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Em Busca de um Novo Cinema Português - Livros LabCom - UBI

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Michelle Sales 195<br />

cangaço, já não me lembro o título...parece que o filme é muito bonito, eu<br />

nunca pu<strong>de</strong> ver.<br />

...<br />

Mas a história que <strong>de</strong>u origem a Os Ver<strong>de</strong>s anos tinha acontecido no<br />

bairro, eu olhava pela janela e via as janelas dos sapateiros.<br />

...<br />

Eu ainda não era conhecido no mundo do cinema novo, porque no fundo o<br />

cinema novo começa comigo porque no rés-do-chão da minha casa era o Vavá,<br />

que era o café mais célebre da época, era o café em que havia os estudantes<br />

que estavam sempre revoltados contra o governo, por ser mais ou menos fascista.<br />

E havia os jornalistas, os jovens cineastas. Portanto, a vida no Vavá<br />

era fervilhante <strong>de</strong> novida<strong>de</strong>s. Havia intrigas. De certo modo, aos poucos, é<br />

a zona on<strong>de</strong> muitos dos cineastas que viriam a ser importantes já moravam.<br />

O Fernando Lopes morava quase em frente, do outro lado da praça. Então a<br />

gente, dia e noite, encontrava-se.<br />

Michelle: O Geraldo Del Rey também trabalhou com o senhor no seu<br />

segundo filme, o Mudar <strong>de</strong> vida, como o senhor chegou até ele?<br />

Paulo: Bom, eu estava com o meu primeiro filme no festival <strong>de</strong> Acapulco,<br />

que era, na época, <strong>um</strong> festival que estava muito na moda. Eu já tinha estado<br />

uns dias na Cida<strong>de</strong> do México, tinha conhecido alg<strong>um</strong>as pessoas, havia atores<br />

que tinham meu nome, “Rocha”, eram mexicanos, tinham traduções do Eça<br />

<strong>de</strong> Queiroz. De repente, aparece no meu quarto <strong>um</strong>as malas que diziam “Rocha”,<br />

e eu fiquei assustadíssimo. Pensei logo que <strong>de</strong>via ser <strong>um</strong>a atriz qualquer<br />

maluca... Eu tinha conhecido atrizes que se chamavam Rocha, em México,<br />

em Cida<strong>de</strong> do México. E eu achava que era alguém que queria arranjar <strong>um</strong><br />

quarto para viver no hotel, e teria dito que era <strong>de</strong> minha família. Depois<br />

<strong>de</strong>scubro que era o Glauber. O Glauber tinha chegado com Os fuzis.<br />

...<br />

O Glauber conquistou-me, ele era <strong>um</strong> bocado inspirado e <strong>de</strong>sorganizado.<br />

Portanto, tinha chegado lá como convidado para <strong>um</strong>a espécie <strong>de</strong> reunião cultural<br />

importante n<strong>um</strong>a zona do México que é a cultura maia. Nessa altura,<br />

eles eram controlados pelos milionários americanos. Mais tar<strong>de</strong>, isso veio a<br />

ser dito contra o Glauber porque se dizia que aquilo era controlado pela CIA,<br />

mas nunca se soube. Ou seja, eu passei, por aí, <strong>um</strong>a semana com o Glauber<br />

em Acapulco, o que foi divertidíssimo. O Glauber era sempre violento e divertido<br />

nas suas relações h<strong>um</strong>anas. E naquela altura, eu já estava a preparar<br />

<strong>Livros</strong> <strong>LabCom</strong><br />

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