Visões de Império nas Vésperas do “Ultimato”. - Centro de Estudos ...
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<strong>Visões</strong> <strong>de</strong> império <strong>nas</strong> vésperas <strong>do</strong> “ultimato”<br />
Zambeze eram zo<strong>nas</strong> <strong>de</strong> comércio livre (Acta Geral da Conferência <strong>de</strong><br />
Berlim, cap. 1, art. 1). (29)<br />
Consagrava-se, além disso, para a obtenção <strong>de</strong> novos territórios em<br />
África, o princípio da ocupação efectiva, com notificação às restantes potências<br />
signatárias. Desenca<strong>de</strong>ava-se, por então, uma verda<strong>de</strong>ira corrida<br />
ao continente africano (“scramble for Africa”), com ocupações militares,<br />
trata<strong>do</strong>s extorqui<strong>do</strong>s aos autóctones, bluffs e chaci<strong>nas</strong>. (30) Os macololos<br />
sobreviventes ver-se-iam, em breve, vítimas <strong>de</strong>ste novo esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> coisas.<br />
1.3. A NOVA MAcOLOLOLâNDIA<br />
Os antigos carrega<strong>do</strong>res <strong>de</strong> Livingstone, que somavam algumas <strong>de</strong>ze<strong>nas</strong><br />
<strong>de</strong> homens (entre os quais se contavam Ramakukan, Masea, Katunga<br />
e Mulidima, bem como Chipitula), tinham-se instala<strong>do</strong>, por sua própria<br />
conta, no Chire, e formavam, agora, uma fe<strong>de</strong>ração que <strong>do</strong>minava sobre<br />
diversos grupos “maganjas” da zona. Os missionários britânicos da expedição<br />
<strong>de</strong> Livingstone ao Zambeze e Chire (1856-1863) apoiavam-nos, e<br />
forneceram-lhes armas <strong>de</strong> fogo. Os Macololos odiavam os senhores <strong>do</strong>s<br />
“prazos” existentes mais a sul, e atacavam-nos com frequência, fazen<strong>do</strong><br />
até mesmo retroce<strong>de</strong>r a fronteira <strong>de</strong>stes até o curso <strong>do</strong> Ruo (um afluente<br />
na margem esquerda <strong>do</strong> Chire), ao longo <strong>do</strong> <strong>de</strong>cénio <strong>de</strong> 1870. (31) Para<br />
justificarem estes ataques, invocavam a afronta que lhes fora feita por um<br />
<strong>do</strong>s principais “prazeiros”, Bonga, o qual matara 6 macololos em 1857.<br />
Na realida<strong>de</strong>, havia uma razão <strong>de</strong> ín<strong>do</strong>le sócio-económica para<br />
estes ataques: os Macololos, com efeito, embora não se <strong>de</strong>dicassem geralmente<br />
ao tráfico <strong>de</strong> escravos, praticavam a escravidão <strong>do</strong>méstica e<br />
precisavam <strong>de</strong> homens. À semelhança <strong>do</strong>s senhores <strong>do</strong>s “prazos”, moravam<br />
em povoações fortificadas e governavam os seus novos súbditos<br />
com mão <strong>de</strong> ferro, em troca <strong>de</strong> protecção contra as incursões <strong>do</strong>s Yao e<br />
achicundas. (32)<br />
29 Cf. BRUNSCHWIG, Henri – A partilha <strong>de</strong> África. Lisboa: Dom Quixote, imp. 1972, p. 83.<br />
30 KI-ZERBO – História da África Negra, vol. 2, p. 76-77.<br />
31 BUCHANAN, John – The Shirè Highlands. New illustrated ed. Blantyre, Mala Malaŵi: Rotary Club,<br />
1982, p. 97; PÉLISSIER, René – História <strong>de</strong> Moçambique. 3.ª ed. Lisboa: Estampa, 2000, vol. 1, p. 410.<br />
32 PÉLISSIER – História <strong>de</strong> Moçambique, vol. 1, p. 455; 460.<br />
2008 E-BOOK CEAUP<br />
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