PDF - Faculdade de Medicina da UFMG
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6<br />
Inclusão<br />
Olhar direcionado ao aluno com doença falciforme<br />
Acordo entre instituições concentra esforços para capacitar profissionais <strong>da</strong> re<strong>de</strong> estadual <strong>de</strong> ensino<br />
Mariana Pires<br />
Usar a educação à distância e a produção <strong>de</strong> material<br />
didático na capacitação <strong>de</strong> professores e profi ssionais<br />
<strong>da</strong> re<strong>de</strong> estadual <strong>de</strong> educação para li<strong>da</strong>r com alunos que têm<br />
a doença falciforme: estas foram algumas <strong>da</strong>s propostas<br />
apresenta<strong>da</strong>s no seminário Saber para cui<strong>da</strong>r: doença falciforme<br />
na escola, realizado nos dias 26 e 27 <strong>de</strong> junho. O encontro<br />
marcou a assinatura <strong>de</strong> um termo <strong>de</strong> compromisso entre as<br />
secretarias <strong>de</strong> Educação e <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> do Estado, a Fun<strong>da</strong>ção<br />
Hemominas e a <strong>UFMG</strong>, por meio do Núcleo <strong>de</strong> Ações e<br />
Pesquisa em Apoio Diagnóstico <strong>da</strong> <strong>Facul<strong>da</strong><strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> <strong>Medicina</strong><br />
(Nupad), objetivando a cooperação técnica entre as instituições<br />
para viabilizar a iniciativa.<br />
Durante o seminário, foram <strong>de</strong>fi ni<strong>da</strong>s três temáticas<br />
a serem trabalha<strong>da</strong>s: as peculiari<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> doença falciforme,<br />
a relação entre escola e família, e a diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> no ambiente<br />
escolar. Uma <strong>da</strong>s pré-<strong>de</strong>fi nições para a execução do projeto<br />
foi fortalecer com as famílias a autonomia <strong>da</strong> pessoa com<br />
doença falciforme. A família foi <strong>de</strong>staca<strong>da</strong> como agente<br />
fun<strong>da</strong>mental para garantir atenção a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> ao aluno com<br />
doença falciforme. “Cabe à escola conhecer, respeitar, acolher<br />
e motivar. E à família, informar, participar e acompanhar”,<br />
<strong>de</strong>clarou Zulma Ribeiro, professora <strong>da</strong> re<strong>de</strong> pública.<br />
Foram <strong>de</strong>staca<strong>da</strong>s ain<strong>da</strong> as responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong>s dos<br />
locais <strong>de</strong> tratamento e do controle social, que é a estruturação<br />
<strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> em associações e enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s em <strong>de</strong>fesa<br />
do usuário. “Essas quatro instituições precisam conversar e<br />
compartilhar informações”, afi rmou Ilka Maria do Carmo,<br />
<strong>da</strong> Secretaria Estadual <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> do Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />
A doença falciforme é uma doença genética,<br />
caracteriza<strong>da</strong> por uma <strong>de</strong>formação nos<br />
glóbulos vermelhos do sangue, responsáveis<br />
pelo transporte <strong>de</strong> oxigênio para todo o corpo,<br />
que adquirem o formato <strong>de</strong> uma foice, <strong>da</strong>í<br />
o nome “falciforme“. A anomalia gera crises<br />
<strong>de</strong> dor, pali<strong>de</strong>z, icterícia (olhos amarelos),<br />
cansaço e úlceras pelo corpo, <strong>de</strong>ntre outras<br />
complicações. Mas os sintomas po<strong>de</strong>m ser<br />
controlados a partir do diagnóstico, já nos<br />
primeiros dias <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>, por meio do exame<br />
<strong>de</strong> triagem neonatal, mais conhecido como<br />
“teste do pezinho“.<br />
“É importante levar<br />
reconhecimento para<br />
outras esferas além<br />
<strong>da</strong> saú<strong>de</strong>: a escola,<br />
o trabalho, a vi<strong>da</strong><br />
social” – José Nelio<br />
Januario, coor<strong>de</strong>nador<br />
do Nupad<br />
Saber para cui<strong>da</strong>r: doença falciforme na escola<br />
Fotos: Bruna Carvalho<br />
• 2 dias <strong>de</strong> seminário<br />
• 3 palestras internacionais<br />
• 6 mesas-redon<strong>da</strong>s<br />
• 20 palestrantes convi<strong>da</strong>dos<br />
• 140 participantes<br />
• Promoção: Centro <strong>de</strong> Educação e Apoio para Hemoglobinopatias<br />
(Cehmob – MG), Nupad, Fun<strong>da</strong>ção Hemominas<br />
e Secretarias <strong>de</strong> Estado <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> e <strong>da</strong> Educação<br />
Reali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
Enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s representativas, como a Associação <strong>de</strong><br />
Pessoas com Doença Falciforme e Talassemia <strong>de</strong> Belo Horizonte<br />
e Região Metropolitana (Dreminas), e a Fe<strong>de</strong>ração<br />
Nacional <strong>da</strong>s Associações <strong>de</strong> Pessoas com Doenças Falciformes<br />
(Fenafal), marcaram presença e <strong>de</strong>monstraram seu<br />
envolvimento com a causa. Maria Zenó Soares <strong>da</strong> Silva,<br />
presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> Dreminas, apresentou <strong>de</strong>poimentos mostrando<br />
o que o aluno e a família vivenciam no contexto <strong>da</strong><br />
escola. A partir <strong>de</strong> entrevistas realiza<strong>da</strong>s com 100 pacientes<br />
<strong>de</strong> 7 a 16 anos, ela concluiu que a maioria dos profi ssionais<br />
não tem conhecimento <strong>da</strong> doença e nem do atendimento,<br />
o que po<strong>de</strong> explicar a baixa escolari<strong>da</strong><strong>de</strong> e a alta evasão<br />
entre os pacientes com doença falciforme.<br />
Em muitos casos relatados, os alunos são impedidos<br />
<strong>de</strong> beber água ou ir ao banheiro; não há reposição <strong>de</strong><br />
provas quando há ausência por motivo <strong>de</strong> internação ou<br />
transfusão <strong>de</strong> sangue e os professores não levam a sério<br />
as crises <strong>de</strong> dor, atestados e relatórios médicos. “O que<br />
nós queremos não é sermos tratados com diferença, mas<br />
respeitados pelas nossas diferenças. Para haver inclusão é<br />
preciso admitir a reali<strong>da</strong><strong>de</strong> e conhecer as diversi<strong>da</strong><strong>de</strong>s”,<br />
concluiu Maria Zenó.<br />
“Temos que levar em<br />
consi<strong>de</strong>ração que a<br />
pessoa com doença<br />
falciforme sofre com<br />
os aspectos clínicos e<br />
também com os aspectos<br />
sociais” – Raquel Elizabete<br />
<strong>de</strong> Souza Santos, SES-MG<br />
“É importante sensibilizar<br />
gestores e profissionais<br />
<strong>da</strong> educação, e<br />
coor<strong>de</strong>nadores <strong>de</strong><br />
programas que já<br />
existem” – Cristiane Rust,<br />
coor<strong>de</strong>nadora do Ceaps /<br />
Nupad<br />
Saú<strong>de</strong> Informa - Julho <strong>de</strong> 2012