JOSÉ MARQUES DE MELO - Editora Saraiva
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VI<br />
JORNALISMO<br />
O nosso jornalismo exibe sintomas de exaustão ou raquitismo, como ex-<br />
plicitei no livro Jornalismo brasileiro (2003), justamente porque mantém sin-<br />
tonia fi na com os três vértices históricos da pirâmide invertida – que, quem,<br />
quando –, ignorando ou minimizando a convergência midiática e a superposição<br />
de audiência.<br />
Quem escuta uma notícia no rádio e a confi rma, vendo imagens na televisão,<br />
não se satisfaz quando busca canais complementares para bem se informar e<br />
emitir juízos de valor. Com a reiteração dos ingredientes básicos da informação<br />
de atualidades (que, quem, quando), o usuário sente-se frustrado. Sua demanda<br />
é de explicações, detalhes, cenários, antecedentes e perspectivas. Ou seja, quer<br />
ampliar horizontes, desejando novas informações que dêem conta das circunstâncias<br />
(como), das motivações (por que) e do ambiente (onde).<br />
Este livro não responde diretamente a essa aspiração dos usuários dos produtos<br />
jornalísticos, o que pressupõe pesquisa acurada, intermitente, comparativa.<br />
Sua intenção é inventariar os problemas geradores, identifi cando soluções<br />
plausíveis.<br />
Nosso foco de observação crítica privilegia três dimensões: a práxis, a formação<br />
e a cognição. Trata-se dos três espaços capazes de nutrir a necessária reinvenção<br />
do nosso jornalismo, cuja vitalidade se mantém constante, apesar das<br />
crises cíclicas e dos descompassos estruturais.<br />
O motor da reinvenção é a própria categoria profi ssional, acossada pelas<br />
incertezas vigentes nessa encruzilhada histórica. O exercício da criatividade por<br />
parte daqueles que estão na vanguarda da corporação torna-se desejável e indispensável.<br />
Naturalmente superando obstáculos ocupacionais, a universidade<br />
também pode oferecer alternativas suscetíveis de aplicação imediata.<br />
Daí a urgência de melhorar a formação dos jovens jornalistas que se dirigem<br />
ao mercado de trabalho. Na retaguarda estão os pesquisadores da área, de quem<br />
se espera estudos mais rigorosos sobre o exercício profi ssional, na expectativa de<br />
resgatar nossas identidades culturais para não capitularmos diante da ofensiva<br />
neocolonizadora das potências hegemônicas.<br />
As três partes iniciais apresentam um mapa das questões que permeiam os<br />
meandros da profi ssão, enveredando pelo labirinto acadêmico, no qual existem<br />
evidências construtivas tanto no ensino quanto na pesquisa. Os capítulos fi nais<br />
correspondem a um esforço de reinvenção orgânica, pautado pela articulação<br />
do fazer, ensinar e conhecer.