Ano 7 Ed 076 Ago 2006 - Colégio de Umbanda Sagrada Pena Branca

Jornal de Umbanda Sagrada São Paulo, Agosto de 2006 Página -3
AUTOR DESCONHECIDO
ENVIADO POR ALESSANDRO SANI
LIÇÕES DE VIDA
Nas famosas fábricas de renda da
Bélgica, há uma sala especialmente
reservada onde se tecem os desenhos
mais finos e delicados.
É uma sala escura... A única luz
que ali entra vem de uma janela
pequenina e incide diretamente sobre
o modelo da renda.
Na sala, há somente um artesão,
que fica sentado exatamente onde a
estreita faixa de luz ilumina as linhas
com que trabalha.
- É assim que obtemos os nossos
melhores produtos - disse-nos o guia.
- A renda será sempre mais delicada,
na confecção e no desenho, se o
No último mês de Maio, Alexandre
Cumino e Jorge Scritori entrevistaram
Mãe Águida Guiomar Pires,
no programa “Falando de Umbanda”
realizado às sextas feiras às 17h00
na Rádio Mundial.
Mãe Águida é dirigente do P.
TUMPIZ - Templo de Umbanda Pesquisa
e Iniciação Preta Velha Zimba
do Congo, localizado na cidade de
São Leopoldo – RS. Em visita à cidade
de São Paulo, Mãe Águida narrou
aos entrevistadores sua participação
no Fórum Social Mundial de Porto
Alegre, como a única representante
umbandista. Durante a entrevista,
ela também falou sobre a história da
Umbanda no Rio Grande do Sul e a
importância de Moab Caldas na
oficialização de milhares de templos
umbandistas no Estado.
Dias depois da transmissão desta
entrevista, Alexandre Cumino foi
presenteado por seu aluno de Teologia
de Umbanda, Afro da Cruz Silva,
com algumas edições do extinto
Jornal Aruanda, da década de 70
que tinha como diretor presidente
Jamil Rachid, que atualmente é
presidente da União de Tendas de
Umbanda e Candomblé do Estado de
São Paulo. Coincidentemente, numa
destas edições, a de número 16 de
Dezembro de 1976, trazia na página
Sob a luz da escuridão
artesão estiver no escuro e se apenas
o material for iluminado - complementa.
Não se dará o mesmo com a
nossa vida? Às vezes, tudo ao nosso
redor está muito escuro e não podemos
entender o que estamos
fazendo. Não vemos o que está
sendo produzido.
É muito comum não sermos capazes
de descobrir nenhuma beleza
ou nada de bom em nossa existência.
Mas, se formos fiéis e não desanimarmos,
um dia veremos que o mais
fino e delicado trabalho de toda a nossa
vida foi feito naqueles momentos de
grande turbulência e nuvens negras...
Se você está em profunda escuridão,
não tenha medo. Simplesmente
A história da Umbanda
no Rio Grande do Sul
ALEXANDRE CUMINO
Jorge Scritori, Mâe Águida Guiomar Pires e Alexandre Cumino
8 a seguinte matéria: “A História da
Umbanda – A história da Umbanda
no Sul, relatada por Moab Caldas,
presidente de honra da União de
Umbanda do estado do Rio Grande
e corrente de Ferro, quando em visita
à redação”, que passamos a reproduzir:
“O primeiro Centro de Umbanda
Gaúcho chamou-se “Reino de
São Jorge” em surgiu em 1926 (Porto
Marítimo de Rio Grande), fundado
por Octacílio Charão que viera da
África, onde vivera 10 anos.
Na época existiam na cidade as
famosas casas de batuques
(candomblé), a igreja romana e um
centro de Kardec (chamado centro
Kardecista) fundado na última
década de 80 (1880). O Charão teve
que lutar ferozmente contra esses
elementos que o atacavam. O Centro
Kardecista contestava a denominação
espírita do Reino de São Jorge,
os romanistas por
causa das imagens,
animatizavam e os
batuqueiros não
aceitavam a
presença dos orixás.
O segundo centro de
Umbanda no Rio
Grande do Sul, foi
fundado em 1932, na
cidade de Porto Alegre
pelo oficial da
marinha Laudelino de
Souza Gomes, o qual
realizava preces, tornando pública
a religião. Nos primeiros tempos os
dirigentes de Umbanda colocaram
fiscais na rua para prevernir-se da
chegada policial, eram flagrados e
aprisionados como criminosos. Com
os kardecistas ocorria a mesma coisa,
sendo que eles colocavam sobre a
mesa velas e santos; justificavam
estar realizando novenas. Isso tudo
se constituiu numa triste história,
cheia de heroísmo e fé.
O governo estadual no ano de
prossiga com fé e amor, sem duvidar.
Alguma coisa bela e boa virá de todo o
seu sofrimento e lágrimas.
As mais belas rendas de nossas
vidas são tecidas nos momentos de
dúvidas, fraquezas e escuridão!
Nunca duvide disso!
37, decretou a intervenção no
Estado, assumindo o governo o Gal.
Daltro Filho, que desencadeou uma
onda de terror contra a Umbanda e
o batuque. A Federação Espírita
Kardecista foi fechada. Pouco tempo
depois o general morreu.
Nesse período de interrupção
legal, a Umbanda e o batuque funcionaram
clandestinamente à todo
vapor, aumentando consideravelmente.
Houve gradativa liberação.
Em 1941, fundaram uma Federação
Espírita de Umbanda, não deixou
apenas um centro de religião. O
babalaô Tancredo da Silva vai ao
RGS com uma comitiva e cria outra
federação, constando dos estatutos
que a presidência seria indicada por
ele. Isto não deu certo. A maioria
dos Centros não se filiaram em nenhuma
das duas.
Um grupo resolveu corrigir administrativamente
tudo isso e no dia 7
de junho de 1953 foi fundada a União
de Umbanda do RGS e a partir daí
começou a se disciplinar realmente,
pelas expressões que a integravam.
Desde 1939, quando chegara do
Nordeste, Moab integrava a Federação
Espírita do Estado, realizando
palestras e visitava todos os centros
principalmente o do Tte. Laudelino
da “Congregação Espírita dos Franciscanos
de Umbanda”, tendo como
patrono Francisco Xavier. Trabalhavam
com a linha de Oxalá, evocando
a legião de Semiromba, cujos médiuns
se vestem iguais aos franciscanos
e que é uma linha devocional
da Igreja. Como secretário da Federação
e por ser conhecido em todo
o Estado, Moab foi convidado para
ser presidente espiritual da União de
Umbanda do RGS, inclusive por ter
vivido toda a infância na Bahia.
A Igreja se apercebeu do movimento
acelerado da Umbanda e
desencadeou-se uma campanha que
foi respondida por Moab, percorren-
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Ouça os programas:
do todo o Estado. Diante dos fatos
ele foi lançado como candidato à
deputação estadual em 55, embora
não se falasse em política nessa época.
Ele compareceu numa festa no
Centro Nosso Senhor do Bonfim, um
dos mais lindos e o guia Tio Anastácio
jogou-lhe uma guia no pescoço e disse
que seria o primeiro deputado
umbandista do Brasil. Este acontecimento
foi na presença da esposa do
governador. Dias depois, Moab foi
chamado ao palácio e lhe deram a
legenda. A Igreja criticou, pelos seus
órgãos de comunicação, dizendo que
A Magia da Vida
COM RUBENS SARACENI
Terça-feira das 13h00 às 13h30
Falando de Umbanda
COM ALEXANDRE CUMINO E JORGE SCRITORI
AGORA ÀS SEXTAS À PARTIR DAS 17HOO
a Umbanda era pagã e que isso era
absurdo. A Umbanda se uniu em torno
de Moab e foi o terceiro deputado
mais votado. Após a eleição de Moab,
milhares de centros puderam abrir
suas portas legalmente, inclusive pessoas
de alta hierarquia social
passaram a se identificar. Hoje, (em
1976) existem 16 mil centros de
Umbanda no Estado, com uniões regionais.
A União de Umbanda Estadual
mantém o Conselho Espiritual de
Umbanda e africano, especializados
cada um, com 20 membros.
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