04.05.2013 Views

reprodução de colêmbolos nativos com diferentes ... - UFSM

reprodução de colêmbolos nativos com diferentes ... - UFSM

reprodução de colêmbolos nativos com diferentes ... - UFSM

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

REPRODUÇÃO DE COLÊMBOLOS NATIVOS COM<br />

DIFERENTES SUBSTRATOS EM CONDIÇÕES DE<br />

LABORATÓRIO<br />

Ricardo Bemfica Steffen 1 , Tatiana Bene<strong>de</strong>tti 2 , André Paulo Hubner 2 , Anelise Vicentini<br />

Kuss 2 , Zaida Inês Antoniolli 3 . 1 Acadêmico do curso <strong>de</strong> Agronomia, Bolsista Fapergs.<br />

Departamento <strong>de</strong> solos <strong>UFSM</strong>, 97105-900 Santa Maria. bemfica_steffen@yahoo.<strong>com</strong>.br<br />

2 Acadêmicos do curso <strong>de</strong> Pós Graduação em Ciência do Solo – <strong>UFSM</strong>/RS 3 Professora<br />

Adj. Departamento <strong>de</strong> Solos.<br />

Biologia do SoloMonferrer<br />

Os organismos da fauna edáfica são capazes <strong>de</strong> modificar as características do solo<br />

(Pankhurst e Lynch, 1994), por encontrar-se intimamente associados aos processos <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong><strong>com</strong>posição e ciclagem <strong>de</strong> nutrientes. Estes organismos são agentes transformadores e<br />

atuam nas características físicas, biológicas e químicas do meio, bem <strong>com</strong>o auxiliam no<br />

monitoramento e qualida<strong>de</strong> solo.<br />

Os <strong>colêmbolos</strong> (Classe insecta, Sub-classe Apterygota) constituem juntamente <strong>com</strong> os<br />

ácaros a maior parte da mesofauna edáfica. São animais <strong>de</strong> tamanho reduzido (0,5 a 5 mm).<br />

Nos climas temperados o ciclo <strong>de</strong> vida é <strong>de</strong> dois a <strong>de</strong>z meses. Embora os <strong>colêmbolos</strong> do<br />

solo sejam menos diversificados e menos numerosos do que os ácaros, sua capacida<strong>de</strong><br />

reprodutiva parece ser bem maior, constituindo uma importante fonte <strong>de</strong> alimento para<br />

predadores <strong>com</strong> aranhas, coleópteros e ácaros. A quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>colêmbolos</strong> no solo<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> variações temporais e fatores climáticos, sendo assim, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m da umida<strong>de</strong>,<br />

espessura do horizonte orgânico, macroporosida<strong>de</strong> do solo e a própria disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

alimento.<br />

A ativida<strong>de</strong> agropecuária leva à perda da qualida<strong>de</strong> do solo ou a diminuição da<br />

“capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um solo funcionar <strong>com</strong>o um ecossistema limite para sustentar a<br />

produtivida<strong>de</strong> biológica, manter a qualida<strong>de</strong> do meio ambiente e promover a saú<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

plantas e animais” (Doran e Parkin, 1994), sendo assim, vários estudos <strong>com</strong>provam a<br />

eficiência dos <strong>colêmbolos</strong> <strong>com</strong>o bioindicadores da qualida<strong>de</strong> do solo. Na Europa a espécie<br />

Folsomia candida já é utilizada em testes ecotoxicológicos padrão (ISO 11267), para testes<br />

<strong>de</strong> impacto <strong>de</strong> produtos químicos no ambiente (Crouau, 2002). No Brasil, os <strong>colêmbolos</strong><br />

estão sendo usados para estudos <strong>com</strong> relação ao impacto <strong>de</strong> metais pesados ao solo, efeitos<br />

residuais <strong>de</strong> <strong>de</strong>fensivos agrícolas e <strong>com</strong>o bioindicadores das condições hídricas do solo.<br />

Uma das gran<strong>de</strong>s barreiras no uso <strong>de</strong>stes organismos <strong>com</strong>o bioindicadores está no<br />

fato <strong>de</strong> que a multiplicação <strong>de</strong> espécies nativas em laboratório ainda é difícil (Greensla<strong>de</strong> &


Vaughan, 2002). Assim o objetivo <strong>de</strong>ste trabalho é <strong>de</strong>senvolver um protocolo <strong>de</strong><br />

multiplicação <strong>de</strong> <strong>colêmbolos</strong> <strong>nativos</strong> em condições <strong>de</strong> laboratório.<br />

O solo utilizado no experimento foi coletado na área experimental do Departamento<br />

<strong>de</strong> Solos da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Santa Maria, sob as coor<strong>de</strong>nadas geográficas 29 o<br />

43´12´´ S <strong>de</strong> latitu<strong>de</strong> e 53 o 43´01´´ W <strong>de</strong> longitu<strong>de</strong>. A coleta dos <strong>colêmbolos</strong> foi realizada<br />

em janeiro. Foram feitas coletas em pomar <strong>de</strong> cítrus e em bosque <strong>de</strong> Pínus eliotti. Os<br />

indivíduos coletados foram classificados <strong>com</strong>o pertencendo ao gênero Isotomidae, segundo<br />

<strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> (GALLO 1988). Para coleta do solo utilizou-se um extrator <strong>de</strong> ferro <strong>de</strong> 10 cm<br />

<strong>de</strong> diâmetro e 20 cm <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>, para que pu<strong>de</strong>sse ser coletado o maior número <strong>de</strong><br />

indivíduos (Costa 1986). Após 5 dias da coleta, foi feita uma contagem para se <strong>de</strong>terminar a<br />

número inicial <strong>de</strong> indivíduos (Tabela 1). Após esta contagem o solo coletado foi<br />

acondicionado em recipientes cilíndricos <strong>de</strong> polietileno <strong>de</strong> coloração branca, <strong>de</strong> 14<br />

centímetros <strong>de</strong> diâmetro por 8 centímetros <strong>de</strong> altura. Colocou-se no interior <strong>de</strong>stes<br />

recipientes 600 gramas <strong>de</strong> solo, o que ocupa 2 / 3 do recipiente e 400ml <strong>de</strong> água <strong>de</strong>stilada,<br />

proporcionando um solo alagado (Edwards 1995), para a análise da multiplicação,<br />

estabeleceu-se os seguintes tratamentos: em solo <strong>de</strong> pomar <strong>de</strong> cítrus 1: Solo in natura + 3g<br />

<strong>de</strong> palha <strong>de</strong> ervilhaca moída, 2: Solo in natura + 3g <strong>de</strong> palha <strong>de</strong> milho moída, 3: Solo in<br />

natura + 3g <strong>de</strong> palha <strong>de</strong> nabo moída, 4: Solo in natura + 3g <strong>de</strong> cama <strong>de</strong> aviário moída, 5:<br />

Solo in natura e em solo <strong>de</strong> bosque <strong>de</strong> Pínus, 6: Solo in natura + 3g <strong>de</strong> palha <strong>de</strong> ervilhaca<br />

moída, 7: Solo in natura + 3g <strong>de</strong> palha <strong>de</strong> milho moída, 8: Solo in natura + 3g <strong>de</strong> palha <strong>de</strong><br />

nabo moída, 9: Solo in natura + 3g <strong>de</strong> cama <strong>de</strong> aviário moída e 10: Solo in natura.<br />

Além dos indivíduos coletados nas amostragens, adicionou-se 10 indivíduos adultos<br />

em cada tratamento. Os <strong>colêmbolos</strong> foram mantidos em ambiente escuro <strong>com</strong> temperatura<br />

<strong>de</strong> 26 o C e alimentados duas vezes por semana <strong>com</strong> 0,2 gramas <strong>de</strong> fermento biológico seco<br />

marca Mauri. Após 50 dias, foi realizada a segunda contagem, a fim <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar qual o<br />

tratamento que obteve maior eficiência na multiplicação <strong>de</strong> <strong>colêmbolos</strong> em laboratório<br />

(Tabela 1). As contagens foram realizadas lavando-se 3 cm 3 <strong>de</strong> solo, sendo três pontos <strong>de</strong><br />

coletas <strong>de</strong> 1cm 3 por tratamento, em Becker <strong>de</strong> 500 ml, utilizando-se 300ml <strong>de</strong> água<br />

<strong>de</strong>stilada e agitando-se <strong>com</strong> bastão <strong>de</strong> vidro por 1 minuto <strong>com</strong> movimentos circulares. Após<br />

o material <strong>de</strong>cantar, a solução <strong>de</strong> solo + água foi passada por uma peneira <strong>de</strong> 0,057 mm e<br />

feita à contagem em placas <strong>de</strong> Petri <strong>com</strong> auxílio <strong>de</strong> microscópio esterioscópico.


Tabela 1: Número <strong>de</strong> <strong>colêmbolos</strong> jovens e adultos 5 e 50 dias após instalação do experimento em<br />

condições <strong>de</strong> laboratório.<br />

Coleta do<br />

solo<br />

Pomar <strong>de</strong><br />

cítrus<br />

Bosque<br />

<strong>de</strong> pínus<br />

Tratamento Jovens/cm 3<br />

Adultos /cm<br />

5 dias após<br />

coleta<br />

3<br />

Jovens/cm<br />

5 dias após<br />

coleta<br />

3<br />

Adultos/cm<br />

50 dias após<br />

coleta<br />

3<br />

50 dias após<br />

coleta<br />

Palha <strong>de</strong> ervilhaca moída < 1 02 02 03<br />

Palha <strong>de</strong> milho moída 01 04 12 17<br />

Palha <strong>de</strong> nabo moída < 1 02 16 09<br />

Cana <strong>de</strong> aviário moída 02 05 22 28<br />

Somente solo < 1 01 04 03<br />

Palha <strong>de</strong> ervilhaca moída 03 05 25 26<br />

Palha <strong>de</strong> milho moída 03 03 06 12<br />

Palha <strong>de</strong> nabo moída < 1 02 05 03<br />

Cana <strong>de</strong> aviário moída 01 02 04 09<br />

Somente solo 01 01 11 06<br />

Como foi apresentado acima, os tratamentos solo <strong>de</strong> pomar <strong>de</strong> cítrus + cama <strong>de</strong><br />

aviário e solo <strong>de</strong> floresta <strong>de</strong> pínus + ervilhaca se equivalem, embora o primeiro tenha<br />

apresentado uma pequena superiorida<strong>de</strong>, sendo o indicado para uso na multiplicação <strong>de</strong><br />

<strong>colêmbolos</strong> em laboratório.


Literatura citada<br />

COSTA, E. C. Artrópo<strong>de</strong>s associados a bracatinga (Mimosa scabrella Benth). Curitiba:<br />

UFPR, 1986. 271 p. Tese (Doutorado em Ciências Florestais) – Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do<br />

Paraná, 1986.<br />

CROUAU, Y.; GISCLARD, C.; PEROTTI, P. The use of Folsomia candida (Collembola,<br />

Isotomidae) in biossays of waste. Applied Soil Ecology, n.19, p. 65-70, 2002.<br />

DORAN, J. W; PARKINS, T. B. Defining and assessing soil quality. In: Doran, J. W;<br />

Coleman, D. C; Bezdicek, D. F. e Stewart, B. A. eds. Defining soil quality for a sustainable<br />

invironment. Soil Science Society of America, Madison. SSSA. Special publication number<br />

35. 1994, 244p.<br />

EDWARDS, C.A. (1995) Simple techniques for rearing Collembola, Symphyla and other<br />

small soil inhabiting arthropods. In Soil Zoology. (Kevan, D.K., McE ed) London, New<br />

York, Toronto. P 412 – 416.<br />

GALLO, D. Manual <strong>de</strong> entomologia agrícola. 2. ed. São Paulo: Agronômica CERES, 1988.<br />

645 p.<br />

GREENLADE, P.; VAUGHAN, G.T. A <strong>com</strong>parison of Collembola species for toxicity<br />

testing of Australian soils. Pedobiologia, 47,2002.<br />

PANKHURST, C. E; LYNCH, J. M. The role of the soil biota in sustainable agriculture. In:<br />

Pankhurst, C. E; Double, B. M; Gupta, U. V. S. R; Grace, P. R. eds. Soil biota:<br />

Management in sustainable farming systems. CSI 1994, 3-12p.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!