à vista - Corcesp

Poesia
Poesia
Nos caminhos da vida, nos deparamos,
dentre outros, com ruas, becos,
guetos, vielas, estradas, grotas,
subidas íngremes, descidas escampadas
e esquinas, que nos deixam
sem saber o rumo que indique o
encontro da pureza e da paz!
Essas indefinições são as pedras no
meio do caminho, aquelas que o
nosso poeta Carlos Drummond de
Andrade também conviveu.
É bom lembrar que nas ruas da
vida há calçadas construídas com
as nossas próprias pedras brutas. E
o que fazer para não temê-las? É
necessário tirar as pedras do medo,
da insegurança e do desespero.
Lapidá-las pode ser o grande segredo
para a conquista da pureza
e da paz!
Mas até torná-las lapidadas e límpidas
temos que aprender a conviver
com as cobertas de limos, que
nos fazem escorregar e cair;
As de pontas agudas, que ferem
nossos pés;
As que atiramos aos outros, que
envergonham o nosso amanhã;
18 RC em Evidência
As que são resvaladas em nossas
vitrines frágeis, que são impulsionadas
pela lei do retorno.
Mas todas elas compõem nossas
paisagens, descrevem nossas geografias,
alicerçam nossos passos,
enfeitam nossos sonhos, adornam
nossos dedos, orelhas, pescoços e
pulsos;
Pulsam com o pulsar das veias;
Aplacam as esperanças;
Ornamentam o nosso viver.
Entretanto, há, dentre todas, uma
de quilate tão precioso que guarda
um verdadeiro tesouro!
Essa, temos que abrir as portas para
deixar entrar o sagrado, porque ela
indica o tom: o da pureza.
Essa coroa o encontro do ponto
fundamental da arte: o do belo!
Mas é preciso tratá-la de forma
artesanal, com mãos carinhosas,
muita delicadeza, sem medo e sem
insegurança.
O verdadeiro garimpeiro não pode
desistir nunca da busca do seu
grande tesouro escondido.
Deve, sim, procurar, procurar e
procurar, com sua bateia, até encontrar
a mais pura das pedras: a
pérola escondida dentro da concha
do coração!
Até encontrar a mais brilhante: a
da paz!
Que Jesus Cristo, nesse Natal que
ora se aproxima, erija no coração
dos homens, com as pedras do seu
templo, as colunas da fraternidade,
da humildade, da misericórdia
e do amor!