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PDF - Faculdade de Medicina da UFMG

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Ilustração: Mateus Vita<br />

Técnica cirúrgica reduz sequelas do câncer <strong>de</strong> mama<br />

Uma <strong>da</strong>s maiores preocupações durante o tratamento<br />

do câncer é evitar que as células cancerígenas se<br />

espalhem para outros órgãos, processo conhecido como<br />

metástase. Diversas técnicas <strong>de</strong> controle evitam que isso<br />

aconteça ou minimizam a chance <strong>de</strong> que os <strong>da</strong>nos sejam<br />

maiores, a exemplo <strong>da</strong> cirurgia <strong>de</strong> esvaziamento<br />

axilar. A operação consiste na retira<strong>da</strong><br />

<strong>de</strong> todos os gânglios linfáticos <strong>da</strong> região<br />

<strong>da</strong> axila, primeiro lugar para on<strong>de</strong> o câncer<br />

<strong>de</strong> mama costuma se espalhar.<br />

O problema é que a prática padrão<br />

<strong>de</strong>sse procedimento lesiona alguns nervos<br />

na região, o que po<strong>de</strong> signifi car dor crônica,<br />

inchaço e per<strong>da</strong> <strong>de</strong> sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> no braço. Esses efeitos<br />

colaterais não po<strong>de</strong>m ser tratados com medicamentos e<br />

causam muito <strong>de</strong>sconforto para a paciente. Com o objetivo<br />

<strong>de</strong> encontrar uma maneira <strong>de</strong> diminuir algumas <strong>de</strong>ssas<br />

sequelas, a cirurgiã Mônica Duarte Pimentel propôs mu<strong>da</strong>nças<br />

na técnica cirúrgica, <strong>de</strong>scritas em tese <strong>de</strong> doutorado<br />

<strong>de</strong>fendi<strong>da</strong> na <strong>Facul<strong>da</strong><strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> <strong>Medicina</strong> <strong>da</strong> <strong>UFMG</strong>.<br />

Durante o procedimento, Mônica preservou dois<br />

nervos, chamados <strong>de</strong> intercostobraquial e terceiro nervo<br />

intercostal. Os resultados do experimento, realizado com<br />

64 mulheres, foram animadores. Após um ano <strong>de</strong> acompanhamento,<br />

80% <strong>da</strong>s pacientes opera<strong>da</strong>s <strong>de</strong>sse modo<br />

apresentavam um nível muito menor <strong>de</strong> dor, além <strong>da</strong> sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

do braço ter sido preserva<strong>da</strong> em 64% dos casos.<br />

“Após a cirurgia com as modifi cações propostas, as pacientes<br />

tiveram melhora consi<strong>de</strong>rável”, afi rma a cirurgiã.<br />

Os nervos isolados na pesquisa costumam ser facilmente<br />

lesados. “Por causa <strong>da</strong> maneira como estão dispostos,<br />

há uma chance muito gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> serem prejudicados<br />

80% <strong>da</strong>s<br />

pacientes<br />

opera<strong>da</strong>s<br />

sentiram<br />

menos dor<br />

Saú<strong>de</strong> Informa - Julho <strong>de</strong> 2012<br />

Divulgação Científica<br />

Procedimento evita dor crônica, inchaço e per<strong>da</strong> <strong>de</strong> sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> no braço<br />

nervo intercostobraquial<br />

Victor Rodrigues<br />

se não houver a intenção <strong>de</strong> poupá-los”, diz Mônica. Por<br />

muito tempo pensou-se que esses nervos difi cultavam o<br />

esvaziamento, atrapalhando o controle do câncer, e não<br />

teria importância sacrifi cá-los. Mas a pesquisa mostrou o<br />

contrário. “Outros trabalhos mostram que preservar esse<br />

nervo não atrapalha o controle do câncer. E as sequelas<br />

para a paciente justifi cam a busca <strong>de</strong> uma alternativa”, explica.<br />

Duração<br />

Apesar <strong>de</strong> necessitar <strong>de</strong> mais cui<strong>da</strong>do durante a<br />

cirurgia, poupar esses nervos não exige gran<strong>de</strong> aumento<br />

no tempo <strong>da</strong> paciente no bloco cirúrgico. “Em geral,<br />

são acrescentados apenas mais 10 ou 15 minutos”, afi rma<br />

Mônica. No entanto, não são todos os casos em que é<br />

possível realizar essa cirurgia. “Algumas situações, como<br />

um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> linfonodos com-<br />

prometidos na axila, ou nódulos muito<br />

aumentados, que envolvam o nervo, impe<strong>de</strong>m<br />

que este seja preservado. Mas na<br />

gran<strong>de</strong> maioria <strong>da</strong>s pacientes isto é possível”,<br />

esclarece a cirurgiã.<br />

Mônica também comparou os benefícios<br />

<strong>de</strong> preservar ambos os nervos<br />

ou apenas o nervo intercostobraquial.<br />

Apesar <strong>de</strong> apresentar <strong>de</strong>sempenho superior quando os<br />

dois nervos são poupados, a diferença não é sufi cientemente<br />

signifi cativa para justifi car a preservação do segundo<br />

nervo. A autora <strong>da</strong> tese, no entanto, ressalta a importância<br />

<strong>de</strong> mais estudos nessa área. “É necessário estu<strong>da</strong>r<br />

mais esse assunto, com mais mulheres, para verifi carmos<br />

essas conclusões”.<br />

Título: Avaliação clínica após a preservação dos nervos sensitivos<br />

intercostobraquial e ramo cutâneo lateral do terceiro nervo<br />

intercostal durante a dissecção axilar por câncer <strong>de</strong> mama.<br />

Autora: Mônica Duarte Pimentel<br />

Nível: Doutorado<br />

Programa: Saú<strong>de</strong> <strong>da</strong> Mulher<br />

Orientadora: Helenice Gobbi<br />

Defesa: 29/03/2011<br />

Em 64% dos<br />

casos, a<br />

sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

do braço foi<br />

preserva<strong>da</strong><br />

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