Edição 33 - Memorial da América Latina

Na edição anterior já abordamos o
fator Obama e voltamos ao assunto, nesse
espaço, apenas para fazer eco à constatação
geral de que o carisma e a habilidade
do presidente se evidenciaram mais
uma vez na recente Cúpula das Américas,
em Trindad e Tobago. Agradou, sobretudo,
a sua disposição para o diálogo, que
marca uma clara e elogiável diferença.
O Memorial também está ampliando
suas relações. Além dos contatos com
instituições de outros países, está empenhado
em estreitar laços com os demais
Estados brasileiros. O intuito é cumprir
a missão para o qual foi concebido de, a
par da integração latino-americana, valorizar
a diversidade cultural do País, focalizando
suas expressões mais autênticas.
Por outro lado, ao tirar partido das
novas tecnologias, a Fundação está abrindo
novos canais de comunicação com o
público. Instalou telões com informações
sobre o conteúdo de cada um de seus espaços,
sem, contudo, abrir mão do contato
humano que seus jovens monitores
proporcionam.
Esta edição de Nossa América,
portanto, acompanha os novos tempos.
Aborda vários temas atuais, inclusive a crise
global. Para começar, destaca as particularidades
de Quito, capital do Equador,
que se distingue de outros centros urbanos
da América Hispânica por sua inteligente
forma de preservar a história arquitetônica.
Quem explica quais são as distinções
desse interessante conjunto urbanístico e
arquitetônico é Tomás Lapa, da Universidade
Federal de Pernambuco.
Um dos ícones das histórias latino-americanas
em quadrinhos, Mafalda
completa 45 anos. A graça e o caráter
mordaz e crítico da menininha criada por
Quino faz dela unanimidade entre os aficionados
pelo gênero. Quem desvenda
os segredos dessa personagem e o traço
de seu autor é Walter Louzán, também
argentino, e especialista no assunto.
Outro sucesso no cenário latinoamericano,
o Museu da Língua Portuguesa
em São Paulo, é colocado sob o
olhar crítico de uma jornalista e um historiador.
Para investigar a razão de tamanho
sucesso de público e mídia, Nossa
América convidou a cubana Izabel Pérez
Pérez, editora da revista Arte Cubano, e
o historiador brasileiro Ulpiano Bezerra
de Meneses. Sob óticas diferentes os
dois fazem um diagnóstico do conceito
museológico empregado pela instituição.
Mesmo depois de ter parte de seu
território devastado por três furacões, o
governo cubano decidiu manter a Bienal
de Havana que chega à sua décima edição
somando 25 anos de arte contemporânea.
O Brasil se fez presente com artistas de
vários Estados. A editora da Nossa América,
Leonor Amarante, esteve na mostra,
recebeu a Medalha de Cultura de Cuba e
escreve sobre essa edição comemorativa.
O sucesso do II Festival Ibero-
Americano de Teatro do Memorial da
América Latina prova a pertinência de
um evento destinado ao intercâmbio e
à difusão cultural. Foram várias companhias
teatrais da América Latina e
de Portugal e Espanha, além de mesas
e debates, mostrando que a troca de
experiências é muito bem-vinda. Renata
Pallottini, dramaturga e ensaísta, e o
ator Paulo Goulart, registram em Nossa
América suas experiências como participantes
do evento.
Cada país da América Latina tem
problemas. Alguns mais sérios que outros.
É o caso da Guatemala, que não se
livrou das seqüelas de uma longa guerra
civil, nem do machismo que foi tônica
em todo o Continente. Suas mulheres
são literalmente massacradas. Algumas se
insurgem, a exemplo de Sonia E. Lopez
Alvarez, que luta pelos direitos humanos.
A jornalista Tânia Rabello esteve lá e
conta o que ocorre de fato.
Futebol é assunto sério. Ainda mais
agora que vem sendo tratado nos meios
acadêmicos. O historiador José Sebastião
Witter explica nas páginas de Nossa América
como e porque o esporte que o Brasil
ajudou a difundir internacionalmente tornou-se
um fenômeno de massas.
O que também vem se disseminando
rapidamente é o emprego da virtualidade
para promover conhecimento. As
bibliotecas virtuais têm se propagado em
todo o mundo e o Memorial da América
Latina não perdeu tempo. Está com seu
acervo digitalizado. A bibliotecária Márcia
Rossetto, responsável pela implantação
da BV@L, explica todo o processo e
sua importância na vida moderna.
A América Latina pode se sair
melhor dessa crise internacional do que
o resto do mundo? Na opinião do economista
Ignacy Sachs, perito em desenvolvimento
sustentado, com certeza sim.
Desde que atente para suas riquezas naturais
e entenda como aproveitar o potencial
econômico de seu meio ambiente.
Ele deu um longo depoimento sobre o
assunto com exclusividade para o Memorial
da América Latina e que Nossa
América registra nesta edição.
Fernando Leça
Presidente da Fundação
Memorial da América Latina.
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