Avaliação morfológica - Febrasgo
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metformina, poderiam reduzir a incidência de diabetes<br />
gestacional e macrossomia fetal associados.<br />
dESVIOS dO CRESCIMENTO FETAL<br />
Fetos pequenos para a idade gestacional<br />
Os recém-nascidos pequenos para a idade gestacional,<br />
definidos como aqueles com peso inferior<br />
ao percentil 10 para a idade gestacional, podem<br />
ser constitucionalmente pequenos ou apresentarem<br />
uma restrição de crescimento (RCF) decorrente de<br />
alterações na placentação, com graus variáveis de<br />
insuficiência placentária, ou devida a doenças genéticas<br />
ou danos celulares extrínsecos.<br />
No grupo com RCF, os riscos de morte perinatal<br />
e de sequelas pós-natais estão substancialmente aumentados<br />
em relação aos recém-nascidos com pesos<br />
adequados. Todavia, tais riscos podem ser reduzidos<br />
caso esta condição seja diagnosticada precocemente,<br />
pois permitirá monitoração adequada da gestação e<br />
programação da época ideal do parto.<br />
Algoritmos que combinam características maternas,<br />
pressão arterial média, Doppler das artérias<br />
uterinas e testes bioquímicos entre 11 e 13 semanas<br />
poderão potencialmente identificar cerca de 75%<br />
das gestantes sem diagnóstico de pré-eclâmpsia que<br />
desenvolverão RCF. (9) Considerando que a proporção<br />
de RCF/feto pequeno para idade gestacional é maior<br />
em fetos prematuros, é provável que marcadores<br />
bioquímicos e biofísicos de crescimento fetal possam<br />
identificar um subgrupo de RCF entre os fetos<br />
considerados pequenos para a idade gestacional.<br />
Fetos grandes para a idade gestacional<br />
Fetos grandes para a idade gestacional (GIG),<br />
definidos com aqueles com peso superior ao percentil<br />
90 para a idade gestacional, estão associados com<br />
maior risco de cesárea, tocotraumatismo, distocia de<br />
ombro, lesão do plexo braquial, fratura de úmero ou<br />
clavícula e asfixia intraparto.<br />
Rastreamento para fetos grandes para idade gestacional<br />
ou macrossômicos (peso ao nascimento >4.000<br />
gramas) pode ser realizado por uma combinação de<br />
características demográficas e obstétricas, com valor da<br />
translucência nucal e marcadores bioquímicos, como<br />
porção livre ß-hCG e PAPP-A (pregnancy associated<br />
plasma protein-A) entre 11 e 13 semanas. A utilização<br />
Revista Medicina<br />
Materno-Fetal<br />
deste modelo pode identificar, aproximadamente 35%<br />
das mulheres que darão à luz RN macrossômicos ou<br />
GIG. (15) Naturalmente, futuras pesquisas são necessárias<br />
para identificar novos marcadores biofísicos e<br />
bioquímicos que poderiam melhorar o desempenho<br />
deste modelo de rastreamento e determinar à medida<br />
que a identificação precoce de uma população de<br />
alto risco poderia melhorar a vigilância pré-natal e a<br />
prevenção de macrossomia/GIG e das complicações<br />
durante o parto relacionado a esta condição.<br />
NOVAS dIRETRIzES NA ASSISTêNCIA<br />
NEONATAL<br />
Identificação precoce de um grupo de pacientes<br />
com riscos específicos para as complicações mais frequentes<br />
da gravidez poderia melhorar os resultados<br />
maternos e neonatais através de uma mudança na<br />
estrutura atual do pré-natal, a partir de uma série de<br />
consultas de rotina, considerando o risco da gestação<br />
e criação de protocolos específicos abordando uma<br />
agenda programada de consultas pré-natais e conduta<br />
individualizada por grupos de risco.<br />
Desta forma, cada visita terá um objetivo predefinido<br />
e os resultados vão gerar razões de probabilidade<br />
que podem ser usadas para modificar o risco<br />
específico individual por paciente e por doença<br />
estimada a partir da avaliação inicial ente 11 e 13<br />
semanas. Este modelo sequencial de rastreamento<br />
está bem estabelecido no rastreamento de aneuploidias<br />
onde o risco específico da paciente com base na<br />
idade materna é modificado pelos achados ultrassonográficos<br />
e resultados dos testes bioquímicos, tanto<br />
no primeiro como no segundo trimestres da gestação.<br />
Este modelo de ação foi idealizado considerando os<br />
preceitos de Hipócrates e de Galileo Galilei. O primeiro<br />
afirma que o bom médico deve aprender do passado,<br />
pesquisar o presente para prever o futuro; o segundo,<br />
afirmando que a linguagem de Deus é matemática,<br />
enfatiza que devemos medir tudo o que é mensurável<br />
e tornar mensurável tudo o que ainda não é.<br />
Desta forma, no primeiro trimestre da gestação (entre<br />
11ª e 13ª semana), as gestantes seriam avaliadas e<br />
classificadas como sendo de baixo risco para complicações<br />
comuns à gravidez. Esta atitude selecionaria uma<br />
pequena proporção de mulheres de alto risco para<br />
doenças específicas (fig. 1). O grupo de baixo risco<br />
Cruz JJ, Nicolaides KH, Avanços a ser percorridos na avaliação e conduta pré-natal do século atual<br />
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