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<strong>REC</strong>.<br />
<strong>FINAL</strong><br />
LISTA <strong>REC</strong>UPERAÇÃO<br />
LITERATURA<br />
2º ANO<br />
Aluno (a): _______________________________________________________<br />
Turno: Turma: Data: ____/ /2012<br />
QUESTÃO 1 - No tocante ao Romantismo brasileiro, julgue os itens.<br />
1. (C)(E) o romance Senhora, apesar de pertencer à escola romântica, traz características do Realismo, à medida<br />
que se distancia dos sentimentos para narrar acontecimentos sociais da vida burguesa.<br />
2. (C)(E) Ao construir heróis modelares, Alencar apresenta a protagonista da obra Iracema como uma índia<br />
idealizada, em conformidade com os valores da nascente nacionalidade pós-colonial.<br />
3. (C)(E) O romance regionalista brasileiro assumiu o papel de um dos principais instrumentos no processo de<br />
―redescoberta‖ do país, elegendo no lugar do índio, um novo símbolo de identidade nacional: o sertanejo.<br />
4. (C)(E) José de Alencar em seus romances urbanos narra acontecimentos do cotidiano da sociedade urbana do<br />
Rio de Janeiro,. Neles, o autor privilegia a variedade linguística das personagens que ao longo da narrativa se<br />
expressam livremente.<br />
5. (C)(E) O título ―Memórias” atribuído à obra Memórias de um Sargento de Milícias de Manuel Antônio de<br />
Almeida, deve-se ao fato de o foco narrativo ser em primeira pessoa.<br />
QUESTÃO 2 - Ainda sobre a produção romântica, julgue os itens.<br />
1. (C)(E) A submissão do índio ao branco é a tônica dos romances regionalistas de José de Alencar, fato<br />
confirmado em Iracema.<br />
2. (C)(E) Ubirajara é um romance que mostra um Brasil pré-cabralino, ao passo que O Guarani e lracema já<br />
revelam o contato com a cultura branca europeia (D. Antônio, Ceci, Martim).<br />
3. (C)(E) Lucíola é uma das obras que faz parte do conjunto dos romances urbanos escritos por José de Alencar.<br />
Por se tratar de um romance romântico o autor não enfatiza os conflitos sociais que refletem um relacionamento<br />
amoroso e o desfecho caminha para o típico final feliz.<br />
4. (C)(E) Uma das formas com que Alencar conciliou a impossibilidade de união entre os dois grupos distintos, o<br />
marginal e o burguês, foi trabalhar a dualidade, colocando na mesma mulher as imagens de virgem, de Maria da<br />
Glória e da cortesã, Lúcia.<br />
5. (C)(E) Na obra Iracema, Alencar parte da ficção literária em direção à mítica, dispensando referências a fatos e<br />
personagens históricas.<br />
QUESTÃO 3 - ―O folhetim aporta no Brasil como um dos itens da última moda em Paris, e passa a ditar costumes<br />
e modos, já que, ali, desenhava-se a representação de uma sociedade rural francesa que aparecia como um<br />
paradigma de civilidade para a sociedade tropical e escravagista dos campos do Império. O gênero passaria a fazer<br />
parte da vida dos leitores brasileiros, já que obteve ampla aceitação por aqui e encontrou, nos precursores
nacionais, colaboradores que passaram a escrever e a atender esta nova modalidade de publicação que tanto<br />
influenciou os costumes da época‖.<br />
ALENCASTRO, Luiz Felipe de. Vida Privada e ordem Privada no Império.<br />
In: NOVAES, Fernando (org.). História da vida privada no Brasil:<br />
Império. São Paulo, Cia. das Letras, 1997.<br />
A partir da leitura do texto acima, como também em conhecimentos sobre prosa romântica, julgue os itens.<br />
1. (C)(E) Em regra feral, no último capítulo do folhetim, após intensos tormentos, maldade e desolação, os<br />
obstáculos são removidos e o amor vence. Em vários romances, contudo, a ordem social é mais forte e os<br />
amantes acabam destruídos pelas conveniências e pelo preconceito como é o caso da obra Senhora.<br />
2. (C)(E) O romance de folhetim além do entretenimento, tinha também uma contribuição direta na formação das<br />
mulheres. Desse modo, uma ideologia muito comum aos folhetins era de que as mulheres tinham que ser<br />
virtuosas, estudarem somente o essencial para receberem as visitas e serem prendadas para administrarem a<br />
casa. Encaixa-se nesse perfil a personagem Maria da Glória, protagonista da obra A Moreninha.<br />
3. (C)(E) Os romancistas românticos, preocupados com a formação de uma literatura que expressasse a cor local,<br />
criaram romances considerados indianistas, valorizando os costumes da vida urbana na sociedade brasileira do<br />
século XIX.<br />
4. (C)(E) O romance brasileiro assumiu o papel de um dos principais instrumentos no processo de ―redescoberta‖<br />
do país e de busca de uma identidade nacional.<br />
5. (C)(E) A Moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo, é um relato da vida nas repúblicas estudantis do tempo do<br />
Império.<br />
TEXTO I<br />
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Olhos de ressaca<br />
Tinha-me lembrado a definição que José Dias dera deles, ―olhos de cigana oblíqua e dissimulada.‖ Eu<br />
não sabia o que era oblíqua, mas dissimulada sabia, e queria ver se podiam chamar assim. Capitu deixou-se<br />
fitar e examinar. Só me perguntava o que era, se nunca os vira, eu nada achei extraordinário; a cor e a doçura<br />
eram minhas conhecidas. A demora da contemplação creio que lhe deu outra ideia do meu intento; imaginou<br />
que era um pretexto para mirá-los mais de perto, com os meus olhos longos, constantes, enfiados neles, e a isto<br />
atribuo que entrassem a ficar crescidos, crescidos e sombrios, com tal expressão que...<br />
Retórica dos namorados, dá-me uma comparação exata e poética para dizer o que foram aqueles olhos de<br />
Capitu. Não me acode imagem capaz de dizer, sem quebra da dignidade do estilo, o que eles foram e me<br />
fizeram. Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. É o que me dá ideia daquela feição nova. Traziam não sei que fluido<br />
misterioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro, como a vaga que se retira da praia, nos dias de<br />
ressaca. Para não ser arrastado, agarrei-me às outras partes vizinhas, às orelhas, aos braços, aos cabelos
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espalhados pelos ombros, mas tão depressa buscava as pupilas, a onda que saía delas vinha crescendo, cava e<br />
escura, ameaçando envolver-me, puxar-me e tragar-me. Quantos minutos gastamos naquele jogo? Só os<br />
relógios do céu terão marcado esse tempo infinito e breve. A eternidade tem as suas pêndulas; nem por não<br />
acabar nunca deixa de querer saber a duração das felicidades e dos suplícios. Há de dobrar o gozo aos bem-<br />
aventurados do céu conhecer a soma dos tormentos que já terão padecido no inferno os seus inimigos; assim<br />
também a quantidade das delícias que terão gozado no céu os seus desafetos aumentará as dores aos<br />
condenados do inferno. Este outro suplício escapou ao divino Dante; mas eu não estou aqui para emendar<br />
poetas. Estou para contar que, ao cabo de um tempo não marcado, agarrei-me definitivamente aos cabelos de<br />
Capitu, mas então com as mãos, e disse-lhe — para dizer alguma coisa — que era capaz de os pentear, se<br />
quisesse.<br />
— Você?<br />
— Eu mesmo.<br />
— Vai embaraçar-me o cabelo todo, isso sim.<br />
— Se embaraçar, você desembaraça depois.<br />
— Vamos ver.<br />
Machado de Assis. Dom Casmurro. In: Obras completas.<br />
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2008, p.965.<br />
QUESTÃO 4 - Considerando esse fragmento do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis, e os múltiplos<br />
aspectos que ele suscita, julgue os itens que se seguem.<br />
1. (C)(E) A personagem Bentinho, conforme se infere do excerto apresentado, é construída, de modo contumaz,<br />
como vítima dos encantos da personagem Capitu.<br />
2. (C)(E) Ambientado na segunda metade do século XIX, o romance Dom Casmurro espelha as grandes<br />
transformações na sociedade brasileira da época, tais como o fim do regime imperial, a abolição da escravidão e<br />
o processo de industrialização.<br />
3. (C)(E) Machado de Assis é um dos primeiros autores regionalistas brasileiros, como demonstra sua preocupação<br />
em retratar, com fina ironia e sob um prisma realista, relações sociais e paisagens das áreas não urbanizadas do<br />
Brasil do século XIX.<br />
4. (C)(E) A fórmula machadiana para a representação da sociedade brasileira do século XIX envolve a escolha de<br />
protagonistas das classes populares, sobretudo naquelas obras que ficaram conhecidas como romances de<br />
segunda fase.<br />
5. (C)(E) O estilo realista de Machado de Assis aproxima-se muito do naturalismo, como evidencia a peremptória<br />
defesa de teses acerca da sociedade brasileira.
QUESTÃO 5 - A caracterização dos olhos no trecho ―com os meus olhos longos, constantes, enfiados neles‖ (l.5)<br />
revela:<br />
a) o movimento do olhar de Capitu no momento em que estava sendo examinada pelo personagem Bentinho.<br />
b) a análise minuciosa que Bentinho fazia do olhar de Capitu enquanto fixava seus olhos nos dela.<br />
c) a mudança na expressão de Capitu, que, gradativamente, se foi tornando misteriosa.<br />
d) a intensidade da troca de olhares entre os personagens a partir do envolvimento afetivo demonstrado por<br />
Capitu.<br />
QUESTÃO 6 - A partir da leitura do texto, escolha a opção que melhor traduz a relação do personagem-narrador<br />
com Capitu, tendo em vista as reflexões que ele tece acerca dos olhos da personagem.<br />
a) O personagem-narrador acredita que os olhos de Capitu têm a força de atraí-lo violentamente e, ao mesmo<br />
tempo, de retirar-lhe o conforto e a segurança.<br />
b) Para o personagem-narrador, ao contrário do que pensa a personagem José Dias, os olhos de Capitu traduzem<br />
confiança e segurança.<br />
c) O personagem-narrador concorda plenamente com a opinião de José Dias e demonstra precisão e segurança ao<br />
definir os olhos de Capitu.<br />
d) O personagem-narrador percebe que os olhos de ressaca de Capitu o conduzem ao reino da poesia, uma vez<br />
que eles, tal como as manifestações poéticas, transmitem conforto e beleza.<br />
TEXTO II<br />
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cérebro.<br />
O emplasto<br />
Um dia de manhã, estando a passear na chácara, pendurou-se-me uma ideia no trapézio que eu tinha no<br />
Uma vez pendurada, entrou a bracejar, a pernear, a fazer as mais arrojadas cambalhotas. Eu deixei-me<br />
estar a contemplá-la. Súbito, deu um grande salto, estendeu os braços e as pernas, até tomar a forma de um X:<br />
decifra-me ou devoro-te.<br />
Essa ideia era nada menos que a invenção de um medicamento sublime, um emplasto anti-<br />
hipocondríaco, destinado a aliviar a nossa melancólica humanidade.<br />
Na petição de privilégio que então redigi, chamei a atenção do governo para esse resultado,<br />
verdadeiramente cristão. Todavia, não neguei aos amigos as vantagens pecuniárias que deviam resultar da<br />
distribuição de um produto de tamanhos e tão profundos efeitos. Agora, porém, que estou cá do outro lado da<br />
vida, posso confessar tudo: o que me influiu principalmente foi o gosto de ver impressas nos jornais,<br />
mostradores, folhetos, esquinas e, enfim, nas caixinhas do remédio, estas três palavras: Emplasto Brás Cubas.<br />
Para que negá-lo? Eu tinha a paixão do arruído, do cartaz, do foguete de lágrimas. Talvez os modestos me<br />
arguam esse defeito; fio, porém, que esse talento me hão de reconhecer os hábeis. Assim, a minha ideia trazia
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duas faces, como as medalhas, uma virada para o público, outra para mim. De um lado, filantropia e lucro; de<br />
outro, sede de nomeada. Digamos: — amor da glória.<br />
Um tio meu, cônego de prebenda inteira, costumava dizer que o amor da glória temporal era a perdição<br />
das almas, que só devem cobiçar a glória eterna. Ao que retorquia outro tio, oficial de um dos antigos terços de<br />
infantaria, que o amor da glória era a coisa mais verdadeiramente humana que há no homem e,<br />
consequentemente, a sua mais genuína feição.<br />
Decida o leitor entre o militar e o cônego; eu volto ao emplasto.<br />
Machado de Assis. Memórias póstumas de Brás Cubas. Obra completa, v. I.<br />
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992, p. 514-5 (com adaptações).<br />
QUESTÃO 7 - Com relação ao texto acima, à obra Memórias Póstumas de Brás Cubas e a aspectos por eles<br />
suscitados, julgue os itens a seguir.<br />
1. (C)(E) O compromisso do narrador com a verdade dos fatos, honestidade decorrente da vida além-túmulo, e o<br />
seu interesse pela ciência e pela filosofia aproximam a narrativa de Memórias Póstumas de Brás Cubas da forma<br />
de narrar do Naturalismo, ou seja, da descrição objetiva da realidade.<br />
2. (C)(E) As ―arrojadas cambalhotas‖ (l.3) da ideia inventiva de Brás Cubas relacionam-se à forma como Machado<br />
de Assis compôs esse romance, no qual o narrador intercala a narrativa de suas memórias com divagações<br />
acerca de temas diversos, o que produz constante vaivém na condução do enredo.<br />
3. (C)(E) A narrativa das diferentes faces de uma mesma ideia expressa a singularidade do realismo machadiano,<br />
que ultrapassa as convenções realistas — focadas em desvelar as razões econômicas das causas humanitárias —<br />
e alcança dimensão mais profunda: a de desnudar o cinismo com que filantropia e lucro são reduzidos a<br />
caprichos do defunto autor em sua ―sede de nomeada‖ (l.16).<br />
4. (C)(E) A partir de Memórias Póstumas de Brás Cubas, o conjunto da obra machadiana divide-se em duas<br />
fases: a primeira é constituída por obras em que o foco narrativo é em terceira pessoa e o tema revela interesse<br />
pela sorte dos pobres, como em Helena, por exemplo; a segunda é formada de obras construídas a partir da<br />
perspectiva do narrador-personagem associado à classe dominante local, a exemplo de Dom Casmurro.<br />
QUESTÃO 8<br />
TEXTO I<br />
O guerreiro falou:<br />
— Quebras comigo a flecha da paz?<br />
QUESTÕES SUBJETIVAS
— Quem te ensinou, guerreiro branco, a linguagem de meus irmãos? Donde vieste a estas matas, que nunca<br />
viram outro guerreiro como tu?<br />
meus.<br />
de Iracema.<br />
TEXTO II<br />
— Venho de bem longe, filha das florestas. Venho das terras que teus irmãos já possuíram, e hoje têm os<br />
—Bem-vindo seja o estrangeiro aos campos dos tabajaras, senhores das aldeias, e à cabana de Araquém, pai<br />
ALENCAR, José de. Iracema. 24. ed. São Paulo: Ática, 1991.<br />
―A triste esposa e mãe soabriu os olhos, ouvindo a voz amada. Com esforço grande, pôde erguer o filho nos<br />
braços, e apresentá-lo ao pai (...). Pousando a criança nos braços paternos, a desventurada mãe desfaleceu. Iracema<br />
não se ergueu mais da rede onde a pousaram os aflitos braços de Martim. O doce lábio emudeceu para sempre; o<br />
último lampejo despediu-se dos olhos baços. (...) O cajueiro floresceu quatro vezes depois que Martim partiu das<br />
praias do Ceará, levando no frágil barco o filho e o cão fiel. (...). Havia aí a predestinação de uma raça?‖<br />
ALENCAR, José de. Iracema. São Paulo: Ática, 1994, cap 2.<br />
Elabore um parágrafo explicando como a relação do casal serviu de alegoria para a formação da nação brasileira.<br />
Mencione na construção da sua resposta o significado simbólico dos nomes das personagens.<br />
QUESTÃO 9 - (Adaptação da FUVEST)<br />
―O meu fim evidente era atar as duas pontas da vida, e restaurar na velhice a adolescência. Pois, senhor,<br />
não consegui recompor o que foi nem o que fui.‖<br />
É o que diz o narrador, Bentinho, no segundo capítulo do romance Dom Casmurro. Afinal, por que não teria ele<br />
alcançado seu intento?<br />
QUESTÃO 10<br />
―(...) é o mesmo prédio assobradado, três janelas de frente, varanda ao fundo, as mesmas alcovas e salas. Na<br />
principal destas, a pintura do teto e das paredes é mais ou menos igual, umas grinaldas de flores miúdas e grandes<br />
pássaros que as tomam nos bicos, de espaço a espaço‖.<br />
ASSIS, Machado de. Memórias póstumas de<br />
Brás Cubas. São Paulo: Ática, 1996.
Para Bentinho, a casa da Rua de Mata-cavalos representa uma - ou várias significações – que os ajudariam a<br />
reconstruir as ―antigas sensações‖. Foi por isso que Dom Casmurro mandou reconstruí-la no Engenho Novo,<br />
―dando-lhe o mesmo aspecto e economia daquela outra, que desapareceu‖. Como um arqueólogo, recomendou ao<br />
construtor e ao pintor que ―entenderam bem as indicações‖. Nesse sentido, elabore um parágrafo dissertativo<br />
respondendo à seguinte questão: qual a associação pode ser feita entre a casa e o enredo? (0,5)