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O Controle Do Odor Em Feridas Tumorais AtravÉs Do - Simposio ...

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PRIMER SIMPOSIO VIRTUAL DE DOLOR, MEDICINA PALIATIVA Y AVANCES EN<br />

FARMACOLOGÍA DEL DOLOR<br />

O CONTROLE DO ODOR EM FERIDAS TUMORAIS ATRAVÉS DO USO DE<br />

METRONIDAZOL<br />

UM LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO<br />

Enf. Flávia Firmino<br />

Graduada pela Faculdade de Enfermagem do Hospital Israelita Albert Einstein,<br />

especializando em Enfermagem oncológica com ênfase em Cuidados Paliativos.<br />

Enfs. Diva Ferreira Araújo e Veronica Sobreiro<br />

Rio de Janeiro/Brasil<br />

O Instituto Nacional de Câncer estimou para o ano de 2001 um total de 117.550 óbitos por câncer<br />

no Brasil.<br />

Deste total, 8.670 mil óbitos serão decorrentes do câncer de mama; 7.230 mil óbitos decorrentes<br />

do câncer de cólon e reto; câncer de pele não melanoma seria responsável por 830 mil óbitos e 1050<br />

óbitos ocorrerão por melanoma. Ainda, o câncer de boca recebeu estimativa de 3.225 mil óbitos.<br />

Tais dados soam como impacto para a Enfermagem <strong>Em</strong> cuidados Paliativos pois são estes os<br />

cânceres com maiores propabilidades de formação de fístulas e feridas ao final da vida em decorrência do<br />

avançar da doença ou como efeito tardio da linha de tratamento radioterápico.<br />

As feridas decorrentes do avanço tumoral são chamadas de <strong>Feridas</strong> Malignas Cutâneas e nas<br />

dependências de sua progressâo recebem ainda a designação de Ferida Fungosa ou Ferida Fungosa<br />

Maligna.<br />

Ainda hoje, a literatura sobre a melhor conduta frente à estas feridas é escassa. Porém são muitos<br />

os problemas que elas ocasionam aos pacientes.<br />

Uma Ferida Maligna Cutânea (Ferida Tumoral) é definida como “uma quebra na integridade<br />

epidérmica causada pela infiltração de células malignas”.<br />

Ocorre infiltração e envolvimento da pele em 5 a 10% de pessoas com doença metástatica e<br />

geralmente durante os últimos 06 meses de vida.<br />

Alteram a dignidade, a apoarência física e diminuem a qualidade de vida do paciente.<br />

Podem ocorrer de forma individualizada ou em grupos e têm como características a presença de<br />

exsudato, odor fétido, infecção, sangramento e sensação dolorosa.<br />

Dentre as poucas literaturas disponíveis, muitas delas chamam atenção para as grandes<br />

deformidades que estas feridas causam e para o seu odor, citado muitas vezes como “intoleráveis”.<br />

Como uma das formas de se controlar o odor, está descrito o uso do Metronidazol: um antibiótico<br />

ativo contra bactérias anaeróbicas e protozoários. Exercendo atividades antibacteriana, antiparasitária e<br />

anti-helmíntica. Atua pela captação e ativação intracelular e isto se explica pelo fato de que o elétron que<br />

transporta proteínas necessárias para a reação intracelular só são encontrados na bactéria anaeróbica. Uma<br />

vez dentro da célula, exercerá suas propriedades citotóxicas interagindo com o DNA, produzindo perda da<br />

estrutura helicoidal, ruptura da cadeia e consequente inibição da síntese de ácidos nucléicos e morte<br />

celular.<br />

PRESIDENTE COMITÉ ORGANIZADOR PRESIDENTE COMITÉ CIENTÍFICO<br />

Dr. Edgardo Schapachnik Dr. Horacio Daniel Solís<br />

edgardo@schapachnik.com.ar solis@germania.com.ar


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Seu tempo de meia vida no plasma é de aproximadamente 08 horas, tem boa absorção via oral,<br />

atravessa a placenta e a barreira hematoencefálica. Metabolismo hepático e eliminação renal, em sua<br />

maior parte (50 a 80% - 6 a 15% eliminados nas fezes).<br />

Tem rara toxicidade, sendo os efeitos colaterais mais comuns aqueles que recaem sobre o trato<br />

gastrintestinal e sinalizados por náusea, diarréia, anorexia, distúrbios epigástricos e dor abdominal em<br />

forma de cólicas. Seus efeitos de neurotoxicidade se manifestam por tontura, vertigem, incoordenação e<br />

ataxia. Torpor, crises convulsivas em doses muito elevadas.<br />

É uma droga de toxicidade rara e farmacologicamente versátil, conforme a literatura compulsada.<br />

Como enfermeira atuante na área de Cuidados Paliativos e com olhos voltados à problemática do<br />

odor nas feridas tumorais, realizei um levantamento bibliográfico sobre essa temática e demonstro através<br />

de um quadro expositivo alguns estudos históricos e relevantes.<br />

Resultados<br />

Destaco que o marco inicial do uso de Metronidazol no controle do odor das feridas tumorais,<br />

conforme literatura compulsada, se deu através do Dr. ASFORD e seus colaboradores em 1980, em<br />

Londres.<br />

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A paciente era portadora de carcinoma de mama , estádio III, era professora e estava afastada de<br />

suas atividades profissionais devido ao odor da ferida. Com o tratamento efetuado, após 01 semana o odor<br />

foi reduzido consideravelmente e a paciente retornou às suas atividades.<br />

Seguiram-se à este outros estudos. Inclusive empregando Metronidazol em outras dosagens, vias<br />

e formulações.<br />

Sparrow, et al (1980) realizaram estudos, onde pacientes com feridas fungosas igualmente<br />

presentes nas mamas, foram tratadas com Metronidazol oral, 400 mg 3x/dia: duas pacientes apresentaram<br />

náuseas e tiveram dosagem reduzida para 200 mg 3x/dia, sem diminuição da resposta clínica. O odor foi<br />

reduzido em todos os pacientes envolvidos no estudo (09 pacientes), sendo que em 04 deles o odor<br />

desapareceu.<br />

Dankert, et al (1981) relatou experiências com tumores ginecológicos com odor fétido: paciente<br />

de 52 anos, portadora de carcinoma basocelular indiferenciado de cérvix (estágio IIa/IIIb) com drenagem<br />

transvaginal fétida, que após realização de radioterapia, iniciou-se o uso de Metronidazol 500 mg 3x/dia.<br />

Após 01 semana a drenagem reduziu e o odor desapareceu. Outra paciente portadora de carcinoma de<br />

cérvix (estágio Ib), 50 anos, admitida após prévia conização de cérvix em outro hospital, queixava-se de<br />

presença de drenagem transvaginal abundante com odor extremamente fétido. Iniciou-se a mesma<br />

dosagem de Metronidazol anteriormente citada e após cinco dias a drenagem e o odor tinham<br />

desaparecido.<br />

Ainda para verificar se o odor fétido era causado por metabólitos de bactérias anaeróbicas, como<br />

foi sugerido por Asford, et al, Dankert et al, mensuraram os ácidos graxos voláteis em drenagem<br />

transvaginal de 04 pacientes antes e depois do tratamento com Metronidazol.Antes do tratamento ácidos;<br />

acético, propiônico, isobutírico, butírico, isovalérico e valérico foram detectados juntamente com ácido<br />

capróico. Após o tratamento com Metronidazol por 7 a 10 dias somente o ácido acético foi detectado em<br />

03 pacientes. <strong>Em</strong> uma das pacientes foi detectado baixa concentração de ácido propiônico, butírico e<br />

ácido capróico. Estes resultados sugerem uma relação entre bactérias anaeróbicas possivelmente<br />

provenientes da flora bacteriana normal da vagina e do cérvix, produzindo ácidos graxos voláteis,<br />

exalando assim o odor féitdo dos tumores ginecológicos.<br />

Novamente Asford et al, (1984) realizaram um novo estudo com pacientes portadores de carcinoma com<br />

odor considerado “inoportuno”. Foi um estudo duplo cego, randomizado, comparando Metronidazol 200<br />

mg via oral, 3x/dia e placebo. Foi colhido amostra de secreção com swabs antes de cada etapa do<br />

tratamento. A cada consulta médica o tumor era avaliado pelo paciente, médico e enfermeira através da<br />

graduação do odor: odor ausente recebia escore 0 (zero); odor não ofensivo recebia escore 01 (um); odor<br />

ofensivo mas tolerável recebia escore 02 (dois); odor ofensivo e intolerável recebia escore 03 (três).<br />

Ao final concluíram: “..nossos resultados demonstraram claramente que o Metronidazol elimina<br />

anaeróbios e reduz o odor de tumores fungosos, confirmando nossas primeiras observações.”<br />

Mas foi em 1990, que a revista Lancet, n. 8682 – vol 335, publicou um estudo de importância na<br />

assistência aos pacientes de hóspices. Neste estudos foram envolvidos 68 pacientes de hóspices com<br />

tumores fétidos utilizando Metronidazol gel 0,8%. O Metronidazol demonstrou ser um tratamento<br />

totalmente eficaz em 50% dos pacientes e razoavelmente eficaz em 46% e não houve eficácia em apenas<br />

03 pacientes. Foi uma valiosa contribuição nas opções de tratamento disponíveis para o odor das feridas<br />

tumorais.<br />

Rice (1990) descreve que o Metronidazol tópico é efetivo especialmente no controle de odores resistentes.<br />

E preconiza o uso de solução irrigadora de Metronidazol a 1%, seguida de aplicação de Metronidazol gel<br />

0,75% uma ou 02 vezes/dia devendo o gel ser aplicado completamente sobre a úlcera envolvendo a pele.<br />

“O controle do odor pode ser esperado dentro de poucos dias (frequentemente 01 dia)”, relata a autora .<br />

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Bower, et al (1992) realizaram estudo duplo-cego sobre a eficácia do Metronidazol gel nas feridas<br />

fungosas, obteve bons resultados mas chamou atenção ao fato da necessidade de interrupção do<br />

tratamento com Metronidazol devido aos seus efeitos colaterais e perda da efetividade frente às bactérias.<br />

Preconizou limpeza diária e troca do curativo por 7 dias, seguido de aplicação tópica de Metronidazol gel<br />

0,8% por 05 dias.<br />

Schulte (1993), descreveu um caso onde o uso isolado de Metronidazol oral e tópico não obteve sucesso<br />

no controle do odor. Tratava-se de um paciente com lesão em parede torácica. A lesão era lavada com<br />

solução de limpeza (não especificada no estudo) e após, aplicado iogurte na superfície da mesma. Após<br />

10 minutos o iogurte era removido (utilizando-se solução salina) e o Metronidazol tópico era aplicado e a<br />

ferida coberta com curativo protetor. Esse procedimento era repetido 04 vezes/dia. Após 04 dias o odor<br />

desapareceu completamente e a quantidade de drenagem exsudativa reduziu completamente.<br />

Seaman (1995), descreve o Metronidazol IV 500mg em solução salina 100ml para irrigação da<br />

ferida.<br />

No Text Boock Palliative Nursing, é preconizado o uso do Metrogel (0,8% - antibiótico na<br />

formulação gel) trocando-se os curativos 2 x/dia podendo haver suplementação com solução irrigadora<br />

(Comprimidos de Metronidazol diluídos na concentração de 5mg/ml ou 10mg/ml) e/ou administração de<br />

Metronidazol sistêmico.<br />

Preconiza-se também, o uso da solução irrigadora com 500mg de Metronidazol EV diluído em SF<br />

0,9% 100ml. Pode-se irrigar a ferida e deixar gase umedecida com esta solução sobre as áreas tunelizadas<br />

da ferida tumoral. Também pode ser considerado o emprego do Metronidazol via oral 200 a 400 mg<br />

3x/dia. Vias retal e vaginal também devem ser consideradas, mas com precaução devido aos efeitos<br />

gastrintestinais que podem ocorrer.<br />

Assim, a revisão de literatura proposta ressalta a efetividade do Metronidazol no controle do odor das<br />

feridas tumorais<br />

<strong>Em</strong> nosso meio, o mais utilizado é a diluição empírica de 2 comprimidos de 400 mg em SF 0,9%<br />

250 ml para irrigar a ferida e procuramos deixar restos de comprimidos macerados sobre a ferida.<br />

Também podemos utilizar o próprio creme vaginal diretamente sobre a ferida, após a limpeza da mesma,<br />

conforme orientação de profissionais do Hospital A. C. Camargo – São Paulo.<br />

Este trabalho traz implicações para a Enfermagem e a Medicina Paliativa, evidenciando a<br />

necessidade de se realizar mais estudos como o objetivo de elaborar, implementar e validar protocolos de<br />

curativos que englobam cuidados dispensados ao odor da ferida tumoral. No nosso país, a enfermeira vem<br />

cada vez mais se capacitando e dispondo de maior autonomia no tratamento das feridas, sejam elas<br />

tumorais ou não. Porém há uma lacuna importante a ser preenchida em relação ao posicionamento frente<br />

às <strong>Feridas</strong> <strong>Tumorais</strong> em pacientes terminais.<br />

Anexo<br />

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Bibliografia<br />

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