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direção de José Leitão. Centra<strong>da</strong> num<br />
tom de comédia o texto tem uma linguagem<br />
direta e conta histórias de Ptolomeu<br />
Rodrigues, um aventureiro dos<br />
sete mares, natural de Cabo Verde, que<br />
narra suas proezas sexuais vivi<strong>da</strong>s ao<br />
longo de suas viagens.<br />
O teatro popular tem seu espaço<br />
garantido dentro <strong>da</strong> dramaturgia brasileira<br />
e um público cativo. O Cordel do<br />
Amor Sem Fim, de Cláudia Barral, iluminou<br />
o palco do Auditório Simón Bolívar<br />
ao contar a história de Carminha<br />
que gosta de José, que deseja Teresa,<br />
que espera por Antonio, para desespe-<br />
ro de Ma<strong>da</strong>lena. A trama, que se passa<br />
dentro de um ônibus urbano em movimento,<br />
agarra o público pela capaci<strong>da</strong>de<br />
verbal <strong>da</strong> personagem.<br />
No conjunto, as obras que movimentaram<br />
o palco do <strong>Memorial</strong> podem<br />
ser considera<strong>da</strong>s exemplos do caleidoscópio<br />
formado pela fragmentação<br />
de tendências que ocupam os teatros<br />
latino-americanos. Daí a importância<br />
do Festival que, como todos os grandes<br />
eventos do gênero, deu a oportuni<strong>da</strong>de<br />
para o público se atualizar e compreender<br />
os novos conceitos que regem a dramaturgia<br />
contemporânea.<br />
EL TEATRO LATINOAMERICANO<br />
EN bRASIL<br />
A feiticeira Medea,<br />
encena<strong>da</strong> pela Cia Hubert<br />
de Cuba, com direção de<br />
Abelardo Estorino. Cordel do Amor Sem Fim,<br />
drama encenado dentro de um ônibus,<br />
com a Troupe Cia Sinhá Zozima.<br />
FOTO: DIvULgAÇÃO<br />
Minha história de amor com o<br />
teatro latino-americano vem de muito<br />
longe. Desde antes do tempo em que<br />
eu me senti ca<strong>da</strong> vez mais latina, ca<strong>da</strong><br />
vez mais americana, e ca<strong>da</strong> vez mais<br />
estarreci<strong>da</strong> diante <strong>da</strong> maneira acintosa<br />
como nós, o Brasil, desconhecíamos<br />
a literatura dramática dos nossos mais<br />
próximos vizinhos.<br />
Lembro-me que, na déca<strong>da</strong> de 50<br />
(do século passado ! ), envolvi<strong>da</strong> acidentalmente<br />
com uma revista de poesia<br />
venezuelana que se chamava Lírica Hispana<br />
, travei conhecimento com o texto<br />
dramático de Román Chalbaud (depois<br />
cineasta) e me atrevi a traduzir Réquiem<br />
por un Eclipse , peça de cunho marca-<br />
<strong>da</strong>mente lírico que, na época, me encantou.<br />
O texto provindo <strong>da</strong> Venezuela<br />
foi encenado por amadores e, se mais<br />
não fez, pelo menos me introduziu no<br />
conhecimento <strong>da</strong> existência de vi<strong>da</strong> inteligente<br />
na dramaturgia dos nossos<br />
irmãos latino-americanos.<br />
Mais tarde, em 1969 , já professora<br />
<strong>da</strong> Escola de Arte Dramática e <strong>da</strong><br />
Escola de Comunicações e Artes <strong>da</strong><br />
USP, chefiando uma delegação de estu<strong>da</strong>ntes<br />
que ia ao Festival de Teatro de<br />
Manizales, na Colômbia, pude assistir<br />
a um espetáculo impressionante: Topografia<br />
de un Desnudo, texto de autoria de<br />
Jorge Díaz, chileno , que fora obrigado<br />
a exilar-se na Espanha. O espetáculo<br />
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FOTO: DIvULgAÇÃO