Entrevista - aicep Portugal Global
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Outubro 2012 // www.portugalglobal.pt<br />
<strong>Portugal</strong>global<br />
<strong>Entrevista</strong><br />
Manuel Simões<br />
Presidente<br />
da ASSIMAGRA<br />
Rochas com mais<br />
exportação<br />
e novos mercados 6<br />
Destaque<br />
A indústria da pedra<br />
em <strong>Portugal</strong> 10<br />
Mercados<br />
Potencialidades de negócio<br />
na Rússia 30<br />
Artigo do Embaixador<br />
de <strong>Portugal</strong> na Rússia 34<br />
Empresas<br />
ICC LAVORO, Resul e FC.o 24<br />
Pense global pense <strong>Portugal</strong>
Outubro 2012 // www.portugalglobal.pt<br />
sumário<br />
<strong>Entrevista</strong> // 6<br />
Manuel Simões, presidente da ASSIMAGRA - Associação Portuguesa<br />
dos Industriais de Mármores, Granitos e Ramos Afins,<br />
fala da actividade desta associação na promoção deste sector<br />
e da aposta de sucesso que este tem vindo a fazer nos mercados<br />
internacionais. Em entrevista, Manuel Simões defende a<br />
necessidade de uma maior competitividade e sustentabilidade<br />
desta actividade, realçando o empreendedorismo e o espírito<br />
audacioso dos empresários do sector.<br />
Destaque // 10<br />
Em destaque nesta edição, a indústria da pedra portuguesa,<br />
cuja qualidade, beleza e reputação têm contribuído para o<br />
aumento significativo das exportações do sector de rochas<br />
ornamentais, que ascenderam, em 2011, a quase 302 milhões<br />
de euros. Depois de Itália, <strong>Portugal</strong> é maior exportador<br />
do mundo per capita. China, França, Espanha e Arábia Saudita<br />
são os principais importadores.<br />
Empresas // 24<br />
ICC LAVORO: calçado profissional para mercados exigentes.<br />
RESUL: flexibilidade e diversidade são a chave do sucesso.<br />
FC.o: na conquista por novos mercados.<br />
Mercado // 30<br />
Com mais de 140 milhões de consumidores, a Rússia é um mercado<br />
de oportunidade para as empresas portuguesas, sendo<br />
vários os sectores em que estas poderão apostar: obras públicas<br />
e construção, produtos agro-alimentares, fileira moda, TIC e os<br />
produtos tecnologicamente inovadores, entre outros.<br />
A Revigrés e a MMC World são algumas das empresas que<br />
apostaram no mercado russo. Conheça a sua experiência.<br />
Opinião // 44<br />
Um artigo de Luís Miguel Duarte sobre a realização em<br />
Lisboa, em 2013, da Convenção Internacional dos Rotários.<br />
Análise de risco por país – COSEC // 46<br />
Veja também a tabela classificativa de países.<br />
Estatísticas // 49<br />
Investimento directo e comércio externo.<br />
AICEP Rede Externa // 52<br />
Bookmarks // 54
EDITORIAL<br />
4<br />
Revista <strong>Portugal</strong>global<br />
Av. 5 de Outubro, 101<br />
1050-051 Lisboa<br />
Tel.: +351 217 909 500<br />
Fax: +351 217 909 578<br />
Propriedade<br />
<strong>aicep</strong> <strong>Portugal</strong> <strong>Global</strong><br />
Rua Júlio Dinis, 748, 9º Dto<br />
4050-012 Porto<br />
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NIFiscal 506 320 120<br />
Conselho de Administração<br />
Pedro Reis (Presidente),<br />
José Vital Morgado,<br />
Manuel Mendes Brandão,<br />
Pedro Pereira Gonçalves,<br />
Pedro Pessoa e Costa (Vogais)<br />
Directora<br />
Ana de Carvalho<br />
ana.carvalho@portugalglobal.pt<br />
Redacção<br />
Cristina Cardoso<br />
cristina.cardoso@portugalglobal.pt<br />
Vitor Quelhas<br />
vitor.quelhas@portugalglobal.pt<br />
Colaboram neste número<br />
Direcção Grandes Empresas da AICEP,<br />
Direcção de Informação da AICEP,<br />
Direcção Internacional da COSEC,<br />
Direcção PME da AICEP, Ernesto Matos,<br />
Jorge Cruz Pinto, Jorge Galrão, Luís Miguel Duarte,<br />
Manuel Simões, Maria José Rézio,<br />
Miguel Goulão, Pedro Nuno Bártolo.<br />
Fotografia e ilustração<br />
©Fotolia, ProMéxico, Rodrigo Marques,<br />
Secretaría de Comunicaciones y Transportes (México).<br />
Publicidade<br />
Cristina Valente Almeida<br />
cristina.valente@portugalglobal.pt<br />
Secretariado<br />
Cristina Santos<br />
cristina.santos@portugalglobal.pt<br />
Assinaturas<br />
REGISTE-SE AQUI<br />
Projecto gráfico<br />
<strong>aicep</strong> <strong>Portugal</strong> <strong>Global</strong><br />
Paginação e programação<br />
Rodrigo Marques<br />
rodrigo.marques@portugalglobal.pt<br />
ERC: Registo nº 125362<br />
As opiniões expressas nos artigos publicados são da res-<br />
ponsabilidade dos seus autores e não necessariamente<br />
da revista <strong>Portugal</strong>global ou da <strong>aicep</strong> <strong>Portugal</strong> <strong>Global</strong>.<br />
A aceitação de publicidade pela revista <strong>Portugal</strong>global<br />
não implica qualquer compromisso por parte desta<br />
com os produtos/serviços visados.<br />
// Outubro 2012 // <strong>Portugal</strong>global<br />
Exportações, o motor<br />
da economia nacional<br />
É no saldo positivo da nossa balança<br />
comercial que podemos encontrar um<br />
dos sinais mais animadores da atividade<br />
económica nacional. Com as exportações<br />
de bens e serviços a registarem um<br />
crescimento homólogo de 6,4 por cento<br />
nos primeiros oito meses do ano e as<br />
importações a diminuírem 4,9 por cento<br />
(quer por via da quebra do consumo interno,<br />
quer porque existe alguma substituição<br />
de importações por produção<br />
nacional), <strong>Portugal</strong> teve um excedente<br />
comercial no acumulado do ano, algo<br />
que não acontecia há praticamente 70<br />
anos. Os 315 milhões de saldo positivo<br />
da balança comercial nacional verificados<br />
a quatro meses do final do ano são<br />
um resultado atribuível ao elevado mérito<br />
dos nossos empresários. É, pois, para<br />
todo o sector exportador com quem<br />
quotidianamente trabalhamos que endereço<br />
os meus parabéns.<br />
Esta dinâmica sólida das exportações,<br />
numa conjuntura particularmente exigente,<br />
indicia que a economia portuguesa<br />
está a ganhar sustentabilidade, e<br />
que para isso está a contar não só com<br />
o esforço exportador das suas empresas,<br />
mas também com a sua maior competitividade<br />
nos mercados de exportação,<br />
cada vez mais diversificados. Esta tendência<br />
tem-se traduzido numa maior<br />
robustez da actividade económica exportadora<br />
e sobretudo na crescente confiança<br />
dos mercados externos nos bens,<br />
nas marcas e nos serviços portugueses.<br />
Nesta edição, optámos por ilustrar este<br />
efeito de amplificação das exportações<br />
portuguesas recorrendo a dois exemplos:<br />
o sector das rochas ornamentais,<br />
e a sua atividade exportadora, e as po-<br />
tencialidades do mercado russo – com<br />
os seus 142 milhões de consumidores<br />
e elevados padrões de consumo – na<br />
óptica das oportunidades de negócio<br />
e como destino de exportação para as<br />
empresas portuguesas.<br />
A entrevista de Manuel Simões, presidente<br />
da Assimagra – Associação Portuguesa<br />
dos Industriais de Mármores,<br />
Granitos e Ramos afins, traça um perfil<br />
consistente da indústria da pedra natural<br />
e ornamental – que desde sempre teve<br />
uma elevada vocação exportadora – bem<br />
como das características de um sector<br />
que tem sabido lidar com as dificuldades<br />
internas e externas da economia, afirmando<br />
no mundo e em novos mercados,<br />
a excelência das rochas ornamentais portuguesas<br />
e a qualidade do seu produto<br />
final. O destaque que consagramos a<br />
esta indústria mostra claramente o seu<br />
enorme potencial económico, as vantagens<br />
competitivas da “clusterização” do<br />
sector, as aplicações dos seus produtos<br />
em várias áreas e ainda a vitalidade das<br />
suas empresas exportadoras.<br />
Apesar de o peso da Rússia ser ainda<br />
modesto nas nossas relações económicas<br />
externas, justifica-se plenamente<br />
um olhar aprofundado sobre este mercado<br />
por ser o terceiro maior parceiro<br />
comercial da União Europeia, por ter<br />
aderido recentemente à Organização<br />
Mundial do Comércio e por ter uma<br />
performance económica positiva e uma<br />
classe média com poder de compra<br />
crescente. É também desta partilha de<br />
conhecimento que se vai construindo o<br />
sucesso das nossas exportações.<br />
PEDRO REIS<br />
Presidente do Conselho de Administração da AICEP
ENTREVISTA<br />
6<br />
Manuel Simões<br />
Presidente da ASSIMAGRA - Associação Portuguesa dos Industriais<br />
de Mármores, Granitos e Ramos Afins<br />
ROCHAS ORNAMENTAIS EXPORTAM<br />
MAIS, GANHAM COMPETITIVIDADE E<br />
INVESTEM EM NOVOS MERCADOS<br />
A indústria das rochas ornamentais, embora sofra os impactos da crise financeira,<br />
faz uma forte aposta no seu sucesso nos mercados internacionais, afirmando<br />
neles a excelência da pedra portuguesa e a qualidade do produto final.<br />
Manuel Simões, presidente da Assimagra, associação do sector, defende<br />
não só a necessidade de uma maior competitividade e sustentabilidade da<br />
actividade, como a promoção da pedra ornamental portuguesa nos mercados,<br />
não deixando de realçar o empreendedorismo e o espírito audacioso dos<br />
empresários do sector.<br />
// Outubro 12 // <strong>Portugal</strong>global
O grande objectivo do sector das rochas ornamentais<br />
é a internacionalização, a sustentabilidade e a competitividade.<br />
Qual é o papel da ASSIMAGRA neste<br />
panorama?<br />
O papel da Assimagra é criar as condições para que os empresários<br />
portugueses do sector das rochas ornamentais<br />
consigam promover os seus produtos no exterior, nomeadamente<br />
com a organização de feiras internacionais. Relativamente<br />
à sustentabilidade, a preocupação é criar condições<br />
para que o acesso à matéria-prima seja possível por<br />
longos anos, de que são exemplo as negociações ocorridas<br />
nos últimos anos com a direcção do Parque Natural da Serra<br />
d’Aire e Candeeiros com bons resultados. No que toca<br />
à competitividade, trabalhamos para que as regras aplicáveis<br />
aos empresários portugueses sejam muito semelhantes<br />
àquelas que encontramos nos países com que competimos<br />
nos mercados internacionais.<br />
Dentro do programa de acção definido em conjunto<br />
com as empresas e instituições para criar uma visão<br />
comum e estratégica para o sector, quais são os<br />
principais obstáculos e que acções (como feiras,<br />
missões comerciais ou visitas ao mercado) estão<br />
planeadas no âmbito da ASSIMAGRA para 2012?<br />
Os principais obstáculos neste momento são todos aqueles<br />
que advêm de um país que se encontra intervencionado<br />
e que afectam de alguma maneira os diversos sectores da<br />
economia portuguesa. Por outro lado, e no que se refere às<br />
acções previstas e já concretizadas, são de referir as feiras<br />
na Índia, China, Brasil e Itália. Não podemos deixar de realçar<br />
o espírito audacioso dos nossos empresários, que compreendem<br />
a importância da presença nestes eventos como<br />
forma não só de potenciar os seus negócios como a própria<br />
imagem de <strong>Portugal</strong>.<br />
Tendo em conta o número de pedreiras em<br />
laboração, a mão-de-obra significativa, o volume<br />
e a qualidade das rochas extraídas e os números<br />
da exportação, como analisa o actual estado do<br />
sector no contexto de constrangimento que afecta a<br />
economia portuguesa?<br />
O constrangimento que afecta a economia portuguesa<br />
neste momento está a provocar diversas dificuldades na<br />
maioria das empresas. As duas mais significativas residem<br />
na obtenção de financiamento junto da banca – que origina<br />
quebras no investimento em novas pedreiras e equipamentos,<br />
e a dificuldade nos recebimentos – que estrangula as<br />
empresas na sua gestão de tesouraria.<br />
É correcto afirmar que o sector da construção civil é<br />
o principal responsável pelo forte incremento que as<br />
rochas industriais têm sofrido nos últimos anos?<br />
É correcto não só no caso de <strong>Portugal</strong> como no da vizinha<br />
Espanha. O sector da construção civil, tanto na obra privada<br />
como no caso das obras públicas, permitiu um crescimento<br />
rápido ao sector das rochas industriais. Contudo o momento<br />
actual é bastante diferente e estamos a assistir ao encerramento<br />
de inúmeras empresas nesta área.<br />
ENTREVISTA<br />
O sector da pedra natural e ornamental compreende<br />
as vertentes de extracção e transformação. Qual das<br />
duas actividades é mais lucrativa para o país e de que<br />
modo se articulam com a exportação?<br />
Ambas as actividades são lucrativas para o país e o ideal<br />
será conjugar as duas, ou seja, extrair blocos nas nossas pedreiras<br />
e transformá-los em <strong>Portugal</strong> para que todo o valor<br />
acrescentado fique no nosso país.<br />
Obviamente, esta situação varia consoante o mercado: se<br />
no caso do mercado chinês a exportação funciona ao nível<br />
do bloco, já nos restantes as nossas rochas normalmente<br />
são exportados num estado já adiantado de transformação.<br />
Em que medida a dependência de determinados<br />
mercados, nomeadamente do mercado árabe, está a<br />
contribuir para o actual contexto de dificuldade de<br />
algumas empresas?<br />
A dependência de um mercado nunca é positiva. No caso específico<br />
do mercado árabe ele afecta principalmente o mármore<br />
português. Foi a diminuição brusca da procura deste<br />
material por parte de outros mercados tradicionais – como<br />
eram o português e especialmente o espanhol – que criou<br />
“O papel da Assimagra é criar as condições<br />
para que os empresários portugueses do<br />
sector das rochas ornamentais consigam<br />
promover os seus produtos no exterior e no<br />
que toca à competitividade, trabalhamos<br />
para que as regras aplicáveis aos empresários<br />
portugueses sejam muito semelhantes<br />
àquelas que encontramos nos países com que<br />
competimos nos mercados internacionais.”<br />
uma forte dependência dos mercados árabes permitindo<br />
um grande aumento do poder de negociação por parte dos<br />
clientes destes países e, inversamente, dificuldades em algumas<br />
empresas portuguesas muito ligadas a estes mercados.<br />
Os produtores tradicionais como Espanha, <strong>Portugal</strong><br />
e Itália estão a perder terreno face aos mercados<br />
emergentes da China, Índia e Turquia. O que é<br />
preciso fazer para inverter esta tendência e perda de<br />
competitividade?<br />
Será sempre difícil inverter esta tendência, temos sim que<br />
tentar adaptarmo-nos a esta nova realidade, pois estamos<br />
a falar de grandes países com reservas de matéria-prima<br />
enormes, com apoios para a exploração de pedreiras de<br />
grande dimensão, com mercados internos em forte crescimento<br />
e com vantagens competitivas a todos os níveis<br />
(custos laborais, custos energéticos, acesso a financiamento).<br />
Vejamos que algumas destas vantagens derivam directamente<br />
do tipo de preocupações políticas, sociais e<br />
ambientais que nós – portugueses, espanhóis e italianos<br />
<strong>Portugal</strong>global // Outubro 12 // 7
ENTREVISTA<br />
8<br />
– temos enquanto sociedade, mas sabemos que as regras<br />
do comércio livre e da justiça social podem criar diferenças<br />
de comportamento significativas face ao mercado. Por<br />
isso, torna-se mais fácil para nós tentar inserir as nossas<br />
rochas nestes países, considerando que não estamos perante<br />
uma ameaça, mas sim perante uma oportunidade.<br />
A China é actualmente, aliás, um dos principais mercados<br />
das rochas ornamentais portuguesas.<br />
Num mercado cada vez mais asfixiado, mercados<br />
como a China, o Brasil e os EUA são fundamentais<br />
para o incremento das exportações. Que desafios se<br />
colocam para o futuro das rochas ornamentais em<br />
termos de mercados externos?<br />
As rochas ornamentais portuguesas são conhecidas em todos<br />
os mercados e sempre foram um sector com um elevado potencial<br />
de exportação. Neste momento o desafio maior que se<br />
coloca é substituir alguns mercados europeus que estão em<br />
crise por novos mercados com potencial de crescimento e isto,<br />
sabemo-lo bem, não é possível de um dia para o outro. Obviamente,<br />
ao procurar novos mercados encontramos algumas<br />
barreiras difíceis de ultrapassar como por exemplo, no caso do<br />
mercado brasileiro, as altas taxas de importação aplicadas aos<br />
produtos portugueses que entram naquele país.<br />
O sector dos mármores é a principal actividade<br />
económica dos concelhos alentejanos de Vila Viçosa,<br />
Borba e Estremoz, com exportações para os quatro<br />
cantos do mundo. A reestruturação do sector passa<br />
pelas rochas alentejanas no sentido de melhor<br />
potenciar as exportações?<br />
A já referida dependência do mercado árabe criou várias<br />
situações novas às empresas desta região e neste momento<br />
// Outubro 12 // <strong>Portugal</strong>global<br />
“As rochas ornamentais portuguesas são<br />
conhecidas em todos os mercados e sempre<br />
foram um sector com um elevado potencial de<br />
exportação. Neste momento o desafio maior<br />
que se coloca é substituir alguns mercados<br />
europeus que estão em crise por novos<br />
mercados com potencial de crescimento.”<br />
será necessário não só potenciar as exportações para novos<br />
mercados, assim como investir fortemente na reabertura de<br />
pedreiras que se encontram sem actividade para que exista<br />
matéria-prima em quantidade e com qualidade para dar<br />
uma resposta mais eficaz perante os diferentes mercados.<br />
O Alentejo é o maior centro produtor de mármore e<br />
granito ornamental do nosso país. Sendo o mercado<br />
chinês o grande consumidor dos nossos calcários, qual<br />
a razão para este mercado não consumir mármore?<br />
A sua uniformidade. O mármore português é conhecido<br />
mundialmente pelas suas variações cromáticas e movimentos<br />
irregulares, o que o torna único no panorama mundial<br />
das rochas ornamentais. Estas características, associadas<br />
às extraordinárias qualidades técnicas que este apresenta,<br />
possibilitam a sua aplicação nos mais diversos locais e<br />
com as formas únicas que cada bloco oferece. O mercado<br />
chinês começa agora a interessar-se pelos mármores<br />
portugueses e a perceber de que forma estes devem ser<br />
trabalhados, não pela quantidade mas pela qualidade, um<br />
pouco como aconteceu com os mercados árabes no início<br />
dos anos 80. Logo, é expectável que enquanto maior mercado<br />
consumidor de rochas ornamentais da actualidade, a<br />
China comece gradualmente a consumir o mármore português<br />
nos próximos anos.
Devem as empresas do sector dos mármores apostar nos<br />
mercados de Angola e Brasil, como forma de aumentar<br />
as exportações e debelar a crise que atinge o negócio?<br />
Obviamente, e já o estão a fazer, pois são mercados onde<br />
existe uma grande ligação ao nosso país, não existindo barreiras<br />
linguísticas e – como todos sabemos – com economias<br />
emergentes. Desta forma os empresários portugueses<br />
têm que aproveitar a oportunidade.<br />
Ouve-se cada vez mais dizer que existem actualmente<br />
boas oportunidades de negócio na reutilização dos<br />
resíduos do sector. Este é um bom momento para<br />
começar a valorizar os restos das pedras ornamentais<br />
sem valor comercial?<br />
Os momentos para aproveitar e valorizar os resíduos da actividade<br />
do sector são sempre bons. É verdade que a situação<br />
económica do país não facilita o investimento em novas actividades<br />
nem na investigação e desenvolvimento de novas<br />
soluções para este problema. Em todo o caso, esta seria<br />
uma nova porta de valorização para todo o sector, uma vez<br />
que, para além do retorno económico, permitiria resolver<br />
também de modo bastante positivo todo o passivo ambiental<br />
acumulado ao longo dos últimos anos.<br />
Ainda neste sentido, quais são os principais<br />
impactos negativos da extracção, em termos locais<br />
e ambientais, quais são as soluções que estão a ser<br />
estudadas e implementadas para os minorar?<br />
Os principais impactos da extracção prendem-se com os<br />
efeitos visuais da mesma, e nesse sentido os empresários<br />
do sector têm criado planos de recuperação para as áreas<br />
abrangidas pela extracção recuperando áreas que já não estão<br />
em exploração.<br />
Dado o prestígio e a procura interna e externa de<br />
rochas ornamentais portuguesas, o que está a ser feito<br />
para garantir a sua certificação da qualidade? E em que<br />
medida a certificação potencia as vendas nos mercados?<br />
A pedra portuguesa é um recurso natural abundante no<br />
nosso país, não existindo no entanto, até ao momento, um<br />
reconhecimento formal que ateste a sua reconhecida qualidade.<br />
É neste sentido que surge a StonePT – Marca da<br />
Pedra Portuguesa, uma organização que tem por objectivo<br />
BREVE BIOGRAFIA<br />
ENTREVISTA<br />
certificar o produto Pedra Natural, com vista à internacionalização<br />
de uma Marca Portuguesa reconhecida. Esta organização<br />
surge no âmbito de um projecto, lançado através de<br />
uma parceria entre a Assimagra e o IST – Instituto Superior<br />
Técnico, e tem como principal desafio afastar a pedra da<br />
sua actual imagem, aproximando-a de uma imagem contemporânea<br />
e de qualidade.<br />
Como opera a StonePT no âmbito do sector?<br />
A StonePT tem assim como principal missão promover e credibilizar<br />
as suas marcas, nacional e internacionalmente, bem<br />
como todas as empresas a elas associadas. Caberá a esta organização<br />
divulgar os seus serviços reunindo com as principais<br />
empresas de construção (nacionais e internacionais), promovendo<br />
formações específicas nesta área, avaliando com maior<br />
ênfase os estudos de mercado disponíveis e actuando com<br />
base nos dados obtidos. Dispõe igualmente de outros meios,<br />
como o envio de newsletters com conteúdo técnico para um<br />
vasto número de contactos com interesse na matéria, e de<br />
uma página Web interactiva, além de participar em feiras nacionais<br />
e internacionais e comunicar recorrendo aos diversos<br />
suportes existentes (outdoors, posters, anúncios…).<br />
Os valores da StonePT baseiam-se na independência, no rigor<br />
técnico e na credibilidade como forma de salvaguardar<br />
a imparcialidade e integridade da sua actuação no contacto<br />
com as diferentes entidades com as quais se relaciona e<br />
assegurando a gestão de eventuais conflitos de interesse.<br />
Pretende-se que a StonePT venha a ser a marca de qualidade<br />
de referência em <strong>Portugal</strong> e no mundo e a garantia de<br />
uma confiança nas empresas portuguesas.<br />
Assimagra<br />
Associação Portuguesa dos Industriais de<br />
Mármores, Granitos e Ramos Afins<br />
Rua Aristides de Sousa Mendes, 3b<br />
1600-412 Lisboa<br />
Tel.: (+351) 21 712 19 30<br />
msimoes33@hotmail.com<br />
www.assimagra.pt<br />
Manuel António Eufrásio Simões (8-3-1975)<br />
• Licenciado pelo Instituto Superior Técnico em Engenharia<br />
e Gestão Industrial (1993-1998)<br />
• Presidente Assimagra 2010-2012<br />
• Project Manager Ernst & Young (1998-2003)<br />
• Granoguli Lda 2009 – 2012 (Sócio-Gerente)<br />
• A. Bento Vermelho 2004 – 2012 (Sócio-Gerente)<br />
• Eufrásio Simões 2003-2012 (Sócio-Gerente)<br />
<strong>Portugal</strong>global // Outubro 12 // 9
DESTAQUE<br />
A INDÚSTRIA DA PEDRA<br />
EM PORTUGAL<br />
Qualidade, beleza e reputação são os principais atributos da pedra portuguesa<br />
cujas exportações registaram um aumento de 28 por cento no primeiro trimestre<br />
de 2012, o maior aumento verificado nos últimos 5 anos, desde que começou a<br />
sentir-se a contracção do mercado europeu. Neste período, o sector exportou mais<br />
de 86,8 milhões de euros face aos 68 milhões registados no período homólogo.<br />
Mas já em 2011, os sinais de vitalidade do sector eram positivos: as exportações<br />
registaram no ano transacto um aumento de 1,7 por cento, representando um<br />
volume de negócios superior a 301 milhões de euros. Depois de Itália, <strong>Portugal</strong> é<br />
maior exportador do mundo per capita. China, França, Espanha e Arábia Saudita<br />
são os principais importadores.<br />
10 // Outubro 12 // <strong>Portugal</strong>global
<strong>Portugal</strong> é um dos dez maiores produtores<br />
e exportadores de Pedra Natural do<br />
mundo. Actualmente este sector é responsável<br />
por 1,5 por cento das exportações<br />
do país, mantendo além do mais<br />
uma balança comercial positiva, o que<br />
se traduz por um forte impacto desta<br />
indústria na economia portuguesa.<br />
Para a Europa as vendas aumentaram<br />
35 por cento no primeiro trimestre do<br />
ano, continuando ainda a ser o principal<br />
destino das exportações portuguesas<br />
(56 por cento da quota de mercado).<br />
Já as exportações para mercados<br />
extracomunitários cresceram 22 por<br />
cento, representando actualmente 44<br />
por cento da quota de mercado.<br />
Apesar da pequena dimensão da maior<br />
parte das empresas, a actividade do<br />
sector é dinâmica e tem assinalado um<br />
crescimento nos últimos anos, sobretudo<br />
ao nível das exportações onde se<br />
registou um aumento de 5 milhões de<br />
euros, num total de quase 302 milhões<br />
de euros exportados (301.854.580 euros),<br />
de acordo com o INE.<br />
Embora o mercado europeu assinale<br />
perdas, nos mercados emergentes a<br />
pedra portuguesa continua a conquistar<br />
adeptos, com países como Singapura<br />
e o Brasil a registar, em 2011, um<br />
aumento de importações de pedra<br />
nacional acima dos 50 por cento (relativamente<br />
a 2010). Os mármores e os<br />
calcários registam elevadas taxas de exportação,<br />
nomeadamente para a China.<br />
O sector da pedra calcária cresceu<br />
50 por cento nas exportações para o<br />
mercado chinês durante o ano 2010,<br />
tendo alcançado uma facturação na ordem<br />
dos 50 milhões de euros.<br />
“Apesar da pequena<br />
dimensão da maior parte<br />
das empresas, a actividade<br />
do sector é dinâmica e tem<br />
assinalado um crescimento<br />
nos últimos anos, sobretudo<br />
ao nível das exportações onde<br />
se registou um aumento de 5<br />
milhões de euros, num total<br />
de quase 302 milhões de<br />
euros exportados.”<br />
É certo que se registou um comportamento<br />
negativo nas aquisições a <strong>Portugal</strong><br />
neste primeiro trimestre de 2012,<br />
mas esta situação mereceria preocupação<br />
se as exportações portuguesas não<br />
estivessem a conquistar novos mercados,<br />
como está a acontecer. Não só<br />
em relação a alguns países europeus,<br />
DESTAQUE<br />
alguns dos quais se encontram entre os<br />
melhores clientes de <strong>Portugal</strong> – França,<br />
China, Espanha, Arábia Saudita, e Reino<br />
Unido, para só citar alguns – para<br />
os quais são exportados mais de um<br />
milhão de euros por ano, mas também<br />
em relação a países extracomunitários<br />
e fora da Europa, assinalando-se a subida<br />
das exportações para países como<br />
a Argélia, Marrocos ou Israel.<br />
É de notar que a Assimagra e as empresas<br />
do sector estão a fazer frente aos<br />
desafios com que se confrontam não<br />
só no plano interno como no externo,<br />
como sejam a fraca capacidade competitiva<br />
das empresas nacionais nos<br />
mercados externos e a emergência de<br />
um conjunto de países com grande potencial<br />
que têm produtos finais muito<br />
mais competitivos. Entre esses países,<br />
destacam-se a China, Índia, Brasil e<br />
Turquia que ocuparam o lugar de grandes<br />
produtores como a Itália, Espanha,<br />
França, <strong>Portugal</strong> e Grécia.<br />
Este desafio da competitividade, se vem<br />
atrasar o avanço do sector da pedra a<br />
nível europeu por um lado, por outro<br />
torna imperativo um reposicionamento<br />
estratégico para se rever os mercados<br />
e os processos produtivos. Apesar de<br />
tudo, é de sublinhar, <strong>Portugal</strong> ocupa o<br />
8º lugar no ranking mundial dos países<br />
produtores de pedra natural.<br />
<strong>Portugal</strong>global // Outubro 12 // 11
DESTAQUE<br />
CLUSTER DA PEDRA NATURAL<br />
A ESTRATÉGIA PARA A<br />
INTERNACIONALIZAÇÃO,<br />
SUSTENTABILIDADE E COMPETITIVIDADE<br />
> POR MIGUEL GOULÃO, PRESIDENTE DA VALORPEDRA – ASSOCIAÇÃO GESTORA DO CLUSTER DA<br />
PEDRA NATURAL<br />
“A prosperidade nacional não é algo herdado, mas o produto do esforço criativo<br />
humano”. Se há alguns anos esta frase de Michael Porter não era um princípio para o<br />
sector da Pedra Natural, hoje encerra em si toda a realidade desta indústria.<br />
Este sector, desde sempre com elevada<br />
vocação exportadora, nunca deixou de<br />
estar exposto às vicissitudes do mercado:<br />
crises cíclicas, entrada de novos<br />
países com “vantagens” competitivas,<br />
aparecimento de materiais substitutos,<br />
entre outras, e conseguiu sempre manter<br />
a sua posição entre os oito maiores<br />
países produtores e exportadores a nível<br />
mundial, fazendo dos constrangimentos<br />
verdadeiros impulsionadores<br />
do desenvolvimento.<br />
Para isso muito contribui também o<br />
Cluster da Pedra Natural, reconheci-<br />
12 // Outubro 12 // <strong>Portugal</strong>global<br />
do desde 2009, espaço onde os seus<br />
actores juntam sinergias e estão a empreender<br />
um conjunto de iniciativas<br />
que deverão, a médio prazo, contribuir<br />
para a mudança de paradigma de um<br />
sector em que a inovação é um factor<br />
decisivo para a competitividade. Temos<br />
como objectivos finais a internacionalização,<br />
a sustentabilidade e a competitividade<br />
do sector da Pedra Natural,<br />
sendo a nossa ambição enquadrar a<br />
mobilização de todos os envolvidos em<br />
torno de uma Estratégia e Programa de<br />
Acção definidos e assumidos colectivamente<br />
por empresas e instituições de<br />
suporte e que resulte numa visão comum<br />
para a Pedra Natural.<br />
As apostas estratégicas estão a concentrar-se<br />
no desenvolvimento de<br />
projectos que, no seu conjunto, irão<br />
consolidar a posição de <strong>Portugal</strong> no<br />
mercado global através do reconhecimento<br />
do sector, pela sua qualidade,<br />
competitividade e grau de inovação.<br />
São eles: valorização da Pedra Natural,<br />
sustentabilidade ambiental da indústria<br />
extractiva, novas tecnologias para<br />
a competitividade e outros factores<br />
complementares que sejam de respos-
tas aos eixos estratégicos definidos. O<br />
Projecto Valorização da Pedra Natural<br />
integra todas as actividades que contribuam<br />
para o aumento da dinâmica das<br />
suas empresas no mercado.<br />
A concepção de uma estratégia de<br />
comunicação e marketing que sirva<br />
de suporte ao Marketing Estratégico<br />
Sectorial, com vista à melhoria de<br />
imagem da Pedra Natural, actividades<br />
que permitam garantir ao consumidor<br />
a autenticidade do produto, como a<br />
obtenção da Denominação de Origem<br />
Controlada e o selo de qualidade StonePT,<br />
a valorização das potencialidades<br />
da Pedra através da sua certificação, e<br />
novas formas de valorização económica<br />
e estética da Pedra Natural, através<br />
“Temos como objectivos<br />
finais a internacionalização,<br />
a sustentabilidade e a<br />
competitividade do sector<br />
da Pedra Natural, sendo a<br />
nossa ambição enquadrar<br />
a mobilização de todos os<br />
envolvidos em torno de uma<br />
Estratégia e Programa de<br />
Acção definidos e assumidos<br />
colectivamente por empresas<br />
e instituições de suporte e que<br />
resulte numa visão comum<br />
para a Pedra Natural.”<br />
da investigação e do encontro, da arquitectura,<br />
do design e da arte, são as<br />
actividades definidas para a consolidação<br />
e conquista de mercados.<br />
O Projecto Sustentabilidade Ambiental<br />
para a Indústria Extractiva é constituído<br />
pelas actividades que permitirão ganhos<br />
ao nível da eficiência económica<br />
e ambiental do sector. A delimitação<br />
e planeamento integrado dos núcleos<br />
de actividade extractiva (visando a exploração<br />
sustentável dos recursos) e a<br />
realização de Cartografias Temáticas de<br />
diversas regiões do país (de forma a valorizar<br />
e racionalizar a sua exploração)<br />
são as actividades que irão responder<br />
ao Eixo Estratégico de Qualificação dos<br />
Recursos e dos Territórios.<br />
Já o Projecto Novas Tecnologias para a<br />
Competitividade consiste na investigação<br />
e experimentação de um conjunto<br />
de sistemas inteligentes de produção,<br />
que terão de responder simultaneamente<br />
aos desafios da produtividade e<br />
da inovação das empresas, permitindo<br />
em simultâneo posicionar as empresas<br />
de equipamentos portuguesas como<br />
produtoras de inovação tecnológica. O<br />
desenvolvimento de soluções robotizadas<br />
para a extracção de pedra, soluções<br />
CNC para a produção de peças em 3D<br />
e para o processamento inteligente de<br />
acabamentos de peças, CNC portáteis<br />
para a produção de replicações de objectos<br />
e para a sua manutenção, bem como<br />
soluções que permitirão minimizar impactos<br />
e contribuir para que as empresas<br />
sejam ainda mais amigas do Ambiente,<br />
constituem um desafio ambicioso, é certo,<br />
embora controlado pelo potencial de<br />
aplicabilidade de todas as soluções.<br />
Todos estes projectos e actividades que<br />
estamos a realizar são fruto da concer-<br />
DESTAQUE<br />
tação sectorial e serão realizados em<br />
parceria pelos actores que constituem<br />
o Cluster da Pedra Natural. A participação<br />
das empresas e de outros agentes<br />
nas actividades é aberta e ampla,<br />
havendo sempre a possibilidade de<br />
apresentarem as suas iniciativas para<br />
análise ou juntarem-se às de outros. A<br />
par disto, todas as actividades desenvolvidas<br />
serão divulgadas e os resultados<br />
partilhados com o sector.<br />
A promoção e a dinamização do Cluster<br />
da Pedra Natural são assumidas<br />
pela Associação Valor Pedra, criada especialmente<br />
para esse efeito em Maio<br />
de 2009. Embora criada com esse objectivo<br />
especifico de gestão do Cluster<br />
da Pedra Natural, a Associação assumiu<br />
desde o seu início uma visão estratégica<br />
a longo prazo que garanta a sua<br />
sustentabilidade futura.<br />
mgoulao@assimagra.pt<br />
<strong>Portugal</strong>global // Outubro 12 // 13
DESTAQUE<br />
ESTÉTICAS DA PEDRA PORTUGUESA<br />
NA ARQUITECTURA<br />
> POR JORGE CRUZ PINTO - ARQUITECTO, PROFESSOR CATEDRÁTICO DA FACULDADE DE ARQUITECTURA<br />
DA UNIVERSIDADE TÉCNICA DE LISBOA<br />
Sempre que o Homem pretendeu imortalizar as suas construções procurou na pedra a<br />
solidez, a resistência e a perenidade, desafiando a gravidade, a entropia e o tempo.<br />
Através da arte e do engenho – da poética<br />
e da técnica (nos seus sentidos<br />
mais originários), o Homem transformou<br />
a matéria-prima em materiais de<br />
construção. A pedra do seu estado tosco,<br />
ao bloco aparelhado das cantarias<br />
permitiu a construção arquitectónica<br />
ao longo dos tempos, nas suas diversas<br />
vertentes e estilos.<br />
A própria palavra estilo provém do estilete,<br />
o instrumento metálico com que<br />
se gravava a matéria, conferindo-lhe<br />
forma e adequação construtiva através<br />
da técnica, que faz aparecer na obra a<br />
verdade dos materiais e a expressão das<br />
forças que permitem a sua estabilidade<br />
tectónica e a sua expressão ornamental.<br />
O aparecimento e a larga difusão, nos<br />
últimos dois séculos, de novos materiais<br />
de construção, tais como, o ferro,<br />
o vidro e sobretudo o betão armado,<br />
vieram permitir o acentuar da separação<br />
entre a delimitação muraria e a estrutura<br />
dos edifícios, relegando para segundo<br />
plano função das alvenarias estruturais<br />
em pedra. Assim, a pedra na história<br />
da modernidade está sobretudo ligada<br />
à condição de revestimento, que a evolução<br />
tecnológica dos processos mecanização<br />
de corte permitiram reduzir a<br />
espessuras mínimas potenciando a sua<br />
aplicação decorativa de acabamento no<br />
revestimento de pavimentos, escadas,<br />
paredes e guarnecimentos.<br />
Pedra, território<br />
e arquitectura<br />
Pese embora a dimensão de 92.092 quilómetros<br />
quadrados do território português,<br />
a riqueza e diversidade geológica<br />
14 // Outubro 12 // <strong>Portugal</strong>global
têm permitido, desde há 2000 anos, a<br />
exploração de uma grande variedade<br />
de pedras ornamentais com características<br />
estéticas e técnicas particulares.<br />
No norte predominam os graníticos e<br />
as ardósias, no centro, no Ribatejo e na<br />
Estremadura os calcários, no Alentejo os<br />
mármores e alguns granitos e xistos, e<br />
no Algarve as brechas.<br />
Assim, em cada região do país, as arquitecturas<br />
popular e erudita apropriam-se<br />
e adequam-se aos recursos geológicos<br />
próximos. As várias civilizações e culturas<br />
e estilos, que marcaram o tempo e o es-<br />
paço do território português deixaram na<br />
pedra o testemunho da sua passagem,<br />
usando os recursos geológicos locais e<br />
exportando-os aos outros territórios europeus<br />
e ultramarinos. Hoje a introdução<br />
de novas tecnologias de extracção e<br />
transformação tem permitido a consolidação<br />
e expansão do mercado externo<br />
da pedra ornamental portuguesa.<br />
A pedra em que se construíram os principais<br />
monumentos e edifícios institucionais<br />
conferiram unidade às imagens<br />
urbanas das cidades e vilas portuguesas.<br />
A coexistência da variedade de estilos<br />
arquitectónicos de cada época em<br />
cidades como Lisboa, Porto, Coimbra<br />
ou Évora é equilibrada pelo uso dos<br />
mesmos tipos de pedra que unificam a<br />
imagem urbana.<br />
Património<br />
e contemporaneidade<br />
arquitectónica:<br />
alguns exemplos<br />
A diversidade, a qualidade e a riqueza<br />
estética dos calcários da região Centro<br />
e Estremadura foram aplicadas ao<br />
longo da história em diversos monumentos<br />
e conjuntos arquitectónicos,<br />
tais como: o Mosteiro de Alcobaça, o<br />
Mosteiro da Batalha, expoente da arquitectura<br />
e da estatuária gótica, e o<br />
complexo do Convento de Cristo de<br />
Tomar, entre outros.<br />
Lisboa,”Cidade Branca”, deve a sua<br />
peculiar luminosidade, entre outros<br />
factores, aos fenómenos de reflexão<br />
da proximidade do mar oceano e às<br />
aplicações dos calcários brancos: o<br />
lioz branco aplicado na construção<br />
dos principais monumentos históricos<br />
– Catedral, Panteão, Aqueduto, S. Vicente,<br />
Carmo, Basílica da Estrela, Baixa<br />
Pombalina… – e nas cantarias dos<br />
edifícios de habitação históricos e contemporâneos<br />
que contrastam com as<br />
policromias de azulejos e rebocos pintados,<br />
além dos pavimentos artísticos<br />
da calçada à portuguesa, executada<br />
em vidraço branco e basalto negro que<br />
marcam a paisagem urbana.<br />
Neste contexto patrimonial foi implantada<br />
a obra contemporânea do Centro<br />
Cultural de Belém (da autoria de Gre-<br />
DESTAQUE<br />
gotti e Salgado) que procura uma integração<br />
na imagem urbana através do<br />
revestimento das fachadas e pavimentos<br />
em placagens de lioz, cuja textura<br />
escacilhada esbate intencionalmente<br />
em distintos matizes cromáticos de<br />
branco, creme, amarelo, avermelhado…,<br />
também aplicados nos pavimentos<br />
com acabamento amaciado.<br />
No pós-modernismo (final dos anos 70,<br />
início de 80), a utilização da pedra manifesta<br />
frequentemente uma contradição<br />
e aleatoriedade com os elementos arqui-<br />
“A pedra na história<br />
da modernidade está<br />
sobretudo ligada à condição<br />
de revestimento, que a<br />
evolução tecnológica dos<br />
processos mecanização de<br />
corte permitiram reduzir<br />
a espessuras mínimas<br />
potenciando a sua aplicação<br />
decorativa de acabamento<br />
no revestimento de<br />
pavimentos, escadas, paredes<br />
e guarnecimentos.”<br />
tectónicos, como é o caso do conjunto<br />
dos edifícios das Amoreiras ou do BNU,<br />
em Lisboa (da autoria de T. Taveira).<br />
Também dentro da corrente pós-moderna,<br />
de tendência ecléctica, o edifício da<br />
Caixa Geral de Depósitos (da autoria de<br />
Arsénio Cordeiro) é um exemplo da aplicação<br />
intensiva do lioz, em distintas formas<br />
de tratamento e cromatismos: rosa,<br />
amarelo, branco e abancado polido, em<br />
contraste com o mármore verde-escuro.<br />
A larga tradição histórica da construção<br />
em granito no norte do País e na cidade<br />
do Porto é fortemente interpretada na<br />
arquitectura contemporânea de arquitectos<br />
como Fernando Távora, Álvaro<br />
Siza e Souto Moura (autores emblemáticos<br />
da Escola do Porto), além outros<br />
posicionamentos individuais mais a sul.<br />
Fernando Távora, entre muitas outras<br />
obras, reinterpreta e reconstrói a an-<br />
<strong>Portugal</strong>global // Outubro 12 // 15
DESTAQUE<br />
tiga torre medieval desaparecida da<br />
Casa dos 24, totalmente construída em<br />
granito e incluindo dois grandes envidraçados,<br />
no lugar original junto da<br />
Catedral românica do Porto. Também<br />
do mesmo autor, a conhecida Casa de<br />
Ofir retoma a construção dos muros<br />
graníticos tradicionais de perpianho.<br />
Entre a vasta e notável obra arquitectónica<br />
de Álvaro Siza, marcada pelo experimentalismo<br />
de inovadoras metamorfoses<br />
plástico-espaciais, pelos efeitos<br />
surpreendentes da luz, de escalas e tratamento<br />
refinado dos detalhes construtivos,<br />
a pedra ornamental é utilizada em<br />
diversas aplicações que procuram reforçar,<br />
demarcar ou unir sintacticamente<br />
determinados elementos arquitectónicos,<br />
tornando as adequações funcionais<br />
em subtis intenções estéticas.<br />
São disso exemplos a aplicação da pedra<br />
calcária de lioz, no edifício do Pavilhão<br />
de <strong>Portugal</strong> da EXPO 98 em Lisboa<br />
e, também em Lisboa, no edifício dos<br />
Terraços de Bragança, numa integração<br />
contemporânea com arquitectura pombalina,<br />
recorre às cantarias de calcário<br />
lioz creme nos embasamentos e nas lajes<br />
de grande dimensão das varandas.<br />
Na obra de Siza o uso da pedra ornamental<br />
portuguesa estende-se também<br />
a objectos de design: como a pia baptismal<br />
da Igreja de Marco de Canavezes<br />
em lioz; o detalhe ergonómico do corrimão<br />
em lioz da estação de metro do<br />
Chiado; ou a sua notável chaise-long<br />
talhada em duas peças, no mesmo<br />
mármore branco, que estabelece um<br />
marco entre o design e a escultura.<br />
Na apreciável obra de E. Souto Moura,<br />
os embasamentos e muros de cantaria<br />
em granito (perpianho) jogam um papel<br />
construtivo e estético, fundamental<br />
nas delimitações arquitectónicas e na<br />
integração nos lugares, contrastando<br />
intencionalmente com a linguagem minimalista<br />
dos grandes envidraçados e<br />
da dominância das grandes superfícies<br />
brancas: no Mercado Municipal de Braga,<br />
na Casa das Artes no Porto e nas várias<br />
casas construídas na região norte.<br />
Na contemporaneidade, as obras de<br />
Aires Mateus revelam uma particular<br />
16 // Outubro 12 // <strong>Portugal</strong>global<br />
originalidade e abstracção geométrica<br />
na alternância compositiva entre<br />
os espaços vazios brancos minimalistas<br />
e a expressão plástica de volumes<br />
puros, integralmente revestimentos<br />
em pedra, das quais salientamos o<br />
edifício do Centro Cultural de Sines,<br />
que surge como uma mole de pedra<br />
talhada, em alternância de vazios de<br />
ruas e de blocos unidos interiormente<br />
através do subsolo.<br />
Da aplicação dos xistos, referimos a discreta<br />
obra semi-enterrada, do Museu da<br />
Luz (da autoria de Pedro Pacheco e Marie<br />
Clément), delicadamente integrada<br />
na topografia e geologia, inteiramente<br />
revestida a estreitas fiadas de xisto empilhadas<br />
contra os muros de betão. A<br />
aplicação das fiadas de xisto confere um<br />
jogo de texturas de matizes cromáticos<br />
verdes, castanhos e cinzentos nos muros<br />
exteriores, reforçando o carácter horizontal<br />
do edifício e nos ambientes interiores,<br />
sob o efeito da luz natural zenital.<br />
Para concluir, apresentamos algumas<br />
das obras da nossa autoria (Jorge Cruz<br />
Pinto e Cristina Mantas) onde a pedra<br />
portuguesa assume diversas aplicações.<br />
Em dois espaços urbanos de Vidigueira<br />
recorremos à pavimentação em calçada<br />
à portuguesa, em pedra calcária de vidraço<br />
branco e basalto negro.<br />
A aplicação arquitectónica dos mármores<br />
do Baixo Alentejo criando relações de<br />
contraste com os brancos dos rebocos e<br />
estuques dá-se no edifício bancário do<br />
Credito Agrícola no uso do mármore<br />
de Trigaches, onde o mármore verde de<br />
Serpa inunda de reflexos esverdeados as<br />
paredes dos espaços interiores.<br />
Ultrapassando a condição contemporânea<br />
da pedra como revestimento,<br />
desenhámos o projecto experimental<br />
em alvenaria estrutural edificada em<br />
blocos ciclópicos de mármore rosa e<br />
cinza claro de Vila Viçosa, para a Adega<br />
Cooperativa de Vidigueira, que se<br />
desenvolve em torno de um pátio.<br />
Em suma, os exemplos apresentados<br />
de aplicação da pedra ornamental portuguesa<br />
na arquitectura não esgotam<br />
as aplicações estéticas, construtivas e<br />
estruturais inovadoras, que têm surgido<br />
não só em <strong>Portugal</strong>, como em obras<br />
espalhadas pelo mundo, face às suas<br />
características físicas, à diversidade e<br />
qualidade estéticas.<br />
Jorge@cruzpinto.com
A ARTE DA CALÇADA À PORTUGUESA<br />
>POR ERNESTO MATOS - DESIGNER GRÁFICO E AUTOR DE OBRAS SOBRE A CALÇADA PORTUGUESA<br />
Por muito desatentos que sejamos, na nossa vida diária, a calçada portuguesa jamais<br />
nos deixará indiferente ao percorremos os trilhos do caminhar urbano nas principais<br />
cidades portuguesas.<br />
A calçada portuguesa, inicialmente<br />
designada por calçada-mosaico, é fruto<br />
da persistência de várias gerações<br />
que têm vindo a apostar numa aplicação<br />
de pavimentos que fazem actualmente<br />
parte dos longos caminhos da<br />
história de um povo.<br />
Longe vai o tempo em que várias civilizações<br />
demonstravam as suas vivências<br />
através de um desenho minuciosamente<br />
elaborado com pequenas<br />
peças coloridas, a que chamamos de<br />
mosaicos, de que é exemplo o muito<br />
conhecido mosaico bizantino da época<br />
romana. Muitas dessas obras chegam<br />
até nós bem conservados, como<br />
é o caso dos imponentes tapetes em<br />
tessela de Conímbriga.<br />
Mais tarde, já muito depois da presença<br />
romana na Península Ibérica, os<br />
religiosos Carmelitas Descalços, recolhidos<br />
na floresta do Buçaco, em finais<br />
do séc. XVI, continuam a elaborar, quer<br />
no chão ou nas paredes das suas edificações,<br />
desenhos que evidenciam uma<br />
forma singular de cultura religiosa que<br />
vê na singeleza e na pureza das simples<br />
pedras recolhidas no chão, um meio<br />
para comunicar a sua fé.<br />
Embora a pedra fosse uma presença<br />
constante na elaboração de pavimen-<br />
“O mundo é pequeno em<br />
relação ao universo, tal<br />
como estas pedras da calçada<br />
o são, mas estas singelas<br />
sementes minerais plenas<br />
de arte e humanidade,<br />
coloridas de preto e branco,<br />
encontram-se cheias de força,<br />
de vontade para ilustrarem<br />
o planeta à imagem da alma<br />
portuguesa.”<br />
tos nas cidades medievais, o facto é<br />
que muitas cidades tinham as suas<br />
principais ruelas de terra batida. No<br />
decorrer dos descobrimentos portu-<br />
DESTAQUE<br />
gueses, que vão desenvolver, principalmente,<br />
as cidades portuárias, o<br />
monarca D. João II, em finais do séc.<br />
XV, empenha-se pessoalmente para<br />
que a cidade de Lisboa possua uma<br />
grande artéria, digna de receber as valiosas<br />
mercadorias vindas do Oriente.<br />
Assim, a melhor pedra foi seleccionada<br />
para pavimentar a majestosa Rua Nova<br />
dos Mercadores, tendo sido contudo necessário<br />
trazer pedra do Norte dado que<br />
a da região de Lisboa danificava-se com<br />
demasiada facilidade. Tal como as catedrais,<br />
o chão é aqui aprimorado e procura-se,<br />
entre outros atributos, a higiene<br />
urbana e o desenvolvimento comercial<br />
em plena expansão na urbe lisboeta.<br />
O fatídico terramoto de 1755 veio<br />
acarretar grandes mudanças na cidade<br />
ainda com características medievais. A<br />
renovação arquitectónica que se seguiu<br />
iria desenvolver-se através de uma<br />
perspectiva urbanística mais humanizada.<br />
Os passeios passam a ser definidos<br />
dentro dos arruamentos existentes, o<br />
<strong>Portugal</strong>global // Outubro 12 // 17
DESTAQUE<br />
lajedo de lioz circunda agora os grandes<br />
edifícios, dando assim a oportunidade<br />
aos transeuntes de se separarem<br />
de um trânsito, quer animal ou rodoviário.<br />
Em edifícios mais pequenos, uma<br />
pedra miúda, bastante mais económica,<br />
atapeta as frontarias. Por vezes,<br />
elabora-se o desenho de uma estrela,<br />
como crença e protecção, dado o anterior<br />
flagelo estar ainda bem presente<br />
nas memórias dos alfacinhas.<br />
O séc. XIX trás consigo as grandes<br />
correntes humanitárias – iniciam-se<br />
as viagens como deslocação regular,<br />
desponta o gosto pela arqueologia e<br />
pela história num revivalismo sem precedentes<br />
e a Arte Nova alastra pela<br />
Europa. É então que Lisboa se apressa<br />
a edificar uma praça condigna de receber<br />
visitantes de todas as partes do<br />
mundo. Eusébio Cândido Furtado, responsável<br />
pela prisão existente no espaço<br />
do Castelo de São Jorge, apresenta<br />
uma fantástica solução à cidade, o<br />
calcetamento artístico em larga escala.<br />
Após algumas experiências com excelentes<br />
resultados no próprio átrio da<br />
cadeia, este militar cede os seus prisioneiros<br />
para o serviço de uma causa<br />
pública e mesmo amarrados nas pernas<br />
com os pesados grilhões de ferro, estes<br />
homens (alcunhados popularmente<br />
de grilhetas), descem diariamente<br />
a encosta do castelo até ao Rossio.<br />
Em pouco mais de um ano edificam<br />
o calcetamento de uma das melhores<br />
praças europeias, com um conjunto de<br />
ondas a preto e branco em toda a sua<br />
extensão, ladeadas de desenhos de florões<br />
e no seu extremo sul a data da sua<br />
finalização, 31-12-1849. Esta praça e<br />
os seus desenhos irão influenciar todo<br />
o futuro dos pavimentos artísticos: a<br />
recém-nascida calçada-mosaico.<br />
18 // Outubro 12 // <strong>Portugal</strong>global<br />
Tal como o mundo não pára, estes atapetados,<br />
extremamente viáveis e económicos<br />
não voltarão a parar, quer no<br />
avançar das ruas da cidade de Lisboa<br />
como no calcetamento dos principais<br />
locais emblemáticos das restantes cida-
des portuguesas. Os calcários das zonas<br />
litorais passam a ser extraídos com regularidade,<br />
tal como o basalto negro, irregular<br />
e duro em que no próprio local de<br />
construção é penosamente partido com<br />
camartelos. Posteriormente é usado o<br />
calcário negro de região de Mem Martins<br />
que substitui o duro basalto. Nas<br />
localidades do interior é também usado<br />
o mármore, quartzo e o xisto. Nas ilhas,<br />
o seixo rolado em abundância floresce<br />
num tratuário urbano para os peões.<br />
O desenho sai à rua para ser usufruído<br />
por toda a população. Artistas de<br />
cada época são convidados a dar o seu<br />
contributo estético e as obras de arte,<br />
contrariamente à dos museus, são<br />
aqui manifestamente expostas para<br />
ser pisadas, e quanto mais o são, mais<br />
brilho têm.<br />
As cidades apropriam-se definitivamente<br />
desta técnica, dado os benefícios<br />
serem muitos – pedra económica<br />
e abundante, além de reciclável, uma<br />
mão-de-obra carente de trabalho,<br />
maior limpeza urbana e acima de<br />
tudo um enorme poder comunicacional<br />
através do simples e sugestionável<br />
DESTAQUE<br />
contraste cromático. Agora, a designada<br />
calçada à portuguesa é uma referência<br />
e é utilizada como imagem<br />
nacional, sendo inclusivamente levada<br />
a Paris para a Exposição Universal de<br />
1900 e para a de Sevilha, em 1929,<br />
como passeios do pavilhão português<br />
nestes importantes certames.<br />
As crises económicas do séc. XX levam<br />
à partida de muitos cidadãos<br />
para distantes partes do mundo, nomeadamente<br />
para as antigas colónias<br />
africanas e para o Brasil, e aí florescem<br />
grandes empreendimentos urbanos e<br />
a calçada será levada pela diáspora e<br />
ficará na sua alma para sempre.<br />
No Rio de Janeiro, em 1909, uma das<br />
mais belas baías do mundo é apresentada<br />
ao público e em toda a sua extensão<br />
é elaborado um dos pavimentos<br />
mais marcantes do turismo mundial, o<br />
famoso Calçadão de Copacabana, que<br />
longitudinalmente é banhado pelas<br />
mesmas ondas desenhadas pela pedra<br />
vindas do outro lado do Atlântico, o<br />
Mar Largo do Rossio.<br />
São estes os mesmos traços que Walt<br />
Disney, em 1942, imortalizou através<br />
do seu pincel no célebre desenho animado<br />
Alô Amigos. O que seria então<br />
de Copacabana ou mesmo de Ipanema<br />
sem a pedra portuguesa? Ou o<br />
Largo do Senado de Macau sem as<br />
mesmas ondas e pedras de uma cultura<br />
que atravessa continentes? O mundo<br />
está atento e algumas cidades do<br />
mundo enfeitam-se, como Alicante e<br />
as suas refrescantes ondas da Esplanada<br />
de España, as extensas folhas<br />
de cerejeira à entrada de Madrid, um<br />
colibri em São Francisco, o sol radiante<br />
na Lantau Island de Hong Kong ou a<br />
rosa-dos-ventos em Honolulu.<br />
Enfim, o mundo é pequeno em relação<br />
ao universo, tal como estas pedras da<br />
calçada o são, mas estas singelas sementes<br />
minerais plenas de arte e humanidade,<br />
coloridas de preto e branco,<br />
encontram-se cheias de força, de vontade<br />
para ilustrarem o planeta à imagem<br />
da alma portuguesa.<br />
ernest.matos@gmail.com<br />
<strong>Portugal</strong>global // Outubro 12 // 19
DESTAQUE<br />
EXPORTAR QUALIDADE EM<br />
MÁRMORES E GRANITOS<br />
>POR JORGE GALRÃO, PRESIDENTE DO GRUPO GALRÃO<br />
Com uma estratégia de exportação e gestão arrojada, o Grupo Galrão cresceu<br />
sustentadamente e consolidou a sua internacionalização.<br />
O Grupo Galrão, fundado em 1955<br />
por Eduardo Galrão Jorge, é considerado<br />
um dos mais importantes e conceituados<br />
representantes de mármores<br />
e granitos portugueses no mundo.<br />
Da mesma forma, tornou-se numa<br />
empresa histórica no panorama industrial<br />
português.<br />
Nos anos 60, começou a exportar para<br />
o mercado espanhol e norte-americano,<br />
seguindo para os mercados tradicionais<br />
europeus, designadamente<br />
França e Alemanha. Actualmente, atribui<br />
cerca de 80 por cento da sua facturação<br />
ao mercado internacional, tendo<br />
obras espalhadas por todo o mundo.<br />
A extracção do mármore é realizada<br />
nas suas pedreiras de Estremoz e Vila<br />
Viçosa e a de granito na região norte<br />
do país. Paralelamente, adquirem outras<br />
pedras nos mais variados mercados<br />
a nível mundial, tal como Marrocos,<br />
Brasil, entre outros. A transformação<br />
da pedra ocorre numa das duas<br />
fábricas em Pêro Pinheiro. Por sua vez,<br />
o granito é transformado em Monção,<br />
no norte de <strong>Portugal</strong>.<br />
As vendas para os pequenos projectos<br />
nacionais fazem-se principalmente<br />
através dos armazéns próprios estrategicamente<br />
posicionados no Porto, Leiria<br />
e Seixal e as vendas para os médios<br />
e grandes projectos nacionais, assim<br />
como as exportações, fazem-se directamente<br />
das duas fábricas.<br />
O Grupo Galrão apresenta uma capacidade<br />
de transformação a rondar<br />
os 30.000 metros quadrados por mês<br />
nos produtos e é especialista em projectos<br />
à medida e à exigência do clien-<br />
20 // Outubro 12 // <strong>Portugal</strong>global
te – cut-to-size –, quer de pequena e<br />
média, quer de grande dimensão, não<br />
descurando as dimensões standard,<br />
utilizadas nos mercados, para o qual<br />
tem linhas próprias.<br />
Primam pela apresentação e pelo cumprimento<br />
dos mais altos parâmetros de<br />
qualidade e valor acrescentado, pelo<br />
que se esforçam constantemente para<br />
a reformulação e melhoramento da<br />
empresa. Ao nível dos investimentos,<br />
destacam-se: a criação de novas condições<br />
de extracção nas pedreiras, os<br />
incrementos na capacidade produtiva e<br />
a actualização e modernização tecnológica<br />
permanente nas fábricas.<br />
Alargar o raio de acção é a premissa<br />
da empresa, pelo que o Grupo Galrão<br />
consegue compensar o decréscimo<br />
de obras em alguns países, graças à<br />
sua presença em mercados fora da<br />
Europa. Referimo-nos aos mercados<br />
em franco crescimento e que têm<br />
sido muito importantes: EUA, Canadá,<br />
Alemanha, França, Hong Kong,<br />
Coreia, Singapura ou mesmo alguns<br />
países de Leste e de África. Em Angola,<br />
por exemplo, o Grupo Galrão está<br />
a fornecer a maior obra do país: a Assembleia<br />
Nacional.<br />
Para além disso, o Grupo Galrão vai<br />
abrir duas empresas, uma no Brasil e<br />
outra no Extremo Oriente, com parceiros<br />
locais, estando a analisar a hipótese<br />
de se colocarem, através de joint-ventures,<br />
noutros mercados. Desta forma,<br />
asseguram a sustentabilidade do Grupo,<br />
que emprega mais de uma centena<br />
de colaboradores.<br />
Este sector é fortemente exportador,<br />
empregando dezenas de milhares de<br />
pessoas com as empresas distribuídas<br />
pelo país. Tem uma incorporação de<br />
valor acrescentado nacional bastante<br />
significativo visto que as matérias-primas,<br />
mão-de-obra, know-how e tecnologia<br />
são portugueses. A única componente<br />
importada é a energia, o que<br />
dá a este sector uma importância para<br />
a economia nacional, por vezes pouco<br />
reconhecida, seja na classe política,<br />
seja na comunicação social.<br />
SOLANCIS<br />
TRADIÇÃO E INOVAÇÃO<br />
EXPORTAM PARA CINCO<br />
CONTINENTES<br />
DESTAQUE<br />
Empresa com uma forte componente inovadora e<br />
exportadora, a Solancis expandiu-se para os mercados<br />
externos, levando até eles a excelência da pedra<br />
ornamental portuguesa.<br />
A Solancis foi constituída no dia 12 de<br />
Setembro de 1969. A sua sede e unidade<br />
transformadora mantêm-se na<br />
Benedita, vila do concelho de Alcobaça<br />
situada junto às serras de Aire e Candeeiros.<br />
É nestas serras que a empresa<br />
tem as suas pedreiras, das quais extrai<br />
a base de todo o negócio: a pedra.<br />
Em 1989, vinte anos depois de ter sido<br />
fundada, a empresa decidiu apostar<br />
numa estratégia de exportação. Investiu<br />
em tecnologias e metodologias inovadoras,<br />
qualificou os trabalhadores, obteve<br />
várias certificações e galardões. Hoje, a<br />
Solancis exporta 92 por cento do volume<br />
de negócios para os cinco continentes.<br />
Em mais de quatro décadas de percurso,<br />
que se traduzem em crescimento,<br />
experiência e maturidade, não perdeu<br />
o cariz familiar que sempre caracteri-<br />
<strong>Portugal</strong>global // Outubro 12 // 21
DESTAQUE<br />
zou a Solancis, nem perdeu de vista os<br />
objectivos, preocupações e prioridades<br />
que sempre moveram a empresa.<br />
Nesta medida, a segurança e o bemestar<br />
dos cerca de 85 colaboradores da<br />
22 // Outubro 12 // <strong>Portugal</strong>global<br />
empresa, a minimização dos impactos<br />
gerados pela actividade e o investimento<br />
na modernização das tecnologias e<br />
metodologias inovadoras continuam,<br />
por isso, a ser uma prioridade para a<br />
empresa, sendo através da convergên-<br />
cia optimizada destes factores que a<br />
Solancis consegue oferecer produtos<br />
de alta qualidade.<br />
Para além do reconhecimento do mercado,<br />
que tem levado a empresa a<br />
posições de liderança tanto a nível nacional<br />
como a nível internacional, a Solancis<br />
também obteve reconhecimento<br />
institucional. Ao longo das últimas<br />
duas décadas a empresa foi galardoada<br />
com vários prémios, entre eles o Prémio<br />
Empresa Prestígio (1994 e 1995), o Prémio<br />
PME Excelência (1998 a 2001) e o<br />
prémio PME Líder (2009, 2010, 2011),<br />
todos pelo IAPMEI.<br />
A estratégia de exportação iniciada na<br />
década de 1980 privilegiava o mercado<br />
europeu, mas as participações nas feiras<br />
internacionais alargaram a carteira de<br />
clientes aos mercados do Médio Oriente,<br />
Sudoeste Asiático e Américas. Hoje, o<br />
mercado da Solancis é maioritariamente<br />
externo e alcança os cinco continentes.<br />
Numa altura em que as exportações são<br />
tidas como fundamentais para um país<br />
em crise financeira profunda, o sector<br />
das pedras ornamentais é muito importante<br />
para <strong>Portugal</strong>. Em termos globais,<br />
a pedra portuguesa representa 1,0 por<br />
cento do total de exportações do país,<br />
e a tendência é de crescimento, pois a<br />
sua qualidade e beleza continuam a conquistar<br />
cada vez mais adeptos, principalmente<br />
entre os mercados emergentes.<br />
<strong>Portugal</strong> é um dos maiores exportadores<br />
de pedras ornamentais do mundo. De<br />
forma a fazer frente à competitividade<br />
no mercado global, e estando vocacionado<br />
maioritariamente para a actividade<br />
de transformação a partir dos blocos<br />
das suas pedreiras, a estratégia da Solancis<br />
passa pela oferta diferenciada de<br />
produtos – contemplando a incorporação<br />
do design – a preços competitivos.<br />
Reforçar a liderança no sector das pedras<br />
ornamentais a nível nacional e a<br />
nível internacional é o objectivo da empresa,<br />
apenas concretizável mantendo<br />
uma atenção redobrada à concorrência,<br />
uma atitude pró-activa na actuação<br />
com os mercados e uma preocupação<br />
constante com a produtividade e com a<br />
qualidade do produto.
A nossa energia<br />
é para a sua empresa!<br />
Encontre nas soluções PME Power<br />
a energia para o crescimento, a consolidação<br />
e a competitividade da sua empresa.
EMPRESAS<br />
ICC LAVORO<br />
CALÇADO PROFISSIONAL PARA MERCADOS EXIGENTES<br />
Especializada em calçado profissional, a ICC – LAVORO é um dos dez maiores<br />
produtores europeus de calçado neste segmento, fruto de uma estratégia de duas<br />
décadas, onde investigação, desenvolvimento e inovação tecnológica são a chave<br />
do sucesso. A empresa está presente nos mercados europeus mais exigentes, bem<br />
como no Canadá, mas é seu objectivo chegar à meia centena de mercados já no<br />
próximo ano, entre os quais se encontram o Qatar, os Emirados Árabes Unidos e a<br />
Nova Zelândia.<br />
Fundada em 1986, em Guimarães,<br />
a ICC – Indústria e Comércio de Calçado<br />
desde logo se empenhou na investigação<br />
e desenvolvimento de alta<br />
tecnologia aplicada à criação e fabrico<br />
de calçado, investindo em tecnologia<br />
avançada de produção de solas e, sobretudo,<br />
na utilização de materiais naturais<br />
com vista a uma utilização sadia<br />
e confortável do calçado. Sócia e fundadora<br />
do Centro Tecnológico do Calçado<br />
de <strong>Portugal</strong> (CTCP), a ICC começou<br />
a exportar no ano seguinte, tendo<br />
como destino o mercado holandês.<br />
A matriz tecnológica original da empresa,<br />
bem como as mais-valias e o<br />
carácter distintivo da produção, levou,<br />
no entanto, à concentração de esforços<br />
no nicho de mercado do calçado<br />
profissional. A ICC – LAVORO incorpora<br />
hoje mais de duas décadas de investigação,<br />
desenvolvimento e inovação<br />
em projectos que associam estruturas<br />
técnicas internas e instituições externas<br />
acreditadas.<br />
Com relevante presença na Europa<br />
Comunitária e em exigentes mercados<br />
como a Suíça ou a Noruega, a LAVO-<br />
RO chega já a outros mercados, como<br />
a Nigéria, Qatar, Emirados Árabes<br />
Unidos e Nova Zelândia. O objectivo<br />
é alcançar a meia centena de destinos<br />
de exportação em 2013, revela Teófilo<br />
Ribeiro Leite, presidente do Conselho<br />
de Administração.<br />
De acordo com este responsável, é missão<br />
da ICC – LAVORO “liderar a inova-<br />
24 // Outubro 12 // <strong>Portugal</strong>global<br />
ção, a produção e a comercialização de<br />
equipamentos de protecção individual,<br />
disponibilizando ao mercado, enquanto<br />
especialistas em equipamentos de<br />
protecção individual, uma vasta e inovadora<br />
gama complementar de produtos<br />
– do calçado profissional ao vestuário<br />
– capaz de favorecer o estado geral<br />
de boa saúde do utilizador, bem como<br />
a criação de valor e a sustentabilidade<br />
da actividade”.<br />
Uma história de inovação<br />
A ICC apostou, desde cedo, na criação<br />
e produção de modelos com design<br />
próprio e no controlo da rede de distri-<br />
buição. A consequência natural desta<br />
estratégia foi a criação da marca LA-<br />
VORO (Engineered by ICC) que é hoje<br />
referência no mercado do calçado profissional<br />
europeu e mundial. A marca<br />
foi oficialmente apresentada em 1988,<br />
na feira Metalomecânica, em <strong>Portugal</strong>,<br />
e na feira Expoprotection, em França,<br />
tendo no mesmo ano chegado ao mercado<br />
alemão, um dos maiores mercados<br />
europeus.<br />
A internacionalização da empresa passou,<br />
precisamente, pela participação<br />
em feiras internacionais do sector,<br />
salientando-se a criação, em 1992, de
uma empresa de distribuição na Alemanha,<br />
para dar expressão a uma política<br />
de internacionalização sustentada,<br />
explica Teófilo Leite.<br />
Para aumentar as vendas nos mercados<br />
europeus, a ICC apostou na criação<br />
de novas marcas, incluindo uma gama<br />
para senhora, e recorreu ao outsourcing<br />
na produção de gáspeas, primeiro<br />
no Brasil e depois na Índia.<br />
Simultaneamente, a ICC – LAVORO<br />
investiu, ao longo dos anos, em investigação<br />
e desenvolvimento, apostando<br />
na inovação dos seus produtos e na<br />
utilização de novas técnicas, tendo sido<br />
pioneira, designadamente, no desenvolvimento<br />
da primeira palmilha em<br />
cortiça (Clima Cork System) e no lançamento<br />
mundial da palmilha da geração<br />
da balística, ao incorporar Kevlar.<br />
A empresa sublinha a aposta, desde<br />
sempre efectuada, em processos de<br />
inovação centrados no utilizador, assumindo-se,<br />
por isso, como um Living<br />
Lab para os equipamentos de protecção<br />
individual (EPI), com ênfase no calçado<br />
profissional. Foi essa postura, a par da<br />
adaptação constante a novos desafios,<br />
apostando na qualidade e na certificação<br />
de processos e técnicas, que, segundo<br />
o seu presidente, permitiu à LAVO-<br />
RO, a partir de <strong>Portugal</strong>, figurar entre<br />
os dez maiores produtores europeus de<br />
calçado profissional, com marca própria<br />
ou com identidade do cliente, “e estar<br />
sempre com os dois pés no futuro”.<br />
“Uma visão prospectiva das alterações<br />
estruturais dos mercados confere-nos<br />
a clarividência para, neste nicho de<br />
mercado muito exigente do ponto de<br />
vista normativo, privilegiarmos uma<br />
cultura empresarial que valoriza a inovação<br />
aos mais variados níveis – produtivo,<br />
tecnológico, ambiental e social.<br />
Mas também a percepção exacta<br />
da nossa identidade: uma indústria de<br />
serviço”, afirma o presidente do Conselho<br />
de Administração.<br />
Considerando que, na indústria do calçado,<br />
a inovação só é bem sucedida se<br />
se dominar as leis da podologia e da<br />
biomecânica, a LAVORO criou um Centro<br />
de Estudos de Biomecânica (SPO-<br />
DOS), que visa o desenvolvimento e<br />
o aconselhamento técnico do calçado<br />
ICC – LAVORO<br />
Sol-Pinheiro 4810-718<br />
Guimarães - <strong>Portugal</strong><br />
Tel.: +351 253 520 669<br />
Fax: +351 253 140 905<br />
info@lavoro.pt<br />
www.lavoro.pt<br />
EMPRESAS<br />
mais adequado a cada tipologia de ambiente<br />
de trabalho, e assim potenciar<br />
a performance do calçado profissional.<br />
Fabricando quase em exclusivo (90<br />
por cento) para as suas próprias marcas,<br />
a ICC – LAVORO facturou cerca de<br />
15 milhões de euros no ano passado<br />
e perspectiva manter um nível semelhante<br />
em 2012. O objectivo é crescer<br />
sustentadamente até à meta dos 25<br />
milhões de euros, a alcançar dentro<br />
de três a cinco anos. De acordo com<br />
o presidente da empresa, a diversificação<br />
de mercados e “o fim [do] período<br />
de perder clientes relevantes”, através<br />
da descida na cadeia de distribuição na<br />
Europa, permitem “minimizar riscos,<br />
reter em <strong>Portugal</strong> essas margens e assim<br />
acrescentar mais valor”.<br />
Refira-se que da empresa saem todas<br />
as semanas mil embalagens de dez pares,<br />
que têm como principais clientes<br />
os mais diversos distribuidores e revendedores,<br />
sobretudo na Europa, já que<br />
o calçado profissional é um produto típico<br />
dos países com uma industrialização<br />
madura, de absoluto respeito pelas<br />
normas de higiene, saúde e segurança<br />
no trabalho. Os principais destinos geográficos<br />
dos produtos LAVORO são os<br />
países da Europa Central.<br />
De sublinhar igualmente que a ICC<br />
– LAVORO é uma das três empresas<br />
portuguesas com maior número de registos<br />
de patentes (15) e a única não<br />
farmacêutica nas primeiras quatro posições<br />
do ranking nacional das indústrias<br />
mais inovadoras. Em 2011, foi a<br />
primeira empresa do sector do calçado<br />
profissional a obter a certificação IDI.<br />
A qualidade dos produtos LAVORO é<br />
ainda certificada por diversas organizações<br />
independentes, tais como o CTCP,<br />
em <strong>Portugal</strong>, a SATRA, no Reino Unido,<br />
e a PFI, na Alemanha.<br />
<strong>Portugal</strong>global // Outubro 12 // 25
EMPRESAS<br />
RESUL<br />
FLEXIBILIDADE E DIVERSIDADE<br />
SÃO A CHAVE DO SUCESSO<br />
Há 30 anos a operar no mercado, a expansão internacional da RESUL, empresa<br />
especializada na comercialização de equipamentos para redes eléctricas, teve início<br />
em 1986, então para os mercados africanos de língua oficial portuguesa. Hoje, a<br />
empresa exporta para 26 mercados externos dos continentes europeu, africano e<br />
asiático. A América do Norte, onde acaba de adquirir uma nova fábrica, é a próxima<br />
etapa do processo de internacionalização da RESUL.<br />
Fundada em Agosto de 1982, inicialmente<br />
como uma empresa meramente<br />
comercial, a RESUL desde cedo encetou<br />
uma forte actividade industrial ligada<br />
ao sector produtivo, associando-se<br />
e participando em duas fábricas distintas:<br />
a PROMECEL, Indústria de Componentes<br />
Eléctricos Lda. e a FISOLA, Fábrica<br />
de Isoladores Eléctricos Lda. (ambas<br />
certificadas), sedeadas, respectivamente,<br />
em Braga e em Albergaria-a-Velha.<br />
A empresa especializou-se na produção<br />
e comercialização de equipamentos<br />
para redes de distribuição de electricidade,<br />
tendo, dez anos após o seu começo,<br />
alargado a sua área de negócio<br />
para as redes de distribuição de gás.<br />
Refira-se que a empresa obteve a sua<br />
certificação ISO 9001:2000 em 2003.<br />
De 1994 a 1998 a RESUL constituiu ainda<br />
as suas associadas no estrangeiro: a<br />
26 // Outubro 12 // <strong>Portugal</strong>global<br />
RESUL de Cabo Verde Lda., a Resul Angola<br />
Lda. e a Resul Moçambique Lda.,<br />
e, em Abril de 2008, adquiriu integralmente<br />
ao grupo espanhol AMARA<br />
(Iberdrola) a sua subsidiária portuguesa<br />
– a AMARA PORTUGAL, Comércio de<br />
Equipamento Eléctrico SA.<br />
Ainda em Abril de 2008, constituiu<br />
a RESUL a sua primeira associada de<br />
produção no exterior, em Maputo,<br />
Moçambique: MOZUL, Energias de<br />
Moçambique SA, unidade fabril que<br />
se dedica à produção de readyboards e<br />
outros acessórios para redes eléctricas.<br />
Já este ano, em Agosto, a RESUL adquiriu<br />
no Canadá (Vancouver) a HORTON<br />
AUTOMATION INC, uma fábrica de unidades<br />
de comando para smart grids.<br />
Trata-se, de acordo com Carlos Cunha<br />
Torres, presidente do Conselho de<br />
Administração da RESUL de “um percurso<br />
notável de crescimento e expansão,<br />
que fez com que desde 1982,<br />
à excepção de um só ano (1993), a<br />
empresa sempre tenha conseguido
aumentar em cada ano a facturação<br />
dos anos anteriores”.<br />
Um percurso de expansão<br />
Afirma o mesmo responsável que o<br />
que essencialmente determinou o real<br />
crescimento e desenvolvimento da empresa<br />
foi a estratégia de procura por<br />
mercados externos, que desde sempre<br />
esteve na ideia dos seus fundadores.<br />
“Sendo a RESUL uma empresa sobretudo<br />
especializada na comercialização<br />
de equipamentos para redes eléctricas,<br />
seria de pressupor um abaixamento de<br />
procura em <strong>Portugal</strong>, uma vez que a<br />
taxa de cobertura eléctrica do país chegou<br />
aos cem por cento na década de<br />
80. Ou seja, deixou de haver o mercado<br />
das novas electrificações, restringindo-se<br />
o mercado às encomendas para<br />
manutenção ou reparação de redes.<br />
Portanto, se a RESUL queria crescer, outro<br />
caminho não havia se não a exportação”,<br />
explica Carlos Cunha Torres.<br />
A empresa investiu então fortemente,<br />
na escala das suas possibilidades e da<br />
sua dimensão, na obtenção de altos<br />
padrões de qualidade dos produtos<br />
propostos e ainda na obtenção de<br />
meios técnicos de produção eficientes<br />
de forma a poder apresentar-se nos<br />
mercados com preços suficientemente<br />
competitivos.<br />
A expansão externa da RESUL foi iniciada<br />
em 1986 (quatro anos após a sua<br />
criação), tendo-se concentrado numa<br />
primeira fase nos mercados africanos<br />
de expressão oficial portuguesa (PA-<br />
LOP). Eram, então, “os mercados mais<br />
óbvios uma vez que se conheciam bem<br />
as redes eléctricas instaladas nessas antigas<br />
colónias portuguesas e ainda as<br />
suas necessidades de desenvolvimento<br />
e de infraestruturação”, refere o presidente<br />
da empresa.<br />
Hoje, a RESUL está presente também<br />
em diversos mercados, alguns de<br />
grande exigência técnica, exportando<br />
para cerca de 26 países espalhados<br />
pelos continentes europeu, africano e<br />
asiático, ainda que os mercados alvo<br />
preferenciais sejam sempre países em<br />
vias de desenvolvimento onde, segundo<br />
Carlos Cunha Torres, “ainda<br />
muito trabalho de infraestruturação<br />
esteja por fazer ou então países onde<br />
as condições atmosféricas determinem<br />
uma duração muito menor das<br />
redes eléctricas instaladas, como é o<br />
caso da Rússia”.<br />
A par da procura constante e incessante<br />
de novos mercados, a empresa<br />
não descurou o desenvolvimento<br />
das suas gamas de produtos, tendo<br />
evoluído para segmentos de mercado<br />
de maior exigência e sofisticação<br />
técnicas. A RESUL é já um importan-<br />
te player no mercado nacional das<br />
energias renováveis e ainda no fornecimento<br />
de equipamentos altamente<br />
especializados para as chamadas<br />
smart grids. É nesta óptica que se insere<br />
a muito recente aquisição no Canadá<br />
de uma fábrica de unidades de<br />
comando, passo este que permitirá à<br />
empresa descobrir novos mercados e<br />
oportunidades numa área geográfica<br />
onde até hoje não tem estado presente<br />
(América do Norte), adianta o<br />
presidente da RESUL.<br />
As gamas de produtos da RESUL<br />
distribuem-se por seis grandes áreas<br />
de intervenção no sector energético:<br />
equipamentos e acessórios para redes<br />
exteriores de distribuição e transporte<br />
de electricidade (BT/MT/AT); equipamentos<br />
e acessórios para redes de<br />
distribuição de gás (Gás Natural e<br />
GPL); acessórios e equipamentos para<br />
RESUL<br />
Equipamentos de Energia<br />
Parque Oriente<br />
Rua D. Nuno Alvares Pereira, Bloco 3<br />
2695-167 Bobadela – <strong>Portugal</strong><br />
Tel.: +351 218 394 980<br />
Fax: +351 218 394 981<br />
geral@resul.pt<br />
www.resul.pt<br />
EMPRESAS<br />
redes de água; equipamentos e soluções<br />
para smart grids; luminárias de<br />
iluminação pública; e centrais solares<br />
(fotovoltaicas e térmicas) de produção<br />
energética.<br />
A diversidade de áreas de negócio e de<br />
mercados de destino dos seus produtos<br />
têm permitido à RESUL uma gestão ágil<br />
e flexível no seu processo de expansão,<br />
uma vez que essa diversidade permite à<br />
empresa compensar alguma quebra que,<br />
num ou noutro ano, possa ocorrer com<br />
um ou mais produtos e/ou mercados.<br />
“A RESUL é uma empresa extremamente<br />
ágil e flexível, o que lhe tem<br />
permitido ao longo dos seus 30 anos<br />
de existência adaptar-se bem às vicissitudes<br />
várias do contexto nacional e internacional.<br />
É assim que os tempos actuais<br />
de crise em nada têm afectado a<br />
actividade da empresa; bem pelo contrário,<br />
nos três últimos anos (incluindo<br />
o corrente) a RESUL teve os melhores<br />
anos de toda a sua história”, conclui o<br />
mesmo responsável.<br />
<strong>Portugal</strong>global // Outubro 12 // 27
EMPRESAS<br />
FCO.<br />
NA CONQUISTA POR NOVOS MERCADOS<br />
A FCo., uma empresa de produção de conteúdos e soluções multimédia na área das<br />
tecnologias de informação, tem a sua estratégia de internacionalização assente na<br />
promoção de parcerias para o desenvolvimento de soluções e produtos inovadores.<br />
Presente em vários países, é objectivo desta empresa alargar os seus mercados de<br />
actuação em África.<br />
A FCo. – fullservice company in multimedia,<br />
Lda. é uma empresa que disponibiliza<br />
serviços globais e integrados<br />
na área da multimédia e do design de<br />
comunicação. Com base nas novas tecnologias,<br />
oferece um vasto leque de<br />
serviços e soluções direccionadas, em<br />
especial, a museus, exposições, instituições<br />
turísticas e de gestão do património,<br />
assim como empresas, agências de<br />
publicidade e áreas educativas.<br />
No mercado desde 1988, foi em 2003<br />
que se assumiu como fullservice company<br />
in multimedia, fruto de uma reconversão<br />
estratégica e de uma start-up<br />
em Novas Tecnologias da Informação e<br />
Comunicação. Pioneira na introdução<br />
no mercado cultural das visitas áudio e<br />
28 // Outubro 12 // <strong>Portugal</strong>global<br />
multimédia, a FCo. é hoje líder nacional<br />
neste segmento de mercado.<br />
Gradualmente, tem vindo a afirmar-se na<br />
indústria de conteúdos, desenvolvendo<br />
soluções multimédia, plataformas interactivas<br />
e softwares para a disponibilização<br />
e gestão de conteúdos. A estratégia<br />
integrada da FCo. passa por uma contínua<br />
identificação de novos parceiros,<br />
novos produtos e novos mercados, investindo<br />
em conhecimento técnico e competências<br />
nas suas áreas de actuação.<br />
Assim, a estratégia de internacionalização<br />
da FCo. assume duas vertentes<br />
principais: a promoção de parcerias ao<br />
nível do desenvolvimento de produtos<br />
e soluções inovadoras, e a entrada em<br />
novos mercados africanos, refere fonte<br />
da empresa.<br />
No que respeita ao desenvolvimento<br />
de novos produtos, desde 2004 que a<br />
FCo. trabalha em parceria com diversas<br />
empresas europeias (França e Bélgica).<br />
A aposta bem sucedida nestas parcerias,<br />
fez com que a FCo. alargasse esta<br />
rede de cooperação não só à Alemanha,<br />
mas também à China, Croácia e<br />
Hungria. Presente em redes de investigação<br />
e numa estreita relação com<br />
diversos empresários, a FCo. procura e<br />
oferece continuamente relacionamentos<br />
de parceria ao nível internacional.<br />
Consolidando todo o conhecimento<br />
adquirido, e contando com o desenvol-
vimento de um conjunto de produtos<br />
inovadores e competitivos, a FCo. iniciou<br />
o seu processo de internacionalização<br />
durante o ano de 2007, nos mercados<br />
africanos.<br />
De acordo com a fonte, a FCo., consciente<br />
de que os custos de entrada nestes<br />
mercados assumem valores e riscos muito<br />
elevados, tirou proveito da sua integração<br />
no Grupo CAVEX, que actua ao nível dos<br />
países da CPLP. Esta integração no Grupo<br />
CAVEX, pelo aproveitamento das suas sinergias,<br />
permitiu à FCo. dar os primeiros<br />
passos nestes mercados, nos quais detectou<br />
excelentes oportunidades, especialmente<br />
em Angola, Moçambique e Cabo<br />
Verde e ainda na Guiné-Bissau.<br />
Depois de uma fase de penetração nestes<br />
mercados, que se estendeu por cerca de<br />
quatro anos, a FCo. conseguiu concretizar<br />
os primeiros negócios representativos.<br />
Afirma António Canhão Veloso, sócio-gerente<br />
da FCo.: “A área cultural é sempre<br />
o parente pobre de qualquer governo, especialmente<br />
em tempos de crise, mas há<br />
boas hipóteses de negócios em África”.<br />
Em 2012, a FCo. deu mais um importante<br />
passo neste processo de internacionalização,<br />
contribuindo para o<br />
alargar de empresas do Grupo CAVEX<br />
ao criar no mercado de Moçambique<br />
uma empresa especializada em marketing<br />
e comunicação.<br />
A empresa prevê aumentar as suas vendas<br />
e serviços prestados este ano para<br />
765.500 euros, contra cerca de 504 mil<br />
euros em 2011, dos quais 16 por cento<br />
serão provenientes da exportação.<br />
Em carteira estão os desenvolvimentos<br />
qualitativos de visitas multimédia e de<br />
soluções de suporte comercial (apresentação<br />
de informação sobre produtos),<br />
para smartphones e tablets; a concepção<br />
de centros interpretativos temáticos e<br />
de projectos museológicos; o desenvolvimento<br />
de mobiliário interactivo multitoque<br />
personalizado; conceitos de marketing<br />
inovadores com base em novas<br />
“A estratégia integrada da<br />
FCo. passa por uma contínua<br />
identificação de novos<br />
parceiros, novos produtos e<br />
novos mercados, investindo<br />
em conhecimento técnico e<br />
competências nas suas áreas<br />
de actuação.”<br />
tecnologias; o upgrade e personalização<br />
de software de gestão para instituições<br />
culturais, turísticas, e educacionais; e jogos,<br />
filmes e campanhas educativas.<br />
De referir ainda que a empresa disponibiliza<br />
produtos e serviços evolutivos,<br />
adequados à especificidade do<br />
cliente, ou seja cem por cento personalizados,<br />
tendo sempre em consideração<br />
a criação de soluções que<br />
respeitem as acessibilidades.<br />
EMPRESAS<br />
A FCo. é constituída por equipas de<br />
jovens designers, ilustradores, programadores,<br />
engenheiros, especialistas em<br />
audiovisual e marketeers, orientados e<br />
acompanhados pelos especialistas seniores<br />
especializados em museologia,<br />
história, informática, design, liderança<br />
e gestão. Actualmente a equipa é<br />
constituída por nove colaboradores<br />
permanentes e uma experiente equipa<br />
de consultores e especialistas externos.<br />
Os seus principais clientes alvo são as<br />
instituições públicas ligadas ao sector<br />
da cultura, turismo ou educação, os governos,<br />
as instituições internacionais de<br />
apoio ao desenvolvimento, as fundações<br />
e empresas e associações comerciais, de<br />
que são exemplo a Fundação Calouste<br />
Gulbenkian, a Fundação de Serralves, a<br />
Direção Geral do Património Cultural, o<br />
Museu do Fado, o Oceanário de Lisboa,<br />
o Palácio da Pena, a Fundação Batalha<br />
de Aljubarrota, a Associação Comercial<br />
da Guarda, a L’Oréal <strong>Portugal</strong> e o Governo<br />
Provincial da Lunda-Norte, em Angola,<br />
entre outros.<br />
FCo.<br />
fullservice company<br />
in multimedia<br />
Rua da Madeira, Apt. 6005<br />
3701-907 S. João da Madeira<br />
Tel.: +351 256 200 930<br />
Fax +351 256 831 330<br />
fco@fco.pt<br />
www.fco.pt<br />
<strong>Portugal</strong>global // Outubro 12 // 29
MERCADOS<br />
RÚSSIA<br />
UM GRANDE MERCADO<br />
COM VASTAS POTENCIALIDADES<br />
Com mais de 140 milhões de consumidores e vastos recursos naturais e<br />
matérias-primas, onde se destacam o petróleo e o gás natural, a Rússia<br />
acaba de aderir à Organização Mundial do Comércio (OMC), abrindo<br />
assim a sua economia aos restantes países membros, que poderão<br />
agora ter acesso ao seu mercado e competir com as indústrias locais.<br />
Para <strong>Portugal</strong> e para as empresas portuguesas esta adesão à OMC<br />
poderá alargar o leque de oportunidades de negócio naquele<br />
mercado, sendo vários os sectores em que poderão apostar, das obras públicas<br />
e construção, passando pelos produtos agro-alimentares, pela fileira moda, sem<br />
esquecer as TIC e os produtos tecnologicamente inovadores, entre outros.<br />
Maria José Rézio, directora do Centro de Negócios da AICEP na Rússia, apresenta-nos<br />
este grande mercado.<br />
30 // Outubro 12 // <strong>Portugal</strong>global
A Rússia, incluída no grupo dos BRICS,<br />
é uma das dez maiores economias mundiais<br />
e um dos países com maior potencial<br />
de crescimento. A recente adesão da<br />
Federação Russa à OMC, após 18 anos<br />
de negociações, é considerada o maior<br />
passo para a liberalização do comércio<br />
mundial desde a entrada da China há<br />
dez anos, que deu um forte impulso ao<br />
comércio internacional. A Rússia, que<br />
era a maior potência económica a não<br />
fazer parte da organização internacional<br />
que regula o comércio mundial, irá agora<br />
abrir a sua economia aos restantes<br />
países-membros, que terão acesso ao<br />
seu mercado e poderão competir com<br />
as indústrias locais.<br />
Primeiro exportador mundial de gás natural,<br />
primeiro produtor e segundo exportador<br />
de petróleo e terceiro de aço e<br />
alumínio, a Rússia dispõe de vastos recursos<br />
naturais e de matérias-primas (carvão,<br />
ouro, níquel, cobalto, diamantes, madeira)<br />
que constituem cerca de 79 por cento<br />
das suas exportações. Esta dependência<br />
dos sectores da energia e metais colocam<br />
o país numa situação de dependência das<br />
cotações dos mercados das commodities,<br />
em especial do petróleo e do gás.<br />
Excluindo os hidrocarbonetos, as principais<br />
especializações industriais (metalurgia,<br />
indústria espacial, indústria nuclear,<br />
armamento) foram herdadas da era soviética,<br />
tendo no entanto, na última década<br />
havido um crescimento importante em<br />
alguns sectores tais como a distribuição,<br />
telecomunicações, banca e construção.<br />
No período de 2000-2008, a Rússia registou<br />
um crescimento médio anual de<br />
7 por cento, devendo-se este desempenho,<br />
em parte, aos preços dos hidrocarbonetos.<br />
Este ciclo foi abruptamente interrompido<br />
com a propagação à Rússia<br />
da crise económica e financeira, tendo<br />
sofrido em 2009 uma recessão de 7,9<br />
por cento, o que levou o Executivo a<br />
alargar o apoio à economia e a algumas<br />
das maiores empresas privadas, bem<br />
como a intensificar o seu controlo sobre<br />
os sectores considerados estratégicos,<br />
em especial o sector energético.<br />
Os efeitos do impacto do pacote governamental<br />
de estímulo à economia,<br />
a retoma da procura externa, a que se<br />
juntaram as baixas taxas de juro, ajudaram<br />
a suportar a retoma russa, tendo o<br />
PIB crescido 3,7 por cento em 2010, e<br />
4,3 por cento em 2011, estimando-se<br />
que mantenha um crescimento médio<br />
anual superior a 4 por cento até 2015.<br />
As fraquezas da economia russa (falta<br />
de competitividade das exportações,<br />
falta de investimento quer estrangeiro<br />
quer russo e uma sua forte dependência<br />
das matérias-primas), fazem com que a<br />
prioridade actual da política económica<br />
do país esteja direccionada para acelerar<br />
a diversificação do tecido económico,<br />
modernizar e reestruturar os sectores da<br />
economia que mostram atraso tecnológico,<br />
rever o sistema de financiamento<br />
das empresas, atrair mais investimento<br />
estrangeiro, reforçar o Estado de direito<br />
e os direitos de propriedade.<br />
“Com mais de 140 milhões de<br />
consumidores, em que 10 a 15<br />
por cento da população têm<br />
um grande poder de compra,<br />
uma classe média com grande<br />
propensão para o consumo,<br />
e sendo o mercado russo<br />
considerado, para breve, o<br />
maior mercado de consumo da<br />
Europa, <strong>Portugal</strong> dispõe aqui<br />
de oportunidades em vários<br />
sectores da oferta nacional,<br />
potenciando o aumento das<br />
exportações nacionais.”<br />
No que respeita ao comércio externo,<br />
a balança comercial russa é largamente<br />
excedentária verificando-se, nos<br />
últimos cinco anos, um coeficiente de<br />
cobertura médio das importações na<br />
ordem dos 148,5 por cento. Após a<br />
crise, nos últimos dois anos as exportações<br />
registaram um aumento significativo,<br />
verificando-se igualmente um<br />
forte crescimento das importações,<br />
impulsionadas pelo aumento da procura<br />
interna, em especial de maquinaria,<br />
equipamentos e veículos.<br />
Quanto à estrutura das exportações russas,<br />
é de salientar a sua elevada concentração<br />
e permanente dependência dos<br />
MERCADOS<br />
combustíveis minerais, que representou,<br />
em 2011, cerca de 69 por cento das exportações<br />
totais. A crescente dependência<br />
da Rússia dos sectores da energia e metais<br />
(sendo que estes pesam cerca de 8 por<br />
cento nas exportações totais) colocam o<br />
país numa situação vulnerável face às variações<br />
de preços nos mercados internacionais.<br />
De realçar que a Rússia é um dos<br />
principais fornecedores de energia à Europa<br />
e o seu primeiro fornecedor de gás.<br />
Os principais produtos importados pela<br />
Rússia são máquinas e aparelhos mecânicos<br />
(18 por cento), veículos e outro material<br />
de transporte (14 por cento), máquinas<br />
e aparelhos eléctricos (11 por cento).<br />
A crescente importação de máquinas e<br />
equipamentos (totalizando cerca de 29<br />
por cento) demonstra uma aposta do<br />
país no desenvolvimento industrial, na<br />
implantação de novas indústrias e modernização<br />
das fábricas já existentes.<br />
Da lista dos países principais clientes da<br />
Rússia, que é encabeçada, pela Holanda<br />
(13 por cento), constam a Ucrânia, China<br />
e Turquia com uma quota de 7 por<br />
cento, seguidos da Itália e Alemanha<br />
com 6 por cento. Os principais países<br />
fornecedores da Rússia, são a China (16<br />
por cento), a Alemanha (13 por cento)<br />
e a Ucrânia (7 por cento), seguidos do<br />
Japão, EUA e França com idêntica quota<br />
nas importações russas (5 por cento).<br />
Em termos de investimento, e segundo<br />
a UNCTAD - World Investment Report<br />
2011, os fluxos de IDE no país ascenderam,<br />
nesse ano, a 52.878 milhões de dólares,<br />
ocupando a Rússia o 9º lugar entre<br />
os mercados receptores de investimento<br />
estrangeiro. Neste período, o Chipre foi o<br />
maior investidor na Rússia com 23,8 por<br />
cento do total, seguido das Ilhas Virgens<br />
Britânicas (13,8 por cento), da Holanda<br />
(13,3 por cento), da Irlanda (10,1 por<br />
cento) e do Luxemburgo (7,8 por cento).<br />
Enquanto emissora de investimento<br />
para o exterior, a Rússia ocupou, em<br />
2011, o 8º lugar no ranking mundial, a<br />
que correspondeu um montante superior<br />
a 67 mil milhões de dólares, mais<br />
de 28 por cento face a 2010. Segundo<br />
o Banco Central, os principais mercados<br />
de destino do investimento russo<br />
foram o Chipre, a Holanda (estes com<br />
<strong>Portugal</strong>global // Outubro 12 // 31
MERCADOS<br />
48 por cento do total), as Ilhas Virgens<br />
Britânicas e a Suíça.<br />
Embora a dimensão da Rússia e as suas<br />
especificidades não tornem este país num<br />
mercado facilmente abordável, o seu potencial<br />
é muito elevado, sendo considerado<br />
uma das potências do futuro.<br />
Oportunidades para as<br />
empresas portuguesas<br />
Com mais de 140 milhões de consumidores,<br />
em que 10 a 15 por cento da população<br />
têm um grande poder de compra,<br />
uma classe média com grande propensão<br />
para o consumo, e sendo o mercado russo<br />
considerado, para breve, o maior mercado<br />
de consumo da Europa, <strong>Portugal</strong><br />
dispõe aqui de oportunidades em vários<br />
sectores da oferta nacional, potenciando<br />
o aumento das exportações nacionais.<br />
Referimos, de seguida, os principais sectores<br />
que consideramos de oportunidade<br />
para as empresas portuguesas que<br />
queiram apostar no mercado russo.<br />
Produtos Alimentares; Produtos<br />
Farmacêuticos; Confecção e<br />
Têxteis-lar; Calçado e Mobiliário:<br />
• Mercado muito concorrencial e de<br />
grande absorção de bens alimentares,<br />
prevendo-se um aumento das<br />
importações em 40 por cento. Os<br />
produtos portugueses têm vantagens<br />
em termos de qualidade/preço.<br />
• Os produtos farmacêuticos ocupam<br />
o 4º lugar nas importações russas,<br />
os produtos estrangeiros dominam o<br />
mercado com dois terços do consumo<br />
interno (os maiores exportadores<br />
são a Alemanha, França e Suíça).<br />
• Com o aumento do poder de compra,<br />
o cliente russo torna-se cada vez mais<br />
exigente na sua escolha, incidindo a<br />
procura sobre a qualidade e o design.<br />
As empresas devem aproveitar os canais<br />
de distribuição existentes, promover<br />
os produtos nas revistas da especialidade<br />
e participar em feiras do sector.<br />
Máquinas e Equipamentos;<br />
Veículos e outro Material de<br />
Transporte; Moldes; Produtos<br />
Tecnologicamente Inovadores:<br />
• O crescente aumento das importações<br />
de equipamentos quer mecâ-<br />
32 // Outubro 12 // <strong>Portugal</strong>global<br />
nicos (maior importação russa) quer<br />
eléctricos (3ª maior importação),<br />
enquadram-se na política de desenvolvimento<br />
do país e no investimento<br />
em novas indústrias ou na modernização<br />
de fábricas.<br />
• Os moldes apresentam grandes oportunidades,<br />
sendo os maiores fornecedores<br />
do país a Alemanha, Coreia do<br />
Sul e Itália, enquanto <strong>Portugal</strong> ocupa<br />
o 7º lugar.<br />
Telecomunicações; Tecnologias de<br />
Informação e Sector Energético:<br />
• Previsão de um forte crescimento no<br />
sector das tecnologias de informação,<br />
que rondará os 35 por cento.<br />
• A estratégia de penetração no mercado<br />
deve passar pela identificação de<br />
potenciais parceiros e pela participação<br />
conjunta em projectos locais.<br />
• O sector energético é um dos sectores<br />
prioritários de desenvolvimento e<br />
de aposta do governo russo.<br />
Construção e obras públicas;<br />
projectos e materiais de construção:<br />
• A ter em atenção a organização do<br />
Campeonato do Mundo de Futebol<br />
2018, que implica a modernização e<br />
construção de novas infra-estruturas.<br />
A Rússia acolherá pela primeira vez<br />
na sua história um Mundial de Futebol,<br />
planeando despender cerca de<br />
15 mil milhões de euros na preparação,<br />
organização e realização deste<br />
evento. Serão onze as cidades que<br />
acolherão o Mundial’2018: Moscovo,<br />
que contará com dois estádios (Lujniki<br />
e Spartak), S. Petersburgo, Ekaterinburgo,<br />
Kalininegrado, Kazan, Nijni<br />
Novgorod, Rostov-na-Donu, Samara,<br />
Saransk, Sotchi e Volgogrado.<br />
A fileira HoReCa, o turismo e o investimento<br />
imobiliário são áreas onde<br />
igualmente as empresas portuguesas<br />
poderão encontrar oportunidades de<br />
negócio na Rússia.<br />
Recorde-se que as principais cidades russas<br />
são Moscovo e S. Petersburgo, que<br />
juntas representam aproximadamente<br />
20 milhões de consumidores com rendimentos<br />
superiores à média na Rússia,<br />
oferecendo boas infra-estruturas, boas<br />
acessibilidades internas e externas, e<br />
destacando-se por serem os pólos mais<br />
atractivos para a actividade económica.<br />
Moscovo é ainda o centro de decisões<br />
políticas e económicas e acolhe as feiras<br />
mais importantes da Federação Russa.<br />
São, no entanto, de referir outras cidades<br />
que pela sua dimensão (com mais<br />
de um milhão de habitantes) poderão<br />
vir a ser alvos potenciais para a realização<br />
de actividades de promoção das
empresas portuguesas e respectivos<br />
produtos e serviços, nomeadamente:<br />
Ekaterinburgo (1.350.000 hab.), Nizhny<br />
Novgorod (1.250.000 hab.), Samara<br />
(1.170.000 hab.), Omsk (1.160.000<br />
hab.), Kazan (1.145.000 hab.), Chelyabinsk<br />
(1.130.000 hab.), Rostov-na-Donu<br />
(1.100.000 hab.), Ufa (1.070.000 hab.) e<br />
Volgogrado (1.025.000 hab.).<br />
O Centro de Negócios da AICEP em<br />
Moscovo disponibiliza às empresas<br />
portuguesas que apostem no mercado<br />
russo informação económica e estatística,<br />
informação sectorial e sobre oportunidades<br />
de negócio, identificação de<br />
potenciais importadores, informação<br />
sobre feiras e salões internacionais e<br />
apoio na sua participação, informação<br />
sobre os aspectos regulamentares mais<br />
importantes, apoio na organização de<br />
visitas de empresas portuguesas ao<br />
mercado e marcação de reuniões, e<br />
apoio às missões empresariais e mostras<br />
de produtos.<br />
Centro de Negócios<br />
da AICEP na Rússia<br />
ul.Giliarovskogo 51, str. 1<br />
Moscovo 129110 – Rússia<br />
Tel.: +7 495 787 1193<br />
Fax: +7 495 787 1191<br />
<strong>aicep</strong>.moscow@portugalglobal.pt<br />
AMBIENTE DE NEGÓCIOS NA RÚSSIA<br />
Dificuldades no acesso<br />
ao mercado russo<br />
• Língua.<br />
• Concorrência crescente dos parceiros<br />
estrangeiros tradicionais.<br />
• Falta de informação qualificada sobre<br />
os parceiros locais.<br />
• Acesso à informação sectorial.<br />
• Falta de transparência e grande<br />
burocracia (processos na administração<br />
pública, obtenção de certificações,<br />
dispersão de competências<br />
entre diferentes serviços, etc.).<br />
• Interpretação da legislação local<br />
(enquadramentos regulamentares<br />
e normativos).<br />
• Compreensão do funcionamento<br />
de algumas entidades ligadas ao<br />
comércio externo (Alfândega, por<br />
exemplo).<br />
• Desalfandegamento de mercadorias<br />
e amostras.<br />
Facilidades de entrada<br />
na Rússia<br />
A Rússia dispõe de uma vasta rede<br />
de infra-estruturas (rodoviária e<br />
ferroviária). A utilização da maioria<br />
das estradas é gratuita. No que respeita<br />
ao transporte ferroviário, as<br />
ligações entre Moscovo e as maiores<br />
cidades do país são frequentes,<br />
sobretudo com S. Petersburgo. Em<br />
Dezembro de 2009 foi inaugurada<br />
a ligação de alta velocidade entre<br />
Moscovo e S. Petersburgo (700 quilómetros<br />
de percurso, em 3h45).<br />
Devido às grandes distâncias a percorrer,<br />
o avião continua a ser o meio<br />
de transporte mais comum. Nos últimos<br />
anos, apareceram numerosas<br />
companhias locais que fazem as<br />
ligações internas. A região de Moscovo<br />
é servida por cinco aeroportos,<br />
dos quais três são aeroportos internacionais<br />
com ligações diárias para<br />
quase todas as capitais europeias,<br />
incluindo Lisboa através da TAP,<br />
com cinco voos semanais.<br />
Conselhos às empresas<br />
MERCADOS<br />
• A abordagem ao mercado deve ser<br />
feita, preferencialmente, em língua<br />
russa. É igualmente possível comunicar<br />
em inglês; no entanto, não<br />
sendo uma língua correntemente<br />
utilizada poderão surgir dificuldades<br />
no processo da comunicação.<br />
Outros idiomas como o alemão,<br />
francês, espanhol, são pouco falados.<br />
Nas reuniões, é aconselhável<br />
fazer-se acompanhar de um intérprete<br />
de português - russo.<br />
• Procure marcar as suas reuniões<br />
com algum tempo de antecedência<br />
(mínimo: um mês).<br />
• É muito importante estar bem<br />
preparado para as reuniões relativamente<br />
ao produto, preços, condições<br />
de pagamento, quantidades<br />
e prazos de entrega, sendo sempre<br />
preferível apresentar toda a documentação<br />
em russo. Obtenção prévia<br />
de informação sobre o sector.<br />
• Apostar na qualidade e design dos<br />
produtos destinados à população<br />
com grande poder de compra.<br />
• Participação ou visita a feiras: numa<br />
grande metrópole como Moscovo<br />
é aconselhável como primeiro contacto<br />
com o mercado e para dar<br />
visibilidade aos seus produtos.<br />
• Presença assídua no mercado: o<br />
contacto pessoal é incontornável<br />
na “cultura de negócios” russa.<br />
• Convite a importadores para visitar<br />
<strong>Portugal</strong> como forma de apresentação<br />
dos seus produtos e da empresa.<br />
• Procurar parcerias locais para dar<br />
solidez à oferta, reunindo o maior<br />
conhecimento possível sobre o parceiro<br />
em causa e sobre o papel estratégico<br />
do parceiro (conhecedor<br />
do sector, experiência de importação,<br />
acesso a rede de distribuição<br />
e meios logísticos necessários, rede<br />
de contactos como alfândegas, institucionais<br />
e administrativos).<br />
• Clarificar todos os termos dos contratos<br />
incluindo condições seguras<br />
de pagamento para evitar disputas<br />
posteriores.<br />
<strong>Portugal</strong>global // Outubro 12 // 33
MERCADOS<br />
TORNAR A RÚSSIA RELEVANTE PARA A<br />
RECUPERAÇÃO NACIONAL<br />
>POR PEDRO NUNO BÁRTOLO, EMBAIXADOR DE PORTUGAL EM MOSCOVO<br />
Em boa hora decidiu a Direcção da AI-<br />
CEP, através deste útil instrumento de<br />
trabalho que é a revista <strong>Portugal</strong>global,<br />
interessar os seus leitores pelo mercado<br />
russo na perspectiva da promoção do<br />
interesse nacional. A decisão certa no<br />
momento oportuno.<br />
Numa altura em que o nosso país precisa<br />
de se reencontrar e de lutar pela<br />
recuperação da sua competitividade e<br />
de uma soberania já velha de 900 anos,<br />
torna-se evidente que uma expansão<br />
duradoura e em termos mais equilibrados<br />
das nossas relações económicas internacionais<br />
– e em particular do nosso<br />
comércio externo – constitui condição<br />
indispensável do ressurgimento de <strong>Portugal</strong>.<br />
E é nesse sentido que se afigura<br />
particularmente necessário um estudo<br />
atento da Rússia, assente em realidades<br />
objectivas e numa comparação da<br />
nossa acção com as melhores práticas<br />
e com os resultados aqui por outros<br />
alcançados, conferindo nova relevância<br />
às oportunidades que este país oferece<br />
na óptica do restabelecimento em bases<br />
sólidas da economia nacional.<br />
A Embaixada de <strong>Portugal</strong> em Moscovo,<br />
através da mobilização e motivação dos<br />
seus funcionários, graças designadamente<br />
à interacção e sinergia entre os<br />
seus departamentos (incluindo a representação<br />
local da AICEP e do Turismo de<br />
<strong>Portugal</strong>, que proximamente partilhará<br />
o espaço físico da Chancelaria), por via<br />
igualmente da disponibilização da residência<br />
do Embaixador com vista a apresentações<br />
colectivas perante agentes<br />
económicos russos de regiões, sectores<br />
económicos e empresas nacionais, sem<br />
esquecer o apoio que aqui vem sendo<br />
prestado à projecção da cultura portuguesa<br />
e da língua pátria – cuja importância,<br />
também em termos económicos,<br />
importa não subestimar –, tudo conti-<br />
34 // Outubro 12 // <strong>Portugal</strong>global<br />
“Todos os actores económicos<br />
portugueses, grandes<br />
ou pequenos, se acham<br />
convocados para esse desafio<br />
que é o de contribuírem, no<br />
seu próprio interesse, para<br />
que <strong>Portugal</strong> ocupe o lugar<br />
que lhe cabe no panorama do<br />
relacionamento económico<br />
internacional da Rússia.”<br />
nuará a fazer, em estreito contacto com<br />
as associações empresariais, no sentido<br />
de contribuir para tal objectivo.<br />
Não nos demoremos a olhar para o<br />
passado, a não ser para dele retirarmos<br />
os devidos ensinamentos. É verdade<br />
que o peso da Rússia nas nossas relações<br />
económicas externas tem sido<br />
relativamente modesto, apesar de uma<br />
sólida amizade histórica e de um bom<br />
relacionamento político-diplomático,<br />
isento de diferendos sérios e dotado de<br />
um quadro jurídico em vias de renova-<br />
ção. Importa, isso sim, constatar que a<br />
tendência recente se revela bastante<br />
positiva, o potencial de crescimento<br />
se afigura considerável, e a percepção<br />
de que urge agarrar oportunidades até<br />
hoje menosprezadas se mostra cada<br />
vez mais aguda.<br />
No momento em que, após dezoito<br />
anos de negociações, a Rússia acede por<br />
fim à Organização Mundial do Comércio,<br />
vinculando-se ipso facto às respectivas<br />
regras e disciplinas, e a poucos meses<br />
de aderir igualmente à OCDE – com<br />
tudo o que isso significa em termos de<br />
segurança jurídica reforçada para os exportadores<br />
e investidores estrangeiros –,<br />
verificamos que uma prudente performance<br />
macroeconómica nos últimos doze<br />
anos e uma progressiva, ainda que insuficiente,<br />
liberalização de um mercado<br />
interno abarcando cerca de 175 milhões<br />
de consumidores (por via da União Aduaneira<br />
entretanto formada com a Bielorrússia<br />
e o Cazaquistão ¹) se conjugam<br />
para atrair a atenção de um número<br />
crescente de empresas portuguesas de<br />
sectores bem diversos.<br />
E é-me grato, neste contexto, registar<br />
o aumento de 32 por cento das exportações<br />
nacionais para o mercado russo<br />
nos primeiros sete meses de 2012 em<br />
relação ao período homólogo do ano<br />
transacto, evolução que de caminho<br />
fez passar o coeficiente de cobertura<br />
das importações pelas exportações de<br />
22 por cento para 29 por cento. Valerá<br />
a pena sublinhar que este crescimento<br />
das exportações portuguesas para a<br />
Rússia, bem superior ao ritmo de expansão<br />
geral das nossas vendas para o<br />
exterior no mesmo período – que foi de<br />
9 por cento – ocorre na senda de aumentos<br />
já assinaláveis nos dois anos anteriores<br />
(16,5 por cento em 2011 e 25,4<br />
por cento em 2010, respectivamente).
Qualquer complacência da nossa parte,<br />
sobretudo nesta fase, seria evidentemente<br />
deslocada, pois os investimentos<br />
recíprocos são pouco significativos,<br />
apesar das oportunidades existentes<br />
de lado a lado (desde o programa de<br />
privatizações em <strong>Portugal</strong> até à realização<br />
do Mundial de Futebol de 2018 na<br />
Rússia), enquanto as trocas comerciais,<br />
para além de desequilibradas em nosso<br />
detrimento – ou não fosse aquele país<br />
o maior produtor mundial de petróleo<br />
e também de gás natural –, estão longe<br />
de ter atingido um nível satisfatório,<br />
em termos absolutos como relativos.<br />
Tenhamos presente neste contexto que<br />
o país mais vasto do mundo e titular das<br />
maiores reservas conhecidas de recursos<br />
naturais é de longe o mais próspero<br />
dos chamados BRICS, em termos de<br />
PIB per capita. E é igualmente, de entre<br />
aquele lote de grandes países emergentes<br />
em forte crescimento, aquele<br />
que tem uma classe média proporcionalmente<br />
mais numerosa e com mais<br />
elevados padrões de consumo (o que,<br />
aliado à qualidade do destino <strong>Portugal</strong><br />
que aqui procuramos sistematicamente<br />
valorizar, explica o notável aumento de<br />
40 por cento das nossas receitas turísticas<br />
originárias deste país nos primeiros<br />
sete meses de 2012, após um crescimento<br />
também na casa dos 40 por<br />
cento de 2010 para 2011). E é por último<br />
a Rússia a nação que apresenta os<br />
melhores índices de desenvolvimento<br />
humano de entre aqueles cinco países.<br />
Tratando-se do 3º maior parceiro económico<br />
da União Europeia, a seguir aos<br />
EUA e à China mas à frente do Japão,<br />
havendo ultrapassado, por exemplo, a<br />
Polónia enquanto parceiro comercial da<br />
Alemanha, representando as suas trocas<br />
com a UE em termos absolutos o dobro<br />
do comércio combinado do Brasil e da<br />
Índia com esse mesmo espaço europeu<br />
onde nos inserimos, tendo a Rússia<br />
importado no ano passado do mundo<br />
inteiro mercadorias no valor de 324 mil<br />
milhões de dólares (um aumento de 30<br />
por cento em relação ao ano anterior)<br />
e exportado cerca de 522 mil milhões<br />
de dólares – superavit recorrente que<br />
explica que as reservas internacionais do<br />
MERCADOS<br />
país se situem actualmente nuns confortáveis<br />
530 mil milhões de dólares –,<br />
achando-se, é verdade, relativamente<br />
mal colocada em rankings internacionais<br />
consagrados, como o do Banco<br />
Mundial intitulado “Ease of Doing Business”<br />
², mas ainda assim à frente do<br />
Brasil ou da Índia, e sendo aliás responsável<br />
por uma fatia do comércio mundial<br />
substancialmente superior à destes<br />
dois países, impõe-se reconhecer que o<br />
mercado objecto de destaque nesta edição<br />
da revista <strong>Portugal</strong>global constitui<br />
terreno ainda largamente por desbravar<br />
na parte que nos toca.<br />
Não vou sucumbir à tentação, quantas<br />
vezes contraproducente como hoje começa<br />
a ser reconhecido, de identificar<br />
sectores-alvo mais ou menos prioritários<br />
nem me atreverei a incentivar empresas<br />
nacionais específicas, supostos<br />
campeões deste ou daquele ramo, a<br />
interessar-se pelas oportunidades aqui<br />
existentes de forma tão patente. Todos<br />
os actores económicos portugueses,<br />
grandes ou pequenos, se acham convocados<br />
para esse desafio que é o de<br />
contribuírem, no seu próprio interesse,<br />
para que <strong>Portugal</strong> ocupe o lugar que<br />
lhe cabe no panorama do relacionamento<br />
económico internacional da<br />
Rússia. Que cada um assuma pois as<br />
suas responsabilidades e faça o que lhe<br />
compete. A começar pela Embaixada<br />
de <strong>Portugal</strong> que, sob a orientação de<br />
quem de direito, aqui estará para prestar<br />
a ajuda necessária, a todos sem excepção.<br />
Pois “a soberania e o respeito<br />
de <strong>Portugal</strong> impõem que neste lugar se<br />
erga um forte, e isso é obra e serviço<br />
dos homens de El-Rei, nosso Senhor e,<br />
como tal, por mais duro, por mais difícil<br />
e por mais trabalho que dê, é serviço<br />
de <strong>Portugal</strong>. E tem de se cumprir”.<br />
¹ Bielorrússia e Cazaquistão, países que relevam da área<br />
de jurisdição da Embaixada de <strong>Portugal</strong> em Moscovo, à<br />
semelhança da Arménia, do Uzbequistão, do Quirguistão<br />
e do Tadjiquistão. Importará neste contexto salientar que<br />
o Cazaquistão, de onde importamos perto de mil milhões<br />
de euros anualmente, oferece oportunidades de negócios<br />
interessantes, que convirá aproveitar quanto mais não<br />
seja para reequilibrar uma balança comercial bilateral por<br />
demais deficitária.<br />
² Situação que levou aliás o presidente Vladimir Putin, no<br />
preciso dia da sua tomada de posse, a fixar como objectivo<br />
do respectivo mandato a transição da Rússia do<br />
presente 120º lugar na referida classificação do Banco<br />
Mundial para o 50º posto em 2015, almejando para o<br />
horizonte 2018 o 20º lugar.<br />
<strong>Portugal</strong>global // Outubro 12 // 35
MERCADOS<br />
TESTEMUNHOS DE EMPRESAS<br />
NO MERCADO RUSSO<br />
Num grande mercado como a Rússia, o número de empresas portuguesas que<br />
exportam para esse país ascende quase à meia centena. Conheça a experiência de<br />
duas destas empresas que apostaram no mercado russo: a MMC World e a Revigrés.<br />
MMC WORLD<br />
Exportação de produtos<br />
alimentares<br />
A MMC World, uma empresa essencialmente<br />
exportadora, dedica-se à comercialização por grosso<br />
de produtos alimentares. A empresa está presente em<br />
quatro continentes, com colaboradores em Angola,<br />
Argentina, Paraguai, Brasil, Holanda, Rússia e Estados<br />
Unidos da América, mas é na Rússia que tem o seu<br />
principal mercado.<br />
36 // Outubro 12 // <strong>Portugal</strong>global<br />
A MMC World comercializa carne bovina,<br />
carne porcina, frango e peixe da América<br />
do Sul, América do Norte e Europa (de<br />
mais de 35 países em todo o mundo),<br />
que têm como principal destino o mercado<br />
russo.<br />
A Rússia, onde a empresa está presente<br />
desde 2002, representa já 90 por cento
do seu volume de negócios, que ascendeu,<br />
em 2011 e apenas neste mercado,<br />
a 70 milhões de euros.<br />
Segundo Sónia Mendes, directora da<br />
MMC World, a entrada no mercado<br />
russo surgiu através da divulgação da<br />
empresa nas mais importantes feiras<br />
internacionais.<br />
Se inicialmente a empresa comercializava<br />
carne bovina, porcina, frango e peixe<br />
oriunda de países terceiros, em 2010<br />
iniciou a exportação de carne de origem<br />
portuguesa através de uma parceria<br />
com o ICM - Indústria de Carnes do<br />
Minho SA, tendo passado a ser representantes<br />
exclusivos deste matadouro<br />
no mercado da Rússia. Dado o sucesso<br />
do produto nacional neste mercado, em<br />
2011 a empresa apostou no alargamento<br />
do seu leque de produtos, nascendo<br />
o projecto “Porto Union”.<br />
Este projecto, que tem como objectivo<br />
a comercialização de produtos nacionais<br />
de qualidade no mercado russo,<br />
levou a MMC World a criar parcerias<br />
com algumas empresas portuguesas,<br />
nomeadamente a Sovena <strong>Portugal</strong> -<br />
Consumer Goods, SA; a Primor Char-<br />
cutaria Prima, SA; a Vieira de Castro<br />
- Produtos Alimentares SA, e a José<br />
Maria da Fonseca Vinhos, SA.<br />
“Uma das grandes apostas da MMC<br />
World, como forma de divulgação dos<br />
produtos que ela oferece, é a participação<br />
em feiras internacionais do<br />
sector”, frisa a mesma responsável, especificando<br />
que a MMC World marca<br />
presença na SIAL Paris, na SIAL China,<br />
na ANUGA e na Prodexport.<br />
E foi com um pavilhão em forma de<br />
caravela, que as cinco empresas do<br />
projecto Porto Union, numa parceria<br />
liderada pela MMC World, se apresentaram<br />
na Prodexport, a maior feira de<br />
produtos alimentares da Rússia. Uma<br />
clara aposta na divulgação e exportação<br />
para a Rússia de produtos alimentares<br />
de qualidade, inexistentes naquele<br />
mercado de grande potencial.<br />
Segundo Sónia Mendes, actualmente<br />
é possível encontrarmos nas grandes<br />
superfícies comerciais da Rússia vinhos,<br />
azeite, bolachas e charcutaria nacional,<br />
sendo que “da parte do mercado<br />
russo, a aceitação destes produtos tem<br />
sido bastante satisfatória”.<br />
A mesma fonte adiantou que é objectivo<br />
da MMC World aumentar a diversidade<br />
de produtos comercializados e<br />
fidelizar o mercado russo aos produtos<br />
de qualidade portugueses. “A Rússia<br />
é um mercado de difícil abordagem,<br />
no entanto com elevado potencial, e a<br />
experiência da MMC World neste mercado<br />
é sem dúvida a chave do sucesso<br />
do projecto Porto Union”, acrescenta a<br />
directora da empresa.<br />
Refira-se ainda que a MMC World é<br />
uma empresa virada para o exterior,<br />
sendo 98 por cento dos seus clientes<br />
originários dos mercados externos. Nos<br />
escritórios em <strong>Portugal</strong>, a empresa conta<br />
com 11 colaboradores.<br />
MMC World, SA<br />
Rua de Midões, 920<br />
4050-273 Gens - Gondomar<br />
Tel.: +351 224 502 302<br />
Fax: +351 224 502 301<br />
mmc@mmc-world.com<br />
www.mmc-world.com<br />
MERCADOS<br />
<strong>Portugal</strong>global // Outubro 12 // 37
MERCADOS<br />
REVIGRÉS<br />
PRESENÇA DE MARCA<br />
NUM MERCADO EXIGENTE<br />
Presente em cerca de 50 países, a Revigrés, especializada na produção de<br />
revestimentos e pavimentos cerâmicos e uma referência no mundo cerâmico, está há<br />
mais de uma década no mercado russo, onde apostou, entre outros projectos, numa<br />
parceria com uma arquitecta local para o desenvolvimento de colecções de autor que<br />
se têm revelado um sucesso.<br />
A relação da Revigrés com o mercado<br />
russo dura há já 11 anos e começou<br />
com a visita do seu actual parceiro à<br />
CERSAIE, a principal feira internacional<br />
de revestimentos e pavimentos cerâmicos<br />
que se realiza todos os anos<br />
em Bolonha, em Itália. Segundo fon-<br />
38 // Outubro 12 // <strong>Portugal</strong>global<br />
te da Revigrés, foram as colecções de<br />
autor Atitudes que a empresa portuguesa<br />
apresentou nesse ano, desenvolvidas<br />
em parceria com seis artistas<br />
plásticos –“Diálogos”, do escultor Rui<br />
Vasquez;”LeoeBea” do escultor João<br />
Castro Silva; “H20” do pintor João<br />
Vaz de Carvalho; “Praia” e “Nós” do<br />
pintor João Moreira e “Rakú” da ceramista<br />
Carmina Anastácio – que chamaram<br />
a atenção do empresário russo<br />
que viria a ser seu representante. Actualmente,<br />
o parceiro da Revigrés no<br />
mercado russo tem oito showrooms
de design exclusivo em Moscovo e um<br />
showroom em S.Petersburgo, além de<br />
trabalhar também com alguns retalhistas<br />
noutras cidades da Rússia.<br />
Ao longo de mais de uma década, a<br />
Revigrés desenvolveu vários projectos<br />
no mercado da Rússia, de que é<br />
exemplo o aeroporto de Vnukovo, em<br />
Moscovo, para o qual, por se tratar<br />
de um local público e com tráfego intenso,<br />
foi seleccionado o porcelanato<br />
técnico da Revigrés, um produto com<br />
elevada qualidade técnica, nomeadamente<br />
impermeabilidade, resistência<br />
a manchas, ao desgaste e a amplitudes<br />
térmicas. Os produtos da Revigrés<br />
têm sido também seleccionados para<br />
vários projectos, tais como centros comerciais,<br />
escritórios e edifícios residenciais,<br />
entre outros.<br />
A empresa apostou também no desenvolvimento<br />
de colecções de autor, em<br />
parceria com a arquitecta russa Alena<br />
Agafonova que, a convite da Revigrés,<br />
criou três colecções: Architecture, Butterflies<br />
e Chocolate. “Actualmente<br />
estamos a desenvolver produtos para<br />
renovar a colecção Architecture e de-<br />
“A Rússia representa cerca<br />
de 9 por cento das vendas<br />
totais da Revigrés no mercado<br />
externo e as previsões de<br />
vendas da empresa neste<br />
mercado são de crescimento<br />
moderado, no segmento alto.”<br />
safiámos a arquitecta Alena Agafonova<br />
a criar novas colecções de design exclusivo<br />
para o mercado russo, desenvolvidas<br />
pela Revigrés”, afirma Paula<br />
Roque, administradora da Revigrés.<br />
Refira-se que a Rússia representa cerca<br />
de 9 por cento das vendas totais da<br />
Revigrés no mercado externo e que as<br />
previsões de vendas da empresa neste<br />
mercado são de crescimento moderado,<br />
no segmento alto. “A Rússia é um<br />
mercado com elevado poder aquisitivo,<br />
apetência por produtos de qualidade,<br />
uma grande sensibilidade para o design<br />
e a inovação, valores que coincidem<br />
com o posicionamento diferenciador<br />
da Revigrés”, acrescenta Paula Roque.<br />
Actualmente, a Revigrés comercializa<br />
os seus produtos para a Europa, Canadá,<br />
EUA, Japão e PALOP, abrangendo<br />
cerca de 50 países.<br />
A Revigrés pretende consolidar e reforçar<br />
a estratégia de diferenciação,<br />
inovação e competitividade prosseguida,<br />
desde sempre, pela empresa, que<br />
investiu recentemente 4,6 milhões de<br />
euros na aquisição das melhores tecnologias<br />
disponíveis (MTD) para produzir<br />
um grande formato (90x90 cm),<br />
único em <strong>Portugal</strong>. Este investimento<br />
integra um valor total de cerca de 7,5<br />
milhões de euros afecto a inovação<br />
tecnológica, inovação de produto,<br />
acções de marketing e de promoção<br />
no mercado externo, a realizar até<br />
ao final do ano, no âmbito de uma<br />
candidatura ao QREN, especialmente<br />
REVIGRÉS<br />
Águeda: Apartado 1<br />
3754-001 Barrô (Águeda), <strong>Portugal</strong><br />
Tel.: +351 234 660 100<br />
Fax: +351 234 666 555<br />
Lisboa: Pç José Fontana 26 A-C<br />
1050-129 Lisboa, <strong>Portugal</strong><br />
Tel.: +351213 170 280<br />
Fax: +351 213 170 282<br />
revigres@revigres.pt<br />
www.revigres.com<br />
MERCADOS<br />
destinada a projectos inovadores (Projecto<br />
Ícarus).<br />
“A contínua inovação, nomeadamente<br />
a concretização de grandes formatos,<br />
é uma tendência da arquitectura contemporânea<br />
e este novo produto irá<br />
contribuir para o reforço dos mercados<br />
existentes e para a conquista de novos<br />
mercados internacionais”, considera o<br />
Conselho de Gerência da Revigrés.<br />
<strong>Portugal</strong>global // Outubro 12 // 39
MERCADOS<br />
RELACIONAMENTO ECONÓMICO<br />
PORTUGAL - RÚSSIA<br />
As exportações portuguesas para a Rússia têm vindo a crescer, mas o saldo comercial<br />
desfavorável a <strong>Portugal</strong> mantém-se elevado devido às importações de combustíveis<br />
minerais. A Rússia é, no entanto, um mercado de vastas oportunidades para os<br />
produtos portugueses.<br />
A Rússia foi, em 2011, o 31º cliente de<br />
<strong>Portugal</strong>, com uma quota de 0,33 por<br />
cento do total exportado, e o 18º fornecedor,<br />
com uma quota de 0,73 por cento<br />
do total das nossas importações, confirmando<br />
a recuperação das nossas vendas<br />
(mais 16,5 por cento em relação ao ano<br />
anterior) e invertendo a quebra das compras<br />
portuguesas ao mercado, com um<br />
aumento de 36,3 por cento. Segundo<br />
dados do INE, nos últimos cinco anos,<br />
as exportações nacionais para a Rússia<br />
registaram um comportamento positivo,<br />
apresentando uma taxa média de crescimento<br />
de 6,4 por cento, tal como as<br />
nossas compras ao mercado, as quais<br />
registaram uma subida de 4,4 por cento.<br />
Dados relativos ao 1º semestre do corrente<br />
ano, e quando comparados com<br />
o período homólogo, reflectem um<br />
forte incremento das vendas nacionais<br />
(mais 30,9 por cento), a que corresponde<br />
uma quota de 0,38 por cento.<br />
Também as importações evoluíram em<br />
sentido ascendente, contabilizando um<br />
aumento de 11,2 por cento.<br />
A balança comercial entre os dois países,<br />
tradicionalmente muito desequilibrada e<br />
desfavorável a <strong>Portugal</strong> registou, para o<br />
40 // Outubro 12 // <strong>Portugal</strong>global<br />
período em análise, o seu maior défice<br />
em 2009, atingindo um valor próximo<br />
dos 433 milhões de euros, verificandose<br />
em 2008 e 2010 uma melhoria deste<br />
indicador devido, sobretudo, a um<br />
decréscimo acentuado das importações.<br />
Confirmando a tendência verificada,<br />
2008 revelou-se o ano em que o saldo<br />
da balança comercial atingiu o seu valor<br />
mais baixo dos últimos 5 anos (menos<br />
212 milhões de euros). Em 2009 este<br />
cenário alterou-se negativamente, com<br />
o coeficiente de cobertura a registar o<br />
valor mais baixo (18,1 por cento), e nos<br />
dois últimos anos assistiu-se a uma ligeira<br />
recuperação com este coeficiente a subir<br />
até 29,0 por cento e 24,8 por cento.<br />
A estrutura das exportações portuguesas<br />
para a Rússia é muito diversificada.<br />
Em 2011, os seis grupos de produtos<br />
mais representativos – madeira e cortiça,<br />
máquinas e aparelhos, calçado, produtos<br />
agrícolas, produtos alimentares e<br />
metais comuns – foram responsáveis<br />
por 69 por cento (73,9 por cento em<br />
2010) da totalidade das exportações<br />
portuguesas para o mercado.<br />
O grupo da madeira e cortiça ocupou o<br />
primeiro lugar nas exportações portugue-<br />
BALANÇA BILATERAL - COMÉRCIO DE BENS<br />
2007 2008 2009 2010 2011<br />
Var % a<br />
07/11<br />
2011<br />
Jan/Julho<br />
2012<br />
Jan/Julho<br />
Exportações 143.186 191.299 95.703 120.048 139.853 6,4 81.443 107.350 31,8<br />
Importações 559.237 403.551 528.598 413.407 562.810 4,4 364.493 367.515 0,8<br />
Saldo -416.051 -212.252 -432.895 -293.359 -422.957 -- -283.050 -260.164 --<br />
Coef. Cobertura (%) 25,6% 47,4% 18,1% 29,0% 24,8% -- 22,3% 29,2% --<br />
Fonte: INE - Instituto Nacional de Estatística Unidade: Milhares de euros<br />
Notas: (a) Média aritmética das taxas de crescimento anuais no período 2007-2011; (b) Taxa de variação homóloga 2011-2012<br />
2007 a 2009: Resultados definitivos; 2010 a 2012: Resultados preliminares<br />
sas para o mercado, com uma quota de<br />
18,6 por cento, um crescimento, em valor,<br />
de 5,3 por cento em relação a 2010.<br />
O subgrupo que absorveu grande parte<br />
das exportações deste agregado foi o<br />
da cortiça aglomerada e suas obras, que<br />
representou 15,7 por cento do total exportado<br />
nesse período. A este segue-se o<br />
grupo de máquinas e aparelhos com uma<br />
quota de 17,9 por cento, uma quebra de<br />
6,0 por cento em relação ao ano anterior.<br />
O calçado representou 11,8 por cento<br />
do total exportado para aquele mercado.<br />
Este grupo é composto quase exclusivamente<br />
por um único produto: calçado<br />
Var % b<br />
11/12
com sola exterior de borracha, plástico,<br />
couro e parte superior em couro natural<br />
e, confirmando uma tendência ascendente<br />
verificada nos últimos anos, registou<br />
uma forte subida de 48,4 por cento.<br />
Os produtos agrícolas e os produtos<br />
alimentares posicionaram-se, respectivamente,<br />
nos 4º e 5º lugares nas expor-<br />
tações de <strong>Portugal</strong> para a Rússia, com<br />
quotas de 7,5 por cento e 7,3 por cento<br />
do total em 2011. Por fim, o grupo dos<br />
metais comuns que ocupou a 6ª posição<br />
nas exportações de <strong>Portugal</strong> para a Rússia<br />
(5,9 por cento do total em 2011).<br />
Em 2010 (último ano disponível), de<br />
um total de 96,6 por cento das expedições<br />
portuguesas para o mercado de<br />
produtos industriais transformados, a<br />
maioria incidiu em produtos de baixa<br />
intensidade tecnológica (58,4 por cento).<br />
Seguiram-se os produtos de médiaalta<br />
intensidade com 25,7 por cento,<br />
os de média-baixa (15,1 por cento). Os<br />
produtos de alta intensidade tecnológica<br />
representaram apenas 0,8 por cento<br />
das vendas nacionais à Rússia.<br />
De acordo com os dados do INE, assistiu-se,<br />
em 2011, a uma subida do<br />
número de empresas portuguesas que<br />
exportam para a Rússia, tendo sido<br />
contabilizadas 486 empresas, contra<br />
409 em 2010.<br />
No que diz respeito às importações<br />
portuguesas provenientes da Rússia,<br />
verifica-se uma forte concentração num<br />
único produto, os combustíveis minerais,<br />
que representaram 75,4 por cento do<br />
total importado em 2011. Dos restantes<br />
grupos de produtos, destacam-se ainda<br />
os produtos químicos e os produtos<br />
agrícolas. Estes três grupos de produtos<br />
representaram, no ano transacto, 91,1<br />
por cento do total das importações portuguesas<br />
provenientes deste mercado.<br />
Nos últimos cinco anos (2006-2010),<br />
a estrutura do grau de intensidade<br />
tecnológica das compras portuguesas<br />
à Rússia de produtos industriais transformados<br />
(72,3 por cento do total de<br />
2010) tem-se mantido constante, sendo<br />
dominada, quase exclusivamente,<br />
pelos produtos de média-baixa intensidade<br />
(76,6 por cento), embora se<br />
venha assistido a uma subida dos produtos<br />
de média-alta intensidade tecnológica<br />
para 13,7 por cento.<br />
Segundo o INE, em 2011 o número de<br />
empresas portuguesas que importam<br />
da Rússia registou o segundo valor<br />
mais baixo dos últimos cinco anos, com<br />
um total de 183 empresas (em 2010<br />
esse número foi de 156 empresas).<br />
Serviços e investimento<br />
Ao contrário do que se verifica no comércio<br />
de bens, na área dos serviços a<br />
balança bilateral tem sido tradicionalmente<br />
favorável a <strong>Portugal</strong>, com o saldo<br />
a crescer ano após ano graças, sobretudo,<br />
ao crescimento que as exportações<br />
têm vindo a registar. No período de<br />
2007-2011, o crescimento médio das<br />
exportações nacionais de serviços foi de<br />
19,5 por cento, enquanto o das importações<br />
se quedou pelos 10,8 por cento.<br />
Os dados relativos aos primeiros sete<br />
meses de 2012 a evolução das exportações<br />
nacionais, com as vendas a aproximarem-se<br />
dos 67 milhões de euros,<br />
um significativo aumento de 52,1 por<br />
cento em termos homólogos, enquanto<br />
as compras se quedaram nos 23,6<br />
milhões de euros, um incremento de<br />
10,3 por cento.<br />
No investimento, e de acordo com o<br />
Banco de <strong>Portugal</strong>, o investimento directo<br />
da Rússia em <strong>Portugal</strong> passou a<br />
ter alguma expressão a partir de 2008,<br />
contrariando uma tendência de baixos<br />
montantes aplicados no nosso país.<br />
No ano transacto a Rússia ocupou o<br />
25º lugar no ranking dos investidores<br />
MERCADOS<br />
estrangeiros, em linha com a posição<br />
ocupada nos últimos quatro anos.<br />
Por outro lado, enquanto destino do investimento<br />
directo português no exterior<br />
(IDPE), a Rússia tem assumido uma posição<br />
pouco significativa, contrariada em<br />
2011, ano em que ocupou a 29ª posição.<br />
Segundo o Banco de <strong>Portugal</strong>, o investimento<br />
directo de <strong>Portugal</strong> na Rússia<br />
assumiu, até 2004, um carácter pontual<br />
e pouco significativo. No período em<br />
análise, destacam-se os montantes aplicados<br />
em 2008 e, sobretudo, em 2011,<br />
o que representa uma taxa média de<br />
crescimento anual de 557,9 por cento.<br />
Informação relativa aos primeiros sete<br />
meses deste ano contabiliza um investimento<br />
português na Rússia de 4,8 milhões<br />
de euros, um aumento de 48,4<br />
por cento em termos homólogos.<br />
Turismo<br />
É inquestionável a importância da Rússia<br />
enquanto mercado outbound, com mais<br />
de 11 milhões de turistas a viajar para<br />
fora do país em 2011. Segundo o Banco<br />
de <strong>Portugal</strong>, a Rússia registou, no período<br />
de 2007-2011, uma taxa de crescimento<br />
médio anual de 25,3 por cento no que se<br />
refere ao número de hóspedes.<br />
A Federação Russa é um mercado<br />
emergente para <strong>Portugal</strong> e em forte<br />
crescimento. Em 2011, e num conjunto<br />
de 55 mercados, ocupou a 22ª posição<br />
no ranking das receitas com uma taxa<br />
de crescimento médio anual de 21,8<br />
por cento. Dados disponíveis relativos<br />
ao 1º semestre do corrente ano reforçam<br />
este bom desempenho, com as<br />
receitas a crescerem, em termos homólogos,<br />
cerca de 33 por cento.<br />
<strong>Portugal</strong>global // Outubro 12 // 41
MERCADOS<br />
ENDEREÇOS ÚTEIS RÚSSIA EM FICHA<br />
EMBAIXADA DA FEDERAÇÃO RUSSA<br />
Rua Visconde Santarém, 57<br />
1000-286 Lisboa<br />
Tel.: +351 218 462 423/4<br />
Fax: +351 218 463 008<br />
mail@embrussia.ru<br />
www.embrussia.ru/<br />
EMBAIXADA DE PORTUGAL<br />
NA RÚSSIA<br />
Botanitchesky Per., 1<br />
Moscovo – Rússia<br />
Tel.: +7 495-981 3410<br />
Fax: +7 095 789 8539<br />
DELEGAÇÃO DA UE<br />
NA FEDERAÇÃO RUSSA<br />
Kadashevskaya embankment 14-1<br />
Moscovo 119017 – Rússia<br />
Tel.: +7 495 721 2000<br />
Fax: +7 495 721 2020<br />
Delegation-Russia@eeas.europa.eu<br />
http://eeas.europa.eu/delegations/russia/<br />
index_en.htm<br />
BANCO EUROPEU<br />
DE RECONSTRUÇÃO<br />
E DESENVOLVIMENTO<br />
Ducat Place III, Second floor<br />
6, Gasheka Street<br />
Moscovo 125047 – Rússia<br />
Tel.: +7 495 787 1111<br />
Fax: +7 495 787 1122<br />
moscow@ebrd.com<br />
www.ebrd.com<br />
BANCO MUNDIAL<br />
Bolshaya Molchanovka st. 36/1<br />
121069 Moscovo – Rússia<br />
Tel.: +7 495 745 7000<br />
moscow@worldbank.org<br />
www.worldbank.org<br />
MINISTRY OF FINANCE<br />
OF THE RUSSIAN FEDERATION<br />
Ilinka st. 9,<br />
109097 Moscovo – Russia<br />
Tel.: +7 495 987 9372<br />
Fax: +7 495 913 4697<br />
pr@minfin.ru<br />
www.minfin.ru/en<br />
42 // Outubro 12 // <strong>Portugal</strong>global<br />
Moscovo<br />
Área: 17.075.400 km 2<br />
População: 142,9 milhões de habitantes<br />
(estimativa oficial de Outubro de 2010).<br />
Densidade populacional: 8,4 hab./Km 2<br />
(estimativa oficial de 1 de Outubro de 2010).<br />
Designação oficial: Federação Russa<br />
Chefe do Estado: Vladimir Putin<br />
Primeiro-Ministro: Dmitry Medvedev<br />
Data da actual Constituição: 12 de<br />
Dezembro de 1993.<br />
Principais Partidos Políticos: Partido<br />
Rússia Unida, Partido Comunista da<br />
Federação Russa, Partido da Rússia Justa,<br />
Partido Liberal Democrático. As próximas<br />
eleições legislativas e presidenciais terão<br />
lugar em Dezembro de 2016 e em 2018,<br />
respectivamente.<br />
Capital: Moscovo<br />
(10,1 milhões de habitantes)<br />
Outras cidades importantes:<br />
S. Petersburgo, Novosibirsk, Nizhny<br />
Novgorod, Yekateringburg.<br />
Religião: O cristianismo é a religião<br />
predominante, expresso através da Igreja<br />
Ortodoxa Russa. Existem igualmente<br />
minorias significativas de muçulmanos,<br />
budistas e judeus.<br />
Rússia<br />
Língua: Russo e línguas locais.<br />
Unidade monetária: Rublo (RUB)<br />
1 EUR = 40,7375 RUB (03/09/2012)<br />
Ranking em negócios: Índice 5,83<br />
(10 = máximo)<br />
Ranking geral: 62 (entre 82 países)<br />
Risco País: Risco político BB<br />
(AAA = risco menor; D = risco maior)<br />
Risco de estrutura económica: BB<br />
(AAA = risco menor; D = risco maior)<br />
(EIU – Agosto 2012)<br />
Risco de crédito: 3<br />
(1 = risco menor; 7 = risco maior)<br />
(COSEC – Agosto 2012)<br />
Grau de abertura e dimensão relativa<br />
do mercado (2011):<br />
Exp. + Imp. / PIB = 53,6%<br />
Imp. / PIB = 22,3%<br />
Imp. / Imp. Mundial (2010) = 1,6%<br />
Fontes:<br />
WTO; The Economist Intelligence Unit (EIU);<br />
Banco de <strong>Portugal</strong>; COSEC.
Videoconferências<br />
AICEP <strong>Global</strong> Network<br />
A AICEP disponibiliza um novo serviço de videoconferência para<br />
reuniões em directo, onde quer que se encontre, com os nossos<br />
responsáveis da Rede Externa presentes em mais de 40 países.<br />
Obtenha a informação sobre os mercados internacionais que necessita<br />
e esclareça as suas dúvidas sobre:<br />
• Potenciais clientes<br />
• Canais de distribuição<br />
• Aspectos regulamentares<br />
• Feiras e eventos<br />
• Informações específicas sobre o mercado<br />
Para mais informação e condições de utilização consulte o site:<br />
www.portugalglobal.pt<br />
Tudo isto,<br />
sem sair<br />
do seu escritório<br />
Lisboa<br />
Av. 5 de Outubro, 101,<br />
1050-051 Lisboa<br />
Tel: + 351 217 909 500<br />
E-mail: <strong>aicep</strong>@portugalglobal.pt<br />
Porto<br />
Rua António Bessa Leite, 1430 - 2º andar<br />
4150-074 Porto<br />
Tel: + 351 226 055 300<br />
Web: www.portugalglobal.pt
OPINIÃO<br />
CONVENÇÃO INTERNACIONAL<br />
DE ROTÁRIOS<br />
UMA OPORTUNIDADE<br />
PARA A ECONOMIA PORTUGUESA<br />
> POR LUÍS MIGUEL DUARTE, GOVERNADO DO DISTRITO 1960 E RESPONSÁVEL PELA COMISSÃO<br />
ORGANIZADORA DA 104ª CONVENÇÃO DE ROTARY INTERNACIONAL<br />
O Rotary International vai realizar em<br />
<strong>Portugal</strong> a sua 104ª Convenção Internacional<br />
que trará ao nosso país cerca<br />
de 30.000 rotários de todo o mundo e<br />
que terá um impacto directo na nossa<br />
economia de aproximadamente 100<br />
milhões de euros. Uma oportunidade<br />
para promovermos o nosso país, as nossas<br />
empresas e de mostrarmos o que de<br />
bom se faz e temos em <strong>Portugal</strong>.<br />
Fundado em 1926, o Rotary <strong>Portugal</strong><br />
é uma entidade composta actualmente<br />
por 160 clubes distribuídos geograficamente<br />
por todo o país e que é parte<br />
integrante do Rotary Internacional, um<br />
movimento que nasceu em 1905 nos<br />
Estados Unidos com uma ideia central:<br />
“Dar de si, antes de pensar em si”.<br />
Hoje, o Rotary International é a maior<br />
ONG do mundo, congregando mais de<br />
1,2 milhões de rotários distribuídos por<br />
mais de 200 países e áreas geográficas.<br />
Os rotários estão organizados em clubes<br />
locais (são cerca de 34 mil no mundo inteiro)<br />
e são na sua maioria empresários,<br />
quadros de empresas ou líderes comunitários<br />
que colocam as suas competências,<br />
o seu saber e o seu tempo ao serviço<br />
das comunidades em que estão inseridos<br />
e para as quais desenvolvem inúmeros<br />
projectos, desde a promoção da educação<br />
e da saúde, combate à fome e à exclusão<br />
social, contribuição para a melhoria<br />
das condições de vida, apoio cultural,<br />
humanitário e social, entre muitas outras<br />
causas locais e globais.<br />
Em Junho de 2013, Lisboa vai ser o ponto<br />
de encontro dos rotários de todo o<br />
44 // Outubro 12 // <strong>Portugal</strong>global<br />
mundo e onde serão partilhadas as experiências<br />
individuais e colectivas, desenvolvidas<br />
por todos os clubes. Será,<br />
também, um momento privilegiado de<br />
aprendizagem, para todos os rotários<br />
melhor servirem as suas comunidades.<br />
Para além desse importante momento<br />
de partilha de conhecimento entre<br />
os rotários, a convenção contará com<br />
a presença de cidadãos do mundo e<br />
personalidades destacadas da cena<br />
internacional, os quais virão dar o seu<br />
contributo e as suas perspectivas para a<br />
construção de um mundo melhor.<br />
No âmbito do lema global do movimento<br />
rotário “A Paz pelo Servir”, Lisboa foi<br />
nomeada um “Porto para a Paz”. A escolha<br />
de Lisboa para capital mundial dos<br />
rotários em 2013 foi um orgulho para a<br />
equipa que em <strong>Portugal</strong> preparou a candidatura,<br />
uma vez que a selecção foi feita<br />
entre 34 cidades. Foi um longo percurso,<br />
iniciado em 2006, que veio a culminar<br />
com a escolha de Lisboa, graças à qua-
lidade da proposta apresentada, mas foi<br />
também a confirmação de que o nosso<br />
país continua a ser um excelente destino<br />
e um dos mais reconhecidos internacionalmente<br />
para o turismo de negócios.<br />
Vale a pena ressalvar o importante apoio<br />
que recebemos das entidades públicas<br />
nacionais, como a AICEP, a Câmara Municipal<br />
de Lisboa, o Turismo de <strong>Portugal</strong> e<br />
a Associação de Turismo de Lisboa, que<br />
permitiram que a 104ª Convenção do<br />
Rotary Internacional seja o maior evento<br />
de negócios alguma vez realizado em<br />
<strong>Portugal</strong>. De tal forma, que, segundo um<br />
estudo elaborado pelo próprio Rotary,<br />
estima-se que a convenção tenha um<br />
impacto directo na nossa economia de<br />
aproximadamente 100 milhões de euros<br />
em exportações, o que significa uma entrada<br />
directa para o top 10 das entidades<br />
exportadoras em <strong>Portugal</strong> em 2013.<br />
Trata-se, portanto, de uma iniciativa muito<br />
relevante para <strong>Portugal</strong>, não só pelo<br />
actual contexto económico nacional e internacional,<br />
mas porque é também uma<br />
oportunidade muito importante que deverá<br />
merecer a atenção de todos os agentes<br />
económicos e políticos, que permitirá<br />
promovermos o nosso país e que vai contribuir<br />
para construir e consolidar a boa<br />
imagem de <strong>Portugal</strong> além-fronteiras. Na<br />
verdade, esperamos receber figuras ilustres<br />
dos cinco continentes que poderão<br />
transformar-se em excelentes endorsers<br />
do nosso país e daquilo que temos para<br />
oferecer. Em suma, num momento em<br />
que as exportações são um factor crítico<br />
para <strong>Portugal</strong> ultrapassar a crise, esta<br />
convenção pode ser uma oportunidade<br />
para alavancarmos a promoção internacional<br />
da nossa economia.<br />
A Convenção será também mais uma<br />
demonstração da nossa capacidade<br />
de organização e de gestão logística,<br />
tal como aconteceu anteriormente,<br />
por exemplo, nas cimeiras da União<br />
Europeia ou da NATO, mas também<br />
uma oportunidade para demonstrarmos<br />
a qualidade do nosso produto<br />
turístico, da nossa arte de receber e,<br />
naturalmente, da nossa cultura e da<br />
nossa gastronomia.<br />
Do ponto de vista internacional, e do<br />
ponto de vista do Rotary, esta Convenção<br />
encerra ainda um importante motivo<br />
de destaque. A forte probabilidade<br />
“Vale a pena ressalvar o<br />
importante apoio que<br />
recebemos das entidades<br />
públicas nacionais, como a<br />
AICEP, a Câmara Municipal de<br />
Lisboa, o Turismo de <strong>Portugal</strong><br />
e a Associação de Turismo de<br />
Lisboa, que permitiram que<br />
a 104ª Convenção do Rotary<br />
Internacional seja o maior<br />
evento de negócios alguma<br />
vez realizado em <strong>Portugal</strong>.”<br />
de virmos anunciar a erradicação da<br />
poliomielite no mundo.<br />
Na verdade, a campanha “End of Polio<br />
Now” é um dos grandes projectos do<br />
Rotary Internacional, iniciado em 1985<br />
em conjunto com a Organização Mundial<br />
de Saúde (OMS) e a UNICEF. Desde<br />
que começou, a campanha envolveu<br />
OPINIÃO<br />
um financiamento global agregado de<br />
900 milhões de dólares, fruto do trabalho<br />
de recolha de fundos por parte<br />
dos Rotários e de outras doações. Por<br />
exemplo, os rotários portugueses criaram<br />
este ano a linha telefónica solidária<br />
de apoio à erradicação da Poliomielite<br />
no mundo. Através de uma chamada<br />
para o número 760 30 20 13, as pessoas<br />
poderão contribuir com 60 cêntimos<br />
de euro (acrescidos de IVA) para esta<br />
campanha. Em Janeiro deste ano, o Rotary<br />
International anunciou a angariação<br />
de mais 200 milhões de dólares e a<br />
contribuição de 405 milhões de dólares<br />
pela fundação Bill & Melinda Gates.<br />
Graças ao intenso trabalho desenvolvido<br />
ao longo dos anos, o mundo viu os casos<br />
de poliomielite reduzirem-se em mais de<br />
99 por cento, prevenindo 5 milhões de<br />
paralisias e 250 mil mortes. Quando foi<br />
iniciado, em 1985, a poliomielite infectava<br />
mais de 350 mil crianças anualmente<br />
em todo o mundo. Em 2012, apenas 650<br />
casos foram reportados a nível mundial.<br />
O fim da Pólio é hoje uma realidade<br />
tangível e deve-se à persistência e contínuo<br />
apoio dos rotários a esta causa. A<br />
Índia foi declarada livre da pólio neste<br />
ano, subsistindo ainda outros três países<br />
endémicos: Nigéria, Paquistão e<br />
Afeganistão. Temos agora uma nova<br />
vacina, mais eficaz, mas faltam recursos<br />
para concluirmos o nosso trabalho.<br />
Nestes próximos 10 meses o nosso esforço<br />
será a chave do sucesso do fim da<br />
transmissão do vírus da pólio.<br />
E estamos cientes que sairemos vencedores<br />
e que Lisboa será o palco mundial<br />
do fim da pólio.<br />
<strong>Portugal</strong>global // Outubro 12 // 45
ANÁLISE DE RISCO - PAÍS<br />
COSEC<br />
No âmbito de apólices individuais<br />
África do Sul*<br />
C Aberta sem condições restritivas.<br />
M/L Garantia bancária (decisão<br />
casuística).<br />
Angola<br />
C Caso a caso.<br />
M/L Garantia soberana. Limite total de<br />
responsabilidades.<br />
Arábia Saudita<br />
C Carta de crédito irrevogável<br />
(decisão casuística).<br />
M/L Caso a caso.<br />
Argélia<br />
C Sector público: aberta sem restrições.<br />
Sector privado: eventual<br />
exigência de carta de crédito<br />
irrevogável.<br />
M/L Em princípio. exigência de garantia<br />
bancária ou garantia soberana.<br />
Argentina<br />
T Caso a caso.<br />
Barein<br />
C Aberta sem condições restritivas.<br />
M/L Garantia bancária.<br />
Benim<br />
C Caso a caso, numa base muito<br />
restritiva.<br />
M/L Caso a caso, numa base muito<br />
restritiva, e com exigência de<br />
garantia soberana ou bancária.<br />
Brasil*<br />
C Aberta sem condições restritivas.<br />
M/L Clientes soberanos: Aberta sem<br />
condições restritivas. Outros Clientes<br />
públicos e privados: Aberta, caso<br />
a caso, com eventual exigência de<br />
garantia soberana ou bancária.<br />
Bulgária<br />
C Carta de crédito irrevogável.<br />
M/L Garantia bancária ou garantia<br />
soberana.<br />
Cabo Verde<br />
C Aberta sem condições restritivas.<br />
M/L Eventual exigência de garantia<br />
bancária ou de garantia soberana<br />
(decisão casuística).<br />
Camarões<br />
T Caso a caso, numa base muito<br />
restritiva.<br />
Cazaquistão<br />
Temporariamente fora de cobertura.<br />
China*<br />
C Aberta sem condições restritivas.<br />
M/L Garantia bancária.<br />
Chipre<br />
C Aberta sem condições restritivas.<br />
M/L Não definida.<br />
46 // Outubro 12 // <strong>Portugal</strong>global<br />
Políticas de cobertura para mercados<br />
Colômbia<br />
C Carta de crédito irrevogável.<br />
M/L Caso a caso, numa base restritiva.<br />
Coreia do Sul<br />
C Aberta sem condições restritivas.<br />
M/L Não definida.<br />
Costa do Marfim<br />
T Decisão casuística.<br />
Costa Rica<br />
C Aberta sem condições restritivas.<br />
M/L Não definida.<br />
Croácia<br />
C Carta de crédito irrevogável ou<br />
garantia bancária. Extensão do<br />
prazo constitutivo de sinistro para<br />
12 meses. Redução da percentagem<br />
de cobertura para 90 por<br />
cento. Limite por operação.<br />
M/L Garantia bancária ou garantia<br />
soberana. Extensão do prazo<br />
constitutivo de sinistro para 12<br />
meses. Redução da percentagem<br />
de cobertura para 90 por cento.<br />
Limite por operação.<br />
Cuba<br />
T Fora de cobertura.<br />
Egipto<br />
C Carta de crédito irrevogável<br />
M/L Caso a caso.<br />
Emirados Árabes Unidos<br />
C Aberta sem condições restritivas.<br />
M/L Garantia bancária (decisão<br />
casuística).<br />
Estónia<br />
M/L Garantia bancária.<br />
Etiópia<br />
C Carta de crédito irrevogável.<br />
M/L Caso a caso numa base muito<br />
restritiva.<br />
Filipinas<br />
C Aberta sem condições restritivas.<br />
M/L Não definida.<br />
Gana<br />
C Caso a caso numa base muito<br />
restritiva.<br />
M/L Fora de cobertura.<br />
Geórgia<br />
C Caso a caso numa base restritiva,<br />
privilegiando-se operações de<br />
pequeno montante.<br />
M/L Caso a caso, numa base muito<br />
restritiva e com a exigência de<br />
contra garantias.<br />
Guiné-Bissau<br />
T Fora de cobertura.<br />
Guiné Equatorial<br />
C Caso a caso, numa base restritiva.<br />
M/L Clientes públicos e soberanos:<br />
caso a caso, mediante análise das<br />
garantias oferecidas, designadamente<br />
contrapartidas do<br />
petróleo. Clientes privados: caso<br />
a caso, numa base muito restritiva,<br />
condicionada a eventuais<br />
contrapartidas (garantia de banco<br />
comercial aceite pela COSEC ou<br />
contrapartidas do petróleo).<br />
Hong-Kong<br />
C Aberta sem condições restritivas.<br />
M/L Não definida.<br />
Iémen<br />
C Caso a caso, numa base restritiva.<br />
M/L Caso a caso, numa base muito<br />
restritiva.<br />
Índia<br />
C Aberta sem condições restritivas.<br />
M/L Garantia bancária.<br />
Indonésia<br />
C Caso a caso, com eventual<br />
exigência de carta de crédito irrevogável<br />
ou garantia bancária.<br />
M/L Caso a caso, com eventual exigência<br />
de garantia bancária ou<br />
garantia soberana.<br />
Irão<br />
C Carta de crédito irrevogável ou<br />
garantia bancária.<br />
M/L Garantia soberana.<br />
Iraque<br />
T Fora de cobertura.<br />
Jordânia<br />
C Caso a caso.<br />
M/L Caso a caso, numa base restritiva.<br />
Koweit<br />
C Aberta sem condições restritivas.<br />
M/L Garantia bancária (decisão<br />
casuística).<br />
Letónia<br />
C Carta de crédito irrevogável.<br />
M/L Garantia bancária.<br />
Líbano<br />
C Clientes públicos: caso a caso<br />
numa base muito restritiva.<br />
Clientes privados: carta de crédito<br />
irrevogável ou garantia bancária.<br />
M/L Clientes públicos: fora de cobertura.<br />
Clientes privados: caso a<br />
caso numa base muito restritiva.<br />
Líbia<br />
T Fora de cobertura.<br />
Lituânia<br />
C Carta de crédito irrevogável.<br />
M/L Garantia bancária.<br />
Macau<br />
C Aberta sem condições restritivas.<br />
M/L Não definida.<br />
Malásia<br />
C Aberta sem condições restritivas.<br />
M/L Não definida.<br />
Malawi<br />
C Caso a caso, numa base restritiva.<br />
M/L Clientes públicos: fora de cobertura,<br />
excepto para operações<br />
de interesse nacional. Clientes<br />
privados: análise casuística, numa<br />
base muito restritiva.<br />
Malta<br />
C Aberta sem condições restritivas.<br />
M/L Não definida.<br />
Marrocos*<br />
C Aberta sem condições restritivas.<br />
M/L Garantia bancária ou garantia<br />
soberana.<br />
Martinica<br />
C Aberta sem condições restritivas.<br />
M/L Não definida.<br />
México*<br />
C Aberta sem restrições.<br />
M/L Em princípio aberta sem restrições.<br />
A eventual exigência de garantia<br />
bancária, para clientes privados,<br />
será decidida casuisticamente.<br />
Moçambique<br />
C Caso a caso, numa base restritiva<br />
(eventualmente com a exigência de<br />
carta de crédito irrevogável, garantia<br />
bancária emitida por um banco<br />
aceite pela COSEC e aumento do<br />
prazo constitutivo de sinistro).<br />
M/L Aumento do prazo constitutivo<br />
de sinistro. Sector privado: caso a<br />
caso numa base muito restritiva.<br />
Operações relativas a projectos<br />
geradores de divisas e/ou que<br />
admitam a afectação prioritária<br />
de receitas ao pagamento dos<br />
créditos garantidos, terão uma<br />
ponderação positiva na análise do<br />
risco; sector público: caso a caso<br />
numa base muito restritiva.<br />
Montenegro<br />
C Caso a caso, numa base restritiva.<br />
privilegiando-se operações de<br />
pequeno montante.<br />
M/L Caso a caso, com exigência de garantia<br />
soberana ou bancária, para<br />
operações de pequeno montante.
de destino das exportações portuguesas<br />
Nigéria<br />
C Caso a caso, numa base restritiva<br />
(designadamente em termos de<br />
alargamento do prazo constitutivo<br />
de sinistro e exigência de<br />
garantia bancária).<br />
M/L Caso a caso, numa base muito<br />
restritiva, condicionado a eventuais<br />
garantias (bancárias ou contrapartidas<br />
do petróleo) e ao alargamento<br />
do prazo contitutivo de sinistro.<br />
Oman<br />
C Aberta sem condições restritivas.<br />
M/L Garantia bancária (decisão casuística).<br />
Panamá<br />
C Aberta sem condições restritivas.<br />
M/L Não definida.<br />
Paquistão<br />
Temporariamente fora de cobertura.<br />
Paraguai<br />
C Carta de crédito irrevogável.<br />
M/L Caso a caso, numa base restritiva.<br />
Peru<br />
C Aberta sem condições restritivas.<br />
M/L Clientes soberanos: aberta sem<br />
condições restritivas. Clientes<br />
públicos e privados: aberta, caso<br />
a caso, com eventual exigência de<br />
garantia soberana ou bancária.<br />
Qatar<br />
C Aberta sem condições restritivas.<br />
M/L Garantia bancária (decisão<br />
casuística).<br />
Quénia<br />
C Carta de crédito irrevogável.<br />
M/L Caso a caso, numa base restritiva.<br />
República Checa<br />
C Aberta sem condições restritivas.<br />
M/L Garantia bancária (decisão casuística).<br />
República Dominicana<br />
C Aberta caso a caso, com eventual<br />
exigência de carta de crédito irrevogável<br />
ou garantia bancária emitida<br />
por um banco aceite pela COSEC.<br />
M/L Aberta caso a caso com exigência<br />
de garantia soberana (emitida pela<br />
Secretaria de Finanzas ou pelo Banco<br />
Central) ou garantia bancária.<br />
Roménia<br />
C Exigência de carta de crédito<br />
irrevogável (decisão casuística).<br />
M/L Exigência de garantia bancária<br />
ou garantia soberana (decisão<br />
casuística).<br />
Rússia<br />
C Sector público: aberta sem restrições.<br />
Sector privado: caso a caso.<br />
M/L Sector público: aberta sem restrições,<br />
com eventual exigência de<br />
garantia bancária ou garantia soberana.<br />
Sector privado: caso a caso.<br />
S. Tomé e Príncipe<br />
C Análise caso a caso, numa base<br />
muito restritiva.<br />
Senegal<br />
C Em princípio. exigência de<br />
garantia bancária emitida por<br />
um banco aceite pela COSEC e<br />
eventual alargamento do prazo<br />
constitutivo de sinistro.<br />
M/L Eventual alargamento do prazo<br />
constitutivo de sinistro. Sector<br />
público: caso a caso, com exigência<br />
de garantia de pagamento e<br />
transferência emitida pela Autoridade<br />
Monetária (BCEAO); sector<br />
privado: exigência de garantia<br />
bancária ou garantia emitida pela<br />
Autoridade Monetária (preferência<br />
a projectos que permitam a<br />
alocação prioritária dos cash-flows<br />
ao reembolso do crédito).<br />
Sérvia<br />
C Caso a caso, numa base restritiva,<br />
privilegiando-se operações de<br />
pequeno montante.<br />
M/L Caso a caso, com exigência de<br />
garantia soberana ou bancária,<br />
para operações de pequeno<br />
montante.<br />
Singapura<br />
C Aberta sem condições restritivas.<br />
M/L Não definida.<br />
Síria<br />
T Caso a caso, numa base muito<br />
restritiva.<br />
Suazilândia<br />
C Carta de crédito irrevogável.<br />
M/L Garantia bancária ou garantia<br />
soberana.<br />
Tailândia<br />
C Carta de crédito irrevogável<br />
(decisão casuística).<br />
M/L Não definida.<br />
Taiwan<br />
C Aberta sem condições restritivas.<br />
M/L Não definida.<br />
Tanzânia<br />
T Caso a caso, numa base muito<br />
restritiva.<br />
Tunísia*<br />
C Aberta sem condições restritivas.<br />
M/L Garantia bancária.<br />
Turquia<br />
C Carta de crédito irrevogável.<br />
M/L Garantia bancária ou garantia<br />
soberana.<br />
Ucrânia<br />
C Clientes públicos: eventual<br />
exigência de garantia soberana.<br />
Clientes privados: eventual<br />
exigência de carta de crédito<br />
irrevogável.<br />
ANÁLISE DE RISCO - PAÍS<br />
No âmbito de apólices globais<br />
Na apólice individual está em causa a cobertura de uma única<br />
transação para um determinado mercado. enquanto a apólice<br />
global cobre todas as transações em todos os países para onde o<br />
empresário exporta os seus produtos ou serviços.<br />
As apólices globais são aplicáveis às empresas que vendem bens<br />
de consumo e intermédio. cujas transações envolvem créditos de<br />
curto prazo (média 60-90 dias). não excedendo um ano. e que se<br />
repetem com alguma frequência.<br />
Tendo em conta a dispersão do risco neste tipo de apólices. a<br />
política de cobertura é casuística e. em geral. mais flexível do que<br />
a indicada para as transações no âmbito das apólices individuais.<br />
Encontram-se também fora de cobertura Cuba. Guiné-Bissau. Iraque<br />
e S. Tomé e Príncipe.<br />
M/L Clientes públicos: eventual<br />
exigência de garantia soberana.<br />
Clientes privados: eventual<br />
exigência de garantia bancária.<br />
Para todas as operações, o prazo<br />
constitutivo de sinistro é definido<br />
caso a caso.<br />
Uganda<br />
C Caso a caso, numa base muito<br />
restritiva.<br />
M/L Fora de cobertura.<br />
Uruguai<br />
C Carta de crédito irrevogável<br />
(decisão casuística).<br />
M/L Não definida.<br />
Venezuela<br />
C Clientes públicos: aberta caso<br />
a caso com eventual exigência<br />
de garantia de transferência ou<br />
soberana. Clientes privados: aberta<br />
caso a caso com eventual exigência<br />
de carta de crédito irrevogável e/ou<br />
garantia de transferência.<br />
M/L Aberta caso a caso com exigência<br />
de garantia soberana.<br />
Zâmbia<br />
C Caso a caso, numa base muito<br />
restritiva.<br />
M/L Fora de cobertura.<br />
Zimbabwe<br />
C Caso a caso, numa base muito<br />
restritiva.<br />
M/L Fora de cobertura.<br />
Advertência:<br />
A lista e as políticas de cobertura são<br />
indicativas e podem ser alteradas<br />
sempre que se justifique. Os países<br />
que constam da lista são os mais<br />
representativos em termos de consultas<br />
e responsabilidades assumidas. Todas<br />
as operações são objecto de análise e<br />
decisão específicas.<br />
Legenda:<br />
C Curto Prazo<br />
M/L Médio / Longo Prazo<br />
T Todos os Prazos<br />
* Mercado prioritário.<br />
COSEC<br />
Companhia de Seguro<br />
de Créditos. S. A.<br />
Direcção Internacional<br />
Avenida da República. 58<br />
1069-057 Lisboa<br />
Tel.: +351 217 913 832<br />
Fax: +351 217 913 839<br />
internacional@cosec.pt<br />
www.cosec.pt<br />
<strong>Portugal</strong>global // Outubro 12 // 47
TABELA CLASSIFICATIVA DE PAÍSES<br />
COSEC<br />
Tabela classificativa de países<br />
Para efeitos de Seguro de Crédito à exportação<br />
A <strong>Portugal</strong>global e a COSEC apresentam-lhe uma Tabela Classificativa<br />
de Países com a graduação dos mercados em função<br />
do seu risco de crédito. ou seja. consoante a probabilidade de<br />
cumprimento das suas obrigações externas. a curto. a médio e<br />
a longo prazos. Existem sete grupos de risco (de 1 a 7). corres-<br />
pondendo o grupo 1 à menor probabilidade de incumprimento<br />
e o grupo 7 à maior.<br />
As categorias de risco assim definidas são a base da avaliação do<br />
risco país. da definição das condições de cobertura e das taxas<br />
de prémio aplicáveis.<br />
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4 Grupo 5 Grupo 6 Grupo 7<br />
Alemanha *<br />
Andorra *<br />
Austrália *<br />
Áustria *<br />
Bélgica *<br />
Canadá *<br />
Checa. Rep. *<br />
Chipre<br />
Coreia do Sul *<br />
Dinamarca *<br />
Eslováquia *<br />
Eslovénia *<br />
Espanha *<br />
Estónia<br />
EUA *<br />
Finlândia *<br />
França *<br />
Grécia *<br />
Holanda *<br />
Hong-Kong<br />
Hungria *<br />
Irlanda *<br />
Islândia *<br />
Israel *<br />
Itália *<br />
Japão *<br />
Liechtenstein *<br />
Luxemburgo *<br />
Malta *<br />
Mónaco *<br />
Noruega *<br />
Nova Zelândia *<br />
Polónia *<br />
<strong>Portugal</strong> *<br />
Reino Unido *<br />
São Marino *<br />
Singapura *<br />
Suécia *<br />
Suiça *<br />
Taiwan<br />
Vaticano *<br />
Arábia Saudita<br />
Botswana<br />
Brunei<br />
Chile<br />
China •<br />
Gibraltar<br />
Koweit<br />
Macau<br />
Malásia<br />
Oman<br />
Qatar<br />
Trind. e Tobago<br />
África do Sul •<br />
Argélia<br />
Bahamas<br />
Barbados<br />
Brasil •<br />
Costa Rica<br />
Dep/ter Austr. b<br />
Dep/ter Din. c<br />
Dep/ter Esp. d<br />
Dep/ter EUA e<br />
Dep/ter Fra. f<br />
Dep/ter N. Z. g<br />
Dep/ter RU h<br />
EAU a<br />
Ilhas Marshall<br />
Índia<br />
Indonésia<br />
Lituânia<br />
Marrocos •<br />
Maurícias<br />
México •<br />
Micronésia<br />
Namíbia<br />
Palau<br />
Panamá<br />
Peru<br />
Rússia<br />
Tailândia<br />
Tunísia •<br />
Uruguai<br />
Aruba<br />
Barein<br />
Bulgária<br />
Colômbia<br />
El Salvador<br />
Fidji<br />
Filipinas<br />
Letónia<br />
Roménia<br />
Turquia<br />
Angola<br />
Azerbeijão<br />
Cazaquistão<br />
Croácia<br />
Dominicana. Rep.<br />
Egipto<br />
Gabão<br />
Gana<br />
Guatemala<br />
Jordânia<br />
Lesoto<br />
Macedónia<br />
Mongólia<br />
Nigéria<br />
Papua–Nova Guiné<br />
Paraguai<br />
S. Vic. e Gren.<br />
Santa Lúcia<br />
Vietname<br />
Albânia<br />
Ant. e Barbuda<br />
Arménia<br />
Bangladesh<br />
Belize<br />
Benin<br />
Bolívia<br />
Butão<br />
Cabo Verde<br />
Camarões<br />
Camboja<br />
Comores<br />
Congo<br />
Djibouti<br />
Dominica<br />
Geórgia<br />
Honduras<br />
Kiribati<br />
Moçambique<br />
Montenegro<br />
Nauru<br />
Quénia<br />
Samoa Oc.<br />
Senegal<br />
Sérvia<br />
Sri Lanka<br />
Suazilândia<br />
Tanzânia<br />
Turquemenistão<br />
Tuvalu<br />
Uganda<br />
Uzbequistão<br />
Vanuatu<br />
Zâmbia<br />
Afeganistão<br />
Argentina<br />
Bielorussia<br />
Bósnia e Herzegovina<br />
Burkina Faso<br />
Burundi<br />
Campuchea<br />
Cent. Af. Rep.<br />
Chade<br />
Congo. Rep. Dem.<br />
Coreia do Norte<br />
C. do Marfim<br />
Cuba •<br />
Equador<br />
Eritreia<br />
Etiópia<br />
Gâmbia<br />
Grenada<br />
Guiana<br />
Guiné Equatorial<br />
Guiné. Rep. da<br />
Guiné-Bissau •<br />
Haiti<br />
Iemen<br />
Irão<br />
Iraque •<br />
Jamaica<br />
Kosovo<br />
Laos<br />
Líbano<br />
Libéria<br />
Líbia<br />
Madagáscar<br />
Malawi<br />
Maldivas<br />
Mali<br />
Mauritânia<br />
Moldávia<br />
Myanmar<br />
Nepal<br />
Fonte: COSEC - Companhia de Seguro de Créditos. S.A.<br />
* País pertencente ao grupo 0 da classificação risco-país da OCDE. Não é aplicável o sistema de prémios mínimos. à excepção do Chipre. Hong-Kong e Taiwan.<br />
• Mercado de diversificação de oportunidades • Fora de cobertura • Fora de cobertura. excepto operações de relevante interesse nacional<br />
NOTAS<br />
a) Abu Dhabi. Dubai. Fujairah. Ras Al Khaimah. Sharjah. Um Al Quaiwain e Ajma<br />
b) Ilhas Norfolk<br />
c) Ilhas Faroe e Gronelândia<br />
d) Ceuta e Melilha<br />
e) Samoa. Guam. Marianas. Ilhas Virgens e Porto Rico<br />
48<br />
// Outubro 12 // <strong>Portugal</strong>global<br />
Nicarágua<br />
Níger<br />
Paquistão<br />
Quirguistão<br />
Ruanda<br />
S. Crist. e Nevis<br />
S. Tomé e Príncipe •<br />
Salomão<br />
Seicheles<br />
Serra Leoa<br />
Síria<br />
Somália<br />
Sudão<br />
Suriname<br />
Tadzequistão<br />
Togo<br />
Tonga<br />
Ucrânia<br />
Venezuela<br />
Zimbabué<br />
f) Guiana Francesa. Guadalupe. Martinica. Reunião. S. Pedro e Miquelon. Polinésia<br />
Francesa. Mayotte. Nova Caledónia. Wallis e Futuna<br />
g) Ilhas Cook e Tokelau. Ilhas Nive<br />
h) Anguilla. Bermudas. Ilhas Virgens. Cayman. Falkland. Pitcairn. Monserrat. Sta.<br />
Helena. Ascensão. Tristão da Cunha. Turks e Caicos
INVESTIMENTO<br />
e COMÉRCIO EXTERNO<br />
>PRINCIPAIS DADOS DE INVESTIMENTO (IDE E IDPE). EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES.<br />
INVESTIMENTO DIRECTO COM O EXTERIOR<br />
INVESTIMENTO DIRECTO<br />
DO EXTERIOR EM PORTUGAL<br />
2011<br />
tvh<br />
2011/10<br />
2011<br />
Jan/Ago<br />
2012<br />
Jan./Ago.<br />
tvh 12/11<br />
Jan./Ago.<br />
tvh 12/11<br />
Ago./Ago.<br />
tvc 12/12<br />
Ago./Jul.<br />
IDE bruto 39.626 0,0% 23.143 27.796 20,1% 45,4% 11,7%<br />
IDE desinvestimento 32.145 -14,6% 21.165 21.458 1,4% 43,1% 23,2%<br />
IDE líquido 7.481 274,5% 1.978 6.337 220,4% 81,2% -102,8%<br />
IDE Intra UE 35.885 2,2% 20.664 25.486 23,3% 46,3% 15,5%<br />
IDE Extra UE 3.741 -17,0% 2.478 2.309 -6,8% 35,0% -18,9%<br />
Unidade: Milhões de euros<br />
IDE Intra UE 90,6% -- 89,3% 91,7% -- -- --<br />
IDE Extra UE 9,4% -- 10,7% 8,3% -- -- --<br />
% Total IDE bruto<br />
IDE bruto - Origem 2012 (Jan./Ago.) % Total tvh 12/11 IDE bruto - Sector 2012 (Jan./Ago.) % Total tvh 12/11<br />
Espanha 16,7% 1,1% Comércio 32,9% -11,9%<br />
França 16,7% 5,3% Act. financeiras e de seguros 23,2% 136,9%<br />
Reino Unido 15,4% 24,5% Ind. Transformadoras 17,9% -11,7%<br />
Luxemburgo 14,9% 57,5% Electricidade, gás, água 11,6% 602,1%<br />
Países Baixos 9,3% -14,7% Act. informação e comunicação 6,0% 18,7%<br />
INVESTIMENTO DIRECTO<br />
DE PORTUGAL NO EXTERIOR<br />
2011<br />
IDPE bruto - Destinos 2012 (Jan./Ago.) % Total tvh 12/11 IDPE bruto - Sector 2012 (Jan./Ago.) % Total tvh 12/11<br />
Países Baixos 63,8% -35,7% Act. financeiras e de seguros 78,8% -31,3%<br />
Espanha 11,3% -25,8% Ind. transformadoras 8,5% 165,4%<br />
Brasil 8,4% 46,9% Construção 4,3% 21,7%<br />
Luxemburgo 2,6% 30,5% Comércio 2,7% -31,3%<br />
Angola 2,5% 5,1% Act. consultoria e técnicas 2,1% -66,4%<br />
2011 Dez<br />
tvh<br />
2011/10<br />
tvh 11/10<br />
Dez./Dez.<br />
2011<br />
Jan./Ago.<br />
2012<br />
Jan./Ago.<br />
2011 Jun. 2012 Jun.<br />
tvh 12/11<br />
Jan./Ago.<br />
tvh 12/11<br />
Ago./Ago.<br />
tvh 12/11<br />
Jun./Jun.<br />
tvc 12/11<br />
Jun./Mar.<br />
Stock IDE 84.308 0,9% 87.021 82.338 -5,4% -2,3%<br />
tvc 12/12<br />
Ago./Jul.<br />
IDPE bruto 15.592 59,3% 8.859 6.194 -30,1% -60,4% -28,5%<br />
IDPE desinvestimento 6.500 -57,9% 4.071 5.466 34,3% 408,7% 56,6%<br />
IDPE líquido 9.092 260,7% 4.788 729 -84,8% -387,9% -116,8%<br />
IDPE Intra UE 13.792 140,3% 7.630 5.143 -32,6% -64,7% -24,8%<br />
IDPE Extra UE 1.800 -55,6% 1.230 1.051 -14,5% -46,9% -35,2%<br />
Unidade: Milhões de euros<br />
IDPE Intra UE 88,5% 236,7% 86,1% 83,0% -- -- --<br />
IDPE Extra UE 11,5% -136,7% 13,9% 17,0% -- -- --<br />
% Total IDPE bruto<br />
Stock IDPE 52.594 5,3% 54.478 51.269 -5,9% -2,5%<br />
Unidade: Milhões de euros Fonte: Banco de <strong>Portugal</strong><br />
ESTATÍSTICAS<br />
<strong>Portugal</strong>global // Outubro 12 // 49
ESTATÍSTICAS<br />
COMÉRCIO INTERNACIONAL<br />
BENS (Exportação) 2011<br />
50 // Outubro 12 // <strong>Portugal</strong>global<br />
tvh<br />
2011/10<br />
2011<br />
Jan./Ago.<br />
2012<br />
Jan./Ago.<br />
tvh 12/11<br />
Jan./Ago.<br />
tvh 12/11<br />
Ago./Ago.<br />
tvc 12/12<br />
Ago./Jul.<br />
Exportações bens 42.326 15,1% 27.645 30.299 9,6% 13,7% -18,5%<br />
Exportações bens UE27 31.344 13,7% 20.729 21.514 3,8% 3,7% -26,1%<br />
Exportações bens Extra UE27 10.982 19,5% 6.916 8.784 27,0% 37,3% -0,1%<br />
Unidade: Milhões de euros<br />
Exportações bens UE27 74,1% -- 75,0% 71,0% -- -- --<br />
Exportações bens Extra UE27 25,9% -- 25,0% 29,0% -- -- --<br />
Unidade: % do total<br />
Exp. Bens - Clientes 2012 (Jan./Ago.) % Total tvh 12/11 Exp. Bens - Var. Valor (12/11) Meur Cont. p. p.<br />
Espanha 22,2% -4,1% Angola 536 1,9<br />
Alemanha 12,5% 0,0% China 357 1,3<br />
França 11,9% 5,9% EUA 344 1,2<br />
Angola 6,2% 39,7% França 199 0,7<br />
Reino Unido 5,1% 10,4% Bélgica 180 0,7<br />
Países Baixos 4,2% 10,4% Espanha -292 -1,1<br />
EUA 4,2% 36,8% México -147 -0,5<br />
Exp. Bens - Produtos 2012 (Jan./Ago.) % Total tvh 12/11 Exp. Bens - Var. Valor (12/11) Meur Cont. p. p.<br />
Máquinas, Aparelhos 15,0% 14,1% Combustíveis Minerais 867 3,1<br />
Veículos, Outro Material de Transporte 11,9% -0,1% Máquinas, Aparelhos 562 2,0<br />
Combustíveis Minerais 9,1% 45,9% Metais Comuns 198 0,7<br />
Metais Comuns 8,2% 8,7% Agrícolas 153 0,6<br />
Plásticos, Borracha 6,9% 7,9% Plásticos, Borracha 146 0,5<br />
SERVIÇOS 2011<br />
tvh<br />
2011/10<br />
2011<br />
Jan./Ago.<br />
2012<br />
Jan./Ago.<br />
tvh 12/11<br />
Jan./Ago.<br />
tvh 12/11<br />
Ago./Ago.<br />
tvc 12/12<br />
Ago./Jul.<br />
Exportações totais de serviços 19.159 9,0% 12.654 12.838 1,5% 1,5% 7,2%<br />
Exportações serviços UE27 13.693 7,9% 9.129 8.799 -3,6% -1,3% 15,4%<br />
Exportações serviços extra UE27 5.466 11,8% 3.525 4.039 14,6% 10,3% -10,5%<br />
Unidade: Milhões de euros<br />
Exportações serviços UE27 71,5% -- 72,1% 68,5% -- -- --<br />
Exportações serviços extra UE27 28,5% -- 27,9% 31,5% -- -- --<br />
Unidade: % do total
BENS (Importação) 2011<br />
tvh<br />
2011/10<br />
2011<br />
Jan./Ago.<br />
2012<br />
Jan./Ago.<br />
tvh 12/11<br />
Jan./Ago.<br />
tvh 12/11<br />
Ago./Ago.<br />
ESTATÍSTICAS<br />
tvc 12/12<br />
Ago./Jul.<br />
Importações bens 57.730 1,2% 38.760 37.081 -4,3% 5,5% -3,4%<br />
Importações bens UE27 42.149 -2,4% 28.257 26.297 -6,9% -2,1% -10,3%<br />
Importações bens Extra UE27 15.581 12,5% 10.503 10.784 2,7% 24,2% 13,6%<br />
Unidade: Milhões de euros<br />
Importações bens UE27 73,0% -- 72,9% 70,9% -- -- --<br />
Importações bens Extra UE27 27,0% -- 27,1% 29,1% -- -- --<br />
Unidade: % do total<br />
Imp. Bens - Fornecedores 2012 (Jan./Ago.) % Total tvh 12/11 Imp. Bens - Var. Valor (12/11) Meur Cont. p. p.<br />
Espanha 31,4% -3,8% Angola 606 1,6<br />
Alemanha 11,4% -12,9% Guiné-Equatorial 385 1,0<br />
França 6,5% -9,7% Azerbaijão 241 0,6<br />
Itália 5,2% -7,5% França -259 -0,7<br />
Países Baixos 4,8% -3,0% Espanha -465 -1,2<br />
Angola 3,2% 105,8% Nigéria -571 -1,5<br />
Reino Unido 3,1% -13,2% Alemanha -624 -1,6<br />
Imp. Bens - Produtos 2012 (Jan./Ago.) % Total tvh 12/11 Imp. Bens - Var. Valor (12/11) Meur Cont. p. p.<br />
Combustíveis Minerais 21,0% 15,0% Combustíveis Minerais 1.016 2,6<br />
Máquinas, Aparelhos 14,4% -7,3% Pastas Celulósicas, Papel -157 -0,4<br />
Químicos 11,1% 2,1% Metais Comuns -352 -0,9<br />
Agrícolas 10,6% -3,0% Máquinas, Aparelhos -419 -1,1<br />
Veículos, Outro Material de Transporte 8,6% -26,0% Veículos, O. Mat. Transporte -1.118 -2,9<br />
SERVIÇOS 2011<br />
tvh<br />
2011/10<br />
2011<br />
Jan./Ago.<br />
2012<br />
Jan./Ago.<br />
tvh 12/11<br />
Jan./Ago.<br />
tvh 12/11<br />
Ago./Ago.<br />
tvc 12/12<br />
Ago./Jul.<br />
Importações totais de serviços 11.414 5,0% 7.601 6.993 -8,0% -8,2% -7,2%<br />
Importações serviços UE27 8.023 4,5% 5.403 5.099 -5,6% -8,5% -10,8%<br />
Importações serviços extra UE27 3.391 6,4% 2.198 1.894 -13,8% -7,7% 3,1%<br />
Unidade: Milhões de euros<br />
Importações serviços UE27 70,3% -- 71,1% 72,9% -- -- --<br />
Importações serviços extra UE27 29,7% -- 28,9% 27,1% -- -- --<br />
Unidade: % do total<br />
PREVISÕES 2012 : 2013 (tvh real %) 2011 2012 1ºS FMI CE OCDE BdP<br />
Min.<br />
Finanças<br />
INE INE Out. 12 Out. 12 Jul. 12 Jul. 12 Out. 12<br />
PIB -1,7 -2,8 -3,0 : -1,0 -3,0 : -1,0 -3,2 : -0,9 -3,0 : 0,0 -3,0 : -1,0<br />
Exportações Bens e Serviços 7,5 6,1 3,5 : 3,5 4,3 : 3,5 3,4 : 5,1 3,5 : 5,2 4,3 : 3,6<br />
Fontes: INE/Banco de <strong>Portugal</strong><br />
Notas e siglas: Meur - Milhões de euros Cont. - Contributo para o crescimento das exportações p.p. - Pontos percentuais tvh - Taxa de variação homóloga<br />
tvc - Taxa de variação em cadeia<br />
<strong>Portugal</strong>global // Outubro 12 // 51
REDE<br />
EXTERNA<br />
DA AICEP<br />
Centro de Negócios<br />
Escritórios<br />
Representações<br />
52<br />
// Outubro 12 // <strong>Portugal</strong>global<br />
S. Francisco<br />
ÁFRICA DO SUL / Joanesburgo<br />
ALEMANHA / Berlim<br />
ANGOLA / Benguela<br />
ANGOLA / Luanda<br />
ARGÉLIA / Argel<br />
ARGENTINA / Buenos Aires<br />
ÁUSTRIA / Viena<br />
Cidade do México<br />
Santiago do Chile<br />
Toronto<br />
Nova Iorque<br />
Caracas<br />
Bogotá<br />
Buenos Aires<br />
BRASIL / São Paulo<br />
CABO VERDE / Praia<br />
CANADÁ / Toronto<br />
CHILE / Santiago do Chile<br />
CHINA. REPÚBLICA POPULAR DA<br />
/ Macau<br />
CHINA. REPÚBLICA POPULAR DA<br />
/ Pequim<br />
CHINA. REPÚBLICA POPULAR DA<br />
/ Xangai<br />
BÉLGICA / Bruxelas COLÔMBIA / Bogotá<br />
São Paulo<br />
Copenhaga<br />
Berlim<br />
Haia<br />
Bruxelas<br />
Dublin<br />
Londres<br />
Paris<br />
Milão<br />
Vigo<br />
Barcelona<br />
Madrid<br />
Mérida<br />
Praia<br />
Rabat<br />
Argel
Tunes<br />
DINAMARCA / Copenhaga<br />
EMIRADOS ÁRABES UNIDOS<br />
/ Abu Dhabi<br />
ESPANHA / Madrid<br />
ESPANHA / Barcelona<br />
ESPANHA / Mérida<br />
ESPANHA / Vigo<br />
ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA<br />
/ Nova Iorque<br />
ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA<br />
/ S. Francisco<br />
Tripoli<br />
Luanda<br />
Benguela<br />
Helsínquia<br />
Estocolmo<br />
Zurique Moscovo<br />
Maputo<br />
Joanesburgo<br />
Varsóvia<br />
Praga<br />
Budapeste<br />
Viena<br />
Bucareste<br />
Ancara<br />
Istambul<br />
Atenas<br />
Abu Dhabi<br />
FINLÂNDIA / Helsínquia<br />
FRANÇA / Paris<br />
GRÉCIA/ Atenas<br />
HOLANDA / Haia<br />
HUNGRIA / Budapeste<br />
ÍNDIA. REPÚBLICA DA / Nova Deli<br />
INDONÉSIA / Jacarta<br />
IRLANDA / Dublin<br />
ITÁLIA / Milão<br />
Nova Deli<br />
Kuala Lumpur<br />
JAPÃO / Tóquio<br />
LÍBIA / Tripoli<br />
MALÁSIA/ Kuala Lumpur<br />
MARROCOS / Rabat<br />
MÉXICO / Cidade do México<br />
MOÇAMBIQUE / Maputo<br />
POLÓNIA / Varsóvia<br />
REINO UNIDO / Londres<br />
REPÚBLICA CHECA / Praga<br />
Pequim<br />
Macau<br />
Xangai<br />
Singapura<br />
Jacarta<br />
Tóquio<br />
ROMÉNIA / Bucareste<br />
RÚSSIA / Moscovo<br />
SINGAPURA / Singapura<br />
SUÉCIA / Estocolmo<br />
SUÍÇA / Zurique<br />
TUNÍSIA / Tunes<br />
TURQUIA / Ancara<br />
TURQUIA / Istambul<br />
VENEZUELA / Caracas<br />
<strong>Portugal</strong>global // Outubro 12 // 53
BOOKMARKS<br />
GRANDES EXPECTATIVAS<br />
Por trás de uma grande marca há sobretudo<br />
grandes expectativas. Expectativas<br />
suficientes para que hoje a experiência<br />
de consumo e o grau de satisfação ou<br />
insatisfação do consumidor estejam<br />
frequentemente desvinculados das<br />
propriedades do produto. A constatação<br />
deste fenómeno, chamado efeito<br />
placebo, reformula a visão de mercado<br />
vigente. Abre o espectro de acção das<br />
marcas, mas alerta também para ameaça<br />
de eventuais erros de percepção.<br />
O publicitário Rodrigo Leitão perscrutou<br />
os meandros da investigação científica<br />
que tem vindo a ser publicada<br />
sobre o fenómeno, cruzando-a com a<br />
vasta literatura sobre o comportamento<br />
dos consumidores, para apresentar<br />
um modelo estratégico, ilustrado com<br />
casos práticos, que habilitará o profissional<br />
de marketing ou de comunicação<br />
a explorar o potencial efeito<br />
placebo das suas marcas em termos<br />
desejáveis. O autor mostra como, num<br />
mercado saturado de oferta muito si-<br />
ACONTECIMENTOS EXTREMOS<br />
11 CENÁRIOS PARA UMA CATÁSTROFE<br />
Cenários para uma catástrofe, na óptica<br />
dos sistemas complexos, da Internet<br />
à economia, passando pelas pequenas<br />
coisas de que depende o nosso<br />
dia-a-dia, traçados pelo matemático e<br />
cientista norte-americano John Casti,<br />
investigador do International Institute<br />
for Applied Systems Analysis, em<br />
Laxenburg, Áustria. Todos sabemos o<br />
que significa ficar algumas horas sem<br />
Internet. Agora imagine os efeitos de<br />
uma falha à escala global. Se durasse<br />
um dia, seria o caos. Se durasse uma<br />
semana poderia provocar o colapso da<br />
nossa civilização. Uma catástrofe destas<br />
não só é possível, como assustadoramente<br />
provável, porque a Internet<br />
assenta num sistema tecnológico tão<br />
complexo como frágil. E basta um erro<br />
humano para perdermos o controlo<br />
54<br />
// Outubro 12 // <strong>Portugal</strong>global<br />
milar, o que está em causa não é tanto<br />
o produto em si, mas as crenças que<br />
este evoca. Uma marca que induza expectativas<br />
relevantes alternativas à norma,<br />
e que formule um significado em<br />
conformidade, torna-se a única oferta<br />
credível capaz de as suprir.<br />
“Grandes Expectativas” apresenta ainda<br />
um conjunto ferramentas úteis: desde o<br />
modo como se elabora um significado<br />
e respectiva tradução num conceito, a<br />
técnicas para despertar a motivação dos<br />
consumidores. À luz da era digital, são<br />
também exemplificadas diversas abordagens<br />
passáveis de gerar expectativas.<br />
Autor: Rodrigo Leitão<br />
Editor: Edições Sílabo<br />
Nº de páginas: 216<br />
Ano: 2012<br />
Preço: 12,90€<br />
das comunicações digitais. O modo<br />
como todos estes bens nos chegam à<br />
mão assenta numa cadeia hiper-complexa<br />
de pessoas e tecnologias, e as<br />
probabilidades de ruptura são muito<br />
maiores do que pensamos. Neste livro,<br />
John Casti desenha-nos 11 cenários<br />
possíveis para um colapso. De uma<br />
pandemia global à destruição do equilíbrio<br />
nuclear, passando pela derrocada<br />
dos mercados financeiros.<br />
Autores: John Casti<br />
Editor: Lua de Papel<br />
Nº de páginas: 360<br />
Ano: 2012<br />
Preço: 15.90€
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