26.04.2013 Views

Entrevista - aicep Portugal Global

Entrevista - aicep Portugal Global

Entrevista - aicep Portugal Global

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Outubro 2012 // www.portugalglobal.pt<br />

<strong>Portugal</strong>global<br />

<strong>Entrevista</strong><br />

Manuel Simões<br />

Presidente<br />

da ASSIMAGRA<br />

Rochas com mais<br />

exportação<br />

e novos mercados 6<br />

Destaque<br />

A indústria da pedra<br />

em <strong>Portugal</strong> 10<br />

Mercados<br />

Potencialidades de negócio<br />

na Rússia 30<br />

Artigo do Embaixador<br />

de <strong>Portugal</strong> na Rússia 34<br />

Empresas<br />

ICC LAVORO, Resul e FC.o 24<br />

Pense global pense <strong>Portugal</strong>


Outubro 2012 // www.portugalglobal.pt<br />

sumário<br />

<strong>Entrevista</strong> // 6<br />

Manuel Simões, presidente da ASSIMAGRA - Associação Portuguesa<br />

dos Industriais de Mármores, Granitos e Ramos Afins,<br />

fala da actividade desta associação na promoção deste sector<br />

e da aposta de sucesso que este tem vindo a fazer nos mercados<br />

internacionais. Em entrevista, Manuel Simões defende a<br />

necessidade de uma maior competitividade e sustentabilidade<br />

desta actividade, realçando o empreendedorismo e o espírito<br />

audacioso dos empresários do sector.<br />

Destaque // 10<br />

Em destaque nesta edição, a indústria da pedra portuguesa,<br />

cuja qualidade, beleza e reputação têm contribuído para o<br />

aumento significativo das exportações do sector de rochas<br />

ornamentais, que ascenderam, em 2011, a quase 302 milhões<br />

de euros. Depois de Itália, <strong>Portugal</strong> é maior exportador<br />

do mundo per capita. China, França, Espanha e Arábia Saudita<br />

são os principais importadores.<br />

Empresas // 24<br />

ICC LAVORO: calçado profissional para mercados exigentes.<br />

RESUL: flexibilidade e diversidade são a chave do sucesso.<br />

FC.o: na conquista por novos mercados.<br />

Mercado // 30<br />

Com mais de 140 milhões de consumidores, a Rússia é um mercado<br />

de oportunidade para as empresas portuguesas, sendo<br />

vários os sectores em que estas poderão apostar: obras públicas<br />

e construção, produtos agro-alimentares, fileira moda, TIC e os<br />

produtos tecnologicamente inovadores, entre outros.<br />

A Revigrés e a MMC World são algumas das empresas que<br />

apostaram no mercado russo. Conheça a sua experiência.<br />

Opinião // 44<br />

Um artigo de Luís Miguel Duarte sobre a realização em<br />

Lisboa, em 2013, da Convenção Internacional dos Rotários.<br />

Análise de risco por país – COSEC // 46<br />

Veja também a tabela classificativa de países.<br />

Estatísticas // 49<br />

Investimento directo e comércio externo.<br />

AICEP Rede Externa // 52<br />

Bookmarks // 54


EDITORIAL<br />

4<br />

Revista <strong>Portugal</strong>global<br />

Av. 5 de Outubro, 101<br />

1050-051 Lisboa<br />

Tel.: +351 217 909 500<br />

Fax: +351 217 909 578<br />

Propriedade<br />

<strong>aicep</strong> <strong>Portugal</strong> <strong>Global</strong><br />

Rua Júlio Dinis, 748, 9º Dto<br />

4050-012 Porto<br />

Tel.: +351 226 055 300<br />

Fax: +351 226 055 399<br />

NIFiscal 506 320 120<br />

Conselho de Administração<br />

Pedro Reis (Presidente),<br />

José Vital Morgado,<br />

Manuel Mendes Brandão,<br />

Pedro Pereira Gonçalves,<br />

Pedro Pessoa e Costa (Vogais)<br />

Directora<br />

Ana de Carvalho<br />

ana.carvalho@portugalglobal.pt<br />

Redacção<br />

Cristina Cardoso<br />

cristina.cardoso@portugalglobal.pt<br />

Vitor Quelhas<br />

vitor.quelhas@portugalglobal.pt<br />

Colaboram neste número<br />

Direcção Grandes Empresas da AICEP,<br />

Direcção de Informação da AICEP,<br />

Direcção Internacional da COSEC,<br />

Direcção PME da AICEP, Ernesto Matos,<br />

Jorge Cruz Pinto, Jorge Galrão, Luís Miguel Duarte,<br />

Manuel Simões, Maria José Rézio,<br />

Miguel Goulão, Pedro Nuno Bártolo.<br />

Fotografia e ilustração<br />

©Fotolia, ProMéxico, Rodrigo Marques,<br />

Secretaría de Comunicaciones y Transportes (México).<br />

Publicidade<br />

Cristina Valente Almeida<br />

cristina.valente@portugalglobal.pt<br />

Secretariado<br />

Cristina Santos<br />

cristina.santos@portugalglobal.pt<br />

Assinaturas<br />

REGISTE-SE AQUI<br />

Projecto gráfico<br />

<strong>aicep</strong> <strong>Portugal</strong> <strong>Global</strong><br />

Paginação e programação<br />

Rodrigo Marques<br />

rodrigo.marques@portugalglobal.pt<br />

ERC: Registo nº 125362<br />

As opiniões expressas nos artigos publicados são da res-<br />

ponsabilidade dos seus autores e não necessariamente<br />

da revista <strong>Portugal</strong>global ou da <strong>aicep</strong> <strong>Portugal</strong> <strong>Global</strong>.<br />

A aceitação de publicidade pela revista <strong>Portugal</strong>global<br />

não implica qualquer compromisso por parte desta<br />

com os produtos/serviços visados.<br />

// Outubro 2012 // <strong>Portugal</strong>global<br />

Exportações, o motor<br />

da economia nacional<br />

É no saldo positivo da nossa balança<br />

comercial que podemos encontrar um<br />

dos sinais mais animadores da atividade<br />

económica nacional. Com as exportações<br />

de bens e serviços a registarem um<br />

crescimento homólogo de 6,4 por cento<br />

nos primeiros oito meses do ano e as<br />

importações a diminuírem 4,9 por cento<br />

(quer por via da quebra do consumo interno,<br />

quer porque existe alguma substituição<br />

de importações por produção<br />

nacional), <strong>Portugal</strong> teve um excedente<br />

comercial no acumulado do ano, algo<br />

que não acontecia há praticamente 70<br />

anos. Os 315 milhões de saldo positivo<br />

da balança comercial nacional verificados<br />

a quatro meses do final do ano são<br />

um resultado atribuível ao elevado mérito<br />

dos nossos empresários. É, pois, para<br />

todo o sector exportador com quem<br />

quotidianamente trabalhamos que endereço<br />

os meus parabéns.<br />

Esta dinâmica sólida das exportações,<br />

numa conjuntura particularmente exigente,<br />

indicia que a economia portuguesa<br />

está a ganhar sustentabilidade, e<br />

que para isso está a contar não só com<br />

o esforço exportador das suas empresas,<br />

mas também com a sua maior competitividade<br />

nos mercados de exportação,<br />

cada vez mais diversificados. Esta tendência<br />

tem-se traduzido numa maior<br />

robustez da actividade económica exportadora<br />

e sobretudo na crescente confiança<br />

dos mercados externos nos bens,<br />

nas marcas e nos serviços portugueses.<br />

Nesta edição, optámos por ilustrar este<br />

efeito de amplificação das exportações<br />

portuguesas recorrendo a dois exemplos:<br />

o sector das rochas ornamentais,<br />

e a sua atividade exportadora, e as po-<br />

tencialidades do mercado russo – com<br />

os seus 142 milhões de consumidores<br />

e elevados padrões de consumo – na<br />

óptica das oportunidades de negócio<br />

e como destino de exportação para as<br />

empresas portuguesas.<br />

A entrevista de Manuel Simões, presidente<br />

da Assimagra – Associação Portuguesa<br />

dos Industriais de Mármores,<br />

Granitos e Ramos afins, traça um perfil<br />

consistente da indústria da pedra natural<br />

e ornamental – que desde sempre teve<br />

uma elevada vocação exportadora – bem<br />

como das características de um sector<br />

que tem sabido lidar com as dificuldades<br />

internas e externas da economia, afirmando<br />

no mundo e em novos mercados,<br />

a excelência das rochas ornamentais portuguesas<br />

e a qualidade do seu produto<br />

final. O destaque que consagramos a<br />

esta indústria mostra claramente o seu<br />

enorme potencial económico, as vantagens<br />

competitivas da “clusterização” do<br />

sector, as aplicações dos seus produtos<br />

em várias áreas e ainda a vitalidade das<br />

suas empresas exportadoras.<br />

Apesar de o peso da Rússia ser ainda<br />

modesto nas nossas relações económicas<br />

externas, justifica-se plenamente<br />

um olhar aprofundado sobre este mercado<br />

por ser o terceiro maior parceiro<br />

comercial da União Europeia, por ter<br />

aderido recentemente à Organização<br />

Mundial do Comércio e por ter uma<br />

performance económica positiva e uma<br />

classe média com poder de compra<br />

crescente. É também desta partilha de<br />

conhecimento que se vai construindo o<br />

sucesso das nossas exportações.<br />

PEDRO REIS<br />

Presidente do Conselho de Administração da AICEP


ENTREVISTA<br />

6<br />

Manuel Simões<br />

Presidente da ASSIMAGRA - Associação Portuguesa dos Industriais<br />

de Mármores, Granitos e Ramos Afins<br />

ROCHAS ORNAMENTAIS EXPORTAM<br />

MAIS, GANHAM COMPETITIVIDADE E<br />

INVESTEM EM NOVOS MERCADOS<br />

A indústria das rochas ornamentais, embora sofra os impactos da crise financeira,<br />

faz uma forte aposta no seu sucesso nos mercados internacionais, afirmando<br />

neles a excelência da pedra portuguesa e a qualidade do produto final.<br />

Manuel Simões, presidente da Assimagra, associação do sector, defende<br />

não só a necessidade de uma maior competitividade e sustentabilidade da<br />

actividade, como a promoção da pedra ornamental portuguesa nos mercados,<br />

não deixando de realçar o empreendedorismo e o espírito audacioso dos<br />

empresários do sector.<br />

// Outubro 12 // <strong>Portugal</strong>global


O grande objectivo do sector das rochas ornamentais<br />

é a internacionalização, a sustentabilidade e a competitividade.<br />

Qual é o papel da ASSIMAGRA neste<br />

panorama?<br />

O papel da Assimagra é criar as condições para que os empresários<br />

portugueses do sector das rochas ornamentais<br />

consigam promover os seus produtos no exterior, nomeadamente<br />

com a organização de feiras internacionais. Relativamente<br />

à sustentabilidade, a preocupação é criar condições<br />

para que o acesso à matéria-prima seja possível por<br />

longos anos, de que são exemplo as negociações ocorridas<br />

nos últimos anos com a direcção do Parque Natural da Serra<br />

d’Aire e Candeeiros com bons resultados. No que toca<br />

à competitividade, trabalhamos para que as regras aplicáveis<br />

aos empresários portugueses sejam muito semelhantes<br />

àquelas que encontramos nos países com que competimos<br />

nos mercados internacionais.<br />

Dentro do programa de acção definido em conjunto<br />

com as empresas e instituições para criar uma visão<br />

comum e estratégica para o sector, quais são os<br />

principais obstáculos e que acções (como feiras,<br />

missões comerciais ou visitas ao mercado) estão<br />

planeadas no âmbito da ASSIMAGRA para 2012?<br />

Os principais obstáculos neste momento são todos aqueles<br />

que advêm de um país que se encontra intervencionado<br />

e que afectam de alguma maneira os diversos sectores da<br />

economia portuguesa. Por outro lado, e no que se refere às<br />

acções previstas e já concretizadas, são de referir as feiras<br />

na Índia, China, Brasil e Itália. Não podemos deixar de realçar<br />

o espírito audacioso dos nossos empresários, que compreendem<br />

a importância da presença nestes eventos como<br />

forma não só de potenciar os seus negócios como a própria<br />

imagem de <strong>Portugal</strong>.<br />

Tendo em conta o número de pedreiras em<br />

laboração, a mão-de-obra significativa, o volume<br />

e a qualidade das rochas extraídas e os números<br />

da exportação, como analisa o actual estado do<br />

sector no contexto de constrangimento que afecta a<br />

economia portuguesa?<br />

O constrangimento que afecta a economia portuguesa<br />

neste momento está a provocar diversas dificuldades na<br />

maioria das empresas. As duas mais significativas residem<br />

na obtenção de financiamento junto da banca – que origina<br />

quebras no investimento em novas pedreiras e equipamentos,<br />

e a dificuldade nos recebimentos – que estrangula as<br />

empresas na sua gestão de tesouraria.<br />

É correcto afirmar que o sector da construção civil é<br />

o principal responsável pelo forte incremento que as<br />

rochas industriais têm sofrido nos últimos anos?<br />

É correcto não só no caso de <strong>Portugal</strong> como no da vizinha<br />

Espanha. O sector da construção civil, tanto na obra privada<br />

como no caso das obras públicas, permitiu um crescimento<br />

rápido ao sector das rochas industriais. Contudo o momento<br />

actual é bastante diferente e estamos a assistir ao encerramento<br />

de inúmeras empresas nesta área.<br />

ENTREVISTA<br />

O sector da pedra natural e ornamental compreende<br />

as vertentes de extracção e transformação. Qual das<br />

duas actividades é mais lucrativa para o país e de que<br />

modo se articulam com a exportação?<br />

Ambas as actividades são lucrativas para o país e o ideal<br />

será conjugar as duas, ou seja, extrair blocos nas nossas pedreiras<br />

e transformá-los em <strong>Portugal</strong> para que todo o valor<br />

acrescentado fique no nosso país.<br />

Obviamente, esta situação varia consoante o mercado: se<br />

no caso do mercado chinês a exportação funciona ao nível<br />

do bloco, já nos restantes as nossas rochas normalmente<br />

são exportados num estado já adiantado de transformação.<br />

Em que medida a dependência de determinados<br />

mercados, nomeadamente do mercado árabe, está a<br />

contribuir para o actual contexto de dificuldade de<br />

algumas empresas?<br />

A dependência de um mercado nunca é positiva. No caso específico<br />

do mercado árabe ele afecta principalmente o mármore<br />

português. Foi a diminuição brusca da procura deste<br />

material por parte de outros mercados tradicionais – como<br />

eram o português e especialmente o espanhol – que criou<br />

“O papel da Assimagra é criar as condições<br />

para que os empresários portugueses do<br />

sector das rochas ornamentais consigam<br />

promover os seus produtos no exterior e no<br />

que toca à competitividade, trabalhamos<br />

para que as regras aplicáveis aos empresários<br />

portugueses sejam muito semelhantes<br />

àquelas que encontramos nos países com que<br />

competimos nos mercados internacionais.”<br />

uma forte dependência dos mercados árabes permitindo<br />

um grande aumento do poder de negociação por parte dos<br />

clientes destes países e, inversamente, dificuldades em algumas<br />

empresas portuguesas muito ligadas a estes mercados.<br />

Os produtores tradicionais como Espanha, <strong>Portugal</strong><br />

e Itália estão a perder terreno face aos mercados<br />

emergentes da China, Índia e Turquia. O que é<br />

preciso fazer para inverter esta tendência e perda de<br />

competitividade?<br />

Será sempre difícil inverter esta tendência, temos sim que<br />

tentar adaptarmo-nos a esta nova realidade, pois estamos<br />

a falar de grandes países com reservas de matéria-prima<br />

enormes, com apoios para a exploração de pedreiras de<br />

grande dimensão, com mercados internos em forte crescimento<br />

e com vantagens competitivas a todos os níveis<br />

(custos laborais, custos energéticos, acesso a financiamento).<br />

Vejamos que algumas destas vantagens derivam directamente<br />

do tipo de preocupações políticas, sociais e<br />

ambientais que nós – portugueses, espanhóis e italianos<br />

<strong>Portugal</strong>global // Outubro 12 // 7


ENTREVISTA<br />

8<br />

– temos enquanto sociedade, mas sabemos que as regras<br />

do comércio livre e da justiça social podem criar diferenças<br />

de comportamento significativas face ao mercado. Por<br />

isso, torna-se mais fácil para nós tentar inserir as nossas<br />

rochas nestes países, considerando que não estamos perante<br />

uma ameaça, mas sim perante uma oportunidade.<br />

A China é actualmente, aliás, um dos principais mercados<br />

das rochas ornamentais portuguesas.<br />

Num mercado cada vez mais asfixiado, mercados<br />

como a China, o Brasil e os EUA são fundamentais<br />

para o incremento das exportações. Que desafios se<br />

colocam para o futuro das rochas ornamentais em<br />

termos de mercados externos?<br />

As rochas ornamentais portuguesas são conhecidas em todos<br />

os mercados e sempre foram um sector com um elevado potencial<br />

de exportação. Neste momento o desafio maior que se<br />

coloca é substituir alguns mercados europeus que estão em<br />

crise por novos mercados com potencial de crescimento e isto,<br />

sabemo-lo bem, não é possível de um dia para o outro. Obviamente,<br />

ao procurar novos mercados encontramos algumas<br />

barreiras difíceis de ultrapassar como por exemplo, no caso do<br />

mercado brasileiro, as altas taxas de importação aplicadas aos<br />

produtos portugueses que entram naquele país.<br />

O sector dos mármores é a principal actividade<br />

económica dos concelhos alentejanos de Vila Viçosa,<br />

Borba e Estremoz, com exportações para os quatro<br />

cantos do mundo. A reestruturação do sector passa<br />

pelas rochas alentejanas no sentido de melhor<br />

potenciar as exportações?<br />

A já referida dependência do mercado árabe criou várias<br />

situações novas às empresas desta região e neste momento<br />

// Outubro 12 // <strong>Portugal</strong>global<br />

“As rochas ornamentais portuguesas são<br />

conhecidas em todos os mercados e sempre<br />

foram um sector com um elevado potencial de<br />

exportação. Neste momento o desafio maior<br />

que se coloca é substituir alguns mercados<br />

europeus que estão em crise por novos<br />

mercados com potencial de crescimento.”<br />

será necessário não só potenciar as exportações para novos<br />

mercados, assim como investir fortemente na reabertura de<br />

pedreiras que se encontram sem actividade para que exista<br />

matéria-prima em quantidade e com qualidade para dar<br />

uma resposta mais eficaz perante os diferentes mercados.<br />

O Alentejo é o maior centro produtor de mármore e<br />

granito ornamental do nosso país. Sendo o mercado<br />

chinês o grande consumidor dos nossos calcários, qual<br />

a razão para este mercado não consumir mármore?<br />

A sua uniformidade. O mármore português é conhecido<br />

mundialmente pelas suas variações cromáticas e movimentos<br />

irregulares, o que o torna único no panorama mundial<br />

das rochas ornamentais. Estas características, associadas<br />

às extraordinárias qualidades técnicas que este apresenta,<br />

possibilitam a sua aplicação nos mais diversos locais e<br />

com as formas únicas que cada bloco oferece. O mercado<br />

chinês começa agora a interessar-se pelos mármores<br />

portugueses e a perceber de que forma estes devem ser<br />

trabalhados, não pela quantidade mas pela qualidade, um<br />

pouco como aconteceu com os mercados árabes no início<br />

dos anos 80. Logo, é expectável que enquanto maior mercado<br />

consumidor de rochas ornamentais da actualidade, a<br />

China comece gradualmente a consumir o mármore português<br />

nos próximos anos.


Devem as empresas do sector dos mármores apostar nos<br />

mercados de Angola e Brasil, como forma de aumentar<br />

as exportações e debelar a crise que atinge o negócio?<br />

Obviamente, e já o estão a fazer, pois são mercados onde<br />

existe uma grande ligação ao nosso país, não existindo barreiras<br />

linguísticas e – como todos sabemos – com economias<br />

emergentes. Desta forma os empresários portugueses<br />

têm que aproveitar a oportunidade.<br />

Ouve-se cada vez mais dizer que existem actualmente<br />

boas oportunidades de negócio na reutilização dos<br />

resíduos do sector. Este é um bom momento para<br />

começar a valorizar os restos das pedras ornamentais<br />

sem valor comercial?<br />

Os momentos para aproveitar e valorizar os resíduos da actividade<br />

do sector são sempre bons. É verdade que a situação<br />

económica do país não facilita o investimento em novas actividades<br />

nem na investigação e desenvolvimento de novas<br />

soluções para este problema. Em todo o caso, esta seria<br />

uma nova porta de valorização para todo o sector, uma vez<br />

que, para além do retorno económico, permitiria resolver<br />

também de modo bastante positivo todo o passivo ambiental<br />

acumulado ao longo dos últimos anos.<br />

Ainda neste sentido, quais são os principais<br />

impactos negativos da extracção, em termos locais<br />

e ambientais, quais são as soluções que estão a ser<br />

estudadas e implementadas para os minorar?<br />

Os principais impactos da extracção prendem-se com os<br />

efeitos visuais da mesma, e nesse sentido os empresários<br />

do sector têm criado planos de recuperação para as áreas<br />

abrangidas pela extracção recuperando áreas que já não estão<br />

em exploração.<br />

Dado o prestígio e a procura interna e externa de<br />

rochas ornamentais portuguesas, o que está a ser feito<br />

para garantir a sua certificação da qualidade? E em que<br />

medida a certificação potencia as vendas nos mercados?<br />

A pedra portuguesa é um recurso natural abundante no<br />

nosso país, não existindo no entanto, até ao momento, um<br />

reconhecimento formal que ateste a sua reconhecida qualidade.<br />

É neste sentido que surge a StonePT – Marca da<br />

Pedra Portuguesa, uma organização que tem por objectivo<br />

BREVE BIOGRAFIA<br />

ENTREVISTA<br />

certificar o produto Pedra Natural, com vista à internacionalização<br />

de uma Marca Portuguesa reconhecida. Esta organização<br />

surge no âmbito de um projecto, lançado através de<br />

uma parceria entre a Assimagra e o IST – Instituto Superior<br />

Técnico, e tem como principal desafio afastar a pedra da<br />

sua actual imagem, aproximando-a de uma imagem contemporânea<br />

e de qualidade.<br />

Como opera a StonePT no âmbito do sector?<br />

A StonePT tem assim como principal missão promover e credibilizar<br />

as suas marcas, nacional e internacionalmente, bem<br />

como todas as empresas a elas associadas. Caberá a esta organização<br />

divulgar os seus serviços reunindo com as principais<br />

empresas de construção (nacionais e internacionais), promovendo<br />

formações específicas nesta área, avaliando com maior<br />

ênfase os estudos de mercado disponíveis e actuando com<br />

base nos dados obtidos. Dispõe igualmente de outros meios,<br />

como o envio de newsletters com conteúdo técnico para um<br />

vasto número de contactos com interesse na matéria, e de<br />

uma página Web interactiva, além de participar em feiras nacionais<br />

e internacionais e comunicar recorrendo aos diversos<br />

suportes existentes (outdoors, posters, anúncios…).<br />

Os valores da StonePT baseiam-se na independência, no rigor<br />

técnico e na credibilidade como forma de salvaguardar<br />

a imparcialidade e integridade da sua actuação no contacto<br />

com as diferentes entidades com as quais se relaciona e<br />

assegurando a gestão de eventuais conflitos de interesse.<br />

Pretende-se que a StonePT venha a ser a marca de qualidade<br />

de referência em <strong>Portugal</strong> e no mundo e a garantia de<br />

uma confiança nas empresas portuguesas.<br />

Assimagra<br />

Associação Portuguesa dos Industriais de<br />

Mármores, Granitos e Ramos Afins<br />

Rua Aristides de Sousa Mendes, 3b<br />

1600-412 Lisboa<br />

Tel.: (+351) 21 712 19 30<br />

msimoes33@hotmail.com<br />

www.assimagra.pt<br />

Manuel António Eufrásio Simões (8-3-1975)<br />

• Licenciado pelo Instituto Superior Técnico em Engenharia<br />

e Gestão Industrial (1993-1998)<br />

• Presidente Assimagra 2010-2012<br />

• Project Manager Ernst & Young (1998-2003)<br />

• Granoguli Lda 2009 – 2012 (Sócio-Gerente)<br />

• A. Bento Vermelho 2004 – 2012 (Sócio-Gerente)<br />

• Eufrásio Simões 2003-2012 (Sócio-Gerente)<br />

<strong>Portugal</strong>global // Outubro 12 // 9


DESTAQUE<br />

A INDÚSTRIA DA PEDRA<br />

EM PORTUGAL<br />

Qualidade, beleza e reputação são os principais atributos da pedra portuguesa<br />

cujas exportações registaram um aumento de 28 por cento no primeiro trimestre<br />

de 2012, o maior aumento verificado nos últimos 5 anos, desde que começou a<br />

sentir-se a contracção do mercado europeu. Neste período, o sector exportou mais<br />

de 86,8 milhões de euros face aos 68 milhões registados no período homólogo.<br />

Mas já em 2011, os sinais de vitalidade do sector eram positivos: as exportações<br />

registaram no ano transacto um aumento de 1,7 por cento, representando um<br />

volume de negócios superior a 301 milhões de euros. Depois de Itália, <strong>Portugal</strong> é<br />

maior exportador do mundo per capita. China, França, Espanha e Arábia Saudita<br />

são os principais importadores.<br />

10 // Outubro 12 // <strong>Portugal</strong>global


<strong>Portugal</strong> é um dos dez maiores produtores<br />

e exportadores de Pedra Natural do<br />

mundo. Actualmente este sector é responsável<br />

por 1,5 por cento das exportações<br />

do país, mantendo além do mais<br />

uma balança comercial positiva, o que<br />

se traduz por um forte impacto desta<br />

indústria na economia portuguesa.<br />

Para a Europa as vendas aumentaram<br />

35 por cento no primeiro trimestre do<br />

ano, continuando ainda a ser o principal<br />

destino das exportações portuguesas<br />

(56 por cento da quota de mercado).<br />

Já as exportações para mercados<br />

extracomunitários cresceram 22 por<br />

cento, representando actualmente 44<br />

por cento da quota de mercado.<br />

Apesar da pequena dimensão da maior<br />

parte das empresas, a actividade do<br />

sector é dinâmica e tem assinalado um<br />

crescimento nos últimos anos, sobretudo<br />

ao nível das exportações onde se<br />

registou um aumento de 5 milhões de<br />

euros, num total de quase 302 milhões<br />

de euros exportados (301.854.580 euros),<br />

de acordo com o INE.<br />

Embora o mercado europeu assinale<br />

perdas, nos mercados emergentes a<br />

pedra portuguesa continua a conquistar<br />

adeptos, com países como Singapura<br />

e o Brasil a registar, em 2011, um<br />

aumento de importações de pedra<br />

nacional acima dos 50 por cento (relativamente<br />

a 2010). Os mármores e os<br />

calcários registam elevadas taxas de exportação,<br />

nomeadamente para a China.<br />

O sector da pedra calcária cresceu<br />

50 por cento nas exportações para o<br />

mercado chinês durante o ano 2010,<br />

tendo alcançado uma facturação na ordem<br />

dos 50 milhões de euros.<br />

“Apesar da pequena<br />

dimensão da maior parte<br />

das empresas, a actividade<br />

do sector é dinâmica e tem<br />

assinalado um crescimento<br />

nos últimos anos, sobretudo<br />

ao nível das exportações onde<br />

se registou um aumento de 5<br />

milhões de euros, num total<br />

de quase 302 milhões de<br />

euros exportados.”<br />

É certo que se registou um comportamento<br />

negativo nas aquisições a <strong>Portugal</strong><br />

neste primeiro trimestre de 2012,<br />

mas esta situação mereceria preocupação<br />

se as exportações portuguesas não<br />

estivessem a conquistar novos mercados,<br />

como está a acontecer. Não só<br />

em relação a alguns países europeus,<br />

DESTAQUE<br />

alguns dos quais se encontram entre os<br />

melhores clientes de <strong>Portugal</strong> – França,<br />

China, Espanha, Arábia Saudita, e Reino<br />

Unido, para só citar alguns – para<br />

os quais são exportados mais de um<br />

milhão de euros por ano, mas também<br />

em relação a países extracomunitários<br />

e fora da Europa, assinalando-se a subida<br />

das exportações para países como<br />

a Argélia, Marrocos ou Israel.<br />

É de notar que a Assimagra e as empresas<br />

do sector estão a fazer frente aos<br />

desafios com que se confrontam não<br />

só no plano interno como no externo,<br />

como sejam a fraca capacidade competitiva<br />

das empresas nacionais nos<br />

mercados externos e a emergência de<br />

um conjunto de países com grande potencial<br />

que têm produtos finais muito<br />

mais competitivos. Entre esses países,<br />

destacam-se a China, Índia, Brasil e<br />

Turquia que ocuparam o lugar de grandes<br />

produtores como a Itália, Espanha,<br />

França, <strong>Portugal</strong> e Grécia.<br />

Este desafio da competitividade, se vem<br />

atrasar o avanço do sector da pedra a<br />

nível europeu por um lado, por outro<br />

torna imperativo um reposicionamento<br />

estratégico para se rever os mercados<br />

e os processos produtivos. Apesar de<br />

tudo, é de sublinhar, <strong>Portugal</strong> ocupa o<br />

8º lugar no ranking mundial dos países<br />

produtores de pedra natural.<br />

<strong>Portugal</strong>global // Outubro 12 // 11


DESTAQUE<br />

CLUSTER DA PEDRA NATURAL<br />

A ESTRATÉGIA PARA A<br />

INTERNACIONALIZAÇÃO,<br />

SUSTENTABILIDADE E COMPETITIVIDADE<br />

> POR MIGUEL GOULÃO, PRESIDENTE DA VALORPEDRA – ASSOCIAÇÃO GESTORA DO CLUSTER DA<br />

PEDRA NATURAL<br />

“A prosperidade nacional não é algo herdado, mas o produto do esforço criativo<br />

humano”. Se há alguns anos esta frase de Michael Porter não era um princípio para o<br />

sector da Pedra Natural, hoje encerra em si toda a realidade desta indústria.<br />

Este sector, desde sempre com elevada<br />

vocação exportadora, nunca deixou de<br />

estar exposto às vicissitudes do mercado:<br />

crises cíclicas, entrada de novos<br />

países com “vantagens” competitivas,<br />

aparecimento de materiais substitutos,<br />

entre outras, e conseguiu sempre manter<br />

a sua posição entre os oito maiores<br />

países produtores e exportadores a nível<br />

mundial, fazendo dos constrangimentos<br />

verdadeiros impulsionadores<br />

do desenvolvimento.<br />

Para isso muito contribui também o<br />

Cluster da Pedra Natural, reconheci-<br />

12 // Outubro 12 // <strong>Portugal</strong>global<br />

do desde 2009, espaço onde os seus<br />

actores juntam sinergias e estão a empreender<br />

um conjunto de iniciativas<br />

que deverão, a médio prazo, contribuir<br />

para a mudança de paradigma de um<br />

sector em que a inovação é um factor<br />

decisivo para a competitividade. Temos<br />

como objectivos finais a internacionalização,<br />

a sustentabilidade e a competitividade<br />

do sector da Pedra Natural,<br />

sendo a nossa ambição enquadrar a<br />

mobilização de todos os envolvidos em<br />

torno de uma Estratégia e Programa de<br />

Acção definidos e assumidos colectivamente<br />

por empresas e instituições de<br />

suporte e que resulte numa visão comum<br />

para a Pedra Natural.<br />

As apostas estratégicas estão a concentrar-se<br />

no desenvolvimento de<br />

projectos que, no seu conjunto, irão<br />

consolidar a posição de <strong>Portugal</strong> no<br />

mercado global através do reconhecimento<br />

do sector, pela sua qualidade,<br />

competitividade e grau de inovação.<br />

São eles: valorização da Pedra Natural,<br />

sustentabilidade ambiental da indústria<br />

extractiva, novas tecnologias para<br />

a competitividade e outros factores<br />

complementares que sejam de respos-


tas aos eixos estratégicos definidos. O<br />

Projecto Valorização da Pedra Natural<br />

integra todas as actividades que contribuam<br />

para o aumento da dinâmica das<br />

suas empresas no mercado.<br />

A concepção de uma estratégia de<br />

comunicação e marketing que sirva<br />

de suporte ao Marketing Estratégico<br />

Sectorial, com vista à melhoria de<br />

imagem da Pedra Natural, actividades<br />

que permitam garantir ao consumidor<br />

a autenticidade do produto, como a<br />

obtenção da Denominação de Origem<br />

Controlada e o selo de qualidade StonePT,<br />

a valorização das potencialidades<br />

da Pedra através da sua certificação, e<br />

novas formas de valorização económica<br />

e estética da Pedra Natural, através<br />

“Temos como objectivos<br />

finais a internacionalização,<br />

a sustentabilidade e a<br />

competitividade do sector<br />

da Pedra Natural, sendo a<br />

nossa ambição enquadrar<br />

a mobilização de todos os<br />

envolvidos em torno de uma<br />

Estratégia e Programa de<br />

Acção definidos e assumidos<br />

colectivamente por empresas<br />

e instituições de suporte e que<br />

resulte numa visão comum<br />

para a Pedra Natural.”<br />

da investigação e do encontro, da arquitectura,<br />

do design e da arte, são as<br />

actividades definidas para a consolidação<br />

e conquista de mercados.<br />

O Projecto Sustentabilidade Ambiental<br />

para a Indústria Extractiva é constituído<br />

pelas actividades que permitirão ganhos<br />

ao nível da eficiência económica<br />

e ambiental do sector. A delimitação<br />

e planeamento integrado dos núcleos<br />

de actividade extractiva (visando a exploração<br />

sustentável dos recursos) e a<br />

realização de Cartografias Temáticas de<br />

diversas regiões do país (de forma a valorizar<br />

e racionalizar a sua exploração)<br />

são as actividades que irão responder<br />

ao Eixo Estratégico de Qualificação dos<br />

Recursos e dos Territórios.<br />

Já o Projecto Novas Tecnologias para a<br />

Competitividade consiste na investigação<br />

e experimentação de um conjunto<br />

de sistemas inteligentes de produção,<br />

que terão de responder simultaneamente<br />

aos desafios da produtividade e<br />

da inovação das empresas, permitindo<br />

em simultâneo posicionar as empresas<br />

de equipamentos portuguesas como<br />

produtoras de inovação tecnológica. O<br />

desenvolvimento de soluções robotizadas<br />

para a extracção de pedra, soluções<br />

CNC para a produção de peças em 3D<br />

e para o processamento inteligente de<br />

acabamentos de peças, CNC portáteis<br />

para a produção de replicações de objectos<br />

e para a sua manutenção, bem como<br />

soluções que permitirão minimizar impactos<br />

e contribuir para que as empresas<br />

sejam ainda mais amigas do Ambiente,<br />

constituem um desafio ambicioso, é certo,<br />

embora controlado pelo potencial de<br />

aplicabilidade de todas as soluções.<br />

Todos estes projectos e actividades que<br />

estamos a realizar são fruto da concer-<br />

DESTAQUE<br />

tação sectorial e serão realizados em<br />

parceria pelos actores que constituem<br />

o Cluster da Pedra Natural. A participação<br />

das empresas e de outros agentes<br />

nas actividades é aberta e ampla,<br />

havendo sempre a possibilidade de<br />

apresentarem as suas iniciativas para<br />

análise ou juntarem-se às de outros. A<br />

par disto, todas as actividades desenvolvidas<br />

serão divulgadas e os resultados<br />

partilhados com o sector.<br />

A promoção e a dinamização do Cluster<br />

da Pedra Natural são assumidas<br />

pela Associação Valor Pedra, criada especialmente<br />

para esse efeito em Maio<br />

de 2009. Embora criada com esse objectivo<br />

especifico de gestão do Cluster<br />

da Pedra Natural, a Associação assumiu<br />

desde o seu início uma visão estratégica<br />

a longo prazo que garanta a sua<br />

sustentabilidade futura.<br />

mgoulao@assimagra.pt<br />

<strong>Portugal</strong>global // Outubro 12 // 13


DESTAQUE<br />

ESTÉTICAS DA PEDRA PORTUGUESA<br />

NA ARQUITECTURA<br />

> POR JORGE CRUZ PINTO - ARQUITECTO, PROFESSOR CATEDRÁTICO DA FACULDADE DE ARQUITECTURA<br />

DA UNIVERSIDADE TÉCNICA DE LISBOA<br />

Sempre que o Homem pretendeu imortalizar as suas construções procurou na pedra a<br />

solidez, a resistência e a perenidade, desafiando a gravidade, a entropia e o tempo.<br />

Através da arte e do engenho – da poética<br />

e da técnica (nos seus sentidos<br />

mais originários), o Homem transformou<br />

a matéria-prima em materiais de<br />

construção. A pedra do seu estado tosco,<br />

ao bloco aparelhado das cantarias<br />

permitiu a construção arquitectónica<br />

ao longo dos tempos, nas suas diversas<br />

vertentes e estilos.<br />

A própria palavra estilo provém do estilete,<br />

o instrumento metálico com que<br />

se gravava a matéria, conferindo-lhe<br />

forma e adequação construtiva através<br />

da técnica, que faz aparecer na obra a<br />

verdade dos materiais e a expressão das<br />

forças que permitem a sua estabilidade<br />

tectónica e a sua expressão ornamental.<br />

O aparecimento e a larga difusão, nos<br />

últimos dois séculos, de novos materiais<br />

de construção, tais como, o ferro,<br />

o vidro e sobretudo o betão armado,<br />

vieram permitir o acentuar da separação<br />

entre a delimitação muraria e a estrutura<br />

dos edifícios, relegando para segundo<br />

plano função das alvenarias estruturais<br />

em pedra. Assim, a pedra na história<br />

da modernidade está sobretudo ligada<br />

à condição de revestimento, que a evolução<br />

tecnológica dos processos mecanização<br />

de corte permitiram reduzir a<br />

espessuras mínimas potenciando a sua<br />

aplicação decorativa de acabamento no<br />

revestimento de pavimentos, escadas,<br />

paredes e guarnecimentos.<br />

Pedra, território<br />

e arquitectura<br />

Pese embora a dimensão de 92.092 quilómetros<br />

quadrados do território português,<br />

a riqueza e diversidade geológica<br />

14 // Outubro 12 // <strong>Portugal</strong>global


têm permitido, desde há 2000 anos, a<br />

exploração de uma grande variedade<br />

de pedras ornamentais com características<br />

estéticas e técnicas particulares.<br />

No norte predominam os graníticos e<br />

as ardósias, no centro, no Ribatejo e na<br />

Estremadura os calcários, no Alentejo os<br />

mármores e alguns granitos e xistos, e<br />

no Algarve as brechas.<br />

Assim, em cada região do país, as arquitecturas<br />

popular e erudita apropriam-se<br />

e adequam-se aos recursos geológicos<br />

próximos. As várias civilizações e culturas<br />

e estilos, que marcaram o tempo e o es-<br />

paço do território português deixaram na<br />

pedra o testemunho da sua passagem,<br />

usando os recursos geológicos locais e<br />

exportando-os aos outros territórios europeus<br />

e ultramarinos. Hoje a introdução<br />

de novas tecnologias de extracção e<br />

transformação tem permitido a consolidação<br />

e expansão do mercado externo<br />

da pedra ornamental portuguesa.<br />

A pedra em que se construíram os principais<br />

monumentos e edifícios institucionais<br />

conferiram unidade às imagens<br />

urbanas das cidades e vilas portuguesas.<br />

A coexistência da variedade de estilos<br />

arquitectónicos de cada época em<br />

cidades como Lisboa, Porto, Coimbra<br />

ou Évora é equilibrada pelo uso dos<br />

mesmos tipos de pedra que unificam a<br />

imagem urbana.<br />

Património<br />

e contemporaneidade<br />

arquitectónica:<br />

alguns exemplos<br />

A diversidade, a qualidade e a riqueza<br />

estética dos calcários da região Centro<br />

e Estremadura foram aplicadas ao<br />

longo da história em diversos monumentos<br />

e conjuntos arquitectónicos,<br />

tais como: o Mosteiro de Alcobaça, o<br />

Mosteiro da Batalha, expoente da arquitectura<br />

e da estatuária gótica, e o<br />

complexo do Convento de Cristo de<br />

Tomar, entre outros.<br />

Lisboa,”Cidade Branca”, deve a sua<br />

peculiar luminosidade, entre outros<br />

factores, aos fenómenos de reflexão<br />

da proximidade do mar oceano e às<br />

aplicações dos calcários brancos: o<br />

lioz branco aplicado na construção<br />

dos principais monumentos históricos<br />

– Catedral, Panteão, Aqueduto, S. Vicente,<br />

Carmo, Basílica da Estrela, Baixa<br />

Pombalina… – e nas cantarias dos<br />

edifícios de habitação históricos e contemporâneos<br />

que contrastam com as<br />

policromias de azulejos e rebocos pintados,<br />

além dos pavimentos artísticos<br />

da calçada à portuguesa, executada<br />

em vidraço branco e basalto negro que<br />

marcam a paisagem urbana.<br />

Neste contexto patrimonial foi implantada<br />

a obra contemporânea do Centro<br />

Cultural de Belém (da autoria de Gre-<br />

DESTAQUE<br />

gotti e Salgado) que procura uma integração<br />

na imagem urbana através do<br />

revestimento das fachadas e pavimentos<br />

em placagens de lioz, cuja textura<br />

escacilhada esbate intencionalmente<br />

em distintos matizes cromáticos de<br />

branco, creme, amarelo, avermelhado…,<br />

também aplicados nos pavimentos<br />

com acabamento amaciado.<br />

No pós-modernismo (final dos anos 70,<br />

início de 80), a utilização da pedra manifesta<br />

frequentemente uma contradição<br />

e aleatoriedade com os elementos arqui-<br />

“A pedra na história<br />

da modernidade está<br />

sobretudo ligada à condição<br />

de revestimento, que a<br />

evolução tecnológica dos<br />

processos mecanização de<br />

corte permitiram reduzir<br />

a espessuras mínimas<br />

potenciando a sua aplicação<br />

decorativa de acabamento<br />

no revestimento de<br />

pavimentos, escadas, paredes<br />

e guarnecimentos.”<br />

tectónicos, como é o caso do conjunto<br />

dos edifícios das Amoreiras ou do BNU,<br />

em Lisboa (da autoria de T. Taveira).<br />

Também dentro da corrente pós-moderna,<br />

de tendência ecléctica, o edifício da<br />

Caixa Geral de Depósitos (da autoria de<br />

Arsénio Cordeiro) é um exemplo da aplicação<br />

intensiva do lioz, em distintas formas<br />

de tratamento e cromatismos: rosa,<br />

amarelo, branco e abancado polido, em<br />

contraste com o mármore verde-escuro.<br />

A larga tradição histórica da construção<br />

em granito no norte do País e na cidade<br />

do Porto é fortemente interpretada na<br />

arquitectura contemporânea de arquitectos<br />

como Fernando Távora, Álvaro<br />

Siza e Souto Moura (autores emblemáticos<br />

da Escola do Porto), além outros<br />

posicionamentos individuais mais a sul.<br />

Fernando Távora, entre muitas outras<br />

obras, reinterpreta e reconstrói a an-<br />

<strong>Portugal</strong>global // Outubro 12 // 15


DESTAQUE<br />

tiga torre medieval desaparecida da<br />

Casa dos 24, totalmente construída em<br />

granito e incluindo dois grandes envidraçados,<br />

no lugar original junto da<br />

Catedral românica do Porto. Também<br />

do mesmo autor, a conhecida Casa de<br />

Ofir retoma a construção dos muros<br />

graníticos tradicionais de perpianho.<br />

Entre a vasta e notável obra arquitectónica<br />

de Álvaro Siza, marcada pelo experimentalismo<br />

de inovadoras metamorfoses<br />

plástico-espaciais, pelos efeitos<br />

surpreendentes da luz, de escalas e tratamento<br />

refinado dos detalhes construtivos,<br />

a pedra ornamental é utilizada em<br />

diversas aplicações que procuram reforçar,<br />

demarcar ou unir sintacticamente<br />

determinados elementos arquitectónicos,<br />

tornando as adequações funcionais<br />

em subtis intenções estéticas.<br />

São disso exemplos a aplicação da pedra<br />

calcária de lioz, no edifício do Pavilhão<br />

de <strong>Portugal</strong> da EXPO 98 em Lisboa<br />

e, também em Lisboa, no edifício dos<br />

Terraços de Bragança, numa integração<br />

contemporânea com arquitectura pombalina,<br />

recorre às cantarias de calcário<br />

lioz creme nos embasamentos e nas lajes<br />

de grande dimensão das varandas.<br />

Na obra de Siza o uso da pedra ornamental<br />

portuguesa estende-se também<br />

a objectos de design: como a pia baptismal<br />

da Igreja de Marco de Canavezes<br />

em lioz; o detalhe ergonómico do corrimão<br />

em lioz da estação de metro do<br />

Chiado; ou a sua notável chaise-long<br />

talhada em duas peças, no mesmo<br />

mármore branco, que estabelece um<br />

marco entre o design e a escultura.<br />

Na apreciável obra de E. Souto Moura,<br />

os embasamentos e muros de cantaria<br />

em granito (perpianho) jogam um papel<br />

construtivo e estético, fundamental<br />

nas delimitações arquitectónicas e na<br />

integração nos lugares, contrastando<br />

intencionalmente com a linguagem minimalista<br />

dos grandes envidraçados e<br />

da dominância das grandes superfícies<br />

brancas: no Mercado Municipal de Braga,<br />

na Casa das Artes no Porto e nas várias<br />

casas construídas na região norte.<br />

Na contemporaneidade, as obras de<br />

Aires Mateus revelam uma particular<br />

16 // Outubro 12 // <strong>Portugal</strong>global<br />

originalidade e abstracção geométrica<br />

na alternância compositiva entre<br />

os espaços vazios brancos minimalistas<br />

e a expressão plástica de volumes<br />

puros, integralmente revestimentos<br />

em pedra, das quais salientamos o<br />

edifício do Centro Cultural de Sines,<br />

que surge como uma mole de pedra<br />

talhada, em alternância de vazios de<br />

ruas e de blocos unidos interiormente<br />

através do subsolo.<br />

Da aplicação dos xistos, referimos a discreta<br />

obra semi-enterrada, do Museu da<br />

Luz (da autoria de Pedro Pacheco e Marie<br />

Clément), delicadamente integrada<br />

na topografia e geologia, inteiramente<br />

revestida a estreitas fiadas de xisto empilhadas<br />

contra os muros de betão. A<br />

aplicação das fiadas de xisto confere um<br />

jogo de texturas de matizes cromáticos<br />

verdes, castanhos e cinzentos nos muros<br />

exteriores, reforçando o carácter horizontal<br />

do edifício e nos ambientes interiores,<br />

sob o efeito da luz natural zenital.<br />

Para concluir, apresentamos algumas<br />

das obras da nossa autoria (Jorge Cruz<br />

Pinto e Cristina Mantas) onde a pedra<br />

portuguesa assume diversas aplicações.<br />

Em dois espaços urbanos de Vidigueira<br />

recorremos à pavimentação em calçada<br />

à portuguesa, em pedra calcária de vidraço<br />

branco e basalto negro.<br />

A aplicação arquitectónica dos mármores<br />

do Baixo Alentejo criando relações de<br />

contraste com os brancos dos rebocos e<br />

estuques dá-se no edifício bancário do<br />

Credito Agrícola no uso do mármore<br />

de Trigaches, onde o mármore verde de<br />

Serpa inunda de reflexos esverdeados as<br />

paredes dos espaços interiores.<br />

Ultrapassando a condição contemporânea<br />

da pedra como revestimento,<br />

desenhámos o projecto experimental<br />

em alvenaria estrutural edificada em<br />

blocos ciclópicos de mármore rosa e<br />

cinza claro de Vila Viçosa, para a Adega<br />

Cooperativa de Vidigueira, que se<br />

desenvolve em torno de um pátio.<br />

Em suma, os exemplos apresentados<br />

de aplicação da pedra ornamental portuguesa<br />

na arquitectura não esgotam<br />

as aplicações estéticas, construtivas e<br />

estruturais inovadoras, que têm surgido<br />

não só em <strong>Portugal</strong>, como em obras<br />

espalhadas pelo mundo, face às suas<br />

características físicas, à diversidade e<br />

qualidade estéticas.<br />

Jorge@cruzpinto.com


A ARTE DA CALÇADA À PORTUGUESA<br />

>POR ERNESTO MATOS - DESIGNER GRÁFICO E AUTOR DE OBRAS SOBRE A CALÇADA PORTUGUESA<br />

Por muito desatentos que sejamos, na nossa vida diária, a calçada portuguesa jamais<br />

nos deixará indiferente ao percorremos os trilhos do caminhar urbano nas principais<br />

cidades portuguesas.<br />

A calçada portuguesa, inicialmente<br />

designada por calçada-mosaico, é fruto<br />

da persistência de várias gerações<br />

que têm vindo a apostar numa aplicação<br />

de pavimentos que fazem actualmente<br />

parte dos longos caminhos da<br />

história de um povo.<br />

Longe vai o tempo em que várias civilizações<br />

demonstravam as suas vivências<br />

através de um desenho minuciosamente<br />

elaborado com pequenas<br />

peças coloridas, a que chamamos de<br />

mosaicos, de que é exemplo o muito<br />

conhecido mosaico bizantino da época<br />

romana. Muitas dessas obras chegam<br />

até nós bem conservados, como<br />

é o caso dos imponentes tapetes em<br />

tessela de Conímbriga.<br />

Mais tarde, já muito depois da presença<br />

romana na Península Ibérica, os<br />

religiosos Carmelitas Descalços, recolhidos<br />

na floresta do Buçaco, em finais<br />

do séc. XVI, continuam a elaborar, quer<br />

no chão ou nas paredes das suas edificações,<br />

desenhos que evidenciam uma<br />

forma singular de cultura religiosa que<br />

vê na singeleza e na pureza das simples<br />

pedras recolhidas no chão, um meio<br />

para comunicar a sua fé.<br />

Embora a pedra fosse uma presença<br />

constante na elaboração de pavimen-<br />

“O mundo é pequeno em<br />

relação ao universo, tal<br />

como estas pedras da calçada<br />

o são, mas estas singelas<br />

sementes minerais plenas<br />

de arte e humanidade,<br />

coloridas de preto e branco,<br />

encontram-se cheias de força,<br />

de vontade para ilustrarem<br />

o planeta à imagem da alma<br />

portuguesa.”<br />

tos nas cidades medievais, o facto é<br />

que muitas cidades tinham as suas<br />

principais ruelas de terra batida. No<br />

decorrer dos descobrimentos portu-<br />

DESTAQUE<br />

gueses, que vão desenvolver, principalmente,<br />

as cidades portuárias, o<br />

monarca D. João II, em finais do séc.<br />

XV, empenha-se pessoalmente para<br />

que a cidade de Lisboa possua uma<br />

grande artéria, digna de receber as valiosas<br />

mercadorias vindas do Oriente.<br />

Assim, a melhor pedra foi seleccionada<br />

para pavimentar a majestosa Rua Nova<br />

dos Mercadores, tendo sido contudo necessário<br />

trazer pedra do Norte dado que<br />

a da região de Lisboa danificava-se com<br />

demasiada facilidade. Tal como as catedrais,<br />

o chão é aqui aprimorado e procura-se,<br />

entre outros atributos, a higiene<br />

urbana e o desenvolvimento comercial<br />

em plena expansão na urbe lisboeta.<br />

O fatídico terramoto de 1755 veio<br />

acarretar grandes mudanças na cidade<br />

ainda com características medievais. A<br />

renovação arquitectónica que se seguiu<br />

iria desenvolver-se através de uma<br />

perspectiva urbanística mais humanizada.<br />

Os passeios passam a ser definidos<br />

dentro dos arruamentos existentes, o<br />

<strong>Portugal</strong>global // Outubro 12 // 17


DESTAQUE<br />

lajedo de lioz circunda agora os grandes<br />

edifícios, dando assim a oportunidade<br />

aos transeuntes de se separarem<br />

de um trânsito, quer animal ou rodoviário.<br />

Em edifícios mais pequenos, uma<br />

pedra miúda, bastante mais económica,<br />

atapeta as frontarias. Por vezes,<br />

elabora-se o desenho de uma estrela,<br />

como crença e protecção, dado o anterior<br />

flagelo estar ainda bem presente<br />

nas memórias dos alfacinhas.<br />

O séc. XIX trás consigo as grandes<br />

correntes humanitárias – iniciam-se<br />

as viagens como deslocação regular,<br />

desponta o gosto pela arqueologia e<br />

pela história num revivalismo sem precedentes<br />

e a Arte Nova alastra pela<br />

Europa. É então que Lisboa se apressa<br />

a edificar uma praça condigna de receber<br />

visitantes de todas as partes do<br />

mundo. Eusébio Cândido Furtado, responsável<br />

pela prisão existente no espaço<br />

do Castelo de São Jorge, apresenta<br />

uma fantástica solução à cidade, o<br />

calcetamento artístico em larga escala.<br />

Após algumas experiências com excelentes<br />

resultados no próprio átrio da<br />

cadeia, este militar cede os seus prisioneiros<br />

para o serviço de uma causa<br />

pública e mesmo amarrados nas pernas<br />

com os pesados grilhões de ferro, estes<br />

homens (alcunhados popularmente<br />

de grilhetas), descem diariamente<br />

a encosta do castelo até ao Rossio.<br />

Em pouco mais de um ano edificam<br />

o calcetamento de uma das melhores<br />

praças europeias, com um conjunto de<br />

ondas a preto e branco em toda a sua<br />

extensão, ladeadas de desenhos de florões<br />

e no seu extremo sul a data da sua<br />

finalização, 31-12-1849. Esta praça e<br />

os seus desenhos irão influenciar todo<br />

o futuro dos pavimentos artísticos: a<br />

recém-nascida calçada-mosaico.<br />

18 // Outubro 12 // <strong>Portugal</strong>global<br />

Tal como o mundo não pára, estes atapetados,<br />

extremamente viáveis e económicos<br />

não voltarão a parar, quer no<br />

avançar das ruas da cidade de Lisboa<br />

como no calcetamento dos principais<br />

locais emblemáticos das restantes cida-


des portuguesas. Os calcários das zonas<br />

litorais passam a ser extraídos com regularidade,<br />

tal como o basalto negro, irregular<br />

e duro em que no próprio local de<br />

construção é penosamente partido com<br />

camartelos. Posteriormente é usado o<br />

calcário negro de região de Mem Martins<br />

que substitui o duro basalto. Nas<br />

localidades do interior é também usado<br />

o mármore, quartzo e o xisto. Nas ilhas,<br />

o seixo rolado em abundância floresce<br />

num tratuário urbano para os peões.<br />

O desenho sai à rua para ser usufruído<br />

por toda a população. Artistas de<br />

cada época são convidados a dar o seu<br />

contributo estético e as obras de arte,<br />

contrariamente à dos museus, são<br />

aqui manifestamente expostas para<br />

ser pisadas, e quanto mais o são, mais<br />

brilho têm.<br />

As cidades apropriam-se definitivamente<br />

desta técnica, dado os benefícios<br />

serem muitos – pedra económica<br />

e abundante, além de reciclável, uma<br />

mão-de-obra carente de trabalho,<br />

maior limpeza urbana e acima de<br />

tudo um enorme poder comunicacional<br />

através do simples e sugestionável<br />

DESTAQUE<br />

contraste cromático. Agora, a designada<br />

calçada à portuguesa é uma referência<br />

e é utilizada como imagem<br />

nacional, sendo inclusivamente levada<br />

a Paris para a Exposição Universal de<br />

1900 e para a de Sevilha, em 1929,<br />

como passeios do pavilhão português<br />

nestes importantes certames.<br />

As crises económicas do séc. XX levam<br />

à partida de muitos cidadãos<br />

para distantes partes do mundo, nomeadamente<br />

para as antigas colónias<br />

africanas e para o Brasil, e aí florescem<br />

grandes empreendimentos urbanos e<br />

a calçada será levada pela diáspora e<br />

ficará na sua alma para sempre.<br />

No Rio de Janeiro, em 1909, uma das<br />

mais belas baías do mundo é apresentada<br />

ao público e em toda a sua extensão<br />

é elaborado um dos pavimentos<br />

mais marcantes do turismo mundial, o<br />

famoso Calçadão de Copacabana, que<br />

longitudinalmente é banhado pelas<br />

mesmas ondas desenhadas pela pedra<br />

vindas do outro lado do Atlântico, o<br />

Mar Largo do Rossio.<br />

São estes os mesmos traços que Walt<br />

Disney, em 1942, imortalizou através<br />

do seu pincel no célebre desenho animado<br />

Alô Amigos. O que seria então<br />

de Copacabana ou mesmo de Ipanema<br />

sem a pedra portuguesa? Ou o<br />

Largo do Senado de Macau sem as<br />

mesmas ondas e pedras de uma cultura<br />

que atravessa continentes? O mundo<br />

está atento e algumas cidades do<br />

mundo enfeitam-se, como Alicante e<br />

as suas refrescantes ondas da Esplanada<br />

de España, as extensas folhas<br />

de cerejeira à entrada de Madrid, um<br />

colibri em São Francisco, o sol radiante<br />

na Lantau Island de Hong Kong ou a<br />

rosa-dos-ventos em Honolulu.<br />

Enfim, o mundo é pequeno em relação<br />

ao universo, tal como estas pedras da<br />

calçada o são, mas estas singelas sementes<br />

minerais plenas de arte e humanidade,<br />

coloridas de preto e branco,<br />

encontram-se cheias de força, de vontade<br />

para ilustrarem o planeta à imagem<br />

da alma portuguesa.<br />

ernest.matos@gmail.com<br />

<strong>Portugal</strong>global // Outubro 12 // 19


DESTAQUE<br />

EXPORTAR QUALIDADE EM<br />

MÁRMORES E GRANITOS<br />

>POR JORGE GALRÃO, PRESIDENTE DO GRUPO GALRÃO<br />

Com uma estratégia de exportação e gestão arrojada, o Grupo Galrão cresceu<br />

sustentadamente e consolidou a sua internacionalização.<br />

O Grupo Galrão, fundado em 1955<br />

por Eduardo Galrão Jorge, é considerado<br />

um dos mais importantes e conceituados<br />

representantes de mármores<br />

e granitos portugueses no mundo.<br />

Da mesma forma, tornou-se numa<br />

empresa histórica no panorama industrial<br />

português.<br />

Nos anos 60, começou a exportar para<br />

o mercado espanhol e norte-americano,<br />

seguindo para os mercados tradicionais<br />

europeus, designadamente<br />

França e Alemanha. Actualmente, atribui<br />

cerca de 80 por cento da sua facturação<br />

ao mercado internacional, tendo<br />

obras espalhadas por todo o mundo.<br />

A extracção do mármore é realizada<br />

nas suas pedreiras de Estremoz e Vila<br />

Viçosa e a de granito na região norte<br />

do país. Paralelamente, adquirem outras<br />

pedras nos mais variados mercados<br />

a nível mundial, tal como Marrocos,<br />

Brasil, entre outros. A transformação<br />

da pedra ocorre numa das duas<br />

fábricas em Pêro Pinheiro. Por sua vez,<br />

o granito é transformado em Monção,<br />

no norte de <strong>Portugal</strong>.<br />

As vendas para os pequenos projectos<br />

nacionais fazem-se principalmente<br />

através dos armazéns próprios estrategicamente<br />

posicionados no Porto, Leiria<br />

e Seixal e as vendas para os médios<br />

e grandes projectos nacionais, assim<br />

como as exportações, fazem-se directamente<br />

das duas fábricas.<br />

O Grupo Galrão apresenta uma capacidade<br />

de transformação a rondar<br />

os 30.000 metros quadrados por mês<br />

nos produtos e é especialista em projectos<br />

à medida e à exigência do clien-<br />

20 // Outubro 12 // <strong>Portugal</strong>global


te – cut-to-size –, quer de pequena e<br />

média, quer de grande dimensão, não<br />

descurando as dimensões standard,<br />

utilizadas nos mercados, para o qual<br />

tem linhas próprias.<br />

Primam pela apresentação e pelo cumprimento<br />

dos mais altos parâmetros de<br />

qualidade e valor acrescentado, pelo<br />

que se esforçam constantemente para<br />

a reformulação e melhoramento da<br />

empresa. Ao nível dos investimentos,<br />

destacam-se: a criação de novas condições<br />

de extracção nas pedreiras, os<br />

incrementos na capacidade produtiva e<br />

a actualização e modernização tecnológica<br />

permanente nas fábricas.<br />

Alargar o raio de acção é a premissa<br />

da empresa, pelo que o Grupo Galrão<br />

consegue compensar o decréscimo<br />

de obras em alguns países, graças à<br />

sua presença em mercados fora da<br />

Europa. Referimo-nos aos mercados<br />

em franco crescimento e que têm<br />

sido muito importantes: EUA, Canadá,<br />

Alemanha, França, Hong Kong,<br />

Coreia, Singapura ou mesmo alguns<br />

países de Leste e de África. Em Angola,<br />

por exemplo, o Grupo Galrão está<br />

a fornecer a maior obra do país: a Assembleia<br />

Nacional.<br />

Para além disso, o Grupo Galrão vai<br />

abrir duas empresas, uma no Brasil e<br />

outra no Extremo Oriente, com parceiros<br />

locais, estando a analisar a hipótese<br />

de se colocarem, através de joint-ventures,<br />

noutros mercados. Desta forma,<br />

asseguram a sustentabilidade do Grupo,<br />

que emprega mais de uma centena<br />

de colaboradores.<br />

Este sector é fortemente exportador,<br />

empregando dezenas de milhares de<br />

pessoas com as empresas distribuídas<br />

pelo país. Tem uma incorporação de<br />

valor acrescentado nacional bastante<br />

significativo visto que as matérias-primas,<br />

mão-de-obra, know-how e tecnologia<br />

são portugueses. A única componente<br />

importada é a energia, o que<br />

dá a este sector uma importância para<br />

a economia nacional, por vezes pouco<br />

reconhecida, seja na classe política,<br />

seja na comunicação social.<br />

SOLANCIS<br />

TRADIÇÃO E INOVAÇÃO<br />

EXPORTAM PARA CINCO<br />

CONTINENTES<br />

DESTAQUE<br />

Empresa com uma forte componente inovadora e<br />

exportadora, a Solancis expandiu-se para os mercados<br />

externos, levando até eles a excelência da pedra<br />

ornamental portuguesa.<br />

A Solancis foi constituída no dia 12 de<br />

Setembro de 1969. A sua sede e unidade<br />

transformadora mantêm-se na<br />

Benedita, vila do concelho de Alcobaça<br />

situada junto às serras de Aire e Candeeiros.<br />

É nestas serras que a empresa<br />

tem as suas pedreiras, das quais extrai<br />

a base de todo o negócio: a pedra.<br />

Em 1989, vinte anos depois de ter sido<br />

fundada, a empresa decidiu apostar<br />

numa estratégia de exportação. Investiu<br />

em tecnologias e metodologias inovadoras,<br />

qualificou os trabalhadores, obteve<br />

várias certificações e galardões. Hoje, a<br />

Solancis exporta 92 por cento do volume<br />

de negócios para os cinco continentes.<br />

Em mais de quatro décadas de percurso,<br />

que se traduzem em crescimento,<br />

experiência e maturidade, não perdeu<br />

o cariz familiar que sempre caracteri-<br />

<strong>Portugal</strong>global // Outubro 12 // 21


DESTAQUE<br />

zou a Solancis, nem perdeu de vista os<br />

objectivos, preocupações e prioridades<br />

que sempre moveram a empresa.<br />

Nesta medida, a segurança e o bemestar<br />

dos cerca de 85 colaboradores da<br />

22 // Outubro 12 // <strong>Portugal</strong>global<br />

empresa, a minimização dos impactos<br />

gerados pela actividade e o investimento<br />

na modernização das tecnologias e<br />

metodologias inovadoras continuam,<br />

por isso, a ser uma prioridade para a<br />

empresa, sendo através da convergên-<br />

cia optimizada destes factores que a<br />

Solancis consegue oferecer produtos<br />

de alta qualidade.<br />

Para além do reconhecimento do mercado,<br />

que tem levado a empresa a<br />

posições de liderança tanto a nível nacional<br />

como a nível internacional, a Solancis<br />

também obteve reconhecimento<br />

institucional. Ao longo das últimas<br />

duas décadas a empresa foi galardoada<br />

com vários prémios, entre eles o Prémio<br />

Empresa Prestígio (1994 e 1995), o Prémio<br />

PME Excelência (1998 a 2001) e o<br />

prémio PME Líder (2009, 2010, 2011),<br />

todos pelo IAPMEI.<br />

A estratégia de exportação iniciada na<br />

década de 1980 privilegiava o mercado<br />

europeu, mas as participações nas feiras<br />

internacionais alargaram a carteira de<br />

clientes aos mercados do Médio Oriente,<br />

Sudoeste Asiático e Américas. Hoje, o<br />

mercado da Solancis é maioritariamente<br />

externo e alcança os cinco continentes.<br />

Numa altura em que as exportações são<br />

tidas como fundamentais para um país<br />

em crise financeira profunda, o sector<br />

das pedras ornamentais é muito importante<br />

para <strong>Portugal</strong>. Em termos globais,<br />

a pedra portuguesa representa 1,0 por<br />

cento do total de exportações do país,<br />

e a tendência é de crescimento, pois a<br />

sua qualidade e beleza continuam a conquistar<br />

cada vez mais adeptos, principalmente<br />

entre os mercados emergentes.<br />

<strong>Portugal</strong> é um dos maiores exportadores<br />

de pedras ornamentais do mundo. De<br />

forma a fazer frente à competitividade<br />

no mercado global, e estando vocacionado<br />

maioritariamente para a actividade<br />

de transformação a partir dos blocos<br />

das suas pedreiras, a estratégia da Solancis<br />

passa pela oferta diferenciada de<br />

produtos – contemplando a incorporação<br />

do design – a preços competitivos.<br />

Reforçar a liderança no sector das pedras<br />

ornamentais a nível nacional e a<br />

nível internacional é o objectivo da empresa,<br />

apenas concretizável mantendo<br />

uma atenção redobrada à concorrência,<br />

uma atitude pró-activa na actuação<br />

com os mercados e uma preocupação<br />

constante com a produtividade e com a<br />

qualidade do produto.


A nossa energia<br />

é para a sua empresa!<br />

Encontre nas soluções PME Power<br />

a energia para o crescimento, a consolidação<br />

e a competitividade da sua empresa.


EMPRESAS<br />

ICC LAVORO<br />

CALÇADO PROFISSIONAL PARA MERCADOS EXIGENTES<br />

Especializada em calçado profissional, a ICC – LAVORO é um dos dez maiores<br />

produtores europeus de calçado neste segmento, fruto de uma estratégia de duas<br />

décadas, onde investigação, desenvolvimento e inovação tecnológica são a chave<br />

do sucesso. A empresa está presente nos mercados europeus mais exigentes, bem<br />

como no Canadá, mas é seu objectivo chegar à meia centena de mercados já no<br />

próximo ano, entre os quais se encontram o Qatar, os Emirados Árabes Unidos e a<br />

Nova Zelândia.<br />

Fundada em 1986, em Guimarães,<br />

a ICC – Indústria e Comércio de Calçado<br />

desde logo se empenhou na investigação<br />

e desenvolvimento de alta<br />

tecnologia aplicada à criação e fabrico<br />

de calçado, investindo em tecnologia<br />

avançada de produção de solas e, sobretudo,<br />

na utilização de materiais naturais<br />

com vista a uma utilização sadia<br />

e confortável do calçado. Sócia e fundadora<br />

do Centro Tecnológico do Calçado<br />

de <strong>Portugal</strong> (CTCP), a ICC começou<br />

a exportar no ano seguinte, tendo<br />

como destino o mercado holandês.<br />

A matriz tecnológica original da empresa,<br />

bem como as mais-valias e o<br />

carácter distintivo da produção, levou,<br />

no entanto, à concentração de esforços<br />

no nicho de mercado do calçado<br />

profissional. A ICC – LAVORO incorpora<br />

hoje mais de duas décadas de investigação,<br />

desenvolvimento e inovação<br />

em projectos que associam estruturas<br />

técnicas internas e instituições externas<br />

acreditadas.<br />

Com relevante presença na Europa<br />

Comunitária e em exigentes mercados<br />

como a Suíça ou a Noruega, a LAVO-<br />

RO chega já a outros mercados, como<br />

a Nigéria, Qatar, Emirados Árabes<br />

Unidos e Nova Zelândia. O objectivo<br />

é alcançar a meia centena de destinos<br />

de exportação em 2013, revela Teófilo<br />

Ribeiro Leite, presidente do Conselho<br />

de Administração.<br />

De acordo com este responsável, é missão<br />

da ICC – LAVORO “liderar a inova-<br />

24 // Outubro 12 // <strong>Portugal</strong>global<br />

ção, a produção e a comercialização de<br />

equipamentos de protecção individual,<br />

disponibilizando ao mercado, enquanto<br />

especialistas em equipamentos de<br />

protecção individual, uma vasta e inovadora<br />

gama complementar de produtos<br />

– do calçado profissional ao vestuário<br />

– capaz de favorecer o estado geral<br />

de boa saúde do utilizador, bem como<br />

a criação de valor e a sustentabilidade<br />

da actividade”.<br />

Uma história de inovação<br />

A ICC apostou, desde cedo, na criação<br />

e produção de modelos com design<br />

próprio e no controlo da rede de distri-<br />

buição. A consequência natural desta<br />

estratégia foi a criação da marca LA-<br />

VORO (Engineered by ICC) que é hoje<br />

referência no mercado do calçado profissional<br />

europeu e mundial. A marca<br />

foi oficialmente apresentada em 1988,<br />

na feira Metalomecânica, em <strong>Portugal</strong>,<br />

e na feira Expoprotection, em França,<br />

tendo no mesmo ano chegado ao mercado<br />

alemão, um dos maiores mercados<br />

europeus.<br />

A internacionalização da empresa passou,<br />

precisamente, pela participação<br />

em feiras internacionais do sector,<br />

salientando-se a criação, em 1992, de


uma empresa de distribuição na Alemanha,<br />

para dar expressão a uma política<br />

de internacionalização sustentada,<br />

explica Teófilo Leite.<br />

Para aumentar as vendas nos mercados<br />

europeus, a ICC apostou na criação<br />

de novas marcas, incluindo uma gama<br />

para senhora, e recorreu ao outsourcing<br />

na produção de gáspeas, primeiro<br />

no Brasil e depois na Índia.<br />

Simultaneamente, a ICC – LAVORO<br />

investiu, ao longo dos anos, em investigação<br />

e desenvolvimento, apostando<br />

na inovação dos seus produtos e na<br />

utilização de novas técnicas, tendo sido<br />

pioneira, designadamente, no desenvolvimento<br />

da primeira palmilha em<br />

cortiça (Clima Cork System) e no lançamento<br />

mundial da palmilha da geração<br />

da balística, ao incorporar Kevlar.<br />

A empresa sublinha a aposta, desde<br />

sempre efectuada, em processos de<br />

inovação centrados no utilizador, assumindo-se,<br />

por isso, como um Living<br />

Lab para os equipamentos de protecção<br />

individual (EPI), com ênfase no calçado<br />

profissional. Foi essa postura, a par da<br />

adaptação constante a novos desafios,<br />

apostando na qualidade e na certificação<br />

de processos e técnicas, que, segundo<br />

o seu presidente, permitiu à LAVO-<br />

RO, a partir de <strong>Portugal</strong>, figurar entre<br />

os dez maiores produtores europeus de<br />

calçado profissional, com marca própria<br />

ou com identidade do cliente, “e estar<br />

sempre com os dois pés no futuro”.<br />

“Uma visão prospectiva das alterações<br />

estruturais dos mercados confere-nos<br />

a clarividência para, neste nicho de<br />

mercado muito exigente do ponto de<br />

vista normativo, privilegiarmos uma<br />

cultura empresarial que valoriza a inovação<br />

aos mais variados níveis – produtivo,<br />

tecnológico, ambiental e social.<br />

Mas também a percepção exacta<br />

da nossa identidade: uma indústria de<br />

serviço”, afirma o presidente do Conselho<br />

de Administração.<br />

Considerando que, na indústria do calçado,<br />

a inovação só é bem sucedida se<br />

se dominar as leis da podologia e da<br />

biomecânica, a LAVORO criou um Centro<br />

de Estudos de Biomecânica (SPO-<br />

DOS), que visa o desenvolvimento e<br />

o aconselhamento técnico do calçado<br />

ICC – LAVORO<br />

Sol-Pinheiro 4810-718<br />

Guimarães - <strong>Portugal</strong><br />

Tel.: +351 253 520 669<br />

Fax: +351 253 140 905<br />

info@lavoro.pt<br />

www.lavoro.pt<br />

EMPRESAS<br />

mais adequado a cada tipologia de ambiente<br />

de trabalho, e assim potenciar<br />

a performance do calçado profissional.<br />

Fabricando quase em exclusivo (90<br />

por cento) para as suas próprias marcas,<br />

a ICC – LAVORO facturou cerca de<br />

15 milhões de euros no ano passado<br />

e perspectiva manter um nível semelhante<br />

em 2012. O objectivo é crescer<br />

sustentadamente até à meta dos 25<br />

milhões de euros, a alcançar dentro<br />

de três a cinco anos. De acordo com<br />

o presidente da empresa, a diversificação<br />

de mercados e “o fim [do] período<br />

de perder clientes relevantes”, através<br />

da descida na cadeia de distribuição na<br />

Europa, permitem “minimizar riscos,<br />

reter em <strong>Portugal</strong> essas margens e assim<br />

acrescentar mais valor”.<br />

Refira-se que da empresa saem todas<br />

as semanas mil embalagens de dez pares,<br />

que têm como principais clientes<br />

os mais diversos distribuidores e revendedores,<br />

sobretudo na Europa, já que<br />

o calçado profissional é um produto típico<br />

dos países com uma industrialização<br />

madura, de absoluto respeito pelas<br />

normas de higiene, saúde e segurança<br />

no trabalho. Os principais destinos geográficos<br />

dos produtos LAVORO são os<br />

países da Europa Central.<br />

De sublinhar igualmente que a ICC<br />

– LAVORO é uma das três empresas<br />

portuguesas com maior número de registos<br />

de patentes (15) e a única não<br />

farmacêutica nas primeiras quatro posições<br />

do ranking nacional das indústrias<br />

mais inovadoras. Em 2011, foi a<br />

primeira empresa do sector do calçado<br />

profissional a obter a certificação IDI.<br />

A qualidade dos produtos LAVORO é<br />

ainda certificada por diversas organizações<br />

independentes, tais como o CTCP,<br />

em <strong>Portugal</strong>, a SATRA, no Reino Unido,<br />

e a PFI, na Alemanha.<br />

<strong>Portugal</strong>global // Outubro 12 // 25


EMPRESAS<br />

RESUL<br />

FLEXIBILIDADE E DIVERSIDADE<br />

SÃO A CHAVE DO SUCESSO<br />

Há 30 anos a operar no mercado, a expansão internacional da RESUL, empresa<br />

especializada na comercialização de equipamentos para redes eléctricas, teve início<br />

em 1986, então para os mercados africanos de língua oficial portuguesa. Hoje, a<br />

empresa exporta para 26 mercados externos dos continentes europeu, africano e<br />

asiático. A América do Norte, onde acaba de adquirir uma nova fábrica, é a próxima<br />

etapa do processo de internacionalização da RESUL.<br />

Fundada em Agosto de 1982, inicialmente<br />

como uma empresa meramente<br />

comercial, a RESUL desde cedo encetou<br />

uma forte actividade industrial ligada<br />

ao sector produtivo, associando-se<br />

e participando em duas fábricas distintas:<br />

a PROMECEL, Indústria de Componentes<br />

Eléctricos Lda. e a FISOLA, Fábrica<br />

de Isoladores Eléctricos Lda. (ambas<br />

certificadas), sedeadas, respectivamente,<br />

em Braga e em Albergaria-a-Velha.<br />

A empresa especializou-se na produção<br />

e comercialização de equipamentos<br />

para redes de distribuição de electricidade,<br />

tendo, dez anos após o seu começo,<br />

alargado a sua área de negócio<br />

para as redes de distribuição de gás.<br />

Refira-se que a empresa obteve a sua<br />

certificação ISO 9001:2000 em 2003.<br />

De 1994 a 1998 a RESUL constituiu ainda<br />

as suas associadas no estrangeiro: a<br />

26 // Outubro 12 // <strong>Portugal</strong>global<br />

RESUL de Cabo Verde Lda., a Resul Angola<br />

Lda. e a Resul Moçambique Lda.,<br />

e, em Abril de 2008, adquiriu integralmente<br />

ao grupo espanhol AMARA<br />

(Iberdrola) a sua subsidiária portuguesa<br />

– a AMARA PORTUGAL, Comércio de<br />

Equipamento Eléctrico SA.<br />

Ainda em Abril de 2008, constituiu<br />

a RESUL a sua primeira associada de<br />

produção no exterior, em Maputo,<br />

Moçambique: MOZUL, Energias de<br />

Moçambique SA, unidade fabril que<br />

se dedica à produção de readyboards e<br />

outros acessórios para redes eléctricas.<br />

Já este ano, em Agosto, a RESUL adquiriu<br />

no Canadá (Vancouver) a HORTON<br />

AUTOMATION INC, uma fábrica de unidades<br />

de comando para smart grids.<br />

Trata-se, de acordo com Carlos Cunha<br />

Torres, presidente do Conselho de<br />

Administração da RESUL de “um percurso<br />

notável de crescimento e expansão,<br />

que fez com que desde 1982,<br />

à excepção de um só ano (1993), a<br />

empresa sempre tenha conseguido


aumentar em cada ano a facturação<br />

dos anos anteriores”.<br />

Um percurso de expansão<br />

Afirma o mesmo responsável que o<br />

que essencialmente determinou o real<br />

crescimento e desenvolvimento da empresa<br />

foi a estratégia de procura por<br />

mercados externos, que desde sempre<br />

esteve na ideia dos seus fundadores.<br />

“Sendo a RESUL uma empresa sobretudo<br />

especializada na comercialização<br />

de equipamentos para redes eléctricas,<br />

seria de pressupor um abaixamento de<br />

procura em <strong>Portugal</strong>, uma vez que a<br />

taxa de cobertura eléctrica do país chegou<br />

aos cem por cento na década de<br />

80. Ou seja, deixou de haver o mercado<br />

das novas electrificações, restringindo-se<br />

o mercado às encomendas para<br />

manutenção ou reparação de redes.<br />

Portanto, se a RESUL queria crescer, outro<br />

caminho não havia se não a exportação”,<br />

explica Carlos Cunha Torres.<br />

A empresa investiu então fortemente,<br />

na escala das suas possibilidades e da<br />

sua dimensão, na obtenção de altos<br />

padrões de qualidade dos produtos<br />

propostos e ainda na obtenção de<br />

meios técnicos de produção eficientes<br />

de forma a poder apresentar-se nos<br />

mercados com preços suficientemente<br />

competitivos.<br />

A expansão externa da RESUL foi iniciada<br />

em 1986 (quatro anos após a sua<br />

criação), tendo-se concentrado numa<br />

primeira fase nos mercados africanos<br />

de expressão oficial portuguesa (PA-<br />

LOP). Eram, então, “os mercados mais<br />

óbvios uma vez que se conheciam bem<br />

as redes eléctricas instaladas nessas antigas<br />

colónias portuguesas e ainda as<br />

suas necessidades de desenvolvimento<br />

e de infraestruturação”, refere o presidente<br />

da empresa.<br />

Hoje, a RESUL está presente também<br />

em diversos mercados, alguns de<br />

grande exigência técnica, exportando<br />

para cerca de 26 países espalhados<br />

pelos continentes europeu, africano e<br />

asiático, ainda que os mercados alvo<br />

preferenciais sejam sempre países em<br />

vias de desenvolvimento onde, segundo<br />

Carlos Cunha Torres, “ainda<br />

muito trabalho de infraestruturação<br />

esteja por fazer ou então países onde<br />

as condições atmosféricas determinem<br />

uma duração muito menor das<br />

redes eléctricas instaladas, como é o<br />

caso da Rússia”.<br />

A par da procura constante e incessante<br />

de novos mercados, a empresa<br />

não descurou o desenvolvimento<br />

das suas gamas de produtos, tendo<br />

evoluído para segmentos de mercado<br />

de maior exigência e sofisticação<br />

técnicas. A RESUL é já um importan-<br />

te player no mercado nacional das<br />

energias renováveis e ainda no fornecimento<br />

de equipamentos altamente<br />

especializados para as chamadas<br />

smart grids. É nesta óptica que se insere<br />

a muito recente aquisição no Canadá<br />

de uma fábrica de unidades de<br />

comando, passo este que permitirá à<br />

empresa descobrir novos mercados e<br />

oportunidades numa área geográfica<br />

onde até hoje não tem estado presente<br />

(América do Norte), adianta o<br />

presidente da RESUL.<br />

As gamas de produtos da RESUL<br />

distribuem-se por seis grandes áreas<br />

de intervenção no sector energético:<br />

equipamentos e acessórios para redes<br />

exteriores de distribuição e transporte<br />

de electricidade (BT/MT/AT); equipamentos<br />

e acessórios para redes de<br />

distribuição de gás (Gás Natural e<br />

GPL); acessórios e equipamentos para<br />

RESUL<br />

Equipamentos de Energia<br />

Parque Oriente<br />

Rua D. Nuno Alvares Pereira, Bloco 3<br />

2695-167 Bobadela – <strong>Portugal</strong><br />

Tel.: +351 218 394 980<br />

Fax: +351 218 394 981<br />

geral@resul.pt<br />

www.resul.pt<br />

EMPRESAS<br />

redes de água; equipamentos e soluções<br />

para smart grids; luminárias de<br />

iluminação pública; e centrais solares<br />

(fotovoltaicas e térmicas) de produção<br />

energética.<br />

A diversidade de áreas de negócio e de<br />

mercados de destino dos seus produtos<br />

têm permitido à RESUL uma gestão ágil<br />

e flexível no seu processo de expansão,<br />

uma vez que essa diversidade permite à<br />

empresa compensar alguma quebra que,<br />

num ou noutro ano, possa ocorrer com<br />

um ou mais produtos e/ou mercados.<br />

“A RESUL é uma empresa extremamente<br />

ágil e flexível, o que lhe tem<br />

permitido ao longo dos seus 30 anos<br />

de existência adaptar-se bem às vicissitudes<br />

várias do contexto nacional e internacional.<br />

É assim que os tempos actuais<br />

de crise em nada têm afectado a<br />

actividade da empresa; bem pelo contrário,<br />

nos três últimos anos (incluindo<br />

o corrente) a RESUL teve os melhores<br />

anos de toda a sua história”, conclui o<br />

mesmo responsável.<br />

<strong>Portugal</strong>global // Outubro 12 // 27


EMPRESAS<br />

FCO.<br />

NA CONQUISTA POR NOVOS MERCADOS<br />

A FCo., uma empresa de produção de conteúdos e soluções multimédia na área das<br />

tecnologias de informação, tem a sua estratégia de internacionalização assente na<br />

promoção de parcerias para o desenvolvimento de soluções e produtos inovadores.<br />

Presente em vários países, é objectivo desta empresa alargar os seus mercados de<br />

actuação em África.<br />

A FCo. – fullservice company in multimedia,<br />

Lda. é uma empresa que disponibiliza<br />

serviços globais e integrados<br />

na área da multimédia e do design de<br />

comunicação. Com base nas novas tecnologias,<br />

oferece um vasto leque de<br />

serviços e soluções direccionadas, em<br />

especial, a museus, exposições, instituições<br />

turísticas e de gestão do património,<br />

assim como empresas, agências de<br />

publicidade e áreas educativas.<br />

No mercado desde 1988, foi em 2003<br />

que se assumiu como fullservice company<br />

in multimedia, fruto de uma reconversão<br />

estratégica e de uma start-up<br />

em Novas Tecnologias da Informação e<br />

Comunicação. Pioneira na introdução<br />

no mercado cultural das visitas áudio e<br />

28 // Outubro 12 // <strong>Portugal</strong>global<br />

multimédia, a FCo. é hoje líder nacional<br />

neste segmento de mercado.<br />

Gradualmente, tem vindo a afirmar-se na<br />

indústria de conteúdos, desenvolvendo<br />

soluções multimédia, plataformas interactivas<br />

e softwares para a disponibilização<br />

e gestão de conteúdos. A estratégia<br />

integrada da FCo. passa por uma contínua<br />

identificação de novos parceiros,<br />

novos produtos e novos mercados, investindo<br />

em conhecimento técnico e competências<br />

nas suas áreas de actuação.<br />

Assim, a estratégia de internacionalização<br />

da FCo. assume duas vertentes<br />

principais: a promoção de parcerias ao<br />

nível do desenvolvimento de produtos<br />

e soluções inovadoras, e a entrada em<br />

novos mercados africanos, refere fonte<br />

da empresa.<br />

No que respeita ao desenvolvimento<br />

de novos produtos, desde 2004 que a<br />

FCo. trabalha em parceria com diversas<br />

empresas europeias (França e Bélgica).<br />

A aposta bem sucedida nestas parcerias,<br />

fez com que a FCo. alargasse esta<br />

rede de cooperação não só à Alemanha,<br />

mas também à China, Croácia e<br />

Hungria. Presente em redes de investigação<br />

e numa estreita relação com<br />

diversos empresários, a FCo. procura e<br />

oferece continuamente relacionamentos<br />

de parceria ao nível internacional.<br />

Consolidando todo o conhecimento<br />

adquirido, e contando com o desenvol-


vimento de um conjunto de produtos<br />

inovadores e competitivos, a FCo. iniciou<br />

o seu processo de internacionalização<br />

durante o ano de 2007, nos mercados<br />

africanos.<br />

De acordo com a fonte, a FCo., consciente<br />

de que os custos de entrada nestes<br />

mercados assumem valores e riscos muito<br />

elevados, tirou proveito da sua integração<br />

no Grupo CAVEX, que actua ao nível dos<br />

países da CPLP. Esta integração no Grupo<br />

CAVEX, pelo aproveitamento das suas sinergias,<br />

permitiu à FCo. dar os primeiros<br />

passos nestes mercados, nos quais detectou<br />

excelentes oportunidades, especialmente<br />

em Angola, Moçambique e Cabo<br />

Verde e ainda na Guiné-Bissau.<br />

Depois de uma fase de penetração nestes<br />

mercados, que se estendeu por cerca de<br />

quatro anos, a FCo. conseguiu concretizar<br />

os primeiros negócios representativos.<br />

Afirma António Canhão Veloso, sócio-gerente<br />

da FCo.: “A área cultural é sempre<br />

o parente pobre de qualquer governo, especialmente<br />

em tempos de crise, mas há<br />

boas hipóteses de negócios em África”.<br />

Em 2012, a FCo. deu mais um importante<br />

passo neste processo de internacionalização,<br />

contribuindo para o<br />

alargar de empresas do Grupo CAVEX<br />

ao criar no mercado de Moçambique<br />

uma empresa especializada em marketing<br />

e comunicação.<br />

A empresa prevê aumentar as suas vendas<br />

e serviços prestados este ano para<br />

765.500 euros, contra cerca de 504 mil<br />

euros em 2011, dos quais 16 por cento<br />

serão provenientes da exportação.<br />

Em carteira estão os desenvolvimentos<br />

qualitativos de visitas multimédia e de<br />

soluções de suporte comercial (apresentação<br />

de informação sobre produtos),<br />

para smartphones e tablets; a concepção<br />

de centros interpretativos temáticos e<br />

de projectos museológicos; o desenvolvimento<br />

de mobiliário interactivo multitoque<br />

personalizado; conceitos de marketing<br />

inovadores com base em novas<br />

“A estratégia integrada da<br />

FCo. passa por uma contínua<br />

identificação de novos<br />

parceiros, novos produtos e<br />

novos mercados, investindo<br />

em conhecimento técnico e<br />

competências nas suas áreas<br />

de actuação.”<br />

tecnologias; o upgrade e personalização<br />

de software de gestão para instituições<br />

culturais, turísticas, e educacionais; e jogos,<br />

filmes e campanhas educativas.<br />

De referir ainda que a empresa disponibiliza<br />

produtos e serviços evolutivos,<br />

adequados à especificidade do<br />

cliente, ou seja cem por cento personalizados,<br />

tendo sempre em consideração<br />

a criação de soluções que<br />

respeitem as acessibilidades.<br />

EMPRESAS<br />

A FCo. é constituída por equipas de<br />

jovens designers, ilustradores, programadores,<br />

engenheiros, especialistas em<br />

audiovisual e marketeers, orientados e<br />

acompanhados pelos especialistas seniores<br />

especializados em museologia,<br />

história, informática, design, liderança<br />

e gestão. Actualmente a equipa é<br />

constituída por nove colaboradores<br />

permanentes e uma experiente equipa<br />

de consultores e especialistas externos.<br />

Os seus principais clientes alvo são as<br />

instituições públicas ligadas ao sector<br />

da cultura, turismo ou educação, os governos,<br />

as instituições internacionais de<br />

apoio ao desenvolvimento, as fundações<br />

e empresas e associações comerciais, de<br />

que são exemplo a Fundação Calouste<br />

Gulbenkian, a Fundação de Serralves, a<br />

Direção Geral do Património Cultural, o<br />

Museu do Fado, o Oceanário de Lisboa,<br />

o Palácio da Pena, a Fundação Batalha<br />

de Aljubarrota, a Associação Comercial<br />

da Guarda, a L’Oréal <strong>Portugal</strong> e o Governo<br />

Provincial da Lunda-Norte, em Angola,<br />

entre outros.<br />

FCo.<br />

fullservice company<br />

in multimedia<br />

Rua da Madeira, Apt. 6005<br />

3701-907 S. João da Madeira<br />

Tel.: +351 256 200 930<br />

Fax +351 256 831 330<br />

fco@fco.pt<br />

www.fco.pt<br />

<strong>Portugal</strong>global // Outubro 12 // 29


MERCADOS<br />

RÚSSIA<br />

UM GRANDE MERCADO<br />

COM VASTAS POTENCIALIDADES<br />

Com mais de 140 milhões de consumidores e vastos recursos naturais e<br />

matérias-primas, onde se destacam o petróleo e o gás natural, a Rússia<br />

acaba de aderir à Organização Mundial do Comércio (OMC), abrindo<br />

assim a sua economia aos restantes países membros, que poderão<br />

agora ter acesso ao seu mercado e competir com as indústrias locais.<br />

Para <strong>Portugal</strong> e para as empresas portuguesas esta adesão à OMC<br />

poderá alargar o leque de oportunidades de negócio naquele<br />

mercado, sendo vários os sectores em que poderão apostar, das obras públicas<br />

e construção, passando pelos produtos agro-alimentares, pela fileira moda, sem<br />

esquecer as TIC e os produtos tecnologicamente inovadores, entre outros.<br />

Maria José Rézio, directora do Centro de Negócios da AICEP na Rússia, apresenta-nos<br />

este grande mercado.<br />

30 // Outubro 12 // <strong>Portugal</strong>global


A Rússia, incluída no grupo dos BRICS,<br />

é uma das dez maiores economias mundiais<br />

e um dos países com maior potencial<br />

de crescimento. A recente adesão da<br />

Federação Russa à OMC, após 18 anos<br />

de negociações, é considerada o maior<br />

passo para a liberalização do comércio<br />

mundial desde a entrada da China há<br />

dez anos, que deu um forte impulso ao<br />

comércio internacional. A Rússia, que<br />

era a maior potência económica a não<br />

fazer parte da organização internacional<br />

que regula o comércio mundial, irá agora<br />

abrir a sua economia aos restantes<br />

países-membros, que terão acesso ao<br />

seu mercado e poderão competir com<br />

as indústrias locais.<br />

Primeiro exportador mundial de gás natural,<br />

primeiro produtor e segundo exportador<br />

de petróleo e terceiro de aço e<br />

alumínio, a Rússia dispõe de vastos recursos<br />

naturais e de matérias-primas (carvão,<br />

ouro, níquel, cobalto, diamantes, madeira)<br />

que constituem cerca de 79 por cento<br />

das suas exportações. Esta dependência<br />

dos sectores da energia e metais colocam<br />

o país numa situação de dependência das<br />

cotações dos mercados das commodities,<br />

em especial do petróleo e do gás.<br />

Excluindo os hidrocarbonetos, as principais<br />

especializações industriais (metalurgia,<br />

indústria espacial, indústria nuclear,<br />

armamento) foram herdadas da era soviética,<br />

tendo no entanto, na última década<br />

havido um crescimento importante em<br />

alguns sectores tais como a distribuição,<br />

telecomunicações, banca e construção.<br />

No período de 2000-2008, a Rússia registou<br />

um crescimento médio anual de<br />

7 por cento, devendo-se este desempenho,<br />

em parte, aos preços dos hidrocarbonetos.<br />

Este ciclo foi abruptamente interrompido<br />

com a propagação à Rússia<br />

da crise económica e financeira, tendo<br />

sofrido em 2009 uma recessão de 7,9<br />

por cento, o que levou o Executivo a<br />

alargar o apoio à economia e a algumas<br />

das maiores empresas privadas, bem<br />

como a intensificar o seu controlo sobre<br />

os sectores considerados estratégicos,<br />

em especial o sector energético.<br />

Os efeitos do impacto do pacote governamental<br />

de estímulo à economia,<br />

a retoma da procura externa, a que se<br />

juntaram as baixas taxas de juro, ajudaram<br />

a suportar a retoma russa, tendo o<br />

PIB crescido 3,7 por cento em 2010, e<br />

4,3 por cento em 2011, estimando-se<br />

que mantenha um crescimento médio<br />

anual superior a 4 por cento até 2015.<br />

As fraquezas da economia russa (falta<br />

de competitividade das exportações,<br />

falta de investimento quer estrangeiro<br />

quer russo e uma sua forte dependência<br />

das matérias-primas), fazem com que a<br />

prioridade actual da política económica<br />

do país esteja direccionada para acelerar<br />

a diversificação do tecido económico,<br />

modernizar e reestruturar os sectores da<br />

economia que mostram atraso tecnológico,<br />

rever o sistema de financiamento<br />

das empresas, atrair mais investimento<br />

estrangeiro, reforçar o Estado de direito<br />

e os direitos de propriedade.<br />

“Com mais de 140 milhões de<br />

consumidores, em que 10 a 15<br />

por cento da população têm<br />

um grande poder de compra,<br />

uma classe média com grande<br />

propensão para o consumo,<br />

e sendo o mercado russo<br />

considerado, para breve, o<br />

maior mercado de consumo da<br />

Europa, <strong>Portugal</strong> dispõe aqui<br />

de oportunidades em vários<br />

sectores da oferta nacional,<br />

potenciando o aumento das<br />

exportações nacionais.”<br />

No que respeita ao comércio externo,<br />

a balança comercial russa é largamente<br />

excedentária verificando-se, nos<br />

últimos cinco anos, um coeficiente de<br />

cobertura médio das importações na<br />

ordem dos 148,5 por cento. Após a<br />

crise, nos últimos dois anos as exportações<br />

registaram um aumento significativo,<br />

verificando-se igualmente um<br />

forte crescimento das importações,<br />

impulsionadas pelo aumento da procura<br />

interna, em especial de maquinaria,<br />

equipamentos e veículos.<br />

Quanto à estrutura das exportações russas,<br />

é de salientar a sua elevada concentração<br />

e permanente dependência dos<br />

MERCADOS<br />

combustíveis minerais, que representou,<br />

em 2011, cerca de 69 por cento das exportações<br />

totais. A crescente dependência<br />

da Rússia dos sectores da energia e metais<br />

(sendo que estes pesam cerca de 8 por<br />

cento nas exportações totais) colocam o<br />

país numa situação vulnerável face às variações<br />

de preços nos mercados internacionais.<br />

De realçar que a Rússia é um dos<br />

principais fornecedores de energia à Europa<br />

e o seu primeiro fornecedor de gás.<br />

Os principais produtos importados pela<br />

Rússia são máquinas e aparelhos mecânicos<br />

(18 por cento), veículos e outro material<br />

de transporte (14 por cento), máquinas<br />

e aparelhos eléctricos (11 por cento).<br />

A crescente importação de máquinas e<br />

equipamentos (totalizando cerca de 29<br />

por cento) demonstra uma aposta do<br />

país no desenvolvimento industrial, na<br />

implantação de novas indústrias e modernização<br />

das fábricas já existentes.<br />

Da lista dos países principais clientes da<br />

Rússia, que é encabeçada, pela Holanda<br />

(13 por cento), constam a Ucrânia, China<br />

e Turquia com uma quota de 7 por<br />

cento, seguidos da Itália e Alemanha<br />

com 6 por cento. Os principais países<br />

fornecedores da Rússia, são a China (16<br />

por cento), a Alemanha (13 por cento)<br />

e a Ucrânia (7 por cento), seguidos do<br />

Japão, EUA e França com idêntica quota<br />

nas importações russas (5 por cento).<br />

Em termos de investimento, e segundo<br />

a UNCTAD - World Investment Report<br />

2011, os fluxos de IDE no país ascenderam,<br />

nesse ano, a 52.878 milhões de dólares,<br />

ocupando a Rússia o 9º lugar entre<br />

os mercados receptores de investimento<br />

estrangeiro. Neste período, o Chipre foi o<br />

maior investidor na Rússia com 23,8 por<br />

cento do total, seguido das Ilhas Virgens<br />

Britânicas (13,8 por cento), da Holanda<br />

(13,3 por cento), da Irlanda (10,1 por<br />

cento) e do Luxemburgo (7,8 por cento).<br />

Enquanto emissora de investimento<br />

para o exterior, a Rússia ocupou, em<br />

2011, o 8º lugar no ranking mundial, a<br />

que correspondeu um montante superior<br />

a 67 mil milhões de dólares, mais<br />

de 28 por cento face a 2010. Segundo<br />

o Banco Central, os principais mercados<br />

de destino do investimento russo<br />

foram o Chipre, a Holanda (estes com<br />

<strong>Portugal</strong>global // Outubro 12 // 31


MERCADOS<br />

48 por cento do total), as Ilhas Virgens<br />

Britânicas e a Suíça.<br />

Embora a dimensão da Rússia e as suas<br />

especificidades não tornem este país num<br />

mercado facilmente abordável, o seu potencial<br />

é muito elevado, sendo considerado<br />

uma das potências do futuro.<br />

Oportunidades para as<br />

empresas portuguesas<br />

Com mais de 140 milhões de consumidores,<br />

em que 10 a 15 por cento da população<br />

têm um grande poder de compra,<br />

uma classe média com grande propensão<br />

para o consumo, e sendo o mercado russo<br />

considerado, para breve, o maior mercado<br />

de consumo da Europa, <strong>Portugal</strong><br />

dispõe aqui de oportunidades em vários<br />

sectores da oferta nacional, potenciando<br />

o aumento das exportações nacionais.<br />

Referimos, de seguida, os principais sectores<br />

que consideramos de oportunidade<br />

para as empresas portuguesas que<br />

queiram apostar no mercado russo.<br />

Produtos Alimentares; Produtos<br />

Farmacêuticos; Confecção e<br />

Têxteis-lar; Calçado e Mobiliário:<br />

• Mercado muito concorrencial e de<br />

grande absorção de bens alimentares,<br />

prevendo-se um aumento das<br />

importações em 40 por cento. Os<br />

produtos portugueses têm vantagens<br />

em termos de qualidade/preço.<br />

• Os produtos farmacêuticos ocupam<br />

o 4º lugar nas importações russas,<br />

os produtos estrangeiros dominam o<br />

mercado com dois terços do consumo<br />

interno (os maiores exportadores<br />

são a Alemanha, França e Suíça).<br />

• Com o aumento do poder de compra,<br />

o cliente russo torna-se cada vez mais<br />

exigente na sua escolha, incidindo a<br />

procura sobre a qualidade e o design.<br />

As empresas devem aproveitar os canais<br />

de distribuição existentes, promover<br />

os produtos nas revistas da especialidade<br />

e participar em feiras do sector.<br />

Máquinas e Equipamentos;<br />

Veículos e outro Material de<br />

Transporte; Moldes; Produtos<br />

Tecnologicamente Inovadores:<br />

• O crescente aumento das importações<br />

de equipamentos quer mecâ-<br />

32 // Outubro 12 // <strong>Portugal</strong>global<br />

nicos (maior importação russa) quer<br />

eléctricos (3ª maior importação),<br />

enquadram-se na política de desenvolvimento<br />

do país e no investimento<br />

em novas indústrias ou na modernização<br />

de fábricas.<br />

• Os moldes apresentam grandes oportunidades,<br />

sendo os maiores fornecedores<br />

do país a Alemanha, Coreia do<br />

Sul e Itália, enquanto <strong>Portugal</strong> ocupa<br />

o 7º lugar.<br />

Telecomunicações; Tecnologias de<br />

Informação e Sector Energético:<br />

• Previsão de um forte crescimento no<br />

sector das tecnologias de informação,<br />

que rondará os 35 por cento.<br />

• A estratégia de penetração no mercado<br />

deve passar pela identificação de<br />

potenciais parceiros e pela participação<br />

conjunta em projectos locais.<br />

• O sector energético é um dos sectores<br />

prioritários de desenvolvimento e<br />

de aposta do governo russo.<br />

Construção e obras públicas;<br />

projectos e materiais de construção:<br />

• A ter em atenção a organização do<br />

Campeonato do Mundo de Futebol<br />

2018, que implica a modernização e<br />

construção de novas infra-estruturas.<br />

A Rússia acolherá pela primeira vez<br />

na sua história um Mundial de Futebol,<br />

planeando despender cerca de<br />

15 mil milhões de euros na preparação,<br />

organização e realização deste<br />

evento. Serão onze as cidades que<br />

acolherão o Mundial’2018: Moscovo,<br />

que contará com dois estádios (Lujniki<br />

e Spartak), S. Petersburgo, Ekaterinburgo,<br />

Kalininegrado, Kazan, Nijni<br />

Novgorod, Rostov-na-Donu, Samara,<br />

Saransk, Sotchi e Volgogrado.<br />

A fileira HoReCa, o turismo e o investimento<br />

imobiliário são áreas onde<br />

igualmente as empresas portuguesas<br />

poderão encontrar oportunidades de<br />

negócio na Rússia.<br />

Recorde-se que as principais cidades russas<br />

são Moscovo e S. Petersburgo, que<br />

juntas representam aproximadamente<br />

20 milhões de consumidores com rendimentos<br />

superiores à média na Rússia,<br />

oferecendo boas infra-estruturas, boas<br />

acessibilidades internas e externas, e<br />

destacando-se por serem os pólos mais<br />

atractivos para a actividade económica.<br />

Moscovo é ainda o centro de decisões<br />

políticas e económicas e acolhe as feiras<br />

mais importantes da Federação Russa.<br />

São, no entanto, de referir outras cidades<br />

que pela sua dimensão (com mais<br />

de um milhão de habitantes) poderão<br />

vir a ser alvos potenciais para a realização<br />

de actividades de promoção das


empresas portuguesas e respectivos<br />

produtos e serviços, nomeadamente:<br />

Ekaterinburgo (1.350.000 hab.), Nizhny<br />

Novgorod (1.250.000 hab.), Samara<br />

(1.170.000 hab.), Omsk (1.160.000<br />

hab.), Kazan (1.145.000 hab.), Chelyabinsk<br />

(1.130.000 hab.), Rostov-na-Donu<br />

(1.100.000 hab.), Ufa (1.070.000 hab.) e<br />

Volgogrado (1.025.000 hab.).<br />

O Centro de Negócios da AICEP em<br />

Moscovo disponibiliza às empresas<br />

portuguesas que apostem no mercado<br />

russo informação económica e estatística,<br />

informação sectorial e sobre oportunidades<br />

de negócio, identificação de<br />

potenciais importadores, informação<br />

sobre feiras e salões internacionais e<br />

apoio na sua participação, informação<br />

sobre os aspectos regulamentares mais<br />

importantes, apoio na organização de<br />

visitas de empresas portuguesas ao<br />

mercado e marcação de reuniões, e<br />

apoio às missões empresariais e mostras<br />

de produtos.<br />

Centro de Negócios<br />

da AICEP na Rússia<br />

ul.Giliarovskogo 51, str. 1<br />

Moscovo 129110 – Rússia<br />

Tel.: +7 495 787 1193<br />

Fax: +7 495 787 1191<br />

<strong>aicep</strong>.moscow@portugalglobal.pt<br />

AMBIENTE DE NEGÓCIOS NA RÚSSIA<br />

Dificuldades no acesso<br />

ao mercado russo<br />

• Língua.<br />

• Concorrência crescente dos parceiros<br />

estrangeiros tradicionais.<br />

• Falta de informação qualificada sobre<br />

os parceiros locais.<br />

• Acesso à informação sectorial.<br />

• Falta de transparência e grande<br />

burocracia (processos na administração<br />

pública, obtenção de certificações,<br />

dispersão de competências<br />

entre diferentes serviços, etc.).<br />

• Interpretação da legislação local<br />

(enquadramentos regulamentares<br />

e normativos).<br />

• Compreensão do funcionamento<br />

de algumas entidades ligadas ao<br />

comércio externo (Alfândega, por<br />

exemplo).<br />

• Desalfandegamento de mercadorias<br />

e amostras.<br />

Facilidades de entrada<br />

na Rússia<br />

A Rússia dispõe de uma vasta rede<br />

de infra-estruturas (rodoviária e<br />

ferroviária). A utilização da maioria<br />

das estradas é gratuita. No que respeita<br />

ao transporte ferroviário, as<br />

ligações entre Moscovo e as maiores<br />

cidades do país são frequentes,<br />

sobretudo com S. Petersburgo. Em<br />

Dezembro de 2009 foi inaugurada<br />

a ligação de alta velocidade entre<br />

Moscovo e S. Petersburgo (700 quilómetros<br />

de percurso, em 3h45).<br />

Devido às grandes distâncias a percorrer,<br />

o avião continua a ser o meio<br />

de transporte mais comum. Nos últimos<br />

anos, apareceram numerosas<br />

companhias locais que fazem as<br />

ligações internas. A região de Moscovo<br />

é servida por cinco aeroportos,<br />

dos quais três são aeroportos internacionais<br />

com ligações diárias para<br />

quase todas as capitais europeias,<br />

incluindo Lisboa através da TAP,<br />

com cinco voos semanais.<br />

Conselhos às empresas<br />

MERCADOS<br />

• A abordagem ao mercado deve ser<br />

feita, preferencialmente, em língua<br />

russa. É igualmente possível comunicar<br />

em inglês; no entanto, não<br />

sendo uma língua correntemente<br />

utilizada poderão surgir dificuldades<br />

no processo da comunicação.<br />

Outros idiomas como o alemão,<br />

francês, espanhol, são pouco falados.<br />

Nas reuniões, é aconselhável<br />

fazer-se acompanhar de um intérprete<br />

de português - russo.<br />

• Procure marcar as suas reuniões<br />

com algum tempo de antecedência<br />

(mínimo: um mês).<br />

• É muito importante estar bem<br />

preparado para as reuniões relativamente<br />

ao produto, preços, condições<br />

de pagamento, quantidades<br />

e prazos de entrega, sendo sempre<br />

preferível apresentar toda a documentação<br />

em russo. Obtenção prévia<br />

de informação sobre o sector.<br />

• Apostar na qualidade e design dos<br />

produtos destinados à população<br />

com grande poder de compra.<br />

• Participação ou visita a feiras: numa<br />

grande metrópole como Moscovo<br />

é aconselhável como primeiro contacto<br />

com o mercado e para dar<br />

visibilidade aos seus produtos.<br />

• Presença assídua no mercado: o<br />

contacto pessoal é incontornável<br />

na “cultura de negócios” russa.<br />

• Convite a importadores para visitar<br />

<strong>Portugal</strong> como forma de apresentação<br />

dos seus produtos e da empresa.<br />

• Procurar parcerias locais para dar<br />

solidez à oferta, reunindo o maior<br />

conhecimento possível sobre o parceiro<br />

em causa e sobre o papel estratégico<br />

do parceiro (conhecedor<br />

do sector, experiência de importação,<br />

acesso a rede de distribuição<br />

e meios logísticos necessários, rede<br />

de contactos como alfândegas, institucionais<br />

e administrativos).<br />

• Clarificar todos os termos dos contratos<br />

incluindo condições seguras<br />

de pagamento para evitar disputas<br />

posteriores.<br />

<strong>Portugal</strong>global // Outubro 12 // 33


MERCADOS<br />

TORNAR A RÚSSIA RELEVANTE PARA A<br />

RECUPERAÇÃO NACIONAL<br />

>POR PEDRO NUNO BÁRTOLO, EMBAIXADOR DE PORTUGAL EM MOSCOVO<br />

Em boa hora decidiu a Direcção da AI-<br />

CEP, através deste útil instrumento de<br />

trabalho que é a revista <strong>Portugal</strong>global,<br />

interessar os seus leitores pelo mercado<br />

russo na perspectiva da promoção do<br />

interesse nacional. A decisão certa no<br />

momento oportuno.<br />

Numa altura em que o nosso país precisa<br />

de se reencontrar e de lutar pela<br />

recuperação da sua competitividade e<br />

de uma soberania já velha de 900 anos,<br />

torna-se evidente que uma expansão<br />

duradoura e em termos mais equilibrados<br />

das nossas relações económicas internacionais<br />

– e em particular do nosso<br />

comércio externo – constitui condição<br />

indispensável do ressurgimento de <strong>Portugal</strong>.<br />

E é nesse sentido que se afigura<br />

particularmente necessário um estudo<br />

atento da Rússia, assente em realidades<br />

objectivas e numa comparação da<br />

nossa acção com as melhores práticas<br />

e com os resultados aqui por outros<br />

alcançados, conferindo nova relevância<br />

às oportunidades que este país oferece<br />

na óptica do restabelecimento em bases<br />

sólidas da economia nacional.<br />

A Embaixada de <strong>Portugal</strong> em Moscovo,<br />

através da mobilização e motivação dos<br />

seus funcionários, graças designadamente<br />

à interacção e sinergia entre os<br />

seus departamentos (incluindo a representação<br />

local da AICEP e do Turismo de<br />

<strong>Portugal</strong>, que proximamente partilhará<br />

o espaço físico da Chancelaria), por via<br />

igualmente da disponibilização da residência<br />

do Embaixador com vista a apresentações<br />

colectivas perante agentes<br />

económicos russos de regiões, sectores<br />

económicos e empresas nacionais, sem<br />

esquecer o apoio que aqui vem sendo<br />

prestado à projecção da cultura portuguesa<br />

e da língua pátria – cuja importância,<br />

também em termos económicos,<br />

importa não subestimar –, tudo conti-<br />

34 // Outubro 12 // <strong>Portugal</strong>global<br />

“Todos os actores económicos<br />

portugueses, grandes<br />

ou pequenos, se acham<br />

convocados para esse desafio<br />

que é o de contribuírem, no<br />

seu próprio interesse, para<br />

que <strong>Portugal</strong> ocupe o lugar<br />

que lhe cabe no panorama do<br />

relacionamento económico<br />

internacional da Rússia.”<br />

nuará a fazer, em estreito contacto com<br />

as associações empresariais, no sentido<br />

de contribuir para tal objectivo.<br />

Não nos demoremos a olhar para o<br />

passado, a não ser para dele retirarmos<br />

os devidos ensinamentos. É verdade<br />

que o peso da Rússia nas nossas relações<br />

económicas externas tem sido<br />

relativamente modesto, apesar de uma<br />

sólida amizade histórica e de um bom<br />

relacionamento político-diplomático,<br />

isento de diferendos sérios e dotado de<br />

um quadro jurídico em vias de renova-<br />

ção. Importa, isso sim, constatar que a<br />

tendência recente se revela bastante<br />

positiva, o potencial de crescimento<br />

se afigura considerável, e a percepção<br />

de que urge agarrar oportunidades até<br />

hoje menosprezadas se mostra cada<br />

vez mais aguda.<br />

No momento em que, após dezoito<br />

anos de negociações, a Rússia acede por<br />

fim à Organização Mundial do Comércio,<br />

vinculando-se ipso facto às respectivas<br />

regras e disciplinas, e a poucos meses<br />

de aderir igualmente à OCDE – com<br />

tudo o que isso significa em termos de<br />

segurança jurídica reforçada para os exportadores<br />

e investidores estrangeiros –,<br />

verificamos que uma prudente performance<br />

macroeconómica nos últimos doze<br />

anos e uma progressiva, ainda que insuficiente,<br />

liberalização de um mercado<br />

interno abarcando cerca de 175 milhões<br />

de consumidores (por via da União Aduaneira<br />

entretanto formada com a Bielorrússia<br />

e o Cazaquistão ¹) se conjugam<br />

para atrair a atenção de um número<br />

crescente de empresas portuguesas de<br />

sectores bem diversos.<br />

E é-me grato, neste contexto, registar<br />

o aumento de 32 por cento das exportações<br />

nacionais para o mercado russo<br />

nos primeiros sete meses de 2012 em<br />

relação ao período homólogo do ano<br />

transacto, evolução que de caminho<br />

fez passar o coeficiente de cobertura<br />

das importações pelas exportações de<br />

22 por cento para 29 por cento. Valerá<br />

a pena sublinhar que este crescimento<br />

das exportações portuguesas para a<br />

Rússia, bem superior ao ritmo de expansão<br />

geral das nossas vendas para o<br />

exterior no mesmo período – que foi de<br />

9 por cento – ocorre na senda de aumentos<br />

já assinaláveis nos dois anos anteriores<br />

(16,5 por cento em 2011 e 25,4<br />

por cento em 2010, respectivamente).


Qualquer complacência da nossa parte,<br />

sobretudo nesta fase, seria evidentemente<br />

deslocada, pois os investimentos<br />

recíprocos são pouco significativos,<br />

apesar das oportunidades existentes<br />

de lado a lado (desde o programa de<br />

privatizações em <strong>Portugal</strong> até à realização<br />

do Mundial de Futebol de 2018 na<br />

Rússia), enquanto as trocas comerciais,<br />

para além de desequilibradas em nosso<br />

detrimento – ou não fosse aquele país<br />

o maior produtor mundial de petróleo<br />

e também de gás natural –, estão longe<br />

de ter atingido um nível satisfatório,<br />

em termos absolutos como relativos.<br />

Tenhamos presente neste contexto que<br />

o país mais vasto do mundo e titular das<br />

maiores reservas conhecidas de recursos<br />

naturais é de longe o mais próspero<br />

dos chamados BRICS, em termos de<br />

PIB per capita. E é igualmente, de entre<br />

aquele lote de grandes países emergentes<br />

em forte crescimento, aquele<br />

que tem uma classe média proporcionalmente<br />

mais numerosa e com mais<br />

elevados padrões de consumo (o que,<br />

aliado à qualidade do destino <strong>Portugal</strong><br />

que aqui procuramos sistematicamente<br />

valorizar, explica o notável aumento de<br />

40 por cento das nossas receitas turísticas<br />

originárias deste país nos primeiros<br />

sete meses de 2012, após um crescimento<br />

também na casa dos 40 por<br />

cento de 2010 para 2011). E é por último<br />

a Rússia a nação que apresenta os<br />

melhores índices de desenvolvimento<br />

humano de entre aqueles cinco países.<br />

Tratando-se do 3º maior parceiro económico<br />

da União Europeia, a seguir aos<br />

EUA e à China mas à frente do Japão,<br />

havendo ultrapassado, por exemplo, a<br />

Polónia enquanto parceiro comercial da<br />

Alemanha, representando as suas trocas<br />

com a UE em termos absolutos o dobro<br />

do comércio combinado do Brasil e da<br />

Índia com esse mesmo espaço europeu<br />

onde nos inserimos, tendo a Rússia<br />

importado no ano passado do mundo<br />

inteiro mercadorias no valor de 324 mil<br />

milhões de dólares (um aumento de 30<br />

por cento em relação ao ano anterior)<br />

e exportado cerca de 522 mil milhões<br />

de dólares – superavit recorrente que<br />

explica que as reservas internacionais do<br />

MERCADOS<br />

país se situem actualmente nuns confortáveis<br />

530 mil milhões de dólares –,<br />

achando-se, é verdade, relativamente<br />

mal colocada em rankings internacionais<br />

consagrados, como o do Banco<br />

Mundial intitulado “Ease of Doing Business”<br />

², mas ainda assim à frente do<br />

Brasil ou da Índia, e sendo aliás responsável<br />

por uma fatia do comércio mundial<br />

substancialmente superior à destes<br />

dois países, impõe-se reconhecer que o<br />

mercado objecto de destaque nesta edição<br />

da revista <strong>Portugal</strong>global constitui<br />

terreno ainda largamente por desbravar<br />

na parte que nos toca.<br />

Não vou sucumbir à tentação, quantas<br />

vezes contraproducente como hoje começa<br />

a ser reconhecido, de identificar<br />

sectores-alvo mais ou menos prioritários<br />

nem me atreverei a incentivar empresas<br />

nacionais específicas, supostos<br />

campeões deste ou daquele ramo, a<br />

interessar-se pelas oportunidades aqui<br />

existentes de forma tão patente. Todos<br />

os actores económicos portugueses,<br />

grandes ou pequenos, se acham convocados<br />

para esse desafio que é o de<br />

contribuírem, no seu próprio interesse,<br />

para que <strong>Portugal</strong> ocupe o lugar que<br />

lhe cabe no panorama do relacionamento<br />

económico internacional da<br />

Rússia. Que cada um assuma pois as<br />

suas responsabilidades e faça o que lhe<br />

compete. A começar pela Embaixada<br />

de <strong>Portugal</strong> que, sob a orientação de<br />

quem de direito, aqui estará para prestar<br />

a ajuda necessária, a todos sem excepção.<br />

Pois “a soberania e o respeito<br />

de <strong>Portugal</strong> impõem que neste lugar se<br />

erga um forte, e isso é obra e serviço<br />

dos homens de El-Rei, nosso Senhor e,<br />

como tal, por mais duro, por mais difícil<br />

e por mais trabalho que dê, é serviço<br />

de <strong>Portugal</strong>. E tem de se cumprir”.<br />

¹ Bielorrússia e Cazaquistão, países que relevam da área<br />

de jurisdição da Embaixada de <strong>Portugal</strong> em Moscovo, à<br />

semelhança da Arménia, do Uzbequistão, do Quirguistão<br />

e do Tadjiquistão. Importará neste contexto salientar que<br />

o Cazaquistão, de onde importamos perto de mil milhões<br />

de euros anualmente, oferece oportunidades de negócios<br />

interessantes, que convirá aproveitar quanto mais não<br />

seja para reequilibrar uma balança comercial bilateral por<br />

demais deficitária.<br />

² Situação que levou aliás o presidente Vladimir Putin, no<br />

preciso dia da sua tomada de posse, a fixar como objectivo<br />

do respectivo mandato a transição da Rússia do<br />

presente 120º lugar na referida classificação do Banco<br />

Mundial para o 50º posto em 2015, almejando para o<br />

horizonte 2018 o 20º lugar.<br />

<strong>Portugal</strong>global // Outubro 12 // 35


MERCADOS<br />

TESTEMUNHOS DE EMPRESAS<br />

NO MERCADO RUSSO<br />

Num grande mercado como a Rússia, o número de empresas portuguesas que<br />

exportam para esse país ascende quase à meia centena. Conheça a experiência de<br />

duas destas empresas que apostaram no mercado russo: a MMC World e a Revigrés.<br />

MMC WORLD<br />

Exportação de produtos<br />

alimentares<br />

A MMC World, uma empresa essencialmente<br />

exportadora, dedica-se à comercialização por grosso<br />

de produtos alimentares. A empresa está presente em<br />

quatro continentes, com colaboradores em Angola,<br />

Argentina, Paraguai, Brasil, Holanda, Rússia e Estados<br />

Unidos da América, mas é na Rússia que tem o seu<br />

principal mercado.<br />

36 // Outubro 12 // <strong>Portugal</strong>global<br />

A MMC World comercializa carne bovina,<br />

carne porcina, frango e peixe da América<br />

do Sul, América do Norte e Europa (de<br />

mais de 35 países em todo o mundo),<br />

que têm como principal destino o mercado<br />

russo.<br />

A Rússia, onde a empresa está presente<br />

desde 2002, representa já 90 por cento


do seu volume de negócios, que ascendeu,<br />

em 2011 e apenas neste mercado,<br />

a 70 milhões de euros.<br />

Segundo Sónia Mendes, directora da<br />

MMC World, a entrada no mercado<br />

russo surgiu através da divulgação da<br />

empresa nas mais importantes feiras<br />

internacionais.<br />

Se inicialmente a empresa comercializava<br />

carne bovina, porcina, frango e peixe<br />

oriunda de países terceiros, em 2010<br />

iniciou a exportação de carne de origem<br />

portuguesa através de uma parceria<br />

com o ICM - Indústria de Carnes do<br />

Minho SA, tendo passado a ser representantes<br />

exclusivos deste matadouro<br />

no mercado da Rússia. Dado o sucesso<br />

do produto nacional neste mercado, em<br />

2011 a empresa apostou no alargamento<br />

do seu leque de produtos, nascendo<br />

o projecto “Porto Union”.<br />

Este projecto, que tem como objectivo<br />

a comercialização de produtos nacionais<br />

de qualidade no mercado russo,<br />

levou a MMC World a criar parcerias<br />

com algumas empresas portuguesas,<br />

nomeadamente a Sovena <strong>Portugal</strong> -<br />

Consumer Goods, SA; a Primor Char-<br />

cutaria Prima, SA; a Vieira de Castro<br />

- Produtos Alimentares SA, e a José<br />

Maria da Fonseca Vinhos, SA.<br />

“Uma das grandes apostas da MMC<br />

World, como forma de divulgação dos<br />

produtos que ela oferece, é a participação<br />

em feiras internacionais do<br />

sector”, frisa a mesma responsável, especificando<br />

que a MMC World marca<br />

presença na SIAL Paris, na SIAL China,<br />

na ANUGA e na Prodexport.<br />

E foi com um pavilhão em forma de<br />

caravela, que as cinco empresas do<br />

projecto Porto Union, numa parceria<br />

liderada pela MMC World, se apresentaram<br />

na Prodexport, a maior feira de<br />

produtos alimentares da Rússia. Uma<br />

clara aposta na divulgação e exportação<br />

para a Rússia de produtos alimentares<br />

de qualidade, inexistentes naquele<br />

mercado de grande potencial.<br />

Segundo Sónia Mendes, actualmente<br />

é possível encontrarmos nas grandes<br />

superfícies comerciais da Rússia vinhos,<br />

azeite, bolachas e charcutaria nacional,<br />

sendo que “da parte do mercado<br />

russo, a aceitação destes produtos tem<br />

sido bastante satisfatória”.<br />

A mesma fonte adiantou que é objectivo<br />

da MMC World aumentar a diversidade<br />

de produtos comercializados e<br />

fidelizar o mercado russo aos produtos<br />

de qualidade portugueses. “A Rússia<br />

é um mercado de difícil abordagem,<br />

no entanto com elevado potencial, e a<br />

experiência da MMC World neste mercado<br />

é sem dúvida a chave do sucesso<br />

do projecto Porto Union”, acrescenta a<br />

directora da empresa.<br />

Refira-se ainda que a MMC World é<br />

uma empresa virada para o exterior,<br />

sendo 98 por cento dos seus clientes<br />

originários dos mercados externos. Nos<br />

escritórios em <strong>Portugal</strong>, a empresa conta<br />

com 11 colaboradores.<br />

MMC World, SA<br />

Rua de Midões, 920<br />

4050-273 Gens - Gondomar<br />

Tel.: +351 224 502 302<br />

Fax: +351 224 502 301<br />

mmc@mmc-world.com<br />

www.mmc-world.com<br />

MERCADOS<br />

<strong>Portugal</strong>global // Outubro 12 // 37


MERCADOS<br />

REVIGRÉS<br />

PRESENÇA DE MARCA<br />

NUM MERCADO EXIGENTE<br />

Presente em cerca de 50 países, a Revigrés, especializada na produção de<br />

revestimentos e pavimentos cerâmicos e uma referência no mundo cerâmico, está há<br />

mais de uma década no mercado russo, onde apostou, entre outros projectos, numa<br />

parceria com uma arquitecta local para o desenvolvimento de colecções de autor que<br />

se têm revelado um sucesso.<br />

A relação da Revigrés com o mercado<br />

russo dura há já 11 anos e começou<br />

com a visita do seu actual parceiro à<br />

CERSAIE, a principal feira internacional<br />

de revestimentos e pavimentos cerâmicos<br />

que se realiza todos os anos<br />

em Bolonha, em Itália. Segundo fon-<br />

38 // Outubro 12 // <strong>Portugal</strong>global<br />

te da Revigrés, foram as colecções de<br />

autor Atitudes que a empresa portuguesa<br />

apresentou nesse ano, desenvolvidas<br />

em parceria com seis artistas<br />

plásticos –“Diálogos”, do escultor Rui<br />

Vasquez;”LeoeBea” do escultor João<br />

Castro Silva; “H20” do pintor João<br />

Vaz de Carvalho; “Praia” e “Nós” do<br />

pintor João Moreira e “Rakú” da ceramista<br />

Carmina Anastácio – que chamaram<br />

a atenção do empresário russo<br />

que viria a ser seu representante. Actualmente,<br />

o parceiro da Revigrés no<br />

mercado russo tem oito showrooms


de design exclusivo em Moscovo e um<br />

showroom em S.Petersburgo, além de<br />

trabalhar também com alguns retalhistas<br />

noutras cidades da Rússia.<br />

Ao longo de mais de uma década, a<br />

Revigrés desenvolveu vários projectos<br />

no mercado da Rússia, de que é<br />

exemplo o aeroporto de Vnukovo, em<br />

Moscovo, para o qual, por se tratar<br />

de um local público e com tráfego intenso,<br />

foi seleccionado o porcelanato<br />

técnico da Revigrés, um produto com<br />

elevada qualidade técnica, nomeadamente<br />

impermeabilidade, resistência<br />

a manchas, ao desgaste e a amplitudes<br />

térmicas. Os produtos da Revigrés<br />

têm sido também seleccionados para<br />

vários projectos, tais como centros comerciais,<br />

escritórios e edifícios residenciais,<br />

entre outros.<br />

A empresa apostou também no desenvolvimento<br />

de colecções de autor, em<br />

parceria com a arquitecta russa Alena<br />

Agafonova que, a convite da Revigrés,<br />

criou três colecções: Architecture, Butterflies<br />

e Chocolate. “Actualmente<br />

estamos a desenvolver produtos para<br />

renovar a colecção Architecture e de-<br />

“A Rússia representa cerca<br />

de 9 por cento das vendas<br />

totais da Revigrés no mercado<br />

externo e as previsões de<br />

vendas da empresa neste<br />

mercado são de crescimento<br />

moderado, no segmento alto.”<br />

safiámos a arquitecta Alena Agafonova<br />

a criar novas colecções de design exclusivo<br />

para o mercado russo, desenvolvidas<br />

pela Revigrés”, afirma Paula<br />

Roque, administradora da Revigrés.<br />

Refira-se que a Rússia representa cerca<br />

de 9 por cento das vendas totais da<br />

Revigrés no mercado externo e que as<br />

previsões de vendas da empresa neste<br />

mercado são de crescimento moderado,<br />

no segmento alto. “A Rússia é um<br />

mercado com elevado poder aquisitivo,<br />

apetência por produtos de qualidade,<br />

uma grande sensibilidade para o design<br />

e a inovação, valores que coincidem<br />

com o posicionamento diferenciador<br />

da Revigrés”, acrescenta Paula Roque.<br />

Actualmente, a Revigrés comercializa<br />

os seus produtos para a Europa, Canadá,<br />

EUA, Japão e PALOP, abrangendo<br />

cerca de 50 países.<br />

A Revigrés pretende consolidar e reforçar<br />

a estratégia de diferenciação,<br />

inovação e competitividade prosseguida,<br />

desde sempre, pela empresa, que<br />

investiu recentemente 4,6 milhões de<br />

euros na aquisição das melhores tecnologias<br />

disponíveis (MTD) para produzir<br />

um grande formato (90x90 cm),<br />

único em <strong>Portugal</strong>. Este investimento<br />

integra um valor total de cerca de 7,5<br />

milhões de euros afecto a inovação<br />

tecnológica, inovação de produto,<br />

acções de marketing e de promoção<br />

no mercado externo, a realizar até<br />

ao final do ano, no âmbito de uma<br />

candidatura ao QREN, especialmente<br />

REVIGRÉS<br />

Águeda: Apartado 1<br />

3754-001 Barrô (Águeda), <strong>Portugal</strong><br />

Tel.: +351 234 660 100<br />

Fax: +351 234 666 555<br />

Lisboa: Pç José Fontana 26 A-C<br />

1050-129 Lisboa, <strong>Portugal</strong><br />

Tel.: +351213 170 280<br />

Fax: +351 213 170 282<br />

revigres@revigres.pt<br />

www.revigres.com<br />

MERCADOS<br />

destinada a projectos inovadores (Projecto<br />

Ícarus).<br />

“A contínua inovação, nomeadamente<br />

a concretização de grandes formatos,<br />

é uma tendência da arquitectura contemporânea<br />

e este novo produto irá<br />

contribuir para o reforço dos mercados<br />

existentes e para a conquista de novos<br />

mercados internacionais”, considera o<br />

Conselho de Gerência da Revigrés.<br />

<strong>Portugal</strong>global // Outubro 12 // 39


MERCADOS<br />

RELACIONAMENTO ECONÓMICO<br />

PORTUGAL - RÚSSIA<br />

As exportações portuguesas para a Rússia têm vindo a crescer, mas o saldo comercial<br />

desfavorável a <strong>Portugal</strong> mantém-se elevado devido às importações de combustíveis<br />

minerais. A Rússia é, no entanto, um mercado de vastas oportunidades para os<br />

produtos portugueses.<br />

A Rússia foi, em 2011, o 31º cliente de<br />

<strong>Portugal</strong>, com uma quota de 0,33 por<br />

cento do total exportado, e o 18º fornecedor,<br />

com uma quota de 0,73 por cento<br />

do total das nossas importações, confirmando<br />

a recuperação das nossas vendas<br />

(mais 16,5 por cento em relação ao ano<br />

anterior) e invertendo a quebra das compras<br />

portuguesas ao mercado, com um<br />

aumento de 36,3 por cento. Segundo<br />

dados do INE, nos últimos cinco anos,<br />

as exportações nacionais para a Rússia<br />

registaram um comportamento positivo,<br />

apresentando uma taxa média de crescimento<br />

de 6,4 por cento, tal como as<br />

nossas compras ao mercado, as quais<br />

registaram uma subida de 4,4 por cento.<br />

Dados relativos ao 1º semestre do corrente<br />

ano, e quando comparados com<br />

o período homólogo, reflectem um<br />

forte incremento das vendas nacionais<br />

(mais 30,9 por cento), a que corresponde<br />

uma quota de 0,38 por cento.<br />

Também as importações evoluíram em<br />

sentido ascendente, contabilizando um<br />

aumento de 11,2 por cento.<br />

A balança comercial entre os dois países,<br />

tradicionalmente muito desequilibrada e<br />

desfavorável a <strong>Portugal</strong> registou, para o<br />

40 // Outubro 12 // <strong>Portugal</strong>global<br />

período em análise, o seu maior défice<br />

em 2009, atingindo um valor próximo<br />

dos 433 milhões de euros, verificandose<br />

em 2008 e 2010 uma melhoria deste<br />

indicador devido, sobretudo, a um<br />

decréscimo acentuado das importações.<br />

Confirmando a tendência verificada,<br />

2008 revelou-se o ano em que o saldo<br />

da balança comercial atingiu o seu valor<br />

mais baixo dos últimos 5 anos (menos<br />

212 milhões de euros). Em 2009 este<br />

cenário alterou-se negativamente, com<br />

o coeficiente de cobertura a registar o<br />

valor mais baixo (18,1 por cento), e nos<br />

dois últimos anos assistiu-se a uma ligeira<br />

recuperação com este coeficiente a subir<br />

até 29,0 por cento e 24,8 por cento.<br />

A estrutura das exportações portuguesas<br />

para a Rússia é muito diversificada.<br />

Em 2011, os seis grupos de produtos<br />

mais representativos – madeira e cortiça,<br />

máquinas e aparelhos, calçado, produtos<br />

agrícolas, produtos alimentares e<br />

metais comuns – foram responsáveis<br />

por 69 por cento (73,9 por cento em<br />

2010) da totalidade das exportações<br />

portuguesas para o mercado.<br />

O grupo da madeira e cortiça ocupou o<br />

primeiro lugar nas exportações portugue-<br />

BALANÇA BILATERAL - COMÉRCIO DE BENS<br />

2007 2008 2009 2010 2011<br />

Var % a<br />

07/11<br />

2011<br />

Jan/Julho<br />

2012<br />

Jan/Julho<br />

Exportações 143.186 191.299 95.703 120.048 139.853 6,4 81.443 107.350 31,8<br />

Importações 559.237 403.551 528.598 413.407 562.810 4,4 364.493 367.515 0,8<br />

Saldo -416.051 -212.252 -432.895 -293.359 -422.957 -- -283.050 -260.164 --<br />

Coef. Cobertura (%) 25,6% 47,4% 18,1% 29,0% 24,8% -- 22,3% 29,2% --<br />

Fonte: INE - Instituto Nacional de Estatística Unidade: Milhares de euros<br />

Notas: (a) Média aritmética das taxas de crescimento anuais no período 2007-2011; (b) Taxa de variação homóloga 2011-2012<br />

2007 a 2009: Resultados definitivos; 2010 a 2012: Resultados preliminares<br />

sas para o mercado, com uma quota de<br />

18,6 por cento, um crescimento, em valor,<br />

de 5,3 por cento em relação a 2010.<br />

O subgrupo que absorveu grande parte<br />

das exportações deste agregado foi o<br />

da cortiça aglomerada e suas obras, que<br />

representou 15,7 por cento do total exportado<br />

nesse período. A este segue-se o<br />

grupo de máquinas e aparelhos com uma<br />

quota de 17,9 por cento, uma quebra de<br />

6,0 por cento em relação ao ano anterior.<br />

O calçado representou 11,8 por cento<br />

do total exportado para aquele mercado.<br />

Este grupo é composto quase exclusivamente<br />

por um único produto: calçado<br />

Var % b<br />

11/12


com sola exterior de borracha, plástico,<br />

couro e parte superior em couro natural<br />

e, confirmando uma tendência ascendente<br />

verificada nos últimos anos, registou<br />

uma forte subida de 48,4 por cento.<br />

Os produtos agrícolas e os produtos<br />

alimentares posicionaram-se, respectivamente,<br />

nos 4º e 5º lugares nas expor-<br />

tações de <strong>Portugal</strong> para a Rússia, com<br />

quotas de 7,5 por cento e 7,3 por cento<br />

do total em 2011. Por fim, o grupo dos<br />

metais comuns que ocupou a 6ª posição<br />

nas exportações de <strong>Portugal</strong> para a Rússia<br />

(5,9 por cento do total em 2011).<br />

Em 2010 (último ano disponível), de<br />

um total de 96,6 por cento das expedições<br />

portuguesas para o mercado de<br />

produtos industriais transformados, a<br />

maioria incidiu em produtos de baixa<br />

intensidade tecnológica (58,4 por cento).<br />

Seguiram-se os produtos de médiaalta<br />

intensidade com 25,7 por cento,<br />

os de média-baixa (15,1 por cento). Os<br />

produtos de alta intensidade tecnológica<br />

representaram apenas 0,8 por cento<br />

das vendas nacionais à Rússia.<br />

De acordo com os dados do INE, assistiu-se,<br />

em 2011, a uma subida do<br />

número de empresas portuguesas que<br />

exportam para a Rússia, tendo sido<br />

contabilizadas 486 empresas, contra<br />

409 em 2010.<br />

No que diz respeito às importações<br />

portuguesas provenientes da Rússia,<br />

verifica-se uma forte concentração num<br />

único produto, os combustíveis minerais,<br />

que representaram 75,4 por cento do<br />

total importado em 2011. Dos restantes<br />

grupos de produtos, destacam-se ainda<br />

os produtos químicos e os produtos<br />

agrícolas. Estes três grupos de produtos<br />

representaram, no ano transacto, 91,1<br />

por cento do total das importações portuguesas<br />

provenientes deste mercado.<br />

Nos últimos cinco anos (2006-2010),<br />

a estrutura do grau de intensidade<br />

tecnológica das compras portuguesas<br />

à Rússia de produtos industriais transformados<br />

(72,3 por cento do total de<br />

2010) tem-se mantido constante, sendo<br />

dominada, quase exclusivamente,<br />

pelos produtos de média-baixa intensidade<br />

(76,6 por cento), embora se<br />

venha assistido a uma subida dos produtos<br />

de média-alta intensidade tecnológica<br />

para 13,7 por cento.<br />

Segundo o INE, em 2011 o número de<br />

empresas portuguesas que importam<br />

da Rússia registou o segundo valor<br />

mais baixo dos últimos cinco anos, com<br />

um total de 183 empresas (em 2010<br />

esse número foi de 156 empresas).<br />

Serviços e investimento<br />

Ao contrário do que se verifica no comércio<br />

de bens, na área dos serviços a<br />

balança bilateral tem sido tradicionalmente<br />

favorável a <strong>Portugal</strong>, com o saldo<br />

a crescer ano após ano graças, sobretudo,<br />

ao crescimento que as exportações<br />

têm vindo a registar. No período de<br />

2007-2011, o crescimento médio das<br />

exportações nacionais de serviços foi de<br />

19,5 por cento, enquanto o das importações<br />

se quedou pelos 10,8 por cento.<br />

Os dados relativos aos primeiros sete<br />

meses de 2012 a evolução das exportações<br />

nacionais, com as vendas a aproximarem-se<br />

dos 67 milhões de euros,<br />

um significativo aumento de 52,1 por<br />

cento em termos homólogos, enquanto<br />

as compras se quedaram nos 23,6<br />

milhões de euros, um incremento de<br />

10,3 por cento.<br />

No investimento, e de acordo com o<br />

Banco de <strong>Portugal</strong>, o investimento directo<br />

da Rússia em <strong>Portugal</strong> passou a<br />

ter alguma expressão a partir de 2008,<br />

contrariando uma tendência de baixos<br />

montantes aplicados no nosso país.<br />

No ano transacto a Rússia ocupou o<br />

25º lugar no ranking dos investidores<br />

MERCADOS<br />

estrangeiros, em linha com a posição<br />

ocupada nos últimos quatro anos.<br />

Por outro lado, enquanto destino do investimento<br />

directo português no exterior<br />

(IDPE), a Rússia tem assumido uma posição<br />

pouco significativa, contrariada em<br />

2011, ano em que ocupou a 29ª posição.<br />

Segundo o Banco de <strong>Portugal</strong>, o investimento<br />

directo de <strong>Portugal</strong> na Rússia<br />

assumiu, até 2004, um carácter pontual<br />

e pouco significativo. No período em<br />

análise, destacam-se os montantes aplicados<br />

em 2008 e, sobretudo, em 2011,<br />

o que representa uma taxa média de<br />

crescimento anual de 557,9 por cento.<br />

Informação relativa aos primeiros sete<br />

meses deste ano contabiliza um investimento<br />

português na Rússia de 4,8 milhões<br />

de euros, um aumento de 48,4<br />

por cento em termos homólogos.<br />

Turismo<br />

É inquestionável a importância da Rússia<br />

enquanto mercado outbound, com mais<br />

de 11 milhões de turistas a viajar para<br />

fora do país em 2011. Segundo o Banco<br />

de <strong>Portugal</strong>, a Rússia registou, no período<br />

de 2007-2011, uma taxa de crescimento<br />

médio anual de 25,3 por cento no que se<br />

refere ao número de hóspedes.<br />

A Federação Russa é um mercado<br />

emergente para <strong>Portugal</strong> e em forte<br />

crescimento. Em 2011, e num conjunto<br />

de 55 mercados, ocupou a 22ª posição<br />

no ranking das receitas com uma taxa<br />

de crescimento médio anual de 21,8<br />

por cento. Dados disponíveis relativos<br />

ao 1º semestre do corrente ano reforçam<br />

este bom desempenho, com as<br />

receitas a crescerem, em termos homólogos,<br />

cerca de 33 por cento.<br />

<strong>Portugal</strong>global // Outubro 12 // 41


MERCADOS<br />

ENDEREÇOS ÚTEIS RÚSSIA EM FICHA<br />

EMBAIXADA DA FEDERAÇÃO RUSSA<br />

Rua Visconde Santarém, 57<br />

1000-286 Lisboa<br />

Tel.: +351 218 462 423/4<br />

Fax: +351 218 463 008<br />

mail@embrussia.ru<br />

www.embrussia.ru/<br />

EMBAIXADA DE PORTUGAL<br />

NA RÚSSIA<br />

Botanitchesky Per., 1<br />

Moscovo – Rússia<br />

Tel.: +7 495-981 3410<br />

Fax: +7 095 789 8539<br />

DELEGAÇÃO DA UE<br />

NA FEDERAÇÃO RUSSA<br />

Kadashevskaya embankment 14-1<br />

Moscovo 119017 – Rússia<br />

Tel.: +7 495 721 2000<br />

Fax: +7 495 721 2020<br />

Delegation-Russia@eeas.europa.eu<br />

http://eeas.europa.eu/delegations/russia/<br />

index_en.htm<br />

BANCO EUROPEU<br />

DE RECONSTRUÇÃO<br />

E DESENVOLVIMENTO<br />

Ducat Place III, Second floor<br />

6, Gasheka Street<br />

Moscovo 125047 – Rússia<br />

Tel.: +7 495 787 1111<br />

Fax: +7 495 787 1122<br />

moscow@ebrd.com<br />

www.ebrd.com<br />

BANCO MUNDIAL<br />

Bolshaya Molchanovka st. 36/1<br />

121069 Moscovo – Rússia<br />

Tel.: +7 495 745 7000<br />

moscow@worldbank.org<br />

www.worldbank.org<br />

MINISTRY OF FINANCE<br />

OF THE RUSSIAN FEDERATION<br />

Ilinka st. 9,<br />

109097 Moscovo – Russia<br />

Tel.: +7 495 987 9372<br />

Fax: +7 495 913 4697<br />

pr@minfin.ru<br />

www.minfin.ru/en<br />

42 // Outubro 12 // <strong>Portugal</strong>global<br />

Moscovo<br />

Área: 17.075.400 km 2<br />

População: 142,9 milhões de habitantes<br />

(estimativa oficial de Outubro de 2010).<br />

Densidade populacional: 8,4 hab./Km 2<br />

(estimativa oficial de 1 de Outubro de 2010).<br />

Designação oficial: Federação Russa<br />

Chefe do Estado: Vladimir Putin<br />

Primeiro-Ministro: Dmitry Medvedev<br />

Data da actual Constituição: 12 de<br />

Dezembro de 1993.<br />

Principais Partidos Políticos: Partido<br />

Rússia Unida, Partido Comunista da<br />

Federação Russa, Partido da Rússia Justa,<br />

Partido Liberal Democrático. As próximas<br />

eleições legislativas e presidenciais terão<br />

lugar em Dezembro de 2016 e em 2018,<br />

respectivamente.<br />

Capital: Moscovo<br />

(10,1 milhões de habitantes)<br />

Outras cidades importantes:<br />

S. Petersburgo, Novosibirsk, Nizhny<br />

Novgorod, Yekateringburg.<br />

Religião: O cristianismo é a religião<br />

predominante, expresso através da Igreja<br />

Ortodoxa Russa. Existem igualmente<br />

minorias significativas de muçulmanos,<br />

budistas e judeus.<br />

Rússia<br />

Língua: Russo e línguas locais.<br />

Unidade monetária: Rublo (RUB)<br />

1 EUR = 40,7375 RUB (03/09/2012)<br />

Ranking em negócios: Índice 5,83<br />

(10 = máximo)<br />

Ranking geral: 62 (entre 82 países)<br />

Risco País: Risco político BB<br />

(AAA = risco menor; D = risco maior)<br />

Risco de estrutura económica: BB<br />

(AAA = risco menor; D = risco maior)<br />

(EIU – Agosto 2012)<br />

Risco de crédito: 3<br />

(1 = risco menor; 7 = risco maior)<br />

(COSEC – Agosto 2012)<br />

Grau de abertura e dimensão relativa<br />

do mercado (2011):<br />

Exp. + Imp. / PIB = 53,6%<br />

Imp. / PIB = 22,3%<br />

Imp. / Imp. Mundial (2010) = 1,6%<br />

Fontes:<br />

WTO; The Economist Intelligence Unit (EIU);<br />

Banco de <strong>Portugal</strong>; COSEC.


Videoconferências<br />

AICEP <strong>Global</strong> Network<br />

A AICEP disponibiliza um novo serviço de videoconferência para<br />

reuniões em directo, onde quer que se encontre, com os nossos<br />

responsáveis da Rede Externa presentes em mais de 40 países.<br />

Obtenha a informação sobre os mercados internacionais que necessita<br />

e esclareça as suas dúvidas sobre:<br />

• Potenciais clientes<br />

• Canais de distribuição<br />

• Aspectos regulamentares<br />

• Feiras e eventos<br />

• Informações específicas sobre o mercado<br />

Para mais informação e condições de utilização consulte o site:<br />

www.portugalglobal.pt<br />

Tudo isto,<br />

sem sair<br />

do seu escritório<br />

Lisboa<br />

Av. 5 de Outubro, 101,<br />

1050-051 Lisboa<br />

Tel: + 351 217 909 500<br />

E-mail: <strong>aicep</strong>@portugalglobal.pt<br />

Porto<br />

Rua António Bessa Leite, 1430 - 2º andar<br />

4150-074 Porto<br />

Tel: + 351 226 055 300<br />

Web: www.portugalglobal.pt


OPINIÃO<br />

CONVENÇÃO INTERNACIONAL<br />

DE ROTÁRIOS<br />

UMA OPORTUNIDADE<br />

PARA A ECONOMIA PORTUGUESA<br />

> POR LUÍS MIGUEL DUARTE, GOVERNADO DO DISTRITO 1960 E RESPONSÁVEL PELA COMISSÃO<br />

ORGANIZADORA DA 104ª CONVENÇÃO DE ROTARY INTERNACIONAL<br />

O Rotary International vai realizar em<br />

<strong>Portugal</strong> a sua 104ª Convenção Internacional<br />

que trará ao nosso país cerca<br />

de 30.000 rotários de todo o mundo e<br />

que terá um impacto directo na nossa<br />

economia de aproximadamente 100<br />

milhões de euros. Uma oportunidade<br />

para promovermos o nosso país, as nossas<br />

empresas e de mostrarmos o que de<br />

bom se faz e temos em <strong>Portugal</strong>.<br />

Fundado em 1926, o Rotary <strong>Portugal</strong><br />

é uma entidade composta actualmente<br />

por 160 clubes distribuídos geograficamente<br />

por todo o país e que é parte<br />

integrante do Rotary Internacional, um<br />

movimento que nasceu em 1905 nos<br />

Estados Unidos com uma ideia central:<br />

“Dar de si, antes de pensar em si”.<br />

Hoje, o Rotary International é a maior<br />

ONG do mundo, congregando mais de<br />

1,2 milhões de rotários distribuídos por<br />

mais de 200 países e áreas geográficas.<br />

Os rotários estão organizados em clubes<br />

locais (são cerca de 34 mil no mundo inteiro)<br />

e são na sua maioria empresários,<br />

quadros de empresas ou líderes comunitários<br />

que colocam as suas competências,<br />

o seu saber e o seu tempo ao serviço<br />

das comunidades em que estão inseridos<br />

e para as quais desenvolvem inúmeros<br />

projectos, desde a promoção da educação<br />

e da saúde, combate à fome e à exclusão<br />

social, contribuição para a melhoria<br />

das condições de vida, apoio cultural,<br />

humanitário e social, entre muitas outras<br />

causas locais e globais.<br />

Em Junho de 2013, Lisboa vai ser o ponto<br />

de encontro dos rotários de todo o<br />

44 // Outubro 12 // <strong>Portugal</strong>global<br />

mundo e onde serão partilhadas as experiências<br />

individuais e colectivas, desenvolvidas<br />

por todos os clubes. Será,<br />

também, um momento privilegiado de<br />

aprendizagem, para todos os rotários<br />

melhor servirem as suas comunidades.<br />

Para além desse importante momento<br />

de partilha de conhecimento entre<br />

os rotários, a convenção contará com<br />

a presença de cidadãos do mundo e<br />

personalidades destacadas da cena<br />

internacional, os quais virão dar o seu<br />

contributo e as suas perspectivas para a<br />

construção de um mundo melhor.<br />

No âmbito do lema global do movimento<br />

rotário “A Paz pelo Servir”, Lisboa foi<br />

nomeada um “Porto para a Paz”. A escolha<br />

de Lisboa para capital mundial dos<br />

rotários em 2013 foi um orgulho para a<br />

equipa que em <strong>Portugal</strong> preparou a candidatura,<br />

uma vez que a selecção foi feita<br />

entre 34 cidades. Foi um longo percurso,<br />

iniciado em 2006, que veio a culminar<br />

com a escolha de Lisboa, graças à qua-


lidade da proposta apresentada, mas foi<br />

também a confirmação de que o nosso<br />

país continua a ser um excelente destino<br />

e um dos mais reconhecidos internacionalmente<br />

para o turismo de negócios.<br />

Vale a pena ressalvar o importante apoio<br />

que recebemos das entidades públicas<br />

nacionais, como a AICEP, a Câmara Municipal<br />

de Lisboa, o Turismo de <strong>Portugal</strong> e<br />

a Associação de Turismo de Lisboa, que<br />

permitiram que a 104ª Convenção do<br />

Rotary Internacional seja o maior evento<br />

de negócios alguma vez realizado em<br />

<strong>Portugal</strong>. De tal forma, que, segundo um<br />

estudo elaborado pelo próprio Rotary,<br />

estima-se que a convenção tenha um<br />

impacto directo na nossa economia de<br />

aproximadamente 100 milhões de euros<br />

em exportações, o que significa uma entrada<br />

directa para o top 10 das entidades<br />

exportadoras em <strong>Portugal</strong> em 2013.<br />

Trata-se, portanto, de uma iniciativa muito<br />

relevante para <strong>Portugal</strong>, não só pelo<br />

actual contexto económico nacional e internacional,<br />

mas porque é também uma<br />

oportunidade muito importante que deverá<br />

merecer a atenção de todos os agentes<br />

económicos e políticos, que permitirá<br />

promovermos o nosso país e que vai contribuir<br />

para construir e consolidar a boa<br />

imagem de <strong>Portugal</strong> além-fronteiras. Na<br />

verdade, esperamos receber figuras ilustres<br />

dos cinco continentes que poderão<br />

transformar-se em excelentes endorsers<br />

do nosso país e daquilo que temos para<br />

oferecer. Em suma, num momento em<br />

que as exportações são um factor crítico<br />

para <strong>Portugal</strong> ultrapassar a crise, esta<br />

convenção pode ser uma oportunidade<br />

para alavancarmos a promoção internacional<br />

da nossa economia.<br />

A Convenção será também mais uma<br />

demonstração da nossa capacidade<br />

de organização e de gestão logística,<br />

tal como aconteceu anteriormente,<br />

por exemplo, nas cimeiras da União<br />

Europeia ou da NATO, mas também<br />

uma oportunidade para demonstrarmos<br />

a qualidade do nosso produto<br />

turístico, da nossa arte de receber e,<br />

naturalmente, da nossa cultura e da<br />

nossa gastronomia.<br />

Do ponto de vista internacional, e do<br />

ponto de vista do Rotary, esta Convenção<br />

encerra ainda um importante motivo<br />

de destaque. A forte probabilidade<br />

“Vale a pena ressalvar o<br />

importante apoio que<br />

recebemos das entidades<br />

públicas nacionais, como a<br />

AICEP, a Câmara Municipal de<br />

Lisboa, o Turismo de <strong>Portugal</strong><br />

e a Associação de Turismo de<br />

Lisboa, que permitiram que<br />

a 104ª Convenção do Rotary<br />

Internacional seja o maior<br />

evento de negócios alguma<br />

vez realizado em <strong>Portugal</strong>.”<br />

de virmos anunciar a erradicação da<br />

poliomielite no mundo.<br />

Na verdade, a campanha “End of Polio<br />

Now” é um dos grandes projectos do<br />

Rotary Internacional, iniciado em 1985<br />

em conjunto com a Organização Mundial<br />

de Saúde (OMS) e a UNICEF. Desde<br />

que começou, a campanha envolveu<br />

OPINIÃO<br />

um financiamento global agregado de<br />

900 milhões de dólares, fruto do trabalho<br />

de recolha de fundos por parte<br />

dos Rotários e de outras doações. Por<br />

exemplo, os rotários portugueses criaram<br />

este ano a linha telefónica solidária<br />

de apoio à erradicação da Poliomielite<br />

no mundo. Através de uma chamada<br />

para o número 760 30 20 13, as pessoas<br />

poderão contribuir com 60 cêntimos<br />

de euro (acrescidos de IVA) para esta<br />

campanha. Em Janeiro deste ano, o Rotary<br />

International anunciou a angariação<br />

de mais 200 milhões de dólares e a<br />

contribuição de 405 milhões de dólares<br />

pela fundação Bill & Melinda Gates.<br />

Graças ao intenso trabalho desenvolvido<br />

ao longo dos anos, o mundo viu os casos<br />

de poliomielite reduzirem-se em mais de<br />

99 por cento, prevenindo 5 milhões de<br />

paralisias e 250 mil mortes. Quando foi<br />

iniciado, em 1985, a poliomielite infectava<br />

mais de 350 mil crianças anualmente<br />

em todo o mundo. Em 2012, apenas 650<br />

casos foram reportados a nível mundial.<br />

O fim da Pólio é hoje uma realidade<br />

tangível e deve-se à persistência e contínuo<br />

apoio dos rotários a esta causa. A<br />

Índia foi declarada livre da pólio neste<br />

ano, subsistindo ainda outros três países<br />

endémicos: Nigéria, Paquistão e<br />

Afeganistão. Temos agora uma nova<br />

vacina, mais eficaz, mas faltam recursos<br />

para concluirmos o nosso trabalho.<br />

Nestes próximos 10 meses o nosso esforço<br />

será a chave do sucesso do fim da<br />

transmissão do vírus da pólio.<br />

E estamos cientes que sairemos vencedores<br />

e que Lisboa será o palco mundial<br />

do fim da pólio.<br />

<strong>Portugal</strong>global // Outubro 12 // 45


ANÁLISE DE RISCO - PAÍS<br />

COSEC<br />

No âmbito de apólices individuais<br />

África do Sul*<br />

C Aberta sem condições restritivas.<br />

M/L Garantia bancária (decisão<br />

casuística).<br />

Angola<br />

C Caso a caso.<br />

M/L Garantia soberana. Limite total de<br />

responsabilidades.<br />

Arábia Saudita<br />

C Carta de crédito irrevogável<br />

(decisão casuística).<br />

M/L Caso a caso.<br />

Argélia<br />

C Sector público: aberta sem restrições.<br />

Sector privado: eventual<br />

exigência de carta de crédito<br />

irrevogável.<br />

M/L Em princípio. exigência de garantia<br />

bancária ou garantia soberana.<br />

Argentina<br />

T Caso a caso.<br />

Barein<br />

C Aberta sem condições restritivas.<br />

M/L Garantia bancária.<br />

Benim<br />

C Caso a caso, numa base muito<br />

restritiva.<br />

M/L Caso a caso, numa base muito<br />

restritiva, e com exigência de<br />

garantia soberana ou bancária.<br />

Brasil*<br />

C Aberta sem condições restritivas.<br />

M/L Clientes soberanos: Aberta sem<br />

condições restritivas. Outros Clientes<br />

públicos e privados: Aberta, caso<br />

a caso, com eventual exigência de<br />

garantia soberana ou bancária.<br />

Bulgária<br />

C Carta de crédito irrevogável.<br />

M/L Garantia bancária ou garantia<br />

soberana.<br />

Cabo Verde<br />

C Aberta sem condições restritivas.<br />

M/L Eventual exigência de garantia<br />

bancária ou de garantia soberana<br />

(decisão casuística).<br />

Camarões<br />

T Caso a caso, numa base muito<br />

restritiva.<br />

Cazaquistão<br />

Temporariamente fora de cobertura.<br />

China*<br />

C Aberta sem condições restritivas.<br />

M/L Garantia bancária.<br />

Chipre<br />

C Aberta sem condições restritivas.<br />

M/L Não definida.<br />

46 // Outubro 12 // <strong>Portugal</strong>global<br />

Políticas de cobertura para mercados<br />

Colômbia<br />

C Carta de crédito irrevogável.<br />

M/L Caso a caso, numa base restritiva.<br />

Coreia do Sul<br />

C Aberta sem condições restritivas.<br />

M/L Não definida.<br />

Costa do Marfim<br />

T Decisão casuística.<br />

Costa Rica<br />

C Aberta sem condições restritivas.<br />

M/L Não definida.<br />

Croácia<br />

C Carta de crédito irrevogável ou<br />

garantia bancária. Extensão do<br />

prazo constitutivo de sinistro para<br />

12 meses. Redução da percentagem<br />

de cobertura para 90 por<br />

cento. Limite por operação.<br />

M/L Garantia bancária ou garantia<br />

soberana. Extensão do prazo<br />

constitutivo de sinistro para 12<br />

meses. Redução da percentagem<br />

de cobertura para 90 por cento.<br />

Limite por operação.<br />

Cuba<br />

T Fora de cobertura.<br />

Egipto<br />

C Carta de crédito irrevogável<br />

M/L Caso a caso.<br />

Emirados Árabes Unidos<br />

C Aberta sem condições restritivas.<br />

M/L Garantia bancária (decisão<br />

casuística).<br />

Estónia<br />

M/L Garantia bancária.<br />

Etiópia<br />

C Carta de crédito irrevogável.<br />

M/L Caso a caso numa base muito<br />

restritiva.<br />

Filipinas<br />

C Aberta sem condições restritivas.<br />

M/L Não definida.<br />

Gana<br />

C Caso a caso numa base muito<br />

restritiva.<br />

M/L Fora de cobertura.<br />

Geórgia<br />

C Caso a caso numa base restritiva,<br />

privilegiando-se operações de<br />

pequeno montante.<br />

M/L Caso a caso, numa base muito<br />

restritiva e com a exigência de<br />

contra garantias.<br />

Guiné-Bissau<br />

T Fora de cobertura.<br />

Guiné Equatorial<br />

C Caso a caso, numa base restritiva.<br />

M/L Clientes públicos e soberanos:<br />

caso a caso, mediante análise das<br />

garantias oferecidas, designadamente<br />

contrapartidas do<br />

petróleo. Clientes privados: caso<br />

a caso, numa base muito restritiva,<br />

condicionada a eventuais<br />

contrapartidas (garantia de banco<br />

comercial aceite pela COSEC ou<br />

contrapartidas do petróleo).<br />

Hong-Kong<br />

C Aberta sem condições restritivas.<br />

M/L Não definida.<br />

Iémen<br />

C Caso a caso, numa base restritiva.<br />

M/L Caso a caso, numa base muito<br />

restritiva.<br />

Índia<br />

C Aberta sem condições restritivas.<br />

M/L Garantia bancária.<br />

Indonésia<br />

C Caso a caso, com eventual<br />

exigência de carta de crédito irrevogável<br />

ou garantia bancária.<br />

M/L Caso a caso, com eventual exigência<br />

de garantia bancária ou<br />

garantia soberana.<br />

Irão<br />

C Carta de crédito irrevogável ou<br />

garantia bancária.<br />

M/L Garantia soberana.<br />

Iraque<br />

T Fora de cobertura.<br />

Jordânia<br />

C Caso a caso.<br />

M/L Caso a caso, numa base restritiva.<br />

Koweit<br />

C Aberta sem condições restritivas.<br />

M/L Garantia bancária (decisão<br />

casuística).<br />

Letónia<br />

C Carta de crédito irrevogável.<br />

M/L Garantia bancária.<br />

Líbano<br />

C Clientes públicos: caso a caso<br />

numa base muito restritiva.<br />

Clientes privados: carta de crédito<br />

irrevogável ou garantia bancária.<br />

M/L Clientes públicos: fora de cobertura.<br />

Clientes privados: caso a<br />

caso numa base muito restritiva.<br />

Líbia<br />

T Fora de cobertura.<br />

Lituânia<br />

C Carta de crédito irrevogável.<br />

M/L Garantia bancária.<br />

Macau<br />

C Aberta sem condições restritivas.<br />

M/L Não definida.<br />

Malásia<br />

C Aberta sem condições restritivas.<br />

M/L Não definida.<br />

Malawi<br />

C Caso a caso, numa base restritiva.<br />

M/L Clientes públicos: fora de cobertura,<br />

excepto para operações<br />

de interesse nacional. Clientes<br />

privados: análise casuística, numa<br />

base muito restritiva.<br />

Malta<br />

C Aberta sem condições restritivas.<br />

M/L Não definida.<br />

Marrocos*<br />

C Aberta sem condições restritivas.<br />

M/L Garantia bancária ou garantia<br />

soberana.<br />

Martinica<br />

C Aberta sem condições restritivas.<br />

M/L Não definida.<br />

México*<br />

C Aberta sem restrições.<br />

M/L Em princípio aberta sem restrições.<br />

A eventual exigência de garantia<br />

bancária, para clientes privados,<br />

será decidida casuisticamente.<br />

Moçambique<br />

C Caso a caso, numa base restritiva<br />

(eventualmente com a exigência de<br />

carta de crédito irrevogável, garantia<br />

bancária emitida por um banco<br />

aceite pela COSEC e aumento do<br />

prazo constitutivo de sinistro).<br />

M/L Aumento do prazo constitutivo<br />

de sinistro. Sector privado: caso a<br />

caso numa base muito restritiva.<br />

Operações relativas a projectos<br />

geradores de divisas e/ou que<br />

admitam a afectação prioritária<br />

de receitas ao pagamento dos<br />

créditos garantidos, terão uma<br />

ponderação positiva na análise do<br />

risco; sector público: caso a caso<br />

numa base muito restritiva.<br />

Montenegro<br />

C Caso a caso, numa base restritiva.<br />

privilegiando-se operações de<br />

pequeno montante.<br />

M/L Caso a caso, com exigência de garantia<br />

soberana ou bancária, para<br />

operações de pequeno montante.


de destino das exportações portuguesas<br />

Nigéria<br />

C Caso a caso, numa base restritiva<br />

(designadamente em termos de<br />

alargamento do prazo constitutivo<br />

de sinistro e exigência de<br />

garantia bancária).<br />

M/L Caso a caso, numa base muito<br />

restritiva, condicionado a eventuais<br />

garantias (bancárias ou contrapartidas<br />

do petróleo) e ao alargamento<br />

do prazo contitutivo de sinistro.<br />

Oman<br />

C Aberta sem condições restritivas.<br />

M/L Garantia bancária (decisão casuística).<br />

Panamá<br />

C Aberta sem condições restritivas.<br />

M/L Não definida.<br />

Paquistão<br />

Temporariamente fora de cobertura.<br />

Paraguai<br />

C Carta de crédito irrevogável.<br />

M/L Caso a caso, numa base restritiva.<br />

Peru<br />

C Aberta sem condições restritivas.<br />

M/L Clientes soberanos: aberta sem<br />

condições restritivas. Clientes<br />

públicos e privados: aberta, caso<br />

a caso, com eventual exigência de<br />

garantia soberana ou bancária.<br />

Qatar<br />

C Aberta sem condições restritivas.<br />

M/L Garantia bancária (decisão<br />

casuística).<br />

Quénia<br />

C Carta de crédito irrevogável.<br />

M/L Caso a caso, numa base restritiva.<br />

República Checa<br />

C Aberta sem condições restritivas.<br />

M/L Garantia bancária (decisão casuística).<br />

República Dominicana<br />

C Aberta caso a caso, com eventual<br />

exigência de carta de crédito irrevogável<br />

ou garantia bancária emitida<br />

por um banco aceite pela COSEC.<br />

M/L Aberta caso a caso com exigência<br />

de garantia soberana (emitida pela<br />

Secretaria de Finanzas ou pelo Banco<br />

Central) ou garantia bancária.<br />

Roménia<br />

C Exigência de carta de crédito<br />

irrevogável (decisão casuística).<br />

M/L Exigência de garantia bancária<br />

ou garantia soberana (decisão<br />

casuística).<br />

Rússia<br />

C Sector público: aberta sem restrições.<br />

Sector privado: caso a caso.<br />

M/L Sector público: aberta sem restrições,<br />

com eventual exigência de<br />

garantia bancária ou garantia soberana.<br />

Sector privado: caso a caso.<br />

S. Tomé e Príncipe<br />

C Análise caso a caso, numa base<br />

muito restritiva.<br />

Senegal<br />

C Em princípio. exigência de<br />

garantia bancária emitida por<br />

um banco aceite pela COSEC e<br />

eventual alargamento do prazo<br />

constitutivo de sinistro.<br />

M/L Eventual alargamento do prazo<br />

constitutivo de sinistro. Sector<br />

público: caso a caso, com exigência<br />

de garantia de pagamento e<br />

transferência emitida pela Autoridade<br />

Monetária (BCEAO); sector<br />

privado: exigência de garantia<br />

bancária ou garantia emitida pela<br />

Autoridade Monetária (preferência<br />

a projectos que permitam a<br />

alocação prioritária dos cash-flows<br />

ao reembolso do crédito).<br />

Sérvia<br />

C Caso a caso, numa base restritiva,<br />

privilegiando-se operações de<br />

pequeno montante.<br />

M/L Caso a caso, com exigência de<br />

garantia soberana ou bancária,<br />

para operações de pequeno<br />

montante.<br />

Singapura<br />

C Aberta sem condições restritivas.<br />

M/L Não definida.<br />

Síria<br />

T Caso a caso, numa base muito<br />

restritiva.<br />

Suazilândia<br />

C Carta de crédito irrevogável.<br />

M/L Garantia bancária ou garantia<br />

soberana.<br />

Tailândia<br />

C Carta de crédito irrevogável<br />

(decisão casuística).<br />

M/L Não definida.<br />

Taiwan<br />

C Aberta sem condições restritivas.<br />

M/L Não definida.<br />

Tanzânia<br />

T Caso a caso, numa base muito<br />

restritiva.<br />

Tunísia*<br />

C Aberta sem condições restritivas.<br />

M/L Garantia bancária.<br />

Turquia<br />

C Carta de crédito irrevogável.<br />

M/L Garantia bancária ou garantia<br />

soberana.<br />

Ucrânia<br />

C Clientes públicos: eventual<br />

exigência de garantia soberana.<br />

Clientes privados: eventual<br />

exigência de carta de crédito<br />

irrevogável.<br />

ANÁLISE DE RISCO - PAÍS<br />

No âmbito de apólices globais<br />

Na apólice individual está em causa a cobertura de uma única<br />

transação para um determinado mercado. enquanto a apólice<br />

global cobre todas as transações em todos os países para onde o<br />

empresário exporta os seus produtos ou serviços.<br />

As apólices globais são aplicáveis às empresas que vendem bens<br />

de consumo e intermédio. cujas transações envolvem créditos de<br />

curto prazo (média 60-90 dias). não excedendo um ano. e que se<br />

repetem com alguma frequência.<br />

Tendo em conta a dispersão do risco neste tipo de apólices. a<br />

política de cobertura é casuística e. em geral. mais flexível do que<br />

a indicada para as transações no âmbito das apólices individuais.<br />

Encontram-se também fora de cobertura Cuba. Guiné-Bissau. Iraque<br />

e S. Tomé e Príncipe.<br />

M/L Clientes públicos: eventual<br />

exigência de garantia soberana.<br />

Clientes privados: eventual<br />

exigência de garantia bancária.<br />

Para todas as operações, o prazo<br />

constitutivo de sinistro é definido<br />

caso a caso.<br />

Uganda<br />

C Caso a caso, numa base muito<br />

restritiva.<br />

M/L Fora de cobertura.<br />

Uruguai<br />

C Carta de crédito irrevogável<br />

(decisão casuística).<br />

M/L Não definida.<br />

Venezuela<br />

C Clientes públicos: aberta caso<br />

a caso com eventual exigência<br />

de garantia de transferência ou<br />

soberana. Clientes privados: aberta<br />

caso a caso com eventual exigência<br />

de carta de crédito irrevogável e/ou<br />

garantia de transferência.<br />

M/L Aberta caso a caso com exigência<br />

de garantia soberana.<br />

Zâmbia<br />

C Caso a caso, numa base muito<br />

restritiva.<br />

M/L Fora de cobertura.<br />

Zimbabwe<br />

C Caso a caso, numa base muito<br />

restritiva.<br />

M/L Fora de cobertura.<br />

Advertência:<br />

A lista e as políticas de cobertura são<br />

indicativas e podem ser alteradas<br />

sempre que se justifique. Os países<br />

que constam da lista são os mais<br />

representativos em termos de consultas<br />

e responsabilidades assumidas. Todas<br />

as operações são objecto de análise e<br />

decisão específicas.<br />

Legenda:<br />

C Curto Prazo<br />

M/L Médio / Longo Prazo<br />

T Todos os Prazos<br />

* Mercado prioritário.<br />

COSEC<br />

Companhia de Seguro<br />

de Créditos. S. A.<br />

Direcção Internacional<br />

Avenida da República. 58<br />

1069-057 Lisboa<br />

Tel.: +351 217 913 832<br />

Fax: +351 217 913 839<br />

internacional@cosec.pt<br />

www.cosec.pt<br />

<strong>Portugal</strong>global // Outubro 12 // 47


TABELA CLASSIFICATIVA DE PAÍSES<br />

COSEC<br />

Tabela classificativa de países<br />

Para efeitos de Seguro de Crédito à exportação<br />

A <strong>Portugal</strong>global e a COSEC apresentam-lhe uma Tabela Classificativa<br />

de Países com a graduação dos mercados em função<br />

do seu risco de crédito. ou seja. consoante a probabilidade de<br />

cumprimento das suas obrigações externas. a curto. a médio e<br />

a longo prazos. Existem sete grupos de risco (de 1 a 7). corres-<br />

pondendo o grupo 1 à menor probabilidade de incumprimento<br />

e o grupo 7 à maior.<br />

As categorias de risco assim definidas são a base da avaliação do<br />

risco país. da definição das condições de cobertura e das taxas<br />

de prémio aplicáveis.<br />

Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4 Grupo 5 Grupo 6 Grupo 7<br />

Alemanha *<br />

Andorra *<br />

Austrália *<br />

Áustria *<br />

Bélgica *<br />

Canadá *<br />

Checa. Rep. *<br />

Chipre<br />

Coreia do Sul *<br />

Dinamarca *<br />

Eslováquia *<br />

Eslovénia *<br />

Espanha *<br />

Estónia<br />

EUA *<br />

Finlândia *<br />

França *<br />

Grécia *<br />

Holanda *<br />

Hong-Kong<br />

Hungria *<br />

Irlanda *<br />

Islândia *<br />

Israel *<br />

Itália *<br />

Japão *<br />

Liechtenstein *<br />

Luxemburgo *<br />

Malta *<br />

Mónaco *<br />

Noruega *<br />

Nova Zelândia *<br />

Polónia *<br />

<strong>Portugal</strong> *<br />

Reino Unido *<br />

São Marino *<br />

Singapura *<br />

Suécia *<br />

Suiça *<br />

Taiwan<br />

Vaticano *<br />

Arábia Saudita<br />

Botswana<br />

Brunei<br />

Chile<br />

China •<br />

Gibraltar<br />

Koweit<br />

Macau<br />

Malásia<br />

Oman<br />

Qatar<br />

Trind. e Tobago<br />

África do Sul •<br />

Argélia<br />

Bahamas<br />

Barbados<br />

Brasil •<br />

Costa Rica<br />

Dep/ter Austr. b<br />

Dep/ter Din. c<br />

Dep/ter Esp. d<br />

Dep/ter EUA e<br />

Dep/ter Fra. f<br />

Dep/ter N. Z. g<br />

Dep/ter RU h<br />

EAU a<br />

Ilhas Marshall<br />

Índia<br />

Indonésia<br />

Lituânia<br />

Marrocos •<br />

Maurícias<br />

México •<br />

Micronésia<br />

Namíbia<br />

Palau<br />

Panamá<br />

Peru<br />

Rússia<br />

Tailândia<br />

Tunísia •<br />

Uruguai<br />

Aruba<br />

Barein<br />

Bulgária<br />

Colômbia<br />

El Salvador<br />

Fidji<br />

Filipinas<br />

Letónia<br />

Roménia<br />

Turquia<br />

Angola<br />

Azerbeijão<br />

Cazaquistão<br />

Croácia<br />

Dominicana. Rep.<br />

Egipto<br />

Gabão<br />

Gana<br />

Guatemala<br />

Jordânia<br />

Lesoto<br />

Macedónia<br />

Mongólia<br />

Nigéria<br />

Papua–Nova Guiné<br />

Paraguai<br />

S. Vic. e Gren.<br />

Santa Lúcia<br />

Vietname<br />

Albânia<br />

Ant. e Barbuda<br />

Arménia<br />

Bangladesh<br />

Belize<br />

Benin<br />

Bolívia<br />

Butão<br />

Cabo Verde<br />

Camarões<br />

Camboja<br />

Comores<br />

Congo<br />

Djibouti<br />

Dominica<br />

Geórgia<br />

Honduras<br />

Kiribati<br />

Moçambique<br />

Montenegro<br />

Nauru<br />

Quénia<br />

Samoa Oc.<br />

Senegal<br />

Sérvia<br />

Sri Lanka<br />

Suazilândia<br />

Tanzânia<br />

Turquemenistão<br />

Tuvalu<br />

Uganda<br />

Uzbequistão<br />

Vanuatu<br />

Zâmbia<br />

Afeganistão<br />

Argentina<br />

Bielorussia<br />

Bósnia e Herzegovina<br />

Burkina Faso<br />

Burundi<br />

Campuchea<br />

Cent. Af. Rep.<br />

Chade<br />

Congo. Rep. Dem.<br />

Coreia do Norte<br />

C. do Marfim<br />

Cuba •<br />

Equador<br />

Eritreia<br />

Etiópia<br />

Gâmbia<br />

Grenada<br />

Guiana<br />

Guiné Equatorial<br />

Guiné. Rep. da<br />

Guiné-Bissau •<br />

Haiti<br />

Iemen<br />

Irão<br />

Iraque •<br />

Jamaica<br />

Kosovo<br />

Laos<br />

Líbano<br />

Libéria<br />

Líbia<br />

Madagáscar<br />

Malawi<br />

Maldivas<br />

Mali<br />

Mauritânia<br />

Moldávia<br />

Myanmar<br />

Nepal<br />

Fonte: COSEC - Companhia de Seguro de Créditos. S.A.<br />

* País pertencente ao grupo 0 da classificação risco-país da OCDE. Não é aplicável o sistema de prémios mínimos. à excepção do Chipre. Hong-Kong e Taiwan.<br />

• Mercado de diversificação de oportunidades • Fora de cobertura • Fora de cobertura. excepto operações de relevante interesse nacional<br />

NOTAS<br />

a) Abu Dhabi. Dubai. Fujairah. Ras Al Khaimah. Sharjah. Um Al Quaiwain e Ajma<br />

b) Ilhas Norfolk<br />

c) Ilhas Faroe e Gronelândia<br />

d) Ceuta e Melilha<br />

e) Samoa. Guam. Marianas. Ilhas Virgens e Porto Rico<br />

48<br />

// Outubro 12 // <strong>Portugal</strong>global<br />

Nicarágua<br />

Níger<br />

Paquistão<br />

Quirguistão<br />

Ruanda<br />

S. Crist. e Nevis<br />

S. Tomé e Príncipe •<br />

Salomão<br />

Seicheles<br />

Serra Leoa<br />

Síria<br />

Somália<br />

Sudão<br />

Suriname<br />

Tadzequistão<br />

Togo<br />

Tonga<br />

Ucrânia<br />

Venezuela<br />

Zimbabué<br />

f) Guiana Francesa. Guadalupe. Martinica. Reunião. S. Pedro e Miquelon. Polinésia<br />

Francesa. Mayotte. Nova Caledónia. Wallis e Futuna<br />

g) Ilhas Cook e Tokelau. Ilhas Nive<br />

h) Anguilla. Bermudas. Ilhas Virgens. Cayman. Falkland. Pitcairn. Monserrat. Sta.<br />

Helena. Ascensão. Tristão da Cunha. Turks e Caicos


INVESTIMENTO<br />

e COMÉRCIO EXTERNO<br />

>PRINCIPAIS DADOS DE INVESTIMENTO (IDE E IDPE). EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES.<br />

INVESTIMENTO DIRECTO COM O EXTERIOR<br />

INVESTIMENTO DIRECTO<br />

DO EXTERIOR EM PORTUGAL<br />

2011<br />

tvh<br />

2011/10<br />

2011<br />

Jan/Ago<br />

2012<br />

Jan./Ago.<br />

tvh 12/11<br />

Jan./Ago.<br />

tvh 12/11<br />

Ago./Ago.<br />

tvc 12/12<br />

Ago./Jul.<br />

IDE bruto 39.626 0,0% 23.143 27.796 20,1% 45,4% 11,7%<br />

IDE desinvestimento 32.145 -14,6% 21.165 21.458 1,4% 43,1% 23,2%<br />

IDE líquido 7.481 274,5% 1.978 6.337 220,4% 81,2% -102,8%<br />

IDE Intra UE 35.885 2,2% 20.664 25.486 23,3% 46,3% 15,5%<br />

IDE Extra UE 3.741 -17,0% 2.478 2.309 -6,8% 35,0% -18,9%<br />

Unidade: Milhões de euros<br />

IDE Intra UE 90,6% -- 89,3% 91,7% -- -- --<br />

IDE Extra UE 9,4% -- 10,7% 8,3% -- -- --<br />

% Total IDE bruto<br />

IDE bruto - Origem 2012 (Jan./Ago.) % Total tvh 12/11 IDE bruto - Sector 2012 (Jan./Ago.) % Total tvh 12/11<br />

Espanha 16,7% 1,1% Comércio 32,9% -11,9%<br />

França 16,7% 5,3% Act. financeiras e de seguros 23,2% 136,9%<br />

Reino Unido 15,4% 24,5% Ind. Transformadoras 17,9% -11,7%<br />

Luxemburgo 14,9% 57,5% Electricidade, gás, água 11,6% 602,1%<br />

Países Baixos 9,3% -14,7% Act. informação e comunicação 6,0% 18,7%<br />

INVESTIMENTO DIRECTO<br />

DE PORTUGAL NO EXTERIOR<br />

2011<br />

IDPE bruto - Destinos 2012 (Jan./Ago.) % Total tvh 12/11 IDPE bruto - Sector 2012 (Jan./Ago.) % Total tvh 12/11<br />

Países Baixos 63,8% -35,7% Act. financeiras e de seguros 78,8% -31,3%<br />

Espanha 11,3% -25,8% Ind. transformadoras 8,5% 165,4%<br />

Brasil 8,4% 46,9% Construção 4,3% 21,7%<br />

Luxemburgo 2,6% 30,5% Comércio 2,7% -31,3%<br />

Angola 2,5% 5,1% Act. consultoria e técnicas 2,1% -66,4%<br />

2011 Dez<br />

tvh<br />

2011/10<br />

tvh 11/10<br />

Dez./Dez.<br />

2011<br />

Jan./Ago.<br />

2012<br />

Jan./Ago.<br />

2011 Jun. 2012 Jun.<br />

tvh 12/11<br />

Jan./Ago.<br />

tvh 12/11<br />

Ago./Ago.<br />

tvh 12/11<br />

Jun./Jun.<br />

tvc 12/11<br />

Jun./Mar.<br />

Stock IDE 84.308 0,9% 87.021 82.338 -5,4% -2,3%<br />

tvc 12/12<br />

Ago./Jul.<br />

IDPE bruto 15.592 59,3% 8.859 6.194 -30,1% -60,4% -28,5%<br />

IDPE desinvestimento 6.500 -57,9% 4.071 5.466 34,3% 408,7% 56,6%<br />

IDPE líquido 9.092 260,7% 4.788 729 -84,8% -387,9% -116,8%<br />

IDPE Intra UE 13.792 140,3% 7.630 5.143 -32,6% -64,7% -24,8%<br />

IDPE Extra UE 1.800 -55,6% 1.230 1.051 -14,5% -46,9% -35,2%<br />

Unidade: Milhões de euros<br />

IDPE Intra UE 88,5% 236,7% 86,1% 83,0% -- -- --<br />

IDPE Extra UE 11,5% -136,7% 13,9% 17,0% -- -- --<br />

% Total IDPE bruto<br />

Stock IDPE 52.594 5,3% 54.478 51.269 -5,9% -2,5%<br />

Unidade: Milhões de euros Fonte: Banco de <strong>Portugal</strong><br />

ESTATÍSTICAS<br />

<strong>Portugal</strong>global // Outubro 12 // 49


ESTATÍSTICAS<br />

COMÉRCIO INTERNACIONAL<br />

BENS (Exportação) 2011<br />

50 // Outubro 12 // <strong>Portugal</strong>global<br />

tvh<br />

2011/10<br />

2011<br />

Jan./Ago.<br />

2012<br />

Jan./Ago.<br />

tvh 12/11<br />

Jan./Ago.<br />

tvh 12/11<br />

Ago./Ago.<br />

tvc 12/12<br />

Ago./Jul.<br />

Exportações bens 42.326 15,1% 27.645 30.299 9,6% 13,7% -18,5%<br />

Exportações bens UE27 31.344 13,7% 20.729 21.514 3,8% 3,7% -26,1%<br />

Exportações bens Extra UE27 10.982 19,5% 6.916 8.784 27,0% 37,3% -0,1%<br />

Unidade: Milhões de euros<br />

Exportações bens UE27 74,1% -- 75,0% 71,0% -- -- --<br />

Exportações bens Extra UE27 25,9% -- 25,0% 29,0% -- -- --<br />

Unidade: % do total<br />

Exp. Bens - Clientes 2012 (Jan./Ago.) % Total tvh 12/11 Exp. Bens - Var. Valor (12/11) Meur Cont. p. p.<br />

Espanha 22,2% -4,1% Angola 536 1,9<br />

Alemanha 12,5% 0,0% China 357 1,3<br />

França 11,9% 5,9% EUA 344 1,2<br />

Angola 6,2% 39,7% França 199 0,7<br />

Reino Unido 5,1% 10,4% Bélgica 180 0,7<br />

Países Baixos 4,2% 10,4% Espanha -292 -1,1<br />

EUA 4,2% 36,8% México -147 -0,5<br />

Exp. Bens - Produtos 2012 (Jan./Ago.) % Total tvh 12/11 Exp. Bens - Var. Valor (12/11) Meur Cont. p. p.<br />

Máquinas, Aparelhos 15,0% 14,1% Combustíveis Minerais 867 3,1<br />

Veículos, Outro Material de Transporte 11,9% -0,1% Máquinas, Aparelhos 562 2,0<br />

Combustíveis Minerais 9,1% 45,9% Metais Comuns 198 0,7<br />

Metais Comuns 8,2% 8,7% Agrícolas 153 0,6<br />

Plásticos, Borracha 6,9% 7,9% Plásticos, Borracha 146 0,5<br />

SERVIÇOS 2011<br />

tvh<br />

2011/10<br />

2011<br />

Jan./Ago.<br />

2012<br />

Jan./Ago.<br />

tvh 12/11<br />

Jan./Ago.<br />

tvh 12/11<br />

Ago./Ago.<br />

tvc 12/12<br />

Ago./Jul.<br />

Exportações totais de serviços 19.159 9,0% 12.654 12.838 1,5% 1,5% 7,2%<br />

Exportações serviços UE27 13.693 7,9% 9.129 8.799 -3,6% -1,3% 15,4%<br />

Exportações serviços extra UE27 5.466 11,8% 3.525 4.039 14,6% 10,3% -10,5%<br />

Unidade: Milhões de euros<br />

Exportações serviços UE27 71,5% -- 72,1% 68,5% -- -- --<br />

Exportações serviços extra UE27 28,5% -- 27,9% 31,5% -- -- --<br />

Unidade: % do total


BENS (Importação) 2011<br />

tvh<br />

2011/10<br />

2011<br />

Jan./Ago.<br />

2012<br />

Jan./Ago.<br />

tvh 12/11<br />

Jan./Ago.<br />

tvh 12/11<br />

Ago./Ago.<br />

ESTATÍSTICAS<br />

tvc 12/12<br />

Ago./Jul.<br />

Importações bens 57.730 1,2% 38.760 37.081 -4,3% 5,5% -3,4%<br />

Importações bens UE27 42.149 -2,4% 28.257 26.297 -6,9% -2,1% -10,3%<br />

Importações bens Extra UE27 15.581 12,5% 10.503 10.784 2,7% 24,2% 13,6%<br />

Unidade: Milhões de euros<br />

Importações bens UE27 73,0% -- 72,9% 70,9% -- -- --<br />

Importações bens Extra UE27 27,0% -- 27,1% 29,1% -- -- --<br />

Unidade: % do total<br />

Imp. Bens - Fornecedores 2012 (Jan./Ago.) % Total tvh 12/11 Imp. Bens - Var. Valor (12/11) Meur Cont. p. p.<br />

Espanha 31,4% -3,8% Angola 606 1,6<br />

Alemanha 11,4% -12,9% Guiné-Equatorial 385 1,0<br />

França 6,5% -9,7% Azerbaijão 241 0,6<br />

Itália 5,2% -7,5% França -259 -0,7<br />

Países Baixos 4,8% -3,0% Espanha -465 -1,2<br />

Angola 3,2% 105,8% Nigéria -571 -1,5<br />

Reino Unido 3,1% -13,2% Alemanha -624 -1,6<br />

Imp. Bens - Produtos 2012 (Jan./Ago.) % Total tvh 12/11 Imp. Bens - Var. Valor (12/11) Meur Cont. p. p.<br />

Combustíveis Minerais 21,0% 15,0% Combustíveis Minerais 1.016 2,6<br />

Máquinas, Aparelhos 14,4% -7,3% Pastas Celulósicas, Papel -157 -0,4<br />

Químicos 11,1% 2,1% Metais Comuns -352 -0,9<br />

Agrícolas 10,6% -3,0% Máquinas, Aparelhos -419 -1,1<br />

Veículos, Outro Material de Transporte 8,6% -26,0% Veículos, O. Mat. Transporte -1.118 -2,9<br />

SERVIÇOS 2011<br />

tvh<br />

2011/10<br />

2011<br />

Jan./Ago.<br />

2012<br />

Jan./Ago.<br />

tvh 12/11<br />

Jan./Ago.<br />

tvh 12/11<br />

Ago./Ago.<br />

tvc 12/12<br />

Ago./Jul.<br />

Importações totais de serviços 11.414 5,0% 7.601 6.993 -8,0% -8,2% -7,2%<br />

Importações serviços UE27 8.023 4,5% 5.403 5.099 -5,6% -8,5% -10,8%<br />

Importações serviços extra UE27 3.391 6,4% 2.198 1.894 -13,8% -7,7% 3,1%<br />

Unidade: Milhões de euros<br />

Importações serviços UE27 70,3% -- 71,1% 72,9% -- -- --<br />

Importações serviços extra UE27 29,7% -- 28,9% 27,1% -- -- --<br />

Unidade: % do total<br />

PREVISÕES 2012 : 2013 (tvh real %) 2011 2012 1ºS FMI CE OCDE BdP<br />

Min.<br />

Finanças<br />

INE INE Out. 12 Out. 12 Jul. 12 Jul. 12 Out. 12<br />

PIB -1,7 -2,8 -3,0 : -1,0 -3,0 : -1,0 -3,2 : -0,9 -3,0 : 0,0 -3,0 : -1,0<br />

Exportações Bens e Serviços 7,5 6,1 3,5 : 3,5 4,3 : 3,5 3,4 : 5,1 3,5 : 5,2 4,3 : 3,6<br />

Fontes: INE/Banco de <strong>Portugal</strong><br />

Notas e siglas: Meur - Milhões de euros Cont. - Contributo para o crescimento das exportações p.p. - Pontos percentuais tvh - Taxa de variação homóloga<br />

tvc - Taxa de variação em cadeia<br />

<strong>Portugal</strong>global // Outubro 12 // 51


REDE<br />

EXTERNA<br />

DA AICEP<br />

Centro de Negócios<br />

Escritórios<br />

Representações<br />

52<br />

// Outubro 12 // <strong>Portugal</strong>global<br />

S. Francisco<br />

ÁFRICA DO SUL / Joanesburgo<br />

ALEMANHA / Berlim<br />

ANGOLA / Benguela<br />

ANGOLA / Luanda<br />

ARGÉLIA / Argel<br />

ARGENTINA / Buenos Aires<br />

ÁUSTRIA / Viena<br />

Cidade do México<br />

Santiago do Chile<br />

Toronto<br />

Nova Iorque<br />

Caracas<br />

Bogotá<br />

Buenos Aires<br />

BRASIL / São Paulo<br />

CABO VERDE / Praia<br />

CANADÁ / Toronto<br />

CHILE / Santiago do Chile<br />

CHINA. REPÚBLICA POPULAR DA<br />

/ Macau<br />

CHINA. REPÚBLICA POPULAR DA<br />

/ Pequim<br />

CHINA. REPÚBLICA POPULAR DA<br />

/ Xangai<br />

BÉLGICA / Bruxelas COLÔMBIA / Bogotá<br />

São Paulo<br />

Copenhaga<br />

Berlim<br />

Haia<br />

Bruxelas<br />

Dublin<br />

Londres<br />

Paris<br />

Milão<br />

Vigo<br />

Barcelona<br />

Madrid<br />

Mérida<br />

Praia<br />

Rabat<br />

Argel


Tunes<br />

DINAMARCA / Copenhaga<br />

EMIRADOS ÁRABES UNIDOS<br />

/ Abu Dhabi<br />

ESPANHA / Madrid<br />

ESPANHA / Barcelona<br />

ESPANHA / Mérida<br />

ESPANHA / Vigo<br />

ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA<br />

/ Nova Iorque<br />

ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA<br />

/ S. Francisco<br />

Tripoli<br />

Luanda<br />

Benguela<br />

Helsínquia<br />

Estocolmo<br />

Zurique Moscovo<br />

Maputo<br />

Joanesburgo<br />

Varsóvia<br />

Praga<br />

Budapeste<br />

Viena<br />

Bucareste<br />

Ancara<br />

Istambul<br />

Atenas<br />

Abu Dhabi<br />

FINLÂNDIA / Helsínquia<br />

FRANÇA / Paris<br />

GRÉCIA/ Atenas<br />

HOLANDA / Haia<br />

HUNGRIA / Budapeste<br />

ÍNDIA. REPÚBLICA DA / Nova Deli<br />

INDONÉSIA / Jacarta<br />

IRLANDA / Dublin<br />

ITÁLIA / Milão<br />

Nova Deli<br />

Kuala Lumpur<br />

JAPÃO / Tóquio<br />

LÍBIA / Tripoli<br />

MALÁSIA/ Kuala Lumpur<br />

MARROCOS / Rabat<br />

MÉXICO / Cidade do México<br />

MOÇAMBIQUE / Maputo<br />

POLÓNIA / Varsóvia<br />

REINO UNIDO / Londres<br />

REPÚBLICA CHECA / Praga<br />

Pequim<br />

Macau<br />

Xangai<br />

Singapura<br />

Jacarta<br />

Tóquio<br />

ROMÉNIA / Bucareste<br />

RÚSSIA / Moscovo<br />

SINGAPURA / Singapura<br />

SUÉCIA / Estocolmo<br />

SUÍÇA / Zurique<br />

TUNÍSIA / Tunes<br />

TURQUIA / Ancara<br />

TURQUIA / Istambul<br />

VENEZUELA / Caracas<br />

<strong>Portugal</strong>global // Outubro 12 // 53


BOOKMARKS<br />

GRANDES EXPECTATIVAS<br />

Por trás de uma grande marca há sobretudo<br />

grandes expectativas. Expectativas<br />

suficientes para que hoje a experiência<br />

de consumo e o grau de satisfação ou<br />

insatisfação do consumidor estejam<br />

frequentemente desvinculados das<br />

propriedades do produto. A constatação<br />

deste fenómeno, chamado efeito<br />

placebo, reformula a visão de mercado<br />

vigente. Abre o espectro de acção das<br />

marcas, mas alerta também para ameaça<br />

de eventuais erros de percepção.<br />

O publicitário Rodrigo Leitão perscrutou<br />

os meandros da investigação científica<br />

que tem vindo a ser publicada<br />

sobre o fenómeno, cruzando-a com a<br />

vasta literatura sobre o comportamento<br />

dos consumidores, para apresentar<br />

um modelo estratégico, ilustrado com<br />

casos práticos, que habilitará o profissional<br />

de marketing ou de comunicação<br />

a explorar o potencial efeito<br />

placebo das suas marcas em termos<br />

desejáveis. O autor mostra como, num<br />

mercado saturado de oferta muito si-<br />

ACONTECIMENTOS EXTREMOS<br />

11 CENÁRIOS PARA UMA CATÁSTROFE<br />

Cenários para uma catástrofe, na óptica<br />

dos sistemas complexos, da Internet<br />

à economia, passando pelas pequenas<br />

coisas de que depende o nosso<br />

dia-a-dia, traçados pelo matemático e<br />

cientista norte-americano John Casti,<br />

investigador do International Institute<br />

for Applied Systems Analysis, em<br />

Laxenburg, Áustria. Todos sabemos o<br />

que significa ficar algumas horas sem<br />

Internet. Agora imagine os efeitos de<br />

uma falha à escala global. Se durasse<br />

um dia, seria o caos. Se durasse uma<br />

semana poderia provocar o colapso da<br />

nossa civilização. Uma catástrofe destas<br />

não só é possível, como assustadoramente<br />

provável, porque a Internet<br />

assenta num sistema tecnológico tão<br />

complexo como frágil. E basta um erro<br />

humano para perdermos o controlo<br />

54<br />

// Outubro 12 // <strong>Portugal</strong>global<br />

milar, o que está em causa não é tanto<br />

o produto em si, mas as crenças que<br />

este evoca. Uma marca que induza expectativas<br />

relevantes alternativas à norma,<br />

e que formule um significado em<br />

conformidade, torna-se a única oferta<br />

credível capaz de as suprir.<br />

“Grandes Expectativas” apresenta ainda<br />

um conjunto ferramentas úteis: desde o<br />

modo como se elabora um significado<br />

e respectiva tradução num conceito, a<br />

técnicas para despertar a motivação dos<br />

consumidores. À luz da era digital, são<br />

também exemplificadas diversas abordagens<br />

passáveis de gerar expectativas.<br />

Autor: Rodrigo Leitão<br />

Editor: Edições Sílabo<br />

Nº de páginas: 216<br />

Ano: 2012<br />

Preço: 12,90€<br />

das comunicações digitais. O modo<br />

como todos estes bens nos chegam à<br />

mão assenta numa cadeia hiper-complexa<br />

de pessoas e tecnologias, e as<br />

probabilidades de ruptura são muito<br />

maiores do que pensamos. Neste livro,<br />

John Casti desenha-nos 11 cenários<br />

possíveis para um colapso. De uma<br />

pandemia global à destruição do equilíbrio<br />

nuclear, passando pela derrocada<br />

dos mercados financeiros.<br />

Autores: John Casti<br />

Editor: Lua de Papel<br />

Nº de páginas: 360<br />

Ano: 2012<br />

Preço: 15.90€


O caminho para os Mercados Externos começa aqui...<br />

808 214 214<br />

<strong>aicep</strong>@portugalglobal.pt<br />

Mais contactos<br />

Sobre nós<br />

Rede Externa<br />

Produtos e Serviços AICEP<br />

Gestores de Cliente<br />

Incentivos Financeiros<br />

Novos apoios a PME’s<br />

Actividade Promocional<br />

Livraria Digital<br />

Sobre Mercados Externos<br />

Sobre <strong>Portugal</strong><br />

Estatísticas<br />

Contactos úteis<br />

Inov Contacto<br />

Inov Export<br />

Revista <strong>Portugal</strong>global<br />

<strong>Portugal</strong>news<br />

portugalglobal.pt<br />

A AICEP e as PME’s<br />

Testemunhos<br />

O portal da <strong>aicep</strong> <strong>Portugal</strong> <strong>Global</strong> é a sua porta de entrada no mundo da Internacionalização.<br />

O sucesso nos Mercados Externos passa por Saber, Agir, Promover e Vender. Em portugalglobal.pt<br />

explicamos como.<br />

Movimente o seu rato e clique em cada janela.<br />

investir<br />

em <strong>Portugal</strong><br />

porquê? como?<br />

conte connosco!<br />

internacionalizar<br />

quer exportar?<br />

mais e melhor?<br />

internacionalizar-se?<br />

comprar a <strong>Portugal</strong><br />

porquê? o quê e a quem?<br />

as marcas.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!