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Semi-extensivo • Uno • Biologia • Caderno de Teoria 4 Semi ...

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Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 <strong>de</strong> 19 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1998.<br />

<strong>Semi</strong>-<strong>extensivo</strong> <strong>Uno</strong> <strong>Biologia</strong> <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> <strong>Teoria</strong> 4<br />

2006 PAUL GIOVANOPOULOS C/OTHEISPOT.COM<br />

Butterfly II.<br />

Paul Giovanopoulos (1995).<br />

543<br />

B1 <strong>•</strong> T7 | Hormônios vegetais, movimentos<br />

e fotoperiodismo | 3<br />

B2 <strong>•</strong> T7 | Evolução biológica | 8<br />

B3 <strong>•</strong> T13 | O ciclo menstrual | 17<br />

B3 <strong>•</strong> T14 | Embriologia | 19


<strong>Semi</strong>-<strong>extensivo</strong> <strong>Uno</strong> <strong>Biologia</strong> <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> <strong>Teoria</strong> 4<br />

Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 <strong>de</strong> 19 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1998.<br />

<strong>Semi</strong>-<strong>extensivo</strong> <strong>Uno</strong> <strong>Biologia</strong> <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> <strong>Teoria</strong> 4<br />

544 545<br />

Autores<br />

Elias Avancini <strong>de</strong> Brito<br />

Professor <strong>de</strong> Ensino Médio e <strong>de</strong> cursinhos prévestibulares.<br />

Co-autor das obras <strong>Biologia</strong>, uma<br />

abordagem ecológica e evolutiva e <strong>Biologia</strong>, ambas<br />

pela Editora Mo<strong>de</strong>rna.<br />

Sergio Luis Ferro<br />

Formado em Medicina Veterinária pela Universida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> São Paulo. Professor <strong>de</strong> Ensino Médio, <strong>de</strong><br />

cursinhos pré-vestibulares e <strong>de</strong> Ensino Superior.<br />

2<br />

Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 <strong>de</strong> 19 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1998.<br />

Hormônios vegetais, movimentos<br />

e fotoperiodismo<br />

HORMÔNIOS<br />

O <strong>de</strong>senvolvimento das plantas é controlado<br />

por hormônios como auxinas, giberelinas, citocininas,<br />

etileno e ácido abscísico.<br />

O crescimento das plantas é controlado pela<br />

ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> três hormônios: auxinas, giberelinas<br />

e citocininas. As auxinas e giberelinas <strong>de</strong>terminam<br />

a distensão celular; as citocininas promovem a<br />

multiplicação <strong>de</strong> células (mitoses).<br />

Auxinas<br />

As auxinas são sintetizadas em embriões e em<br />

gemas ativas. O ácido indol acético (AIA) é a auxina<br />

natural que as plantas produzem. Existem também<br />

auxinas sintéticas, como o ácido 2,4 dicloro fenoxiacético<br />

(2,4 D), muito empregado em agricultura,<br />

principalmente como herbicida. Em altas concentrações,<br />

essa auxina po<strong>de</strong> matar ervas invasoras<br />

(“daninhas”) do grupo das dicotiledôneas.<br />

A concentração <strong>de</strong> auxina diminui no sentido<br />

gema apical do caule meristema apical da raiz.<br />

Isso significa que a raiz é estimulada a crescer com<br />

pequenas concentrações <strong>de</strong> AIA, sendo, portanto,<br />

muito sensível ao hormônio. A extremida<strong>de</strong> do<br />

caule, ao contrário, é menos sensível à auxina,<br />

pois seu crescimento é estimulado com altas concentrações<br />

do hormônio.<br />

Já as gemas laterais têm sensibilida<strong>de</strong> intermediária<br />

à auxina: as mais próximas ao ápice do<br />

caule são inibidas com as altas concentrações presentes<br />

nessa região; apenas as gemas mais distantes<br />

da extremida<strong>de</strong> são capazes <strong>de</strong> se <strong>de</strong>senvolver em<br />

ramos, pois, nessas regiões, a concentração <strong>de</strong><br />

auxina é menor.<br />

Quando uma parte do caule é cortada (num<br />

procedimento <strong>de</strong> poda, por exemplo), não ocorre<br />

mais a produção <strong>de</strong> auxina. As gemas próximas<br />

à extremida<strong>de</strong> não são mais inibidas por uma<br />

elevada quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> auxina e <strong>de</strong>senvolvem-se<br />

em ramos; cada ramo tem sua própria gema apical<br />

ativa que produz auxinas.<br />

(B)<br />

100%<br />

Inibição Estimulação<br />

0<br />

100%<br />

10 –11<br />

(A)<br />

I<br />

–10<br />

10<br />

–9<br />

10<br />

B1<br />

3<br />

Auxina<br />

tema<br />

7<br />

Figura 1. Auxina na planta. (A) A concentração <strong>de</strong> auxina<br />

no caule é maior próximo à gema apical. (B) O gráfico<br />

mostra a resposta <strong>de</strong> estruturas vegetais diante <strong>de</strong> concentrações<br />

crescentes <strong>de</strong> auxina.<br />

II<br />

–8<br />

10<br />

–7<br />

10<br />

–6<br />

10<br />

–5<br />

10<br />

–4<br />

10<br />

–3<br />

10<br />

–2<br />

10<br />

–1<br />

10<br />

Concentração relativa <strong>de</strong> auxinas (mol/L)<br />

Ápice removido<br />

Figura 2. Com a poda, a concentração <strong>de</strong> auxina diminui<br />

e as gemas laterais <strong>de</strong>senvolvem-se em ramos.<br />

B1<strong>•</strong>T7


As folhas jovens produzem auxina em elevada<br />

concentração. Quando as folhas ficam mais velhas<br />

(senescentes) produzem menos AIA, <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ando<br />

alterações no pecíolo, o que provoca seu<br />

<strong>de</strong>sligamento e queda. Isso é o processo <strong>de</strong> abscisão,<br />

que também ocorre em frutos maduros.<br />

A auxina é aplicada em ovários <strong>de</strong> flores para<br />

induzir à formação <strong>de</strong> frutos sem sementes<br />

(partenocárpicos). Outro uso é a aplicação <strong>de</strong><br />

uma solução contendo auxina em caules cortados.<br />

Com isso, estes apresentam o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> raízes, auxiliando na reprodução<br />

por meio <strong>de</strong> mudas.<br />

(A)<br />

(B)<br />

B1<strong>•</strong>T7 4<br />

<strong>Semi</strong>-<strong>extensivo</strong> <strong>Uno</strong> <strong>Biologia</strong> <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> <strong>Teoria</strong> 4<br />

Zona <strong>de</strong> abscisão<br />

Baixo nível<br />

<strong>de</strong> auxina<br />

Parte do<br />

limbo é<br />

retirada<br />

Figura 3. (A) A formação da zona <strong>de</strong> abscisão <strong>de</strong>ve-se à<br />

redução da concentração <strong>de</strong> auxina na folha. (B) Auxinas<br />

favorecem a formação <strong>de</strong> raízes adventícias em caules<br />

cortados.<br />

Giberelinas<br />

Produzidas em embriões e gemas, as giberelinas<br />

provocam a distensão celular, contribuindo para<br />

o crescimento <strong>de</strong> diversas estruturas. Sua atuação<br />

é bastante diversificada:<br />

<strong>•</strong> Participam da conversão <strong>de</strong> gemas em ramos<br />

ou flores.<br />

<strong>•</strong> Aplicadas em plantas geneticamente anãs,<br />

<strong>de</strong>terminam seu crescimento e fazem com que<br />

atinjam o tamanho normal.<br />

<strong>•</strong> Algumas plantas <strong>de</strong> tamanho normal quando recebem<br />

giberelinas po<strong>de</strong>m apresentar gigantismo.<br />

Fabio Colombini<br />

As giberelinas também <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>iam o processo<br />

<strong>de</strong> germinação <strong>de</strong> sementes. Uma semente<br />

permanece com reduzida ativida<strong>de</strong> metabólica<br />

quando conservada em local seco, temperatura<br />

baixa e baixo teor <strong>de</strong> gás oxigênio. Quando colocada<br />

em solo úmido, a semente absorve água<br />

e o embrião passa a produzir giberelinas, que<br />

estimulam a síntese <strong>de</strong> enzimas responsáveis pela<br />

<strong>de</strong>gradação das reservas <strong>de</strong> amido da semente. O<br />

embrião utiliza essas reservas e começa seu crescimento,<br />

emergindo da semente e <strong>de</strong>senvolvendo-se<br />

em uma planta jovem.<br />

Citocininas<br />

Produzidas no ápice da raiz, as citocininas são<br />

levadas para outras partes da planta pelo xilema;<br />

sua função é produzir o crescimento por divisão<br />

celular. Quando as citocininas são aplicadas em<br />

folhas, estas têm seu processo <strong>de</strong> senescência (envelhecimento)<br />

retardado. A ação <strong>de</strong>sse hormônio<br />

também ocorre:<br />

<strong>•</strong> Na germinação.<br />

<strong>•</strong> No <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> gemas em ramos ou<br />

flores.<br />

<strong>•</strong> Na conversão do ovário em fruto.<br />

Etileno<br />

Trata-se do gás etileno, gerado como resíduo <strong>de</strong><br />

combustão, como na queima <strong>de</strong> carvão e álcool.<br />

Vários tecidos vegetais, exceto sementes, produzem<br />

etileno. Suas principais ações são:<br />

<strong>•</strong> Desenca<strong>de</strong>ia a senescência das folhas, que<br />

produzem menos auxinas, acarretando sua<br />

abscisão.<br />

<strong>•</strong> Leva ao amadurecimento do fruto, que fica<br />

mais vistoso e adocicado, atraindo com isso<br />

animais que po<strong>de</strong>rão dispersar as sementes nele<br />

contidas.<br />

Ácido abscísico<br />

O ácido abscísico é produzido em alguns<br />

tecidos vegetais quando as condições ambientais<br />

são severas, como em baixas temperaturas; o<br />

hormônio promove redução do metabolismo,<br />

contribuindo para a sobrevivência da planta.<br />

Plantas submetidas à condição <strong>de</strong> seca produzem<br />

ácido abscísico que <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ia o fechamento<br />

<strong>de</strong> estômatos, reduzindo a perda <strong>de</strong> água na<br />

transpiração.<br />

O fruto normalmente produz ácido abscísico,<br />

que inibe a germinação das sementes. Isso é útil,<br />

Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 <strong>de</strong> 19 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1998.<br />

Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 <strong>de</strong> 19 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1998.<br />

<strong>Semi</strong>-<strong>extensivo</strong> <strong>Uno</strong> <strong>Biologia</strong> <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> <strong>Teoria</strong> 4<br />

546 547<br />

Fabio Colombini<br />

pois evita a germinação <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> sementes nas proximida<strong>de</strong>s da planta-mãe, o<br />

que produziria uma competição bastante elevada<br />

entre os <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes. O ácido abscísico po<strong>de</strong> ser<br />

removido pela água <strong>de</strong> chuva. Com o tempo, as<br />

sementes são dispersadas e germinam mais afastadas<br />

umas das outras, reduzindo a competição<br />

entre elas.<br />

MOVIMENTOS VEGETAIS<br />

Há três tipos básicos <strong>de</strong> movimentos vegetais:<br />

tactismo, nastismo e tropismo.<br />

Tactismos<br />

São caracterizados pela ocorrência <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento<br />

(normalmente com “natação”). Quando<br />

o anterozói<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma samambaia se <strong>de</strong>sloca<br />

em direção à oosfera, está sendo orientado por<br />

substâncias químicas, o que caracteriza um quimiotactismo.<br />

Caso o <strong>de</strong>slocamento seja orientado<br />

pela luz, recebe o nome <strong>de</strong> fototactismo.<br />

Nastismos<br />

São movimentos em que não se verifica <strong>de</strong>slocamento.<br />

Além disso, os nastismos apresentam<br />

reversibilida<strong>de</strong> e não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m da origem do<br />

estímulo.<br />

Um estômato, por exemplo, apresenta movimentos<br />

<strong>de</strong> abertura e fechamento (com reversibilida<strong>de</strong>).<br />

Em presença <strong>de</strong> luz ocorre sua abertura<br />

(não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> on<strong>de</strong> vem a luz).<br />

A planta como mimosa ou sensitiva fecha<br />

seus folíolos quando é tocada; <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> alguns<br />

minutos volta a abrir os folíolos (reversibilida<strong>de</strong>).<br />

Além disso, ela executa o mesmo movimento <strong>de</strong><br />

fechamento não importando on<strong>de</strong> é tocada (não<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> on<strong>de</strong> vem o estímulo).<br />

Figura 4. A dormi<strong>de</strong>ira apresenta um conhecido movimento<br />

<strong>de</strong> fechamento dos folíolos quando é tocada.<br />

Tropismos<br />

São movimentos que não apresentam <strong>de</strong>slocamento,<br />

são irreversíveis e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m da origem<br />

do estímulo.<br />

O tubo polínico cresce em direção ao óvulo orientado<br />

por substâncias químicas, caracterizando<br />

um quimiotropismo. Trepa<strong>de</strong>iras enroscam-se em<br />

um suporte, em resposta a um estímulo mecânico,<br />

o que i<strong>de</strong>ntifica o tigmotropismo.<br />

(A)<br />

(B)<br />

Figura 5. (A) O tubo polínico apresenta quimiotropismo.<br />

(B) Tigmotropismo em trepa<strong>de</strong>ira.<br />

O geotropismo é influenciado pela gravida<strong>de</strong> e<br />

po<strong>de</strong> ser verificado com uma planta colocada em<br />

posição horizontal sob iluminação difusa. A raiz<br />

curva-se para baixo e tem geotropismo positivo,<br />

ou seja, cresce no mesmo sentido da gravida<strong>de</strong>. O<br />

caule cresce para cima; tem geotropismo negativo<br />

(cresce em sentido contrário ao da gravida<strong>de</strong>).<br />

(A) Caule<br />

Estimulação e crescimento<br />

mais rápido<br />

(B) Raiz<br />

Inibição do crescimento<br />

Figura 6. O acúmulo <strong>de</strong> auxina na face inferior da planta<br />

<strong>de</strong>termina o geotropismo negativo do caule (A) e o geotropismo<br />

positivo da raiz (B).<br />

5<br />

Gabor Nemes/Kino<br />

B1<strong>•</strong>T7


<strong>Semi</strong>-<strong>extensivo</strong> <strong>Uno</strong> <strong>Biologia</strong> <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> <strong>Teoria</strong> 4<br />

FOTOPERIODISMO<br />

A floração <strong>de</strong> algumas plantas é influenciada<br />

pela duração do dia (fotoperíodo). A floração induzida<br />

pelo fotoperíodo é uma resposta fotoperiódica,<br />

assim como a queda <strong>de</strong> folhas (abscisão).<br />

Na floração, as gemas <strong>de</strong>senvolvem-se em<br />

flores sob estimulação hormonal. As folhas são<br />

as estruturas sensíveis ao fotoperíodo; apresentam<br />

um pigmento chamado fitocromo, <strong>de</strong> cor azul e <strong>de</strong><br />

natureza protéica, que <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ia as mudanças<br />

que conduzem à floração.<br />

Em relação ao fotoperíodo há três tipos <strong>de</strong><br />

plantas:<br />

<strong>•</strong> Planta <strong>de</strong> dia curto (PDC)<br />

<strong>•</strong> Planta <strong>de</strong> dia longo (PDL)<br />

<strong>•</strong> Planta indiferente<br />

B1<strong>•</strong>T7 6<br />

Plantas indiferentes não são afetadas pelo<br />

fotoperíodo na indução <strong>de</strong> floração. É o caso do<br />

tomate e do milho. Para facilitar o entendimento<br />

do significado <strong>de</strong> PDC e PDL, vamos consi<strong>de</strong>rar<br />

dois exemplos:<br />

Exemplo 1: uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> morango é<br />

planta <strong>de</strong> dia curto (PDC) e seu fotoperíodo crítico<br />

é <strong>de</strong> 10 horas. Isso significa que essa planta tem<br />

sua floração induzida quando exposta a 10 horas<br />

diárias <strong>de</strong> iluminação (seu fotoperíodo crítico) e<br />

também floresce com menos horas <strong>de</strong> exposição<br />

à luz (9 h, 8 h, 7 h, ..., 1 h).<br />

Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 <strong>de</strong> 19 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1998.<br />

Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 <strong>de</strong> 19 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1998.<br />

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548 549<br />

As curvaturas diferentes <strong>de</strong>vem-se ao acúmulo<br />

<strong>de</strong> auxina na face inferior da planta. Alto teor <strong>de</strong><br />

auxina estimula o caule (que se volta para cima)<br />

e inibe a raiz (cuja parte superior cresce mais e<br />

ocorre sua curvatura para baixo).<br />

O fototropismo é influenciado pela luz. Sob<br />

iluminação unilateral, o caule volta-se para a luz<br />

(fototropismo positivo) e a raiz afasta-se da<br />

luz (fototropismo negativo).<br />

A auxina é produzida no ápice do caule e<br />

migra em direção à extremida<strong>de</strong> da raiz. Com a<br />

iluminação lateral, há uma migração <strong>de</strong> auxina<br />

para o lado não iluminado, que passa a ter, em<br />

toda a sua extensão, maior concentração <strong>de</strong><br />

hormônio. O alto teor auxínico estimula o caule<br />

(que se volta para a luz) e inibe a raiz, cuja parte<br />

iluminada cresce mais e ocorre curvatura com o<br />

afastamento da luz.<br />

Auxina<br />

Coleóptilo<br />

Figura 7. A luz promove <strong>de</strong>slocamento <strong>de</strong> auxina, que<br />

se concentra no lado não iluminado, <strong>de</strong>terminando o<br />

fototropismo positivo do caule e o fototropismo negativo<br />

da raiz.<br />

1 h<br />

Com luz: floração<br />

10 h<br />

Fotoperíodo<br />

crítico<br />

O fotoperíodo crítico é específico <strong>de</strong> cada<br />

varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> planta, sendo i<strong>de</strong>ntificado experimentalmente.<br />

Exemplo 2: uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> aveia é planta<br />

<strong>de</strong> dia longo (PDL) e seu fotoperíodo crítico é <strong>de</strong><br />

9 horas. Isso significa que a planta tem sua floração<br />

induzida quando exposta a 9 horas diárias<br />

<strong>de</strong> iluminação (seu fotoperíodo crítico) e também<br />

floresce com mais horas diárias <strong>de</strong> exposição à luz<br />

(10 h, 11 h, ..., 24 h).<br />

9 h<br />

Fotoperíodo<br />

crítico<br />

Com luz: floração<br />

24 h<br />

Assim, conhecido o fotoperíodo crítico <strong>de</strong> uma<br />

planta, ela será consi<strong>de</strong>rada PDL se florescer acima<br />

<strong>de</strong>le; caso floresça abaixo do fotoperíodo crítico,<br />

a planta é do tipo PDC.<br />

Com o tempo foi <strong>de</strong>scoberto que o fator indutor<br />

da floração não é o tempo diário <strong>de</strong> exposição<br />

à luz e sim o tempo diário <strong>de</strong> permanência da<br />

planta no escuro. Isso significa que:<br />

<strong>•</strong> Planta <strong>de</strong> dia curto = Planta <strong>de</strong> noite longa;<br />

<strong>•</strong> Planta <strong>de</strong> dia longo = Planta <strong>de</strong> noite curta.<br />

(A) (B) (C)<br />

Dia longo Dia curto Dia curto com interrupção noturna<br />

24 h<br />

24 h 24 h<br />

Planta <strong>de</strong> dia curto<br />

Planta <strong>de</strong> dia longo<br />

Figura 8. (A) Em dias <strong>de</strong> verão, sob fotoperíodo longo, a planta<br />

<strong>de</strong> dia curto (<strong>de</strong> noite longa) não floresce e a <strong>de</strong> dia longo, sim.<br />

(B) Sob fotoperíodo curto, como nos dias <strong>de</strong> inverno, ocorre o<br />

inverso. (C) Se o período <strong>de</strong> escuridão for interrompido por curtos<br />

períodos <strong>de</strong> luz, a planta <strong>de</strong> dia curto não floresce e a <strong>de</strong> dia<br />

longo (<strong>de</strong> noite curta), sim.<br />

Retornando aos exemplos apresentados, temos:<br />

Exemplo 1: morango = PDC = Planta <strong>de</strong> noite longa<br />

Essa varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> planta tem a sua floração induzida com mais <strong>de</strong> 10 horas<br />

diárias no escuro (“noite longa”). A planta é induzida a florescer com longa exposição<br />

ao escuro. Caso ocorra uma interrupção no tempo <strong>de</strong> exposição ao escuro,<br />

iluminando a planta por alguns minutos, uma planta <strong>de</strong> noite longa (“dia curto”)<br />

<strong>de</strong>ixará <strong>de</strong> florescer.<br />

Exemplo 2: aveia = PDL = Planta <strong>de</strong> noite curta<br />

Essa varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> planta tem sua floração induzida com menos <strong>de</strong> 9 horas diárias<br />

no escuro (“noite curta”). A planta é induzida a florescer com curta exposição ao<br />

escuro. Caso ocorra uma interrupção no tempo <strong>de</strong> exposição ao escuro, iluminando<br />

a planta por alguns minutos, uma planta <strong>de</strong> noite curta (“dia longo”) continuará<br />

florescendo.<br />

7<br />

B1<strong>•</strong>T7


<strong>Semi</strong>-<strong>extensivo</strong> <strong>Uno</strong> <strong>Biologia</strong> <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> <strong>Teoria</strong> 4<br />

Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 <strong>de</strong> 19 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1998.<br />

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550 551<br />

Evolução biológica<br />

ADAPTAÇÃO DOS SERES VIVOS<br />

Golfinhos são mamíferos adaptados ao meio<br />

aquático: têm corpo hidrodinâmico, não possuem<br />

membros posteriores e sua cauda, dotada <strong>de</strong> lobos<br />

horizontais, impulsiona esses animais na água; os<br />

membros anteriores funcionam como nada<strong>de</strong>iras,<br />

que dão estabilida<strong>de</strong> e direção ao <strong>de</strong>slocamento.<br />

A respiração dos golfinhos é pulmonar e suas<br />

fossas nasais abrem-se em um único orifício na<br />

parte dorsal da cabeça. Com órgãos sensoriais<br />

<strong>de</strong>senvolvidos e agilida<strong>de</strong> conseguem localizar e<br />

capturar peixes, seu principal alimento.<br />

Assim, os golfinhos têm características adaptativas<br />

que possibilitam sua sobrevivência e<br />

reprodução no meio aquático. Essas adaptações<br />

po<strong>de</strong>m ser explicadas <strong>de</strong> dois modos distintos: pela<br />

visão criacionista (ou fixismo) ou pela abordagem<br />

evolucionista (transformismo).<br />

Golfinho Golfinho<br />

(A) Mamífero ancestral (B) Mamífero ancestral<br />

Figura 1. Golfinhos são adaptados ao meio aquático.<br />

(A) Na visão criacionista os golfinhos atuais são <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes<br />

<strong>de</strong> outros golfinhos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início da vida. (B) Na<br />

visão evolucionista, os golfinhos atuais <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>m <strong>de</strong><br />

mamíferos terrestres.<br />

B2<strong>•</strong>T7 8<br />

B2<br />

tema<br />

7<br />

Para o criacionismo, os seres vivos foram<br />

criados por uma entida<strong>de</strong> divina e cada espécie<br />

foi gerada já adaptada ao seu ambiente. As espécies<br />

não sofreriam mudanças ao longo do tempo<br />

(daí o termo fixismo). Assim, os golfinhos atuais<br />

teriam as mesmas características <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início<br />

da vida. O transformismo admite que as espécies<br />

modificam-se ao longo do tempo, ou seja,<br />

estão sujeitas ao processo <strong>de</strong> evolução biológica.<br />

Segundo essa visão, os golfinhos atuais seriam<br />

<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> mamíferos <strong>de</strong> ambiente terrestre<br />

que se modificaram profundamente ao longo <strong>de</strong><br />

milhões <strong>de</strong> anos.<br />

Os fósseis são restos ou vestígios <strong>de</strong> seres vivos<br />

<strong>de</strong> épocas remotas. Eles constituem uma das mais<br />

importantes evidências empregadas nos estudos da<br />

evolução e mostram como eram os organismos do<br />

passado, o que apóia a idéia <strong>de</strong> que a vida sofreu<br />

mudanças ao longo do tempo. O estudo dos fósseis<br />

constitui a Paleontologia.<br />

Figura 2. O fóssil da foto é <strong>de</strong> uma espécie <strong>de</strong> preguiça-gigante,<br />

exposto no Museu Nacional, no Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro.<br />

Epitacio Pessoa/AE<br />

Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 <strong>de</strong> 19 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1998.<br />

LAMARCKISMO<br />

O francês Jean Baptiste Lamarck foi um dos<br />

pioneiros na visão <strong>de</strong> evolução biológica para<br />

explicar a adaptação dos seres vivos ao meio<br />

ambiente. Em 1809 publicou o livro Filosofia<br />

zoológica, no qual <strong>de</strong>fendia a idéia <strong>de</strong> que a necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> adaptação ao ambiente seria responsável<br />

pelas mudanças evolutivas das espécies.<br />

Com a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adaptação, um animal<br />

po<strong>de</strong>ria empregar mais intensa e freqüentemente<br />

uma parte do corpo; essa parte acabaria se <strong>de</strong>senvolvendo<br />

estimulada pelo uso. As regiões do<br />

corpo com menor ativida<strong>de</strong> acabariam se atrofiando<br />

ou <strong>de</strong>saparecendo. Isso ficou caracterizado<br />

no pensamento lamarckista como “Lei do uso e<br />

<strong>de</strong>suso”.<br />

Lamarck também consi<strong>de</strong>rava que as mudanças<br />

ocorridas no organismo (<strong>de</strong>terminadas pelo<br />

maior ou menor uso <strong>de</strong> certas estruturas) po<strong>de</strong>riam<br />

ser transmitidas aos seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes. Essa<br />

parte do pensamento lamarckista ficou conhecida<br />

como “Lei da herança dos caracteres adquiridos”.<br />

Era <strong>de</strong>ssa forma que Lamarck entendia a evolução<br />

das espécies ao longo <strong>de</strong> várias gerações.<br />

Como seria uma explicação lamarckista para<br />

a evolução dos golfinhos?<br />

<strong>•</strong> Ancestral adaptado ao meio terrestre<br />

<strong>•</strong> Necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ocupar o meio aquático (busca<br />

<strong>de</strong> alimento, proteção contra predadores)<br />

<strong>•</strong> Para ocupar o meio aquático, era necessário<br />

um esforço para nadar (uso e <strong>de</strong>suso)<br />

<strong>•</strong> Isso teria causado mudanças no corpo do<br />

animal (formato hidrodinâmico, nada<strong>de</strong>iras)<br />

<strong>•</strong> As características adquiridas teriam sido<br />

transmitidas para seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes<br />

<strong>•</strong> Descen<strong>de</strong>nte adaptado ao meio aquático<br />

Um dos pontos mais frágeis da explicação<br />

lamarckista está no fato <strong>de</strong> que características<br />

adquiridas durante a vida não são hereditárias.<br />

Na realida<strong>de</strong>, quando animais se reproduzem sexuadamente,<br />

geram gametas, os quais apresentam<br />

genes, os verda<strong>de</strong>iros responsáveis pela herança<br />

biológica.<br />

DARWINISMO<br />

O inglês Charles Darwin publicou em 1859<br />

o livro A origem das espécies, no qual propõe<br />

outro mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> processo evolutivo. Darwin, ao<br />

contrário <strong>de</strong> Lamarck, procurou acumular fatos<br />

e realizar experimentos que apoiassem a visão <strong>de</strong><br />

ocorrência <strong>de</strong> evolução biológica. O mecanismo<br />

que ele sugeriu foi:<br />

<strong>•</strong> As espécies apresentam variabilida<strong>de</strong>, ou seja,<br />

há indivíduos que diferem <strong>de</strong> outros em algum<br />

aspecto;<br />

<strong>•</strong> Em ambiente selvagem os indivíduos geram<br />

muitos <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes, mas nem todos sobrevivem;<br />

<strong>•</strong> Apenas os mais adaptados sobrevivem e se<br />

reproduzem;<br />

<strong>•</strong> Ao longo <strong>de</strong> várias gerações ocorre o acúmulo<br />

<strong>de</strong> mudanças e a espécie se transforma.<br />

O ambiente é responsável pelo processo <strong>de</strong><br />

seleção natural, permitindo a sobrevivência e<br />

a reprodução dos mais adaptados.<br />

Darwin foi influenciado pelo trabalho <strong>de</strong><br />

Malthus sobre populações. Segundo Malthus,<br />

a população humana estaria crescendo em progressão<br />

geométrica e a produção <strong>de</strong> alimentos<br />

em progressão aritmética. Num certo momento<br />

não haveria alimento suficiente, <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ando<br />

uma gran<strong>de</strong> luta pela sobrevivência. Darwin<br />

consi<strong>de</strong>rou que na natureza há uma luta pela<br />

existência e que apenas os mais aptos conseguem<br />

sobreviver; a partir disso, elaborou o conceito <strong>de</strong><br />

seleção natural.<br />

Como seria uma explicação darwinista para a<br />

origem dos golfinhos?<br />

<strong>•</strong> População <strong>de</strong> ancestrais terrestres.<br />

<strong>•</strong> Variabilida<strong>de</strong>: surgem indivíduos com modificações<br />

que permitem maior facilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento na água (patas modificadas,<br />

por exemplo).<br />

<strong>•</strong> Seleção natural: os indivíduos dotados <strong>de</strong><br />

modificações têm mais vantagens (fogem <strong>de</strong><br />

predadores e conseguem alimento na água).<br />

Esses indivíduos vivem mais tempo e <strong>de</strong>ixam<br />

mais <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes.<br />

<strong>•</strong> Adaptação: com o tempo, a população fica<br />

constituída por indivíduos adaptados ao meio<br />

aquático.<br />

Resumindo, a adaptação dos golfinhos atuais<br />

ao meio aquático <strong>de</strong>ve-se à atuação da seleção<br />

natural sobre as variações presentes nos ancestrais<br />

dos golfinhos.<br />

9<br />

B2<strong>•</strong>T7


Fotos: Stephen Dalton/Min<strong>de</strong>n Pictures – Stock Photos<br />

Outro exemplo elucidativo <strong>de</strong> darwinismo é o<br />

das mariposas da Inglaterra. Os bosques ingleses,<br />

antes da industrialização, apresentavam troncos<br />

<strong>de</strong> árvores recobertos com liquens <strong>de</strong> cor clara.<br />

Esses bosques apresentavam duas varieda<strong>de</strong>s da<br />

mariposa pertencente à espécie Biston betularia:<br />

clara (mais abundante) e escura ou melânica (mais<br />

rara). A industrialização ocorrida mais no final do<br />

século XIX empregou carvão como combustível,<br />

o que tornou escuros os troncos das árvores dos<br />

bosques vizinhos às áreas industriais. Nessas<br />

condições, a varieda<strong>de</strong> escura <strong>de</strong> mariposa tornouse<br />

mais abundante do que a varieda<strong>de</strong> clara.<br />

A presença <strong>de</strong> pássaros predadores <strong>de</strong> mariposas<br />

completa o quadro: em ambiente claro,<br />

a varieda<strong>de</strong> escura torna-se mais visível para os<br />

predadores, que as <strong>de</strong>voram em maior quantida<strong>de</strong>,<br />

reduzindo seu número na população. Em<br />

ambiente escurecido pela poluição as mariposas<br />

claras ficam mais evi<strong>de</strong>nciadas; seu número sofre<br />

redução <strong>de</strong>vido à ação mais intensa dos pássaros<br />

predadores.<br />

(A)<br />

(B)<br />

B2<strong>•</strong>T7 10<br />

<strong>Semi</strong>-<strong>extensivo</strong> <strong>Uno</strong> <strong>Biologia</strong> <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> <strong>Teoria</strong> 4<br />

Figura 3. O clássico caso das mariposas. A variabilida<strong>de</strong> é<br />

representada pelas modalida<strong>de</strong>s clara e escura (melânica).<br />

A seleção natural é proporcionada pelo ambiente (que<br />

inclui os pássaros predadores). (A) Em meio claro, as<br />

mariposas claras mostram-se mais adaptadas. (B) Em meio<br />

escuro, a varieda<strong>de</strong> escura é a mais adaptada.<br />

LAMARCK E DARWIN<br />

Os dois cientistas compartilham a idéia <strong>de</strong> que<br />

os seres vivos evoluem, mas explicam o processo<br />

evolutivo <strong>de</strong> modo diferente.<br />

ANCESTRAL TERRESTRE DO GOLFINHO<br />

Lamarck Darwin<br />

O ambiente impõe necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> adaptação,<br />

<strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ando modificações<br />

evolutivas.<br />

O ambiente atua selecionando<br />

as variações mais<br />

adaptativas.<br />

GOLFINHO ATUAL (AQUÁTICO)<br />

A <strong>de</strong>scrição da adaptação do golfinho ao<br />

meio aquático também seria expressa <strong>de</strong> modo<br />

distinto:<br />

Para Lamarck: “O golfinho tem nada<strong>de</strong>iras<br />

para <strong>de</strong>slocar-se na água”.<br />

Para Darwin: “O golfinho po<strong>de</strong> <strong>de</strong>slocar-se na<br />

água porque tem nada<strong>de</strong>iras”.<br />

NEODARWINISMO OU TEORIA<br />

SINTÉTICA DA EVOLUÇÃO<br />

A explicação darwinista esbarrou em uma<br />

gran<strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>: como surge a variação <strong>de</strong>ntro<br />

<strong>de</strong> uma espécie? No caso dos ancestrais dos golfinhos,<br />

como po<strong>de</strong>ria ocorrer a modificação <strong>de</strong><br />

patas adaptadas ao meio terrestre em nada<strong>de</strong>iras?<br />

O próprio Darwin não conseguiu dar uma resposta<br />

satisfatória para essas questões. No entanto,<br />

no século XX, o <strong>de</strong>senvolvimento da Genética<br />

forneceu elementos que enriqueceram e completaram<br />

a teoria evolucionista <strong>de</strong> Darwin.<br />

As variações são <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> muitos fatores,<br />

entre os quais <strong>de</strong>stacam-se a recombinação genética<br />

proporcionada pelo crossing over na meiose<br />

e as mutações. A ampliação do darwinismo pela<br />

Genética constitui o neodarwinismo ou <strong>Teoria</strong><br />

sintética da evolução.<br />

Mutações e recombinação variabilida<strong>de</strong><br />

seleção natural sobrevivência e reprodução<br />

dos mais adaptados.<br />

Mutações po<strong>de</strong>m ocorrer em todos os seres<br />

vivos. No entanto, ocorrem ao acaso (são aleatórias),<br />

não sendo possível prever quais genes<br />

sofrerão mutações nem o resultado que será alcançado.<br />

As mutações po<strong>de</strong>m trazer benefícios ao<br />

seu portador, mas também po<strong>de</strong>m ser indiferentes<br />

Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 <strong>de</strong> 19 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1998.<br />

Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 <strong>de</strong> 19 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1998.<br />

<strong>Semi</strong>-<strong>extensivo</strong> <strong>Uno</strong> <strong>Biologia</strong> <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> <strong>Teoria</strong> 4<br />

552 553<br />

ou, ainda, causar danos (o que é mais freqüente). As mutações são submetidas à<br />

seleção natural e, caso tragam prejuízo ao seu portador, po<strong>de</strong>m ser eliminadas da<br />

população.<br />

Mutações po<strong>de</strong>m ocorrer em células somáticas ou em células germinativas<br />

(as que originam gametas). Mutações herdáveis são as que ocorrem em células<br />

germinativas.<br />

Um exemplo clássico <strong>de</strong> neodarwinismo refere-se ao inseticida DDT, o primeiro<br />

a ser empregado em larga escala. O DDT foi muito utilizado para combater insetos<br />

transmissores <strong>de</strong> doenças ou causadores <strong>de</strong> pragas na agricultura. As aplicações <strong>de</strong><br />

DDT em insetos <strong>de</strong> uma região surtiam um efeito notável, reduzindo dramaticamente<br />

a sua população. No entanto, com o tempo, o inseticida acabava “per<strong>de</strong>ndo<br />

seu efeito”, isto é, já não <strong>de</strong>terminava a gran<strong>de</strong> redução do número <strong>de</strong> insetos<br />

nocivos como ocorria nas primeiras aplicações. Como explicar esse fenômeno?<br />

Inicialmente havia na população uma maioria <strong>de</strong> insetos sensíveis ao DDT<br />

e uma minoria <strong>de</strong> insetos resistentes; os resistentes teriam surgido por mutações<br />

aleatórias. Com o uso continuado do inseticida, os sensíveis foram eliminados e<br />

os resistentes sobreviveram, <strong>de</strong>ixando mais <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes. Depois <strong>de</strong> algumas gerações,<br />

os insetos resistentes passaram a ser a varieda<strong>de</strong> predominante. Portanto,<br />

o inseticida promoveu a seleção dos resistentes.<br />

VARIABILIDADE<br />

Insetos<br />

sensíveis<br />

(maioria)<br />

Caso similar ocorre com bactérias submetidas à ação <strong>de</strong> um antibiótico. É comum<br />

que um antibiótico perca sua eficácia após algum tempo <strong>de</strong> uso no tratamento<br />

<strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada doença bacteriana.<br />

Isso não po<strong>de</strong> ser explicado pelo fato <strong>de</strong> as bactérias se acostumarem com o<br />

produto ou mesmo adquirirem resistência ao antibiótico. Na realida<strong>de</strong>, o antibiótico<br />

seleciona bactérias mutantes resistentes, que sobrevivem, multiplicam-se e passam<br />

a predominar na população.<br />

ESPECIAÇÃO<br />

Insetos<br />

resistentes<br />

(minoria)<br />

DDT<br />

(agente<br />

selecionador)<br />

PREDOMÍNIO DE<br />

INSETOS<br />

RESISTENTES<br />

(adaptados ao DDT)<br />

Correspon<strong>de</strong> ao processo <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> novas espécies. Espécies diferentes<br />

encontram-se em isolamento reprodutivo, ou seja, em condições naturais normalmente<br />

não se cruzam; se ocorrer cruzamento, não geram <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes férteis. Um<br />

caso muito conhecido envolve o cruzamento <strong>de</strong> duas espécies diferentes: a égua com<br />

o jumento; o resultado po<strong>de</strong> ser a formação <strong>de</strong> um burro (macho) ou uma mula<br />

(fêmea), que são estéreis. Isso significa que égua e jumento estão em isolamento<br />

reprodutivo, pois embora se cruzem não produzem <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes férteis.<br />

11<br />

B2<strong>•</strong>T7


égua jumento<br />

burro mula<br />

Para <strong>de</strong>screver o mecanismo <strong>de</strong> especiação<br />

vamos consi<strong>de</strong>rar o caso <strong>de</strong> duas espécies pertencentes<br />

ao mesmo gênero: Pan troglodytes (chimpanzé)<br />

e Pan paniscus (o chimpanzé “pigmeu” ou<br />

bonobo). Em estado selvagem, cada uma <strong>de</strong>ssas<br />

espécies vive em uma margem diferente do rio<br />

Congo, em florestas <strong>de</strong>nsas do Zaire.<br />

(B)<br />

B2<strong>•</strong>T7 12<br />

<strong>Semi</strong>-<strong>extensivo</strong> <strong>Uno</strong> <strong>Biologia</strong> <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> <strong>Teoria</strong> 4<br />

óvulo espermatozói<strong>de</strong><br />

zigoto<br />

(A) CID<br />

Figura 4. Duas espécies aparentadas: (A) chimpanzé,<br />

geralmente maior e com lábios mais finos; formam<br />

bandos dominados por machos bastante agressivos. (B)<br />

bonobo, apresenta crânio mais gracioso e lábios mais<br />

grossos; seu comportamento social é mais dócil que o<br />

do chimpanzé.<br />

Frans Lanting/Min<strong>de</strong>n Pictures – Stock Photos<br />

O rio Congo é atualmente intransponível para<br />

essas duas espécies, que se mantêm isoladas. No<br />

entanto, evidências geológicas apontam que esse<br />

rio já foi mais estreito, com leito menos profundo<br />

e apresentava menor volume <strong>de</strong> água. Admite-se<br />

que havia uma única espécie do gênero Pan, cujos<br />

membros podiam passar <strong>de</strong> uma margem do rio<br />

para outra. No entanto, o alargamento do rio e<br />

seu aprofundamento separaram o grupo em duas<br />

populações, iniciando a formação <strong>de</strong> duas espécies<br />

atuais que apresentavam um ancestral comum.<br />

As etapas da formação <strong>de</strong> novas espécies são:<br />

1. Há uma população pertencente a uma única<br />

espécie.<br />

2. Ocorre a separação do grupo em duas<br />

populações por meio <strong>de</strong> uma barreira física (rio,<br />

vale, mar, <strong>de</strong>serto). As duas populações ficam em<br />

isolamento geográfico e não po<strong>de</strong>m se cruzar.<br />

3. Com o tempo, ocorrem mutações diferentes<br />

em cada população. As mutações são submetidas<br />

à seleção natural <strong>de</strong> cada ambiente. Ao longo do<br />

tempo as diferenças po<strong>de</strong>m aumentar.<br />

4. Se o isolamento geográfico for interrompido<br />

<strong>de</strong> alguma forma, as populações po<strong>de</strong>m se encontrar<br />

e há duas possibilida<strong>de</strong>s:<br />

<strong>•</strong> Ocorre cruzamento com a formação <strong>de</strong> <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes<br />

férteis. Isso significa que as duas<br />

populações pertencem à mesma espécie, mas<br />

po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong> raças ou subespécies diferentes.<br />

<strong>•</strong> Não ocorre a formação <strong>de</strong> <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes férteis.<br />

Isso caracteriza o estado <strong>de</strong> isolamento reprodutivo<br />

e há, portanto, duas espécies diferentes.<br />

IRRADIAÇÃO E CONVERGÊNCIA<br />

Há dois padrões principais <strong>de</strong> mudanças evolutivas<br />

relacionadas com a formação <strong>de</strong> novas<br />

espécies: a irradiação adaptativa e a convergência<br />

adaptativa; em ambos a seleção natural tem papel<br />

fundamental.<br />

Irradiação adaptativa<br />

Um ancestral comum <strong>de</strong>u origem ao chimpanzé<br />

e ao bonobo. No entanto, uma espécie po<strong>de</strong> ser<br />

o ponto <strong>de</strong> partida para a formação <strong>de</strong> inúmeras<br />

espécies que ocupam ambientes diferentes; é o que<br />

se <strong>de</strong>nomina irradiação adaptativa.<br />

Irradiação adaptativa: um ancestral origina<br />

espécies adaptadas a ambientes diferentes.<br />

Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 <strong>de</strong> 19 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1998.<br />

Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 <strong>de</strong> 19 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1998.<br />

<strong>Semi</strong>-<strong>extensivo</strong> <strong>Uno</strong> <strong>Biologia</strong> <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> <strong>Teoria</strong> 4<br />

554 555<br />

Segundo dados paleontológicos e outras informações, admite-se que o ancestral<br />

dos mamíferos era um insetívoro <strong>de</strong> pequeno porte. Ao longo do tempo, pelos mecanismos<br />

<strong>de</strong> especiação, formam-se diferentes espécies <strong>de</strong> mamíferos que passaram<br />

a ocupar ambientes diversos, nos quais foram submetidos à seleção natural.<br />

Embora as espécies atuais <strong>de</strong> mamíferos tenham inúmeras diferenças, elas têm<br />

em comum alguns atributos, como glândulas mamárias, respiração pulmonar,<br />

coração com quatro cavida<strong>de</strong>s e homeotermia.<br />

Lobo<br />

Leão-marinho<br />

Antílope<br />

Morcego<br />

Esquilo<br />

Castor<br />

Baleia<br />

Chimpanzé<br />

Ancestral<br />

Preguiça<br />

Figura 5. Irradiação adaptativa dos mamíferos a partir <strong>de</strong> um ancestral comum.<br />

Convergência adaptativa<br />

Na irradiação adaptativa um ancestral comum ocupa diferentes ambientes nos<br />

quais atua a seleção natural específica; nesse processo surgem espécies adaptadas a<br />

ambientes diferentes e com parentesco evolutivo evi<strong>de</strong>nte. O processo <strong>de</strong> convergência<br />

adaptativa tem um padrão oposto. Ocorre, por exemplo, entre um tubarão<br />

e um golfinho. Esses animais têm ancestrais diferentes que passaram a viver no<br />

mesmo ambiente aquático on<strong>de</strong> foram (e são) submetidos a critérios semelhantes<br />

<strong>de</strong> seleção natural; essas espécies tornam-se parecidas em muitos aspectos externos,<br />

como o formato hidrodinâmico e a presença <strong>de</strong> nada<strong>de</strong>iras.<br />

Convergência adaptativa: ancestrais diferentes ocupam o mesmo ambiente<br />

e tornam-se semelhantes em aspectos externos.<br />

Foca<br />

Toupeira<br />

Marmota<br />

Veado<br />

Urso<br />

13<br />

B2<strong>•</strong>T7


CID<br />

CID<br />

(A)<br />

(B)<br />

B2<strong>•</strong>T7 14<br />

<strong>Semi</strong>-<strong>extensivo</strong> <strong>Uno</strong> <strong>Biologia</strong> <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> <strong>Teoria</strong> 4<br />

Figura 6. Convergência adaptativa. É notável a semelhança<br />

externa entre (A) tubarão e (B) golfinho. Eles<br />

estão adaptados ao mesmo ambiente e <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>m <strong>de</strong><br />

ancestrais diferentes.<br />

HOMOLOGIA E ANALOGIA<br />

Internamente, a nada<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> uma baleia é<br />

semelhante ao membro superior do ser humano;<br />

externamente, porém, é bastante parecida com<br />

a nada<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> um peixe. Homem e baleia têm<br />

ancestral comum e estão adaptados a ambientes<br />

diferentes; trata-se <strong>de</strong> irradiação adaptativa. O<br />

membro superior humano e a nada<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> baleia<br />

apresentam homologia: têm a mesma estrutura<br />

interna e <strong>de</strong>senvolvem-se a partir da mesma<br />

região embrionária. A existência <strong>de</strong> semelhanças<br />

anatômicas e embrionárias é consi<strong>de</strong>rada como<br />

uma clássica evidência <strong>de</strong> evolução, assim como<br />

o estudo dos fósseis.<br />

Baleia e peixe têm ancestrais diferentes e estão<br />

adaptados ao mesmo ambiente, caracterizando<br />

um caso <strong>de</strong> convergência adaptativa. As nada<strong>de</strong>iras<br />

<strong>de</strong> baleia e <strong>de</strong> peixe apresentam analogia,<br />

são semelhantes externamente e <strong>de</strong>sempenham a<br />

mesma função, mas sua estrutura interna é muito<br />

diferente.<br />

(A)<br />

(B)<br />

Figura 7. Homologia entre membro superior humano<br />

(A) e nada<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> baleia (B), que é análoga à nada<strong>de</strong>ira<br />

<strong>de</strong> peixe (C).<br />

BASES GENÉTICAS DA<br />

EVOLUÇÃO<br />

Em capítulos anteriores <strong>de</strong> Genética clássica<br />

foram analisados heredogramas <strong>de</strong> grupos familiares<br />

e cruzamentos entre indivíduos. Agora<br />

estudaremos a genética <strong>de</strong> populações como um<br />

todo. O conceito <strong>de</strong> pool gênico é fundamental<br />

para essa análise: correspon<strong>de</strong> à totalida<strong>de</strong> dos<br />

alelos <strong>de</strong> uma população.<br />

Em Genética clássica, foram apresentados casos<br />

<strong>de</strong> herança com dominância. Por exemplo, o<br />

alelo para pigmentação normal (A) é dominante<br />

em relação ao alelo que condiciona albinismo (a).<br />

Uma indagação freqüente é: o alelo recessivo “a”<br />

ten<strong>de</strong> a ser eliminado ao longo das gerações? A<br />

resposta é negativa; apesar <strong>de</strong> ser recessivo, o alelo<br />

“a” ten<strong>de</strong> a ser mantido nas gerações seguintes,<br />

sem afetar a sua porcentagem na totalida<strong>de</strong> da<br />

população. Mas isso só é válido em certas condições,<br />

que mantêm o equilíbrio genético das<br />

populações.<br />

Equilíbrio <strong>de</strong> Hardy-Weinberg<br />

Em 1908 dois trabalhos in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes — um<br />

do matemático inglês G. H. Hardy e outro do<br />

médico alemão W. Weinberg — mostraram a<br />

condição <strong>de</strong> equilíbrio genético das populações.<br />

Uma população mantém-se estável geneticamente<br />

ao longo das gerações se:<br />

<strong>•</strong> Não apresentar mutações;<br />

<strong>•</strong> Não estiver sujeita à atuação da seleção natural;<br />

<strong>•</strong> Os cruzamentos ocorrerem ao acaso (população<br />

panmítica), sem a existência <strong>de</strong> seleção<br />

sexual;<br />

<strong>•</strong> Não tiver migrações;<br />

<strong>•</strong> For bastante gran<strong>de</strong>.<br />

(C)<br />

Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 <strong>de</strong> 19 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1998.<br />

Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 <strong>de</strong> 19 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1998.<br />

<strong>Semi</strong>-<strong>extensivo</strong> <strong>Uno</strong> <strong>Biologia</strong> <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> <strong>Teoria</strong> 4<br />

556 557<br />

A seguir são apresentadas as justificativas acerca <strong>de</strong>ssas condições <strong>de</strong> equilíbrio.<br />

As mutações introduzem genes novos e po<strong>de</strong>m trazer vantagens para seus<br />

portadores. Insetos mutantes resistentes a <strong>de</strong>terminado inseticida proliferam e predominam<br />

quando o meio apresenta o inseticida. No caso, o inseticida atua como<br />

elemento selecionador, que favorece a sobrevivência dos indivíduos resistentes.<br />

Há vários tipos <strong>de</strong> seleção sexual. Por exemplo, em pássaros é comum que os<br />

indivíduos portadores <strong>de</strong> uma plumagem mais vistosa tenham mais chance <strong>de</strong> se<br />

reproduzir, <strong>de</strong>ixando maior número <strong>de</strong> <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes; esse padrão genético ten<strong>de</strong>,<br />

então, a aumentar na população.<br />

Migrações po<strong>de</strong>m promover a entrada ou saída <strong>de</strong> indivíduos portadores <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>terminado tipo <strong>de</strong> alelo, cuja freqüência na população po<strong>de</strong> aumentar. A migração<br />

<strong>de</strong> albinos da população 1 para a população 2 reduz a freqüência do alelo<br />

“a” em 1 e eleva em 2.<br />

População 1<br />

Caso a população apresente variações nas freqüências <strong>de</strong> seus alelos componentes,<br />

<strong>de</strong>ixa o seu estado <strong>de</strong> equilíbrio e passa para um processo <strong>de</strong> evolução.<br />

Assim, do ponto <strong>de</strong> vista genético, tem-se que:<br />

aa<br />

População 2<br />

Finalmente, populações gran<strong>de</strong>s são mais estáveis geneticamente do que populações<br />

reduzidas, quando são submetidas a processos casuais. Numa população<br />

hipotética <strong>de</strong> aves, por exemplo, há indivíduos amarelos (10% do total) e indivíduos<br />

ver<strong>de</strong>s (90% do total). Uma chuva <strong>de</strong> granizo não é seletiva para nenhuma das<br />

duas varieda<strong>de</strong>s. Uma população <strong>de</strong> 100 indivíduos <strong>de</strong>ve sofrer maiores alterações<br />

na distribuição <strong>de</strong> varieda<strong>de</strong> amarela (que po<strong>de</strong> até ser dizimada) do que uma<br />

população <strong>de</strong> 100.000 indivíduos.<br />

Granizo<br />

10 amarelos<br />

90 ver<strong>de</strong>s<br />

100 indivíduos<br />

Sujeitos a maiores<br />

mudanças na freqüência<br />

Granizo<br />

10.000 amarelos<br />

90.000 ver<strong>de</strong>s<br />

100.000 indivíduos<br />

Têm menor probabilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> alterações na freqüência<br />

Evolução correspon<strong>de</strong> à alteração do equilíbrio genético das populações.<br />

Cálculo das freqüências gênicas e genotípicas.<br />

Consi<strong>de</strong>rando os alelos “A” e “a”, presentes em uma população hipotética, a<br />

freqüência do alelo “A” somada à freqüência do alelo “a” correspon<strong>de</strong> a 100%<br />

(ou 1,0). Supondo que o alelo “A” corresponda a 80% (0,8) do total <strong>de</strong> genes para<br />

o caráter consi<strong>de</strong>rado, a freqüência <strong>de</strong> “a” será <strong>de</strong> 20% (ou 0,2).<br />

Po<strong>de</strong>-se representar matematicamente esses dados da seguinte forma:<br />

p = freqüência <strong>de</strong> “A” (0,8)<br />

q = freqüência <strong>de</strong> “a” (0,2)<br />

Então, tem-se que:<br />

p + q = 1,0<br />

0,8 + 0,2 = 1,0<br />

15<br />

B2<strong>•</strong>T7


Os genótipos possíveis nessa população são AA, Aa e aa. Como será a freqüência<br />

<strong>de</strong>sses genótipos na próxima geração, se forem mantidas as condições <strong>de</strong> equilíbrio<br />

<strong>de</strong> Hardy-Weinberg?<br />

Os cruzamentos ocorridos ao acaso po<strong>de</strong>riam ser assim representados:<br />

Gametas<br />

A<br />

p = 0,8<br />

a<br />

q = 0,2<br />

Gametas<br />

B2<strong>•</strong>T7 16<br />

A<br />

P = 0,8<br />

AA<br />

p p = 0,8 0,8<br />

p 2 = 0,64<br />

Aa<br />

p q = 0,8 0,2<br />

p q = 0,16<br />

a<br />

q = 0,2<br />

Aa<br />

p q = 0,8 0,2<br />

p q = 0,16<br />

aa<br />

q q = 0,2 0,2<br />

q 2 = 0,04<br />

Assim, as freqüências genotípicas da população serão:<br />

AA + Aa + aa = 1<br />

– – –<br />

<br />

0,64 + 0,32 + 0,04 = 1<br />

– – –<br />

<br />

p 2<br />

<br />

<br />

ou<br />

(p + q) 2 = 1<br />

+ 2pq + q 2 = 1<br />

Em resumo, o princípio <strong>de</strong> Hardy-Weinberg é dado pelas expressões p + q = 1.<br />

Freqüência <strong>de</strong> alelos:<br />

f(A) + f(a) = 1<br />

Freqüência <strong>de</strong> genótipos:<br />

(p + q) 2 = 1<br />

p 2 + 2pq + q 2 = 1<br />

<strong>Semi</strong>-<strong>extensivo</strong> <strong>Uno</strong> <strong>Biologia</strong> <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> <strong>Teoria</strong> 4<br />

<br />

<br />

f(AA) + f(Aa) + f(aa) = 1<br />

Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 <strong>de</strong> 19 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1998.<br />

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558 559<br />

O ciclo menstrual<br />

Todos os meses, o útero das mulheres e das <strong>de</strong>mais<br />

fêmeas <strong>de</strong> primatas fica pronto para receber<br />

filhotes em gestação. Quando a gravi<strong>de</strong>z não se<br />

configura, a pare<strong>de</strong> interna do útero, o endométrio,<br />

<strong>de</strong>scama sob a forma <strong>de</strong> um fluxo, chamado<br />

fluxo menstrual. Esse ciclo se repete em períodos<br />

mais ou menos constantes graças a um feedback<br />

negativo existente entre a hipófise e os ovários.<br />

(A)<br />

Clitóris<br />

Lábio maior<br />

Hímen<br />

(C)<br />

Lábio menor<br />

Ânus<br />

Ovário<br />

(B)<br />

Reto<br />

Tuba uterina<br />

Ligamento<br />

próprio<br />

Colo<br />

Vagina<br />

Abertura da uretra<br />

Abertura da vagina<br />

Vagina<br />

Uretra<br />

Ovário<br />

Útero<br />

Endométrio<br />

Tuba uterina<br />

Útero<br />

Bexiga urinária<br />

Púbis<br />

Clitóris<br />

Lábio menor<br />

Lábio maior<br />

Figura 1. Sistema reprodutor feminino. (A) Vista externa;<br />

(B) órgãos internos em corte lateral (a bexiga não faz parte<br />

do sistema reprodutor) e (C) em visão frontal.<br />

B3<br />

17<br />

tema<br />

13<br />

A hipófise produz dois hormônios que agem<br />

sobre os ovários, as gonadotrofinas e, em resposta,<br />

os ovários produzem dois hormônios ovarianos.<br />

A primeira gonadotrofina é o Hormônio Folículo<br />

Estimulante (FSH), que, como seu nome diz,<br />

estimula o <strong>de</strong>senvolvimento do folículo ovariano,<br />

em cujo interior se forma o gameta feminino. O<br />

folículo por sua vez produz estrógeno, hormônio<br />

ovariano responsável pelas características sexuais<br />

femininas, como <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> mamas, <strong>de</strong><br />

quadris, formação <strong>de</strong> pêlos pubianos, entre outras.<br />

Como existe o feedback negativo, um alto nível<br />

<strong>de</strong> estrógeno inibe a produção e secreção <strong>de</strong> FSH,<br />

evento que em geral ocorre por volta do 10 o dia<br />

do ciclo. Com a queda dos níveis <strong>de</strong> FSH, a hipófise<br />

começa a secretar a segunda gonadotrofina,<br />

o Hormônio Luteinizante (LH), responsável por<br />

romper o folículo ovariano e conseqüentemente<br />

liberar o gameta feminino, na chamada ovulação,<br />

o que torna a mulher fértil por volta do 14 o dia<br />

do ciclo.<br />

Folículo ovariano Folículo em maturação<br />

Corpo albicans Corpo lúteo<br />

Folículo<br />

maduro<br />

Folículo<br />

roto<br />

Figura 2. Corte lateral <strong>de</strong> um ovário mostra as transformações<br />

por que passa um folículo ovariano ao longo <strong>de</strong><br />

um ciclo menstrual.<br />

Após sua ruptura, o folículo ovariano adquire<br />

a cor amarela e passa a se chamar corpo lúteo,<br />

responsável agora pela produção do segundo hormônio<br />

ovariano, chamado <strong>de</strong> progesterona, que<br />

prepara o organismo para a gestação. Junto com<br />

B3<strong>•</strong>T13


o estrógeno, a progesterona aumenta o fluxo sanguíneo<br />

na pare<strong>de</strong> interna do útero, o endométrio,<br />

aumentando conseqüentemente sua espessura, com<br />

o objetivo <strong>de</strong> receber o óvulo já fecundado.<br />

A progesterona faz feedback negativo com o<br />

LH, diminuindo o nível <strong>de</strong>ste. Sem LH não existe<br />

manutenção do corpo lúteo e, em conseqüência,<br />

não há secreção <strong>de</strong> progesterona. Sem progesterona,<br />

que é responsável pela manutenção do<br />

endométrio <strong>de</strong>senvolvido, este <strong>de</strong>scama sob a<br />

forma <strong>de</strong> fluxo menstrual, processo que se inicia<br />

por volta do 28 o dia do ciclo.<br />

Estrógeno e<br />

progesterona FSH e LH<br />

Endométrio<br />

Folículo<br />

ovariano<br />

Menstruação<br />

B3<strong>•</strong>T13 18<br />

LH<br />

FSH<br />

Estrógeno<br />

Progesterona<br />

21 28 1 7 14 21 28 1<br />

Figura 3. Durante o ciclo menstrual ocorrem variações<br />

nas concentrações dos hormônios LH, FSH, estrógeno e<br />

progesterona e no espessamento do endométrio.<br />

GRAVIDEZ<br />

<strong>Semi</strong>-<strong>extensivo</strong> <strong>Uno</strong> <strong>Biologia</strong> <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> <strong>Teoria</strong> 4<br />

Caso ocorra gravi<strong>de</strong>z, o nível <strong>de</strong> progesterona<br />

<strong>de</strong>ve ser mantido durante nove meses. Nos três<br />

primeiros meses <strong>de</strong> gestação a progesterona é<br />

produzida pelo corpo lúteo no ovário. Antes da<br />

gestação o corpo lúteo era mantido pelo LH; durante<br />

a gestação o corpo lúteo é mantido pelo hormônio<br />

Gonadotrofina Corônica Humana (HCG),<br />

produzido pelo ovo a partir <strong>de</strong> sua nidificação no<br />

útero. O HCG é o hormônio pesquisado no sangue<br />

ou na urina para o diagnóstico <strong>de</strong> gravi<strong>de</strong>z.<br />

Nos últimos seis meses <strong>de</strong> gestação, a progesterona<br />

é produzida diretamente pela placenta,<br />

dispensando assim a manutenção do corpo lúteo<br />

que então regri<strong>de</strong>.<br />

1<br />

Ovócito II<br />

2<br />

Ovário<br />

Ovulação<br />

Espermatozói<strong>de</strong><br />

Ovócito II<br />

1 2 3<br />

Figura 4. A fecundação se dá na trompa <strong>de</strong> Falópio,<br />

originando o zigoto ou célula-ovo (1), que passa por mitoses<br />

consecutivas. No terceiro dia após a fecundação, o<br />

embrião é uma massa compacta <strong>de</strong> células (2). No quarto<br />

dia, o acúmulo <strong>de</strong> líquido no embrião separa dois grupos<br />

<strong>de</strong> células, a camada externa, chamada trofoblasto, e<br />

a massa celular interna (3). O embrião chega ao útero<br />

entre o quarto e o quinto dia <strong>de</strong>pois da fecundação e<br />

implanta-se no endométrio por volta do sétimo dia (4).<br />

Essa implantação, chamada nidação, se completa entre o<br />

décimo e o 12 o dia, momento em que o embrião começa<br />

a produzir e a liberar HCG.<br />

CICLO ANOVULATÓRIO<br />

Uma forma muito usual <strong>de</strong> anticoncepção é<br />

o uso pela mulher <strong>de</strong> doses combinadas <strong>de</strong> estrógeno<br />

e progesterona, em pílulas, injeções ou<br />

anéis vaginais. Assim, ela <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> produzir FSH<br />

e LH, graças ao mecanismo <strong>de</strong> feedback negativo,<br />

e não ovula em seu ciclo. Quando seu corpo <strong>de</strong>ixa<br />

<strong>de</strong> receber o estrógeno e a progesterona, a mulher<br />

menstrua normalmente.<br />

3<br />

4<br />

4<br />

Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 <strong>de</strong> 19 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1998.<br />

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560 561<br />

Embriologia<br />

O DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO<br />

O estudo do <strong>de</strong>senvolvimento embrionário é útil na compreensão dos processos<br />

que levam à formação <strong>de</strong> um indivíduo adulto e contribui para o esclarecimento<br />

<strong>de</strong> relações evolutivas entre muitos grupos animais.<br />

B3<br />

Do zigoto à gástrula<br />

O <strong>de</strong>senvolvimento se inicia com a fecundação e prossegue com mitoses iniciais<br />

(clivagem ou segmentação), gerando duas células que formam quatro e assim sucessivamente.<br />

Dessa forma, no início do <strong>de</strong>senvolvimento embrionário, a quantida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> células dobra a cada ciclo <strong>de</strong> divisão; no entanto, esse ritmo será alterado em<br />

etapas ulteriores.<br />

As primeiras células resultantes das clivagens são <strong>de</strong>nominadas blastômeros.<br />

Quando constituem uma massa <strong>de</strong> células compactas, o conjunto passa a ser <strong>de</strong>nominado<br />

mórula.<br />

Zigoto Mórula<br />

Figura 1. Clivagem resultando em blastômeros. A mórula tem o mesmo volume do zigoto, mas<br />

sua superfície aumenta consi<strong>de</strong>ravelmente, o que amplia a captação <strong>de</strong> gás oxigênio empregado<br />

na respiração do embrião.<br />

As células da mórula continuam a se dividir e po<strong>de</strong>m se afastar formando uma<br />

cavida<strong>de</strong>. Isso caracteriza a fase <strong>de</strong>nominada blástula; sua cavida<strong>de</strong> é a blastocele.<br />

Em alguns casos, ocorre a entrada <strong>de</strong> uma faixa <strong>de</strong> células da blástula para a blastocele,<br />

num processo <strong>de</strong> invaginação. Isso gera a gástrula, constituída por duas<br />

camadas celulares: o ecto<strong>de</strong>rma (externo) e o endo<strong>de</strong>rma (interno). A cavida<strong>de</strong><br />

da gástrula é o arquêntero, que correspon<strong>de</strong> à cavida<strong>de</strong> digestória primitiva, cuja<br />

abertura é o blastóporo.<br />

Blastocele Arquêntero Blastóporo<br />

Blástula Gástrula<br />

Endo<strong>de</strong>rma Ecto<strong>de</strong>rma<br />

Figura 2. A blástula típica tem uma camada celular <strong>de</strong>limitando a blastocele. Um dos pólos da blástula<br />

sofre invaginação. A gástrula é dotada <strong>de</strong> duas camadas celulares, uma cavida<strong>de</strong> e uma abertura.<br />

19<br />

tema<br />

14<br />

B3<strong>•</strong>T14


O blastóporo po<strong>de</strong> originar a boca ou ânus. Assim, os animais po<strong>de</strong>m ser divididos,<br />

em relação à evolução do blastóporo, em dois grupos:<br />

<strong>•</strong> Protostômios: o blastóporo origina a boca, como nos anelí<strong>de</strong>os, nos moluscos<br />

e nos artrópo<strong>de</strong>s.<br />

<strong>•</strong> Deuterostômios: o blastóporo origina o ânus, como se dá em equino<strong>de</strong>rmos e<br />

cordados.<br />

A formação da nêurula<br />

A etapa seguinte à gástrula é a nêurula e seu surgimento envolve a formação<br />

do tubo neural e do meso<strong>de</strong>rma. O ecto<strong>de</strong>rma situado na parte dorsal do embrião<br />

sofre alterações que levam à formação do tubo nervoso dorsal.<br />

1 Placa neural<br />

Ecto<strong>de</strong>rma<br />

3<br />

B3<strong>•</strong>T14 20<br />

Ecto<strong>de</strong>rma<br />

Figura 3. O ecto<strong>de</strong>rma dorsal apresenta dobramentos cujas bordas se unem, constituindo o tubo<br />

neural.<br />

4<br />

2<br />

Sulco<br />

neural<br />

Crista<br />

neural<br />

Tubo neural<br />

Ao mesmo tempo que o tubo neural está sendo formado, a parte dorsal do<br />

arquêntero se expan<strong>de</strong>, formando o meso<strong>de</strong>rma, composto <strong>de</strong> duas partes:<br />

<strong>•</strong> A notocorda, <strong>de</strong>rivada da porção superior do arquêntero; nos vertebrados a<br />

notocorda é substituída pela coluna vertebral.<br />

<strong>•</strong> Bolsas mesodérmicas, oriundas das laterais do arquêntero. Cada bolsa apresenta<br />

uma cavida<strong>de</strong> <strong>de</strong>nominada celoma.<br />

Ecto<strong>de</strong>rma<br />

Notocorda<br />

Endo<strong>de</strong>rma<br />

Arquêntero<br />

<strong>Semi</strong>-<strong>extensivo</strong> <strong>Uno</strong> <strong>Biologia</strong> <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> <strong>Teoria</strong> 4<br />

Celoma é uma cavida<strong>de</strong> inteiramente <strong>de</strong>limitada por meso<strong>de</strong>rma.<br />

Tubo neural<br />

Celoma<br />

Meso<strong>de</strong>rma<br />

Figura 4. Nêurula é a fase em<br />

que se originam o tubo neural<br />

e o meso<strong>de</strong>rma. Somitos são<br />

unida<strong>de</strong>s segmentares do<br />

meso<strong>de</strong>rma lateral.<br />

Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 <strong>de</strong> 19 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1998.<br />

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562 563<br />

Organogênese<br />

A partir da fase <strong>de</strong> nêurula são formados os diversos órgãos que constituem<br />

um adulto, como se vê na tabela a seguir:<br />

ECTODERMA ENDODERMA MESODERMA<br />

Epi<strong>de</strong>rme<br />

Anexos epidérmicos:<br />

unhas, pêlos, penas,<br />

glândulas (sudoríparas,<br />

sebáceas, mamárias)<br />

Sistema nervoso<br />

Revestimento da boca,<br />

do nariz e do ânus<br />

Esmalte <strong>de</strong>ntário<br />

Receptores dos órgãos<br />

sensoriais<br />

Revestimento do tubo<br />

digestório<br />

Fígado e pâncreas<br />

Revestimento da laringe, da<br />

traquéia, dos brônquios e dos<br />

pulmões<br />

Revestimento da bexiga<br />

urinária<br />

CLASSIFICAÇÃO EMBRIOLÓGICA<br />

Derme<br />

Músculos<br />

Sangue<br />

Vasos sangüíneos e coração<br />

Rins<br />

Testículos, ovários, útero<br />

Ossos, cartilagens e tecidos<br />

conjuntivos<br />

Dentina<br />

Os animais dotados <strong>de</strong> cavida<strong>de</strong> digestória apresentam dois padrões <strong>de</strong> organização:<br />

<strong>•</strong> Animais diblásticos: são constituídos por dois folhetos embrionários, o ecto<strong>de</strong>rma<br />

e o meso<strong>de</strong>rma, apenas. Esse é o padrão dos celenterados.<br />

<strong>•</strong> Animais triblásticos: possuem os três folhetos embrionários, ecto<strong>de</strong>rma, meso<strong>de</strong>rma<br />

e endo<strong>de</strong>rma. Esse padrão ocorre dos platelmintos aos cordados. No<br />

entanto, o meso<strong>de</strong>rma não forma celoma nos platelmintos, por isso são <strong>de</strong>nominados<br />

acelomados. Os nemató<strong>de</strong>os são pseudocelomados, pois apresentam<br />

uma cavida<strong>de</strong> parcialmente revestida por meso<strong>de</strong>rma. Celomados são dotados<br />

<strong>de</strong> cavida<strong>de</strong> totalmente revestida por meso<strong>de</strong>rma e compreen<strong>de</strong>m anelí<strong>de</strong>os,<br />

moluscos, artrópo<strong>de</strong>s, equino<strong>de</strong>rmos e cordados.<br />

(A)<br />

Ecto<strong>de</strong>rma<br />

Meso<strong>de</strong>rma<br />

Endo<strong>de</strong>rma<br />

Cavida<strong>de</strong><br />

digestiva<br />

(C)<br />

Ecto<strong>de</strong>rma<br />

Meso<strong>de</strong>rma<br />

Endo<strong>de</strong>rma<br />

Cavida<strong>de</strong><br />

digestiva<br />

Celoma<br />

Platelminto<br />

Anelí<strong>de</strong>o<br />

(B)<br />

Ecto<strong>de</strong>rma<br />

Meso<strong>de</strong>rma<br />

Endo<strong>de</strong>rma<br />

Cavida<strong>de</strong><br />

digestiva<br />

Pseudoceloma Nemató<strong>de</strong>o<br />

Figura 5. Organização dos triblásticos. (A) Acelomado.<br />

(B) Pseudocelomado. (C) Celomado. Nas classificações<br />

atuais os celomados são divididos em protostômios<br />

(anelí<strong>de</strong>os, moluscos e artrópo<strong>de</strong>s) e <strong>de</strong>uterostômios<br />

(equino<strong>de</strong>rmos e cordados).<br />

21<br />

B3<strong>•</strong>T14


ANEXOS EMBRIONÁRIOS<br />

Em geral, os embriões <strong>de</strong> anfíbios <strong>de</strong>senvolvem-se<br />

em meio aquático. As reservas do ovo<br />

suprem suas necessida<strong>de</strong>s iniciais <strong>de</strong> alimento e a<br />

água circundante fornece gás oxigênio e recebe<br />

as excretas metabólicas, como o gás carbônico<br />

e a amônia.<br />

Répteis e aves<br />

O embrião <strong>de</strong> répteis e aves <strong>de</strong>senvolve-se em<br />

meio terrestre, envolvido por uma casca calcárea,<br />

que é porosa e permite a ocorrência <strong>de</strong> trocas gasosas<br />

com o ambiente. O alimento é fornecido pela<br />

gema (vitelo) e pela clara, que também constitui<br />

uma fonte <strong>de</strong> água.<br />

O embrião <strong>de</strong> répteis e aves <strong>de</strong>senvolve anexos<br />

embrionários, que correspon<strong>de</strong>m a membranas<br />

extra-embrionárias, ricas em vasos sanguíneos<br />

e que auxiliam no <strong>de</strong>senvolvimento do embrião.<br />

Os anexos são:<br />

<strong>•</strong> Saco vitelínico: envolve o vitelo e é responsável<br />

pela absorção <strong>de</strong> nutrientes que são enviados<br />

ao embrião por meio <strong>de</strong> vasos sanguíneos.<br />

<strong>•</strong> Alantói<strong>de</strong>: acumula excretas nitrogenadas<br />

(ácido úrico, <strong>de</strong> baixa toxicida<strong>de</strong>).<br />

<strong>•</strong> Âmnio: envolve o embrião e acumula o líquido<br />

amniótico, que assegura a proteção contra<br />

<strong>de</strong>sidratação e abalos mecânicos.<br />

<strong>•</strong> Cório: envolve todos os anexos e proporciona<br />

proteção.<br />

Alantói<strong>de</strong><br />

Câmara<br />

aérea<br />

CO 2<br />

B3<strong>•</strong>T14 22<br />

<strong>Semi</strong>-<strong>extensivo</strong> <strong>Uno</strong> <strong>Biologia</strong> <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> <strong>Teoria</strong> 4<br />

O 2<br />

Membrana<br />

corioalantói<strong>de</strong><br />

Vitelo<br />

Saco vitelino<br />

Casca<br />

Clara<br />

Âmnio<br />

Embrião<br />

Membrana<br />

do ovo<br />

Cório<br />

Figura 6. Os anexos embrionários asseguram condições<br />

a<strong>de</strong>quadas ao <strong>de</strong>senvolvimento no interior do ovo.<br />

Com o tempo, as reservas vão se esgotando: o<br />

alantói<strong>de</strong> expan<strong>de</strong>-se com o acúmulo <strong>de</strong> excretas,<br />

e fica junto ao cório; esses dois anexos constituem<br />

o alantocório, que participa do transporte <strong>de</strong> materiais<br />

entre casca e embrião: no sentido casca <br />

embrião, ocorre a veiculação <strong>de</strong> gás oxigênio do<br />

ar e cálcio da casca. No sentido embrião casca,<br />

é transportado o gás carbônico que se difun<strong>de</strong><br />

para o ar. Com o <strong>de</strong>senvolvimento embrionário<br />

completado, o indivíduo formado rompe a casca<br />

(mais frágil pela retirada <strong>de</strong> cálcio) e inicia uma<br />

nova etapa <strong>de</strong> sua vida.<br />

Mamíferos e placenta<br />

O <strong>de</strong>senvolvimento embrionário dos mamíferos<br />

placentários tem adaptações à fecundação<br />

interna e viviparida<strong>de</strong>. O embrião <strong>de</strong>senvolve-se<br />

no interior da mãe, obtendo a proteção e outras<br />

condições <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento. O sangue materno<br />

é fonte <strong>de</strong> alimento e gás oxigênio; também constitui<br />

o local para on<strong>de</strong> são eliminados os resíduos<br />

metabólicos, como o gás carbônico e a uréia.<br />

Um dos ovários da fêmea adulta libera o ovócito<br />

II que passa para a tuba uterina próxima,<br />

local on<strong>de</strong> ocorre a fecundação. O zigoto formado<br />

sofre clivagem enquanto é impelido em<br />

direção ao útero. São sucessivamente formados os<br />

blastômeros e a mórula; já no útero, forma-se a<br />

blástula, que recebe a <strong>de</strong>nominação <strong>de</strong> blastocisto,<br />

com aproximadamente 64 células. A blástula tem<br />

uma camada externa <strong>de</strong> células (trofoblasto) e um<br />

grupo interno, chamado massa celular interna,<br />

que dá origem ao organismo do embrião. A<br />

massa celular interna é um aglomerado <strong>de</strong> células-tronco,<br />

com capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> originar mais <strong>de</strong><br />

200 tipos especializados <strong>de</strong> células que formarão<br />

o organismo adulto. A blástula inicia o processo<br />

<strong>de</strong> implantação na camada interna do útero (o<br />

endométrio).<br />

A blástula continua seu <strong>de</strong>senvolvimento. A<br />

massa celular interna gera o embrião e 3 anexos<br />

(âmnio, saco vitelínico e alantói<strong>de</strong>). O trofoblasto<br />

origina o cório, que se expan<strong>de</strong> e forma vilosida<strong>de</strong>s,<br />

aumentando o contato com o endométrio;<br />

a estrutura discói<strong>de</strong> constituída por trofoblasto<br />

e parte do endométrio constitui a placenta, com<br />

cerca <strong>de</strong> 20 cm <strong>de</strong> diâmetro.<br />

Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 <strong>de</strong> 19 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1998.<br />

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564 565<br />

Pare<strong>de</strong> uterina<br />

Cordão<br />

Âmnio<br />

Embrião<br />

Vasos<br />

sangüíneos<br />

Vilosida<strong>de</strong><br />

Sangue<br />

materno<br />

Figura 7. Os anexos embrionários <strong>de</strong> mamíferos são os<br />

mesmos presentes nos répteis, mas apresentam algumas<br />

adaptações específicas. O alantói<strong>de</strong> e o saco vitelínico<br />

são vazios e tomam parte na formação do cordão umbilical.<br />

Parte do cório e parte do endométrio constituem<br />

a placenta.<br />

A placenta secreta hormônios e realiza trocas<br />

<strong>de</strong> materiais entre o sangue do filho e o sangue<br />

materno, não ocorrendo troca direta <strong>de</strong> sangue<br />

entre mãe e filho.<br />

No sentido mãe filho, são transferidos gás<br />

oxigênio e nutrientes; no sentido filho mãe,<br />

passam gás carbônico e uréia.<br />

TIPOS DE OVOS<br />

O óvulo apresenta em seu citoplasma uma<br />

quantida<strong>de</strong> variável <strong>de</strong> reserva, o vitelo ou lécito,<br />

constituído principalmente por lipídios e<br />

proteínas. A classificação dos ovos baseia-se na<br />

quantida<strong>de</strong> e na distribuição <strong>de</strong> vitelo, e po<strong>de</strong> ser<br />

mais bem compreendida a partir da evolução dos<br />

vertebrados terrestres: anfíbios <strong>de</strong>ram origem aos<br />

répteis; ramos distintos <strong>de</strong> répteis evoluíram e<br />

formaram aves e mamíferos.<br />

Os anfíbios apresentam ovos sem casca e sua<br />

fecundação é externa. Com o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

forma-se uma larva (girino, nos sapos e rãs) que<br />

busca seu alimento no ambiente. A quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

vitelo não é reduzida como nos mamíferos e nem<br />

tão elevada como nos répteis e nas aves.<br />

Os répteis e as aves têm fecundação externa,<br />

ovos com casca, <strong>de</strong>senvolvimento fora do corpo<br />

materno; não ocorre formação <strong>de</strong> larvas. O ovo<br />

tem os nutrientes necessários a todo <strong>de</strong>senvolvimento,<br />

o que significa uma gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> vitelo.<br />

Os mamíferos placentários <strong>de</strong>senvolvem-se<br />

no interior do organismo materno e o embrião<br />

obtém nutrientes a partir da placenta. Assim, fica<br />

fácil enten<strong>de</strong>r que mamíferos tenham ovo com<br />

pouco vitelo, distribuído homogeneamente pelo<br />

citoplasma.<br />

Na classificação dos principais tipos <strong>de</strong> ovos<br />

incluem-se os insetos. A fecundação dos insetos é<br />

interna e o ovo <strong>de</strong>senvolve-se fora do organismo<br />

materno. A maioria dos insetos forma larva antes<br />

<strong>de</strong> atingir a forma adulta; a larva obtém alimento<br />

no ambiente. Ovos <strong>de</strong> insetos apresentam uma<br />

razoável quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vitelo.<br />

Núcleo P.A.<br />

(A) (B) (C) (D)<br />

P.V.<br />

OLIGOLÉCITO<br />

Núcleo P.A.<br />

P.V.<br />

HETEROLÉCITO<br />

Núcleo Citoplasma<br />

Núcleo<br />

TELOLÉCITO<br />

P.A. – pólo animal<br />

P.V. – pólo vegetativo<br />

Figura 8. Principais tipos <strong>de</strong> ovos. (A) Oligolécito, alécito<br />

ou isolécito. Apresenta pequena quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vitelo,<br />

com distribuição homogênea; ocorre em mamíferos<br />

placentários, protocordados e equino<strong>de</strong>rmos. (B) Mediolécito,<br />

heterolécito ou telolécito incompleto. Tem<br />

quantida<strong>de</strong> intermediária <strong>de</strong> vitelo, mais concentrado no<br />

pólo vegetativo; ocorre em anfíbios. (C) Megalécito ou<br />

telolécito completo. Tem gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vitelo e<br />

o núcleo fica em uma pequena porção no pólo animal;<br />

ocorre em répteis, aves e mamíferos monotremados. (D)<br />

Centrolécito. Tem núcleo central envolvido por vitelo;<br />

ocorre em insetos e crustáceos.<br />

A quantida<strong>de</strong> e a distribuição <strong>de</strong> vitelo interferem<br />

no tipo <strong>de</strong> clivagem, uma vez que o vitelo<br />

é bastante <strong>de</strong>nso e dificulta o processo <strong>de</strong> divisão<br />

celular. Assim, células com pouco vitelo divi<strong>de</strong>mse<br />

mais rapidamente do que aquelas com gran<strong>de</strong><br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse material.<br />

Há dois tipos <strong>de</strong> segmentação: total e parcial.<br />

<strong>•</strong> Total ou holoblástica: ocorre em ovos oligolécitos<br />

e mediolécitos e caracteriza-se pelo fato<br />

<strong>de</strong> o zigoto dividir-se integralmente, originando<br />

dois blastômeros. Os blastômeros divi<strong>de</strong>m-se<br />

formando quatro, os quais geram oito células.<br />

Em ovos oligolécitos, os oito blastômeros têm<br />

as mesmas dimensões; trata-se <strong>de</strong> uma segmentação<br />

total e igual. Em ovos mediolécitos, na<br />

fase <strong>de</strong> oito blastômeros distinguem-se quatro<br />

<strong>de</strong>les com menor tamanho (são os micrômeros,<br />

com pouco vitelo) e quatro com maior tamanho<br />

(são os macrômeros, dotados <strong>de</strong> mais vitelo).<br />

Trata-se <strong>de</strong> uma segmentação total e <strong>de</strong>sigual.<br />

23<br />

CENTROLÉCITO<br />

B3<strong>•</strong>T14

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