978-85-397-0303-6
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Comentado<br />
atingindo as inúmeras categorias profissionais que compõem a divisão social e técnica do trabalho.<br />
Trata-se de uma retração dos postos de trabalho marcada também por significativa perda salarial, o<br />
que torna, concomitantemente, incorretas, as alternativas A e C.<br />
Em meio ao processo de reestruturação produtiva, há também um novo delineamento do<br />
caráter interventivo do Estado brasileiro, marcado pela minimização estatal em relação ao patamar<br />
de proteção social e efetivação de direitos. Observa-se o crescente privilégio conferido à lógica<br />
do mercado privado; valorização da individualidade dos sujeitos, associada à desmobilização<br />
social e política; redesenho do caráter público e transformações de ordem societária. Orientado<br />
por pressupostos neoliberais, ao redimensionar-se, o Estado redefine também as políticas sociais<br />
e públicas, historicamente implementadas pela categoria profissional dos assistentes sociais<br />
(IAMAMOTO, 2001), com forte apelo e transferência de responsabilidades à sociedade civil.<br />
O Serviço Social é considerado uma especialização do trabalho. Por conseguinte, o<br />
assistente social tem sua intervenção reconhecida como trabalho, inscrito no âmbito da produção<br />
e reprodução social (IAMAMOTO, 2001). Na condição de trabalhador assalariado, inserido na<br />
divisão social e técnica do trabalho, não obstante às demais profissões, o assistente social está<br />
subordinado às injunções decorrentes da flexibilização das relações de trabalho. Apesar de o<br />
Serviço Social ser regulamentado como profissão liberal, o assistente social dispõe de relativa<br />
autonomia na condução do seu exercício profissional (IAMAMOTO, 2008), estando, pois incorreta<br />
a alternativa B, que afirma a existência de uma maior liberdade para o profissional que souber<br />
se situar e vencer a concorrência. O dilema da inter-relação entre projeto profissional e trabalho<br />
assalariado reside em uma dupla dimensão:<br />
Por um lado, na relativa autonomia do assistente social na condução da atividade profissional<br />
socialmente legitimada pelo aparato legal regulador de uma “profissão liberal” na sociedade,<br />
condicionada pelas lutas hegemônicas inerentes ao modo de produção capitalista que ampliam ou<br />
reduzem as bases sociais que sustentam a direção social e a teleologia da profissão. Por outro, no<br />
fato de que o exercício profissional realiza-se pela mediação do trabalho assalariado, sob a forma de<br />
mercantilização da força de trabalho, subordinado aos ditames do trabalho abstrato e dilemas dos<br />
processos de alienação, sendo o Estado e os organismos privados os maiores responsáveis pelos<br />
espaços sócio-ocupacionais dos assistentes sociais (IAMAMOTO, 2008, apud CAMARGO, 2009,<br />
p.119).<br />
Compreender o Serviço Social implica o esforço de inseri-lo no conjunto de condições e<br />
relações sociais que lhe atribuem um significado social e nas quais a profissão se torna socialmente<br />
útil e necessária (IAMAMOTO; CARVALHO, 2006). A divisão do trabalho na qual se insere não é<br />
simplesmente a divisão de trabalhos úteis de determinadas qualidades. Trata-se de uma divisão<br />
que pressupõe a existência de classes sociais e relações capitalistas de propriedade, representadas<br />
pela posse ou não dos meios de produção (IAMAMOTO, 2008). Está incorreta a alternativa D,<br />
sobre a flexibilização das relações de trabalho desencadear novas possibilidades de trabalho para<br />
os assistentes sociais, na ocupação de espaços antes destinados a profissionais com formação<br />
técnica diversa. O que se tem visto, no âmbito da sociedade capitalista neoliberal, é que se tornam<br />
cada vez mais presentes as disputas de projetos societários e projetos profissionais, na busca pelo<br />
estabelecimento de hegemonias.<br />
Diante das estratégias de descentralização das políticas públicas, o momento presente desafia<br />
os assistentes sociais a “se qualificarem para acompanhar, atualizar e explicar as particularidades da<br />
questão social nos níveis nacional, regional e municipal” (IAMAMOTO, 2001, p. 41). Considerando<br />
que o assistente social é chamado a responder a demandas variadas e mutantes, torna-se imperiosa<br />
a permanente qualificação profissional, estando, portanto, correta a alternativa E.<br />
REfERêNCiAS<br />
CAMARGO, Marisa. Configurações do processo de trabalho em que participa o assistente<br />
social na saúde coletiva no espaço sócio-ocupacional da atenção básica. Dissertação (Mestrado