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Estamos a aplicar o dinheiro como se fôssemos um banco - Ife

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63€ por tonelada para que os<br />

preços de mercado fos<strong>se</strong>m de<br />

101€ por tonelada. Subimos a<br />

ajuda para os 77€ e congelámos<br />

o histórico. Mas neste momento<br />

vende‑<strong>se</strong> o milho a 250€ a<br />

tonelada…<br />

Essas eram as expectativas no<br />

início da campanha de 2008, os<br />

preços reais ficaram bastante<br />

abaixo. Mas terá ainda de<br />

somar o a<strong>um</strong>ento dos custos de<br />

produção desde essa altura…<br />

Por isso é que lhe digo que<br />

os 63€ devem estar lá <strong>se</strong> não<br />

con<strong>se</strong>guir vender acima de<br />

130/140€ hoje em dia. Se<br />

vendem a 250€…<br />

Porquê esta ‘guerra’ com os<br />

produtores de cereais?<br />

Quer saber o meu histórico?<br />

É simples. Enquanto chefe<br />

de divisão dos cereais<br />

negociei as ajudas para os<br />

cereais portugue<strong>se</strong>s, a ajuda<br />

co‑financiada… Tinha <strong>um</strong><br />

histórico de apoio aos cereais<br />

que mais nenh<strong>um</strong> técnico deste<br />

ministério tinha.<br />

Mas faz <strong>se</strong>ntido ou não apoiar<br />

o incremento da produção de<br />

cereais no nosso país?<br />

Faz <strong>se</strong>ntido termos <strong>um</strong>a boa<br />

produção de cereais mas nunca<br />

<strong>se</strong>remos auto‑suficientes. Em<br />

2006 produzimos 1 milhão<br />

de toneladas. Sempre dis<strong>se</strong><br />

que temos condições para<br />

produzir <strong>um</strong> milhão e meio<br />

e eu gostaria que assim<br />

fos<strong>se</strong>. Com as ajudas que<br />

existem, com o apoio ao<br />

regadio e com os preços de<br />

mercado não há razões para que<br />

assim não fos<strong>se</strong>. Mas não sonhem<br />

passar para 2 ou 3 milhões de<br />

toneladas porque cons<strong>um</strong>imos<br />

4 milhões por ano e <strong>se</strong>remos<br />

<strong>se</strong>mpre largamente deficitários<br />

e importadores. Não haverá<br />

problemas de falta de cereais<br />

para o pão ou para as rações<br />

para animais porque a União<br />

é super excedentária. Temos é<br />

que ter capacidade de ter água<br />

para <strong>se</strong>rmos mais produtivos e,<br />

sobretudo, ter capacidade de<br />

armazenagem para negociar<br />

preços, para não ficarmos na<br />

mão dos importadores. Nes<strong>se</strong><br />

ponto já dis<strong>se</strong> que ajudava,<br />

porque temos silos do Estado.<br />

Mas <strong>como</strong> não <strong>se</strong> pode depender<br />

da boa ou má vontade de <strong>um</strong><br />

ministro de três em três anos,<br />

quero fazer <strong>um</strong> protocolo a 30<br />

anos para passar a gestão dos<br />

silos para as cooperativas que<br />

ficarão assim responsáveis pela<br />

sua manutenção.<br />

Vai entregá-los então às<br />

organizações de produtores?<br />

Sim, às cooperativas. A produção<br />

tem de ter capacidade de<br />

armazenagem. Para não ter de<br />

vender o milho ou o trigo ao<br />

primeiro que lhe aparece à porta.<br />

Vou ajudar na armazenagem<br />

desde que as<strong>se</strong>gurem a<br />

manutenção, porque ninguém<br />

está a fazer obras nos silos.<br />

Também não poderão criar<br />

monopólios e terão de estar<br />

abertos a todos. Tenho <strong>um</strong><br />

protocolo que já apre<strong>se</strong>ntei ao<br />

primeiro grupo que <strong>se</strong> mostrou<br />

interessado, no Baixo Alentejo,<br />

para assinar com eles para os<br />

próximos 30 anos.<br />

Beja?<br />

Sim. São três silos. Está a ver que<br />

gosto dos produtores de cereais.<br />

Mas <strong>como</strong> não <strong>se</strong> pode<br />

depender da boa ou<br />

má vontade de <strong>um</strong><br />

ministro de três em três<br />

anos, quero fazer <strong>um</strong><br />

protocolo a 30 anos para<br />

passar a gestão dos silos<br />

para as cooperativas<br />

que ficarão assim<br />

responsáveis pela sua<br />

manutenção.<br />

Se o PS ganhar as eleições, e <strong>se</strong><br />

for convidado, quer continuar<br />

<strong>como</strong> ministro da agricultura?<br />

Francamente nunca faço<br />

projectos a prazo. Estava<br />

sos<strong>se</strong>gado em Bruxelas quando<br />

me propu<strong>se</strong>ram este desafio.<br />

Quando acreditamos no que<br />

estamos a fazer devemos aceitar<br />

os desafios e não devemos evitar<br />

a mudança. Foi o fiz, e estou<br />

a gostar, sabendo que é difícil<br />

e que vim mudar muita coisa,<br />

apesar de que saber que há <strong>um</strong>a<br />

outra confederação que não<br />

estão satisfeitas.<br />

A sua missão está terminada?<br />

O es<strong>se</strong>ncial está feito. O<br />

programa do Governo está<br />

praticamente concluído, fiz<br />

a reforma que dis<strong>se</strong> que ia<br />

fazer, o Proder repre<strong>se</strong>nta essa<br />

mudança, com mecanismos de<br />

adequação para o que vier a<br />

<strong>se</strong>guir. Considero que c<strong>um</strong>pri<br />

essa missão, <strong>se</strong> isso pode<br />

completado nos próximos<br />

quatros, naturalmente que<br />

sim, mas as pessoas têm de<br />

ter a noção de que não temos<br />

permanentemente novas ideias,<br />

mas temos de ter a certeza de<br />

que há permanentemente novos<br />

desafios. Sempre tentei não<br />

perder o pé da realidade.<br />

É <strong>um</strong> dos ministros da<br />

agricultura mais impopulares<br />

de que me recordo...<br />

Nunca houve ministros da<br />

agricultura populares. Houve<br />

alguns que caíram com<br />

manifestações e eu estou a entrar<br />

no último ano da legislatura e<br />

estou cá. Muita da contestação<br />

surge no momento em que há<br />

<strong>dinheiro</strong> fresco… Penso que<br />

sou impopular junto de certos<br />

<strong>se</strong>ctores ou confederações,<br />

<strong>se</strong>ctores que já são muito<br />

apoiados e não precisam mais<br />

de ajudas directas. Há outros<br />

<strong>se</strong>ctores que podiam dar riqueza<br />

ao país e não estão a dá‑la<br />

porque nunca foram apoiados.<br />

Eu sabia que ia provocar es<strong>se</strong><br />

sobressalto, mas o país é outro.<br />

E apetece-lhe continuar ou<br />

não?<br />

A mim apetece‑me fazer coisas. E<br />

muitas vezes diferentes. •<br />

Vida rural . Março 2009 . 13

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