundamental promover<br />

medidas de gestão das pescas no quadro da<br />

Comissão Geral das Pescas do Mediterrâneo<br />

(CGPM), de molde a que os países do<br />

Mediterrâneo que não sejam membros da União<br />

Europeia possam também contribuir para a<br />

sustentabilidade dos recursos marinhos vivos.<br />

A participação activa dos cientistas dos Estados-<br />

Membros nos procedimentos do Comité<br />

Científico Consultivo da Comissão Geral das<br />

Pescas do Mediterrâneo (CGPM) é uma forma<br />

importante de o conseguir. No caso do Mar<br />

Egeu, cabe fundamentalmente à Grécia e à<br />

Turquia a responsabilidade pela garantia de uma<br />

cooperação científica adequada que permita<br />

proporcionar um aconselhamento científico<br />

sólido para a gestão das pescas.<br />

A fim de facilitar e promover uma maior<br />

cooperação científica na bacia Leste do<br />

Mediterrâneo, a Comissão, juntamente com a<br />

Grécia e Itália, prevê apoiar um novo projecto<br />

regional da FAO denominado EastMed.<br />

2-358<br />

Stavros Arnaoutakis (PSE). – (EL) Senhor<br />

Presidente, agradeço ao Senhor Comissária a<br />

resposta que deu e gostaria de lhe dizer que os<br />

pescadores dos Estados-Membros da União<br />

Europeia e de países terceiros estão a operar no<br />

Egeu e no Mediterrâneo em geral.<br />

No entanto, os pescadores gregos e<br />

comunitários da região estão sujeitos a todas as<br />

restrições e aplicam as directivas comunitárias,<br />

ao contrário dos pescadores de países terceiros,<br />

que pescam sem restrições e muitas vezes sem<br />

controlo.<br />

O que tenciona fazer a Comissão para resolver<br />

imediatamente este problema?<br />

2-359<br />

Joe Borg, Membro da Comissão. - (EN) Bem,<br />

como disse, a Comissão pode intervir<br />

directamente no que respeita à gestão das pescas<br />

em águas comunitárias, em particular, quando<br />

estão em causa pescadores comunitários. A esse<br />

respeito, fiz especial referência ao Regulamento<br />

relativo ao Mediterrâneo, que acaba de entrar<br />

em vigor e que estamos a acompanhar de muito<br />

perto, a fim de nos certificarmos da sua correcta<br />

aplicação.<br />

Obviamente, o Mar Mediterrâneo, e a vossa<br />

parte do Mar Mediterrâneo, inclui países<br />

terceiros com os quais mantemos relações.<br />

Existe, em particular com a Turquia, uma<br />

relação de associação, e a Turquia é igualmente<br />

um país candidato à adesão. No que se refere às<br />

pescas, tentamos trabalhar de forma estreita com<br />

esses países terceiros noutros fóruns<br />

responsáveis pela gestão das pescas no<br />

Mediterrâneo, em particular a CGPM, que é a<br />

Comissão Geral das Pescas do Mediterrâneo.<br />

No que se refere às espécies altamente<br />

migradoras, existe a ICAT, que é a Comissão<br />

que detém a responsabilidade pelo atum rabilho,<br />

em particular, e pelo espadarte. Neste caso,<br />

tentamos trabalhar de forma estreita com os<br />

países terceiros que são igualmente membros<br />

desses fóruns por forma a conseguir medidas<br />

regulamentares comuns. Desse modo, tentamos<br />

criar e estabelecer uma situação tão equitativa<br />

quanto possível.<br />

Obviamente, é essencial que a União Europeia<br />

assuma a liderança e, por conseguinte, ao<br />

estabelecer o nosso regime regulamentar para a<br />

pesca em águas comunitárias, estamos a dar o<br />

exemplo e a fazer tudo o que está ao nosso<br />

alcance para que os países terceiros que detêm<br />

direitos de pesca no Mediterrâneo adoptem<br />

medidas semelhantes, através da CGPM ou da<br />

ICAT, a fim de que as nossas pescarias não<br />

sejam prejudicadas pelo facto de possuirmos<br />

regras mais rigorosas em matéria de pesca e<br />

gestão das pescarias.<br />

2-360<br />

Reinhard Rack (PPE-<strong>DE</strong>). – (<strong>DE</strong>) Na semana<br />

passada soubemos que se registaram problemas<br />

com a pesca costeira noutra zona do<br />

Mediterrâneo, designadamente em Malta, país<br />

de onde o Senhor Comissário Joe Borg é<br />

originário. Existem nesta matéria facilidades,


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 253<br />

programas ou estratégias especiais para<br />

promover especificamente a pesca costeira e<br />

proteger os pescadores locais?<br />

2-361<br />

Joe Borg, Membro da Comissão. - (EN) A<br />

pesca costeira no Mediterrâneo é uma questão<br />

particularmente delicada, tendo em conta que as<br />

pescarias nesse mar são bastante mais<br />

específicas do que as que podemos encontrar no<br />

Mar do Norte, por exemplo, que compreende<br />

sobretudo pescarias mistas. Por conseguinte,<br />

não podemos ser tão selectivos como<br />

gostaríamos, e as medidas aplicadas no<br />

Mediterrâneo assentam mais em medidas<br />

técnicas do que na fixação de totais admissíveis<br />

de captura e quotas.<br />

No entanto, dito isto, a política de pescas para o<br />

Mediterrâneo introduziu, pela primeira vez,<br />

regulamentação bastante rigorosa, a fim de<br />

regular a pesca no Mediterrâneo e, em<br />

particular, a pesca costeira. Os Estados-<br />

Membros são obrigados a elaborar planos de<br />

gestão das pescas que tenham em atenção a<br />

dimensão costeira e contenham, em particular,<br />

medidas relacionadas com os tipos de artes de<br />

pesca utilizados e os tamanhos mínimos do<br />

pescado que é permitido desembarcar.<br />

Procedemos actualmente ao acompanhamento<br />

do Regulamento, como afirmei na minha<br />

resposta à pergunta. Este foi aprovado no final<br />

do ano passado e entrou em vigor no início<br />

deste ano. Os prazos serão introduzidos ao<br />

longo do ano em curso e do próximo ano.<br />

Espero que dentro dos prazos fixados no<br />

Regulamento, os Estados-Membros consigam<br />

aplicar as medidas necessárias para que<br />

possamos dispor de uma pesca mais sustentável<br />

no Mediterrâneo, especialmente no que respeita<br />

à pesca costeira.<br />

2-362<br />

Marie Panayotopoulos-Cassiotou (PPE-<strong>DE</strong>).<br />

– (EL) Dou os parabéns ao colega Arnaoutakis<br />

pela pergunta que fez e agradeço ao Senhor<br />

Comissário a resposta que deu. Gostaria, no<br />

entanto, de perguntar em que condições é que as<br />

capturas feitas pelos pescadores de países<br />

terceiros são importadas e comercializadas na<br />

União Europeia.<br />

Um aumento da pesca também significa um<br />

aumento da procura devido aos preços mais<br />

baratos. Não se trata apenas do método de<br />

pesca.<br />

2-363<br />

Joe Borg, Membro da Comissão. - (EN) As<br />

regras aplicáveis à importação de pescado são<br />

regidas pelas disposições gerais no âmbito das<br />

negociações da OMC e do regime da OMC. No<br />

que respeita especificamente à pesca, existem<br />

determinados elementos que impedem que haja<br />

uma liberalização total e, por conseguinte,<br />

existem determinadas medidas de protecção da<br />

indústria comunitária. No entanto, será preciso<br />

ver como as discussões evoluirão ao longo do<br />

corrente ano, a fim de verificar que se será<br />

possível uma maior liberalização no que<br />

respeita aos produtos de pesca importados.<br />

Posto isso, porém, é importante salientar que,<br />

mais para o final do ano, apresentaremos<br />

medidas de combate à pesca ilegal. Ao abrigo<br />

dessas medidas, se o pescado for capturado por<br />

navios que operem com pavilhão de um país<br />

terceiro que não possam provar a<br />

sustentabilidade das suas capturas – por outras<br />

palavras, que não possam provar estar, por<br />

exemplo, dentro dos limites da quota e dos<br />

parâmetros das regras aplicáveis nas diferentes<br />

organizações regionais de gestão das pescarias,<br />

como, no caso do Mediterrâneo, a CGPM –,<br />

então esse pescado será considerado ilegal, não<br />

sendo concedida autorização para que seja<br />

desembarcado no Estado-Membro em que<br />

pretendiam descarregá-lo. Ficaremos, assim,<br />

dotados de uma medida muito eficaz, que,<br />

espero, nos ajudará a diminuir o desembarque<br />

de peixe capturado ilegalmente.<br />

2-364<br />

Presidente. - Pergunta nº 30 do Marie<br />

Panayotopoulos-Cassiotou (H-0452/07)<br />

Assunto: Protecção dos direitos da criança nas relações<br />

externas da UE<br />

A comunicação da Comissão sobre uma estratégia europeia<br />

para os direitos da criança publicada a 4 de Julho de 2006<br />

considera, no quadro da unidade temática "situação global"<br />

que cerca de 300.000 crianças combatem como soldados em<br />

mais de 30 conflitos armados em todo o mundo. Se bem que<br />

fosse desejável que a questão das crianças soldado estivesse<br />

resolvida e que as situações extremas de violação dos seus<br />

direitos tivessem diminuído, a imprensa internacional referese<br />

com frequência ao fenómeno de recrutamento de crianças<br />

soldado com exemplos concretos em África e na Ásia.<br />

Como encara a Comissão, no âmbito das suas relações<br />

externas, o fenómeno da utilização de crianças soldado em<br />

operações militares? Que medidas concretas se propõe<br />

tomar para que o combate ao recrutamento militar de<br />

crianças seja uma prioridade da sua agenda política nas suas<br />

relações com os países que forçam as crianças a participar<br />

em operações militares? Como irá a Comissão encorajar a<br />

aplicação do Protocolo anexo à Convenção das Nações<br />

Unidas sobre os Direitos da Criança, para que os Estados<br />

respeitem a condição de se abster de recrutar pessoas com<br />

menos de 18 anos para receber instrução militar e participar<br />

em conflitos armados?<br />

2-365<br />

Benita Ferrero-Waldner, Membro da<br />

Comissão. – (EN) Não só a Comissão condena<br />

absoluta e energicamente o recrutamento e


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 254<br />

utilização de crianças nas forças e grupos<br />

armados, como também está a contribuir<br />

activamente para um esforço sustentado a nível<br />

internacional, usando todos os meios<br />

disponíveis para combater este fenómeno. Além<br />

disso, estamos a trabalhar activamente, tanto a<br />

nível das políticas como através dos nossos<br />

diversos instrumentos de financiamento, para<br />

promover os direitos da criança nos conflitos<br />

armados.<br />

Estão aqui em causa três níveis. Um deles é o<br />

nível da política comum. A União Europeia<br />

estabeleceu uma base particularmente firme<br />

para trabalhar nestas questões. Desde 2003,<br />

foram adoptados vários documentos de<br />

orientação importantes, nos quais se incluem as<br />

linhas de orientação da UE sobre as crianças e<br />

conflitos armados, o conceito da UE para apoio<br />

ao desarmamento, desmobilização e<br />

reintegração, bem como a lista de controlo da<br />

integração da protecção das crianças afectadas<br />

por conflitos armados nas operações da PESC e,<br />

finalmente, a comunicação da Comissão, de<br />

2006, no sentido de uma política da UE sobre os<br />

direitos das crianças.<br />

Actualmente, nos nossos diálogos políticos com<br />

os países nossos parceiros, trazemos<br />

regularmente à colação questões relacionadas<br />

com os direitos das crianças. Por exemplo, com<br />

o Governo libanês, levantámos a questão da<br />

ratificação do protocolo opcional à Convenção<br />

sobre os Direitos da Criança. Além disso,<br />

exortamos os Estados que ainda o não fizeram a<br />

ratificar e implementar integralmente o estatuto<br />

do Tribunal Penal Internacional, que classifica<br />

como crime de guerra o alistamento de crianças.<br />

Temos, também, estado a apoiar<br />

financeiramente a recente revisão dos Princípios<br />

de Cape Town, o que, em Fevereiro deste ano,<br />

teve como resultado a adopção dos Princípios de<br />

Paris. Além disso, também continuamos a<br />

trabalhar com, e a apoiar activamente, os<br />

representantes especiais das crianças nos<br />

conflitos armados, da ONU, a UNICEF, a<br />

ACDH, e a ACNUR, bem como com outros<br />

organismos não-governamentais.<br />

Em segundo lugar, fizemos desta questão uma<br />

questão de alta prioridade nos nossos esforços<br />

de ajuda a nível de países individuais, por<br />

exemplo, relativamente a projectos de<br />

programas de desarmamento, desmobilização e<br />

reintegração, como, por exemplo, no Sudão, ou<br />

relativamente à prevenção do recrutamento de<br />

crianças na Colômbia, ou à desmobilização,<br />

reintegração e prevenção de recrutamento de<br />

crianças-soldados, facto que facilitou a<br />

desmobilização de mais de 3000 crianças.<br />

Finalmente, no âmbito do novo instrumento<br />

europeu para a democracia e os direitos<br />

humanos, também reservámos um montante de<br />

6,8 milhões de EUR para o período de <strong>2007</strong> a<br />

20<strong>10</strong>, com o objectivo de proteger os direitos<br />

das crianças em situações de conflitos armados.<br />

2-366<br />

Marie Panayotopoulos-Cassiotou (PPE-<strong>DE</strong>).<br />

– (EL) Agradeço a resposta da Senhora<br />

Comissária. Gostaria, no entanto, que me<br />

dissesse quais são as medidas concretas que<br />

estão a ser tomadas para acolher essas crianças<br />

na União Europeia.<br />

2-367<br />

Benita Ferrero-Waldner, Membro da<br />

Comissão. – (EN) Como acabo de dizer,<br />

dispomos de um bom número destas diferentes<br />

linhas de orientação, e estamos a implementar<br />

as que já existem. Acabo de referir, por<br />

exemplo, a política da UE relativa aos direitos<br />

da criança, cuja implementação é feita, em<br />

primeiro lugar, através do diálogo político. Em<br />

segundo lugar, estamos também a ajudar os<br />

países nas suas próprias estratégias, o que<br />

significa que estamos a cooperar com os países<br />

a título individual, além de estarmos a apoiar<br />

financeiramente a recente revisão dos Princípios<br />

de Cape Town. Tal como disse, isso teve como<br />

resultado os Princípios de Paris. Além disso,<br />

estamos também a manifestar oficialmente<br />

apoio político a essas linhas de orientação.<br />

Estamos, portanto, a tentar trabalhar em todas as<br />

diversas frentes, ajudando os países, mas<br />

utilizando também os nossos próprios projectos.<br />

2-368<br />

Presidente. - Pergunta nº 31 do Bernd Posselt<br />

(H-0460/07)<br />

Assunto: Estratégia para a região do Mar Negro<br />

Qual é a situação da estratégia externa da UE para o<br />

desenvolvimento da região do Mar Negro, e que papel<br />

desempenham, nesse contexto, as questões relacionadas com<br />

os direitos humanos, a segurança e a política externa em<br />

matéria de energia?<br />

2-369<br />

Benita Ferrero-Waldner, Membro da<br />

Comissão. – (EN) Esta é uma pergunta que diz<br />

respeito à política relativa à região do Mar<br />

Negro. Além dos três Estados-Membros da UE,<br />

a região do Mar Negro compreende mais sete<br />

países abrangidos pelas políticas da União<br />

Europeia, entre as quais, uma é a política de boa<br />

vizinhança, a segunda é o processo de préadesão,<br />

no caso da Turquia, e a terceira é a<br />

política de parceria com a Rússia. Estas<br />

políticas, e sobretudo a política europeia de


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 255<br />

vizinhança, determinam a nossa estratégia em<br />

relação à região, como um todo.<br />

Um dos nossos principais objectivos é, portanto,<br />

promover a prosperidade e a estabilidade,<br />

motivo por que oferecemos consideráveis<br />

programas de cooperação.<br />

Como sabem, ainda recentemente apresentámos<br />

a iniciativa “Sinergia para o Mar Negro”, que<br />

acaba de ser adoptada durante a Presidência<br />

alemã.<br />

A região é de primordial importância para nós,<br />

principalmente para o fornecimento de energia à<br />

UE - não apenas para a segurança dos<br />

abastecimentos de energia, mas também para a<br />

sua diversificação. Estamos igualmente e<br />

promover o diálogo com todos os países do Mar<br />

Negro sobre a segurança energética, de molde a<br />

proporcionarmos um quadro transparente para a<br />

produção, transporte e trânsito, não apenas num<br />

contexto regional, mas também para<br />

melhorarmos a nossa própria segurança<br />

energética e os abastecimentos da energia,<br />

mediante a sua diversificação.<br />

Estamos, além disso, a trabalhar na actualização<br />

das infra-estruturas existentes no sector da<br />

energia, bem como a promover o<br />

desenvolvimento de novas infra-estruturas, no<br />

contexto de um corredor para a energia entre o<br />

Mar Cáspio, o Mar Negro e a UE. Há ainda<br />

todos os critérios em matéria de direitos<br />

humanos estabelecidos pelo Conselho da<br />

<strong>Europa</strong> e pela OECE, que se aplicam a todos os<br />

Estados do Mar Negro. Queremos, portanto,<br />

melhorar os critérios dos direitos do Homem,<br />

mas também, apoiar e reforçar as estruturas<br />

democráticas e a sociedade civil, em particular.<br />

Isto é crucial.<br />

Finalmente, o terceiro ponto é constituído pela<br />

segurança e, em particular, pelos “conflitos<br />

congelados”, que representam um tremendo<br />

desafio. Esperamos que o envolvimento activo<br />

da UE nos esforços em curso para solucionar<br />

esses conflitos proporcione uma oportunidade<br />

para o conseguirmos num futuro não demasiado<br />

distante.<br />

2-370<br />

Bernd Posselt (PPE-<strong>DE</strong>). – (<strong>DE</strong>) Senhora<br />

Comissária Benita Ferrero-Waldner, muito<br />

obrigado pela sua resposta bastante<br />

pormenorizada e abrangente. Tenho ainda duas<br />

perguntas complementares. Em primeiro lugar,<br />

na Quinta-feira iremos ocuparmo-nos da<br />

Transnístria num debate sobre questões urgentes<br />

e muito importantes. Como avalia a Senhora<br />

Comissária a situação na Moldávia?<br />

A segunda questão diz respeito às tensões nos<br />

três Estados do Cáucaso do Sul, cuja forte<br />

escalada nos últimos dias e semanas se<br />

transformou uma espécie de conflito por<br />

procuração. Tem a Comissão exercido um papel<br />

de mediação nesta região?<br />

2-371<br />

Benita Ferrero-Waldner, Comissária. - (<strong>DE</strong>)<br />

Em primeiro lugar, e no que se refere à<br />

Transnístria e Moldávia, realizámos<br />

recentemente importantes conversações pessoais<br />

com o Presidente Vladimir Voronin, com o<br />

qual, posso garanti-lo ao senhor deputado Bernd<br />

Posselt, estamos a trabalhar de uma forma muito<br />

estreita, obviamente no quadro da nossa política<br />

de vizinhança.<br />

Sabemos que se realizaram conversações entre o<br />

Presidente Vladimir Voronin e o Presidente<br />

russo Vladimir Putin, mas o importante é que<br />

estas conduziram às conversações 5+2 que<br />

temos em curso. Estamos a fazer um grande<br />

esforço para apoiar a Moldávia de todas as<br />

formas possíveis. Surgem repetidamente<br />

questões de direitos humanos que devem ser<br />

abordadas, e já o fiz pessoalmente, tanto numa<br />

carta que dirigi ao Presidente Voronin, como<br />

directamente nas nossas conversações, porém,<br />

torna-se imperativo apoiarmos este país, que é o<br />

mais pobre da <strong>Europa</strong>, e é isso que estamos a<br />

fazer com os nossos programas.<br />

Relativamente às tensões no Cáucaso do Sul é<br />

verdade que se registou uma escalada.<br />

Salientámos repetidamente que uma solução dos<br />

conflitos na Ossécia do Sul, na Abcásia e<br />

também naturalmente em Nagorno-Karabakh só<br />

será possível se reforçarmos e intensificarmos o<br />

diálogo político. Estamos em estreito contacto<br />

com os vários representantes especiais do Alto<br />

Representante, e orientámos a nossa política de<br />

vizinhança para a criação de um clima<br />

conducente à procura de uma solução.<br />

Embora, por um lado, o Nagorno-Karabakh<br />

tenha tido uma oportunidade, que o Presidente<br />

lamentavelmente ainda não aproveitou, apesar<br />

de todos esperarmos que se registe um avanço, e<br />

enquanto na Ossécia do Sul são patentes<br />

melhorias, assistimos, por outro lado, a um<br />

avolumar dos problemas na Abcásia, e devemos<br />

estar particularmente vigilantes em relação a<br />

este país.<br />

2-372<br />

Reinhard Rack (PPE-<strong>DE</strong>). – (<strong>DE</strong>) A Senhora<br />

Comissária referiu uma série de importantes<br />

áreas de actuação política na resposta que deu à<br />

pergunta do senhor deputado Bernd Posselt.


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 256<br />

Gostaria de referir ainda outro assunto. A<br />

situação no Mar Negro levou a UE a ficar<br />

também nesta região com uma importante<br />

fronteira externa, o que levanta questões<br />

relacionadas com a travessia legal e ilegal desta<br />

fronteira. Os sectores da política de vistos e de<br />

imigração, bem como a prevenção da imigração<br />

ilegal, oferecem algumas oportunidades nesta<br />

matéria?<br />

2-373<br />

Benita Ferrero-Waldner, Comissária. - (<strong>DE</strong>)<br />

Permita-me que lhe diga, Senhor Deputado<br />

Reinhard Rack, que nesta questão estão<br />

envolvidos vários Estados. Temos, por um lado,<br />

a Bulgária e a Roménia, que são novos Estados-<br />

Membros da UE e que dão um contributo<br />

adequado para a formulação conjunta da política<br />

de migração da União Europeia.<br />

Por outro lado temos ainda, evidentemente,<br />

outros países, como a Turquia, que é um país<br />

candidato à adesão. Na devida altura, quando<br />

esta questão for analisada como um capítulo, a<br />

Turquia terá de aceitar e aplicar o acervo<br />

comunitário.<br />

As relações com alguns destes países estão<br />

integradas na política de vizinhança, e nesta<br />

matéria intervimos principalmente em duas<br />

áreas: por um lado, no que se refere a<br />

determinadas medidas para facilitar a concessão<br />

de vistos e, por outro lado, na questão dos<br />

acordos de repatriamento, de forma a prevenir<br />

tanto quanto possível a imigração ilegal.<br />

2-374<br />

Danutė Budreikaitė (AL<strong>DE</strong>). – (LT) Gostaria<br />

de formular uma pergunta acerca das Unidades<br />

3 e 4 da central de Kozloduy, na Bulgária.<br />

Embora o Tratado de Adesão exigisse que<br />

fossem encerrados, parece-lhe agora correcto,<br />

Senhora Comissária, tendo em conta a situação<br />

que se vive na <strong>Europa</strong> e no mundo em matéria<br />

de energia, que se encerre uma das unidades, ou<br />

a totalidade das unidades, de uma central de<br />

geração de electricidade que é bem gerida e<br />

segura e que funciona de forma económica?<br />

2-375<br />

Benita Ferrero-Waldner, Membro da<br />

Comissão. – (EN) Eu diria que esta é uma das<br />

principais razões para termos essa iniciativa de<br />

cooperação intitulada “Sinergia do Mar Negro”,<br />

bem como o Conselho Económico do Mar<br />

Negro como instrumento destinado a<br />

impulsionar esta cooperação. Gostaríamos de<br />

ver, por um lado, os países nossos parceiros, os<br />

países vizinhos, e, por outro, os nossos próprios<br />

Estados-Membros, a cooperar estreitamente<br />

com o país candidato, isto é, com a Turquia,<br />

mas também, especialmente, com o parceiro<br />

estratégico, a saber, com a Rússia.<br />

Encontramo-nos na fase embrionária desta nova<br />

política, que considero que ainda tem de crescer.<br />

Realizou-se um encontro muito importante em<br />

Istambul, que, espero, doravante irá dar uma<br />

oportunidade de intensificar e aprofundar a<br />

nossa cooperação. Penso, porém, ser demasiado<br />

cedo para se fazer já a sua avaliação. Agora é a<br />

altura de avançarmos e vermos o que<br />

conseguimos fazer, o que, evidentemente, é a<br />

nossa intenção.<br />

2-376<br />

Presidente. - Pergunta nº 32 do Evgeni Kirilov<br />

(H-0479/07)<br />

Assunto: A situação das enfermeiras búlgaras e do médico<br />

palestiniano na Líbia<br />

Poderá a Comissão informar sobre a actual situação das<br />

enfermeiras búlgaras e do médico palestiniano na Líbia, na<br />

sequência da recente visita da Comissária Benita Ferrero-<br />

Waldner e do Ministro alemão dos Negócios Estrangeiros<br />

Frank-Walter Steinmeier a este país? Poderá a Comissão<br />

retirar algumas conclusões desta situação e apresentar uma<br />

análise política da forma como as negociações com as<br />

autoridades líbias deverão continuar a ser conduzidas?<br />

2-377<br />

Benita Ferrero-Waldner, Membro da<br />

Comissão. – (EN) Senhor Presidente, o caso do<br />

pessoal médico da Bulgária e da Palestina<br />

constitui uma das minhas prioridades máximas.<br />

No decurso da minha visita à Líbia, em<br />

companhia do Ministro dos Negócios<br />

Estrangeiros Steinmeier, ao tempo Presidente<br />

em exercício do Conselho, registámos alguns<br />

progressos nas discussões com as autoridades<br />

líbias e com os representantes das famílias das<br />

crianças. Aparentemente, neste momento,<br />

estamos mais perto de encontrarmos uma<br />

solução baseada na solidariedade humana, que<br />

pode produzir alguns frutos.<br />

Tanto as famílias como o Governo têm tido uma<br />

atitude construtiva, tendo nós confirmado a<br />

nossa disponibilidade para tomarmos em<br />

consideração o prosseguimento do Plano de<br />

Acção Benghazi, a favor das crianças e,<br />

particularmente, a favor do Centro para Doenças<br />

Infecto-contagiosas e Imunologia de Benghazi.<br />

Neste momento, aguardamos o veredicto do<br />

Supremo Tribunal, esperado para amanhã, 11 de<br />

Julho. Isto, porém, não será o fim, porque está<br />

planeada outra medida, antes da reunião do<br />

Conselho Judicial Supremo da Líbia.<br />

Estamos em estreito contacto com as<br />

autoridades líbias e, evidentemente, ainda que lá


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 257<br />

não tenhamos chegado, esperamos que a história<br />

irá ter um desfecho positivo.<br />

2-378<br />

Евгени Кирилов (PSE). – Г-жо комисар,<br />

благодаря на Вас и на немското<br />

председателство за огромните усилия, които<br />

положихте.<br />

Вие, г-жо комисар, характеризирате тези<br />

преговори като деликатни. Обикновено<br />

често казвате така. Всъщност търпение и<br />

деликатност проявява Европейската<br />

комисия. Либийският режим, който не иска<br />

да търси истинската причина за СПИНепидемията<br />

до този момент, не проявява<br />

деликатност и си е намерил за тази цел<br />

дългосрочни заложници. Той драстично<br />

нарушава човешките права на европейски<br />

граждани вече 8 години и развива удобната<br />

му теза за независимото либийско<br />

правосъдие. А то е толкова независимо,<br />

колкото например са либийските медии,<br />

които за този период не посмяха нито един<br />

път да представят другата гледна точка, за<br />

разлика от българските и европейските<br />

медии.<br />

Попитах Ви за политическата оценка, защото<br />

този процес е политически. Логично е за<br />

утрешното заседание на съда в Либия и<br />

неговото решение, както и за всички<br />

решения до сега, либийските власти да носят<br />

отговорност. Бих желал да Ви попитам:<br />

„Имате ли алтернативен план за действие<br />

(председателят се опитва да го прекъсне.),<br />

ако Либия продължи да използва<br />

преговорите за удължаването на агонията на<br />

медицинските сестри и палестинския лекар?“<br />

2-379<br />

Benita Ferrero-Waldner, Membro da<br />

Comissão. – (EN) Gostaria de dizer que, pela<br />

primeira vez, tenho esperança de que se possa<br />

registar uma mudança positiva. Tal como disse,<br />

porém, neste momento, ainda lá não chegámos.<br />

Não queremos ter um plano B, porque<br />

queremos, realmente, trabalhar por aquilo que<br />

temos tentado fazer: ajudar as enfermeiras<br />

búlgaras e o médico palestiniano a recuperar a<br />

sua liberdade.<br />

Os próximos dias serão cruciais. Estaremos<br />

muito atentos, porquanto já oferecemos às<br />

autoridades líbias a oportunidade de dispor<br />

realmente de um plano a médio prazo para<br />

trabalharmos no sentido da criação de um centro<br />

em Benghazi, não apenas para a cidade, mas<br />

que irá ser igualmente um centro regional e um<br />

centro para tratamento do HIV/SIDA para toda<br />

essa parte da África subsariana.<br />

Tenhamos, pois, esperança, e vamos trabalhar<br />

em conjunto para encontrarmos uma boa<br />

solução.<br />

2-380<br />

Glyn Ford (PSE). – (EN) Este caso é realmente<br />

revoltante. O meu colega David Martin foi um<br />

dos primeiros a trazer este assunto à colação, na<br />

anterior legislatura, antes de 2004. Não<br />

obstante, ainda aqui estamos. O Governo líbio<br />

reconheceu que isto ameaçou azedar para<br />

sempre as relações entre a UE e a Líbia, o que<br />

seria extremamente lamentável, uma vez que a<br />

Líbia acaba de ser aceite novamente. Aplaudo a<br />

proposta de criação de um centro em Benghazi.<br />

Espero que a decisão de amanhã seja a decisão<br />

correcta. Caso contrário, espero que a Alta<br />

Autoridade Judicial seja capaz de a tomar. Se<br />

assim não fizer – e compreendo que a senhora<br />

Comissária não queira um plano B – não se<br />

importa de vir ter novamente connosco com<br />

novas propostas de acção, se não obtivermos a<br />

decisão adequada nas duas últimas<br />

oportunidades que nos restam?<br />

2-381<br />

Benita Ferrero-Waldner, Membro da<br />

Comissão. – (EN) Gostaria de repetir que as<br />

autoridades da Líbia se consciencializam, cada<br />

vez mais, de que também elas gostariam de ter<br />

boas relações com a União Europeia. Creio que<br />

compreenderam a importância de sair do<br />

isolamento e que este caso continua a constituir<br />

um obstáculo.<br />

Muito provavelmente, amanhã, o Supremo<br />

Tribunal irá apresentar o seu veredicto, mas<br />

também sabemos – e considero importante<br />

sublinhá-lo – que isso não irá constituir o fim do<br />

caminho. Ainda irá haver a decisão política do<br />

Alto Conselho Judicial.<br />

Caso não haja solução, é evidente que<br />

regressaremos e que teremos de ver o que é<br />

necessário fazer. Tal como disse anteriormente,<br />

porém, desta vez, o meu optimismo é prudente.<br />

Tenhamos esperança, não nos limitemos a<br />

cruzar os dedos, mas vamos trabalhar todos<br />

juntos o mais que pudermos. E isso é o que<br />

iremos fazer mesmo até ao último minuto. Isso é<br />

coisa que posso garantir-lhes.<br />

2-382<br />

Boguslaw Sonik (PPE-<strong>DE</strong>). – (PL) Senhora<br />

Comissária, por favor, vamos evitar uma<br />

situação em que, seguindo o exemplo dos<br />

Estados Unidos, a União Europeia pague um<br />

resgate, como o resgate pedido recentemente,<br />

para libertar as enfermeiras e o médico, pelo<br />

Coronel Mohamar Cadaffi, que pediu uma soma


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 258<br />

exorbitante para libertar as vítimas. Não<br />

podemos permitir que tal coisa aconteça.<br />

2-383<br />

Benita Ferrero-Waldner, Membro da<br />

Comissão. – (EN) Não quero entrar em<br />

pormenores sobre o que estamos a discutir com<br />

as autoridades líbias. Posso assegurar-lhes,<br />

porém, que não há qualquer resgate a pagar. A<br />

nossa única estratégia, desde o início, tem sido<br />

assegurar a nossa solidariedade com o povo<br />

líbio, e especialmente com as crianças<br />

afectadas. Estamos igualmente solidários com<br />

as famílias. Pensamos, também, que, por vezes,<br />

é possível converter um risco ou uma situação<br />

difícil numa oportunidade. A oportunidade<br />

podia ser o facto de este Centro em Benghazi<br />

poder não vir a ser apenas um centro para tratar<br />

essas crianças e as respectivas famílias, mas<br />

também um futuro centro de excelência para a<br />

região e, inclusivamente, para uma parte da<br />

África subsariana. Posso garantir-lhes<br />

plenamente que não está a ser pago qualquer<br />

resgate.<br />

2-384<br />

Presidente. - Pergunta nº 35 do Georgios<br />

Papastamkos (H-0453/07)<br />

Assunto: Energia nuclear na região dos Balcãs<br />

Que projectos foram transmitidos à Comissão relativos à<br />

construção de novas centrais nucleares nos Estados-<br />

Membros da UE da península dos Balcãs e, de um modo<br />

geral, do Sudeste da <strong>Europa</strong>? Dado o gradual encerramento<br />

dos reactores da central de Kozloduy e a simultânea<br />

construção em Belene, construção, como se apresenta a<br />

carta energética da região? Tendo em conta as reservas<br />

suscitadas pelo historial de intensa e forte actividade sísmica<br />

da região, considera a Comissão que a energia nuclear seja a<br />

solução estratégica correcta e responsável para resolver as<br />

necessidades em energia dos países da região?<br />

2-385<br />

Andris Piebalgs, Membro da Comissão. – (EN)<br />

Relativamente à região em causa, existe uma<br />

participação sobre a construção de uma nova<br />

central nuclear e um compromisso de<br />

encerramento. No dia 27 de Fevereiro deste ano,<br />

a Natsionalna Elektricheska Kompania<br />

(Companhia Nacional de Electricidade)<br />

participou à Comissão, ao abrigo do artigo 41º<br />

do Tratado Euratom, o seu projecto de<br />

investimento. A participação diz respeito à<br />

construção de uma nova central nuclear de<br />

terceira geração, com um reactor do tipo<br />

VVER-<strong>10</strong>00, em Belene (Bulgária).<br />

Está igualmente a ser levado a cabo o<br />

encerramento das unidades três e quatro da<br />

central nuclear de Kozlodui, como parte<br />

integrante do Acordo de Adesão da Bulgária à<br />

União Europeia. A Comissão, no seu papel de<br />

guardiã dos Tratados, irá vigiar a correcta<br />

implementação das cláusulas relevantes deste<br />

acordo. O encerramento destas unidades não<br />

deveria suscitar importantes preocupações<br />

relativamente ao fornecimento de energia. A<br />

ajuda da Comunidade para o desmantelamento,<br />

com base no Acordo de Adesão, cobre<br />

igualmente medidas necessárias na sequência do<br />

encerramento dos reactores no domínio da<br />

substituição das acções de substituição da<br />

capacidade, da eficácia e fornecimento de<br />

energia.<br />

Além disso, tanto na opinião da Comissão como<br />

na do Banco Mundial, são necessários novos<br />

investimentos de base em toda a região.<br />

Todavia, actualmente não estão a surgir<br />

particulares problemas estruturais.<br />

A Comissão tem sublinhado consistentemente<br />

que cabe a cada Estado-Membro decidir se deve<br />

ou não confiar na energia nuclear para a<br />

produção de electricidade. Caso os Estados-<br />

Membros decidam investir em novas centrais<br />

nucleares, a Comissão irá exercer os poderes de<br />

que dispõe para assegurar que os novos<br />

projectos de investimento satisfaçam os mais<br />

altos critérios no domínio da segurança, da<br />

defesa e da não-proliferação, tal como exigido<br />

pelo Tratado Euratom.<br />

No que diz respeito à questão sísmica, exige-se<br />

que, nos termos do artigo 37º do Tratado<br />

Euratom, a Bulgária proporcione à Comissão<br />

dados de ordem geral relacionados com o plano<br />

de eliminação de resíduos radioactivos. Isto irá<br />

aplicar-se à nova central nuclear de Belene.<br />

Cumpre que estes dados sejam apresentados,<br />

pelo menos, seis meses antes de as competentes<br />

autoridades búlgaras concederem qualquer<br />

autorização de descarga de efluentes<br />

radioactivos. A Comissão emitirá o seu parecer,<br />

com base nestes dados e após consulta do grupo<br />

de peritos em matéria do artigo 31º. A Comissão<br />

irá verificar se a implementação do plano, quer<br />

numa operação normal, quer em caso de<br />

acidente, é passível de causar contaminação<br />

radioactiva da água, dos solos ou do espaço<br />

aéreo de outro Estado-Membro. Uma vez que a<br />

revisão da Comissão também abrange cenários<br />

de acidentes, os dados de ordem geral a serem<br />

fornecidos pelos Estados-Membros também<br />

deveriam conter informações sobre a actividade<br />

sísmica da região, sobre a máxima actividade<br />

sísmica provável e sobre a resistência sísmica<br />

concebida para a instalação nuclear.<br />

2-386<br />

Georgios Papastamkos (PPE-<strong>DE</strong>). – (EL)<br />

Agradeço a resposta do Senhor Comissário.


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 259<br />

Senhor Presidente, passaram vinte anos desde a<br />

tragédia de Chernobil, que directa ou<br />

indirectamente provocou um número<br />

incalculável de mortes lentas. Nem a<br />

Organização Mundial de Saúde nem a Comissão<br />

divulgaram junto da opinião pública dados<br />

fidedignos sobre esta tragédia.<br />

Foi recentemente publicado na Suíça um estudo<br />

com nome de código Pegasos, que estabelece<br />

uma correlação entre riscos sísmicos e energia<br />

nuclear. Esse estudo veio a lume através do<br />

Neue Zürcher Zeitung.<br />

A Comissão dispõe de dados estatísticos<br />

probabilísticos sobre o risco sísmico? É dessa<br />

informação que estamos à espera dessa<br />

informação e não de saber se cada Estado-<br />

Membro é livre para ter ou não ter energia<br />

nuclear.<br />

2-387<br />

Andris Pielbags, Membro da Comissão. – (EN)<br />

De acordo com o Tratado Euratom, cumpre-nos<br />

dar um parecer. Seguramente, vamos exigir às<br />

empresas que gostariam de construir o reactor<br />

nuclear todos os dados necessários, bem como,<br />

em minha opinião, prestar a devida atenção ao<br />

assunto, com base nas informações que<br />

recebermos das autoridades.<br />

2-388<br />

Paul Rübig (PPE-<strong>DE</strong>). – (<strong>DE</strong>) Senhor<br />

Comissário Andris Piebalgs, estão ainda nas<br />

mãos do Conselho duas directivas relativas à<br />

eliminação de resíduos. Penso que é agora mais<br />

do que tempo de prosseguirmos o debate destas<br />

directivas, que foram propostas pela Comissão e<br />

receberam um forte apoio do Parlamento. Vê o<br />

Senhor Comissário alguma oportunidade de,<br />

com a liberalização do mercado da energia, as<br />

condições para o armazenamento final e<br />

desactivação ficarem também sujeitas a normas<br />

comuns?<br />

2-389<br />

Andris Pielbags, Membro da Comissão. – (EN)<br />

Infelizmente, não vejo a relação entre a<br />

liberalização e o modo como ela influenciaria a<br />

posição de um Estado-Membro. Instrumento<br />

muito mais forte de influência é o Grupo de<br />

Alto Nível para a segurança do tratamento de<br />

resíduos nucleares, porque esse é o modo de<br />

proceder e de reunir todos os Estados-Membros<br />

– os que dispõem e os que não dispõem de<br />

energia nuclear – e de fazer progredir realmente<br />

estas questões. A liberalização do mercado não<br />

terá qualquer efeito, porque a energia nuclear<br />

faz parte do conjunto energético nacional, e<br />

cada país gostaria de tomar as suas próprias<br />

decisões.<br />

Trata-se de uma questão política altamente<br />

sensível, motivo por que creio que a<br />

liberalização do mercado não terá qualquer<br />

influência sobre esse tipo de decisões. Os países<br />

que normalmente se opõem à utilização de<br />

energia nuclear não irão mudar de opinião. Os<br />

países que utilizam energia nuclear irão<br />

continuar a utilizá-la. Logo, creio que a melhor<br />

maneira de promover a directiva é trabalhar<br />

num grupo de alto nível dos 27 Estados-<br />

Membros e, desse modo, estabelecer um<br />

consenso mais amplo na fixação de critérios<br />

mais elevados de segurança nuclear e melhor<br />

tratamento dos resíduos nucleares.<br />

2-390<br />

Danutė Budreikaitė (AL<strong>DE</strong>). – (LT) Gostaria<br />

de inquirir sobre a possibilidade de se criar uma<br />

Dimensão do Mar Negro. Existe a Dimensão<br />

Nórdica, na qual se incluiu com êxito a Rússia e<br />

cujos acordos estão a ser cumpridos (embora a<br />

Rússia nem sempre o faça). Seria possível<br />

utilizar alguns elementos da Dimensão Nórdica<br />

para a constituição de uma Dimensão do Mar<br />

Negro, e adoptar assim uma posição abrangente<br />

em relação a todos os assuntos?<br />

2-391<br />

Andris Pielbags, Membro da Comissão. – (EN)<br />

A principal razão para o encerramento dos<br />

reactores foi a dúvida suscitada pelos níveis de<br />

segurança. O assunto foi amplamente debatido<br />

no decurso de toda a estratégia de pré-adesão,<br />

tendo a decisão sido tomada pelas autoridades<br />

búlgaras com base na avaliação da segurança. O<br />

encerramento nada tem a ver com fornecimento<br />

ou falta de fornecimento, mas sim com a<br />

segurança. Esse o motivo por que creio não<br />

haver processo de fazermos concessões<br />

relativamente a este assunto. Se fosse por<br />

qualquer outro motivo, como, por exemplo,<br />

excesso de energia – mas não foi, foi apenas por<br />

razões de segurança, reconhecidas pelas<br />

autoridades búlgaras, quando subscreveram o<br />

Tratado. Além disso, este Tratado foi ratificado<br />

em todos os Estados-Membros, o que significa<br />

que não só os governos que o subscreveram<br />

assumiram uma obrigação, como também essa<br />

obrigação foi aprovada pelos cidadãos de todos<br />

os Estados-Membros. Em minha opinião, não<br />

existem novos dados que nos permitam voltar<br />

atrás sobre esta decisão.<br />

2-392<br />

Presidente. - Pergunta nº 36 do Dimitrios<br />

Papadimoulis (H-0474/07)<br />

Assunto: Manutenção das reservas de combustíveis na<br />

Grécia<br />

A Comissão grega da concorrência, com a sua decisão<br />

334/V/<strong>2007</strong> adoptada depois de examinar o mercado dos


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 260<br />

produtos petrolíferos, apresentou uma série de medidas e<br />

propostas em que é feita uma referência particular à<br />

manutenção das reservas. A Comissão grega da<br />

Concorrência já tinha, numa consulta pública, constatado<br />

problemas com o regime de manutenção das reservas: "Com<br />

o actual regime jurídico de manutenção de reservas de<br />

segurança, impedem-se, de facto, as importações de<br />

produtos petrolíferos e, portanto, a concorrência a nível da<br />

refinação é limitada às duas unidades de refinação locais.<br />

Isto acontece porque não enfrentam fortes pressões da<br />

concorrência dos preços (inferiores) de importação, o que<br />

faz com que as duas refinarias locais cobrem preços às<br />

empresas de comercialização de combustíveis na Grécia<br />

mais elevados que nos outros Estados-Membros da UE<br />

apesar do baixo custo do petróleo bruto de que beneficiam<br />

as companhias de refinação locais".<br />

Adoptou o governo grego as medidas propostas pela<br />

Comissão grega da concorrência? Como comenta a<br />

Comissão o regime de manutenção de reservas em vigor e as<br />

soluções propostas? Tenciona a Comissão fazer diligências<br />

junto do governo grego para que adopte as propostas supra,<br />

e outras, para reforçar a concorrência?<br />

2-393<br />

Andris Pielbags, Membro da Comissão. – (EN)<br />

A legislação em vigor na UE deixa a cargo dos<br />

Estados-Membros decidir qual o sistema de<br />

manutenção das reservas, impondo certas<br />

obrigações relativamente aos seus níveis. Essa<br />

legislação impõe certos requisitos no que<br />

respeita a acordos internos para manter essas<br />

reservas separadas de certas condições de ordem<br />

geral que se aplicam a acordos no domínio da<br />

posse de reservas, como, por exemplo, os<br />

princípios de justiça, de não-discriminação e de<br />

transparência.<br />

Com base na informação fornecida pelas<br />

autoridades gregas, a Comissão Europeia<br />

considera, por enquanto, não haver provas que<br />

justifiquem um processo por infracção<br />

relacionado com os convénios sobre a posse de<br />

reservas estabelecidos nos termos da directiva.<br />

Tomando em consideração o que atrás fica dito,<br />

a Comissão continuará a controlar regularmente<br />

o nível das reservas mantidas na Grécia, a fim<br />

de garantir os níveis exigidos pela legislação da<br />

UE. Ao mesmo tempo, a Comissão Europeia<br />

gostaria de fazer notar que, em 2001, o Tribunal<br />

de Justiça Europeu decidiu que um convénio<br />

sobre a posse de reservas na Grécia não<br />

regulado pela directiva atrás referida violava o<br />

artigo 28º do Tratado da Comunidade Europeia<br />

sobre a livre circulação de bens. O caso foi<br />

encerrado depois de a Comissão ter sido<br />

informada de que as autoridades gregas<br />

respeitavam a decisão do Tribunal de Justiça.<br />

Todavia, se houver novos elementos que<br />

signifiquem uma violação do artigo 28º, como,<br />

por exemplo, a proibição ou restrição de bens<br />

importados, a Comissão Europeia irá examinar<br />

essa nova informação pormenorizada.<br />

2-394<br />

Dimitrios Papadimoulis (GUE/NGL). – (EL)<br />

Senhor Comissário, os novos elementos são as<br />

propostas da própria Comissão da Concorrência<br />

grega, que diz que os actuais níveis elevados de<br />

reservas impostos pela legislação vigente estão<br />

na prática a impedir as importações de produtos<br />

acabados e a favorecer as posições oligopolistas,<br />

dada a presença dominante de duas refinarias de<br />

petróleo na Grécia.<br />

A Grécia tem alguns dos preços de petróleo préimpostos<br />

mais elevados da União Europeia.<br />

A pergunta é esta: tenciona intervir junto das<br />

autoridades gregas no que se refere à aplicação<br />

das propostas da Comissão da Concorrência<br />

grega ou prefere assumir o papel de Pôncio<br />

Pilatos?<br />

2-395<br />

Andris Pielbags, Membro da Comissão. – (EN)<br />

A Comissão cumpre as suas obrigações de<br />

modo muito responsável, controlando realmente<br />

tanto o nível das reservas, como os acordos.<br />

Nesta fase, não temos qualquer prova de que a<br />

Grécia se encontre em situação de transgressão<br />

da legislação relativa às reservas. Se recebermos<br />

novas informações de que a Grécia está a<br />

transgredir essa legislação, daremos<br />

imediatamente início a um processo por<br />

infracção. Ao mesmo tempo, seria errado<br />

equacionar reservas com preços mais elevados,<br />

uma vez que as reservas têm uma influência<br />

extremamente mínima sobre o nível dos preços<br />

dos produtos petrolíferos.<br />

2-396<br />

Presidente. - Pergunta nº 37 do Justas Vincas<br />

Paleckis (H-0480/07)<br />

Assunto: Oleoduto "Družba"<br />

Em Julho do ano passado, a Rússia suspendeu o<br />

fornecimento de petróleo à Lituânia e à Letónia através do<br />

oleoduto "Družba". Desde há quase um ano que não temos<br />

quaisquer informações oficiais sobre os motivos da<br />

suspensão e as perspectivas de os fornecimentos serem<br />

retomados. A Rússia apresenta como justificação o facto de<br />

estar ainda em curso o estudo económico e técnico sobre a<br />

reparação do oleoduto "Družba", no termo do qual se<br />

verificará se é rentável para a Rússia reparar o oleoduto ou<br />

se deve ser construído um novo oleoduto Unečia – Velikije<br />

Luki – Primorsk. Segundo os peritos, o Governo russo<br />

tomou já a decisão política de renunciar ao oleoduto<br />

"Družba", dado que o novo oleoduto ofereceria à Rússia a<br />

possibilidade de não ter de fazer transitar o petróleo através<br />

de território bielorrusso e polaco para, em vez disso, o<br />

transportar directamente para a União Europeia através do<br />

porto de Primorsk, no Mar Báltico. Tal contradiz a estratégia<br />

da UE de transportar menos petróleo por via marítima, a fim<br />

de evitar as consequências ecológicas negativas, e terá<br />

consequências significativas para o aprovisionamento de<br />

petróleo de oito Estados, entre os quais se contam seis<br />

Estados-Membros da UE, a saber, a Lituânia, a Polónia, a<br />

Hungria, a Eslováquia, a República Checa e a Alemanha.


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 261<br />

Em Março, os Chefes de Estado e de Governo da UE<br />

declararam que o objectivo da política energética era<br />

garantir a segurança do abastecimento dos<br />

Estados-Membros da UE com fontes energéticas e a<br />

diversificação da respectiva infra-estrutura. A desactivação<br />

do oleoduto "Družba" significará um malogro claro desta<br />

política europeia. Que medidas concretas pensa a Comissão<br />

adoptar para obviar a esta situação? Quais são os<br />

prognósticos e as recomendações da Rede dos<br />

Correspondentes de Segurança Energética (NESCO)?<br />

2-397<br />

Andris Pielbags, Membro da Comissão. – (EN)<br />

Desde o início da suspensão do fornecimento de<br />

petróleo através do oleoduto de Druzhba que a<br />

Comissão Europeia pediu ao lado russo<br />

transparência e informações a respeito das<br />

medidas previstas para remediar a situação. Essa<br />

transparência foi repetidamente solicitada por<br />

carta, bem como em vários encontros bilaterais<br />

ao mais alto nível, inclusive na última Cimeira<br />

UE-Rússia, que teve lugar em Maio de este ano.<br />

A Comissão faz notar a resolução do Governo<br />

russo de prosseguir com os preparativos para a<br />

construção de um oleoduto entre Unecha e o<br />

terminal de Primorsk, no Báltico, uma evolução<br />

que presumivelmente podia conduzir à redução<br />

dos fornecimentos através do oleoduto de<br />

Druzhba.<br />

A possibilidade de aumento das exportações de<br />

petróleo através de Primorski realça a<br />

importância de um forte quadro legislativo para<br />

a segurança marítima, bem como os riscos<br />

ambientais relacionados com o tráfego de<br />

petroleiros e da eficaz implementação desse<br />

quadro legislativo. O Mar Báltico constitui um<br />

foco de particular atenção, com o seu<br />

estabelecimento de linhas de tráfego e o<br />

controlo de tráfego de petroleiros de um só<br />

tanque pela Agência Europeia da Segurança<br />

Marítima - EMSA. No decurso do diálogo sobre<br />

os transportes, acordou-se em que a segurança<br />

marítima é um dos assuntos mais importantes.<br />

A Comissão considera que, quando se trata de<br />

segurança marítima ou de riscos ambientais, o<br />

transporte de petróleo através de oleoduto é<br />

preferível ao transporte por petroleiros. Cumpre<br />

que investidores e promotores tomem esses<br />

riscos em consideração. Em Março de <strong>2007</strong>, o<br />

Conselho Europeu aprovou uma política<br />

energética para a <strong>Europa</strong>, que incluía um<br />

minucioso plano de acção que explica essa<br />

política, que devia ser apreciada como um todo.<br />

A segurança de abastecimento devia conseguirse<br />

mediante progressos em várias partes do<br />

plano de acção, particularmente o<br />

estabelecimento e funcionamento do mercado<br />

interno da energia e acordos de solidariedade no<br />

mercado entre os Estados-Membros. Esses<br />

progressos incluem igualmente a diversificação<br />

da energia, com um esforço em termos de<br />

eficácia energética e, em último lugar, mas não<br />

menos importante, um esforço no sentido da<br />

consecução de uma forte univocidade nas<br />

relações externas em matéria de energia.<br />

A Rede de Correspondentes de Segurança em<br />

matéria de Energia criada em Maio acaba<br />

precisamente de preparar o seu trabalho, indo,<br />

porém, futuramente ser um óptimo instrumento<br />

de avaliação dos riscos do fornecimento<br />

externo.<br />

2-398<br />

Justas Vincas Paleckis (PSE). – (EN) Muito<br />

obrigado, Senhor Comissário, pela sua exaustiva<br />

resposta. Na Lituânia, tanto o povo como o<br />

Governo apreciam devidamente os esforços da<br />

Comissão. Não obstante, o oleoduto de Druzhba<br />

não funciona. Lamento dizer que a Rússia não<br />

está disposta a cooperar. Qual é o papel da Rede<br />

de Correspondentes de Segurança em matéria de<br />

Energia nesta história?<br />

2-399<br />

Andris Pielbags, Membro da Comissão. – (EN)<br />

No que diz respeito ao oleoduto de Druzhba,<br />

não existe outro instrumento que continue a<br />

manter esta assunto na agenda. A NESCO<br />

(Rede de Correspondentes para a Segurança<br />

Energética) não pode, realmente, ajudar: a sua<br />

função é evitar ou antecipar a suspensão de<br />

fornecimento, motivo por que não pode<br />

proporcionar a necessária informação.<br />

Nós não estamos a pedir demasiado. Temos<br />

necessidade de dados precisos e de<br />

compromissos. Será que utilizarão o oleoduto?<br />

Em caso afirmativo, quando esperam fazê-lo?<br />

Não estamos a pedir dados secretos. Estamos a<br />

fazer apenas perguntas normais que bons<br />

vizinhos deveriam fazer entre si, porquanto nada<br />

têm a ver com a segurança do abastecimento.<br />

Dizemos que a utilização do oleoduto é uma<br />

ideia positiva, porque põe termo ao<br />

congestionamento dos mares e reduz os riscos<br />

ambientais.<br />

Todos esperamos que o oleoduto regresse ao<br />

serviço o mais brevemente possível e, se<br />

necessário, estaremos dispostos a proporcionar<br />

o apoio que seja necessário. Logo, a NESCO<br />

tem, em tudo isto, um papel muito limitado,<br />

uma vez que é apenas um instrumento destinado<br />

a mitigar os riscos de abastecimento.<br />

2-400<br />

Paul Rübig (PPE-<strong>DE</strong>). – (<strong>DE</strong>) Senhor<br />

Comissário, recorremos a coordenadores que se<br />

ocupam dos vários oleodutos. Pensa que seria<br />

também uma boa solução a designação de um<br />

coordenador no caso do oleoduto de Druzhba?


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 262<br />

2-401<br />

Andris Pielbags, Membro da Comissão. – (EN)<br />

Até ao momento, ainda não dispomos de redes<br />

transeuropeias de energia para o petróleo.<br />

Pessoalmente, diria que já é mais do que tempo<br />

de reconsiderarmos a situação, porque, no que<br />

diz respeito ao petróleo, subestimámos os riscos<br />

do abastecimento. Logo, devíamos trazer de<br />

novo o petróleo ao nosso debate sobre a energia,<br />

tanto neste Parlamento, como no Conselho e na<br />

Comissão.<br />

Actualmente, estamos a preparar um estudo em<br />

que se procede à avaliação de todos os riscos<br />

inerentes ao abastecimento do petróleo, de que<br />

partes do globo o recebemos, qual o papel<br />

desempenhado pela congestão dos mares, de<br />

onde provêm os riscos, etc. Creio que a certa<br />

altura devíamos passar à promoção de projectos<br />

particulares. Um projecto óbvio relativo ao<br />

petróleo, cujo desenvolvimento gostaríamos de<br />

promover é a inversão do fluxo do oleoduto<br />

Odessa-Brody-Płock-Gdańsk, uma vez que ele<br />

transporta o petróleo da congestionada região do<br />

Mar Negro para os seus mercados. É um<br />

projecto que já posso mencionar, e em que eu<br />

consideraria a necessidade de um tal<br />

coordenador. Todavia, o actual quadro jurídico<br />

não se aplica ao petróleo.<br />

2-402<br />

Presidente. - As perguntas que, por falta de<br />

tempo, não obtiveram resposta obtê-la-ão<br />

ulteriormente por escrito (ver Anexo).<br />

Está encerrado o período de perguntas.<br />

(A sessão, suspensa às 19h<strong>10</strong>, é reiniciada às<br />

21 horas).<br />

2-403<br />

PRESIDÊNCIA: MAURO<br />

Vice-presidente<br />

2-404<br />

Composição das comissões e das delegações:<br />

ver Acta<br />

2-405<br />

Execução do primeiro pacote ferroviário<br />

(debate)<br />

2-406<br />

Presidente. - Segue-se na ordem do dia o<br />

relatório (A6-0219/<strong>2007</strong>) do deputado Cramer,<br />

em nome da Comissão dos Transportes e do<br />

Turismo, sobre a execução do primeiro pacote<br />

ferroviário (2006/2213(INI))<br />

2-407<br />

Michael Cramer (Verts/ALE), relator. – (<strong>DE</strong>)<br />

Senhor Presidente, Senhoras e Senhores,<br />

gostaria de começar por manifestar a minha<br />

profunda gratidão aos relatores-sombra pela sua<br />

cooperação no primeiro pacote ferroviário.<br />

De um modo geral, pode dizer-se que o primeiro<br />

pacote ferroviário foi um êxito total. A abertura<br />

das redes europeias ao transporte ferroviário de<br />

mercadorias provou o seu valor, tendo-se<br />

revelado especialmente eficazes os países que já<br />

se haviam preparado previamente para esta<br />

situação, em vez de esperarem que as redes<br />

fossem abertas. A Alemanha, por exemplo,<br />

conseguiu aumentar o tráfego ferroviário de<br />

mercadorias em 25%, e os Países Baixos em<br />

42,5%, desde a abertura das redes, e o Reino<br />

Unido e a Polónia aumentaram a quota das<br />

mercadorias transportadas por via-férrea em<br />

60%, embora no caso do Reino Unido ela<br />

estivesse a um nível reduzido. Isto é benéfico<br />

para o ambiente e o transporte na <strong>Europa</strong>.<br />

Os países que não se prepararam para isto, que<br />

esperaram até ao último momento, não estão a<br />

obter resultados tão bons. França, por exemplo,<br />

que só abriu as suas linhas de transporte de<br />

mercadorias no início do corrente ano, registou<br />

no mesmo período uma quebra de 28% no<br />

transporte ferroviário de mercadorias. O volume<br />

de mercadorias transportadas por rodovia<br />

aumentou, o que dificilmente se coaduna com a<br />

política para o clima actualmente prevalecente.<br />

No meu relatório refiro também o facto de ter<br />

permanecido inalterada a repartição modal na<br />

generalidade, o que se fica evidentemente a<br />

dever à inexistência de condições justas de<br />

enquadramento para os diferentes modos de<br />

transporte. As nossas condições de<br />

enquadramento são tremendamente injustas.<br />

Podemos também afirmar que os transportes são<br />

demasiado baratos na <strong>Europa</strong> e que só o<br />

transporte ferroviário, que é amigo do ambiente,<br />

é demasiado caro.<br />

Temos também práticas injustas de apoio<br />

através de subsídios. Aproximadamente 95% do<br />

co-financiamento total dos transportes pela UE<br />

é canalizado para o transporte rodoviário, e não<br />

para o ferroviário, como é repetidamente<br />

defendido em discursos de opereta. Estou, por<br />

isso, muito satisfeito por a comissão ter<br />

conseguido chegar a um acordo que prevê que,<br />

no futuro, 40% das despesas com transportes<br />

deverão ser canalizadas para a ferrovia. É<br />

inaceitável que os nossos esforços sejam<br />

contrariados por práticas deficientes de<br />

financiamento.<br />

Entre as condições injustas de enquadramento<br />

figura inter alia a cobrança pela UE de taxas<br />

obrigatórias pela utilização das ferrovias por


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 263<br />

todas as composições em todas as linhas, sem<br />

um limite máximo, ao passo que as portagens<br />

rodoviárias têm um limite máximo, são<br />

voluntárias – uma vez que os Estados-Membros<br />

podem decidir cobrá-las ou não – e se aplicam<br />

apenas a auto-estradas e aos veículos pesados<br />

com mais de 12 toneladas. Isto é concorrência<br />

desleal e tal panorama deve ser modificado se se<br />

pretende dar uma possibilidade aos caminhosde-ferro.<br />

Alguns dos novos Estados-Membros estão, por<br />

exemplo, a aplicar taxas muito elevadas ao<br />

transporte ferroviário de mercadorias, sendo que<br />

as oito taxas mais elevadas pela utilização da<br />

ferrovia são cobradas em novos Estados-<br />

Membros. Estas elevadas taxas são<br />

simultaneamente usadas para subsidiar o<br />

transporte de passageiros, que recebe poucas ou<br />

nenhumas subvenções do Estado, ao passo que<br />

o transporte rodoviário de mercadorias escapa<br />

às taxas. Ora isto é um modelo de como<br />

transferir o transporte da ferrovia para a<br />

rodovia, o que é exactamente o contrário<br />

daquilo que o Comissário competente e a UE<br />

estão sempre a declarar que é o seu objectivo<br />

assumido.<br />

Queremos concorrência leal mas o quadro para<br />

esta concorrência leal ainda não está concluído,<br />

precisamente porque os operadores ferroviários<br />

que não possuem uma longa tradição como<br />

empresas públicas vêem os seus intentos<br />

repetidamente frustrados na <strong>Europa</strong>.<br />

Queixaram-se, por exemplo, de que o acesso à<br />

rede ou a um troço ferroviário favorável não<br />

pode ser autorizado porque esse troço já foi<br />

atribuído ao operador ferroviário pertencente ao<br />

grupo dominante, que as suas aspirações não<br />

podem ser satisfeitas em virtude de um<br />

alargamento ou da desmontagem de uma linha<br />

de ligação por uma empresa pública, que foram<br />

determinadas baixas velocidades (limites de<br />

velocidade) em troços sem haver razão para tal,<br />

de forma a frustrar os desejos dos novos<br />

operadores de transportes ferroviários de<br />

mercadorias, que os preços de determinados<br />

troços foram drasticamente aumentados quando<br />

os operadores ferroviários públicos foram<br />

vendidos a outras empresas, que a atribuição de<br />

subsídios cruzados não está a ser evitada e que<br />

as empresas não-públicas pagam<br />

frequentemente a energia a preços mais<br />

elevados do que as subsidiárias do mesmo<br />

grupo.<br />

Como podem ver, apesar do nosso êxito muito<br />

está por fazer e, globalmente, a situação da<br />

repartição modal entre rodovia e ferrovia na<br />

<strong>Europa</strong> não tem melhorado, mas sim piorado.<br />

Mas podemos afirmar o seguinte: o primeiro<br />

pacote ferroviário veio pôr termo ao declínio.<br />

Para melhorarmos a situação necessitamos<br />

agora de condições justas de enquadramento do<br />

tráfego ferroviário na <strong>Europa</strong>.<br />

2-408<br />

Jacques Barrot, Vice-Presidente da Comissão.<br />

- (FR) Senhor Presidente, Senhoras e Senhores<br />

Deputados, congratulo-me com o facto de o<br />

Parlamento Europeu se ter encarregado de<br />

apreciar o relatório da Comissão sobre a<br />

implementação do primeiro pacote ferroviário<br />

de 3 de Maio de 2006, e gostaria de agradecer<br />

muito especialmente ao senhor deputado<br />

Michael Cramer, autor do relatório, pelo seu<br />

trabalho muito sério e sólido.<br />

O que está em jogo na política ferroviária<br />

europeia é criar um quadro regulamentar que<br />

encoraje os novos investimentos e a prestação<br />

de serviços de transporte competitivos num<br />

espaço ferroviário comum. A criação desse<br />

espaço ferroviário comum exige a transposição<br />

integral e correcta das disposições comunitárias.<br />

No seu relatório de 2006, a Comissão tinha<br />

identificado as condições a cumprir para<br />

enfrentar o desafio; recordarei as mais<br />

importantes.<br />

Em primeiro lugar, a reestruturação das<br />

empresas históricas deve ser terminada. Deve<br />

processar-se no respeito das condições de<br />

separação contabilística e de neutralidade das<br />

funções essenciais como a da alocação das<br />

capacidades e a tarifação. Em segundo lugar, os<br />

princípios subjacentes à tarifação da infraestrutura<br />

ferroviária devem ser estabelecidos<br />

tendo em conta a tarifação dos outros modos de<br />

transporte. Tal deve inscrever-se numa<br />

estratégia global que favoreça uma concorrência<br />

justa entre os modos, e portanto o<br />

desenvolvimento sustentável. Em terceiro lugar,<br />

o bom funcionamento dos órgãos de controlo e<br />

segurança exige que esses mesmos órgãos sejam<br />

dotados dos necessários recursos financeiros e<br />

humanos. Esses órgãos devem gozar de uma<br />

real independência.<br />

O Parlamento Europeu retoma em larga medida<br />

as prioridades de acção identificadas pela<br />

Comissão. Essas prioridades põem em evidência<br />

as condições de concorrência intermodal e<br />

intramodal, assim como as regras que regem a<br />

separação entre infra-estrutura e exploração.<br />

No que respeita às condições que permitem uma<br />

concorrência intermodal, a Comissão pretende<br />

criar um quadro concorrencial justo e<br />

equilibrado. No seu relatório, Senhor Deputado<br />

Cramer, o senhor refere uma concorrência mais


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 264<br />

justa entre modos de transporte, através<br />

nomeadamente da internalização dos custos<br />

externos do transporte rodoviário. Na altura da<br />

adopção da Directiva "Eurovinheta",<br />

comprometi-me a apresentar, em Junho de<br />

2008, uma metodologia para a internalização<br />

dos cursos externos. Pois bem, esse<br />

compromisso será mantido!<br />

Quanto às condições de concorrência<br />

intramodal, apoio a vossa posição em prol do<br />

desenvolvimento rápido do sistema europeu de<br />

sinalização ERTMS/ETCS e da redução do<br />

nível de barulho das composições.<br />

Relativamente a este último ponto, a saber, os<br />

danos sonoros, apresentarei uma comunicação<br />

da Comissão sobre as medidas a tomar.<br />

Estamos também de acordo no que se refere às<br />

infra-estruturas, que constituem a prioridade<br />

para a promoção de uma boa eficiência do<br />

transporte ferroviário de frete. Em Outubro<br />

proporei à Comissão uma comunicação sobre<br />

uma rede ferroviária centrada no frete na<br />

<strong>Europa</strong>. Esse documento apresentará um Plano<br />

de Acção que cobrirá as principais sugestões da<br />

vossa resolução.<br />

Por fim, estou inteiramente de acordo com a<br />

necessidade de uma neutralidade estrita das<br />

funções essenciais para termos êxito na política<br />

de abertura dos mercados e no reforço da<br />

concorrência. O vosso relatório descreve os<br />

efeitos positivos da abertura para a eficiência do<br />

frete ferroviário nos países membros que<br />

abriram os seus mercados em primeiro lugar.<br />

Por fim, gostaria de lhes recordar o quanto a<br />

Comissão tenciona fazer tudo o que estiver ao<br />

seu alcance para que os Estados-Membros<br />

ponham efectivamente em prática as disposições<br />

dos pacotes ferroviários. E, se tal for necessário,<br />

instauraremos processos de infracção. Um<br />

mercado europeu só pode desenvolver-se se o<br />

quadro regulamentar for coerente no conjunto<br />

do seu território. O acesso não discriminatório<br />

aos serviços anexos ao transporte ferroviário,<br />

por exemplo nas estações de triagem, é<br />

essencial para o bom funcionamento do<br />

mercado ferroviário. Os meus serviços estão a<br />

avaliar também as opções com vista a uma<br />

reforma da legislação do primeiro pacote<br />

ferroviário sobre este ponto, o que nos<br />

conduzirá a uma reforma do código ferroviário<br />

europeu no próximo ano.<br />

Eis o que queria dizer em resposta ao senhor<br />

deputado Cramer, a quem agradeço mais uma<br />

vez. Quero evidentemente confirmar-lhe que a<br />

intenção da Comissão e deste seu Comissário é,<br />

com efeito, de fazer todos os possíveis para que<br />

a transferência modal em benefício do caminhode-ferro<br />

seja tão substancial quanto possível<br />

durante os próximos anos.<br />

Senhor Presidente, passo agora a ouvir os<br />

deputados com toda a atenção, para poder<br />

responder-lhes na conclusão do debate.<br />

2-409<br />

Elisabeth Jeggle, em nome do Grupo PPE-<strong>DE</strong>.<br />

– (<strong>DE</strong>) Senhor Presidente, Senhor Comissário,<br />

Senhoras e Senhores, Senhor Deputado Michael<br />

Cramer, como sabe nem sempre achei o seu<br />

relatório muito entusiasmante em todos os<br />

aspectos, e é desnecessário recordá-lo aqui e<br />

agora. Falta ao relatório do senhor deputado<br />

equilíbrio e relevância prática.<br />

Por exemplo, muito do conteúdo das suas<br />

disposições não tem relação com a aplicação do<br />

primeiro pacote ferroviário. Foi por esta razão<br />

que eu e o nosso coordenador, o Senhor<br />

Deputado Jarzembowski, apresentámos 20<br />

alterações, sendo que destas apenas 11 implicam<br />

a supressão de números inteiros. Fiquei<br />

satisfeita com o resultado da votação na<br />

Comissão dos Transportes e do Turismo.<br />

Constituem pontos importantes, em primeiro<br />

lugar, o apelo da Comissão a que se actue, sem<br />

demora, contra os Estados-Membros que não<br />

aplicaram ainda o primeiro e o segundo pacotes<br />

ferroviários na data estabelecida. Em segundo<br />

lugar, consideramos importante, no que se<br />

refere ao financiamento do novo alargamento<br />

dos eixos de transporte europeus, que se apoiem<br />

sobretudo os 30 projectos prioritários de redes<br />

transeuropeias. Lamentavelmente não se<br />

conseguiu fazer com que fosse aprovada a<br />

supressão total da secção intitulada<br />

“Regulamentação da separação entre a rede e a<br />

exploração”. Rejeito totalmente uma restrição<br />

da escolha entre os vários modelos de<br />

organização. Necessitamos de provas sólidas e<br />

de saber quais as vantagens e desvantagens que<br />

uma tal separação realmente implica.<br />

Continuamos a necessitar hoje de flexibilidade<br />

para as empresas ferroviárias, e por isso<br />

solicitámos uma votação separada.<br />

Gostaria também de referir brevemente ao<br />

problema dos veículos pesados de mercadorias,<br />

isto é, os camiões extralongos de 60 ou mais<br />

toneladas. Não podemos apoiar a alteração<br />

apresentada pelo senhor deputado Michael<br />

Cramer relativamente a estes veículos na<br />

votação deste relatório amanhã, pois afinal de<br />

contas esta votação diz respeito ao pacote<br />

ferroviário. Estou plenamente de acordo em que<br />

compete à ferrovia o transporte de mercadorias


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 265<br />

e, embora a minha posição possa parecer<br />

contraditória, considero que uma alteração sobre<br />

os veículos pesados de transporte de<br />

mercadorias não tem cabimento neste relatório.<br />

Iremos debater esta questão no contexto do<br />

relatório Ayala Sender e, nessa altura, teremos<br />

tempo de a discutir.<br />

2-4<strong>10</strong><br />

Robert Navarro, em nome do grupo PSE. -<br />

(FR) Senhor Presidente, neste momento em que<br />

traçamos o balanço do primeiro pacote<br />

ferroviário, somos forçados a constatar que<br />

ainda estamos muito longe da meta. Apesar dos<br />

progressos desenvolvidos, e nomeadamente de<br />

termos travado um declínio que parecia<br />

inevitável, a parte modal do caminho-de-ferro<br />

continua ainda demasiado fraca. É tanto mais<br />

lamentável quanto, nestes tempos de<br />

desregulação climática, a escolha da ferrovia vê<br />

a sua pertinência confirmada todos os dias pela<br />

actualidade.<br />

As razões para este balanço de meias tintas, já<br />

as conhecemos: apostámos demasiado na<br />

abertura, de que não podemos com certeza<br />

negar as vantagens, sem nos preocuparmos o<br />

suficiente com os obstáculos técnicos, sobretudo<br />

a falta de interoperabilidade, sabendo que esta<br />

deveria ter acompanhado a abertura a par e<br />

passo, em vez de a seguir de longe.<br />

Esta situação deve-se provavelmente ao facto de<br />

que liberalizar não custa em geral muito caro<br />

aos Estados, enquanto que harmonizar é<br />

completamente diferente. Actualmente, neste<br />

preciso momento em que recomeçamos enfim a<br />

enfrentar os problemas da interoperabilidade,<br />

parece-me portanto preocupante que, a coberto<br />

de co-modalidade, os objectivos da<br />

transferência modal para o caminho-de-ferro,<br />

nomeadamente, passem para segundo plano. Em<br />

vez de rever os objectivos em baixa, deveríamos<br />

ter revisto em alta os meios intelectuais, tanto<br />

como os financeiros.<br />

Espero que este relatório contribua portanto<br />

para recordar o caminho que ainda nos resta<br />

percorrer para voltarmos a dar ao caminho-deferro<br />

o lugar que ele merece.<br />

2-411<br />

Nathalie Griesbeck, em nome do grupo AL<strong>DE</strong>.<br />

- (FR) Senhor Presidente, Senhor Comissário,<br />

caros colegas, como já salientaram antes de<br />

mim, o primeiro pacote tinha por objecto lançar<br />

as bases de um espaço ferroviário europeu<br />

integrado e, através da modernização da rede,<br />

encorajar a transferência do transporte de<br />

mercadorias da rodovia para a ferrovia, de<br />

forma a reduzir a produção de CO2 e também,<br />

evidentemente, todos os engarrafamentos<br />

rodoviários de que sofre a nossa <strong>Europa</strong>. Quero<br />

agradecer ao meu colega, o senhor deputado<br />

Michael Cramer, pelo seu relatório de iniciativa,<br />

que traça um balanço completo da aplicação do<br />

primeiro pacote, sem no entanto omitir todos os<br />

elementos que afectam a eficiência do caminhode-ferro<br />

e todos os elementos que travam a<br />

concretização dos objectivos que nos tínhamos<br />

fixado.<br />

Saliente-se em primeiro lugar, com efeito, que a<br />

abertura à concorrência da rede ferroviária, ao<br />

mesmo tempo que manteve um elevadíssimo<br />

grau de segurança, permitiu um aumento<br />

claramente significativo do transporte de<br />

mercadorias, pelo menos globalmente no seio da<br />

União Europeia, e algumas pequenas empresas<br />

ferroviárias puderam também interessar-se por<br />

nichos considerados pouco rentáveis pelas<br />

operadoras históricas.<br />

Congratulo-me com o facto de o relatório<br />

colocar também a tónica no actual sistema de<br />

tarifação no que respeita à utilização da infraestrutura,<br />

a qual não permite o estabelecimento<br />

de uma concorrência leal entre os diferentes<br />

modos de transporte de mercadorias. Penso que,<br />

neste momento, é indispensável conseguir o<br />

mais rapidamente possível uma harmonização<br />

das portagens limitadas por sector que possa ter<br />

mais em conta a internalização dos custos<br />

externos e que limite o aumento exponencial a<br />

que estamos actualmente a assistir.<br />

Penso também que será necessário rediscutir a<br />

Directiva Eurovinheta, já que esta constituiu um<br />

avanço que devemos prosseguir, e congratulome<br />

com o facto de o senhor ter confirmado esta<br />

noite, Senhor Comissário, que estavam previstas<br />

discussões sobre este assunto a partir de Junho<br />

de 2008. Por outro lado, Senhor Comissário,<br />

espero que a Comissão, com o senhor, iniciem<br />

rapidamente um processo de modernização e<br />

desenvolvimento das infra-estruturas<br />

intermodais, sobretudo nos corredores<br />

internacionais das TTR, passando pela<br />

instalação do sistema ERTMS e permitindo uma<br />

verdadeira junção com as infra-estruturas<br />

portuárias, por um lado, e por outro com as<br />

infra-estruturas fluviais.<br />

Por fim, gostaria que a Comissão apresentasse<br />

recomendações com vista ao saneamento<br />

financeiro dos caminhos-de-ferro que, do meu<br />

ponto de vista, deverá ter em conta o<br />

desendividamento de que beneficiaram algumas<br />

operadoras históricas de forma a colocar o<br />

conjunto dos actores do transporte ferroviário<br />

em pé de igualdade.


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 266<br />

2-412<br />

Roberts Zīle, em nome do Grupo UEN. – (LV)<br />

Senhor Presidente, Senhor Comissário Barrot,<br />

antes de mais gostaria de agradecer ao senhor<br />

deputado Cramer pelo seu relatório, mesmo<br />

perante as avaliações altamente contraditórias<br />

de que foi alvo. Nos meus breves comentários<br />

gostaria de aflorar apenas um aspecto – fiquei<br />

satisfeito por constatar que o relatório sublinha<br />

que, apesar da liberalização do mercado do<br />

transporte ferroviário de mercadorias, os países<br />

situados na fronteira da União Europeia, tais<br />

como os Estados Bálticos, na realidade estão<br />

dependentes dos clientes do transporte de<br />

mercadorias e isto, no nosso caso, normalmente<br />

significa a Rússia. Se, no entanto, a Rússia<br />

decidir funcionar com uma empresa ferroviária<br />

monopolista, então torna-se relativamente difícil<br />

para nós discernir o impacto real que a<br />

introdução deste primeiro pacote de legislação<br />

ferroviária possa ter. Como tal, penso que esta<br />

questão necessita de continuar a ser discutida<br />

com a Rússia, também com outros aspectos<br />

potenciais em mente, e isto é particularmente<br />

verdadeiro face ao anúncio feito pelo Sr.<br />

Serguei Ivanov, Vice-Primeiro-Ministro russo,<br />

relativamente à deslocação do fluxo de<br />

mercadorias transportadas em contentores<br />

apenas para portos russos. Obrigado.<br />

2-413<br />

Erik Meijer, em nome do Grupo GUE/NGL. –<br />

(NL) Senhor Presidente, já há muitos anos que<br />

todos afirmam que os caminhos-de-ferro estão a<br />

perder a batalha do transporte de mercadorias<br />

em todos os países europeus. Isto aplica-se<br />

mesmo ao transporte transfronteiriço de longo<br />

curso. O sistema ferroviário é adequado para o<br />

transporte em massa e, em alguns casos, foram<br />

construídas linhas especiais para esse fim,<br />

sobretudo dentro e em torno de zonas industriais<br />

na Alemanha. Também a recentemente<br />

inaugurada linha de Betuwe nos Países Baixos,<br />

que faz parte do corredor de mercadorias Nº 1<br />

de Roterdão para Génova, através da Alemanha<br />

e da Suíça, é uma dessas linhas especiais que é<br />

totalmente inadequada para o transporte de<br />

passageiros.<br />

Apesar desta vantajosa posição de partida dos<br />

caminhos-de-ferro, a percentagem de<br />

mercadorias transportadas por caminho-de-ferro<br />

decresceu e, em certos casos, até mesmo o<br />

volume está a decrescer. Grande parte desse<br />

transporte foi assumido pelo camião, e o enorme<br />

crescimento do volume de mercadorias está em<br />

larga medida a ser processado por auto-estrada,<br />

o que contribui para o crescente<br />

congestionamento dessas vias.<br />

Esta transferência fica em grande parte a deverse<br />

à infra-estrutura. No passado, os caminhosde-ferro<br />

dispunham de uma rede muito<br />

ramificada, que cobria tanto as aldeias em zonas<br />

rurais como os portos e as zonas industriais nas<br />

cidades. Para além das linhas de mercadorias,<br />

existiam também estações de contentores onde<br />

as carruagens de mercadorias eram concentradas<br />

e redistribuídas pelos diferentes comboios. Uma<br />

vez que muitas empresas dispunham das suas<br />

próprias ligações à rede ferroviária, as<br />

carruagens de mercadorias podiam viajar<br />

directamente entre o cais de um porto e uma<br />

empresa distante sem que houvesse necessidade<br />

de proceder ao transbordo de mercadorias<br />

durante o percurso. Tudo o que hoje se pretende<br />

alcançar com os sistemas multimodais já tinha<br />

sido alcançado então. Infelizmente, os governos<br />

decidiram reduzir a rede de caminhos-de-ferro<br />

em virtude ela ser considerada deficitária.<br />

Numerosas pequenas linhas ferroviárias foram<br />

suprimidas e muitas ligações às empresas<br />

desapareceram. Em contrapartida, investiram-se<br />

milhares de milhões no alargamento do<br />

autêntico sorvedouro de espaço que é da rede de<br />

auto-estradas.<br />

Hoje em dia, o transporte de mercadorias de<br />

porta a porta só pode, em muitos casos, ser<br />

efectuado por camião. Esse modo de transporte<br />

é indispensável para a recolha e a entrega de<br />

mercadorias, e parece, assim, ser também<br />

solução mais fácil utilizar as auto-estradas para<br />

fazer o percurso, muito mais longo, entre o local<br />

de recolha e de entrega. Se a recuperação das<br />

ligações às empresas e as estações de<br />

contentores fossem recuperadas poderia<br />

contribuir consideravelmente para a recuperar o<br />

transporte de mercadorias por caminho-de-ferro.<br />

O primeiro pacote ferroviário baseia-se em parte<br />

na presunção de que o transporte ferroviário<br />

deveria adoptar os métodos de trabalho do<br />

transporte rodoviário e aéreo. Neste caso, são as<br />

empresas internacionais que organizam o<br />

transporte transfronteiriço do princípio ao fim, e<br />

esta é a opção mais atraente para o cliente que<br />

necessita de efectuar um transporte. O meu<br />

grupo sempre realçou que esta não é a única<br />

solução possível. Existe uma alternativa,<br />

nomeadamente uma melhor cooperação entre as<br />

empresas ferroviárias nacionais. Elas não<br />

deveriam olhar umas para as outras como<br />

concorrentes, mas antes como parceiros numa<br />

rede ferroviária europeia abrangente. Encorajálas<br />

a competir entre si faz precisamente com que<br />

essa cooperação seja mais difícil. Até agora não<br />

vimos quaisquer resultados positivos do rumo<br />

tomado. O mercado livre não é, em muitos


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 267<br />

casos, a solução para um problema, mas é<br />

precisamente a sua causa.<br />

O relator tem razão em defender sempre o novo<br />

sistema de segurança normalizado, o Sistema<br />

Europeu de Sinalização Ferroviária (ERTMS).<br />

Concordamos com ele neste ponto. Constatamos<br />

também que o arranque desse sistema está a ser<br />

muito mais lento do que se esperava e que, a par<br />

do novo sistema, deveria ser mantido um<br />

segundo sistema antigo. Graças à reduzida<br />

velocidade média do transporte ferroviário, o<br />

ERTMS causa menos problemas do que as<br />

linhas de alta velocidade para o transporte de<br />

passageiros.<br />

Por último, concordamos com o senhor<br />

deputado Cramer em que o transporte aéreo e o<br />

transporte rodoviário são mantidos<br />

artificialmente baratos, enquanto o transporte<br />

ferroviário é mantido artificialmente caro. Se<br />

nada for feito para mudar essa situação, será o<br />

modo de transporte menos amigo do ambiente<br />

que continuará a triunfar.<br />

2-414<br />

Georg Jarzembowski (PPE-<strong>DE</strong>). – (<strong>DE</strong>)<br />

Senhor Presidente, Senhor Vice-Presidente da<br />

Comissão, Senhoras e Senhores, tivemos aqui<br />

um momento interessante: o senhor deputado<br />

Erik Meijer fez-nos uma reconstituição virtual<br />

da História do caminho-de-ferro. Também ele<br />

deve ter percebido que a própria ideia de<br />

assentar carris entre aldeias para o transporte de<br />

mercadorias é algo de tão lento quanto irrealista.<br />

Não consigo também partilhar da demonização<br />

simplista que o senhor deputado Michael<br />

Cramer faz dos camiões. É que afinal de contas<br />

as empresas de camionagem pagam o imposto<br />

sobre o rendimento colectivo, o imposto<br />

automóvel, o imposto sobre os combustíveis e<br />

as portagens, e por isso a afirmação de que os<br />

camiões circulam gratuitamente e que a<br />

concorrência está distorcida é simplesmente<br />

irrealista. Partilho totalmente da sua opinião de<br />

que não é correcto o Ministério das Finanças<br />

polaco cobrar taxas excessivamente elevadas em<br />

troços rodoviários, mas isso é uma questão que<br />

deve ser tratada pelo Governo polaco e não pela<br />

legislação comunitária. Talvez devêssemos<br />

recordar ao Governo polaco que as taxas pela<br />

utilização de troços rodoviários se destinam a<br />

promover o transporte ferroviário e não a sanear<br />

as finanças públicas polacas. Contudo, isto não<br />

tem absolutamente nada que ver com os<br />

camiões.<br />

Senhor Presidente, gostaria de lhe pedir que se<br />

certificasse de que todos os Estados-Membros<br />

irão aplicar também rapidamente o segundo<br />

pacote ferroviário. É que fizemos pressão para<br />

que fosse aprovada a obrigatoriedade de as<br />

redes ferroviárias estarem abertas à circulação<br />

nacional e transfronteiriça de mercadorias a<br />

partir de 1 de Janeiro do corrente ano, e vejo<br />

esta questão como uma grande oportunidade de<br />

ajudar os mercados europeus a operarem para<br />

além das suas fronteiras.<br />

Gostaria de debater um dos pontos referidos<br />

pelo Senhor Comissário e peço-lhe que<br />

aprofunde esta questão. O Senhor Comissário<br />

afirmou que a Comissão está disponível para<br />

ajudar a reduzir o ruído provocado pelos<br />

vagões, e anunciou uma comunicação sobre este<br />

assunto. Ora eu gostaria de saber quando é que<br />

prevê apresentar esta comunicação. Pensa o<br />

Senhor Comissário que esse documento irá dar<br />

uma maior ênfase aos aspectos europeus ou irá<br />

abrir possibilidades para a concessão de ajudas a<br />

nível nacional? A poluição sonora, por exemplo<br />

provocada por comboios que atravessam zonas<br />

residenciais à noite, é inaceitável, sobretudo nas<br />

cidades. Ficaremos muito gratos ao Senhor<br />

Comissário se puder dar o seu contributo nesta<br />

questão.<br />

2-415<br />

Leopold Józef Rutowicz (UEN). – (PL) Senhor<br />

Presidente, o relatório do senhor deputado<br />

Cramer sobre a execução do primeiro pacote<br />

ferroviário mostra as dificuldades e os<br />

problemas com que esse pacote se defronta. Se<br />

devidamente desenvolvido e apoiado, o<br />

transporte rodoviário pode ter como resultado<br />

transportar um maior número de pessoas e de<br />

mercadorias aliviando, desse modo, o excesso<br />

dos transportes rodoviários e reduzindo as<br />

emissões de CO2. O transporte rápido de<br />

passageiros pode igualmente competir com os<br />

serviços de companhias aéreas e de autocarros<br />

locais. Interligando transportes ferroviários,<br />

rodoviários e marítimos, torna-se possível<br />

reduzir os custos e aumentar a eficácia da<br />

economia.<br />

Na execução deste pacote, devíamos prestar<br />

particular atenção ao apoio aos projectos<br />

ferroviários, sobretudo nos países destituídos de<br />

fundos para expandir e actualizar as suas redes e<br />

infra-estruturas dos transportes ferroviários,<br />

apoiando todas as actividades relacionadas com<br />

o intercâmbio de boas práticas, inclusive para o<br />

estabelecimento de modos de funcionamento<br />

flexíveis e competitivos para as companhias de<br />

caminhos-de-ferro, controlando e eliminando<br />

barreiras estruturais, administrativas e<br />

financeiras ao desenvolvimento do transporte,<br />

bem como apoiando o assumir pelos caminhosde-ferro<br />

de parte das operações internacionais<br />

dos transportes rodoviários.


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 268<br />

Gostaria de agradecer ao senhor deputado<br />

Cramer o seu relatório, que considero tão<br />

profundo quanto necessário.<br />

2-416<br />

Pedro Guerreiro (GUE/NGL). – O relatório<br />

hoje em debate contém aspectos que reflectem<br />

as exigências dos grandes interesses privados<br />

que estão na génese da liberalização e da<br />

privatização do serviço público de transporte<br />

ferroviário promovido ao nível da União<br />

Europeia e que rejeitamos.<br />

Consideramos que, pelo contrário, o relatório<br />

deveria denunciar que em países da União<br />

Europeia se verifica o desmembramento do<br />

serviço público e das empresas públicas, o<br />

encerramento de linhas ramais e de estações, a<br />

redução de serviços e do número de comboios, a<br />

redução brutal do número de trabalhadores<br />

ferroviários e o aumento do trabalho precário<br />

neste sector. Como consideramos que o relatório<br />

deveria pugnar, em outros aspectos, pela<br />

promoção do serviço público ferroviário através<br />

da existência de fortes empresas públicas com<br />

todas as suas valências, com uma gestão eficaz<br />

que garanta elevados níveis de qualidade de<br />

serviço e padrões de segurança, pela garantia do<br />

serviço público ferroviário com elevada<br />

qualidade, capacidade e conforto e com preços<br />

sociais, dando uma resposta plena às<br />

necessidades de mobilidade das populações e de<br />

transporte de mercadorias, pelo assegurar dos<br />

postos de trabalho dos trabalhadores do sector<br />

promovendo a sua integração nos quadros<br />

efectivos das empresas, dignificando as<br />

carreiras e os salários e assegurando uma<br />

formação contínua.<br />

2-417<br />

Jacques Barrot, Vice-Presidente da Comissão.<br />

- (FR) Senhor Presidente, agradeço a todos os<br />

intervenientes sem excepção as observações<br />

sensatas que me transmitiram.<br />

Quero no entanto dizer algumas palavras sobre<br />

um ponto que, para minha surpresa, não chamou<br />

muito a atenção do Parlamento. Trata-se da<br />

separação entre a gestão da infra-estrutura<br />

ferroviária e a prestação de serviços de<br />

transportes. Com efeito, é essa separação que<br />

permite conferir à concorrência todo o seu<br />

alcance. Temos de facto de garantir um acesso<br />

não discriminatório, de forma a facilitar a<br />

entrada no mercado de novos concorrentes. Eis<br />

um ponto importante.<br />

Gostaria de responder a algumas perguntas. Ao<br />

evocarmos a co-modalidade, o nosso objectivo<br />

era apenas o de explicar que o transporte<br />

ferroviário, incontestavelmente a melhor<br />

solução para as longas distâncias, deve poder<br />

ser completado por um transporte de<br />

proximidade que, nalguns casos, só pode ser<br />

assegurado, como disse o senhor deputado<br />

Georg Jarzembowski, pela estrada. Assim, a<br />

ideia não é a de retirar alguma coisa ao<br />

caminho-de-ferro mas sim, pelo contrário,<br />

permitir-lhe ter o lugar que lhe compete. É<br />

muito claro! Dirijo-me nomeadamente ao<br />

senhor deputado Navarro: não nos enganemos<br />

na intenção. A intenção é de facto a de ter êxito<br />

nessa transferência modal, de que sou grande<br />

defensor, tal como o senhor. Devo dizer que<br />

tudo aquilo que estamos a fazer, quer se trate do<br />

financiamento das infra-estruturas das redes<br />

transeuropeias ou da interoperabilidade que o<br />

sistema ERTMS e ETCS vais permitir-nos, ou<br />

ainda da aceitação cruzada do material rolante<br />

ou da promoção do frete nos corredores<br />

europeus, todas estas iniciativas visam<br />

conseguir uma transferência modal o mais<br />

substancial possível. Penso que, nesta matéria, a<br />

nossa atitude não apresenta ambiguidades.<br />

Senhora Deputada Nathalie Griesbeck, gostaria<br />

de lhe confirmar a intenção da Comissão de<br />

apresentar orientações sobre as ajudas estatais<br />

no sector ferroviário antes do final do ano.<br />

Gostaria também de confirmar ao senhor<br />

deputado Georg Jarzembowski que a<br />

comunicação sobre o ruído das composições<br />

está prevista para o Outono deste ano. Nada<br />

mais posso dizer de momento; estamos a<br />

trabalhar nisso.<br />

Outras perguntas mereceriam certamente<br />

resposta. Saibam pelo menos que ouvi com<br />

muita atenção tudo o que foi dito. Pela minha<br />

parte, considero que o trabalho realizado pelo<br />

senhor deputado Cramer e a sua comissão<br />

constitui um trabalho que esclarece a nossa<br />

Comissão. Gostaria ainda de repetir que aquilo<br />

que queremos são condições concorrenciais<br />

intermodais e intramodais justas que permitam<br />

efectivamente desenvolver essa transferência<br />

modal que, repito mais uma vez, defendemos<br />

claramente, sobretudo por razões ambientais e<br />

de descongestionamento da nossa rede<br />

rodoviária.<br />

Por todas as razões que poderão imaginar,<br />

precisamos mais do que nunca do caminho-deferro.<br />

Devo dizer que trabalho para isso todos os<br />

dias com muita determinação. Constatei aliás,<br />

com a inauguração da linha de Betuwe nos<br />

Países-Baixos, que está sem dúvida a emergir na<br />

<strong>Europa</strong> uma vontade de conferir ao caminho-deferro<br />

todo o lugar que merece; e, efectivamente,<br />

embora, nalguns casos, se coloquem problemas


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 269<br />

de taxas, compete aos Estados-Membros<br />

assumirem as suas responsabilidades. Esta<br />

transferência modal constitui uma verdadeira<br />

causa prioritária na <strong>Europa</strong>. Os governos têm<br />

também de aceitar fazerem dela uma prioridade.<br />

2-418<br />

Presidente. – Está encerrado o debate.<br />

A votação terá lugar na quarta-feira, 11 de Julho<br />

de <strong>2007</strong>.<br />

2-419<br />

Regras comuns no sector do transporte aéreo<br />

(reformulação) (debate)<br />

2-420<br />

Presidente. - Segue-se na ordem do dia o<br />

relatório (A6-0178/<strong>2007</strong>) do deputado Degutis,<br />

em nome da Comissão dos Transportes e do<br />

Turismo, sobre a proposta de regulamento do<br />

Parlamento Europeu e do Conselho relativo a<br />

regras comuns de exploração dos serviços de<br />

transporte aéreo na Comunidade (reformulação)<br />

(COM(2006)0396 - C6-0248/2006 -<br />

2006/0130(COD)).<br />

2-421<br />

Arūnas Degutis (AL<strong>DE</strong>), relator. – (LT) Este<br />

futuro regulamento deverá substituir os<br />

regulamentos actualmente em vigor, que<br />

perfazem o terceiro pacote de directrizes<br />

relativo ao mercado interno da aviação. Os<br />

referidos regulamentos estabelecem os<br />

procedimentos para a emissão e cancelamento<br />

das licenças às transportadoras aéreas e os<br />

princípios para um livre acesso às rotas aéreas<br />

intracomunitárias por parte das transportadoras<br />

aéreas comunitárias, bem como para a<br />

liberalização das tarifas aéreas.<br />

Na sequência da entrada em vigor do terceiro<br />

pacote, verificou-se uma expansão sem<br />

precedentes do transporte aéreo na <strong>Europa</strong>:<br />

assistiu-se ao desmantelamento dos velhos<br />

monopólios, à introdução da cabotagem<br />

intracomunitária e à intensificação da<br />

concorrência em todos os mercados para<br />

benefício dos consumidores, especialmente no<br />

que respeita aos preços. A aviação europeia<br />

passou de um mercado fortemente<br />

regulamentado, baseado em acordos bilaterais,<br />

para um mercado único fortemente competitivo.<br />

É natural que após vários anos de aplicação das<br />

medidas do terceiro pacote, algumas delas se<br />

tenham tornado obsoletas e outras estejam a ser<br />

mal aplicadas, carecendo agora de ser revistas,<br />

repensadas ou pura e simplesmente suprimidas.<br />

A proposta em apreço defende a correcção dos<br />

três pacotes de medidas referidos, a fim de<br />

facilitar a sua aplicação, simplificar a legislação,<br />

suprimir as disposições obsoletas e introduzir<br />

requisitos novos e mais rigorosos.<br />

A meu ver, a proposta da Comissão é lógica, e<br />

concordo que a revisão dos regulamentos em<br />

vigor não só faz sentido como é útil e essencial.<br />

Em qualquer dos casos, na opinião da Comissão<br />

dos Transportes e do Turismo, que obviamente<br />

apoio, deverão ser tornadas mais precisas<br />

determinadas partes importantes dos<br />

regulamentos.<br />

Gostaria de me deter nalgumas dessas partes:<br />

Locação. Existem diferenças entre os Estados-<br />

Membros no que respeita às práticas dos<br />

contratos de locação. Esse factor poderá<br />

distorcer o mercado e causar problemas sociais<br />

e de segurança aérea. Por conseguinte, deverão,<br />

sem dúvida, ser estabelecidos novos requisitos<br />

gerais. As regras propostas no artigo 13º são<br />

demasiado estritas e não têm em consideração<br />

determinadas características do sector dos<br />

transportes aéreos, sobretudo, a sua<br />

sazonalidade. Por conseguinte, será positivo que<br />

se encontre um compromisso lógico entre as<br />

preocupações sociais e a segurança e,<br />

simultaneamente, que se melhore o desempenho<br />

das companhias aéreas. No meu entender, o<br />

compromisso a que se chegou na Comissão dos<br />

Transportes e do Turismo poderá ajudar a<br />

resolver este problema.<br />

Transparência dos preços. Apoiamos o<br />

objectivo da Comissão de proibir a divulgação e<br />

publicidade de tarifas aéreas que não incluam<br />

todos os custos, impostos, taxas e imposições.<br />

Considero que o compromisso das<br />

transportadoras em publicar apenas os preços<br />

finais terá de ser claramente formulado.<br />

Também neste caso chegámos a um<br />

compromisso que reflecte igualmente as<br />

necessidades dos consumidores.<br />

Aspectos sociais específicos. As sugestões<br />

relativas a aspectos sociais específicos<br />

apresentadas por colegas de outros grupos são,<br />

na minha opinião, prematuras, a não ser que<br />

possam ser analisadas as possíveis<br />

consequências de uma hipotética adopção nesta<br />

altura. Por conseguinte, solicitamos à Comissão<br />

que elabore um estudo que permita vir a regular<br />

estas questões sem criar obstáculos à melhoria<br />

da competitividade do sector da aviação.<br />

Protecção dos passageiros. A proposta da<br />

Comissão não prevê um dispositivo claro que<br />

garanta que os passageiros não sejam<br />

prejudicados em caso de falência de uma


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 270<br />

companhia aérea; por exemplo, não serem<br />

compensados se o voo não for assegurado ou se<br />

ficarem abandonados à sua sorte no estrangeiro.<br />

Por isso, consideramos que devem ser incluídas<br />

nos regulamentos disposições que visem<br />

proteger os passageiros (Alterações 15–16).<br />

Obrigação de serviço público e aeroporto<br />

regional. Considero que qualquer definição de<br />

"aeroporto regional" para efeitos do<br />

cumprimento das obrigações de serviço público<br />

incluirá inevitavelmente aeroportos situados em<br />

regiões economicamente viáveis e excluirá<br />

aeroportos situados em regiões que necessitam<br />

de um apoio económico ou social. Uma vez que<br />

as obrigações de serviço público só se justificam<br />

no caso dos aeroportos que servem regiões com<br />

necessidades económicas ou sociais, sugiro que<br />

este conceito de “aeroporto regional”, difícil de<br />

definir, seja suprimido deste documento.<br />

Para além das questões supramencionadas,<br />

diversas definições e condições devem ser<br />

clarificadas a fim de evitar equívocos e<br />

divergências de aplicação dos regulamentos.<br />

Serviços aéreos intracomunitários. Embora<br />

tenhamos apresentado algumas alterações às<br />

questões supracitadas, apoiamos o reforço<br />

proposto das competências da Comissão no que<br />

respeita às decisões relativas à prestação de<br />

serviços aéreos intracomunitários. Uma vez que<br />

pode negociar determinados direitos com mais<br />

eficácia do que os Estados-Membros<br />

separadamente, a Comissão deverá então dispor<br />

da oportunidade de o fazer. Isso ficou bem<br />

patente no acordo celebrado com a Rússia sobre<br />

os direitos de sobrevoo da Sibéria.<br />

Por conseguinte, recomenda-se que o que o<br />

artigo 15° seja aceite tal como é proposto pela<br />

Comissão. Esta é uma caracterização sucinta da<br />

prestação de serviços.<br />

2-422<br />

Jacques Barrot, Vice-Presidente da Comissão.<br />

- (FR) Senhor Presidente, Senhoras e Senhores<br />

Deputados, a proposta que debatem hoje<br />

consagra um grande êxito da Comunidade<br />

Europeia. Com efeito, visa modernizar e<br />

completar a regulamentação de 1992 que criou o<br />

mercado único da aviação na <strong>Europa</strong>. A criação<br />

deste permitiu aos transportes aéreos europeus<br />

conhecerem uma expansão sem precedentes.<br />

O número de companhias aéreas aumentou e<br />

houve um crescimento geral do tráfego e da<br />

concorrência. A partir da liberalização total em<br />

1997, o número de ligações aumentou mais de<br />

60%; mais cidades são servidas, nomeadamente<br />

nas regiões isoladas. O aparecimento de novos<br />

concorrentes implicou uma baixa significativa<br />

das tarifas de muitas ligações. Cada vez mais<br />

Europeus podem viajar de avião. Esta evolução<br />

contribui para o crescimento económico, assim<br />

como para a criação de empregos directos e<br />

indirectos.<br />

Dado este êxito, a Comissão tenciona manter os<br />

princípios fundamentais deste mercado<br />

liberalizado. A proposta visa apenas simplificar<br />

a consolidação da legislação actual. Propõe<br />

também algumas adaptações destinadas a<br />

melhorar a eficácia da sua aplicação. Em<br />

primeiro lugar, a revisão permite uma limpeza<br />

do texto, de forma a suprimir as partes obsoletas<br />

ligadas à fase de transição para o mercado<br />

liberalizado. O texto é clarificado, algumas<br />

ambiguidades são suprimidas, três regulamentos<br />

são consolidados num único texto.<br />

Em segundo lugar, a proposta visa conseguir<br />

uma aplicação eficaz e homogénea das regras<br />

comunitárias. Actualmente, observam-se<br />

divergências entre os Estados-Membros na<br />

aplicação do terceiro pacote. Graças a esta<br />

revisão, teremos uma aplicação mais<br />

homogénea, nomeadamente no que respeita à<br />

concessão e à vigilância das licenças de<br />

exploração. Além disso, a proposta reforça o<br />

acompanhamento da viabilidade financeira das<br />

companhias, sobretudo das recém-chegadas.<br />

Em terceiro lugar, a proposta reforça a<br />

coordenação dos Estados-Membros sobre os<br />

serviços intracomunitários e sobre o sobrevoo<br />

do trânsito por companhias de países terceiros.<br />

É importante favorecer uma abordagem<br />

comunitária coordenada destinada a garantir a<br />

integridade do mercado europeu e facilitar o<br />

trabalho dos negociadores com os países<br />

terceiros.<br />

Por fim, em quarto lugar, a proposta defende<br />

novos direitos para os passageiros: o direito de<br />

os passageiros disporem de informação<br />

completa sobre o preço real de um bilhete,<br />

taxas, encargos e despesas incluídos; o direito<br />

de não ser discriminado em função da<br />

nacionalidade ou da residência na altura da<br />

compra de um bilhete.<br />

Assim, esta actualização deveria reforçar ainda<br />

mais o poder de atracção do mercado único<br />

europeu em numerosos países terceiros. Estes<br />

princípios aplicam-se não só à Suíça e aos<br />

países do Espaço Económico Europeu, mas<br />

também a Marrocos e aos países do Sudeste<br />

Europeu e constituem uma referência a nível<br />

internacional.


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 271<br />

Eis a razão por que agradeço, Senhor<br />

Presidente, ao Parlamento pela celeridade com<br />

que apreciou este dossiê. Devo saudar o<br />

trabalho realizado pelo vosso relator, o senhor<br />

deputado Arūnas Degutis, e agradecer ao<br />

presidente da Comissão dos Transportes e do<br />

Turismo, o senhor deputado Paolo Costa, assim<br />

como a todos os membros desta comissão pois,<br />

não hesito em dizê-lo, o Parlamento melhorou<br />

claramente o nosso texto.<br />

2-423<br />

Elisabeth Jeggle, em nome do Grupo PPE-<strong>DE</strong>.<br />

– (<strong>DE</strong>) Senhor Presidente, Senhor Comissário,<br />

Senhoras e Senhores, gostaria de começar por<br />

estender os meus calorosos agradecimentos ao<br />

senhor deputado Arūnas Degutis, na sua<br />

qualidade de relator, bem assim como a todos os<br />

deputados que entenderam dar a sua<br />

colaboração. É minha firme convicção que<br />

desde a votação na comissão passámos a ter um<br />

relatório equilibrado e pragmático sobre a<br />

exploração dos serviços de transporte aéreo. A<br />

proposta inicial da Comissão foi bem pensada e<br />

orientada para o seu objectivo neste caso, e por<br />

isso quero também agradecer vivamente à<br />

Comissão.<br />

Uma vez que estou fundamentalmente satisfeita<br />

com o resultado da votação em comissão,<br />

gostaria de discutir apenas os requisitos de<br />

transparência no que se refere à indicação dos<br />

preços das tarifas aéreas. Desde início que<br />

defendi a introdução de transparência sem<br />

burocracias adicionais e um tratamento igual e<br />

justo de todas as partes envolvidas. A tarifa<br />

aérea publicitada deve mostrar com clareza<br />

quais os impostos, taxas e encargos incluídos no<br />

preço e respectiva finalidade. Os preços dos<br />

bilhetes de avião devem ser fáceis de<br />

compreender pelo consumidor e transparentes,<br />

especialmente quando se trate de publicitar<br />

tarifas aéreas em páginas da Internet.<br />

Contudo, ainda não existe consenso sobre a<br />

forma de o fazer e o alcance exacto de tal<br />

medida. A alteração 48 prevê que as taxas e<br />

encargos devem ser enumerados e sintetizados<br />

em quatro categorias: em primeiro lugar temos<br />

os impostos e outras taxas em benefício do<br />

Estado; em segundo lugar as taxas de segurança<br />

aérea; em terceiro lugar as taxas, imposições,<br />

encargos e outros custos em benefício das<br />

transportadoras aéreas; e, em quarto lugar, as<br />

taxas, imposições, encargos e outros custos em<br />

benefício dos operadores dos aeroportos. O<br />

problema é que não é possível referir com<br />

clareza e antecipadamente as taxas de segurança<br />

aérea. Por isso solicitarei amanhã, em nome do<br />

meu grupo, a supressão desta segunda categoria<br />

relativa às taxas de segurança aérea, através de<br />

uma votação separada.<br />

Apesar desta alteração, o compromisso<br />

alcançado responde plenamente ao requisito de<br />

transparência, ao mesmo tempo que acautela os<br />

interesses dos passageiros e das transportadoras<br />

aéreas. É por isso que eu e o meu grupo não<br />

podemos apoiar as novas alterações 54 e 55<br />

apresentadas pelo relator.<br />

2-424<br />

Ulrich Stockmann, em nome do Grupo PSE. –<br />

(<strong>DE</strong>) Senhor Presidente, Senhor Comissário,<br />

Senhoras e Senhores, congratulamo-nos com a<br />

proposta da Comissão e, naturalmente, com o<br />

relatório do senhor deputado Arūnas Degutis,<br />

uma vez que ambos dão o seu contributo para a<br />

conclusão do mercado interno europeu dos<br />

serviços de transporte aéreo e o aumento dos<br />

níveis de segurança. Gostaria de referir e<br />

destacar quatro pontos.<br />

Em primeiro lugar, a disposição aprovada em<br />

matéria de transparência de preços é uma vitória<br />

clara para os consumidores. De futuro já não<br />

será possível enganar os cidadãos com falsos<br />

engodos publicitários. Todas as tarifas aéreas<br />

serão afixadas de forma abrangente e detalhada<br />

independentemente do canal de<br />

comercialização. Naturalmente que os preços<br />

dos serviços de segurança aérea são calculados<br />

com base numa taxa fixa, embora devam ser em<br />

última análise compreensíveis, mas não<br />

pretendemos entrar numa discussão sobre este<br />

tema. Globalmente pretende-se aqui clareza para<br />

os passageiros e o reforço da concorrência.<br />

Em segundo lugar, e no que se refere aos<br />

contratos de wetlease (locação de uma aeronave<br />

com a respectiva tripulação), este regulamento é<br />

equilibrado pois, por um lado, toma em<br />

consideração as necessidades das<br />

transportadoras aéreas em caso de oscilações<br />

sazonais, ou quando surja uma necessidade<br />

excepcional e tenham de se basear num tal<br />

modelo. Por outro lado, deixa claro que a<br />

subversão dos padrões sociais e de segurança<br />

europeus é algo de inaceitável.<br />

Em terceiro lugar, e à semelhança de muitos<br />

relatórios legislativos sobre os transportes<br />

aéreos, o nosso relatório contém numerosas<br />

alterações em matéria da legislação social<br />

aplicável aos trabalhadores. Solicita-se à<br />

Comissão que apresente finalmente e com<br />

urgência uma proposta sobre a questão, de<br />

modo a colmatar a lacuna deixada pela directiva<br />

relativa aos serviços, algo que o regulamento<br />

em apreço não pode fazer.


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 272<br />

Em quarto lugar, o novo procedimento de uma<br />

única fase para distribuição do tráfego é mais<br />

simples e rápido do que todos os anteriores<br />

procedimentos. Trata-se de uma boa decisão,<br />

inclusive para o futuro, que permite dar uma<br />

resposta mais flexível aos estrangulamentos de<br />

capacidade em matéria de infra-estruturas.<br />

2-425<br />

Mieczyslaw Edmund Janowski, em nome do<br />

Grupo UEN. – (PL) Senhor Presidente, os meus<br />

agradecimentos ao senhor deputado Degutis<br />

pelo seu relatório. Temos de concordar com o<br />

Senhor Comissário Barrot quando afirma que o<br />

terceiro pacote de medidas de liberalização dos<br />

transportes aéreos do mercado interno, agora já<br />

com quinze anos de idade, contribuiu<br />

significativamente para o desenvolvimento da<br />

aviação civil europeia.<br />

Actualmente, torna-se necessária uma mudança,<br />

no que se refere a leasing, autorizações para<br />

serviços de transportes aéreos, assuntos sociais,<br />

protecção de passageiros contra insolvência de<br />

transportadoras, etc. Outro factor importante é a<br />

observância adequada das oito Liberdades do<br />

Ar.<br />

A questão que suscita maior emoção é a<br />

transparência dos preços dos bilhetes de avião.<br />

Os passageiros esperam saber quanto irão pagar<br />

realmente pelos bilhetes e não truques<br />

publicitários dissimulados.<br />

Apoio o ponto de vista de que a regulação e a<br />

directiva que adoptámos sobre a prevenção da<br />

concorrência desleal, que entrará em vigor<br />

dentro de cinco meses, irá conduzir ao<br />

incremento dos direitos dos passageiros. Um<br />

passageiro deve ser, simultaneamente, objecto<br />

das actividades da transportadora e do<br />

aeroporto. Infelizmente, acontece demasiado<br />

frequentemente, os passageiros serem tratados<br />

como simples mercadorias.<br />

2-426<br />

Jaromír Kohlíček, em nome do Grupo<br />

GUE/NGL. – (CS) Senhoras e Senhores<br />

Deputados, associo as regras comuns para a<br />

exploração dos serviços do transporte aéreo na<br />

Comunidade ao terceiro pacote da aviação ou<br />

aos problemas relacionados com a sua<br />

implementação prática. O maior problema aqui<br />

é porventura a segurança do transporte, que<br />

implica assegurar as condições sociais dos<br />

trabalhadores, incluindo casos em que as<br />

aeronaves são fretadas com tripulação, bem<br />

como a segurança dos passageiros, que é<br />

tradicionalmente prioritária. Paralelamente<br />

existe a questão da saúde financeira das<br />

companhias aéreas e os requisitos mais<br />

rigorosos para os termos e condições aplicáveis<br />

à locação de aeronaves, incluindo as durações<br />

propostas.<br />

Penso que seria também desejável que os<br />

consumidores soubessem exactamente o que<br />

compraram com o seu dinheiro. De certeza que<br />

também suspeitariam de anúncios de<br />

companhias aéreas anunciando tarifas de 1 euro.<br />

Outra questão prende-se com a minúcia da<br />

análise do preço, e que elementos deve conter.<br />

A este respeito, é muito importante clarificar a<br />

distribuição dos diferentes custos com os<br />

passageiros e com a aeronave, incluindo a<br />

eterna discussão sobre o conceito de lucro<br />

razoável. Oponho-me definitivamente à ideia<br />

surgida no decurso do debate de que estão em<br />

causa normas técnicas e de que as questões<br />

sociais não devem ser aqui consideradas.<br />

Desejo agradecer ao relator, senhor deputado<br />

Degutis, que também fez referência às questões<br />

sociais na sua intervenção. Realizou um<br />

trabalho excepcional e o seu relatório merece o<br />

nosso apoio. No que diz respeito às alterações<br />

propostas, concordamos com todas elas, à<br />

excepção das alterações 16, 29, 37, 40, 42, 49 e<br />

50. Na maioria dos casos, não se trata de um<br />

desacordo substantivo: as nossas objecções<br />

prendem-se principalmente com o facto de que<br />

o mesmo foi proposto em dois sítios ou com o<br />

facto de existirem melhores opções.<br />

2-427<br />

Georg Jarzembowski (PPE-<strong>DE</strong>). - (<strong>DE</strong>)<br />

Senhor Presidente, Senhor Vice-Presidente da<br />

Comissão, Senhoras e Senhores, gostaria de<br />

referir mais três aspectos. Na consolidação do<br />

terceiro pacote relativo à aviação afigura-se<br />

crucial, em matéria de transparência das tarifas<br />

aéreas, que não haja falsos engodos<br />

publicitários, sendo também relevante neste<br />

domínio que as taxas fixas de segurança<br />

aplicadas aos passageiros correspondam<br />

realmente aos custos das medidas de segurança.<br />

Tenho a sensação que os aeroportos estão a usar<br />

algumas destas taxas de segurança para obterem<br />

lucros adicionais para si próprios. A bem da<br />

transparência de custos é muito importante que<br />

as taxas de segurança correspondam, de facto,<br />

aos custos das medidas de segurança.<br />

Em segundo lugar, gostaria de abordar a<br />

concorrência entre aeroportos e fazê-lo segundo<br />

duas perspectivas. Pedia ao Senhor Comissário<br />

que me desse sem demora um ou dois exemplos<br />

que ilustrassem realmente o alcance das<br />

directrizes da Comissão aplicáveis à autorização<br />

(ou recusa) de ajudas a aeroportos regionais na<br />

Comunidade. Em meu entender, existe um<br />

grande número de aeroportos regionais que só


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 273<br />

sobrevive graças a subvenções e que nunca será<br />

capaz de se autofinanciar. Nestes casos, as<br />

directrizes da Comissão deverão<br />

designadamente pôr fim a essas subvenções.<br />

Em terceiro lugar, com a consolidação do<br />

terceiro pacote relativo ao transporte aéreo<br />

modifica-se ligeiramente a definição de um<br />

sistema aeroportuário. Pedia ao Senhor<br />

Comissário que aprofundasse posteriomente<br />

também esta questão. É inaceitável que a<br />

legislação preveja que um sistema aeroportuário<br />

apenas pode existir se servir a mesma<br />

aglomeração urbana, e depois aeroportos como<br />

Frankfurt e Frankfurt-Hahn possam proclamar,<br />

apesar de estarem separados por 120 km de<br />

distância, que servem a mesma aglomeração<br />

urbana e, por conseguinte, devem ser<br />

reconhecidos como um só sistema<br />

aeroportuário. O Senhor Comissário não devia,<br />

de modo algum, permitir esta proliferação de<br />

estruturas reconhecidas como um sistema<br />

aeroportuário.<br />

2-428<br />

Inés Ayala Sender (PSE). – (ES) Senhor<br />

Presidente, desejo agradecer ao relator, senhor<br />

deputado Degutis, o excelente exercício de<br />

flexibilidade que demonstrou ao aceitar algumas<br />

das propostas dos diferentes deputados. Desejo<br />

felicitar também o Senhor Comissário pela sua<br />

magnífica intervenção, porque demonstrou que<br />

este texto representa uma melhoria definitiva da<br />

legislação, dado que actualiza, simplifica e<br />

consolida os melhores aspectos das normas que<br />

se tornaram obsoletas e que necessitavam, tendo<br />

em conta o desenvolvimento do sector, uma<br />

actualização célere.<br />

Na realidade, tudo se traduz em vantagens para<br />

todos os actores do sector, em particular os<br />

passageiros, num sector que já sofreu tanto<br />

como o da aviação. De resto, a incoerência entre<br />

este tipo de regulamentos não só costuma<br />

distorcer o funcionamento do mercado interno,<br />

como conduz, estamos em crer, a riscos para a<br />

qualidade do serviço e para a segurança e<br />

condições de trabalho.<br />

Entre o que se alcançou ou as melhorias que o<br />

Parlamento introduziu, gostaria de salientar,<br />

entre outros - a maioria foi referida pelos meus<br />

colegas -, a exigência de uma maior<br />

transparência e controlo da situação financeira<br />

das empresas e operadores do sector.<br />

Em virtude do crescimento exponencial deste<br />

sector e do aparecimento de interessantes nichos<br />

de potenciais clientes - como é o caso dos<br />

imigrantes, com um poder de compra crescente<br />

graças à regularização laboral, por exemplo, no<br />

meu país -, torna-se muito mais urgente aplicar<br />

com rigor regras e condições a fim de evitar as<br />

situações de fraude e de abuso que se detectam<br />

habitualmente na venda de bilhetes e também as<br />

ofertas enganosas das empresas que surgem em<br />

todo o lado.<br />

Afiguram-se-nos também muito razoáveis as<br />

disposições para evitar e mitigar as<br />

consequências sociais dessas fraudes e das<br />

eventuais falências. Além disso, a transparência<br />

dos preços e a não discriminação na aquisição,<br />

seja qual for o canal através do qual o<br />

passageiro adquire os bilhetes, parecem-nos<br />

igualmente fundamentais como melhoria do<br />

presente texto.<br />

Outros aspectos que penso que foram suscitados<br />

e também melhorados são os relativos às<br />

condições sociais para os trabalhadores do<br />

sector. Evitar o dumping social que distorce a<br />

situação económica e social e evitar que se<br />

jogue com os trabalhadores deslocalizados<br />

empregados por empresas transnacionais que<br />

operam em diferentes bases constituiu uma<br />

conquista e uma melhoria.<br />

Melhor ainda é o facto de que o debate aberto<br />

ao longo do processo de elaboração deste<br />

relatório conduziu à solicitação, na alteração 61,<br />

de uma proposta legislativa sobre as condições<br />

sociais e laborais, que penso que a Comissão<br />

deverá apresentar com carácter urgente.<br />

2-429<br />

Jim Higgins (PPE-<strong>DE</strong>). – (EN) Senhor<br />

Presidente, a abertura das viagens aéreas a<br />

milhões de cidadãos foi proporcionada pelas<br />

companhias de aviação que praticam baixas<br />

tarifas aéreas de passageiros. Concordo com o<br />

Senhor Comissário quando diz que o mercado<br />

único dos transportes aéreos tem constituído um<br />

êxito sem precedentes. Companhias aéreas<br />

como a Ryanair da Irlanda revolucionaram o<br />

sector, tendo pressionado transportadoras aéreas<br />

mais antigas, mais estabelecidas no mercado, e<br />

mais caras, a seguir-lhes o exemplo. Essa<br />

concorrência é boa para o consumidor e para o<br />

viajante.<br />

Quero, porém, concentrar-me no que esta noite<br />

já foi referido por quatro pessoas e que é o facto<br />

de haver um problema. Num mercado de tal<br />

modo competitivo, as transportadoras aéreas<br />

permitiram-se – e ainda se permitem – fazer<br />

uma publicidade tentadora, mas altamente<br />

enganosa em matéria de preços. Um bilhete<br />

anunciado por cinco cêntimos parece muito<br />

atraente, de facto, mas quando o consumidor vai<br />

marcar, on-line ou de outro modo, o bilhete de<br />

cinco cêntimos pode custar algumas centenas de


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 274<br />

euros, quando são facturadas as taxas e outros<br />

custos.<br />

Em Janeiro passado, trouxe aqui este assunto à<br />

colação, mediante uma pergunta parlamentar, a<br />

que a Comissão respondeu: “A Comissão, se<br />

bem que mantendo a regra geral da liberdade de<br />

preços, propõe que as transportadoras operando<br />

no interior da Comunidade […] proporcionem<br />

ao público em geral informações exaustivas<br />

sobre os seus preços e tarifas, bem como sobre<br />

as condições a eles associados”. Os<br />

consumidores serão, portanto, informados sobre<br />

os preços reais (preço do bilhete acrescido das<br />

várias despesas e taxas).<br />

O relatório Degutis, que aqui estamos a discutir<br />

esta noite, permitirá tornar isso realidade, o que<br />

é extremamente louvável. A obrigação de as<br />

transportadoras aéreas introduzirem<br />

transparência absoluta é muito bem-vinda e<br />

muito importante, porque agora o consumidor<br />

verá logo de início exactamente o que terá de<br />

pagar. Só isso não irá reduzir o número de<br />

viajantes – como muita gente pensa – mas, em<br />

minha opinião, irá melhorar a concorrência e<br />

beneficiar o público que viaja.<br />

Finalmente, será que o Comissário nos pode<br />

dizer exactamente quando podemos esperar ver<br />

isto concretizado? Quanto mais cedo melhor, a<br />

meu ver.<br />

2-430<br />

Jacques Barrot, Vice-Presidente da Comissão.<br />

- (FR) Senhor Presidente, Senhoras e Senhores<br />

Deputados, agradeço a todos os intervenientes e<br />

congratulo-me com a maior parte das alterações<br />

propostas. Estas alterações clarificam utilmente<br />

diversos pontos relativos, nomeadamente, à<br />

monitorização económica e financeira das<br />

companhias ou ainda às questões de locação de<br />

aeronaves.<br />

Apoio plenamente os avanços propostos no que<br />

respeita ao local de estabelecimento principal,<br />

de forma a garantir um controlo efectivo das<br />

companhias da responsabilidade de uma<br />

autoridade nacional. A Comissão partilha<br />

igualmente as vossas propostas relativas às<br />

condições de concessão e revogação das<br />

licenças, embora não possamos aceitar que essa<br />

medida seja aplicada com base exclusivamente<br />

na suspeita. As simplificações introduzidas às<br />

obrigações de serviço público e as coordenações<br />

entre aeroportos permitirão uma aplicação mais<br />

flexível e eficaz das medidas.<br />

Além disso, embora a Comissão possa apoiar<br />

sem qualquer problema a maioria das alterações,<br />

quero apesar de tudo transmitir-lhes algumas<br />

reservas. Posso compreender e apoiar a<br />

necessidade de encontrar soluções para os<br />

passageiros apeados por falência de uma<br />

companhia aérea. A senhora deputada Inés<br />

Ayala Sender referiu-se à questão. Foram de<br />

facto essas situações que conduziram a esta<br />

actualização da regulamentação, que visa<br />

reforçar as condições de concessão das licenças<br />

e o controlo económico e financeiro das<br />

companhias. Mas, neste momento, não posso<br />

aceitar uma nova obrigação de que ainda não<br />

analisámos a exequibilidade e o alcance em<br />

termos económicos e financeiros. Eis a razão<br />

por que, em minha opinião, deveríamos fazer<br />

referência à necessidade de prever condições de<br />

reembolso e de repatriamento, sem no entanto<br />

nos pronunciarmos desde já sobre uma solução<br />

de que ainda não conhecemos o impacto real.<br />

Segunda reserva, relativa à dimensão social. É<br />

extremamente importante que as autoridades<br />

nacionais apliquem correctamente as legislações<br />

nacional e europeia pertinentes. Há que recordar<br />

aos Estados-Membros estas obrigações,<br />

previstas no Tratado e nas legislações nacionais,<br />

mas este regulamento sectorial não parece o<br />

mais apropriado para tratar esta questão. Temos<br />

de aprofundar o assunto para melhor perceber<br />

todas as suas dimensões e para definir as<br />

necessidades reais que exigem uma resposta a<br />

nível comunitário. Assim, a proposta da vossa<br />

relatora parece-me justa ao fazer referência às<br />

obrigações dos Estados-Membros num<br />

considerando.<br />

Além disso, quero evidentemente responder<br />

àqueles de vós que me interrogaram sobre a<br />

futura proposta. Sim, a Comissão está a<br />

desenvolver um estudo sobre os efeitos do<br />

mercado interno da aviação sobre o emprego e<br />

as condições de trabalho. Esse estudo, que<br />

estará terminado em finais de <strong>2007</strong>, permitirnos-á<br />

alimentar as nossas reflexões e determinar<br />

que medidas concretas tomar.<br />

Como referiu o senhor deputado Georg<br />

Jarzembowski, a Comissão hesita quanto às<br />

obrigações demasiado específicas sobre o<br />

tráfego entre aeroportos. É legítimo exigir<br />

tempos de conexão razoáveis e eficazes com os<br />

centros das cidades. Mas não será ir longe de<br />

mais impormos um tempo determinado assim<br />

como uma obrigação de ligação entre os<br />

aeroportos?<br />

E passo agora ao problema dos preços. As<br />

disposições sobre a transparência dos preços e a<br />

plena informação do passageiro são necessárias,<br />

mas têm de ser praticáveis e inteligíveis. A<br />

vossa relatora tem razão em querer cobrir todos


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 275<br />

os voos que partam de um aeroporto da<br />

Comunidade Europeia. Contudo, a extensão<br />

desta obrigação apenas às companhias<br />

comunitárias nos países terceiros levanta sérias<br />

dificuldades jurídicas e comerciais.<br />

Gostaria de responder à pergunta sobre os<br />

custos dos serviços de segurança. É um facto<br />

que a Comissão é favorável a que o custo dos<br />

serviços de segurança e a parte do preço do<br />

bilhete dele decorrente sejam conhecidos. Por<br />

outro lado, defende a apresentação clara das<br />

diferentes despesas, impostos, taxas e encargos.<br />

Contudo, se é um facto que este regulamento<br />

visa garantir a informação do passageiro, não<br />

podemos usá-lo para estabelecer a utilização e<br />

as características de cada encargo, de cada taxa;<br />

tais imposições terão lugar na directiva sobre as<br />

taxas aeroportuárias em discussão nas nossas<br />

Instituições.<br />

Senhora Deputada Elisabeth Jeggle, no que<br />

respeita à publicidade na Internet, estou de<br />

acordo consigo, mas a alteração 48 parece-nos<br />

muito complicada. Temos realmente de ser<br />

claros e práticos.<br />

Quero também responder aos senhores<br />

deputados Ulrich Stockmann e Jaromír<br />

Kohlíček sobre a questão do aluguer com<br />

tripulação, o wet lease. Há que permitir uma<br />

certa flexibilidade para responder às<br />

necessidades excepcionais, estabelecendo<br />

simultaneamente condições apertadas de<br />

segurança e periodicidade. Sou favorável a um<br />

sistema que permita conciliar as exigências de<br />

segurança com a necessidade de recorrer à<br />

locação com tripulação a título excepcional e<br />

por um período limitado de tempo.<br />

Por fim, por razões de concorrência justa com<br />

os países terceiros, considero que se justifica<br />

compensar a supressão do artigo 23º sobre o<br />

price leadership por uma possibilidade de<br />

aplicar restrições, desde que o país terceiro com<br />

o qual o acordo foi assinado não reconheça os<br />

mesmos direitos. Trata-se de um princípio de<br />

bom senso que deve ajudar-nos nas negociações<br />

com os países terceiros. E agradeço ao<br />

Parlamento Europeu ter apoiado a abordagem<br />

da Comissão sobre as relações com os países<br />

terceiros, que têm de ser conduzidas de forma<br />

coordenada. Nesta matéria, Senhor Presidente,<br />

voltarei a precisar do apoio do Parlamento nas<br />

próximas etapas.<br />

Não pretendo ter respondido a todas as<br />

perguntas. Apenas repito que o trabalho do<br />

Parlamento melhorou o nosso texto. Assim,<br />

Senhor Deputado Degutis, Senhor Presidente da<br />

Comissão dos Transportes e do Turismo, é<br />

realmente com muita satisfação que agradeço ao<br />

Parlamento o seu trabalho; e as questões que<br />

referiram são muito pertinentes. Notei que,<br />

relativamente a algumas delas, não era<br />

necessariamente este texto que lhes devia dar<br />

uma resposta. A nível social, afirmei que<br />

estávamos a trabalhar nessa matéria e que, até<br />

ao final do ano, eu teria as coisas mais claras<br />

para apresentar uma eventual proposta.<br />

Senhor Presidente, pareceu-me necessário<br />

fornecer estas respostas mais aprofundadas para<br />

encerrar um debate de grande qualidade.<br />

2-430-250<br />

(FR) Posição da Comissão relativamente às<br />

alterações do Parlamento:<br />

Relatório Degutis (A6-0178/<strong>2007</strong>)<br />

A Comissão aprova as alterações nºs: 3, 4, 5, 6,<br />

7, 9, 11, 13, 14, 18, 19, 21, 22, 24, 26, 27, 28,<br />

29, 30, 34, 37, 38, 39, 43, 51, 52, 53, 54, 55 e<br />

56.<br />

A Comissão aprova em princípio as alterações<br />

nºs: 1, 8, <strong>10</strong>, 12, 20, 23, 31, 32, 36, 44 e 49.<br />

A Comissão aprova em parte as alterações nºs:<br />

33, 45 e 47.<br />

A Comissão rejeita as alterações nºs: 2, 15, 16,<br />

17, 25, 35, 40, 41, 42, 46, 48, 50, 57, 58, 59, 60<br />

e 61.<br />

2-431<br />

Presidente. – Está encerrado o debate.<br />

A votação terá lugar na quarta-feira, 11 de Julho<br />

de <strong>2007</strong>.<br />

2-432<br />

Manter a <strong>Europa</strong> em movimento (debate)<br />

2-433<br />

Presidente. - Segue-se na ordem do dia o<br />

relatório (A6-0190/<strong>2007</strong>) da deputada Barsi-<br />

Pataky, em nome da Comissão dos Transportes<br />

e do Turismo, sobre "Manter a <strong>Europa</strong> em<br />

movimento - Mobilidade sustentável para o<br />

nosso continente" (2006/2227(INI))<br />

2-434<br />

Etelka Barsi-Pataky (PPE-<strong>DE</strong>), relatora. –<br />

(HU) O Parlamento acolhe com agrado a<br />

revisão intercalar do documento fundamental da<br />

política de transportes europeia, que é o Livro<br />

Branco. Congratulamo-nos com o facto de a<br />

Comissão ter elaborado o seu relatório sobre o<br />

assunto após uma ampla coordenação e de ter<br />

realizado um trabalho exaustivo.<br />

Congratulamo-nos igualmente com o facto de<br />

ter feito sugestões em diversos domínios, no que<br />

diz respeito a modificações da actual política de<br />

transportes.


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 276<br />

O Parlamento reconhece os resultados<br />

alcançados nos últimos cinco anos, ao mesmo<br />

tempo que critica diversos pontos. O Parlamento<br />

solicita ao Conselho e à Comissão que<br />

considerem as nossas recomendações como um<br />

alicerce da política europeia de transportes.<br />

Ora, em que consistem essas recomendações?<br />

Em primeiro lugar, a experiência dos últimos<br />

anos mostra que a aplicação da regulamentação<br />

é o ponto fraco da política de transportes. No<br />

que toca à aplicação, aconteceu mais do que<br />

uma vez esta ter tido lugar com grande atraso, e,<br />

por vezes, foi incompleta ou mesmo inexistente.<br />

O relatório da Comissão não trata de modo<br />

suficientemente exaustivo ou honesto este<br />

problema, pelo que também não sugere soluções<br />

adequadas. O Parlamento salienta a importância<br />

da cooperação entre os níveis europeu, nacional<br />

e regional, do reforço dessa cooperação e do<br />

trabalho em conjunto.<br />

Em segundo lugar, a maioria dos deputados ao<br />

Parlamento considera que precisamos de dar à<br />

nossa política de transportes uma configuração<br />

mais realista do que a que lhe demos no<br />

passado. A revisão faz notar, com razão, que os<br />

transportes, enquanto serviço, desempenham um<br />

papel crucial na economia e na sociedade e são<br />

inseparáveis desta; a nossa recomendação é, por<br />

isso, a de que integremos plenamente os<br />

transportes na Estratégia de Lisboa.<br />

A maior parte de nós pensa que as capacidades<br />

existentes devem ser utilizadas com maior<br />

eficiência, por si próprias ou integradas, e que<br />

cada modo de transporte deve ser sustentável<br />

por si; isto aplica-se em particular à logística.<br />

Para além da co-modalidade em determinados<br />

domínios, a mudança de modos, em nosso<br />

entender, desempenha um papel especialmente<br />

importante no que diz respeito aos transportes<br />

de longo curso.<br />

Em terceiro lugar, no que diz respeito ao<br />

crescimento da economia europeia, o<br />

financiamento inadequado das infra-estruturas<br />

apresenta um risco. Nem o relatório da<br />

Comissão, nem a posição do Conselho, abordam<br />

de forma adequada este problema. O sector dos<br />

transportes na <strong>Europa</strong> necessita de mais<br />

financiamento comunitário, de mais<br />

financiamento dos Estados-Membros, de mais<br />

soluções financeiras corajosas e, acima de tudo,<br />

de mais apoio político, a fim de pôr em prática<br />

os seus projectos fundamentais. Pedimos e<br />

esperamos que as tarefas de revisão do<br />

orçamento septenal para este domínio tenham<br />

início imediatamente.<br />

Em quarto lugar, deveríamos falar sobre a<br />

alteração das circunstâncias e os novos desafios<br />

surgidos desde 2001. Entre esses, destacaria, em<br />

primeiro lugar, as tarefas decorrentes da<br />

reunificação da <strong>Europa</strong> em 2004 e <strong>2007</strong>, que<br />

aumentaram consideravelmente as diferenças na<br />

<strong>Europa</strong>, bem como a sua diversidade, que tem<br />

de ser analisada de forma muito mais rigorosa<br />

na legislação europeia. Além disso, é de<br />

interesse comum dispormos de uma rede de<br />

transportes trans-europeia interligada e<br />

interoperável. Assim, a utilização plena das<br />

fontes que asseguram a coesão deve ser uma<br />

responsabilidade conjunta de cada nível e de<br />

cada instituição.<br />

Em quinto lugar, temos de fazer face ao facto de<br />

que o impacto dos transportes nas alterações<br />

climáticas aumentou e continua a aumentar.<br />

Apesar de na sua reunião da Primavera o<br />

Conselho Europeu ter formulado objectivos<br />

gerais válidos, a transposição prática dos<br />

mesmos é a função da legislação que agora<br />

apreciamos e que vai ser levada a cabo no<br />

período que se segue. Entre esses diplomas<br />

inclui-se, por exemplo, a proposta da Comissão,<br />

anunciada para 2008, sobre a internalização dos<br />

custos externos.<br />

Em sexto lugar, temos de apreciar e de ter em<br />

conta o facto de que os regimes tradicionais<br />

estão progressivamente a atingir os seus limites<br />

de eficácia, pelo que devemos aproveitar o<br />

potencial dos sistemas inteligentes de<br />

transportes. Precisamos de criar um ambiente<br />

jurídico, económico e tecnológico adequado ao<br />

sector. Lançámos alguns projectos comunitários<br />

vastos e abrangentes, projectos europeus que<br />

são promissores. Mas a União não tem qualquer<br />

experiência dessas inovações, pelo que<br />

precisamos de ser pioneiros neste domínio.<br />

No entanto, as respostas europeias às alterações<br />

climáticas não servirão de nada, se não as<br />

conseguirmos aplicar à escala global. Senhor<br />

Comissário, em nossa opinião, após a presente<br />

revisão intercalar, terá de haver uma renovação<br />

progressiva da política de transportes europeia<br />

nesse sentido e um ajustamento aos novos<br />

desafios, já que, a não ser assim, o<br />

congestionamento, as pressões sobre o ambiente<br />

e os problemas da sustentabilidade social<br />

constituirão obstáculos graves ao crescimento<br />

da economia europeia e ao bem-estar. Agradeço<br />

a todos os colegas deputados que deram o seu<br />

apoio construtivo à elaboração do presente<br />

relatório.<br />

2-435<br />

Jacques Barrot, Vice-Presidente da Comissão.<br />

- (FR) Senhor Presidente, Senhoras e Senhores


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 277<br />

Deputados, estou muito contente por estar aqui<br />

a participar neste debate sobre a política<br />

europeia dos transportes. Quero saudar a<br />

qualidade do trabalho da senhora deputada<br />

Etelka Barsi-Pataky que, através de mensagens<br />

concisas, emitiu um sinal político forte. A<br />

senhora acaba de dizer, Senhora Deputada<br />

Etelka Barsi-Pataky, que uma política dos<br />

transportes deve saber renovar-se<br />

constantemente para, precisamente, se adaptar, e<br />

salientou a importância de garantir que este<br />

crescimento dos transportes seja sustentável.<br />

Congratulo-me com a consistência do seu<br />

relatório e sua adequação à análise intercalar do<br />

Livro Branco.<br />

A senhora deputada acolheu favoravelmente a<br />

abordagem realista da Comunicação da<br />

Comissão; trata-se de uma abordagem que<br />

pretende ser actualizada e corresponder aos<br />

Objectivos de Lisboa, inscrita no âmbito da<br />

Estratégia europeia de Desenvolvimento<br />

Sustentável. Estes objectivos aplicam-se aos<br />

quatro pilares da nossa abordagem: mobilidade<br />

sustentável, mobilidade segura, mobilidade<br />

inovadora e dimensão internacional.<br />

A senhora deputada apoiou igualmente o<br />

conceito de co-modalidade e, com efeito, para<br />

conseguirmos o seu êxito, temos de reduzir os<br />

impactos negativos de todos os modos de<br />

transporte para, precisamente, assegurar a<br />

eficácia e a eficiência ambiental de cada modo<br />

de transporte. A promoção de sistemas<br />

inteligentes de transportes e de logística, as<br />

políticas de mobilidade urbana e o<br />

desenvolvimento de sistemas de tarifação<br />

inteligentes constituem outros tantos meios para<br />

contribuir para isso sem comprometer a<br />

mobilidade necessária ao crescimento.<br />

E passo agora aos próximos prazos dentro desta<br />

linha: o Livro Verde sobre os transportes<br />

urbanos, de que a senhora frisou a importância;<br />

o Plano de Acção sobre a logística, que tenciono<br />

submeter à vossa apreciação dentro em breve e<br />

que incluirá acções que visam eliminar os<br />

obstáculos administrativos, operacionais e<br />

funcionais, de modo a estimular a formação e o<br />

intercâmbio das melhores práticas e promover a<br />

estandardização dos diferentes modos; uma<br />

comunicação sobre a política portuária está<br />

prevista para o Outono, na qual serão avaliados,<br />

entre outros aspectos, o da integração das infraestruturas<br />

portuárias na cadeia logística; a<br />

próxima nomeação de um coordenador europeu<br />

para as auto-estradas do mar e de um outro<br />

coordenador europeu para as vias navegáveis;<br />

finalmente, vamos consolidar o quadro<br />

institucional da navegação interna com a<br />

harmonização das licenças de piloto e a criação<br />

de um fundo de inovação neste sector.<br />

Em seguida, a comunicação sobre uma rede<br />

ferroviária baseada no frete na <strong>Europa</strong>. Depois,<br />

a tarifação das infra-estruturas. Como foi vosso<br />

desejo na altura da adopção da nova Directiva<br />

Eurovinheta, a Comissão apresentará em 2008<br />

uma metodologia relativa à internalização dos<br />

custos externos. Eis, Senhora Deputada Etelka<br />

Barsi-Pataky, uma boa agenda que, digamos,<br />

corresponde em grande medida àquilo que a<br />

senhora preconiza.<br />

Gostaria de acrescentar algumas observações<br />

sobre certas passagens do seu relatório,<br />

começando por recordar que a Comissão está a<br />

desenvolver uma política rigorosa de luta contra<br />

as infracções, a qual começa a dar frutos.<br />

Num outro registo, compreendo que as<br />

negociações internacionais constituam um tema<br />

sensível para o Parlamento. Posto isto, é à<br />

Comissão que compete negociar acordos<br />

internacionais, mas ela informará regularmente<br />

o Parlamento Europeu sobre a evolução dessas<br />

negociações. Tomo também nota do vosso<br />

pedido de relatório relativo à directiva sobre a<br />

interoperabilidade dos sistemas de portagem<br />

rodoviária electrónica e apresentaremos, como<br />

se encontra previsto na directiva, um relatório<br />

em 2009. A Comissão está a avaliar o impacto<br />

do sistema modular europeu. Apesar das<br />

vantagens e de um aumento da eficácia em<br />

alguns casos, esta opção continua controversa.<br />

Por fim, a Comissão apoia integralmente o<br />

desenvolvimento dos biocombustíveis com o<br />

estabelecimento de normas europeias para esse<br />

tipo de combustíveis. Trata-se de facilitar a<br />

concretização do objectivo mínimo da União<br />

Europeia: <strong>10</strong>% de biocombustíveis no consumo<br />

total de combustíveis até 2020.<br />

Vou agora ouvir com atenção as vossas<br />

observações, agradecendo mais uma vez ao<br />

Parlamento e à Comissão terem emitido<br />

pareceres informados sobre esta apreciação<br />

intercalar do Livro Branco.<br />

2-436<br />

Satu Hassi (Verts/ALE), relatora de parecer<br />

da Comissão da Indústria, da Investigação e da<br />

Energia. – (FI) Senhor Presidente, Senhoras e<br />

Senhores Deputados, queria dirigir os meus<br />

agradecimentos à relatora, senhora deputada<br />

Barsi-Pataky, pelo trabalho que realizou.<br />

Em nome da Comissão da Indústria, da<br />

Investigação e da Energia, não posso deixar de<br />

dizer, no entanto, que lamento que a Comissão


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 278<br />

dos Transportes e do Turismo tenha tido em tão<br />

pouca consideração as propostas da nossa<br />

comissão. Tradicionalmente pensa-se que<br />

quanto mais transportes houver, melhor para a<br />

economia e para a indústria. Contudo, a<br />

Comissão da Indústria, da Investigação e da<br />

Energia considerou que os transportes faziam<br />

com que outros incorressem em muito mais<br />

custos que presentemente não estão<br />

internalizados nos preços dos transportes.<br />

O sector dos transportes é aquele em que as<br />

emissões de dióxido de carbono estão a<br />

aumentar com maior rapidez. Por exemplo, as<br />

emissões resultantes dos transportes rodoviários<br />

aumentaram mais de 25% desde 1990; e a taxa<br />

de crescimento eleva-se a 50% no caso dos<br />

transportes aéreos. Este fenómeno torna<br />

insignificantes as reduções de emissões<br />

alcançadas na indústria e na produção de<br />

energia.<br />

É, por isso, altura de começarmos a aplicar o<br />

princípio do “poluidor-pagador” também aos<br />

transportes e a internalizar os custos dos<br />

prejuízos ambientais nos preços dos diferentes<br />

modos de transporte. É algo que é necessário<br />

também na perspectiva de uma concorrência<br />

leal. A Comissão dos Transportes, infelizmente,<br />

quis diluir este princípio, de modo que as taxas<br />

ambientais sobre os transportes fossem<br />

empregues no sector dos transportes. Os<br />

transportes, no entanto, também têm de encarar<br />

seriamente a questão das emissões de dióxido de<br />

carbono. Temos de estabelecer objectivos<br />

claros, não só para reduzir as emissões dos<br />

veículos, como também as de todas as formas de<br />

transporte.<br />

Parte desses objectivos implicarão em geral<br />

menos tráfego, em especial tráfego automóvel e<br />

tráfego aéreo. Metade dos percursos rodoviários<br />

efectuados diariamente na União Europeia são<br />

inferiores a cinco quilómetros. São efectuados<br />

principalmente nas cidades. Bastava que um<br />

terço desses percursos rodoviários curtos fosse<br />

eliminado e que, em vez disso, as pessoas<br />

andassem a pé ou de bicicleta ou utilizassem<br />

autocarros para que as emissões de dióxido de<br />

carbono na <strong>Europa</strong> diminuíssem vários pontos<br />

percentuais. Por exemplo, as emissões na<br />

Alemanha diminuiriam 4%. Além disso, a<br />

poluição atmosférica seria reduzida,<br />

precisamente nos locais onde a maioria das<br />

pessoas tende a viver.<br />

Segundo a Organização Mundial de Saúde,<br />

todos os anos, 300 000 europeus morrem<br />

precocemente devido à poluição atmosférica,<br />

cuja principal causa nas cidades é o tráfego<br />

automóvel. As empresas também beneficiariam,<br />

devido à diminuição das doenças causadas pela<br />

poluição.<br />

2-437<br />

Dieter-Lebrecht Koch, em nome do Grupo<br />

PPE-<strong>DE</strong>. – (<strong>DE</strong>) Senhor Presidente, Senhor<br />

Comissário, Senhoras e Senhores, gostaria de<br />

começar por felicitar a senhora deputada Etelka<br />

Barsi-Pataky pelo seu relatório e pelo grande<br />

trabalho e disponibilidade para estabelecer<br />

compromissos. A senhora deputada conseguiu,<br />

num relatório muito curto mas rigoroso e de<br />

grande alcance, dar uma panorâmica das<br />

prioridades fulcrais da futura política europeia<br />

de transportes. Os peritos, sobretudo aqueles<br />

que sabem ler nas entrelinhas, irão apreciar esta<br />

faceta. Os nossos cidadãos, no entanto, sentirão<br />

a falta de exemplos detalhados e tangíveis,<br />

assim como de propostas pragmáticas.<br />

A revisão intercalar do Livro Branco da<br />

Comissão de 2001 sobre os Transportes denota<br />

que temos um grande atraso a recuperar, e isto é<br />

válido não só para os aspectos de segurança mas<br />

também para muitas outras áreas, como a<br />

sustentabilidade ambiental, o investimento<br />

(sobretudo na concretização das RTE) e a<br />

logística. A senhora deputada Barsi-Pataky<br />

manifestou uma abordagem correcta através do<br />

seu apoio a uma rede intermodal de transportes<br />

em que cada transportador desenvolva os seus<br />

pontos fortes, de forma a criar serviços de<br />

transporte de mercadorias que sejam de<br />

interesse geral.<br />

Sinto a falta de apelos para um quadro<br />

comunitário adequado ao turismo intermodal,<br />

ou seja, para estruturar os movimentos dos<br />

cidadãos europeus. Necessitamos também de<br />

abordagens intermodais no transporte público e<br />

privado de passageiros de longo curso para<br />

satisfazer o desejo de mobilidade, que está em<br />

constante crescimento.<br />

Congratulo-me bastante com a decisão de se<br />

associarem os problemas de transporte<br />

existentes ao desenvolvimento de sistemas de<br />

transporte inteligentes e soluções técnicas<br />

inovadoras. As políticas devem ser<br />

suficientemente ousadas para conferirem<br />

prioridade à legislação relacionada com a<br />

segurança no sector dos transportes.<br />

As políticas devem também incluir disposições<br />

rigorosas para os veículos pesados de<br />

mercadorias com um peso máximo de 44<br />

toneladas e para a gestão da segurança das<br />

infra-estruturas de transporte.<br />

2-438


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 279<br />

Inés Ayala Sender, em nome do Grupo PSE. –<br />

(ES) Senhor Presidente, desejo felicitar<br />

vivamente a senhora deputada Barsi-Pataky pela<br />

sua capacidade de sintetizar um processo e um<br />

procedimento da dimensão da revisão deste<br />

Livro Verde, apesar - digamos - de todas as<br />

boas intenções. Mas era previsível que todos os<br />

deputados desejassem acrescentar alguma ideia<br />

à grande quantidade de ideias que a proposta da<br />

Comissão suscitava.<br />

Desejo felicitá-la também pela sua capacidade<br />

de alcançar compromissos válidos, que<br />

permitirão reunir um amplo apoio de todo o<br />

Parlamento.<br />

Conseguiu um bom equilíbrio entre os<br />

objectivos irrenunciáveis, como a mudança<br />

modal a favor de modos ainda pouco<br />

desenvolvidos e com grandes vantagens<br />

ambientais, como é o caso do caminho-de-ferro<br />

ou das vias navegáveis, mas podendo,<br />

concomitantemente, inclui-lo num novo<br />

conceito de co-modalidade que lhe conferiria<br />

um realismo mais aceitável para todos os<br />

actores do sector e que reduzia muitas das<br />

pressões que nos impediam de registar<br />

progressos de forma mais razoável.<br />

Um dos dramas da legislação comunitária -<br />

embora não exclusivamente da comunitária - é a<br />

sua deficiente aplicação. É, por conseguinte,<br />

fundamental reclamar instrumentos novos para a<br />

sua aplicação.<br />

Subscrevemos também a sua crítica ao<br />

insuficiente financiamento das redes<br />

transeuropeias e das restantes medidas do<br />

transporte a nível europeu e consideramos que<br />

abre perspectivas de futuro que podem revelarse<br />

muito úteis para o debate de 2008, para<br />

conseguir definitivamente um financiamento à<br />

altura das nossas ambições para o transporte<br />

europeu.<br />

Agradecemos-lhe também a sua compreensão<br />

em relação a integrar o transporte no centro da<br />

Estratégia de Lisboa. Pensamos que desta forma<br />

será possível responsabilizar definitivamente os<br />

Estados-Membros nos dois âmbitos: o âmbito<br />

da aplicação legislativa e o do financiamento<br />

suficiente.<br />

Consideramos também promissoras as propostas<br />

a favor da logística, que procuraremos seguir no<br />

relatório que estamos a elaborar actualmente,<br />

bem como as soluções inovadoras e o seu apoio<br />

total e contínuo aos sistemas de transporte<br />

inteligente.<br />

Apoiamos ainda o seu apelo à diversidade e ao<br />

que isso implicou a partir do alargamento, que<br />

conhece melhor do que ninguém.<br />

Concordamos com a sua posição relativamente<br />

à abordagem global e às relações com os países<br />

terceiros, que consideramos crucial para o<br />

futuro de toda a temática do transporte europeu.<br />

Congratulamo-nos, igualmente, pelo seu apoio<br />

ao Livro Verde sobre os transportes urbanos e<br />

agradecemos-lhe, finalmente, a sua<br />

compreensão acerca da necessidade de<br />

actualizar o seu relatório em relação às<br />

alterações climáticas, contemplando a última<br />

proposta do Conselho relativa à redução das<br />

emissões de CO2.<br />

A única coisa que devo anunciar-lhe, por<br />

último, é que não poderemos acompanhá-la no<br />

seu apoio ao conceito modular que figura no nº<br />

11 do seu relatório, mas julgo que, através da<br />

proposta que o senhor deputado Grosch<br />

porventura nos apresentará, poderemos dar<br />

solução a esse pequeno problema entre os dois<br />

grupos.<br />

2-439<br />

Paolo Costa, em nome do Grupo AL<strong>DE</strong>. – (IT)<br />

Senhor Presidente, Senhor Comissário Jacques<br />

Barrot, Senhoras e Senhores Deputados,<br />

estamos perante um excelente relatório a partir<br />

do qual o Parlamento pode compreender, apoiar<br />

e seguir o trabalho a desenvolver pela Comissão<br />

neste último período das suas actividades. O<br />

relatório Barsi-Pataky abrange todos os<br />

problemas com que lidámos nos últimos anos e<br />

está apto, portanto, a dar um contributo<br />

estratégico para a nossa política.<br />

Tive a infelicidade, se me é permitido<br />

expressar-me nestes termos, de chegar<br />

imediatamente antes dessa clara alteração de<br />

prioridades das últimas semanas, com a possível<br />

inclusão da luta contra as alterações climáticas<br />

entre as actividades da União e a sua<br />

responsabilidade directa pelas questões<br />

relacionadas com os custos da energia. Penso<br />

que temos, agora, de rever o texto à luz das<br />

novas prioridades e de justificar ou esclarecer<br />

todas as políticas que há que concretizar para<br />

garantir que também os transportes concorrem<br />

para a consecução desses dois objectivos.<br />

Significa isto esforçarmo-nos por utilizar<br />

combustíveis alternativos ou os mesmos<br />

combustíveis com motores mais eficientes,<br />

tentar organizar viagens mais eficientes do<br />

ponto de vista energético por meio da logística<br />

mas também, e antes de mais, impor princípios<br />

e lógica à nossa necessidade de insistir numa


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 280<br />

utilização mais racional de transportes eficientes<br />

do ponto de vista energético e que não sejam<br />

prejudiciais ao clima, assim como orientar as<br />

nossas vidas de modo a reduzir mobilidades<br />

desnecessárias.<br />

O que acabo de expor vem realçar as estratégias<br />

históricas que, afinal, devemos à política de<br />

transportes europeia. A interoperabilidade, o<br />

acesso aos mercados e a integração das redes<br />

voltam a impor-se, agora sujeitas a duas<br />

condicionantes: tempo e dinheiro. O tempo<br />

urge: tudo tem de acelerar, tudo tem de conduzir<br />

rapidamente a resultados para mantermos os<br />

objectivos de redução de CO2 e de custos de<br />

energia, previstos nos novos objectivos que a<br />

União se impôs a si própria.<br />

O outro problema tem a ver com o<br />

financiamento. A médio prazo há que<br />

reconsiderar o papel da União como<br />

intermediária relativamente aos investimentos<br />

dos Estados-Membros: estou a pensar não só no<br />

financiamento das infra-estruturas, decerto o<br />

montante mais substancial, mas também na<br />

interoperabilidade e noutras medidas que visam<br />

facilitar o acesso ao mercado. Esse<br />

financiamento deve não só ser obtido a nível<br />

europeu mas exige, também, que a Comissão<br />

possa coordenar as políticas e o financiamento<br />

de todos os Estados, única forma de garantir que<br />

atingimos rapidamente os resultados<br />

pretendidos.<br />

2-440<br />

Sepp Kusstatscher, em nome do Grupo<br />

Verts/ALE. – (<strong>DE</strong>) Senhor Presidente, o título<br />

do relatório soa muito prometedor: "Manter a<br />

<strong>Europa</strong> em movimento - Mobilidade sustentável<br />

para o nosso continente". A afirmação mais<br />

clara no relatório da senhora deputada Etelka<br />

Barsi-Pataky é a que figura no nº 14: “a revisão<br />

intercalar do Livro Branco sobre os transportes<br />

publicado em 2001 não estabeleceu os<br />

objectivos a longo prazo nem deu respostas”. A<br />

política de transportes da UE está cheia de<br />

contradições. Identifica correctamente muitos<br />

princípios positivos, mas frequentemente não os<br />

põe em prática.<br />

O presente relatório estabelece claramente que<br />

se regista um aumento nos efeitos negativos das<br />

mudanças climáticas, que se ficam também a<br />

dever a uma política de transportes errada.<br />

Muitos acreditam ainda que o crescimento será<br />

eterno, e que será cada vez mais rápido, maior e<br />

capaz de progredir sempre. O crescimento pode<br />

ser sustentável, mas é-o de um modo negativo.<br />

Com um crescimento incessante não<br />

atingiremos os objectivos de Quioto, e o<br />

objectivo de conseguir reduzir para metade as<br />

emissões de CO2 até 2050 não passará de uma<br />

ilusão.<br />

É frequente tratarmos apenas os sintomas mas<br />

não a causa do mal, e a senhora deputada Satu<br />

Hassi da Comissão para a Indústria, a<br />

Investigação e a Energia já citou aqui vários<br />

exemplos. Falta-nos a coragem para contarmos<br />

toda a verdade sobre os custos. Queremos<br />

construir novas e ridiculamente dispendiosas<br />

linhas ferroviárias de alta velocidade quando as<br />

linhas existentes, por exemplo em Itália, se<br />

desfazem em ferrugem. As emissões do tráfego<br />

aéreo não são incluídas nos cálculos de CO2 e<br />

fomentam-se os transportes por toda a <strong>Europa</strong>.<br />

Mas vejamos um acontecimento muito concreto<br />

e actual. Hoje, em Viena, os Ministros dos<br />

Transportes da Áustria, Itália e Alemanha<br />

reiteraram alegremente o seu empenho no túnel<br />

da base do Brenner. A viabilidade económica<br />

deste túnel é muito dúbia à luz da experiência<br />

recolhida com o túnel do Canal da Mancha. O<br />

financiamento virá de Estados-Membros que já<br />

violam os critérios de Maastricht, o que o coloca<br />

numa situação muito vacilante. Parte dos troços<br />

de acesso ainda nem sequer foram projectados.<br />

Trata-se, verdadeiramente, de um gigantesco<br />

elefante branco. Fala-se de uma transferência do<br />

tráfego de mercadorias para a ferrovia mas o<br />

que está projectado é uma linha de alta<br />

velocidade para o transporte de passageiros.<br />

Os objectivos de uma política dos transportes<br />

socialmente aceitável e amiga do ambiente<br />

devem ser a redução dos fluxos desnecessários<br />

de tráfego, a transferência para métodos de<br />

transporte mais amigos do ambiente, a<br />

honestidade sobre os custos – o que significa<br />

que os preços dos transportes devem incluir<br />

todos os custos de construção, manutenção,<br />

tomarem em consideração os problemas<br />

ambientais e de saúde e o custo dos acidentes –<br />

e uma tributação sustentável dos transportes<br />

baseada nas emissões de CO2, sem omitir o<br />

tráfego aéreo, que é uma das fontes mais<br />

importantes de emissões.<br />

2-441<br />

Johannes Blokland, em nome do Grupo<br />

IND/<strong>DE</strong>M. – (NL) Senhor Presidente, a prática<br />

provou ser mais teimosa do que a teoria. A meio<br />

do horizonte de planeamento do Livro Branco<br />

relativo aos transportes, constatamos que a<br />

consecução dos objectivos ainda não está à<br />

vista. A decisão da Comissão de ajustar os<br />

objectivos é ao mesmo tempo corajosa e<br />

sensata. Dou-lhe os meus parabéns. Esta<br />

mudança de rumo significa, contudo, que temos<br />

de centrar a nossa atenção noutros aspectos. O<br />

objectivo já não consiste apenas em transferir a


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 281<br />

carga, mas também em melhorar todos os<br />

modos de transporte. Em alguns casos, isso<br />

requer uma grande determinação e perseverança<br />

internacionais.<br />

Na <strong>Europa</strong> há também ainda muito trabalho a<br />

fazer, incluindo a implantação de infraestruturas<br />

adequadas, a utilização de novas<br />

tecnologias, a elaboração de programas de acção<br />

especificamente orientados para sectores do<br />

mercado e uma aplicação mais ampla do<br />

princípio do “poluidor/utilizador pagador”.<br />

Estes três elementos foram contemplados no<br />

relatório da senhora deputada Barsi-Pataky, e<br />

com toda a razão. Assim, posso identificar-me<br />

em larga medida com o conteúdo do seu<br />

relatório.<br />

Apresentei alterações relativamente a dois<br />

pontos. Este Parlamento aprova legislação em<br />

matéria de transportes, cabendo depois<br />

frequentemente aos Estados-Membros transpor<br />

essa legislação. Revelou-se que um só e mesmo<br />

texto legislativo é interpretado e aplicado de<br />

diferentes maneiras em diferentes Estados-<br />

Membros. Isto significa, por exemplo, que os<br />

camiões que atravessam diversos Estados-<br />

Membros cumprem essa mesma disposição<br />

legislativa num determinado país e não a<br />

cumprem noutro, com todas as consequências<br />

que isso implica. Isto é algo que considero<br />

inaceitável. Daí, pois, que a minha alteração 4<br />

chame a atenção para este aspecto e exorte os<br />

Estados-Membros e a Comissão a, quando tal<br />

necessário, chegarem a acordo sobre uma<br />

interpretação comum dos diplomas legislativos.<br />

Esta alteração não prevê sanções comuns<br />

aplicáveis às infracções.<br />

O segundo ponto prende-se com o transporte<br />

urbano, um sector que muito prezo, mas que<br />

entendo que é, e deverá continuar a ser, uma<br />

competência dos Estados-Membros. O papel da<br />

União Europeia deve, portanto, limitar-se<br />

exclusivamente à facilitação. Para concluir,<br />

gostaria de agradecer à senhora deputada Barsi-<br />

Pataky pelos seus esforços e de a felicitar por<br />

este resultado.<br />

2-442<br />

Reinhard Rack (PPE-<strong>DE</strong>). – (<strong>DE</strong>) Senhor<br />

Presidente, a revisão intercalar apresentada pela<br />

Comissão salienta com razão uma série de<br />

êxitos da política comum de transportes, e<br />

designadamente as constantes melhorias na<br />

incorporação das prioridades em matéria de<br />

política de transportes em outras políticas, que<br />

são por um lado o mercado interno e por outro a<br />

política ambiental. Gostaria de agradecer a<br />

Jacques Barrot, Vice-Presidente da Comissão,<br />

por ter referido especificamente o estudo sobre a<br />

internalização dos custos externos. Aguardamos<br />

com grande expectativa as conclusões e<br />

recomendações de novas medidas.<br />

Mas a revisão intercalar deve também<br />

reconhecer que muitas das acções identificadas<br />

como necessárias falharam ou estão ameaçadas<br />

de fracasso por falta de financiamento e<br />

disponibilidade para o fazer por parte da União<br />

Europeia, ou mais especificamente dos Estados-<br />

Membros. Isto quer dizer que são necessários<br />

novos impulsos nesta fase intercalar.<br />

Necessitamos de mais verbas, de melhores<br />

sistemas, de mais e melhores tecnologias novas,<br />

e sobretudo de uma melhor logística.<br />

Temos também de dominar novas matérias. É<br />

especialmente vital inserir os novos Estados-<br />

Membros e os países candidatos no sistema de<br />

redes transeuropeias, que é já um pouco antigo,<br />

de forma a podermos crescer conjuntamente. Se<br />

somarmos as diferentes facetas relacionadas<br />

com as considerações de segurança<br />

constataremos que há ainda muito trabalho a<br />

fazer.<br />

Na questão da política de transportes urbanos a<br />

ousadia e a sensibilidade devem ser os nossos<br />

lemas, e o importante aqui é uma abordagem<br />

metódica. Não é necessário transpor<br />

imediatamente qualquer ideia exequível e<br />

concebível para o direito comunitário e talvez<br />

seja melhor optar por uma legislação menos<br />

vinculativa, e por dar um maior estímulo sob a<br />

forma de melhores práticas e do respeito pela<br />

subsidiariedade.<br />

Os transportes na sua globalidade não irão<br />

diminuir mas antes aumentar. Alguns têm uma<br />

visão de futuro em que o crescimento dos<br />

transportes e da economia decorrerá de uma<br />

forma completamente separada. Nesta matéria<br />

há que evitar mergulhar de cabeça, pois o<br />

crescimento não serve para todos os domínios.<br />

A alteração 6 apresentada por deputados dos<br />

países escandinavos não deve ser vista ou usada<br />

como uma porta de entrada pelas traseiras para<br />

os chamados veículos pesados de mercadorias<br />

EuroCombi. O que pode ser uma boa prática na<br />

Escandinávia não serve para o resto da <strong>Europa</strong>.<br />

Agradeço à Comissão, e sobretudo gostaria de<br />

agradecer também à relatora este excelente<br />

relatório.<br />

2-443<br />

Anne E. Jensen (AL<strong>DE</strong>). – (DA) Senhor<br />

Presidente, Senhor Comissário, gostaria de<br />

começar por agradecer à senhora<br />

deputada Barsi-Pataky por ter produzido um<br />

relatório tão habilmente formulado e que


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 282<br />

contém mensagens muito claras. Desejo ainda<br />

agradecer à Comissão e ao Senhor Comissário<br />

Barrot pela avaliação do Livro Branco de que<br />

resultaram numerosas ideias novas e<br />

construtivas relativamente à política de<br />

transportes da UE. O Livro Branco constituirá,<br />

ao longo dos próximos anos, um quadro para<br />

decisões consistentes e de largo alcance na área<br />

dos transportes. A avaliação poderá também<br />

contribuir para decisões mais positivas. Os<br />

Chefes de Estado e de Governo da UE<br />

decidiram, naturalmente, que os transportes<br />

eficientes devem fazer parte do Processo de<br />

Lisboa, o qual se destina a transformar a UE na<br />

economia baseada no conhecimento mais<br />

competitiva até ao ano 20<strong>10</strong>, o que, obviamente,<br />

é muito positivo. Revela a existência de uma<br />

maior compreensão relativamente à importância<br />

crucial que assumem os transportes eficientes<br />

no desenvolvimento económico.<br />

Simultaneamente, o compromisso da Comissão<br />

para com a co-modalidade e a ênfase que<br />

colocou na interacção entre as diferentes<br />

modalidades de transporte, são testemunhos de<br />

um entendimento mais realista daquilo que<br />

determina a procura no sector dos transportes, o<br />

que equivale a dizer que as pessoas querem a<br />

forma mais segura, mais eficaz e mais barata de<br />

chegar do ponto A ao ponto B. Torna-se<br />

necessário desenvolver cada um dos modos de<br />

transporte de uma forma não prejudicial para o<br />

ambiente e de envidar mais esforços para<br />

coordenar as diferentes formas de transporte,<br />

tomando em consideração tanto a eficiência<br />

como o ambiente. Esta política implica<br />

investimentos, e podemos interrogar-nos se os<br />

Chefes de Estado e de Governo da UE virão a<br />

honrar as belas palavras proferidas sobre a<br />

melhoria dos transportes. Teremos em breve a<br />

oportunidade de o apreciar quando ficarmos a<br />

conhecer o que Redes Transeuropeias<br />

conseguirão obter. Receio que não tenham sido<br />

afectados fundos suficientes às Redes<br />

Transeuropeias para o período <strong>2007</strong> a 2013 e<br />

que tenhamos de exigir que a agenda para a<br />

revisão intercalar do quadro orçamental para<br />

2009 contemple mais verbas para investimentos<br />

em transportes.<br />

2-444<br />

Renate Sommer (PPE-<strong>DE</strong>). – (<strong>DE</strong>) Senhor<br />

Presidente, Senhor Comissário, Senhoras e<br />

Senhores, a <strong>Europa</strong> está mergulhada em<br />

engarrafamentos e a situação agrava-se. É<br />

necessária uma mudança, apesar de os<br />

transportes desempenharem um papel vital na<br />

nossa economia. Se a nossa política de<br />

transportes for má, a economia será afectada<br />

porque depende naturalmente do sector dos<br />

transportes. Afigura-se, por isso, importante que<br />

a nossa política de transportes estabeleça laços<br />

com as outras políticas.<br />

Podemos e devemos progredir numa série de<br />

importantes regulamentos, como os referentes à<br />

harmonização, começando pelo âmbito europeu,<br />

mas devemos recordar que só podem ser<br />

tomadas medidas políticas a nível comunitário<br />

se proporcionarem um claro valor acrescentado.<br />

Isto significa que devemos avaliar<br />

constantemente a necessidade de todos os<br />

regulamentos da UE em matéria de política de<br />

transportes. As medidas existentes devem ser<br />

avaliadas regularmente para se poderem<br />

eliminar quaisquer tendências indesejáveis logo<br />

desde a sua génese. Uma regulamentação<br />

excessiva é prejudicial ao mercado dos<br />

transportes.<br />

Para podermos introduzir aperfeiçoamentos<br />

reais na mobilidade e defesa do ambiente é<br />

necessário criar incentivos substanciais para<br />

meios de transporte relativamente amigos do<br />

ambiente, mas negligenciados até agora, como<br />

são a ferrovia e a navegação fluvial. Devemos<br />

especialmente levar os Estados-Membros a<br />

envolverem-se nesta área. Existe ainda todo um<br />

enorme manancial de potencialidades a<br />

aproveitar, e isso constitui um desafio para a<br />

<strong>Europa</strong>.<br />

Contudo, continua a não existir uma resposta<br />

satisfatória à questão de se saber se a Comissão<br />

Europeia devia intervir nos transportes urbanos.<br />

Seremos responsáveis por este sector? Não<br />

violará isto o princípio da subsidiariedade? Pode<br />

a <strong>Europa</strong> ditar como as nossas cidades devem<br />

organizar os seus assuntos internos? Não se<br />

pode permitir que a Comissão Europeia se sirva<br />

do actual e histérico debate sobre as mudanças<br />

climáticas para alargar as suas competências.<br />

Se queremos introduzir aperfeiçoamentos<br />

sustentáveis na situação dos transportes,<br />

melhorando assim a qualidade ambiental das<br />

nossas cidades, devemos levar atrás de nós os<br />

cidadãos da <strong>Europa</strong>. Só com mudanças no<br />

comportamento dos nossos cidadãos enquanto<br />

utentes dos transportes conseguiremos alcançar<br />

resultados substanciais e genuinamente eficazes.<br />

Para isso serão, porém, necessárias campanhas<br />

direccionadas de informação que deverão ser<br />

iniciadas e apoiadas a nível europeu.<br />

Para terminar, gostaria de agradecer à nossa<br />

relatora, a senhora deputada Etelka<br />

Barsi-Pataky, pelo excelente e exaustivo<br />

relatório sobre esta questão e por ter estado<br />

sempre disponível para debates.<br />

2-445


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 283<br />

Jerzy Buzek (PPE-<strong>DE</strong>). – (PL) Senhor<br />

Presidente, gostaria de agradecer ao relator o<br />

seu excelente trabalho. Os transportes europeus<br />

encontram-se confrontados com importantes<br />

desafios: um mercado uniforme e boas ligações,<br />

permeabilidade transfronteiriça, serviços em<br />

grandes cidades, segurança e qualidade dos<br />

serviços, e condições de trabalho para os<br />

trabalhadores dos transportes. Isto envolve,<br />

sobretudo, uma boa e sistemática regulação da<br />

legislação europeia e nacional. Além disso<br />

envolve organização e logística adequadas,<br />

grandes investimentos em infra-estruturas, mas,<br />

acima de tudo, consumo de energia. Não existe<br />

uma coisa chamada transporte sem<br />

fornecimento de energia.<br />

A utilização de energia nos transportes dá<br />

origem a emissões perigosas. Forçoso é<br />

limitarmos estas emissões por motivos<br />

ambientais, usando a requerida tecnologia. O<br />

custo dos combustíveis é elevado e temos de<br />

reduzir o seu consumo, incorporando novas<br />

tecnologias nos motores. Nova redução da<br />

poluição, contudo, e novas tecnologias<br />

economizadoras de combustíveis custam<br />

dinheiro, além de termos de as desenvolver mais<br />

para fazer descer o seu preço. Quanto mais<br />

barata for a tecnologia, mais barata é o<br />

transporte, e transporte barato significa uma<br />

economia competitiva. Assim, uma vez mais, o<br />

principal problema reside nas novas tecnologias.<br />

Gostaria de solicitar a esta Assembleia que, no<br />

decurso da revisão do orçamento intercalar,<br />

aumente consideravelmente as verbas<br />

destinadas às gastos com investigação e a<br />

tecnologia no domínio dos transportes. Temos<br />

de ser inovadores em matéria de tecnologia no<br />

domínio dos transportes, caso contrário iremos<br />

perder a corrida por um transporte competitivo,<br />

uma economia competitiva e a Estratégia de<br />

Lisboa.<br />

2-446<br />

Jacques Barrot, Vice-Presidente da Comissão.<br />

- (FR) Senhor Presidente, Senhoras e Senhores<br />

Deputados, gostaria em primeiro lugar, muito<br />

simplesmente mas também muito francamente,<br />

de dizer à senhora deputada Satu Hassi que<br />

estou espantado com as suas críticas, pois a<br />

verdade é que estamos altamente empenhados<br />

na mobilidade sustentável. Estou estarrecido,<br />

Senhora Deputada Satu Hassi, com o facto de a<br />

senhora poder pensar que estamos a esquecer o<br />

princípio do poluidor-pagador. Creio ter<br />

assumido, juntamente com o Senhor Comissário<br />

Dimas, um compromisso corajoso relativo à<br />

partilha com a aviação dos direitos de emissão<br />

de gases com efeito de estufa. Cumprimos uma<br />

orientação política, e estou muito espantado<br />

com as suas críticas que - permita-me - me<br />

parecem um pouco excessivas.<br />

Vou também aproveitar para dizer ao senhor<br />

deputado Sepp Kusstatscher que tenho<br />

dificuldade em compreendê-lo: é evidente que,<br />

no momento em que construímos infraestruturas<br />

para os TGV, libertamos vias<br />

convencionais para o frete. E não é por acaso<br />

que anunciei há pouco uma comunicação sobre<br />

as linhas de caminho-de-ferro destinadas ao<br />

frete.<br />

Senhora Deputada Renate Sommer, permita-me<br />

dizer-lhe também que não estou à procura de<br />

competências. Em contrapartida, tenho em<br />

conta, por um lado, as expectativas dos cidadãos<br />

e, por outro, o facto de que, se se pretende que o<br />

caminho-de-ferro assuma o lugar que lhe cabe<br />

na <strong>Europa</strong>, há que garantir a interoperabilidade.<br />

Se se pretende uma política de desenvolvimento<br />

sustentável, há-de chegar o momento em que ela<br />

só será possível com a coordenação e a<br />

harmonização à escala europeia. Permito-me<br />

dizê-lo sem rodeios, pois a senhora<br />

compreenderá que o Comissário que sou,<br />

empenhado como estou, quero realmente aceitar<br />

um certo número de críticas justas, mas sintome<br />

obrigado a responder de forma directa<br />

quando a crítica se torna excessiva.<br />

Passo agora às observações que queria fazer. A<br />

Comissão já começou a eliminar os obstáculos à<br />

circulação dos comboios: simplificação da<br />

certificação dos veículos ferroviários,<br />

interoperabilidade e segurança ferroviária, o<br />

terceiro pacote ferroviário. Agradeço à vossa<br />

Comissão dos Transportes e do Turismo ter<br />

trabalhado nesta matéria para chegar a um<br />

acordo.<br />

No sector da aviação, dispomos de dois<br />

regulamentos relativos à interoperabilidade dos<br />

sistemas europeus de gestão do tráfego aéreo.<br />

Em <strong>2007</strong>, adoptámos um pacote "aeroportos"<br />

centrado no papel dos aeroportos na<br />

competitividade no mercado interno da aviação<br />

e, no que respeita às infra-estruturas, dispomos<br />

de um novo regulamento RTE. Mas o presidente<br />

Costa tem razão quando diz que vamos ter<br />

efectivamente de redobrar esforços para<br />

coordenar os financiamentos, pois, como disse a<br />

senhora deputada Inés Ayala Sender e não só,<br />

estamos perante um orçamento demasiado<br />

limitado para poder realmente desencadear<br />

grandes obras de infra-estruturas que permitam<br />

a mobilidade sustentável. Têm toda a razão e<br />

agradeço ao Parlamento tê-lo recordado.


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 284<br />

O senhor deputado Dieter-Lebrecht Koch falou<br />

da co-modalidade no turismo, e com razão. A<br />

co-modalidade tem de jogar também a favor dos<br />

passageiros. Relativamente às infra-estruturas,<br />

como acabei de dizer, vamos tentar mobilizar<br />

todos os recursos possíveis e desenvolver<br />

parcerias público-privadas com a participação<br />

do Banco Europeu de Investimento (BEI).<br />

Duas palavras sobre os aspectos sociais do<br />

transporte. No passado mês de Abril, entraram<br />

em vigor novas regras sociais relativas ao<br />

transporte rodoviário profissional e<br />

apresentámos três propostas de regulamento<br />

com vista a modernizar o acesso à profissão de<br />

transportador rodoviário e ao mercado do<br />

transporte rodoviário. Quanto aos direitos dos<br />

passageiros, começámos a instaurar, graças ao<br />

Parlamento, os direitos das pessoas com<br />

mobilidade reduzida em todos os modos de<br />

transporte, nomeadamente os transportes em<br />

autocarro ou marítimos. Confesso, conhecendo<br />

a sensibilidade do Parlamento nesta matéria, que<br />

é agora necessário que esses direitos sejam<br />

aplicados na prática.<br />

No que se refere à segurança, gostaria de<br />

salientar mais uma vez a prioridade da<br />

segurança rodoviária na nossa acção, como<br />

demonstra o primeiro Dia Europeu da<br />

Segurança Rodoviária. Por outro lado<br />

simplificámos as regras em matéria de<br />

transporte de mercadorias perigosas e dispomos<br />

das nossas três agências de segurança aérea,<br />

marítima e ferroviária, que não estão paradas. A<br />

segurança ocupar-nos-á no Outono no âmbito da<br />

conciliação sobre as regras comuns no sector<br />

aéreo.<br />

Quanto à vertente inovação, em que a senhora<br />

deputada Etelka Barsi-Pataky tem toda a razão<br />

em insistir, trata-se de facto de um problema<br />

vital. Os transportes têm de beneficiar de todas<br />

as novas tecnologias. Será o caso do SESAR no<br />

tráfego aéreo. É o caso do ERTMS para equipar<br />

as novas linhas de caminho-de-ferro e depois,<br />

evidentemente, será o caso da poupança de<br />

energia e da propulsão verde para assegurar o<br />

carácter sustentável da mobilidade rodoviária.<br />

Tudo isto será objecto de um Plano de Acção<br />

relativo à eficiência energética e se inscreverá<br />

na estratégia europeia da energia definida pelo<br />

Conselho Europeu.<br />

Não vou alongar-me sobre a dimensão<br />

internacional. Temos evidentemente de<br />

desenvolver esta política que nos permitiu<br />

assinar um acordo open sky com os Estados<br />

Unidos e com outros países. Vamos agora<br />

prosseguir esses esforços.<br />

Senhor Presidente, vou parar por aqui pois,<br />

evidentemente, tudo isto mereceria<br />

desenvolvimentos nitidamente mais vastos.<br />

Agradeço ao Parlamento e sobretudo à senhora<br />

deputada Etelka Barsi-Pataky, pois creio que<br />

estamos empenhados numa política dos<br />

transportes que tem realmente em conta as<br />

exigências do futuro, que não está minimamente<br />

voltada para o passado, mas sim para o futuro,<br />

com o seguinte duplo objectivo: permitir uma<br />

mobilidade tal como exigida nos Objectivos de<br />

Lisboa e, simultaneamente, fazer com que essa<br />

mobilidade se mantenha compatível com os<br />

imperativos da protecção ambiental e da luta<br />

contra o aquecimento climático. Trata-se de<br />

uma batalha muito difícil. Agradeço muito ao<br />

Parlamento o seu apoio e, pessoalmente, sintome<br />

muito empenhado neste esforço em prol de<br />

uma mobilidade sustentável.<br />

2-447<br />

Presidente. – Está encerrado o debate.<br />

A votação terá lugar na quarta-feira, 11 de Julho<br />

de <strong>2007</strong>.<br />

2-448<br />

Relações comerciais bilaterais UE-China<br />

(debate)<br />

2-449<br />

Presidente. – Segue-se na ordem do dia a<br />

pergunta oral (B6-0129/<strong>2007</strong>), apresentada pelo<br />

deputado Markov em nome da Comissão do<br />

Comércio Internacional à Comissão: Evoluções<br />

recentes nas relações comerciais bilaterais com<br />

a China.<br />

2-450<br />

Helmuth Markov (GUE/NGL), autor. – (<strong>DE</strong>)<br />

Senhor Presidente, Senhor Comissário,<br />

Senhoras e Senhores Deputados, apraz-me<br />

poder introduzir este tema em nome da<br />

Comissão do Comércio Internacional. Gostaria<br />

de começar por agradecer ao Senhor Comissário<br />

Mandelson e aos seus serviços, o aumento<br />

significativo do fluxo de informações enviado à<br />

nossa comissão sobre as diferentes negociações<br />

comerciais bilaterais e inter-regionais. A<br />

comissão espera que este tipo de cooperação<br />

prossiga no caso das negociações internacionais<br />

de acordos de parceria e cooperação, nos quais,<br />

como no caso da China, o comércio é um<br />

elemento de peso.<br />

As nossas relações comerciais com a República<br />

Popular da China são de enorme importância<br />

para ambas as partes. No ano passado, a China<br />

ultrapassou os EUA passando a ser o maior<br />

exportador para a União Europeia. Ao mesmo<br />

tempo, o défice comercial da União Europeia


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 285<br />

com a China aumentou para 128 mil milhões de<br />

euros. A Comissão do Comércio Internacional<br />

tem estado a acompanhar a importância<br />

crescente que a China vem adquirindo, há<br />

algum tempo, no comércio internacional. A<br />

nossa comissão elaborou, já em 2005, um<br />

relatório de iniciativa sobre o assunto: o<br />

primeiro relatório alguma vez elaborado sobre<br />

um parceiro comercial específico. Num segundo<br />

relatório abordaram-se as consequências do fim<br />

do regime de quotas para a indústria têxtil e de<br />

vestuário da China. São devidos agradecimentos<br />

aos relatores – Caroline Lucas e Tokia Saïfi –<br />

pela visão de que deram mostras há dois anos.<br />

Ainda não foram dissipadas, na União Europeia<br />

e nos países em desenvolvimento, as<br />

preocupações com a indústria têxtil e de<br />

vestuário e com o impacto da abertura do<br />

mercado à China.<br />

Esta incerteza tem vindo a aumentar agora que o<br />

Memorando de Entendimento de 2005 está<br />

prestes a expirar. É necessário que haja uma<br />

declaração clara sobre o estatuto de economia<br />

de mercado da China, a fim de que possam ser<br />

investigadas as acusações de dumping neste<br />

domínio.<br />

O relatório Lucas abordou a questão da<br />

estratégia europeia, no que respeita à<br />

optimização da cadeia de criação de valor e ao<br />

aumento da produção de bens de alta tecnologia.<br />

A convicção de que a União Europeia pode<br />

continuar a oferecer soluções inteligentes a<br />

longo prazo e marcar o ritmo do progresso<br />

científico e técnico terá de ser posta em causa<br />

tendo em conta os números extraordinariamente<br />

elevados de chineses altamente qualificados que<br />

deixam as escolas. Reconhecemos e<br />

congratulamo-nos, obviamente, com a redução<br />

da pobreza na sequência do crescimento<br />

meteórico da China, nos últimos 20 anos. Ao<br />

mesmo tempo, é razoável esperar que a China<br />

cumpra as regras da OMC, que aceitou, ao<br />

tornar-se membro dessa organização. Entre elas<br />

incluem-se as disposições relativas à<br />

propriedade intelectual e o princípio da nãodisciminação<br />

dos bens importados. Também<br />

não podemos dar-nos ao luxo de ignorar as<br />

consequências ecológicas e sociais do<br />

crescimento da China. Deveremos estar<br />

preparados para apoiar aqueles que estão a<br />

enfrentar os problemas no terreno.<br />

Senhor Comissário Mandelson, creio ter lido<br />

que, no mês passado, numa conferência sindical<br />

no Reino, V. Exa. terá dito que, nas<br />

conversações internacionais e bilaterais sobre<br />

comércio, procuramos estabelecer normas<br />

ambientais e sociais justas. Espero<br />

simplesmente que esse princípio se aplique aos<br />

nossos principais parceiros comerciais, e não<br />

apenas aos pequenos. Por isso, esperamos que o<br />

Acordo de Parceria e Cooperação que<br />

actualmente está a negociar com a China<br />

incorpore todos esses elementos e que os<br />

interesses de todas as partes afectadas sejam<br />

tidos em conta, em vez de incidir<br />

exclusivamente no acesso ao mercado. Senhor<br />

Comissário, talvez nos possa dizer até que ponto<br />

esta mensagem foi veiculada através da posição<br />

da UE nas negociações relativas ao Acordo de<br />

Parceira e Cooperação com a China e também<br />

de que forma respondeu a China a essa posição.<br />

Outra questão mais genérica é a das relações<br />

entre as negociações internacionais e as<br />

bilaterais. A estratégia comercial da União<br />

Europeia vê as relações comerciais bilaterais e<br />

inter-regionais como complementos dos<br />

esforços multilaterais envidados na OMC. As<br />

negociações da OMC parecem estar num<br />

impasse. Poderá o Senhor Comissário explicar<br />

qual é a base para a condução de discussões<br />

bilaterais, tendo em conta a actual incerteza<br />

quanto à forma que assumirá o quadro global<br />

para as futuras negociações e, por conseguinte,<br />

quanto à forma dos acordos.<br />

Por último, gostaria de perguntar se será<br />

efectivamente necessário negociar, antes de<br />

chegarmos a um acordo de âmbito multilateral,<br />

acordos individuais OMC-plus, com disposições<br />

de que, sabemos, muitos países em<br />

desenvolvimento discordam. Este tipo de<br />

conduta não dificultará ainda mais do que<br />

actualmente acontece a conclusão de um acordo<br />

multilateral, que é a solução que a nossa<br />

comissão favorece?<br />

2-451<br />

Peter Mandelson, Membro da Comissão. –<br />

(EN) Senhor Presidente, permita-me que, em<br />

resposta ao senhor deputado Markov, lhe<br />

manifeste a minha gratidão tanto por reconhecer<br />

o aumento do fluxo de informação da Comissão<br />

para a sua comissão, como por verificar a<br />

existência de maior cooperação. No que diz<br />

respeito à China, a UE tem como objectivo com<br />

o futuro acordo de cooperação e parceria lançar<br />

as bases de uma parceria optimizada, que inclua<br />

a implementação e, se possível, a actualização<br />

dos critérios ambientais – incluindo a redução<br />

das mudanças climáticas -, sociais, laborais e de<br />

segurança, de molde a ficarmos no mesmo<br />

comprimento de onda relativamente a esses<br />

assuntos.<br />

É com agrado que acolhemos a oportunidade de<br />

proporcionarmos a esta Assembleia alguma


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 286<br />

reacção sobre a recente evolução registada nas<br />

relações comerciais bilaterais com a China.<br />

Desde que aceitei este cargo, a China tem<br />

constituído um assunto de prioridade máxima.<br />

Temos muito a ganhar, mas também temos<br />

algumas coisas a perder, dependendo do<br />

resultado da orientação que dermos a esta<br />

importante relação.<br />

No passado mês de Outubro, escolhi o<br />

Parlamento Europeu para, juntamente com a<br />

senhora Comissária Ferrero-Waldner, apresentar<br />

um documento de orientação sobre a política<br />

relativa à China – “Uma parceria mais estreita,<br />

responsabilidades acrescidas” – e, mais<br />

especificamente, sobre o comércio e os<br />

investimentos, o documento de orientação<br />

intitulado “Concorrência e Parceria". Nesse<br />

documento de orientação, argumentei que a<br />

<strong>Europa</strong> beneficia com uma relação económica<br />

aberta e equilibrada com a China, baseada numa<br />

reciprocidade leal.<br />

Esse argumento de base ainda se mantém válido<br />

actualmente. As nossas economias são<br />

complementares: em muitos sectores, a China<br />

tem grandes vantagens em matéria de<br />

concorrência – nós temos uma vantagem<br />

sustentável, no que diz respeito à concorrência<br />

no domínio dos serviços e bens de elevado valor<br />

acrescentado, particularmente nos que requerem<br />

uma forte protecção dos direitos intelectuais<br />

(PDI).<br />

Todavia, ainda não alcançámos nas nossas<br />

relações o equilíbrio capaz de garantir a sua<br />

sustentabilidade em benefício mútuo. Na<br />

realidade, o défice comercial da <strong>Europa</strong> em<br />

relação à China está a aumentar. Admito que<br />

parte desse défice possa ser o resultado natural<br />

das forças do mercado, mas também sabemos<br />

que o nosso potencial em matéria de<br />

exportações está a ser prejudicado por barreiras<br />

do mercado chinês e que, consequentemente,<br />

uma parte importante do actual equilíbrio<br />

comercial é artificial. É o produto da política, e<br />

não da economia; pode ser tratado por meio da<br />

política. Um estudo recente calculou, inclusive,<br />

os custos anuais das barreiras chinesas ao nosso<br />

comércio em 20 mil milhões de EUR,<br />

correspondentes à perda de 30% das nossas<br />

exportações para a China. A China tem de tomar<br />

medidas práticas para enfrentar o problema.<br />

Logo, o que procura a UE? Pois bem: nós<br />

pretendemos melhorar o acesso aos mercados<br />

chineses de bens e serviços e, para os<br />

investidores da UE, uma mudança considerável<br />

no domínio da protecção dos direitos de<br />

propriedade intelectual e dos direitos de autor,<br />

sobretudo erradicando os imensos mercados de<br />

rua que vendem produtos de contrafacção, e<br />

garantindo o pagamento pelas empresas<br />

chinesas às empresas da UE dos direitos devidos<br />

pela utilização das suas tecnologias.<br />

Queremos também uma abordagem ambiciosa<br />

das negociações tendentes a actualizar o Acordo<br />

de Cooperação Bilateral Económica e<br />

Comercial entre a UE e a China, datado de<br />

1985. Este acordo tem de ser um acordo<br />

verdadeiramente de alto nível, que trate<br />

preocupações de longa data. Além disso,<br />

queremos a garantia de que a necessidade de<br />

crescimento e a ausência de sinais do mercado<br />

interno da China não conduzirão a um excesso<br />

de produção e à prática de dumping,<br />

particularmente no que respeita aos produtos<br />

fundamentais, como, por exemplo, o aço.<br />

O principal argumento a favor de uma relação<br />

comercial positiva com a China continua a ser<br />

correcto, mas, nas nossas relações com a China,<br />

encontramo-nos, de certo modo, numa espécie<br />

de encruzilhada. A política de diálogo para<br />

tratar dos problemas que temos só será credível<br />

se proporcionar mais do que os meios<br />

alternativos para tentar forçar a mudança.<br />

A política de diálogo e de compromisso é<br />

passível de ser questionada, e sê-lo-á, se as<br />

coisas não melhorarem entre nós e se não se<br />

verificarem imediatamente melhoras e<br />

benefícios práticos e palpáveis, em<br />

consequência dessa política de diálogo e de<br />

compromisso.<br />

Permitam-me, portanto, que repita: abertura em<br />

relação à China redunda no interesse da <strong>Europa</strong>,<br />

mas apenas é sustentável se pudermos mostrar<br />

que os produtos e os serviços da UE são tão<br />

bem recebidos na China como os produtos da<br />

China são recebidos na <strong>Europa</strong>. Esse é o motivo<br />

por que a China tem de reciprocar, reforçando o<br />

seu compromisso, relativamente à abertura<br />

económica e à reforma do mercado no interior<br />

das próprias fronteiras.<br />

Apresentei esta questão aberta e francamente às<br />

autoridades Chinesas, mais recentemente, ao<br />

Ministro do Comércio, Bo Xilai, no decurso da<br />

nossa recente reunião do Comité Misto UE-<br />

China, em 12 de Junho, em Bruxelas. Nessa<br />

reunião, o dirigente chinês reconheceu, pela<br />

primeira vez, que, pura e simplesmente, a actual<br />

tendência para o desequilíbrio comercial entre a<br />

China e a UE não é sustentável. Foi-me dado<br />

concordar com Bo Xilai, sobre a criação de um<br />

grupo de alto nível para examinar processos de<br />

tratar este assunto. Estou ansioso por receber o


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 287<br />

primeiro relatório desse grupo no decurso da<br />

próxima Cimeira UE-China, que terá lugar em<br />

Novembro, esperando eu que ele identifique<br />

algumas das primeiras medidas práticas<br />

palpáveis que permitam resolver este desafio<br />

partilhado, garantindo, sobretudo, maiores<br />

importações de produtos da UE por parte da<br />

China.<br />

Cheguei a acordo com o Ministro Bo Xilai<br />

sobre 12 pontos específicos que tratam das<br />

preocupações de 12 empresas da UE relativas ao<br />

acesso ao mercado chinês. Uma destas<br />

preocupações dizia respeito ao acordo sobre<br />

termos de referência para a actualização do<br />

nosso pacto comercial de 1985. Isto constituiu<br />

um importante passo em frente, uma vez que eu<br />

tinha suspendido o nosso comprometimento até<br />

considerar que os termos de referência estavam<br />

correctos, do nosso ponto de vista.<br />

É importante realçar que o Acordo de<br />

Cooperação e Parceria de que fazem parte as<br />

nossas discussões em matéria comercial irá<br />

abranger todo o âmbito da relação bilateral UE-<br />

China, incluindo uma melhor cooperação em<br />

assuntos políticos. O ACP irá conter uma<br />

cláusula sobre os direitos do Homem, que irá<br />

cobrir todas as questões relacionadas com os<br />

princípios democráticos e os direitos<br />

fundamentais do Homem. Como já disse, um<br />

dos nossos objectivos no ACP é estabelecer uma<br />

base para um aumento da cooperação em<br />

assuntos relacionados com os critérios de<br />

segurança ambiental, social e laboral.<br />

Na vertente do comércio, o acordo irá cobrir<br />

questões importantes para ambas as partes,<br />

como, por exemplo, os direitos de propriedade<br />

industrial (DPI), investimento, barreiras<br />

comerciais não-tarifárias, movimento de<br />

capitais, comércio sustentável, recursos naturais<br />

e concorrência. Estas negociações constituem<br />

um instrumento importante para se tentar<br />

reequilibrar as nossas relações e criar<br />

oportunidades para os operadores comerciais da<br />

UE. Não obstante, este não é o nosso acordo<br />

preferencial, motivo por que não serão<br />

discutidas as pautas aduaneiras.<br />

A par disso, a Comissão Europeia continuará a<br />

controlar de perto a implementação por parte da<br />

China das suas obrigações no domínio da<br />

adesão à OMC. Nos próximos anos, isto<br />

continuará a constituir uma prioridade fulcral<br />

para a Comissão. A não adesão da China ao<br />

Acordo sobre a intervenção do governo no<br />

âmbito da OMC deixa fechados mercados<br />

importantes da China, sendo esta forçada a<br />

honrar o seu compromisso de encetar<br />

negociações sobre a adesão a este acordo em<br />

2008.<br />

A Comissão irá igualmente dar início a uma<br />

revisão exaustiva da abertura dos mercados na<br />

China bem como, mais tarde, mas ainda este<br />

ano, da implementação da China dos seus<br />

compromissos no âmbito da OMC. Os DPI<br />

constituíram, no mês passado, outro fulcro das<br />

minhas conversações com o Ministro Bo Xilai.<br />

A cooperação e o diálogo sobre as questões<br />

relativas às questões relacionadas com os DPI,<br />

não constituem um fim em si mesmos. Eles têm<br />

de dar azo a uma verdadeira mudança.<br />

Conversações não são o suficiente. Esse o<br />

motivo por que a Comissão deixou bem claro à<br />

China que a abordagem de cooperação que<br />

actualmente estamos a favorecer tem de dar<br />

resultados palpáveis.<br />

O próximo encontro do grupo de trabalho para a<br />

PI UE-China devia ter lugar no próximo mês.<br />

Caso se não registem progressos significativos a<br />

curto prazo no domínio das questões mais<br />

importantes para a UE, como, por exemplo, os<br />

mercados de contrafacções e pagamento por<br />

utilização de patentes, teremos de reconsiderar a<br />

nossa aproximação com a China no sector dos<br />

DPI. A Comissão não exclui a possibilidade de<br />

fazer uso do mecanismo de resolução de litígios<br />

da OMC. Além disso, a Comissão está a<br />

trabalhar activamente para pôr termo à entrada<br />

na Comunidade das exportações chinesas de<br />

artigos de contrafacção, muito especialmente<br />

mediante mecanismos aduaneiros reforçados<br />

nas fronteiras de toda a UE.<br />

A <strong>Europa</strong> tem capacidade para fazer frente a<br />

uma forte concorrência, mas tem de ser uma<br />

concorrência leal. Tal significa que temos de<br />

nos assegurar de que estamos a actuar em<br />

condições de concorrência equitativas,<br />

rejeitando práticas comerciais anti-concorrência<br />

e estando prontos a utilizar os nossos<br />

instrumentos de defesa comerciais contra o<br />

dumping e os subsídios ilegais, bem como a<br />

intensificar a nossa luta contra as contrafacções.<br />

Gostaria também de partilhar com os senhores<br />

deputados alguns elementos-chave do nossa<br />

análise actualizada do pedido da China de um<br />

estatuto de economia de mercado. Trata-se de<br />

uma questão importante no contexto da<br />

aplicação pela UE dos seus instrumentos de<br />

defesa comercial, quando confrontada com<br />

alegações pelos exportadores chineses de<br />

práticas desonestas de dumping na <strong>Europa</strong>. A<br />

análise actualizada reflecte as medidas<br />

significativas, e bem acolhidas, adoptadas pela<br />

China para se tornar uma economia de mercado.


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 288<br />

Registaram-se alguns progressos a todos os<br />

níveis, tendo-se levado a China a cumprir os<br />

quatro critérios relevantes do estatuto de<br />

economia de mercado (EEM). Pensamos,<br />

sobretudo, que merece ser reconhecida a<br />

adopção de um número leis importantes – a lei<br />

de falência, a nova lei dos direitos de<br />

propriedade e os novos critérios para as<br />

empresas de contabilidade. Todavia, a análise<br />

actualizada também mostra à evidência a<br />

necessidade de se registarem mais progressos.<br />

Nenhum dos quatro critérios relevantes foi<br />

observado na íntegra. Particularmente, será<br />

crucial a devida implementação de novos<br />

documentos legislativos. Creio que as<br />

autoridades da China compreendem bem que<br />

eles devem ser não só usados, mas também<br />

respeitados. Dentro de doze meses, iremos rever<br />

de novo a situação. Entretanto, iremos<br />

prosseguir com as nossas conversações de<br />

carácter técnico.<br />

Tenho em grande apreço as opiniões desta<br />

Assembleia, e estou empenhado em<br />

proporcionar-lhes atempadamente informações<br />

inequívocas, coisa que, sempre que possível e<br />

adequado, se tem feito por escrito. A análise do<br />

EES foi transmitida por escrito à Comissão do<br />

Comércio Internacional. Em outras ocasiões,<br />

pode ser mais adequado proporcionar as<br />

informações oralmente, dada a sua<br />

sensibilidade. Tudo isto está absolutamente de<br />

acordo com o artigo 19º do Acordo-Quadro. O<br />

que interessa é continuar a manter o Parlamento<br />

bem informado.<br />

Resumindo a minha abordagem, creio numa<br />

parceria equilibrada entre a União Europeia e a<br />

China, baseada numa reciprocidade leal, numa<br />

parceria, cuja função fundamental é abrir<br />

mercados a um comércio leal em benefício da<br />

<strong>Europa</strong>, da China e de todo o mundo. Creio que<br />

a UE tem desempenhado o seu papel,<br />

concretizando essa parceria. É justo insistirmos<br />

em que a China desempenhe também<br />

plenamente o seu papel.<br />

2-452<br />

Georgios Papastamkos, em nome do Grupo<br />

PPE-<strong>DE</strong>. – (EL) Senhor Presidente, o Senhor<br />

Comissário Mandelson não é apenas um orador<br />

inspirado, é também um negociador incansável.<br />

Seis anos após a adesão da China à OMC,<br />

continuamos à espera de um equilíbrio no<br />

comércio bilateral entre a União Europeia e a<br />

China. A China tira pleno proveito dos<br />

benefícios dos mercados abertos, sem no<br />

entanto cumprir na íntegra as obrigações que lhe<br />

competem por força das regas e disciplinas<br />

multilaterais.<br />

Os mercados chineses permanecem, em larga<br />

medida, fechados e carecem de transparência.<br />

Existem grandes obstáculos às importações, que<br />

resultam – segundo as estimativas – na perda de<br />

lucros da ordem dos 20 mil milhões de euros<br />

por ano para as empresas europeias.<br />

A protecção da propriedade intelectual é<br />

insuficiente. Basta referir que, em 2006, 80%<br />

dos bens de contrafacção apreendidos nas<br />

fronteiras da <strong>Europa</strong> eram de origem chinesa. A<br />

Comissão preferiu prosseguir o diálogo bilateral<br />

com a China sobre as questões da propriedade<br />

intelectual em vez de uma acção coordenada<br />

entre a UE e os EUA, os quais por sua vez<br />

activaram o mecanismo de resolução de litígios<br />

da OMC contra a China.<br />

O diálogo pode parecer o caminho a seguir. No<br />

entanto, estamos à espera de resultados<br />

palpáveis deste diálogo específico. Seja como<br />

for, o diálogo não invalida o recurso a outros<br />

meios legais.<br />

No sector dos têxteis e do vestuário, deveriam<br />

ser utilizados todos os meios a fim de garantir<br />

uma boa evolução dos fluxos europeus quando o<br />

Acordo de Xangai expirar em 2008. No que se<br />

refere ao calçado de origem chinesa, convida-se<br />

a Comissão a acompanhar de perto as<br />

importações, por forma a prevenir o risco de a<br />

China contornar as já de si inadequadas medidas<br />

de defesa comercial adoptadas pela União.<br />

Enquanto potência comercial, a China constitui<br />

tanto uma ameaça como uma oportunidade. O<br />

que precisamos de combater são as vantagens<br />

competitivas da China decorrentes de barreiras<br />

proibitivas às importações, da concorrência<br />

desleal e de práticas de dumping económico,<br />

ecológico e social.<br />

A liberalização do comércio, que apoiamos<br />

entusiasticamente, deve basear-se na<br />

reciprocidade e ser acompanhada por<br />

compensações institucionais equivalentes.<br />

2-453<br />

Francisco Assis, em nome do Grupo PSE. –<br />

Senhor Presidente, partindo do pressuposto<br />

fundamental de que o relacionamento entre a<br />

União Europeia e a China se reveste de<br />

importância estratégica e decisiva do ponto de<br />

vista político, temos de projectar este<br />

relacionamento no plano comercial<br />

subordinando-o a dois princípios que foram<br />

enunciados, muito bem, pelo Senhor<br />

Comissário: por um lado apostar na cooperação<br />

e, por outro, nunca deixar de manter uma


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 289<br />

postura de grande exigência no relacionamento<br />

com a China.<br />

As nossas relações comerciais com a China são<br />

extremamente assimétricas. Não são apenas os<br />

nossos interesses mais directos que estão em<br />

causa, mas os nossos valores essenciais em<br />

matéria de preservação ambiental, de respeito<br />

pelos direitos laborais e de garantia da protecção<br />

de algumas questões sociais fundamentais.<br />

É nessa perspectiva que devemos estabelecer<br />

uma dialéctica permanente entre o esforço de<br />

cooperação com uma grande potência<br />

emergente, que é absolutamente fundamental<br />

para o equilíbrio do sistema internacional. Por<br />

isso não podemos ter uma atitude fechada em<br />

relação à China. Pelo contrário, como não<br />

podemos ter uma atitude fechada em relação a<br />

um mercado que está em crescimento e que nos<br />

vai possibilitando novas oportunidades, que,<br />

evidentemente, temos de aproveitar. Também aí<br />

temos de ser exigentes em matéria de abertura<br />

desses mesmos mercados e em matéria de<br />

respeito, por exemplo, pelos direitos de<br />

propriedade intelectual. Ao mesmo tempo a<br />

União Europeia tem de ter essa postura de<br />

grande exigência em relação a questões que são<br />

fundamentais e que se prendem com alguns<br />

princípios nucleares do nosso modelo de<br />

organização económica, social e política.<br />

Isto obriga, de facto, a esta postura de equilíbrio<br />

(e eu creio que é esse o esforço que a Comissão<br />

Europeia tem vindo a fazer ao adoptar os<br />

instrumentos de defesa comercial que estão à<br />

nossa disposição sempre que verificamos que há<br />

o perigo real de as exportações chinesas porem<br />

em causa alguns sectores industriais europeus,<br />

nomeadamente o do calçado, do vestuário e dos<br />

têxteis) e à adopção de uma grande exigência no<br />

relacionamento que deve ser mantido nesse<br />

plano com a China.<br />

Creio que é este o caminho que tem de ser<br />

prosseguido e que deverá alicerçar-se<br />

precisamente na ideia fundamental de que não<br />

podemos abdicar de ter um relacionamento cada<br />

vez mais estreito com a China. Ao mesmo<br />

tempo temos de tentar projectar alguns dos<br />

nossos valores.<br />

Termino dizendo que me parece que nós,<br />

europeus, nos encontramos numa situação muito<br />

especial no contexto internacional, isto é, os<br />

nossos interesses identificam-se em grande parte<br />

com os nossos valores. Proteger os nossos<br />

interesses passa pela projecção de muitos dos<br />

nossos valores e se soubermos projectá-los<br />

estaremos seguramente a defender os nossos<br />

interesses.<br />

2-454<br />

Jorgo Chatzimarkakis, em nome do Grupo<br />

AL<strong>DE</strong>. – (<strong>DE</strong>) Senhor Presidente, considero que<br />

cumpre começar por expressar o apoio da<br />

<strong>Europa</strong> às vítimas das cheias na China.<br />

O nosso colega Markov levantou uma questão<br />

de extrema importância, o que gostaria de<br />

agradecer em nome da Comissão do Comércio<br />

Internacional. A UE e a China possuem duas<br />

das mais antigas culturas do mundo. Temos, de<br />

um lado, o maior bloco comercial do mundo e,<br />

de outro, a economia que apresenta o mais<br />

rápido crescimento na história da humanidade.<br />

Por isso, esta é seguramente uma questão que<br />

precisa de ser tratada à margem da OMC: uma<br />

questão que exige uma abordagem bilateral e<br />

um acordo bilateral.<br />

É muito o que está em jogo para ambas as<br />

partes. Não deveremos permitir-nos ser<br />

pressionados pelos EUA. Por isso, gostaria de<br />

agradecer ao Senhor Comissário Mandelson o<br />

facto de ter recusado a adopção de uma<br />

estratégia comum da OMC nas relações com a<br />

China no que diz respeito à contrafacção.<br />

Ambas as partes – China e UE – possuem<br />

interesses e instrumentos que lhes permitem<br />

proteger-se contra violações de direitos de<br />

propriedade intelectual, ou permiti-las: medidas<br />

anti-dumping e anti-subvenções. O que importa<br />

é a forma como lidamos uns com os outros – a<br />

forma como utilizamos esses instrumentos. O<br />

Senhor Comissário afirmou que a reciprocidade<br />

é vital, e eu concordo.<br />

Nós Europeus beneficiamos do facto de a China<br />

ter adoptado em geral as leis sobre patentes que<br />

vigoram em todo o continente europeu. É<br />

positivo. Mas dispor de leis não é suficiente: é<br />

preciso que os direitos sejam aplicáveis e<br />

aplicados. No entanto, é também do interesse da<br />

própria China que assim seja – estão cientes de<br />

que a empresa chinesa Heier terá em breve<br />

interesse em defender as suas patentes. Isso<br />

prova que a China precisa efectivamente desta<br />

estratégia.<br />

Porém, que fazer, entretanto? Somos ameaçados<br />

por um cenário muito hostil, em que os chineses<br />

pretendem patentes que são muito semelhantes<br />

às nossas e depois fecham o seu mercado. Já<br />

provaram ser possível fazê-lo. Graças ao<br />

anterior Presidente do Instituto Europeu de<br />

Patentes, Senhor Alain Pompidou, dentro de<br />

cerca de quarto anos, a China terá efectivamente<br />

ultrapassado a UE no que toca ao número de<br />

patentes.


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 290<br />

Considero que deveremos ligar a questão das<br />

patentes às metas da UE em matéria de<br />

protecção. É isso mesmo: com as nossas metas<br />

de protecção do clima! Permitam-me que<br />

explique porquê: a China tem uma cultura em<br />

que todos ganham, uma cultura que luta pela<br />

consecução da harmonia. Por isso, penso que se<br />

tivermos algo a oferecer, poderemos ter êxito. A<br />

China experimenta actualmente enormes<br />

problemas ambientais. A estabilidade social está<br />

ameaçada; o governo está sob grandes pressões<br />

devido aos enormes problemas ambientais. Na<br />

Conferência PCIP e na Cimeira do G8, a China<br />

indicou que pretende avançar para metas de<br />

protecção do clima. No entanto, em muitos<br />

casos, a China não dispõe de tecnologia. Assim,<br />

a nossa oferta poderia passar pelo seguinte<br />

gesto: apoiamos uma central eléctrica a carvão<br />

livre de CO2 com as nossas tecnologias, mas em<br />

contrapartida exigimos que os nossos direitos de<br />

patente sejam respeitados.<br />

Senhor Comissário, segue no bom caminho.<br />

Muito obrigado pela informação que hoje nos<br />

disponibilizou.<br />

2-455<br />

Cristiana Muscardini, em nome do Grupo<br />

UEN. - (IT) Senhor Presidente, Senhoras e<br />

Senhores Deputados, num momento em que a<br />

Comissão Europeia deu início a conversações<br />

com a China com vista a um novo acordo de<br />

parceria e cooperação, a Comissão do Comércio<br />

Internacional do Parlamento entende ser seu<br />

dever chamar a atenção do executivo da<br />

Comunidade para alguns aspectos bem<br />

conhecidos que caracterizam as relações com o<br />

gigante asiático.<br />

A China tem todo o direito ao crescimento<br />

económico e ao desenvolvimento, que<br />

significam o bem-estar dos seus cidadãos mas,<br />

ao mesmo tempo, constituem uma oportunidade<br />

para a economia mundial. Tais metas não<br />

devem, no entanto, ser perseguidas à custa da<br />

inobservância das regras do comércio<br />

internacional, daquilo que foi decidido em fora<br />

legítimos e dos princípios que a China aceitou<br />

quando aderiu à OMC, ou as consequências<br />

poderiam ser desastrosas para os seus parceiros<br />

económicos, a começar pela <strong>Europa</strong>, e para os<br />

próprios cidadãos chineses.<br />

As conversações com a China constituem a<br />

oportunidade mais apropriada para discutir<br />

bilateralmente essas questões. Temos de<br />

arranjar forma de lidar com a protecção dos<br />

direitos humanos, actualmente insuficiente, e<br />

com normas inadequadas nos domínios<br />

ambiental, social e da segurança. Ninguém está<br />

à espera que a China atinja os nossos níveis mas<br />

seria bom que, aos poucos, aplicasse normas<br />

mais aceitáveis. Devemos agir como "pais<br />

exportadores" se queremos melhorar o acesso ao<br />

mercado da União Europeia mediante o<br />

levantamento gradual das barreiras não pautais<br />

e, em termos mais gerais, das barreiras<br />

administrativas de toda a espécie que tantas<br />

vezes desencorajam as empresas, especialmente<br />

as mais pequenas, de investir na China, e temos<br />

de adoptar uma posição mais firme no combate<br />

à contrafacção.<br />

O Governo chinês tem de cumprir a sua parte e<br />

demonstrar vontade política de agir eficazmente<br />

no sentido de combater um fenómeno que afecta<br />

vasto número de empresas e, especialmente,<br />

consumidores em todo o mundo. Em particular<br />

a contrafacção relacionada com a alimentação,<br />

que tem vindo a aumentar nos últimos tempos,<br />

merece a maior atenção, já que tem efeitos para<br />

a saúde dos cidadãos inadvertidos e indefesos<br />

que confiam na aparência dos rótulos. É<br />

imperativo que essa batalha contra a<br />

contrafacção e a falsificação envolva tanto as<br />

autoridades europeias como o Governo chinês.<br />

Nos três pontos mencionados esperamos que a<br />

Comissão, durante as conversações que o<br />

Parlamento tenciona seguir com a máxima<br />

atenção, adopte uma atitude firme susceptível de<br />

conduzir a resultados claros e inequívocos para<br />

os nossos empresários, os nossos consumidores<br />

e, bem assim, os cidadãos chineses, pois<br />

entendemos que o "bem-estar" deve estender-se<br />

não só aos Europeus mas também aos Chineses.<br />

2-456<br />

Bastiaan Belder, em nome do Grupo<br />

IND/<strong>DE</strong>M. – (NL) Senhor Comissário, o<br />

estatuto de economia de mercado não está ainda<br />

ao alcance da China. Para tal existem ainda<br />

demasiadas irregularidades nas relações<br />

bilaterais, e estou a pensar, por exemplo, nas<br />

frequentes violações dos direitos de propriedade<br />

intelectual.<br />

Senhor Comissário, deduzi da sua excelente<br />

intervenção que, na sequência do encontro que<br />

teve com o Ministro chinês Bo Xilai em de 12<br />

de Junho, o diálogo sobre os direitos de<br />

propriedade intelectual foi reatado, uma notícia<br />

que me causou enorme satisfação. Aliás, ao<br />

contrário do meu colega Liberal, eu sou de<br />

opinião que, em assuntos como este, no<br />

contexto da OMC, a UE faria bem em cerrar<br />

prontamente fileiras com os Estados Unidos.<br />

Afinal de contas, os Estados Unidos continuam<br />

a ser o nosso principal aliado estratégico.


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 291<br />

Na realidade, Senhor Comissário, eu gostaria,<br />

acima de tudo, de chamar a sua atenção para<br />

outro aspecto importante das nossas relações<br />

comerciais com a China, designadamente a<br />

exportação de matérias-primas secundárias,<br />

como o papel usado. Este é um assunto<br />

extremamente actual, ao qual a imprensa<br />

neerlandesa de referência dedicou um extenso<br />

artigo no passado fim-de-semana. Como sabe,<br />

as novas regras europeias relativas à exportação<br />

destas matérias-primas irão entrar em vigor<br />

dentro de dois dias. Foi devido a um erro da<br />

Comissão que não foram ainda concluídos<br />

acordos com países importantes como a China e<br />

a Índia. Significa isto que, a partir de 12 de<br />

Julho, o papel usado e outros materiais<br />

recicláveis passarão a ser a forma de resíduo<br />

mais perigosa. Como compreenderá, isto irá ter<br />

consequências significativas para a exportação<br />

destes produtos.<br />

Exortaria o Comissário Mandelson a prometer a<br />

este Parlamento uma disposição transitória que<br />

vigore até 1 de Janeiro de 2008. Durante esse<br />

período, o Senhor Comissário poderá concluir<br />

acordos com os países que até à data ficaram de<br />

fora. Deste modo, V. Exa. poderá evitar a<br />

paralisação das exportações e a acumulação<br />

destes produtos nos portos europeus, como o de<br />

Roterdão. Espero que V. Exa. tome realmente<br />

providências, pois esta é uma questão que<br />

transmite ao público neerlandês uma imagem<br />

muito negativa da <strong>Europa</strong>.<br />

2-457<br />

Georg Jarzembowski (PPE-<strong>DE</strong>). – (<strong>DE</strong>)<br />

Senhor Presidente, Senhor Comissário,<br />

concordamos que precisamente devido à<br />

dimensão do défice comercial da UE face à<br />

China, é preciso que a União Europeia disponha<br />

de maiores oportunidades de acesso aos<br />

mercados, que as distorções criadas pelos<br />

auxílios estatais do Estado chinês sejam<br />

reduzidas e que o Governo chinês aplique<br />

também nas províncias as normas da OMC<br />

relativas aos direitos de propriedade intelectual.<br />

Temos igualmente de trabalhar em conjunto<br />

para convencer a China de que não estamos<br />

apenas a apresentar uma lista de exigências, mas<br />

antes que é do interesse da China permitir um<br />

acesso justo aos mercados. É preciso que<br />

consigamos que a China compreenda que, se<br />

quiser melhorar a sua situação ambiental, se<br />

quiser um fornecimento de energia eficiente –<br />

bem vistas as coisas, a China tem bastante<br />

dinheiro, não há problemas nessa frente –, é<br />

preciso que nos conceda acesso ao seu mercado<br />

de contratos de direito público. Poderemos,<br />

então, vender os nossos produtos na China no<br />

âmbito de um comércio sensato de bens, e a<br />

China poderá adquirir modernas centrais<br />

eléctricas a carvão, centros de tratamento de<br />

águas residuais e outros, utilizando a nossa<br />

tecnologia.<br />

A China não precisa de esmolas, tem imenso<br />

capital: possui as maiores reservas de divisas do<br />

mundo. A China está actualmente a criar um<br />

fundo para investir o seu dinheiro em todo o<br />

mundo. A nossa mensagem ao Governo chinês<br />

deverá ser: invistam o vosso capital no vosso<br />

próprio país! Façam algo pela protecção<br />

ambiental e a segurança energética, melhorem a<br />

segurança nas minas de carvão. Se tivermos<br />

êxito, poderemos melhorar as relações<br />

comerciais a longo prazo.<br />

Evidentemente, como indicou, estes acordos<br />

contêm também uma cláusula de direitos<br />

humanos, pois há anos que debatemos os<br />

direitos humanos com a China; temos de nos<br />

manter firmes a esse respeito. Como referiu o<br />

orador anterior, ninguém espera que a China<br />

respeite a totalidade dos direitos humanos de um<br />

dia para o outro, mas é preciso que se registem<br />

progressos significativos. A República Popular<br />

da China assinou o Pacto Internacional de<br />

Direitos Civis e Políticos há vários anos, mas<br />

ainda não o ratificou nem aplicou. Por isso,<br />

precisamos de dizer: optaram por assinar,<br />

afirmaram que pretendiam defender os direitos<br />

humanos, agora cumpram!<br />

2-458<br />

Joan Calabuig Rull (PSE). – (ES) Senhor<br />

Comissário, desejo agradecer-lhe a informação<br />

que nos facultou e ainda o seu trabalho a favor<br />

de relações equilibradas e vantajosas para as<br />

duas partes.<br />

Estamos de acordo em que a China não deve ser<br />

considerada apenas como uma ameaça para<br />

alguns sectores, mas também como uma grande<br />

oportunidade. Mas, naturalmente, também<br />

concordamos em que este país tem de continuar<br />

a envidar esforços para aplicar os acordos, abrir<br />

os seus mercados e criar um clima de abertura<br />

ao investimento.<br />

Como salientou, a indústria europeia continua a<br />

denunciar a existência de um número excessivo<br />

de barreiras e obstáculos que a colocam numa<br />

situação de desvantagem competitiva.<br />

Continuamos a falar, neste sentido, de barreiras<br />

pautais e de barreiras não pautais, como a<br />

pirataria, a contrafacção, a discriminação entre<br />

produtos nacionais e importados, etc.<br />

Neste sentido, consideramos que a abertura de<br />

negociações sobre um novo acordo de<br />

associação e cooperação com a China é uma boa


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 292<br />

iniciativa que deve permitir à União Europeia<br />

reforçar a sua política comercial bilateral com<br />

base no princípio, que citou, de reciprocidade.<br />

Entre os temas que deveriam ser objecto de<br />

atenção nas negociações do acordo,<br />

congratulamo-nos por partilhar a visão de que<br />

deve figurar, obviamente, o dos direitos<br />

humanos. Concretamente, devemos dizer que o<br />

Governo chinês está a registar progressos nesta<br />

matéria e que convém também que, neste<br />

sentido, se refiram os direitos reconhecidos pela<br />

Organização Internacional do Trabalho, um<br />

elemento importante em matéria de direitos<br />

humanos.<br />

O acordo deve servir também para continuar a<br />

promover um compromisso por parte das<br />

autoridades chinesas em matéria de protecção<br />

efectiva - e não exclusivamente teórica - dos<br />

direitos de propriedade intelectual através da<br />

adopção das respectivas medidas nos domínios<br />

administrativo, jurídico e de controlo<br />

fronteiriço.<br />

Gostaria de fazer referência ao “Memorando de<br />

Entendimento” entre a União Europeia e a<br />

China sobre o comércio para o sector têxtil e a<br />

confecção, que expira este ano. O final da sua<br />

vigência suscita preocupação no seio da<br />

indústria têxtil, bem como o facto de as<br />

condições do acordo assinado entre os Estados<br />

Unidos e a China se prorrogarem até ao final de<br />

2008. Dada esta disparidade, gostaria também<br />

que nos dissesse que medidas podem ser<br />

tomadas com vista a evitar situações de tensão<br />

como as se registaram em 2005.<br />

2-459<br />

Marek Aleksander Czarnecki (UEN). – (PL)<br />

Senhor Presidente, uma vez mais, este fórum<br />

está a discutir as relações comerciais com a<br />

China, país que ao longo de última década<br />

emergiu como uma potência económica e<br />

política a nível mundial.<br />

Em Outubro do ano passado, a Comissão<br />

Europeia aprovou um programa para as relações<br />

entre a UE e a China, programa que implicava o<br />

aumento das garantias mútuas. Nesta situação,<br />

seria sensato apoiar a mudança para uma maior<br />

abertura e maior pluralismo na China, bem<br />

como a cooperação nos domínios da energia e<br />

das mudanças climáticas, já que sabemos que a<br />

China é um dos maiores produtores mundiais de<br />

gases com efeitos de estufa. Por outro lado, não<br />

devemos esquecer o alarme causado quando<br />

foram descobertos em Espanha milhares de<br />

tubos de pasta dentífrica de contrafacção, alguns<br />

dos quais fabricados na China, contendo doses<br />

tóxicas de dietileno glycol muito superiores à<br />

média europeia.<br />

A China significa produtos mais baratos e mais<br />

concorrência nas lojas europeias, mas será<br />

sempre saudável? Sou favorável ao melhor<br />

aproveitamento possível das oportunidades<br />

oferecidas pelo desenvolvimento dinâmico das<br />

relações com a China, particularmente, na<br />

sequência da visita que efectuei ao país, onde<br />

me foi dado ver em primeira-mão esta potência<br />

mundial em rápido desenvolvimento.<br />

A Comissão afirma, e com razão, que uma<br />

economia chinesa forte redunda no interesse da<br />

<strong>Europa</strong>. Não devíamos, porém, esquecer-nos de<br />

cuidar sobretudo dos interesses dos Estados-<br />

Membros da Comunidade e de avaliarmos as<br />

oportunidades, mas também as ameaças que põe<br />

a cooperação com este tigre asiático, através do<br />

prisma desses interesses.<br />

2-460<br />

Christofer Fjellner (PPE-<strong>DE</strong>). – (SV) Estou<br />

convencido de que o receio do crescimento<br />

económico da China é, na realidade, exagerado.<br />

Penso que todos aqueles que têm uma<br />

perspectiva histórica de política comercial<br />

suficientemente longa reconhecem uma grande<br />

parte da inquietação e dos argumentos do debate<br />

travado aquando da integração na economia<br />

mundial do Japão e de outros tigres asiáticos<br />

(como a Coreia e Taiwan). É certo que é fácil<br />

assustarmo-nos com a dimensão relativa dos<br />

países em questão. Mas, como o Senhor<br />

Comissário afirmou, as suas economias<br />

complementam a economia da <strong>Europa</strong> e a sua<br />

dimensão representa mesmo uma grande<br />

oportunidade para a <strong>Europa</strong>. Estou convencido<br />

de que o crescimento forte e sustentado que o<br />

mundo vive neste preciso momento se deve<br />

muito ao facto de a China, a Índia e outros<br />

grandes países estarem a integrar-se na<br />

economia mundial.<br />

Isto não significa, porém, que não haja<br />

problemas nas relações comerciais. Penso que<br />

temos muitos problemas importantes para<br />

resolver no que toca, por exemplo, à violação<br />

dos direitos de autor e a questões relacionadas<br />

com os direitos de propriedade intelectual,<br />

assim como ao facto de os mercados chineses<br />

estarem fechados a tudo, desde os serviços<br />

financeiros às peças de automóveis.<br />

No entanto, quase estou mais preocupado com<br />

as tendências proteccionistas que o crescimento<br />

da China está a suscitar na <strong>Europa</strong>. Não porque<br />

eu acredite que o Senhor Comissário seja<br />

favorável a essas tendências, mas há agora<br />

muitas vozes que reclamam mais barreiras


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 293<br />

comerciais para deter as importações da China.<br />

Já se ouviu esta tarde falar nesta câmara, por<br />

exemplo, em travar as exportações de têxteis<br />

chineses. Estou convencido de que as barreiras<br />

comerciais europeias contra a China custam<br />

mais aos consumidores europeus e às empresas<br />

europeias do que as importações de produtos<br />

chineses. Devemos, portanto, continuar a<br />

combater as barreiras comerciais europeias e<br />

não as exportações chinesas.<br />

A verdade é que a crescente prosperidade da<br />

China, juntamente com o comércio com a<br />

China, não só dão a milhares, milhões ou<br />

centenas de milhões de chineses a possibilidade<br />

de serem mais ricos e terem uma vida mais<br />

digna, como também tornam a <strong>Europa</strong> mais rica.<br />

Não podemos esquecer que o comércio nunca é<br />

um jogo de soma zero. Ambos ficamos a<br />

ganhar.<br />

2-461<br />

Carlos Carnero González (PSE). – (ES)<br />

Senhor Presidente, permita-me que inicie com<br />

uma frase reiterada vezes sem conta nas sessões<br />

nocturnas, mas acontece que estamos a debater<br />

entre um grupo estrito um tema que se reveste<br />

de uma grande importância que penso que nem<br />

sequer contamos nesta sessão com a presença de<br />

um representante da Embaixada chinesa.<br />

Tenho plena confiança em que a acta da sessão<br />

que os serviços desta Câmara elaboram de<br />

forma tão eficaz lhes possibilite ler o que for<br />

aqui dito.<br />

Para pegar na intervenção precedente, sou<br />

obrigado a chegar a uma conclusão: é<br />

impensável a globalização tal como a estamos a<br />

viver actualmente sem a explosão da China. A<br />

presença da China no mercado mundial foi,<br />

simplesmente, um facto decisivo e<br />

inquestionável, mas - e não devemos esquecê-lo<br />

- muito recente.<br />

A irrupção da China, que se deu de forma<br />

directa e maciça no caso da produção, sê-lo-á<br />

ainda mais no caso do consumo e também no da<br />

distribuição a nível mundial, convertendo-se<br />

num dos principais factores determinantes dos<br />

dois âmbitos.<br />

Mas também não podemos esquecer que a<br />

quantidade e as características das mercadorias<br />

chinesas, definidas em boa medida pelo perfil<br />

da sua mão-de-obra, do seu mercado interno,<br />

limitado em nível de rendimentos mas<br />

incomparável em quantidades absolutas, e, mais<br />

recentemente, a sua capacidade de investimento,<br />

fazem da China uma grande potência da oferta e<br />

da procura.<br />

No entanto, como salientou num magnífico<br />

artigo de hoje o nosso colega Martin, a China é<br />

um factor fundamental para o êxito ou para o<br />

fracasso de muitas negociações internacionais,<br />

como, entre outros, o registado muito<br />

recentemente na reunião do G4.<br />

Podemos abordar as relações com a China<br />

simplesmente dizendo que é tudo facilidades, ou<br />

seja, que todas as portas estão abertas para o que<br />

enviamos e para o que podemos receber? Penso<br />

que não. Temos de o fazer de uma forma regular<br />

e, paralelamente, pedindo claramente<br />

reciprocidade, a eliminação das barreiras para o<br />

acesso aos produtos europeus, protecção<br />

adequada dos direitos de propriedade intelectual<br />

e das patentes, pleno respeito pelas normas<br />

exigíveis em términos sociais - que considero<br />

fundamental -, e igual respeito pelos critérios<br />

ambientais e de segurança também nos bens<br />

produzidos na China.<br />

E, naturalmente, não devemos esquecer os<br />

direitos humanos. Não estamos a falar aqui<br />

unicamente de valores em termos metafísicos.<br />

Estamos a falar de direitos aplicáveis a pessoas,<br />

a cidadãos como nós. Estamos a falar de valores<br />

que são simplesmente inquestionáveis e, além<br />

do mais, não podem relativizar-se. Ainda hoje<br />

foram executadas mais pessoas na China e isto é<br />

uma questão que representa a mais grave<br />

violação dos direitos humanos que se pode<br />

imaginar.<br />

2-462<br />

Tune Kelam (PPE-<strong>DE</strong>). – (EN) Senhor<br />

Presidente, gostaria de agradecer ao Senhor<br />

Comissário a sua mensagem absolutamente<br />

clara e convincente e dizer-lhe que verifico que<br />

compartilhamos das mesmas preocupações.<br />

Há dez meses, este Parlamento decidiu que as<br />

relações comerciais com a China requeriam um<br />

acesso recíproco ao mercado, um acesso que se<br />

deve basear nas regras da OMC, na<br />

concorrência leal e num equilíbrio razoável de<br />

interesses. Infelizmente, hoje em dia, a situação<br />

de reciprocidade não corresponde a essas<br />

expectativas. Estamos preocupados com o<br />

crescente défice comercial registado nas nossas<br />

relações com a China, e estamos preocupados<br />

com o facto de 70% da totalidade dos produtos<br />

de contrafacção nos mercados europeus serem<br />

provenientes da China e de as indústrias da UE<br />

estarem a sofrer grandes prejuízos, em<br />

consequência da concorrência desleal e do<br />

dumping social. Ao mesmo tempo, grande<br />

número dos exportadores da UE são postos em<br />

situação de desvantagem, quando tentam<br />

penetrar nos mercados chineses. Os


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 294<br />

representantes da UE deviam, portanto, insistir,<br />

em primeiro lugar, em providenciar segurança<br />

jurídica para as empresas estrangeiras na China.<br />

Estou de acordo com o Senhor Comissário em<br />

que o desequilíbrio das relações com a China é,<br />

sobretudo, produto das políticas e não das<br />

economias. A utilização muito espalhada de<br />

trabalho escravo, incluindo do trabalho infantil,<br />

constitui um problema extremamente alarmante<br />

que devia ser tratado ao mais alto nível possível.<br />

Os casos denunciados recentemente são apenas<br />

a ponta do iceberg.<br />

A China já é membro da OMC há seis anos, mas<br />

ainda não implementou compromissos<br />

importantes assumidos no âmbito da OMC,<br />

entre os quais a da propriedade intelectual, e<br />

igualdade de tratamento e transparência a nível<br />

nacional. Verifico que ainda existe margem de<br />

manobra para se criar um equilíbrio recíproco e<br />

leal das relações, associando firmemente o<br />

pedido de Pequim de um estatuto de economia<br />

de mercado ao pleno cumprimento por Pequim<br />

dos compromissos assumidos no âmbito da<br />

OMC.<br />

Finalmente, a China deve ser considerada um<br />

exemplo que dá que pensar, tendo em mente a<br />

iminente adesão da Rússia à OMC. Na medida<br />

em que hesitássemos em insistir na<br />

reciprocidade e no cumprimento dos<br />

compromissos, seria irrealista esperar que o<br />

apoio da UE à adesão da Rússia fizesse com que<br />

o Governo de Putin se comporte de acordo com<br />

as regras da OMC.<br />

2-463<br />

Csaba Sándor Tabajdi (PSE). – (HU) Há duas<br />

semanas, 20 deputados ao Parlamento Europeu<br />

deslocaram-se à China, e essa deslocação<br />

confirmou que a situação é muito mais<br />

complexa e matizada do que sabemos aqui.<br />

Concordo inteiramente com o senhor deputado<br />

Fjellner quando este afirma que o século XXI<br />

poderia ser o século da China e que, para a<br />

União Europeia, isto constitui um desafio e uma<br />

oportunidade enormes.<br />

Há uma assimetria muito grande, não só no<br />

comércio externo, como também no facto de<br />

que os chineses estarem muito mais<br />

familiarizados com a União Europeia do que<br />

nós, na União Europeia, com a China. A<br />

situação é muito mais matizada, quer em termos<br />

de direitos humanos, quer em outras questões. É<br />

uma enorme desvantagem competitiva para nós.<br />

O problema não está só no facto de não<br />

dominarmos a língua chinesa, como também no<br />

facto de os chineses dominarem muito melhor o<br />

inglês e outras línguas europeias – o que<br />

constitui uma enorme assimetria. Temos de<br />

superar estas questões, já que, se não alterarmos<br />

a situação, não conseguiremos progressos a<br />

nível da excelência.<br />

2-464<br />

Peter Mandelson, Membro da Comissão. –<br />

(EN) Senhor Presidente, tendo em mente o<br />

provável desejo de V. Exa. de encerrar esta<br />

sessão antes da meia-noite, gostaria de dizer<br />

apenas que, na sua esmagadora maioria, as<br />

contribuições para este debate têm sido muito<br />

equilibradas e muito realistas. Considero que<br />

tanto o senhor deputado Calabuig Rull, como o<br />

senhor deputado Carnero González, por<br />

exemplo, fizeram observações muito oportunas<br />

ao realçarem o facto de a China constituir, tanto<br />

uma oportunidade, como uma ameaça para a<br />

<strong>Europa</strong>. Outra observação oportuna foi a do<br />

senhor deputado Fjellner, quando disse que, nas<br />

nossas relações com a China, temos de adoptar<br />

um ponto de vista a longo prazo. É certo que o<br />

senhor deputado também se referiu ao<br />

crescimento do proteccionismo, uma espécie de<br />

nacionalismo chinês, que está a tornar-se mais<br />

proeminente nas práticas comerciais da China.<br />

A minha opinião é que o nacionalismo da China<br />

não convive confortavelmente com os enormes<br />

benefícios decorrentes do sistema de comércio<br />

internacional, que se baseia na reciprocidade.<br />

Sem reciprocidade, futuramente, a China não<br />

poderá esperar da nossa parte a boa-vontade e a<br />

abordagem equilibrada que tem recebido da<br />

<strong>Europa</strong>.<br />

A verdade é que a China está a ficar abaixo das<br />

nossas expectativas. Não é que não esteja a<br />

cumprir ou implementar todas as suas<br />

obrigações e os compromissos assumidos no<br />

âmbito da OMC, porque, em muitos aspectos,<br />

está a fazê-lo. Todavia, em outros sectores<br />

importantes da actividade económica da China,<br />

no sector dos serviços financeiros e outros, não<br />

está a implementar na íntegra os compromissos<br />

feitos aquando da sua adesão à OMC.<br />

Manifestaram-se uma ou duas preocupações a<br />

respeito dos têxteis. Esta Assembleia recordarse-á<br />

de que, em 2005, negociei com a China um<br />

acordo voluntário que concedeu à indústria<br />

europeia um período adicional de dois anos e<br />

meio para se reestruturar e adaptar à nova<br />

situação mundial no sector dos têxteis. Foi um<br />

acordo definitivo, concluído bilateralmente,<br />

motivo por que a Comissão não dispõe de<br />

quaisquer meios para procurar uma extensão<br />

para além de 2008 dos níveis acordados que têm<br />

vindo a funcionar. Todavia, irei criar meios de<br />

controlar e vigiar quaisquer mudanças súbitas<br />

em grande escala nas exportações chinesas de<br />

têxteis que possam ameaçar perturbar o nosso


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 295<br />

mercado europeu. Além disso, irei estudar qual<br />

a acção – se é que vou empreender alguma –<br />

que posso empreender à luz da perturbação do<br />

nosso mercado.<br />

Isto é absolutamente diferente da utilização dos<br />

instrumentos de defesa do comércio. O acordo<br />

sobre os têxteis baseou-se no comércio leal, não<br />

se tratou de comércio desleal. Foi apenas uma<br />

perturbação que, desta vez, não conseguimos<br />

aceitar em tal escala. Noutros aspectos, a<br />

utilização de IDC não é contra a vantagem<br />

natural da China, no domínio da concorrência,<br />

mas sim contra a concorrência desleal, e iremos<br />

manter o direito e o uso plenos dos nossos<br />

instrumentos de defesa comercial, bem como<br />

utilizá-los como e quando necessário.<br />

Concluindo, houve outras pessoas que se<br />

referiram à necessidade de a China de tornar<br />

mais elevados os critérios que utiliza em relação<br />

aos critérios sociais, laborais e ambientais. Esse<br />

será sempre uma característica da discussão que<br />

travo com os funcionários chineses.<br />

Pessoalmente, estou extremamente empenhado<br />

no crescente intercâmbio de tecnologia com a<br />

China nos projectos relativos às mudanças<br />

climáticas. Este é um processo importante de<br />

garantir o interesse chinês em fazer frente às<br />

mudanças climáticas, situação em que ambos<br />

ganham. A UE pode exportar tecnologia limpa,<br />

de baixo consumo energético, e a China pode<br />

contribuir para fazer frente aos seus problemas<br />

ambientais. Isto constitui o fulcro do nosso<br />

diálogo com a China sobre as mudanças<br />

climáticas e é uma coisa que, futuramente,<br />

tenciono desenvolver no domínio do comércio.<br />

Isto põe termo às minhas observações em<br />

resposta a este debate, que aplaudo<br />

grandemente. Como disse, foi muito<br />

equilibrado, e é evidente que vou assegurar-me<br />

de que eu e os meus serviços tomaremos<br />

absolutamente em conta os comentários e as<br />

observações que esta noite foram feitas pelos<br />

senhores deputados deste Parlamento.<br />

2-465<br />

Bastiaan Belder (IND/<strong>DE</strong>M). – (EN) Senhor<br />

Presidente, dirigi ao Senhor Comissário uma<br />

pergunta absolutamente inequívoca: neste<br />

momento, reina no meu país grande agitação,<br />

em consequência da notícia escaldante sobre<br />

uma missão da Comissão ter concordado com a<br />

exportação dos chamados recursos secundários,<br />

como, por exemplo, papel usado, materiais para<br />

reciclagem, etc.<br />

O que vai fazer, Senhor Comissário? Peço-lhe<br />

que conclua acordos com países como a China e<br />

a Índia e faça uma pausa até 1 de Janeiro de<br />

2008, porque, caso contrário, irá registar-se uma<br />

paralisação das exportações em portos como<br />

Roterdão. Perguntei-lhe o que vai fazer. Não<br />

obtive qualquer resposta. Espero que tenha sido<br />

por esquecimento.<br />

2-466<br />

Peter Mandelson, Membro da Comissão. –<br />

(EN) Senhor Presidente, creio que, dadas as<br />

circunstâncias e o avançado da hora, seria<br />

preferível dar ao senhor deputado uma resposta<br />

por escrito a esta pergunta.<br />

2-467<br />

Presidente. – Está encerrado o debate.<br />

Declarações escritas (Artigo 142º)<br />

2-468<br />

Sebastiano (Nello) Musumeci (UEN), por<br />

escrito. - (IT) Senhor Presidente, Senhoras e<br />

Senhores Deputados, o último caso grave e<br />

muito recente de um bem contrafeito consumido<br />

em grande escala - uma pasta de dentes em cuja<br />

composição entrava anticongelante e que foi<br />

vendida na União Europeia e produzida na<br />

China - traz de novo à ribalta o problema do<br />

combate à "falsificação multinacional".<br />

É neste grande país asiático, onde existe uma<br />

escravatura de facto, com trabalhadores que não<br />

beneficiam de qualquer espécie de protecção,<br />

que se concentra grande parte dos produtos da<br />

indústria de contrafacção - medicamentos,<br />

produtos de cosmética e produtos alimentares<br />

mas também brinquedos e roupas que contêm<br />

substâncias químicas cancerígenas estritamente<br />

proibidas na União Europeia.<br />

Infelizmente, trata-se de um fenómeno que, até<br />

há poucos anos, se restringia a uns poucos<br />

produtos de alta gama (cremes e perfumes,<br />

relógios e malas de luxo) mas que se expandiu e<br />

abrange agora produtos que chegam às mãos de<br />

um número cada vez maior de utilizadores,<br />

constituindo elevado risco para a saúde dos<br />

consumidores.<br />

Hoje, mais do que nunca, o Ocidente político e<br />

industrial tem de adoptar uma posição de força<br />

relativamente à poderosa e rica China. Por um<br />

lado, há que reforçar a cooperação entre<br />

Estados-Membros na inspecção de produtos<br />

importados e, por outro, temos de convencer o<br />

Governo chinês a proceder a controlos muito<br />

estritos no terreno, para proteger a indústria<br />

europeia da concorrência desleal que resulta, em<br />

parte, da contrafacção e da pirataria.<br />

2-469<br />

Tokia Saïfi (PPE-<strong>DE</strong>), por escrito. - (FR) A<br />

China representa um desafio político e


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 296<br />

comercial extremamente importante. É de facto<br />

indispensável repensar as relações económicas e<br />

comerciais entre a UE e a China, baseadas no<br />

respeito das regras comerciais leais e justas<br />

assim como na aplicação das regras da OMC. A<br />

China tem de enveredar pelo caminho da<br />

responsabilidade global e a favor do<br />

estabelecimento de relações comerciais<br />

baseadas na reciprocidade. Com efeito, os<br />

nossos mercados europeus estão abertos àqueles<br />

que abrem os seus, mas estão fechados aos que<br />

os fecham. Não devemos aceitar a concorrência<br />

desleal e as práticas de dumping monetário,<br />

social e ecológico. Quanto à questão das normas<br />

ambientais, a União Europeia, no âmbito do<br />

novo acordo, tem de denunciar a importação<br />

para o mercado comunitário de produtos que<br />

não respeitem as normas ambientais e<br />

fitossanitárias (que a UE impõe ela própria aos<br />

seus produtores comunitários). A China<br />

representa um actor capital e tem de cooperar na<br />

questão das alterações climáticas e da energia, a<br />

fim de reforçar a governança internacional<br />

ambiental. A realização de progressos paralelos<br />

nas vertentes políticas e comerciais, como se<br />

poderá compreender, é mais que determinante<br />

para um acordo UE-China eficaz.<br />

2-470<br />

Ordem do dia da próxima sessão: ver Acta<br />

2-471<br />

Encerramento da sessão<br />

2-472<br />

(A sessão é suspensa às 24H00)


<strong>10</strong>/07/<strong>2007</strong> 297<br />

INDICE<br />

<strong>TERÇA</strong>-<strong>FEIRA</strong>, <strong>10</strong> <strong>DE</strong> <strong>JULHO</strong> <strong>DE</strong> <strong>2007</strong> ................ 1<br />

Abertura da sessão .................................................... 1<br />

Entrega de documentos: ver Acta ............................. 1<br />

Transferências de dotações: ver Acta........................ 1<br />

Debates sobre casos de violação dos direitos<br />

humanos, da democracia e do Estado de<br />

direito (comunicação das propostas de<br />

resolução apresentadas): ver Acta............................. 1<br />

Plena realização do mercado interno dos<br />

serviços postais da Comunidade (debate).................. 1<br />

Serviços financeiros 2005-20<strong>10</strong> - Livro<br />

Branco (debate) ..................................................... 280<br />

Modernizar o direito do trabalho para<br />

enfrentar os desafios do século XXI (debate)........ 333<br />

Período de votação................................................. 340<br />

Convocação da Conferência<br />

Intergovernamental (prazo para a entrega de<br />

alterações): Ver Acta............................................. 344<br />

Declarações de voto ............................................... 344<br />

Correcções e intenções de voto: ver Acta .............. 356<br />

Aprovação da acta da sessão anterior: ver<br />

Acta........................................................................ 356<br />

Modernizar o direito do trabalho para<br />

enfrentar os desafios do século XXI<br />

(continuação do debate)......................................... 356<br />

Destacamento de trabalhadores (debate).............. 369<br />

Futura política marítima da União (debate) ......... 376<br />

Período de perguntas (perguntas à Comissão)...... 390<br />

Composição das comissões e das delegações:<br />

ver Acta.................................................................. 406<br />

Execução do primeiro pacote ferroviário<br />

(debate).................................................................. 406<br />

Regras comuns no sector do transporte aéreo<br />

(reformulação) (debate)......................................... 412<br />

Manter a <strong>Europa</strong> em movimento (debate) ............ 419<br />

Relações comerciais bilaterais UE-China<br />

(debate).................................................................. 428<br />

Ordem do dia da próxima sessão: ver Acta .......... 439<br />

Encerramento da sessão ........................................ 439

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