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Universidade Politécnica<br />

A POLITÉCNICA<br />

ESCOLA SUPERIOR DE ALTOS ESTUDOS E NEGÓCIOS<br />

Centro de Estudos de Pós-graduação e Pesquisa Aplicada<br />

DISTRIBUIÇÃO E BIOLOGIA DE OCAR DE CRISTAL (Thryssa vitrirostris) NOS<br />

DISTRITOS DE ANGOCHE E MOMA<br />

<strong>Daniel</strong> O. <strong>Mualeque</strong><br />

Dissertação submetida como requisito parcial para obtenção do grau de<br />

Mestre em Avaliação e Conservação de Recursos Pesqueiros<br />

Orientador:<br />

Prof. Doutor Jorge Santos<br />

Julho de 2008<br />

0


I. RESUMO<br />

O Ocar de cristal, Thryssa vitrirostris, é um pequeno pelágico da família Engraulidae que<br />

tem grande importância comercial ao longo da costa de Moçambique, onde é capturado<br />

pela pesca artesanal de arrasto para a praia. O Ocar de cristal distribuí-se pelo Oceano<br />

Índico Oeste, mas apesar da ampla distribuição geográfica, existe apenas alguma<br />

informação sumária sobre esta espécie. Relatórios dos cruzeiros DR. FRIDTJOF<br />

NANSEN efectuados na costa de Moçambique, entre 1980 e 1990 e em 2007, indicam<br />

que a biomassa acústica de todos os pequenos pelágicos ao largo da costa apresenta uma<br />

tendência fortemente decrescente. Foram utilizados dados do processo de amostragem da<br />

pescaria costeira nos distritos de Angoche, Mogincual, Moma, Pebane e Beira, no<br />

período 1998 e 2007, para estudar as tendências temporais e geográficas das capturas e<br />

rendimentos (CPUE, kg/rede/dia), e as variações sazonais destes. Os resultados indicam<br />

que as capturas e rendimentos tenderam a baixar ao longo dos anos, principalmente em<br />

áreas limítrofes da distribuição da população. Pebane poderá ser o centro da distribuição,<br />

e de lá migrará a população em direcção ao norte. Além dum padrão sazonal nesta<br />

migração, poderão ter existido anos de maior concentração no norte do Banco de Sofala.<br />

Para estudos biológicos, foram adicionalmente colhidos entre Julho de 2007 e Janeiro de<br />

2008, no distrito de Moma, dados mensais de comprimentos, peso individual, otólitos e<br />

estados de maturação sexual. O ajuste dum modelo logístico à distribuição de frequências<br />

relativas dos indivíduos maduros indicou um tamanho de primeira maturação L50 = 13,2<br />

cm de comprimento total para sexos agrupados (13,4 cm para fêmeas e 13,9 cm para<br />

machos). A análise das frequências de comprimento e dos estados de maturação sexual<br />

indicou que o principal recrutamento à pescaria ocorre a partir de Março. A desova<br />

principal ocorreu entre os meses de Outubro e Dezembro, no fim do primeiro ano de vida<br />

dos indivíduos. O crescimento ponderal médio parece ser relativamente isométrico com<br />

PT = 0,0073.CT 3,0120 , mas observaram-se grandes variações neste padrão para indivíduos<br />

adultos, um fenómeno provavelmente relacionado com a sua fisiologia reprodutiva. No<br />

estudo do crescimento foi utilizado o método de Análise de Progressão Modal para o<br />

cálculo dos comprimentos médios mensais das coortes observadas. Duas curvas de<br />

crescimento de von Bertalanffy foram ajustadas aos valores médios dos comprimentos<br />

1


mensais, uma simples e outra com uma componente sazonal. O comprimento<br />

assimptótico (L∞) encontrado foi de 19,0 cm para um coeficiente de crescimento (K) de<br />

0,7 ano -1 . Aparentemente, o crescimento (somático) das coortes é marcadamente maior na<br />

época das chuvas (Novembro-Fevereiro). Os parâmetros da função de crescimento<br />

sazonal de von Bertalanffy foram usados para converter a composição de comprimentos<br />

em idades. Através da análise da curva de captura obteve-se uma taxa instantânea de<br />

mortalidade total de 2,30 ano -1 . Apesar da mortalidade natural esperada para esta espécie<br />

ser alta, este valor de mortalidade total indica uma mortalidade por pesca relativamente<br />

alta.<br />

PALAVRAS CHAVE: Thryssa vitrirostris, distribuição, biologia, Moçambique.<br />

ABSTRACT<br />

Orangemouth anchovy (Thryssa vitrirostris), is small pelagic of the Engraulid family<br />

explored mainly along the coast of Mozambique by the artisanal beach-seining<br />

fishery.This anchovy is widely distributed along the margins of the West Indian Ocean,<br />

but, in spite of the wide geographical distribution, only summary information exists about<br />

this species. Reports of the research surveys of the R/V DR. FRIDTJOF NANSEN<br />

performed in the period 1980-1990 and on 2007, indicate that the acoustic biomass of all<br />

small pelagic fish has been largely decreasing offshore. Original fishery statistics<br />

obtained for this coastal artisanal fishery in the districts of Angoche, Mogincual, Moma,<br />

Pebane and Beira, in the period between 1998 and 2007, were used to study the<br />

temporary and geographical trends of the landings and harvest rates (CPUE, kg/net/day),<br />

and the seasonal variations of the CPUE. The results indicate that the captures and CPUE<br />

tended to decrease along this period, mainly in the boundary area of population<br />

distribution. Pebane can be the center of the distribution; from there segments of the<br />

population may migrate to the north, with seasonal regularity and, more strongly, in<br />

special years. For additional biological studies in the district of Moma, monthly data of<br />

individual length and weight composition were collected, and otoliths and maturity stages<br />

of selected specimens were analysed, between July of 2007 and January of 2008. A<br />

2


logistic regression of maturity on fish length indicated that the size of first maturation,<br />

L50, was 13,2 cm total length for the combined sexes (or, 13,4 cm for females and 13,9<br />

cm for males). The analysis of the length frequencies and maturation showed that<br />

recruitment to the fishery starts in March, and that the main spawning period occurs<br />

between October and December, at the end of the first year of life. The mean length-<br />

weight relationship was Wt = 0,0073*TL 3,0120 , but there was considerable variation on an<br />

individual basis, particularly for maturing fish.. Modal Progression Analysis was used to<br />

study mean length at age of the different cohorts. Two von Bertalanffy growth functions<br />

were adjusted, one with simple shape and the other accounting for seasonal trends.<br />

Somatic growth appeared to have a strong seasonal component, with highest growth<br />

observed during the rainy season (November-February). The parameters of seasonal<br />

VBGF (L∞ = 19,0 cm; K = 0,7 year -1 ) were used to convert the length composition in<br />

age. An instantaneous rate of total mortality (Z) of 2,30 year -1 was estimated by catch<br />

curve analysis. Although the natural mortality of this species is expected to be high, this<br />

value of Z may indicate a strong fishing mortality as well.<br />

Key words: Thryssa vitrirostris, distribution, biology, Mozambique.<br />

3


II. ÍNDICE<br />

I. RESUMO......................................................................................................................... 1<br />

II. ÍNDICE .......................................................................................................................... 4<br />

III. DEDICATÓRIA ........................................................................................................... 9<br />

IV. AGRADECIMENTOS ............................................................................................... 10<br />

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 11<br />

1.1. Descrição da pescaria e sua importância ............................................................... 11<br />

1.2. Biologia e distribuição da família Engraulidae no mundo..................................... 13<br />

1.3. Biologia e distribuição de Thryssa vitrirostris no mundo e em Moçambique ....... 14<br />

1.4. Antecedentes e objectivos do estudo ..................................................................... 18<br />

1.5. Sistema actual de gestão da pescaria ..................................................................... 19<br />

2. MATERIAIS E MÉTODOS......................................................................................... 22<br />

2.1. Área de estudo........................................................................................................ 22<br />

2.2. Fonte de dados e análise ........................................................................................ 25<br />

2.3. Análise de reprodução............................................................................................ 29<br />

2.4. Análise de idade e crescimento.............................................................................. 31<br />

2.5. Análise de mortalidade .......................................................................................... 35<br />

3. RESULTADOS............................................................................................................. 37<br />

3.1. Distribuição e importância da família Engraulidae nos distritos de Mogincual,<br />

Angoche, Moma e Pebane ............................................................................................ 37<br />

3.2. Reprodução e modelo de maturação...................................................................... 45<br />

3.3. Idades e crescimento.............................................................................................. 49<br />

3.4. Determinação de mortalidade total por curva de captura ...................................... 57<br />

4. DISCUSSÃO ................................................................................................................ 58<br />

4.1. Distribuição e importância da família Engraulidae nos distritos de Mogincual,<br />

Angoche, Moma e Pebane ............................................................................................ 59<br />

4.2. Reprodução e ogiva de maturação sexual.............................................................. 63<br />

4.3. Idade e crescimento................................................................................................ 65<br />

4.4. Determinação de mortalidade por curva de captura .............................................. 69<br />

5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES .................................................................... 70<br />

5.1. Conclusões ............................................................................................................. 70<br />

5.2. Recomendações...................................................................................................... 71<br />

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................... 73<br />

7. APÊNDICE................................................................................................................... 77<br />

4


FIGURAS<br />

Figura 1. Thryssa vitrirostris. Exemplares colhidos durante uma das amostragens do<br />

presente estudo, variando os peixes em tamanho entre 4 e 18 cm.................................... 12<br />

Figura 2. Pescadores artesanais de arrasto para a praia e a embarcação típica usada, uma<br />

canoa tipo Moma............................................................................................................... 13<br />

Figura 3. Distribuição geográfica de Thryssa vitrirostris (Fonte: Fisbase.org)................ 14<br />

Figura 4. Mapa de distribuição dos pequenos pelágicos no Banco de Sofala. Fonte: Dados<br />

do cruzeiro com o navio Dr. Fridjof Nansen, 2007, não publicados. .............................. 17<br />

Figura 5. Capturas de Thryssa vitrirostris por arrasto para a praia no distrito de Angoche<br />

entre 1997 e 2005. Fonte: Brito et al. (2006, não publicado). .......................................... 18<br />

Figura 6. Redes mosquiteiras retiradas pelos pescadores dos sacos das suas redes de<br />

arrasto de praia e armazenadas na sede de CCP de Moma-sede....................................... 21<br />

Figura 7. Localização dos distritos analizados no presente estudo, Mogincual, Angoche,<br />

Moma, Pebane e Beira (sombreados). Alterado do mapa que localiza os distritos cobertos<br />

pelo sistema de amostragem do IIP. Fonte: Departamento de Informática do IIP. .......... 23<br />

Figura 8. Modelo da circulação da corrente de Moçambique. Fonte: Segtnan, 2006...... 24<br />

Figura 9. Circulação das correntes costeiras de Moçambique. Fonte: Lutjeharms (2007).<br />

........................................................................................................................................... 24<br />

Figura 10. Estados de maturação para os dois sexos de Thryssa vitrirostris amostrados em<br />

Moma entre Julho de 2007 e Janeiro de 2008................................................................... 30<br />

Figura11. Capturas cumulativas (toneladas) das espécies da família Engraulidae nos<br />

distritos de Mogincual, Angoche, Moma e Pebane desde 1998 a 2007. Códigos: Thryssa<br />

baelama ( TBA); Thryssa vitrirostris (TVI); Thryssa setirostris (TSE); Stolephorus<br />

commersonii (SOM); Stolephorus indicus (STI); Stolephorus holodon (SHO);<br />

Encrasicholina heteroloba (EHE) e Encrasicholina puntifer (EPU). A disposição dos<br />

distritos segue ordem geográfica, de Norte (Mongicual) para Sul (Pebane). ................... 39<br />

Figura 12. Rendimentos (Kg/rede.dia) das espécies da família Engraulidae nos distritos<br />

de Mogincual, Angoche, Moma e Pebane desde 2001 a 2007. Códigos: Thryssa baelama<br />

( TBA); Thryssa vitrirostris (TVI); Thryssa setirostris (TSE); Stolephorus commersonii<br />

(SOM); Stolephorus indicus (STI); Stolephorus holodon (SHO); Encrasicholina<br />

heteroloba (EHE) e Encrasicholina puntifer (EPU)......................................................... 40<br />

Figura 13. Variação anual de captura e CPUE de Thryssa vitrirostris nos distritos de<br />

Mogincual, Angoche, Moma, Pebane e Beira. ................................................................. 42<br />

Figura 14. Variação mensal (ano médio) de CPUE de Thryssa vitrirostris nos distritos de<br />

Mogincual, Angoche, Moma, Pebane e Beira entre 1998 à 2007..................................... 44<br />

Figura 15. Proporção sexual de Thryssa vitrirostris por classes de comprimento entre<br />

Julho de 2007 e Janeiro de 2008 em Moma...................................................................... 45<br />

Figura16. Estágios de maturação para fêmeas (a), machos (b) e sexos agrupados (c) por<br />

mês de Thryssa vitrirostris................................................................................................ 47<br />

Figura 17. Ogivas de maturação sexual para fêmeas (a), machos (b) e sexos agrupados<br />

(c). ..................................................................................................................................... 48<br />

Figura 18. Histogramas das composições mensais de comprimentos nos distritos de<br />

Moma e Pebane (dados combinados). Sobrepostas estão curvas de crescimento de quatro<br />

supostas coortes observadas ao longo de todo o período de amostragem. Seguindo o<br />

5


modelo de crescimento proposto, a coorte mais velha (linha amarela) terá tido o seu<br />

início em 2004................................................................................................................... 50<br />

Figura 19. Otólitos de Thryssa vitrirostris em vista dorsal, imersos em glicerol e<br />

iluminados com luz transmitida. O otólito pequeno, extraído dum peixe de comprimento<br />

total de 8.8 cm, apresenta um nucleo central bem definido. O otólito dum peixe grande<br />

(17 cm) parece apresentar um anel mais marcante ao longo do rebordo inferior............. 52<br />

Figura 20. Estudo de secções finas de otolitos de Thryssa vitrirostris amostrados em<br />

Moma em Janeiro de 2008. Vista dorsal do otólito inteiro (à esquerda) de peixes com<br />

comprimento total de 3.5 cm, 13.5 cm e 18.0 cm, cujos otólitos mediam cerca de 1.5 mm,<br />

5 mm e 6 mm, respectivamente. Vistos em secção fina, o otólito do peixe #17 (centro)<br />

parece ter formado um primeiro anel hialino, enquanto o do peixe #18 (direita) parece já<br />

mostrar a formação completa dum segundo anel e um claro início duma zona opaca..... 53<br />

Figura 21. Curvas de crescimento de von Bertalanffy simples e sazonal ajustadas a<br />

Thryssa vitrirostris no distrito de Moma. As barras indicam o erro padrão das médias ds<br />

distribuições analisadas..................................................................................................... 54<br />

Figura 22. Relação peso-comprimento de Thyssa vitrirostris amostrado em Moma no<br />

período de Fevereiro de 2007 a Janeiro de 2008: (a) pesos médios por classe de<br />

comprimento; (b) peixes pequenos e c) peixes grandes.................................................... 56<br />

Figura 23. Curva de captura linearizada baseada na composição etária média das capturas<br />

de Thryssa vitrirostris do distrito de Moma no período de Fevereiro de 2007 a Janeiro de<br />

2008................................................................................................................................... 57<br />

Figura 24. Distribuição de frequencies de comprimento de T. vitrirostris entre Fevereiro<br />

de 2007 e Janeiro de 2008 no distrito de Moma. .............................................................. 78<br />

Figura 25. Distribuição de frequencies de comprimento de T. vitrirostris entre Janeiro e<br />

Outubro de 2007 no distrito de Pebane............................................................................. 79<br />

Figura 26. Distribuição de frequencies de Comprimento da T. vitrirostris amostrada nos<br />

meses de Março e Julho, mostrando uma estrutura bimodal, sendo primeira moda em<br />

Julho constituida de indivíduos de tamanho menor (7 cm). ............................................. 81<br />

Figura 27. Variação mensal de CPUE de Thryssa vitrirostris nos distritos de Mogincual,<br />

Angoche, Moma, Pebane e Beira entre 1998 à 2007........................................................ 82<br />

6


TABELAS<br />

Tabela 1. Biomassa acústica estimada de pequenos pelágicos em vários periodos ao longo<br />

da costa de Moçambique (Fonte: Sætersdal et al., 1999). ................................................ 16<br />

Tabela 2. Escala de maturação para Thryssa vitrirostris adaptada de Vazzoler (1996) e<br />

Millan (1999). ................................................................................................................... 29<br />

Tabela 3. Parâmetros da relação alométrica para Thryssa vitrirostris amostrada em Moma<br />

no período de Fevereiro de 2007 a Janeiro de 2008. “n” é o número de observações<br />

utilizadas em cada ajuste................................................................................................... 55<br />

Tabela 4. Comparação dos parâmetros da relação peso-comprimento de T. vitrirostris<br />

(sexos combinados) entre vários estudos efectuados na região. De notar que tanto<br />

comprimento total (CT) como standard (CS) têm sido utilizados. ................................... 69<br />

Tabela 5. Ficha para amostragem laboratorial usada durante o presente estudo.............. 77<br />

Tabela 6. Captura por unidade de esforço (CPUE) de ocar de cristal nos distritos de<br />

Mogincual, Angoche, Moma, Pebane e Beira entre 1998 e 2007..................................... 80<br />

7


LISTA DE ABREVIATURAS E CÓDIGOS DE ESPÉCIES FAO<br />

CCP – Conselho Comunitário de Pesca<br />

IIP – Instituto Nacional de Investigação Pesqueira<br />

IDPPE – Instituto de Desenvolvimento de Pesca de Pequena Escala<br />

PSU – Primary sampling unity (unidade primária de amostragem)<br />

EHE – Encrasicholina heteroloba<br />

EPU – Encrasicholina puntifer<br />

SOM – Stolephorus commersonii<br />

STI – Stolephorus indicus<br />

SHO – Stolephorus holodon<br />

TBA – Thryssa baelama<br />

TSE – Thryssa setirostris<br />

TVI – Thryssa vitrirostris<br />

8


III. DEDICATÓRIA<br />

Á Memória de meu pai:<br />

<strong>Mualeque</strong> Namulaquela,<br />

Que plantou a árvore, fez crescer, mas não colheu frutos.<br />

A Erissa Sovila, minha mãe;<br />

Por ter regado a árvore até crescer e dar frutos.<br />

Dedico.<br />

9


IV. AGRADECIMENTOS<br />

O presente trabalho não teria sido possível sem ajuda de muitas pessoas e instituições.<br />

Profundo e especial agradecimento ao Prof. Dr. Jorge Santos, meu supervisor, pelos<br />

ensinamentos, conselhos, correcções e paciência na humilde condução deste trabalho (Dr.<br />

Jorge Santos, muito obrigado).<br />

À Direcção do Instituto Nacional de Investigação Pesqueira (IIP), o meu agradecimento<br />

pelo esforço feito para financiar este curso, por me terem escolhido como candidato e<br />

por todo o apoio prestado durante o curso.<br />

À Coordenação científica, na pessoa do Dr. Fernando Ribeiro Loforte, muito obrigado<br />

pela paciente coordenação e conselhos científicos dados na escolha do tema. O<br />

agradecimento é extensivo a todos os professores, em particular aos Drs. Thomas Hecht e<br />

Lars Rydberg, pela dedicação e paciência na transmissão dos conhecimentos.<br />

Para os meus colegas de curso, Mafuca (papai), Tânia, Halare, Narci, Alice, Isabel,<br />

Rabia, Claúdia, Thuzine, Avene e Silvia, muito obrigado pelo apoio que me deram<br />

durante o curso.<br />

Agradeço igualmente aos colegas da Delegação do IIP em Nampula, aos meus familiares<br />

e a todos aqueles que directa ou indirectamente contribuiram para que este trabalho fosse<br />

uma realidade.<br />

10


1. INTRODUÇÃO<br />

1.1. Descrição da pescaria e sua importância<br />

A pesca costeira dos distritos de Angoche e Moma, na província de Nampula, é<br />

caracterizada pela ocorrência de um grande número de espécies comerciais e pela<br />

diversidade das embarcações e artes de pesca utilizadas. Uma das importantes espécies<br />

comerciais é o Ocar de Cristal, Thryssa vitrirostris (Gilchrist & Thompson, 1908) (Figura<br />

1). Em Angoche e Moma, T. vitrirostris é capturada pela pesca artesanal de arrasto para a<br />

praia (Balói et al., 2003; 2004a; <strong>Mualeque</strong> & Uetimane, 2006) (Fig. 2). Em Moçambique<br />

e na Tanzânia, a espécie é também capturada como fauna acompanhante de arrasto<br />

industrial do camarão de superfície (Gislason, 1985; Branchi, 1992; Nkondokaya, 1992 in<br />

Pinto, 1995; Brito et al., 1998; Haule, 1998).<br />

A pescaria artesanal de arrasto para a praia é a mais importante no sul da província de<br />

Nampula, quer em termos do número de artes quer no volume das capturas,<br />

representando 48% do total dos desembarques por todas as artes. A rede de arrasto para a<br />

praia é manobrada em média por 12 pescadores, o que significa que esta pescaria<br />

contribui muito para o emprego das populações costeiras. Esta arte é pouco selectiva,<br />

capturando muito do que estiver na sua zona de acção, principalmente os pequenos<br />

pelágicos como a T. vitrirostris. Estruturalmente, a arte é composta por um saco central e<br />

duas longas paredes de rede (asas), a cujas extremidades são amarrados cabos para<br />

alagem. A parte superior é armada dum cabo com flutuadores, e a parte inferior dum cabo<br />

com chumbos ou pedras que arrastam pelo fundo. Alguns tipos de rede podem não<br />

possuir um saco na parte central 1 . Na região onde se realizou este estudo, a arte é usada<br />

em pequenas embarcações chamadas canoas tipo Moma (Figura 2), cujo comprimento é<br />

inferior a 10 metros. O comprimento da rede chega a atingir os 600 metros e os cabos<br />

1200 metros. O tamanho mínimo legal para a malha no saco é de 38 mm 2 . Sobre os cabos<br />

de alagem são amarrados cintas feitas de saco de rafia que os pescadores enrolam à<br />

1 (www.fao.org).<br />

2 Legislação. Regulamento Geral da Pesca Marítima, I Série, no. 50, da Lei 3/1990, de 26 de Setemro, Lei<br />

das Pescas.<br />

11


cintura para facilitar o processo de tracção (observação pessoal). A manobra desta arte é<br />

similar em toda a região estudada, diferindo apenas no número de pescadores por rede,<br />

característica que está relacionada com o tamanho da rede. Nos últimos anos tem-se<br />

disseminado a utilização de rede mosquiteira no saco desta rede, o que resulta na captura<br />

elevada de juvenis (Brito et al., 2006, não publicado). De acordo com o censo realizado<br />

pelo IDPPE no ano de 2002 (Anon., 2004) em Angoche, 329 (68%) das 487 redes de<br />

arrasto para a praia possuíam redes mosquiteiras, enquanto que em Moma, das 498 redes<br />

apenas 25 (5%) possuíam redes mosquiteiras.<br />

Estima-se que cerca de 22940 pescadores praticam a pesca artesanal em Nampula,<br />

correspondente a 33% do total a nível nacional. Destes, 20452 são pescadores<br />

permanentes, 2276 eventuais e 212 são pescadores sem barco (Anon., 2004). Nos<br />

distritos de Angoche e Moma a actividade pesqueira é a base da economia das<br />

populações costeiras, e é praticada principalmente pelos homens. As mulheres praticam a<br />

agricultura, a actividade que complementa a pesca. A produção é usada para o consumo<br />

familiar e para o pequeno comércio, tanto monetário como por troca directa de bens<br />

alimentares com as populações do interior. Uma parte do dinheiro é re-investida na<br />

aquisição dos insumos de pesca (Brito et al., 2006, não publicado).<br />

Figura 1. Thryssa vitrirostris. Exemplares colhidos durante uma das amostragens do<br />

presente estudo, variando os peixes em tamanho entre 4 e 18 cm.<br />

12


Figura 2. Pescadores artesanais de arrasto para a praia e a embarcação típica usada, uma<br />

canoa tipo Moma.<br />

1.2. Biologia e distribuição da família Engraulidae no mundo<br />

Os peixes da família Engraulidae apresentam ampla distribuição geográfica, sendo<br />

encontrados predominantemente nas águas tropicais e subtropicais da América e África<br />

(Mcgowan & Berry, 1983 in Silva et al., 2003; Whitehead et al., 1988). São abundantes<br />

em regiões costeiras semi-abertas, como baías, que funcionam como áreas de<br />

crescimento. A desova ocorre em geral nas zonas costeiras da plataforma, sendo os ovos<br />

e formas larvares transportados para baías onde encontram melhores condições de<br />

protecção e disponibilidade de alimento (Coto et al., 1988; e Mcgregor & Houde, 1996 in<br />

Silva et al., 2003). Estes pequenos pelágicos apresentam um ciclo de vida relativamente<br />

curto e, quando adultos, realizam migrações de curta extensão entre o interior das baías e<br />

a plataforma interna adjacente. Pela sua abundância desempenham um importante papel<br />

na cadeia alimentar dos oceanos, servindo de forragem a muitas espécies de peixe e aves<br />

marinhas (Hildebrand, 1963). Os engraulideos são grandes contribuintes do fluxo<br />

energético ao longo da cadeia alimentar, visto serem os maiores consumidores de<br />

zooplâncton entre os peixes (Baird & Ulanowicz, 1989).<br />

13


1.3. Biologia e distribuição de Thryssa vitrirostris no mundo e em Moçambique<br />

Em Moçambique, a família Engraulidae é representada por três géneros, Encrasicholina,<br />

Stolephorus e Thryssa. Por sua vez, o género Thryssa está representado por três espécies,<br />

sendo uma delas T. vitrirostris (Fisher et al., 1990, p. 93). Esta espécie distribuí-se pelo<br />

Oceano Índico Oeste, desde KwaZulu-Natal e Madagascar, na costa oriental de África,<br />

até Porto Alfredo no Golfo Pérsico (mas não no Mar Vermelho). Ocorre também nas<br />

costas do Paquistão e Índia (Whitehead et al., 1988) (Figura 3).<br />

Figura 3. Distribuição geográfica de Thryssa vitrirostris (Fonte: Fisbase.org).<br />

Trata-se de uma espécie pouco estudada em toda a sua distribuição. Apesar da sua<br />

importância em Moçambique, não existe um grande número de trabalhos realizados a seu<br />

respeito no país. Assuntos previamente estudados no litoral moçambicano incluem, ainda<br />

que sumariamente: a selectividade das artes de pesca (Pinto, 1995), estimativas das<br />

capturas da pesca artesanal no Banco de Sofala, a sul da província de Nampula (Balói et<br />

al., 2002; 2003; 2004a; <strong>Mualeque</strong> & Uetimane, 2006); relações peso-comprimento,<br />

índices gonadossomáticos e estados de maturação (Brinca et al., 1982). T. vitrirostris é<br />

uma espécie zooplanctívora pelágica; estuarina ou marinha, e que ocorre em cardumes<br />

em intervalos de profundidade que variam de 0 até 50 m (Blaber, 1979). Gislason &<br />

Sousa (1985) referem que T. vitrirostris se alimenta de pequenos camarões (Palaemon<br />

styliferus) e eufausiáceos. Consideracões teóricas indicam que as populações poderão ter<br />

uma alta resiliência, com um coeficiente de crescimento K = 0.5 ano -1 (parâmetro da<br />

14


função de von Bertalanffy) e um tempo mínimo de duplicação da população menor que<br />

15 meses (Whitehead et al., 1988). Na Baía de Maputo, os valores de K obtidos<br />

anteriormente variaram de 0,52 a 0,77 ano -1 para um comprimento total assimptótico (L∞)<br />

entre 22,8 e 28,5 cm (Gjøsaeter & Sousa, 1987). Outros estudos realizados no Banco de<br />

Sofala indicam que o recrutamento ocorre de Abril a Junho e de Setembro a Outubro<br />

(Gjøsaeter & Sousa, 1983). A desova principal ocorre em Dezembro (Saetre & Silva,<br />

1979, in Gjøsaeter & Sousa, 1983), sendo a área de desova no Banco de Sofala, desde a<br />

foz do rio Zambeze até Angoche (Gjøsaeter & Sousa, 1983).<br />

Para esta espécie, foi registado um comprimento total (CT) máximo de 22,5 cm no banco<br />

de Sofala, em Moçambique (Gjøsaeter & Sousa, 1983; Gislason & Sousa, 1985), e 18 cm<br />

no Irão (Whitehead et al., 1988). Ainda segundo Gislason & Sousa (1985), peixes<br />

pequenos até 4 cm são apanhados principalmente para norte da foz do rio Zambeze e até<br />

Pebane. No entanto, a maior parte dos peixes capturados variam entre os 12 e 17 cm de<br />

comprimento. Outros estudos realizados em KwaZulu-Natal, na África do Sul, referem<br />

que esta espécie atinge o comprimento de maturação aos 8 cm (Wallace, 1975, in Balói<br />

et., 2002).<br />

Resultados de variados cruzeiros do navio DR. FRIDTJOF NANSEN realizados no<br />

Banco de Sofala mostram que a biomassa dos pequenos pelágicos PEL1 (grupo que<br />

inclui os clupeídeos e engraulídeos) tem largas variações sazononais e inter-anuais. Entre<br />

1980 e 1990, a biomassa acústica média destes pequenos pelágicos foi estimada em cerca<br />

de 160 mil toneladas (Tabela 1), dos quais cerca de 60 mil toneladas de clupeídeos e<br />

engraulídeos. Em 2007, a biomassa acústica do grupo PEL1 foi estimada em 20 mil<br />

toneladas: embora possa haver dificuldades na utilização precisa do metodo acústico, isto<br />

parece constituir uma considerável redução.<br />

15


Tabela 1. Biomassa acústica estimada de pequenos pelágicos em vários periodos ao longo<br />

da costa de Moçambique (Fonte: Sætersdal et al., 1999).<br />

Observação Biomassa (t)<br />

II Outubro-Novembro de 1980 100,000<br />

III Setembro de 1982 160,000<br />

IV Maio-Junho de 1983 190,000<br />

V Abril-Maio 1990 210,000<br />

VI Agosto-Setembro de 1990 130,000<br />

De acordo com o relatório preliminar do cruzeiro Dr. FRIDTJOF NANSEN 3 realizado<br />

em 2007, foi encontrada uma pequena densidade de pelágicos em Dikambane e entre a<br />

Beira e Angoche. Densidades maiores foram observadas em pequenas áreas da Beira<br />

(Figura 4).<br />

3 http://www.fao.org/WAIRDOCS/FNS/FN130E/BEGIN.HTM ( Dr. Fridjof Nansen, Fao)<br />

16


Figura 4. Mapa de distribuição dos pequenos pelágicos no Banco de Sofala. Fonte: Dados<br />

do cruzeiro do navio Dr. Fridjof Nansen, 2007, não publicados.<br />

17


1.4. Antecedentes e objectivos do estudo<br />

T. vitrirostris tem sido uma espécie bastante importante na pescaria artesanal de arrasto<br />

para a praia, que é, provavelmente, a maior pescaria do país. De 1997 a 2005, a espécie<br />

que predominou nas capturas do arrasto para a praia no distrito de Moma foi T.<br />

vitrirostris com uma média de 53,3 toneladas anuais correspondente a 23% do total (Brito<br />

et al., 2006). Brito et al. (2006, não publicado) constataram que o esforço de pesca desta<br />

arte em Angoche baixou cerca de 1/3 nos últimos seis anos devido ao abandono da pesca,<br />

o que se tem reflectido nas capturas. Segundo estes autores, de 1997 a 2005 estiveram<br />

activas no distrito de Angoche uma média anual de 2226 redes e foram capturadas, em<br />

média, 224 toneladas. Em 2005 operaram 2384 redes, tendo sido capturadas cerca de 64<br />

toneladas, o valor mais baixo registado até então. De acordo com os mesmos autores, o<br />

declínio da captura total anual desta arte em Angoche poderá estar associado com a<br />

redução das capturas de T. vitrirostris que, tradicionalmente, contribuía com o maior<br />

volume: a produção desta espécie baixou drasticamente de 17,3 para 0,05 toneladas, entre<br />

2003 e 2005 (Figura 5).<br />

Captura (t)<br />

250<br />

200<br />

150<br />

100<br />

50<br />

0<br />

1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005<br />

Figura 5. Capturas de Thryssa vitrirostris por arrasto para a praia no distrito de Angoche<br />

entre 1997 e 2005. Fonte: Brito et al. (2006, não publicado).<br />

Esta mesma constatação dum declinio considerável já tinha sido feita anteriormente por<br />

Balói et al. (2003; 2004a) e por <strong>Mualeque</strong> & Uetimane (2006) nos relatórios estatísticos<br />

da pesca artesanal dos distritos de Mogincual, Angoche e Moma em 2002-2004. Balói et<br />

18<br />

Ano


al. (2004a) mostraram preocupação por esta tendência, porventura indicadora duma<br />

excessiva redução do stock, e recomendaram uma maior monitorização dos<br />

desembarques de ocar na pesca de arrasto para a praia em Angoche.<br />

Uma análise do estado duma população explorada requer a análise e a síntese de vários<br />

tipos de informação estatística e biológica (King, 2007), entre a qual a definição espaço-<br />

temporal de distribuição. Tentou-se ao longo do presente trabalho atingir os seguintes<br />

objectivos:<br />

o Análise de tendências temporais das capturas e rendimentos, de modo a distinguir<br />

padrões de período curto (dias, meses) de tendências anuais de abundância;<br />

o Análise de tendências geográficas de rendimentos, de modo a compreender a<br />

eventual ocorrência de migrações de longo período do recurso;<br />

o Estudo do padrão de crescimento, mortalidade e de reprodução da população, de<br />

modo a melhor compreender a sua biologia e contribuir para uma boa gestão do<br />

recurso.<br />

1.5. Sistema actual de gestão da pescaria<br />

A pesca artesanal em Moçambique é gerida principalmente de acordo as directivas<br />

contidas na lei 3/1990, de 26 de Setembro, a Lei das Pescas, e nos regulamentos<br />

estabelecidos pelo Ministério das Pescas. O principal enfoque desta regulamentação geral<br />

é o ordenamento pesqueiro e a utilização sustentável dos recursos pesqueiros. A<br />

regulamentação mais importante da lei no âmbito da pesca artesanal está contida no<br />

decreto 43/2003, o Regulamento da Pesca Marítima (REPMAR) 4 . O REPMAR institui os<br />

actores do processo de administração e de gestão pesqueira, além dos variados níveis de<br />

intervenção (central, provincial e distrital).<br />

4 Legislação. Regulamento Geral da Pesca Marítima, I Série, no. 50, da Lei 3/1990, de 26 de Setemro, Lei<br />

das Pesaacas.<br />

19


Os serviços da Administração Pesqueira de nível central e provincial têm um papel<br />

fundamental no processo da administração pesqueira, por exemplo no licenciamento,<br />

fiscalização e de gestão dos recursos. A gestão da pesca artesanal, e principalmente do<br />

arrasto de praia, assenta num pequeno número de medidas determinadas pela<br />

regulamentação geral nacional:<br />

o Período de defeso entre os meses de Novembro a Fevereiro. Este período tem sido<br />

alterado de zona para zona. De salientar que esta veda é dirigida à pesca de arrasto<br />

para a praia. As outras artes, como as redes de emalhar e a pesca à linha, não estão<br />

sujeitas a esta medida.<br />

o Malhagem mínima permitida para arrasto para a praia (38 mm). Contudo, por<br />

motivos de preservação dos recursos pesqueiros e de gestão das pescarias, esta<br />

malhagem pode ser alterada (alargada) para cada zona de pesca.<br />

o Preservação de espécies ameaçadas. Constituem capturas não permitidas, os<br />

mamíferos e tartarugas marinhas, espécies raras ou em perigo de extinção e outras<br />

espécies internacionalmente protegidas e de interesse para a investigação. Essas<br />

espécies uma vez capturadas devem ser, segundo a lei, devolvidas ao mar.<br />

Além destas regras gerais, poderão ser instituídas a nível provincial regras locais<br />

específicas, o que poderá incluir e.g. a limitação do número de artes, ou tipo de artes,<br />

admissível numa determinada zona ou período. Estes controlos são, no entanto, raramente<br />

exercidos. Do mesmo modo, a observância das regras gerais relativas à veda e malhagem<br />

é geralmente baixa ou variável, em grande parte por falta de inspecção efectiva.<br />

O processo de gestão de pescas é assistido pelo Instituto Nacional de Investigação<br />

Pesqueira (IIP), que também tem níveis de implantação provincial, além do central. A<br />

missão do IIP é de aconselhamento científico sobre recursos pesqueiros e ambiente<br />

aquático, o que implica monitoria de rotina, estudos especiais, e avaliação científica dos<br />

recursos pesqueiros industriais e artesanais. Normalmente, o IIP recomenda medidas de<br />

gestão para a execução pela Administração Pesqueira. No entanto, até ao presente, o nível<br />

de aconselhamento formalizado sobre as tácticas de ordenamento dos recursos artesanais<br />

tem sido bastante modesto em comparação com as pescarias industriais. Estas últimas<br />

20


encontram-se sob um regime rigoroso de controlo de meios e de produção (quotas). Este<br />

contraste deve-se, em parte, à curta história de monitorização de rotina dos recursos<br />

artesanais, e à natureza dispersa destas pescarias.<br />

A regulamentação geral de pesca de pequena-escala também contempla a intervenção no<br />

processo de gestão pelos utilizadores dos recursos pesqueiros, (comunidade pesqueira<br />

local), desde que estes estejam integrados em organizações de base comunitária<br />

denominadas Conselhos Comunitários de Pesca (CCP). Contudo, a eficiência e o<br />

dinamismo destas organizações varia de região para região. Na província de Nampula,<br />

por exemplo, os CCP do distrito de Moma são vulgarmente conhecidos por serem mais<br />

dinâmicos do que os dos outros distritos . Assim, os CCP de Moma têm conseguido<br />

convencer os pescadores a retirarem as redes mosquiteiras dos sacos das suas redes de<br />

arrasto para a praia (Figura 6). Este dinamismo dos CCP de Moma explica a existência de<br />

poucas redes mosquiteiras no distrito de Moma relativamente aos outros distritos da<br />

província de Nampula, segundo o censo realizado pelo IDPPE em 2002 (Anon, 2004).<br />

Figura 6. Redes mosquiteiras retiradas pelos pescadores dos sacos das suas redes de<br />

arrasto de praia e armazenadas na sede de CCP de Moma-sede.<br />

As instituições públicas do ministério das pescas e provínciais acima mencionadas<br />

participam, em princípio, no processo de gestão participativa dos recursos pesqueiros.<br />

21


Segundo a regulamentação vigente estes são processos coordenados pelas<br />

Administrações Pesqueiras provinciais. A Administração Pesqueira tem, portanto, o papel<br />

coordenador e executor das decisões relevantes para o sistema de gestão com vista ao<br />

objectivo comum da gestão sustentável dos recursos pesqueiros.<br />

2. MATERIAIS E MÉTODOS<br />

2.1. Área de estudo<br />

Os distritos de Angoche e Moma estão localizados no sul da província de Nampula, entre<br />

as latitudes 15° 58`S e 17° 01`S e entre as longitudes 39° 04`E e 40° 08`E. A linha de<br />

costa dos dois distritos perfaz cerca de 175 km. O distrito de Angoche ocupa uma área<br />

aproximada de 3 560 km 2 , e o distrito de Moma de 5 700 km 2 (Anon, 1945; 1980; in<br />

Balói et al., 2002, p. 4). As capitais dos distritos utilizados ao longo deste trabalho para<br />

analisar a distribuição geográfica das espécies têm as seguintes latitudes: Mogincual (15 o<br />

35’S) , Angoche (16 o 08’S), Moma (16 o 47’S), Pebane (17 o 10’S) e Beira (19 o 50’S)<br />

(Figura 7).<br />

22


Figura 7. Localização dos distritos analizados no presente estudo, Mogincual, Angoche,<br />

Moma, Pebane e Beira (sombreados). Alterado do mapa que localiza os distritos cobertos<br />

pelo sistema de amostragem do IIP. Fonte: Departamento de Informática do IIP.<br />

Os distritos de Angoche e Moma situam-se na parte norte do Banco de Sofala, uma das<br />

mais importantes áreas de pesca de Moçambique. Dentro desta região, a área que se<br />

encontra dentro da zona delimitada pela cadeia das ilhas de Goa e Fogo (em frente de<br />

Angoche e Moma) pode ser vista como uma sub-região deste grande ecossistema. Nela<br />

foi identificado um círculo de correntes marítimas (Brinca et al., 1983) e um afloramento<br />

costeiro local rico em nutrientes (Steen & Hoguane, 1990 in Balói et al., 2004a).<br />

Observações e modelos recentes indicam que o sistema de correntes costeiras ao longo do<br />

canal de Moçambique é extremamente dinâmico, existindo um certo número de vórtices<br />

persistentes que induzem fortes correntes de norte para sul, além de sistemas de contra-<br />

corrente na direcção oposta (Segtnan, 2006; Lutjeharms, 2007) (Figuras 8 e 9).<br />

23


Figura 8. Modelo da circulação da corrente de Moçambique. Fonte: Segtnan, 2006.<br />

Figura 9. Circulação das correntes costeiras de Moçambique. Fonte: Lutjeharms (2007).<br />

24


A costa dos distritos de Angoche e Moma, é caracterizada por um substrato basicamente<br />

arenoso. Os fundos costeiros são de características estuarinas (sedimentares) devido à<br />

influência dos rios Mutomoti, Meluli, Ligonha, e outros que aí desaguam. Esta região é<br />

coberta por várias espécies de mangal. Comparando Angoche e Moma este último distrito<br />

é o que maior afluência de rios apresenta. O clima é tropical e caracterizado por duas<br />

estações, húmida e seca. A estação chuvosa estende-se desde Outubro até Março, com<br />

chuvas predominantes durante os meses de Janeiro e Fevereiro, enquanto que a estação<br />

seca decorre entre Abril e Setembro (Balói et al. 2004).<br />

2.2. Fonte de dados e análise<br />

A informação utilizada no presente trabalho divide-se em dois tipos de dados consoante a<br />

sua natureza e origem: dados da pescaria e amostragem biológica.<br />

2.2.1. Estatísticas de pesca<br />

Os dados estatísticos usados neste estudo são originários do sistema de amostragem da<br />

pesca artesanal do IIP (Volstad et al., 2004) nos distritos de Mogincual, Angoche, Moma,<br />

Pebane e Beira. Foi usada a série temporal de dados de 1998 a 2007 disponível na base de<br />

dados Pescart do IIP referente à arte de arrasto para a praia. Para o distrito da Beira<br />

estavam disponíveis apenas dados para o período de 2001 a 2006. O sistema Pescart<br />

fornece ao utilizador tabelas contendo dados de esforço e captura até ao nivel temporal de<br />

dias, e combina centros de pesca em estratos geográficos pré-definidos. Os estratos são<br />

definidos por agrupamento geográfico de centros de pesca vizinhos com pescarias<br />

semelhantes. Na base de dados Pescart, o cálculo das estimativas totais de desembarque e<br />

esforço tem como base a unidade primária de amostragem ( ing. PSU, primary sampling<br />

unity). Uma PSU corresponde a uma visita realizada por uma equipa de amostradores a<br />

um centro de pesca num dia de trabalho. De acordo com Volstad et al. (2004), este<br />

processo de amostragem e cálculo decorre em várias etapas. O primeiro passo do cálculo<br />

é a extrapolacão da média da captura observada nos lances amostrados para o total dos<br />

lances efectuados pela unidade de pesca (rede) nesse dia. A segunda etapa engloba toda a<br />

25


PSU: o esforço total é a soma do número de unidades activas observadas nessa PSU. O<br />

cálculo da captura total é feita multiplicando a média das capturas totais das unidades<br />

amostradas pelo número de unidades activas naquela PSU. Na etapa temporal (dia ou<br />

noite) ou tipo de dia (dias de semana ou fins de semana), o processamento é feito em<br />

separado. Na etapa seguinte, estrato geográfico, o esforço total é obtido multiplicando a<br />

média do número de unidades de pesca activas por PSU amostrada pelo número máximo<br />

de PSU do estrato. A captura no estrato é calculada multiplicando a captura média das<br />

PSUs amostradas pelo número máximo de PSUs. Da combinação das estimativas do<br />

esforço e desembarques dentro de cada estrato obtêm-se as estimativas do distrito, e, a<br />

partir deste, da província.<br />

O cálculo da CPUE (captura por unidade de esforço) por rede activa é obtido no sistema<br />

Pescart, em qualquer dos níveis de amostragem, dividindo a captura desse nível pelo<br />

respectivo esforço de pesca. Para o cálculo da composição específica usa-se o<br />

procedimento do cálculo da captura considerando a captura de cada espécie<br />

separadamente.<br />

Para qualquer nível de definição desejado (diário, mensal, anual, etc) a composição<br />

específica das capturas é fornecida ao utilizador como uma percentagem do desembarque<br />

total (kg) nesse período. No presente trabalho, o desembarque por espécie foi, portanto,<br />

calculado por uma regra de proporções simples (kg x %). Separadamente, e para os<br />

mesmos períodos de tempo, foi processado o esforço de pesca (artes activas) por distrito.<br />

A partir destes dados base foram calculadas médias aritméticas e ponderadas de captura,<br />

esforço e composição específica.<br />

Uma das tarefas preliminares no processamento dos dados estatísticos foi o controlo da<br />

sua consistência e qualidade. As principais dificuldades encontradas podem-se repartir<br />

entre as seguintes categorias: erros óbvios de introdução de valores na base de dados e<br />

ausência de amostragem em certos meses do período analisado. Os erros de introdução de<br />

valores na base de dados foram detectados apenas num mês, no distrito de Pebane. Este<br />

valor foi ignorado, tendo-se, em substituição, calculado a média aritmética entre os meses<br />

adjacentes ao mês em causa.<br />

26


Os erros de ausência de amostragem foram os mais comuns. No distrito de Mogincual foi<br />

verificada a ausência de amostragem em 7 e 9 meses dos anos 1998 e 2000,<br />

respectivamente. Nos distritos de Angoche e Moma registou-se também a ausência de<br />

amostragem no ano de 2000, em 9 e 8 meses, respectivamente. Por impossibilidade de<br />

correcção, estas combinações de anos e distritos foram simplesmente omitidas das<br />

análises. Outro tipo de erros desta categoria foi a ocorrência de espaços em branco para a<br />

captura, esforço e percentagens das espécies da família Engraulidae. Este erro ocorreu em<br />

Mogincual, 2 vezes (2003 e 2006); Angoche, 3 vezes (1998, 2003 e 2006), Moma, 3<br />

vezes, sendo dois em 1998, e um em 2006, e Beira 6 vezes, uma vez nos anos de 2001,<br />

2003 e 2005 e 3 vezes em 2004. Igualmente, no mês de Junho de 2007, não foi feita<br />

amostragem em toda área de estudo, devido ao envolvimento dos amostradores no censo<br />

da pesca artesanal. Foram calculadas médias aritméticas para a captura e o esforço nestes<br />

meses utilizando os valores dos meses contíguos (anterior e posterior) e a média<br />

ponderada das percentagens da composição específica. Espaços em branco foram<br />

também observados para outras espécies menos importantes da família Engraulidae,<br />

frequentemente durante anos inteiros. Discriminando por distrito, estas faltas foram<br />

observadas em Mogincual para: E. heteroloba (2006), T.vitrirostris (2001 e 2006), T.<br />

setirostris (2001 e 2006); Angoche: E. heteroloba (2001 e 2003), E. puntifer (2001-<br />

2003), S. holodon (2001 e 2002) e T. baelama (2002). Igualmente em Moma: T.<br />

vitrirostris um mês em 1998, E. puntifer (2001 e 2004), S. holodon (2002-2005) e E.<br />

heteroloba (2005-2006). Finalmente, em Pebane: T. baelama (1999-2007), S. commerson<br />

(2003, 2004 e 2006), S. holodon (2000, 2003, 2004, 2006 e 2007), S. indicus (2000-2006,<br />

excepto 2005), E. heteroloba (2000-2007), e E. puntifer (2000-20007). Para estes espaços<br />

em branco foram atribuídos valor zero (0), tendo-se, assim, assumido que a falta de<br />

observação correspondia a uma ausência efectiva nos desembarques.<br />

Os dados foram transferidos e armazenados em folhas de cálculo Microsoft Excel e<br />

tratados usando tabelas dinâmicas (pivotTable). Foram igualmente elaborados gráficos<br />

usando Microsoft Excel descrevendo as variações sazonais (anual e mensal) e espaciais<br />

(por distrito) das capturas e rendimentos (CPUE), tal como da distribuição espacial das<br />

diferentes espécies dos géneros da família Engraulidae.<br />

27


2.2.2. Amostragem biológica no terreno<br />

Pretendia-se inicialmente efectuar uma amostragem mensal em dois centros de pesca,<br />

Kwirikwige em Angoche e Mucoroge no distrito de Moma, com medição extensa e<br />

aleatória da composição dos comprimentos de ocar nas capturas, e descrição biológica<br />

mais apurada de 100 indivíduos por centro e mês. Esta sub-amostragem não seria<br />

aleatória, mas estratificada, de modo a recolher indivíduos de todas as classes de<br />

comprimento (intervalo: 1 cm) disponíveis no desembarque. Assim, foi feita uma<br />

amostragem quase mensal nos distritos de Angoche e Moma entre Julho de 2007 e<br />

Janeiro de 2008 para o estudo dos parâmetros biológicos (Figura 7). As amostras foram<br />

compradas aos próprios pescadores artesanais no centro de pesca e levadas ainda frescas<br />

para o laboratório para análise biológica. As capturas provinham de redes de arrasto para<br />

a praia sem rede mosquiteira no saco. Devido à escassez de ocar em Kwirikwige<br />

(Angoche) foram colhidas apenas amostras biologicas em Julho de 2007. Como tal, dados<br />

deste distrito foram omitidos das análises posteriores.<br />

No total, foram amostrados em Moma (estrato de Mucoroge) 1261 indivíduos para fins<br />

de análise da composição de tamanhos: de cada indivíduo foi obtido o comprimento total<br />

(mm). Os dados foram registados numa ficha preparada para o efeito (Tabela 5, anexo).<br />

Desta amostra, foi retirada uma sub-amostra composta por 226 indivíduos (89 fêmeas, 41<br />

machos e 96 de sexo indeterminado): depois de pesados com uma balança electrónica<br />

(precisão, 1 g), foram-lhes extraídos os otólitos e gónadas para o estudo da relação peso-<br />

comprimento, idade e reprodução.<br />

Para fins de comparação geográfica foram tambem utilizadas as frequências de<br />

comprimentos de indivíduos amostrados noutros distritos pelos técnicos do IIP. Estes<br />

dados adicionais foram colhidos em trabalho de rotina desde Fevereiro de 2007 até<br />

Janeiro de 2008, em Mucoroge (510 indivíduos)) e Pebane, Zambézia (759 indivíduos).<br />

28


2.3. Análise de reprodução<br />

O sexo de cada indivíduo seleccionado para amostragem biológica foi determinado<br />

macroscopicamente. Os estados de maturação sexual foram determinados com base na<br />

análise macroscópica das gónadas, tendo sido adoptados 4 estados propostos por<br />

Vazzoler (1996) e Millan (1999) (ambos citados in Souza-Conceição et al., 2005):<br />

imaturo (1), em maturação (2), maduro (3) e desovado ou em repouso (4). Uma descrição<br />

e ilustração destes estados é fornecida na Tabela 2 e Figura 10. Aos indivíduos do estado<br />

1 não foi possível retirar as gónadas ou efectuar fotografias nitidas.<br />

Tabela 2. Escala de maturação para Thryssa vitrirostris adaptada de Vazzoler (1996) e<br />

Millan (1999).<br />

1<br />

2<br />

3<br />

4<br />

Estado Descrição<br />

Imaturo<br />

Em maturação<br />

Maduro<br />

Desovado ou<br />

em repouso<br />

o Ovários e testículos ocupam, no máximo, 1/3 do comprimento<br />

da cavidade abdominal.<br />

o Ovários transparentes e de côr rosa, testículos filamentosos,<br />

finos e esbranquiçados. Ovos não são visíveis a olho nú.<br />

o Ovários e testículos ligeiramente maiores ocupando cerca de ½<br />

do comprimento da cavidade abdominal.<br />

o Ovários transparentes e de côr rosa; testículos esbranquiçados<br />

e quase simétricos. Ovos não são visíveis a olho nú.<br />

o Ovários e testículos atingem cerca de 2/3 do comprimento da<br />

cavidade abdominal.<br />

o Ovários desiguais e de côr rosa a laranja; testículos desiguais e<br />

de côr esbranquiçada a creme. Ovos são visíveis a olho nú.<br />

o Ovários e testículos maiores cerca de 2/3 do comprimento da<br />

cavidade abdominal.<br />

o Ovários de côr laranja a rosa com vasos sanguíneos<br />

superficiais visíveis com parede frouxa com alguns ovos ainda<br />

visíveis; testículos moles de côr branca a creme ou vermelhos<br />

carnudos, desiguais com uma linha mediana vermelha.<br />

29


Figura 10. Estados de maturação para os dois sexos de Thryssa vitrirostris amostrados em<br />

Moma entre Julho de 2007 e Janeiro de 2008.<br />

O cálculo da proporção sexual foi feito com base no número de machos e fêmeas na<br />

amostra. O período de desova foi determinado analisando a frequencia mensal dos vários<br />

estados de maturação: o periodo em que maior proporção dos individuos se encontrava<br />

em estados finais de maturação foi considerado a época de desova.<br />

O comprimento de primeira maturação (L50) foi determinado como o comprimento ao<br />

qual 50% dos indivíduos atingem o estado de maturação avançado (Martins &<br />

Haimovici, 2000). Para estimar esse comprimento, os indivíduos foram distribuídos por<br />

30


classes de tamanho com uma amplitude de 1 cm. Em cada classe de comprimento foi<br />

determinada a frequência de maduros, tendo sido definido como maduro todos os<br />

indivíduos que se encontrassem pelo menos no estado de maturação 3. Foi ajustada uma<br />

curva sigmoidal simétrica (equação 1). Os parâmetros L50 e MR (intervalo de maturação)<br />

foram calculados pelo método de minimização da negativa da função de máxima<br />

verosimilhança (Kvamme, 2004). Para isso foi usada a ferramenta Solver do Microsoft<br />

Excel. A partir destes parâmetros (L50 e MR) foi determinado o intervalo de maturação<br />

L25 – L75 para sexos separados e agrupados. O L25 foi obtido subtraindo o valor de L50<br />

pela metade de MR; para o L75 adicionou-se o valor de L50 pela metade de MR.<br />

Onde:<br />

Maturação (L) = 1/(1+EXP((-2*LN(3)*(L-L50))/MR)) (1)<br />

Maturação (L) é a proporção de indivíduos maduros na classe de comprimento L<br />

L50 é o comprimento médio de primeira maturação gonadal<br />

L é o ponto central da classe de comprimento<br />

MR é o parâmetro que indica a inclinação da curva.<br />

2.4. Análise de idade e crescimento<br />

A análise de crescimento foi efectuada pelo método Análise de Progressão Modal (Sparre<br />

& Venema, 1997). A utilização de métodos integrados (Gayanilo et al., 1989), não<br />

forneceu resultados fiáveis, e preferiu-se, assim, utilizar um procedimento manual. Em<br />

resumo, os vários histogramas ilustrativos da composição mensal de comprimentos<br />

(amostragem aleatória) foram sobrepostos e foram desenhadas à mão linhas que ligavam<br />

grosseiramente a moda de cada coorte ao longo de todo o período de amostragem. O<br />

processo foi repetido para as várias coortes identificadas visualmente nos histogramas.<br />

No passo seguinte tentou-se estimar o comprimento médio mensal de cada coorte. Para<br />

este efeito utilizou-se o programa MIX (Macdonald e Pitcher, 1979; Macdonald 1986)<br />

31


que permite destrinçar interactivamente misturas de distribuições. Utilizando o método de<br />

máxima verosimilhança este programa permite estimar o comprimento médio, o desvio<br />

padrão de cada distribuição e a proporção de cada coorte na amostra. Assumiu-se que os<br />

comprimentos de cada coorte tinham distribuição normal e definiu-se a priori o número<br />

de componentes normais incluídos em cada distribuição.<br />

Para efeitos do estudo das trajectórias de crescimento, os comprimentos médios mensais<br />

de todas as coortes foram colocados separadamente no mesmo gráfico. A coorte principal<br />

no material amostrado em 2007 era a coorte de 2006: presumiu-se que o mês médio de<br />

eclosão tinha sido Novembro de 2006, pois foi em Dezembro de 2007 que foi encontrada<br />

a maior frequência de indivíduos maduros ou em fase de pós-desova. Para efeitos de<br />

ajuste duma curva única de crescimento presumiu-se que todas as coortes eclodiram na<br />

mesma época do ano. Ajustaram-se então curvas de crescimento a todo este material<br />

combinado, assumindo-se, portanto, que a função descrevia o crescimento médio das<br />

coortes, ou que todas as coortes tinham parâmetros de crescimento semelhantes.<br />

Foram ajustados dois modelos de crescimento aos valores médios dos comprimentos<br />

mensais: a função clássica de von Bertalanffy (equação 2: Sparre & Venema, 1997) e<br />

uma função de crescimento com padrão sazonal sobreposto. Para simular este<br />

crescimento sazonal foi usada a versão da equação de crescimento sazonal de von<br />

Bertalanffy proposta por Somers (1988), utilizando a folha de cálculo Excel desenvolvida<br />

por de Graaf e Dekker (s.d), (equação 3):<br />

Onde:<br />

Lt = L∞*[1-e (-K*(t-t0)) ] (2)<br />

L(t) = L∞*{1-e -K*(t-t 0 )-(C*K/2π)[sin2π*(t-ts)-sin2π(t0-ts)] } (3)<br />

Lt é o comprimento do peixe com idade t (meses)<br />

L∞ é o comprimento assimptótico<br />

K é o coeficiente de crescimento<br />

32


t0 (T-zero) é a idade a qual o comprimento é zero<br />

C é a amplitude ou intensidade (sinusoidal) da oscilação do crescimento<br />

ts é ponto de verão, ts = tw + 0,5, tw é o ponto de inverno e<br />

π = 3,14159...<br />

O ajuste da função de crescimento foi feito utilizando o método dos minimos quadrados<br />

na rotina de optimização Solver de Excel. Os comprimentos mensais médios observados<br />

nas várias coortes diferiam na sua variância, ou eram suportados por um número diferente<br />

de observações. Assim, para compensar estes efeitos, na utilização do método dos<br />

mínimos quadrados os desvios mensais foram ponderados pelo erro padrão da média<br />

(epm):<br />

1<br />

min ∑ − esp<br />

epmL( t)<br />

obs<br />

( ) 2<br />

L(<br />

t)<br />

obs L(<br />

t)<br />

Desta maneira, modas bem pronunciadas ou com grande número de indivíduos tiveram<br />

maior peso no ajuste da curva única de crescimento.<br />

2.4.1. Leitura de otólitos<br />

Tentou-se fazer uma verificação das observações de idade e crescimento obtidas por<br />

analise de comprimentos utilizando para o efeito a leitura de otólitos. Nessa verificação<br />

foram utilizados 226 indivíduos de T. vitrirostris retirados mensalmente dos<br />

desembarques através de amostragem estratificada. A estes indivíduos foram extraídos<br />

otólitos, que posteriormente foram secos e conservados. Por não existir uma descrição<br />

clara e detalhada na literatura de métodos de tratamento e leitura de otólitos para<br />

engraulídeos fizeram-se testes com vários métodos: leitura a seco e em imersão (água,<br />

glicerol) em lupa estereoscópica dos otólitos inteiros, com luz transmitida ou reflectida.<br />

Tentou-se, além disso, fazer a leitura de um número reduzido de otólitos utilizando<br />

33<br />

(4)


secções transversais finas (0.4 mm). O seccionamento foi efectuado na Universidade de<br />

Tromsø, utilizando o método de impregnação e corte descrito por Taylor et al. (2000). A<br />

leitura foi também efectuada sob lupa estereoscópica.<br />

2.4.2. Análise biométrica<br />

Estimou-se a relação peso-comprimento de T. vitrirostris no distrito de Moma com base<br />

em 1771 indivíduos de ambos os sexos amostrados entre Fevereiro de 2007 e Janeiro de<br />

2008. O intervalo de comprimento variou entre 3,5 e 18 cm e o peso total entre 1 e 64 g.<br />

Para dar a noção do ajuste das funções aos pontos, foram ajustadas 3 curvas, para peixes<br />

pequenos, grandes e valores médios dos pesos por cada classe de comprimento,<br />

respectivamente.<br />

Para evitar deturpação da estrutura do erro estatístico, as unidades de medição não devem<br />

ser alteradas aquando do ajuste do modelo matemático, caso hajam suspeitas de que o<br />

erro não é aditivo e de distribuição normal (Quinn & Deriso, 1999). Após observação da<br />

distribuição dos dados assumiu-se que o modelo deveria ter estrutura multiplicativa, pelo<br />

qual o seguinte modelo estatístico (5) é adequado, e foi utilizado:<br />

P = q. C b .ε (5)<br />

Nesta relação, o peso P (g) é uma função potencial do comprimento C (cm) de cada<br />

indivíduo medido, e o valor observado está sujeito a um erro estatístico multiplicativo<br />

(log-normal, ε). O ajuste deste modelo foi feito com uma ferramenta que mantenha<br />

intacta a estrutura do erro, havendo várias formas de o fazer. No presente trabalho optou-<br />

se pela utilização de um ajuste não-linear em Excel, seguindo os métodos aconselhados<br />

por Haddon (2001).Tentativas iniciais não demonstraram diferenças relevantes entre o<br />

ajuste pelas técnicas de maxima verosimilhanca e o ajuste por minimização dos<br />

quadrados dos logaritmos, e este último, por ser o método mais simples, foi preferido no<br />

decorrer das análises.<br />

34


2.5. Análise de mortalidade<br />

2.5.1. Cálculo da captura ponderada por classe de comprimento<br />

Para calcular a taxa de mortalidade instantânea (anual) da população pelo método da<br />

curva de captura torna-se necessário obter a composição total de comprimentos na<br />

captura anual e, de seguida, fazer a conversão de comprimentos para idades. Para obter a<br />

distribuição total de comprimentos existiam duas fontes de dados: a composição de<br />

comprimentos das capturas (número de indivíduos) obtidas mensalmente por amostragem<br />

aleatoria (secção 2.2.2) e as capturas mensais nos distritos (em toneladas), obtidas da<br />

Base de dados Pescart, (secção 2.2.1). A importância de cada classe de comprimento (em<br />

números) na captura anual obteve-se elevando a sua contribuição na amostra para a<br />

captura total mensal e, seguidamente, da captura mensal para a anual, utilizando o<br />

seguinte método:<br />

Os indivíduos foram organizados por mês e classes de comprimento com amplitude de 1<br />

cm. Para cada classe de comprimento foi calculado o peso médio mensal e anual,<br />

utilizando a relação média peso-comprimento definida pela relação alométrica com<br />

parâmetros q e b (equação 5). A biomassa de cada classe de comprimento na amostra foi<br />

obtida segundo a equação (6).<br />

Onde:<br />

c(l) = n(l) .q.L(i) b (6)<br />

c(l) é a biomassa da classe de comprimento (l) na amostra mensal<br />

n(l) número de individuos da classe l na amostra<br />

L(l) é o comprimento médio da classe l<br />

a e b são os parâmetros da relação peso-comprimento.<br />

De seguida calculou-se o factor de extrapolação mensal X, com base na captura total<br />

mensal (Cmês) obtida da Base de dados Pescart e no somatório da biomassa de todas as<br />

classes de comprimento (∑c(l)) obtidas na amostra:<br />

35


X = Cmês/∑c(l) (7)<br />

Com este factor de extrapolação calculou-se o número total de indivíduos capturados<br />

mensalmente por classe de comprimento, N(l):<br />

N(l) = X.n(l) (8)<br />

A captura total anual em número para cada classe de comprimento, N(l)a, foi calculada<br />

somando as capturas ponderadas de cada classe de comprimento nos 12 meses (Fevereiro<br />

de 2007 a Janeiro de 2008). Esta foi usada para a construção da curva de captura<br />

linearizada:<br />

N(l)a= N(l)Fev + N(l)Mar + ... + N(l)Jan (9)<br />

Num segundo passo foi necessario converter os intervalos de comprimento em intervalos<br />

de idade. Assumiu-se que o ocar de cristal tem um crescimento sazonal, tendo sido usada<br />

a versão da equação de crescimento sazonal de von Bertalanffy descrita por Somers<br />

(1988) (3), para fazer esta reversão. Em resumo, os parâmetros da equação de<br />

crescimento sazonal foram utilizados para converter o valor central de cada classe de<br />

comprimento em idade. Os dados de comprimento foram convertidos em idade usando a<br />

função “LOOKUP” do spreadsheet desenvolvida por de Graaf & Dekker (2008)..<br />

2.5.2. Construção da curva de captura linearizada<br />

A análise de mortalidde foi feita com base na conversão dos comprimentos/idades em<br />

curva de captura linearizada. Assumindo-se que o recrutamento e a mortalidade são<br />

constantes para a T. vitrirostris, a curva de captura foi descrita pela equação (10).<br />

Onde:<br />

ln(N(l)a/dti) = a + Zti (10)<br />

N(l)a é o número de indivíduos capturados anualmente da classe de comprimentos l<br />

dti é o tempo necessário para o peixe crescer dentro do comprimento da classe l<br />

36


Z é a taxa de mortalidade total<br />

ti é a idade do comprimento médio da classe de comprimento l<br />

a é uma constante.<br />

A regressão obtida no gráfico de ln(N/dt) contra a idade do comprimento médio, fornece<br />

a curva de captura (Sparre e Venema, 1997).<br />

3. RESULTADOS<br />

3.1. Distribuição e importância da família Engraulidae nos distritos de Mogincual,<br />

Angoche, Moma e Pebane<br />

Foram identificadas oito espécies da família Engraulidae nos distritos de Mogincual,<br />

Angoche, Moma e Pebane, segundo os dados originários da amostragem de rotina<br />

efectuada pelo IIP no período 1998 - 2007. Os engraulídeos capturados comercialmente<br />

pertencem aos seguintes géneros: Thryssa [Thryssa baelama (Forskål, 1775) ( TBA);<br />

Thryssa vitrirostris (Gilchrist & Thompson, 1908) (TVI) e Thryssa setirostris<br />

(Broussonet, 1782) (TSE)], Stolephorus [Stolephorus commersonii Lacepède, 1803<br />

(SOM); Stolephorus indicus (van Hasselt, 1823) (STI) e Stolephorus holodon (Boulenger,<br />

1900) (SHO)] e Encrasicholina [Encrasicholina heteroloba (Rüppell, 1837) (EHE) e<br />

Encrasicholina puntifer Fowler, 1938 (EPU)].<br />

Várias tendências ou gradientes bio-geográficos são aparentes dos dados comerciais<br />

(Figuras 11 e 12): as capturas totais, tal como as CPUE, aumentam em direcção ao sul da<br />

área estudada, o que pode ser indicativo duma maior abundância em águas mais frias;<br />

embora a riqueza específica seja semelhante em todas as latitudes, a equidade da<br />

composição é maior a norte; em termos de importância relativa em biomassa, o género<br />

Encrasicholina é mais importante na zona norte e o género Thryssa na zona sul, enquanto<br />

que o género Stolephorus parece ter uma distribuição uniforme.<br />

37


T. vitrirostris (TVI) foi a espécie mais capturada com 64% duma captura cumulativa total<br />

estimada em 342 toneladas. A sua importância aumentou de Mogincual (norte) para<br />

Pebane (sul), tendo sido capturado neste último distrito 126 toneladas em 8 anos (1999-<br />

2007) (Figuras 11 e 12). O mesmo padrão de distribuição foi seguido pelas espécies T.<br />

setirostris (TSE), E. heteroloba (EHE), embora estas tenham o distrito de Moma como<br />

centro das capturas. As restantes espécies não apresentaram um padrão regular de<br />

distribuição, além dos acima citados para os diferentes géneros. No distrito de<br />

Mogincual, zona limítrofe a norte do Banco de Sofala, as várias espécies foram<br />

capturadas em quantidades diminutas, menos de 2 toneladas, com a excepção de E.<br />

heteroloba (EHE) cuja captura foi um pouco superior, 4 toneladas em 10 anos.<br />

38


EPU 1<br />

SH O 0<br />

SO M 1<br />

SHO 0<br />

SO M 2<br />

SHO 3<br />

TBA 0<br />

STI 60<br />

STI 0<br />

SO M 5<br />

STI 5<br />

TSE 1<br />

EHE 4<br />

TVI 34<br />

EHE 2<br />

EH E 5<br />

EPU 0<br />

Angoche<br />

EPU 0<br />

EHE 4<br />

EPU 1<br />

TVI 58<br />

39<br />

M ogincual<br />

TVI 1<br />

M om a<br />

Pebane<br />

T BA 0<br />

T SE 3<br />

TBA 0<br />

T BA 11<br />

SO M 0<br />

TSE 8<br />

SHO 0<br />

ST I 0<br />

TSE 6<br />

T VI 126<br />

Figura11. Capturas cumulativas (toneladas) das espécies da família Engraulidae nos<br />

distritos de Mogincual, Angoche, Moma e Pebane desde 1998 a 2007. Códigos: Thryssa<br />

baelama ( TBA); Thryssa vitrirostris (TVI); Thryssa setirostris (TSE); Stolephorus<br />

commersonii (SOM); Stolephorus indicus (STI); Stolephorus holodon (SHO);<br />

Encrasicholina heteroloba (EHE) e Encrasicholina puntifer (EPU). A disposição dos<br />

distritos segue ordem geográfica, de Norte (Mongicual) para Sul (Pebane).


S TI 0,0<br />

E H E 0,7<br />

S H O 0,0<br />

S H O 0 ,0<br />

S O M 0 ,2<br />

S H O 0,0<br />

S TI 0,1<br />

S H O 0,0<br />

S O M 0,8<br />

S TI 23 ,5<br />

S TI 1,9<br />

E H E 0,2<br />

S O M 1 ,4<br />

M o g in cu a l<br />

E P U 0,3<br />

S O M 0,4<br />

E H E 0 ,6<br />

An g o ch e<br />

M o m a<br />

E H E 0 ,8<br />

P e b an e<br />

E P U 0,0<br />

E P U 0,4<br />

TV I 5,5<br />

E P U 0 ,1<br />

TV I 17 ,5<br />

TB A 0,0<br />

40<br />

TB A 0,4<br />

TBA 0,1<br />

TBA 0,1<br />

TV I 0,6<br />

TS E 0,9<br />

TS E 0,6<br />

TS E 2,7<br />

TS E 0,4<br />

TV I 45,0<br />

Figura 12. Rendimentos (Kg/rede.dia) das espécies da família Engraulidae nos distritos<br />

de Mogincual, Angoche, Moma e Pebane desde 2001 a 2007. Códigos: Thryssa baelama<br />

( TBA); Thryssa vitrirostris (TVI); Thryssa setirostris (TSE); Stolephorus commersonii<br />

(SOM); Stolephorus indicus (STI); Stolephorus holodon (SHO); Encrasicholina<br />

heteroloba (EHE) e Encrasicholina puntifer (EPU).


3.1.1. Evolução anual das capturas e rendimentos (CPUE) de T. vitrirostris nos<br />

distritos de Mogincual, Angoche, Moma, Pebane e Beira<br />

A análise da evolução anual das capturas e rendimentos (CPUE) de T. vitrirostris (TVI)<br />

nos distritos de Mogincual (15 o 35’S) , Angoche (16 o 08’S), Moma (16 o 47’S), Pebane<br />

(17 o 10’S) e Beira (19 o 50’S) é ilustrada na Figura 13. Esta espécie ocorre<br />

esporadicamente nos distritos de Mogincual e Angoche, no norte da região. Nestes dois<br />

distritos, ela foi sobretudo capturada entre 2002 e 2003, período em que houve uma<br />

ligeira redução em Moma e Pebane.<br />

Os índices de densidade (CPUE) indicam que a espécie tem uma abundância crescente do<br />

norte (Mogincual) para o sul (Pebane), parecendo ser o distrito de Pebane o centro da<br />

distribuição. Para sul de Pebane a densidade poderá decrescer de novo, e na Beira os<br />

índices de cpue, embora ainda elevados, são cerca de metade dos de Pebane. Tem havido<br />

uma certa variabilidade nos rendimentos em Pebane tendo sido observadas duas modas,<br />

uma em 2000 e outra em 2002 (Figura 26, anexo), seguidas por alguma estabilidade até<br />

2007. Nos distritos de Moma e Beira, depois de um período de certa estabilidade dos<br />

rendimentos entre os anos 2001 e 2003, seguiu-se uma redução considerável até 2007,<br />

principalmente em Moma. Os valores mínimos de captura e rendimentos na Beira foram<br />

observados em 2004. Após este ano as capturas e os rendimentos aumentaram, tendo<br />

atingido um máximo em 2005, ano em que os rendimentos em Pebane baixaram. No<br />

distrito de Angoche observou-se uma tendência decrescente ao longo do tempo com uma<br />

redução drástica nos últimos três anos.<br />

41


Captura (t) ( )<br />

Captura (t) ( )<br />

Captura (t) ( )<br />

Captura (t) ( )<br />

Captura (t) ( )<br />

Mogincual<br />

40<br />

3<br />

35<br />

30<br />

25<br />

2,5<br />

2<br />

20<br />

1,5<br />

15<br />

10<br />

5<br />

1<br />

0,5<br />

0<br />

0<br />

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008<br />

Ano<br />

Angoche<br />

1800<br />

35<br />

1600<br />

1400<br />

1200<br />

30<br />

25<br />

1000<br />

20<br />

800<br />

15<br />

600<br />

400<br />

200<br />

10<br />

5<br />

0<br />

0<br />

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008<br />

Ano<br />

Moma<br />

1000<br />

35<br />

900<br />

800<br />

30<br />

700<br />

25<br />

600<br />

500<br />

400<br />

20<br />

15<br />

300<br />

10<br />

200<br />

100<br />

5<br />

0<br />

0<br />

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008<br />

2500<br />

2000<br />

1500<br />

1000<br />

500<br />

Ano<br />

Pebane<br />

0<br />

0<br />

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008<br />

Ano<br />

Beira<br />

1400<br />

50<br />

1200<br />

45<br />

40<br />

1000<br />

35<br />

800<br />

30<br />

25<br />

600<br />

20<br />

400<br />

15<br />

200<br />

10<br />

5<br />

0<br />

0<br />

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008<br />

Figura 13. Variação anual de captura e CPUE de Thryssa vitrirostris nos distritos de<br />

Mogincual, Angoche, Moma, Pebane e Beira.<br />

Ano<br />

42<br />

70<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

CPUE Kg/rede/dia (--)<br />

CPUE Kg/rede/dia (--)<br />

CPUE Kg/rede/dia (--)<br />

CPUE Kg/rede/dia (--)<br />

CPUE Kg/rede/dia (--)


3.1.2. Variação sazonal dos Rendimentos<br />

Uma análise do ano médio para cada distrito não revelou a existência de topos marcantes<br />

de rendimentos em épocas especiais do ano (Figura 14). No entanto, uma análise mais<br />

detalhada indica que podem existir dois tipos de padrões. Nos centros de densidade de<br />

ocar de cristal (Moma, Pebane e Beira), os principais picos de rendimentos são<br />

normalmente obtidos na época estendida das chuvas (Outubro-Março). Pelo contrário,<br />

nos distritos a norte, e principalmente no distrito mais setentrional (Mogincual), os picos<br />

de rendimentos tenderam a ser obtidos na estação estendida da seca (Abril-Setembro).<br />

Embora tenha ocorrido uma certa variação inter-anual nestas tendências, como se pode<br />

observar numa análise mais detalhada (Figura 26, anexo), o único ano de excepção óbvia<br />

parece ter sido 2006. Este foi um ano de rendimentos anuais médios, mas os rendimentos<br />

máximos em todos os distritos, mesmo nos mais a sul, foram obtidos no início da época<br />

seca, à excepção de Mogincual onde não se registaram capturas.<br />

43


CPUE (Kg/rede.dia)<br />

CPUE (Kg/rede.dia)<br />

CPUE (Kg/rede.dia)<br />

CPUE (Kg/rede.dia)<br />

CPUE (Kg/rede.dia)<br />

3,0<br />

2,5<br />

2,0<br />

1,5<br />

1,0<br />

0,5<br />

0,0<br />

20,0<br />

15,0<br />

10,0<br />

5,0<br />

0,0<br />

50,0<br />

40,0<br />

30,0<br />

20,0<br />

10,0<br />

0,0<br />

80,0<br />

60,0<br />

40,0<br />

20,0<br />

0,0<br />

80,0<br />

60,0<br />

40,0<br />

20,0<br />

0,0<br />

Ano médio_Mogincual<br />

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez<br />

44<br />

Mês<br />

Ano médio_Angoche<br />

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez<br />

Mês<br />

Ano médio_Moma<br />

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez<br />

Mês<br />

Ano médio_Pebane<br />

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez<br />

Mês<br />

Ano médio_Beira<br />

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez<br />

Figura 14. Variação mensal (ano médio) de CPUE de Thryssa vitrirostris nos distritos de<br />

Mogincual, Angoche, Moma, Pebane e Beira entre 1998 à 2007.<br />

Mês


3.2. Reprodução e modelo de maturação<br />

3.2.1. Proporção de sexos e tendências sazonais de maturação<br />

Foi de, modo geral, impossivel identificar o sexo de individuos inferiores a 10 cm de<br />

comprimento total. A partir deste comprimento foi possível definir o sexo de 132<br />

indivíduos, 91 fêmeas e 41 machos, dos 226 individuos amostrados. A frequência relativa<br />

de machos e fêmeas por classes de tamanho mostrou predominância de fêmeas, excepto<br />

nas classes de comprimento de 9-10 cm, 12-13cm e 17-18 cm, onde a proporção das<br />

fêmeas foi sensivelmente igual à de machos (Figura 15).<br />

Proporção sexual<br />

1,0<br />

0,9<br />

0,8<br />

0,7<br />

0,6<br />

0,5<br />

0,4<br />

0,3<br />

0,2<br />

0,1<br />

0,0<br />

9-10 10-11 11-12 12-13 13-14 14-15 15-16 16-17 17-18<br />

Classe de comprimento total (cm)<br />

Figura 15. Proporção sexual de Thryssa vitrirostris por classes de comprimento entre<br />

Julho de 2007 e Janeiro de 2008 em Moma.<br />

A distribuição dos estados de maturação sexual de T. vitrirostris, com base nas<br />

amostragens feitas em Moma, mostra um pico do estágio 3 nos meses de Outubro e<br />

Novembro, tanto para as fêmeas como para os machos (Figura 16). O estado 4, que indica<br />

já um período de pós-desova, ocorreu com maior frequência após ao pico do estado 3: em<br />

Novembro-Dezembro para as femeas, e em Outubro-Novembro para os machos. No mês<br />

de Dezembro não foram identificados machos, e a maior parte das fêmeas encontravam-<br />

45<br />

M<br />

F


se no estado correspondente ao processo de repouso e recuperação. Infere-se assim que<br />

Novembro é o mês principal de desova, pois no mês de Dezembro, embora só três fêmeas<br />

tenham sido amostradas, todas se encontravam no último estado de maturação<br />

(desovadas/repouso) (Figura 16a).<br />

Para este estudo foram usados 91 fêmeas, destas 50 estavam no estágio 3 e 4 (maturas ou<br />

desovadas), perfazendo mais de metade das fêmeas, parecendo que a espécie usa a área<br />

para a desova.<br />

46


Frequência de estádios<br />

Frequência de estádios<br />

Frequência de estádios<br />

1<br />

0,8<br />

0,6<br />

0,4<br />

0,2<br />

0<br />

1<br />

0,8<br />

0,6<br />

0,4<br />

0,2<br />

0<br />

1<br />

0,8<br />

0,6<br />

0,4<br />

0,2<br />

0<br />

10 17 13 15 3 33<br />

Jul-07 Ago-07 Set-07 Out-07 Nov-07 Dez-07 Jan-08<br />

Mês<br />

10 7 10 10 4<br />

Jul-07 Ago-07 Set-07 Out-07 Nov-07 Dez-07 Jan-08<br />

Mês<br />

20 24 23 25 3 37<br />

Jul-07 Ago-07 Set-07 Out-07 Nov-07 Dez-07 Jan-08<br />

Mês<br />

Figura16. Estágios de maturação para fêmeas (a), machos (b) e sexos agrupados (c) por<br />

mês de Thryssa vitrirostris<br />

47<br />

a<br />

IV<br />

III<br />

II<br />

I<br />

b<br />

IV<br />

III<br />

II<br />

I<br />

c<br />

IV<br />

III<br />

II<br />

I


3.2.2. Ogiva de maturação sexual<br />

As curvas sigmoidais (logit) ajustadas às frequências médias de indivíduos que<br />

apresentavam estados de maturação igual ou superior ao estado 3, agrupados por classe<br />

de comprimento total e sexo, constam da figura 17. O comprimento da primeira<br />

maturação (L50) estimado para as fêmeas foi de 13,4 cm e um intervalo de maturação (L25<br />

- L75) de 12,2 – 14,6 cm. Para os machos foi obtido um L50 de 13,9 cm e um intervalo de<br />

maturação de 12,7 – 15,2 cm; para sexos agrupados o comprimento de primeira<br />

maturação foi de 13,2 cm e o intervalo de maturação de 12,1 – 14,4 cm (Figura 17 a, b e<br />

c).<br />

Frequência maduras (>= est 3)<br />

Frequência maduras (>= est 3)<br />

Frequência maduras (>= est 3)<br />

1<br />

0,75<br />

0,5<br />

0,25<br />

0,75<br />

0,25<br />

0<br />

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19<br />

1<br />

0,5<br />

0<br />

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19<br />

1<br />

0,75<br />

0,5<br />

0,25<br />

0<br />

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19<br />

Comprimento total ( cm)<br />

mat obs Logit L50 L75 L25<br />

Figura 17. Ogivas de maturação sexual para fêmeas (a), machos (b) e sexos agrupados<br />

(c).<br />

48<br />

b<br />

a<br />

c


3.3. Idades e crescimento<br />

3.3.1. Análise de frequências de comprimento<br />

Uma ampla distribuição de tamanhos foi observada tanto em Moma como em Pebane<br />

durante grande parte do ano (Figura 18). No entanto, as modas de individuos pequenos<br />

(≤7 cm) ocorreram principalmente entre Março e Setembro de 2007. Em Moma parece<br />

ter existido um indício de recrutamento em Janeiro de 2008. De modo geral, no principio<br />

e final do ano (na época chuvosa) foram individuos maiores (>10 cm) que dominaram as<br />

capturas do arrasto para a praia. Em Pebane, os indivíduos mais pequenos (4 cm) foram<br />

registados no mês de Março e os maiores (18 cm) no mês de Maio; em Moma, os<br />

indivíduos mais pequenos (3,5 cm) foram observados no mês de Janeiro de 2008 e os<br />

maiores em Dezembro de 2007 (Figuras 24 e 25, apêndice).<br />

49


50<br />

C. 2004<br />

Comprimento (cm)<br />

C. 2007<br />

C. 2006<br />

C. 2005<br />

Figura 18. Histogramas das composições mensais de comprimentos nos distritos de<br />

Moma e Pebane (dados combinados). Sobrepostas estão curvas de crescimento de quatro<br />

supostas coortes observadas ao longo de todo o período de amostragem. Seguindo o<br />

modelo de crescimento proposto, a coorte mais velha (linha amarela) terá tido o seu<br />

início em 2004.


3.3.2.Verificação por otólitos<br />

Apesar dos otólitos serem relativamente pequenos (< 7 mm) e translúcidos, a leitura por<br />

métodos simples, utilizando otólitos inteiros, nâo demonstrou ser fácil nem coerente. De<br />

modo geral, a leitura de otólitos de peixes menores de 12 cm deixou a impressão da<br />

inexistência de anéis anuais marcantes. Vistos em luz transmitida, alguns dos otólitos de<br />

peixes maiores deram a impressão da existência de um anel ao longo do rebordo inferior<br />

(Figura 19). No entanto, os resultados nem sempre foram consistentes para as várias<br />

combinações de tamanhos de peixe e estações do ano. Decidiu-se assim selecionar alguns<br />

otólitos provenientes de peixes de variados tamanhos para realização de cortes finos (0.4<br />

mm). Alguns dos otólitos dos peixes de maior tamanho capturados em Janeiro de 2008<br />

mostraram claramente, em secção fina, a formação de um ou dois anéis hialinos (Figura<br />

20). Além disso, alguns deles possuiam na margem um indício de zona opaca, o que<br />

poderia sugerir um período de crescimento rápido. O número de otólitos seccionados foi<br />

pequeno, o que não permitiu uma análise exaustiva do número de anéis e de incrementos<br />

marginais.<br />

51


Figura 19. Otólitos de Thryssa vitrirostris em vista dorsal, imersos em glicerol e<br />

iluminados com luz transmitida. O otólito pequeno, extraído dum peixe de comprimento<br />

total de 8.8 cm, apresenta um nucleo central bem definido. O otólito dum peixe grande<br />

(17 cm) parece apresentar um anel mais marcante ao longo do rebordo inferior.<br />

52


Figura 20. Estudo de secções finas de otolitos de Thryssa vitrirostris amostrados em<br />

Moma em Janeiro de 2008. Vista dorsal do otólito inteiro (à esquerda) de peixes com<br />

comprimento total de 3.5 cm, 13.5 cm e 18.0 cm, cujos otólitos mediam cerca de 1.5 mm,<br />

5 mm e 6 mm, respectivamente. Vistos em secção fina, o otólito do peixe #17 (centro)<br />

parece ter formado um primeiro anel hialino, enquanto o do peixe #18 (direita) parece já<br />

mostrar a formação completa dum segundo anel e um claro início duma zona opaca.<br />

53


3.3.3. Modelo de crescimento<br />

Os resultados da análise de crescimento de T. vitrirostris são apresentados graficamente<br />

na figura 21. No gráfico, a abcissa representa a idade imputada pela análise de progressão<br />

modal e o eixo das ordenadas o comprimento médio das modas ao longo de 2007. Duas<br />

curvas de crescimento de von Bertalanffy foram ajustadas à série de dados: uma curva<br />

simples, seguindo o modelo tradicional, e uma curva com uma componente periódica que<br />

sugere que o ocar tem um padrão de crescimento sazonal com K igual a 0,7 ano -1 , um<br />

comprimento assimptótico L∞ de 19,0 cm TL e uma amplitude de crescimento C de 0,9<br />

(Figura 21). Os dados das três coortes aglomeradas dão a aparência de crescimento<br />

sazonal, com uma estagnação entre 5 e 10 meses e outra entre 16 e 22 meses de idade.<br />

Mantendo o pressuposto da eclosão em Novembro, esta estagnação decorreria<br />

sensivelmente entre Abril e Setembro.<br />

Lt (cm)<br />

20<br />

18<br />

16<br />

14<br />

12<br />

10<br />

8<br />

6<br />

4<br />

2<br />

0<br />

0 6 12 18 24 30<br />

Idade (meses)<br />

54<br />

Coorte 2004<br />

Coorte 2005<br />

Coorte 2006<br />

Coorte 2007<br />

Ajuste vB<br />

Ajuste vB saz<br />

Figura 21. Curvas de crescimento de von Bertalanffy simples e sazonal ajustadas a<br />

Thryssa vitrirostris no distrito de Moma. As barras indicam o erro padrão das médias ds<br />

distribuições analisadas.


3.3.4. Relação peso-comprimento<br />

A relação de potência de T. vitrirostris amostrada entre Fevereiro de 2007 e Janeiro de<br />

2008 foi estudada a dois niveis de definição: para organismos individuais e para as<br />

médias de peso por intervalo de comprimento (1 cm) (Figura 22). A relação entre peso<br />

(PT, g) e comprimento total (CT, cm) para os valores médios resultou numa função com<br />

os seguintes parâmetros (Tabela 3):<br />

PT = 0,0073.CT 3,0120 (12)<br />

Para se obter um ajuste razoável da relação alométrica às observações individuais foi<br />

necessário separar estas observações em dois grupos: peixes pequenos, de comprimento<br />

15cm enviezou um<br />

pouco o ajuste para comprimentos superiores (Tabela 3), mesmo na análise desagregada.<br />

Tabela 3. Parâmetros da relação alométrica para Thryssa vitrirostris amostrada em Moma<br />

no período de Fevereiro de 2007 a Janeiro de 2008. “n” é o número de observações<br />

utilizadas em cada ajuste.<br />

Intervalo de tamanhos<br />

Dados de peso<br />

n<br />

Parâmetro<br />

q b<br />

Todos os tamanhos (4,5-18cm) Médias por intervalo 14 0,0073 3,0120<br />

Peixes pequenos (3,5 – 9.9 cm) Individuais 150 0,0283 2,3430<br />

Peixes grandes (10.0 – 18 cm) Individuais 1621 0,0020 3,5056<br />

55


Peso médio (g)<br />

Peso (g)<br />

Peso (g)<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19<br />

6<br />

5<br />

4<br />

3<br />

2<br />

1<br />

0<br />

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19<br />

70<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

Comprimento médio (cm)<br />

peso (g) Power (peso (g))<br />

Comprimento Total (cm)<br />

Peso P esp Power (P esp)<br />

0<br />

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19<br />

Comprimento Total (cm)<br />

Peso P esp Power (P esp)<br />

Figura 22. Relação peso-comprimento de Thyssa vitrirostris amostrado em Moma no<br />

período de Fevereiro de 2007 a Janeiro de 2008: (a) pesos médios por classe de<br />

comprimento; (b) peixes pequenos e c) peixes grandes.<br />

56<br />

b<br />

c<br />

a


3.4. Determinação de mortalidade total por curva de captura<br />

A curva de captura obtida para T. vitrirostris com os dados da amostragem efectuada<br />

entre Fevereiro de 2007 e Janeiro de 2008 encontra-se ilustrada na Figura 23. O método<br />

utilizado toma em consideração o padrão de crescimento sazonal. O declive da recta nos<br />

pontos seleccionados indica uma taxa instantânea relativa de mortalidade total Z= 2.30<br />

ano -1 . Só os grupos de idade indicados com circulos pontuados foram utilizados na<br />

determinação do declive da recta. Os grupos de idade inferior foram considerados<br />

estarem parcialmente recrutados à pescaria.<br />

Ln(n/dt)<br />

Curva manual de captura sasonal<br />

y = -2,3017x + 18,742<br />

R 2 20<br />

18<br />

16<br />

14<br />

12<br />

10<br />

8<br />

6<br />

4<br />

2<br />

0<br />

= 0,9933<br />

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5<br />

LN(n/dt)<br />

Idade (anos)<br />

Pontos seleccionados para a curva de captura<br />

Linear (Pontos seleccionados para a curva de captura)<br />

Figura 23. Curva de captura linearizada baseada na composição etária média das capturas<br />

de Thryssa vitrirostris do distrito de Moma no período de Fevereiro de 2007 a Janeiro de<br />

2008.<br />

57


4. DISCUSSÃO<br />

Uma das fontes de informação usada no presente trabalho consistiu das estatísticas de<br />

pesca recolhidas pelo IIP nos distritos de Mogincual, Angoche, Moma, Pebane e Beira<br />

entre 1997 e 2007. Este é um vasto e ambicioso programa de amostragem face às<br />

vicissitudes das nossas instituições. Visto as rotinas de extracção e controlo de qualidade<br />

de dados ainda não estarem perfeitamente regularizadas, foi necessario dedicar uma boa<br />

parte do tempo à inspecção da consistência dos dados. Contudo, foi possível usar os<br />

dados verificados para analisar as tendências temporais das capturas e rendimentos, as<br />

quais permitiram distinguir alguns padrões sazonais e anuais de abundância. Foi<br />

igualmente possível analisar as tendências geográficas de rendimentos, o que permitiu<br />

estudar as eventuais ocorrências de migração da população de ocar de cristal na região. A<br />

segunda fonte de informação foi a recolha mensal e análise laboratorial de peixe. Teria<br />

sido recomendável efectuar uma amostragem biológica mais intensiva no terreno. No<br />

entanto, limitações de tempo e dificuldades logísticas e financeiras determinaram que o<br />

estudo fosse optimizado para os escassos recursos existentes.<br />

A análise de padrões de crescimento e mortalidade foram alguns objectivos definidos no<br />

presente estudo. Os métodos a serem usados preconizavam o uso da leitura directa de<br />

otólitos para a verificação da composição etária da população. A leitura de otólitos por<br />

métodos simples, como a leitura de otólitos inteiros, não permitiu o obtenção de<br />

resultados consistentes. Isto deveu-se em parte às conhecidas complicações de leitura de<br />

estruturas duras em peixes de áreas tropicais referidas por Sparre & Venema (1997).<br />

Apesar de diversos especialistas em leitura de otólitos terem feito análises etárias em<br />

engraulídeos, poucos, ou nenhum, fez uma descrição sistemática dos métodos utilizados,<br />

ou documentou o seu trabalho com fotografias. Neste aspecto particular, será o presente<br />

trabalho talvéz o único no género, e aqui se discutem as dificuldades específicas e se<br />

fazem propostas para melhoria dos métodos.<br />

58


4.1. Distribuição e importância da família Engraulidae nos distritos de Mogincual,<br />

Angoche, Moma e Pebane<br />

As capturas acumuladas das espécies da família Engraulidae, observadas entre 1998 e<br />

2007 (Figuras 11 e 12) revelam a distribuição e a importância desta família, e<br />

principalmente de Thryssa vitrirostris, na região em estudo. De uma forma geral, as<br />

presentes observações parecem reflectir o padrão zoogeográfico descrito por Blaber<br />

(2000). Segundo este, a diversidade especifica de algumas familias, entre as quais a<br />

Engraulidae, decresce desde o seu centro evolucionário no sul da Ásia, em direcção ao<br />

Índico sudeste (Austrália) e sudoeste (sudeste Africano). Assim, os índices médios de<br />

densidade especifica (Figura 12) mostram grande homogeneidade em Mogincual, com 8<br />

espécies equitativamente representadas, passando a ser dominados por duas espécies em<br />

Pebane, no Sul. Ao longo deste gradiente geral norte-sul, dá-se principalmente um<br />

desaparecimento das espécies do género Encrasicholina, e um forte aumento da<br />

representação de Thryssa vitrirostris e Stolephorus indicus, mas não necessariamente<br />

doutras espécies nestes dois géneros taxonómicos. Esta dominância significa porventura<br />

que estas duas espécies, e primariamente o ocar de cristal, são migrantes marinhos<br />

bastante flexíveis, de menor afinididade obrigatória aos estuários, uma adaptação<br />

evolucionária postulada por Whitfield (1994). Isto poderá explicar a dominância do ocar<br />

de cristal ao longo da costa e dos estuários recentes e inconstantes do sudeste Africano,<br />

incluindo muitos pequenos estuários de Mocambique e da África do Sul (Blaber, 2000;<br />

Balói et al. 2002, 2003 e 2004). Ambientes deste tipo acentuam-se do norte para sul, na<br />

região em estudo, devido à influência dos rios Meluli entre Angoche e Moma, Ligonha<br />

entre Moma e Pebane, entre outros. As restantes espécies tiveram ocorrências esporádicas<br />

ao longo do período e região em análise, revelando o seu carácter migratório e transiente.<br />

Sobrepostos a estes padrões zoogeográficos regionais podem ocorrer variacões de<br />

carácter local: diferenças na exposição às ondas e do tipo de substrato das praias, e das<br />

correntes e turbidez da água podem-se reflectir na composição específica das capturas e,<br />

até, da composicao de tamanhos dos peixes (Clark, 1997).<br />

59


4.1.1. Evolução anual das capturas e rendimento (CPUE) de T. vitrirostris nos<br />

distritos de Mogincual, Angoche, Moma, Pebane e Beira<br />

Um aspecto fundamental para o ordenamento dos recursos pesqueiros é a definição da<br />

unidade populacional de gestão. Os resultados da análise particular das capturas e<br />

rendimentos (CPUE) da T. vitrirostris, apresentados na figura 13, confirmam os obtidos<br />

na análise conjunta das outras espécies da família (Figuras 11 e 12): existe um aumento<br />

da abundância relativa crescente de norte para sul, mas o pico de densidade junto à costa<br />

ocorre na região de Pebane. A este padrão de tipo regional e perene podem-se sobrepôr<br />

variacões anuais conotadas talvéz com fenómenos oceanográficos, ou com a dinâmica da<br />

população e da própria exploração pesqueira. Se a análise for feita por distrito, pode-se<br />

observar, por exemplo, que as capturas e os rendimentos de ocar nos distritos a norte, e<br />

particularmente em Mogincual, foram anormalmente altos entre 2002 e 2003 (Figura 13),<br />

o que pode indicar uma arribação ou migração de cardumes de período longo. Mas, os<br />

anos de 2002-2004 foram também, de modo geral, anos de bons rendimentos (CPUE) nos<br />

outros distritos a sul. Pressupondo que se trata duma única população, isto poderia indicar<br />

um aumento da população ou uma deslocação desta para junto à costa, tornando-se assim<br />

mais acessivel às artes de praia. Por outro lado, parece ter havido uma assincronia<br />

(correlação negativa) dos rendimentos entre os distritos do norte (Angoche e Moma) e os<br />

do sul (Pebane e Beira) no inicio e fim da série de dados. No início os rendimentos foram<br />

muito altos no norte, e aparentemente baixos no sul; de 2004 em diante os rendimentos de<br />

ocar têm baixado substancialmente no norte e aumentado no sul. Estas ocorrências<br />

podem suportar a hipótese de que se trata duma única unidade populacional cujo centro<br />

de densidade realiza deslocações de periodo longo (anos) entre o norte e o sul.<br />

De relevância também para o ordenamento das pescas é o conhecimento do estado da<br />

população. Os dados acústicos de cruzeiros são intermitentes, mas indicam uma redução<br />

muito considerável, de cerca de 90%, da abundância de pequenos pelágicos (PEL1), entre<br />

os quais se inclui o ocar, entre a década de 1980-1990 e 2007. É possível que as<br />

estimativas resultantes deste tipo de acústica não sejam muito propícias para pequenos<br />

pelágicos do tipo do ocar, quer por dificuldades técnicas, quer pela natureza da<br />

60


distribuição do recurso. Espécies como o ocar tendem muitas vezes a utilizar a zona<br />

costeira, muitas vezes a própria zona litoral de rebentação, como habitat preferido,<br />

possivelmente para escapar à predação por peixes píscivoros em águas mais afastadas<br />

(Blaber, 2000; Sato et al., 2008) . Esta estratégia tanto dificulta o levantamento acústico<br />

por navios de grande porte, como porventura os torna mais acessiveis a artes de arrasto<br />

para a praia.<br />

A tendência geral para os anos amostrados nos distritos de Angoche e Moma é de<br />

redução de desembarques e rendimentos, em particular no distrito de Angoche onde se<br />

registou uma redução drástica a partir de 2004. Brito et al. (2006), referiram que as<br />

capturas totais da pesca artesanal baixaram nos últimos anos como consequência da<br />

redução das capturas da T. vitrirostris, a espécie mais importante. De facto, as capturas<br />

no distrito de Angoche reduziram-se drasticamente entre 2003 a 2005, de 17,3 para 0,05<br />

toneladas (Figura 5). Em geral, a densidade da espécie (ilustrada pelos rendimentos de<br />

pesca) parece ter estabilizado nos últimos anos em Pebane e Beira, apesar da tendência<br />

decrescente dos desembarques. Isto poderia, em principio, ser explicado por uma<br />

deslocação do stock para sul, ou por uma recuperação do seu estado devido ao abandono<br />

do esforço, se se excluirem possíveis artefactos de amostragem deficiente, de aumento do<br />

poder de pesca ou outra qualquer mudança na capturabilidade da espécie. Nos três<br />

distritos mais a norte, incluindo Moma, a tendência tem sido a duma descida marcante<br />

nos rendimentos de pesca nos últimos 3-4 anos. Assim, parece realmente ter existido uma<br />

diminuição da acessibilidade ou da abundância do recurso, embora não tão extrema como<br />

os dados acústicos o poderiam indicar. No entanto, a curta extensão e falta de<br />

sobreposição temporal das séries de dados de cruzeiros e de amostragem na praia não<br />

permitem retirar elações definitivas sobre as causas e extensão do declínio.<br />

61


4.1.2. Variação sazonal dos Rendimentos de pesca<br />

A variação mensal dos rendimentos (CPUE) de pesca do ocar pode fornecer informação<br />

sobre possiveis migrações sazonais. Duma maneira geral, a espécie mostrou, num mesmo<br />

ano, mais que duas modas na mesma localidade. Por exemplo, no distrito de Mogincual,<br />

onde o registo da espécie é esporádico, ocorreram duas modas salientes no segundo<br />

trimestre de 2002 e no terceiro de 2003. A tendência geral foi, no entanto, da ocorrência<br />

de modas mais salientes na época estendida das chuvas (Outubro-Março) nos distritos<br />

mais a sul (Pebane e Beira), e na época estendida da seca (Abril-Setembro) nos distritos a<br />

norte, em particular em Mogincual (Figura 14). Embora exista uma grande variabilidade<br />

inter-anual neste padrão (Figura 26, em apêndice), o tempo das chuvas é, segundo os<br />

pescadores artesanais entrevistados em Moma , uma época de boas capturas. Este facto<br />

será porventura devido á maior disponibilidade de nutrientes, que são arrastados pelas<br />

chuvas do interior para a costa, e uma maior produtividade local.<br />

De um modo geral, se estas tendências se confirmarem os dados dos rendimentos<br />

sazonais poderão indicar que existe normalmente uma migração latitudinária da<br />

população a partir do centro de distribuição em direcção ao norte na altura das chuvas.<br />

Esta fronte migratória atingiria os distritos a norte de Pebane, primeiramente Moma, e<br />

depois Angoche, já no início da estacão seca. Em anos especiais de migração, a fronte de<br />

T. vitrirostris poderia atingir e ser capturada em Mogincual, mas já no período de Maio a<br />

Setembro. A variação inter-anual na força desta migração poderá estar dependente de<br />

factores oceanográficos, tais como variações no transporte da água costeira para norte ou<br />

para sul, devidas à localização propícia dos vortices ciclónicos e anti-ciclónicos (Segtnan,<br />

2006; Lutjeharms, 2007). Por esta razão torna-se difícil estabelecer se o decréscimo dos<br />

rendimentos e capturas na região norte se deveu somente a i) excesso de pesca, ou padrão<br />

incorrecto de pesca (redes de malha fina) dentro da própria região, ii) a factores<br />

ambientais que dificultaram a deslocação da população para norte, ou iii) a pesca<br />

excessiva na região central de distribuição da população (Zambézia). Esta tendência<br />

migratória sazonal deverá ser analisada detalhadamente em estudos futuros com maior<br />

definicao geográfica. A confirmar-se a tendência estar-se-á na presença duma pescaria de<br />

62


tipo sequencial: os rendimentos de pesca a juzante poderão ser comprometidos pela pesca<br />

intensiva em centros de pesca a montante. Este seria mais um desafio à gestão dum<br />

recurso único partilhado.<br />

4.2. Reprodução e ogiva de maturação sexual<br />

4.2.1. Proporção de sexos e tendências sazonais de maturação<br />

De um modo geral, a proporção de fêmeas nas capturas foi igual ou superior à de machos<br />

(Figura 15) Estes resultados podem evidenciar a distinta capturabilidade dos dois sexos<br />

para a arte de arrasto para a praia (Figura 2) e particularidades do comportamento dos<br />

dois sexos na zona, que parece ser um local de desova. Encontraram-se individuos<br />

maduros e desovantes ao longo de todo o ano, mas o período principal de desova parece<br />

ter ocorrido em Outubro-Dezembro (Figura 16). Em Dezembro, a maior parte das<br />

fêmeas amostradas encontrava-se no último estado de maturação (desova/repouso). Estes<br />

resultados confirmam os estudos de Saetre & Silva (1979, referidos por Gjosaeter &<br />

Sousa, 1983). O uso desta área como local de desova por T. vitrirostris poderá ser uma<br />

questão estratégica ligada à disponibilidade alimentar para as suas larvas, já que o<br />

ambiente é estuarino e provavelmente mais produtivo (Fisher et al., 1990; Balói et al.,<br />

2002, 2003, 2004). Observou-se no presente estudo que a proporção sexual varia ao<br />

longo dos meses (Figura 16): com a aproximação de Dezembro a diferença entre as<br />

percentagens dos sexos diminui, mostrando que tal tendência pode ser consequência da<br />

proximidade da época reprodutiva..<br />

Além duma possivel estrategia de migração ligada ao sexo, os presentes resultados<br />

também indicam uma possivel diferenciação no respeitante a tamanhos. Quando a análise<br />

da proporçao sexual nas capturas foi feita por classes de comprimento, pôde-se<br />

evidenciar o predomínio de fêmeas nas classes de maior tamanho (Figura 15). Este<br />

aspecto, que está de acordo com as observações feitas previamente por Vazzoler (referido<br />

por Silva et al., 2003), pode indicar que os dois sexos de T. vitrirostris têm diferentes<br />

63


padrões de crescimento e/ou de mortalidade. Estes são aspectos que merecem estudos<br />

detalhados, e uma maior carga de amostragem biológica, em futuros trabalhos.<br />

4.2.2. Ogiva de maturação sexual<br />

As presentes observações feitas em Moma indicam somente ligeiras diferenças nos<br />

comprimentos de primeira maturação (L50) de fêmeas (13,4 cm) e machos (13,9 cm),<br />

havendo uma grande sobreposição nos intervalos de maturação (comprimentos de L25 a<br />

L75). Para os sexos agrupados o comprimento de primeira maturação foi de 13,2 cm e o<br />

intervalo de maturação de 12,1 – 14,4 cm. Na África do Sul, Wallace (1975, in Balói et<br />

al., 2002), observou um comprimento de primeira maturação de 8 cm para o ocar de<br />

cristal. No Banco de Sofala, Pereira (2008, em preparação) obteve um comprimento de<br />

50% de maturação gonadal para esta espécie de 12,1 cm, utilizando a mesma<br />

metodologia de classificação gonadal que o presente autor. Este é um valor próximo do<br />

intervalo de maturação obtido no presente estudo e pode indicar pequenas variações na<br />

distribuição da população ou pequenos artefactos da amostragem. A disparidade do<br />

resultado obtido por Wallace na África do Sul, no entanto, já indica grandes diferenças<br />

ecológicas, ou da metodologia utilizada na apreciação macroscópica das gónadas e no<br />

ajuste de curvas de maturação.<br />

Vaz-dos-Santos et al. (2005) referem que, de modo geral, diferentes valores observados<br />

em diferentes estudos para os comprimentos e idades de primeira maturação gonadal<br />

reflectem a variação de recrutamento e do crescimento, que são características intrínsecas<br />

de cada coorte. Os mesmos autores, referindo os trabalhos de Vazzoler (1981; 1996),<br />

referem que a estimativa do comprimento médio de primeira maturação gonadal adquire<br />

importância quando uma população de peixe está sujeita a exploração, pois a pesca em si<br />

pode ter efeitos densito-dependentes sobre os parâmetros reprodutivos da população.<br />

Bezzi & Tringali (2003) in Vaz-dos-Santos et al. (2005), apontam que, quando se regula<br />

a sobrepesca, controla-se, além do esforço de pesca, o atingimento da primeira maturação<br />

gonadal.<br />

64


No contexto da gestão do recurso, o comprimento e idade de primeira maturação gonadal<br />

podem representar pontos de referência biológica utilizados como tamanho mínimo de<br />

captura (Hilborn, 2002). Este é um aspecto que merece futura consideração para o<br />

ordenamento pesqueiro da T. vitrirostris. No entanto, outros indicadores deverão ser<br />

combinados nesta avaliacão, pois em Moçambique a pesca artesanal de arrasto a praia é<br />

de natureza multiespecífica, não havendo esforço dirigido especificamente para T.<br />

vitrirostris. Medidas de gestão de recursos baseadas no comprimento do pescado<br />

implicam que se façam, no futuro, estudos aprofundados da selectividade da arte de<br />

arrasto para a praia. Para tal, as capturas de artes de arrasto munidas de rede mosquiteira<br />

poderão servir de controlos nos mesmos centros de pesca.<br />

4.3. Idade e crescimento<br />

4.3.1. Análise de frequência de comprimento<br />

Os resultados das distribuições de frequências de comprimento (Figura 18), mostram que<br />

os indivíduos mais pequenos (< 7 cm) tendem a aparecer na pescaria nos meses de<br />

Março, Maio, Julho e Setembro o que poderá corresponder ao período de recrutamento.<br />

Nos outros meses, os individuos amostrados tendem a ser, de modo geral, maiores (7-16<br />

cm). Gjosaeter & Sousa ( 1983), citam também que o recrutamento desta espécie<br />

acontece de Abril a Junho, e de Setembro a Outubro. Segundo os resultados do presente<br />

estudo, os tamanhos dos indivíduos variaram de 3,5 a 18 cm nos dois distritos (Moma e<br />

Pebane). Estes resultados confirmam os obtidos por Gislason & Sousa (1985), que<br />

referem que no Banco de Sofala indivíduos menores são capturados desde a boca do rio<br />

Zambeze até Pebane, enquanto que os indivíduos maiores, até 22,5 cm, são capturados<br />

longe da costa. A ocorrência de indivíduos de quase todos os tamanhos no presente<br />

estudo pode corroborar a ideia de que a espécie usa a área de estudo como zona de<br />

desova e crescimento inicial.<br />

65


4.3.2. Modelo de crescimento<br />

Os resultados da análise de crescimento para Ocar de cristal são apresentados na Figura<br />

20. A espécie parece ter um crescimento sazonal e rápido com uma amplitude de<br />

crescimento C de 0,9. Sparre & Venema (1997), referem que este parâmetro assume<br />

valores entre 0 e 1, pelo que quanto maior for o valor de C, como é o caso do Ocar de<br />

cristal, mais pronunciadas são as oscilações sazonais na taxa de crescimento. Assumindo<br />

que a data de eclosão é em Novembro, os períodos de estagnação de crescimento das<br />

várias coortes ocorrem sensivelmente entre Abril e Setembro (Figura 21). Esta é a época<br />

seca, o que corrobora a possibilidade do crescimento ser fortemente influenciado pelo<br />

ciclo de cheias e produção primária, tanto nos estuários como na plataforma adjacente<br />

(Blaber, 2000).<br />

O comprimento assimptótico estimado foi de 19,0 cm para um coeficiente de crescimento<br />

de 0,7 ano -1 . Na Baía de Maputo, os valores de comprimento assimptótico (L∞) obtidos<br />

anteriormente variaram de 22,8 a 28,5 cm com K de 0,52 a 0,77 ano -1 (Gjøsaeter &<br />

Sousa, 1987). O coeficiente de crescimento encontrado no presente estudo, parece ser<br />

típico dos pequenos pelágicos tropicais: Sparre & Venema (1997, p 76), referem que o<br />

valor de K está relacionado com a taxa metabólica do peixe e que os pequenos peixes<br />

pelágicos são bastante activos, tendo por isso, um K maior que os demersais. Os mesmos<br />

autores dizem ainda que K é também função de temperatura, tendo, portanto, os peixes<br />

tropicais um coeficiente de crescimento maior que os de água fria.<br />

Outros estudos referem que a espécie cresce até 20 cm (Fischer et al., 1990). Contudo,<br />

foram encontrados no Banco de Sofala indivíduos com o comprimento máximo de 22,5<br />

cm (Gjosaeter & Sousa, 1983). No presente trabalho o valor de Lmax encontrado foi de<br />

18 cm, e não se encontram justificacões simples para esta disparidade na distribuição<br />

geográfica de comprimentos. No entanto, diferenças temporais entre as duas amostragens<br />

podem explicar parte desta diferença. No cruzeiro do navio Fridjof Nansen efectuado em<br />

Setembro de 2007 ao longo da costa de Mocambique, a distribuição de comprimentos<br />

teve forte semelhancas àquela observada no mesmo mês no presente trabalho: além duma<br />

66


moda dominante para peixes de cerca de 7 cm, a distribuição de comprimentos não se<br />

estendeu além dos 19 cm (dados de cruzeiro não publicados). Dada a falta de dados<br />

históricos contínuos é difícil explicar se esta diminuição aparente do tamanho máximo se<br />

deve a flutuacões naturais ou a sobre-pesca.<br />

4.3.3.Verificação por otólitos<br />

Não foram encontrados na literatura estudos sobre a leitura de otólitos para a T.<br />

vitrirostris ou espécies afins. Vários métodos foram tentados no presente trabalho<br />

(secção 2.4.1), e foi difícil determinar idades a partir da leitura de otólitos inteiros.<br />

Utilizando este método nem sempre foi possível detectar a presença de anéis<br />

possivelmente anuais, mesmo para individuos de comprimentos superiores a 12 cm. Esta<br />

dificuldade é tradicionalmente descrita como caractéristica de espécies de peixes<br />

tropicais: por exemplo, Sparre & Venema (1997), afirmam que espécies de peixes<br />

tropicais raramente mostram aneis anuais nítidos nos seus otólitos ou escamas, pelo facto<br />

de não existir a forte sazonalidade que caracteriza as zonas temperadas. No entanto, a<br />

análise piloto efectuada no presente trabalho indica que não só poderão ser observados<br />

claros anéis hialinos, como também zonas de provável crescimento rápido (opacas),<br />

desde que se utilizem secções osteológicas finas. Algumas das observações feitas em<br />

Janeiro de 2008 (Figura 20) indicam que peixes de 13.5 cm e 18.0 cm poderão já estar a<br />

entrar no 2º e 3º ano de vida, o que se parece ajustar ao padrão anual de crescimento<br />

acima descrito. Embora as observações em secção fina sejam poucas e variáveis, a<br />

existência duma zona de crescimento rápido em Janeiro (estação húmida) também se<br />

coaduna com o padrão sazonal de crescimento acima proposto. As presentes estimativas<br />

de crescimento, em conjunto com as anteriores observações de maturação sexual,<br />

parecem indicar que a entrada na população desovante aos 12,1 – 14,4 cm (L25 - L75) de<br />

comprimento se perfaz no final do 1º ano de vida dos indivíduos.<br />

O método de leitura de secções finas parece assim bastante promissor para esta espécie, e<br />

talvez para outras afins em águas tropicais. No entanto, a implementação desta técnica<br />

67


equer ainda um grande esforço de calibração, de modo a serem feitos estudos<br />

sistemáticos de deposição de anéis marcantes e de incrementos marginais em otólitos.<br />

Estudos desta natureza são certamente necessários no futuro apesar das vicissitudes. Uma<br />

das principais dificuldades será a de equipar os laboratórios, principalmente os<br />

provinciais, de recursos humanos e técnicos para estas tarefas. O aparente crescimento<br />

rápido das coortes, aliado à alta mortalidade natural desta espécie (ver abaixo), preconiza<br />

que a análise de crescimento num futuro próximo se continue a basear no estudo de<br />

progressão de modas de comprimento. A leitura de otólitos deverá ser efectuada para<br />

verificação pontual.<br />

4.3.4. Relação peso-comprimento<br />

Os parâmetros médios da relação peso-comprimento determinados durante este estudo<br />

são similares aos obtidos por outros autores, tanto no Banco de Sofala (Brinca et al.,<br />

1983) como na África do Sul (Harrison, 2001) (Tabela 3). Foram, contudo, observadas<br />

diferenças no presente estudo entre indivíduos pequenos e grandes quando a análise foi<br />

efectuada a nível individual (tabela 3). As diferenças nos parâmetros entre o peso e o<br />

comprimento observadas por tamanho harmonizam-se com os resultados obtidos nas<br />

análises de crescimento (Figura 20) e maturação. T. vitrirostris apresenta momentos de<br />

estagnação no seu crescimento, mas também períodos de crescimento vigoroso. Aliado à<br />

maturação sexual decorrente no final do ano, este crescimento contribui para as grandes<br />

flutuações do factor de condição que foram observadas nos individuos maiores (> 10 cm).<br />

Como tal, foi necessário ajustar duas curvas alométricas para obter uma descrição mais<br />

exacta e menos enviezada para o leque total de comprimentos individuais.<br />

68


Tabela 4. Comparação dos parâmetros da relação peso-comprimento de T. vitrirostris<br />

(sexos combinados) entre vários estudos efectuados na região. De notar que tanto<br />

comprimento total (CT) como standard (CS) têm sido utilizados.<br />

Local Comprimento q b Referência<br />

Banco de Sofala 0,004 3,172 Brinca et al (1983)<br />

África do Sul (estuário) CS 0,0051 3,189 Harrison (2001)<br />

Banco de Sofala (Moma) CT (3-18 cm) 0,0073 3,012 Presente estudo<br />

4.4. Determinação de mortalidade por curva de captura<br />

A mortalidade total instantânea (Z = 2,30 ano -1 ), foi determinada a partir da curva de<br />

captura com adaptação sazonal (Figura 22). Não foram encontrados na literatura estudos<br />

sobre a mortalidade de T. vitrirostris. Estimativas derivadas de valores padrão da família<br />

Engraulidae feitas por Eli (2007, disponíveis na FishBase 5 ), indicam uma taxa de<br />

mortalidade natural M esperada de 1,40 ano -1 . Se for assumido este valor como a taxa de<br />

mortalidade natural também para T. vitrirostris na área deste estudo, e de acordo com o<br />

valor obtido no presente estudo para a mortalidade total, a mortalidade instantânea anual<br />

por pesca F será de 0,90 ano -1 . Este é um valor bastante alto, mas que corresponderia a<br />

uma taxa de exploração (F/(F+M) de sensivelmente 40%, o que sendo alto não é<br />

excessivo. Os próximos estudos da biologia pesqueira desta espécie deverão agregar as<br />

composições de comprimentos e estimativas de crescimento, usando para isso dados<br />

recolhidos em cruzeiros e junto à costa. Deste modo será possível melhorar as estimativas<br />

de mortalidade por pesca, e avaliar mais correctamente o estado de exploração da<br />

população.<br />

5 (www. fishbase.org)<br />

69


5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES<br />

5.1. Conclusões<br />

o Os dados da CPUE indicaram que o distrito de Pebane parece ser o centro da<br />

distribuição da população de T. vitrirostris, a qual parece migrar latitudinamente<br />

em direcção ao norte na altura das chuvas.<br />

o Tem havido uma redução considerável da captura e rendimentos da espécie, em<br />

particular nos distritos de Angoche, Moma e Mogincual.<br />

o A espécie utiliza a área de estudo (Moma) tanto para reprodução como para o<br />

crescimento e, o período de desova abrange principalmente os meses de<br />

Novembro a Dezembro (dentro do período amostrado).<br />

o O comprimento de primeira maturação foi estimado em 13,2 cm para sexos<br />

agrupados, e em 13,4 cm e 13,9 cm para fêmeas e machos, respectivamente.<br />

o As estimativas de crescimento conjugadas com as observações de maturação<br />

sexual indicam que a entrada dos indivíduos na população desovante ocorre aos<br />

12,1 – 14,4 cm (L25 - L75) de comprimento, quando estão no final do primeiro ano<br />

de vida.<br />

o Os dados de amostragem indicaram que as capturas incidem em grande parte<br />

sobre individuos juvenis. Isto poderá comprometer a reposição do stock.<br />

o Dada a natureza multispecifica da pesca de arrasto para a praia, o comprimento de<br />

primeira maturação de T. vitrirostris dificilmente poderá ser a única ferramenta a<br />

ser utilizada para o ordenamento da pescaria.<br />

70


o O ocar de cristal apresenta um padrão de crescimento sazonal com L∞ = 19,0 cm,<br />

K = 0,70 ano -1 e uma amplitude da taxa de crescimento C de 0,9. Assumindo a<br />

eclosão em Novembro, a época de baixo crescimento ocorre na estação seca,<br />

sensivelmente entre Abril e Setembro.<br />

o T. vitrirostris apresenta uma taxa de mortalidade instantânea total de 2,30 ano -1 .<br />

Apesar da taxa instantânea de mortalidade natural ser presumivelmente alta, este<br />

valor de Z parece indicar que a pesca é uma considerável causa de mortalidade.<br />

o Os modelos de gestão pesqueira para esta população, ou populações, devem tomar<br />

em consideração a maturação relativamente tardia e os padrões sazonais de<br />

crescimento (e produção) do stock.<br />

5.2. Recomendações<br />

o A realização de estudos futuros sobre a biologia de T. vitrirostris e suas interações<br />

com o ambiente é uma necessidade, pois trata-se de um recurso capturado<br />

comercialmente, que precisa de uma gestão sustentável.<br />

o Futuros estudos da biologia pesqueira desta espécie deveriam agregar as<br />

composições de comprimentos e estimativas de crescimento, usando para isso<br />

dados recolhidos em cruzeiros e junto à costa. Deste modo será possível melhorar<br />

as estimativas de mortalidade por pesca, e avaliar mais correctamente o estado de<br />

exploração da população.<br />

o A realização de futuro estudos aprofundados de selectividade da arte de arrasto<br />

para a praia para determinar a selectividade da pescaria. Para tal, as capturas de<br />

artes de arrasto munidas de rede mosquiteira poderão servir de controlo nos<br />

mesmos centros de pesca.<br />

71


o Devem ser feitos estudos sobre a tendência migratória sazonal da T. vitrirostris<br />

com maior definição geográfica, o que implica maior cobertura no terreno.<br />

o Uma maior carga de amostragem biologica é necessária para verificar se os dois<br />

sexos de T. vitrirostris têm diferentes padrões de crescimento e/ou de<br />

mortalidade, uma possibilidade que é levantada pelos presentes dados.<br />

o Dificuldade técnicas aliadas ao crescimento rápido das coortes desta espécie e à<br />

sua alta mortalidade natural, preconizam que a análise de crescimento se continue<br />

a basear na análise de progressão modal de comprimento. No entanto, a leitura de<br />

otólitos deve ser feita para verificação pontual das estimativas de crescimento, e<br />

principalmente do seu carácter sazonal. Modelos de pescas devem tomar em conta<br />

estes padrões sazonais.<br />

72


6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

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Sato, N., et al. (2008). Species composition and dynamics of larval and juvenile fishes in<br />

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Silva, M. A, F. G. Araujo, M.C.C. Azevedo & Mendonça, P., 2003. Distribuição espacial<br />

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75


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Whitfield, A.K. (1994). Fish species diversity in southern African estuarine systems: an<br />

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76


7. APÊNDICE<br />

Tabela 5. Ficha para amostragem laboratorial usada durante o presente estudo<br />

Ficha de amostragem biologica<br />

Espécie: Thryssa vitrirostris<br />

Estrato: __________________________________________________<br />

Centro de pesca: __________________________________________<br />

Data: _____ / _____ / _______<br />

Nr. Ordem Data Wt (g) Lt (cm) Aneis obs. Estágio mat Sexo<br />

1<br />

2<br />

3<br />

4<br />

5<br />

6<br />

7<br />

8<br />

9<br />

10<br />

11<br />

12<br />

13<br />

14<br />

15<br />

16<br />

17<br />

18<br />

19<br />

20<br />

21<br />

22<br />

23<br />

24<br />

25<br />

26<br />

27<br />

28<br />

29<br />

30<br />

31<br />

32<br />

33<br />

34<br />

35<br />

36<br />

37<br />

38<br />

39<br />

40<br />

41<br />

42<br />

43<br />

44<br />

45<br />

46<br />

47<br />

48<br />

49<br />

50<br />

77


%<br />

%<br />

%<br />

%<br />

%<br />

%<br />

100<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

100<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

100<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

100<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

100<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

100<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

3-4<br />

3-4<br />

3-4<br />

3-4<br />

3-4<br />

3-4<br />

4-5<br />

4-5<br />

4-5<br />

4-5<br />

4-5<br />

4-5<br />

5-6<br />

5-6<br />

5-6<br />

5-6<br />

5-6<br />

5-6<br />

6-7<br />

6-7<br />

6-7<br />

6-7<br />

6-7<br />

6-7<br />

Fevereiro 2007 Moma (n=128)<br />

7-8<br />

8-9<br />

9-10<br />

10-11<br />

11-12<br />

12-13<br />

13-14<br />

Classe de comprimento (cm)<br />

Março 2007 Moma (n=100)<br />

7-8<br />

Julho 2007 Moma (n=100)<br />

7-8<br />

8-9<br />

9-10<br />

10-11<br />

11-12<br />

12-13<br />

13-14<br />

Classe de comprimento (cm)<br />

Agosto 2007 Moma (n=98)<br />

7-8<br />

8-9<br />

8-9<br />

9-10<br />

9-10<br />

10-11<br />

10-11<br />

11-12<br />

11-12<br />

12-13<br />

12-13<br />

13-14<br />

Classe de comprimento (cm)<br />

Abril 2007 Moma (n=100)<br />

7-8<br />

8-9<br />

9-10<br />

10-11<br />

11-12<br />

12-13<br />

13-14<br />

Classe de comprimento (cm)<br />

Maio 2007 Moma (n=100)<br />

7-8<br />

8-9<br />

9-10<br />

10-11<br />

11-12<br />

12-13<br />

13-14<br />

Classe de comprimento (cm)<br />

13-14<br />

Classe de comprimento (cm)<br />

14-15<br />

14-15<br />

14-15<br />

14-15<br />

14-15<br />

14-15<br />

15-16<br />

15-16<br />

15-16<br />

15-16<br />

15-16<br />

15-16<br />

16-17<br />

16-17<br />

16-17<br />

16-17<br />

16-17<br />

16-17<br />

17-18<br />

17-18<br />

17-18<br />

17-18<br />

17-18<br />

17-18<br />

18-19<br />

18-19<br />

18-19<br />

18-19<br />

18-19<br />

18-19<br />

%<br />

%<br />

%<br />

%<br />

%<br />

78<br />

100<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

100<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

100<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

100<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

100<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

3-4<br />

3-4<br />

3-4<br />

3-4<br />

3-4<br />

4-5<br />

4-5<br />

4-5<br />

4-5<br />

4-5<br />

5-6<br />

5-6<br />

5-6<br />

5-6<br />

5-6<br />

6-7<br />

6-7<br />

6-7<br />

6-7<br />

6-7<br />

Setembro 2007 Moma (n=82)<br />

7-8<br />

Janeiro 2008 Moma (n=763)<br />

7-8<br />

8-9<br />

8-9<br />

9-10<br />

9-10<br />

10-11<br />

10-11<br />

11-12<br />

11-12<br />

12-13<br />

12-13<br />

13-14<br />

Classe de comprimento (cm)<br />

Outubro 2007 Moma (n=100)<br />

7-8<br />

8-9<br />

9-10<br />

10-11<br />

11-12<br />

12-13<br />

13-14<br />

Classe de comprimento (cm)<br />

Novembro 2007 Moma (n=100)<br />

7-8<br />

8-9<br />

9-10<br />

10-11<br />

11-12<br />

12-13<br />

13-14<br />

Classe de comprimento (cm)<br />

Dezembro 2007 Moma (n=100)<br />

7-8<br />

8-9<br />

9-10<br />

10-11<br />

11-12<br />

12-13<br />

13-14<br />

Classe de comprimento (cm)<br />

13-14<br />

Classe de comprimento (cm)<br />

Figura 24. Distribuição de frequencies de comprimento de T. vitrirostris entre Fevereiro<br />

de 2007 e Janeiro de 2008 no distrito de Moma.<br />

14-15<br />

14-15<br />

14-15<br />

14-15<br />

14-15<br />

15-16<br />

15-16<br />

15-16<br />

15-16<br />

15-16<br />

16-17<br />

16-17<br />

16-17<br />

16-17<br />

16-17<br />

17-18<br />

17-18<br />

17-18<br />

17-18<br />

17-18<br />

18-19<br />

18-19<br />

18-19<br />

18-19<br />

18-19


%<br />

%<br />

%<br />

%<br />

100<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

100<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

100<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

100<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

3-4<br />

3-4<br />

4-5<br />

4-5<br />

3-4<br />

4-5<br />

3-4<br />

4-5<br />

5-6<br />

5-6<br />

5-6<br />

6-7<br />

5-6<br />

6-7<br />

6-7<br />

6-7<br />

Janeiro 2007 Pebane (n=12)<br />

7-8<br />

8-9<br />

9-10<br />

10-11<br />

11-12<br />

12-13<br />

13-14<br />

14-15<br />

Classes de comprimento (cm)<br />

Março 2007 Pebane (n=107)<br />

7-8<br />

8-9<br />

9-10<br />

10-11<br />

11-12<br />

12-13<br />

13-14<br />

14-15<br />

Classes de comprimento (cm)<br />

Abril 2007 Pebane (n=107)<br />

7-8<br />

8-9<br />

Maio 2007 Pebane (n=217)<br />

7-8<br />

8-9<br />

9-10<br />

9-10<br />

10-11<br />

10-11<br />

11-12<br />

12-13<br />

11-12<br />

13-14<br />

12-13<br />

14-15<br />

15-16<br />

Classes de comprimento (cm)<br />

13-14<br />

14-15<br />

Classes de comprimento (cm)<br />

15-16<br />

15-16<br />

15-16<br />

16-17<br />

16-17<br />

16-17<br />

17-18<br />

16-17<br />

17-18<br />

17-18<br />

17-18<br />

79<br />

18-19<br />

18-19<br />

18-19<br />

19-20<br />

18-19<br />

%<br />

%<br />

%<br />

%<br />

100<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

100<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

100<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

100<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

3-4<br />

3-4<br />

3-4<br />

3-4<br />

4-5<br />

4-5<br />

4-5<br />

4-5<br />

5-6<br />

5-6<br />

5-6<br />

5-6<br />

6-7<br />

6-7<br />

Junho 2007 Pebane (n=112)<br />

7-8<br />

8-9<br />

9-10<br />

10-11<br />

11-12<br />

12-13<br />

13-14<br />

14-15<br />

Classes de comprimento (cm)<br />

Julho 2007 Pebane (n=100)<br />

7-8<br />

8-9<br />

9-10<br />

10-11<br />

11-12<br />

12-13<br />

13-14<br />

14-15<br />

Classes de comprimento (cm)<br />

Setembro 2007 Pebane (n=97)<br />

6-7<br />

6-7<br />

7-8<br />

8-9<br />

9-10<br />

10-11<br />

11-12<br />

12-13<br />

13-14<br />

14-15<br />

Classes de comprimento (cm)<br />

Outubro 2007 Pebane (n=7)<br />

7-8<br />

8-9<br />

9-10<br />

10-11<br />

11-12<br />

12-13<br />

13-14<br />

14-15<br />

Classes de comprimento (cm)<br />

Figura 25. Distribuição de frequencies de comprimento de T. vitrirostris entre Janeiro e<br />

Outubro de 2007 no distrito de Pebane.<br />

15-16<br />

15-16<br />

15-16<br />

15-16<br />

16-17<br />

16-17<br />

16-17<br />

16-17<br />

17-18<br />

17-18<br />

17-18<br />

17-18<br />

18-19<br />

18-19<br />

18-19<br />

18-19


Tabela 6. Captura por unidade de esforço (CPUE) de ocar de cristal nos distritos de<br />

Mogincual, Angoche, Moma, Pebane e Beira entre 1998 e 2007.<br />

Distrito Ano Média N Desvio-padrão<br />

1998 0,00 1 .<br />

1999 0,00 1 .<br />

2000 0,00 1 .<br />

2001 0,00 1 .<br />

Mogincual<br />

2002<br />

2003<br />

2,60<br />

1,80<br />

1<br />

1<br />

.<br />

.<br />

2004 0,00 1 .<br />

2005 0,00 1 .<br />

2006 0,00 1 .<br />

2007 0,00 1 .<br />

Total<br />

0,44 10 0,95<br />

1998 32,40 1 .<br />

1999 9,40 1 .<br />

2001 6,00 1 .<br />

2002 12,60 1 .<br />

Angoche 2003 12,10 1 .<br />

2004 5,70 1 .<br />

2005 0,00 1 .<br />

2006 3,30 1 .<br />

2007 0,30 1 .<br />

Total<br />

9,09 9 9,86971<br />

1998 29,70 1 .<br />

1999 22,30 1 .<br />

2001 24,70 1 .<br />

2002 21,30 1 .<br />

Moma 2003 22,50 1 .<br />

2004 24,30 1 .<br />

2005 17,00 1 .<br />

2006 13,20 1 .<br />

2007 11,60 1 .<br />

Total<br />

20,73 9 5,80<br />

1999 21,90 1 .<br />

2000 49,30 1 .<br />

2001 38,50 1 .<br />

2002 35,70 1 .<br />

Pebane<br />

2003 46,70 1 .<br />

2004 41,90 1 .<br />

2005 24,20 1 .<br />

2006 46,30 1 .<br />

2007 61,20 1 .<br />

Total<br />

40,63 9 12,34<br />

2001 41,40 1 .<br />

2002 44,40 1 .<br />

Beira<br />

2003<br />

2004<br />

41,80<br />

18,40<br />

1<br />

1<br />

.<br />

.<br />

2005 43,50 1 .<br />

2006 33,80 1 .<br />

Total<br />

37,22 6 9,95<br />

80


Freq. %<br />

Freq. %<br />

30<br />

25<br />

20<br />

15<br />

10<br />

40<br />

35<br />

30<br />

25<br />

20<br />

15<br />

10<br />

5<br />

0<br />

5<br />

0<br />

Março 2007<br />

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17<br />

Julho 2007<br />

Comprimento (cm)<br />

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17<br />

Comprimento (cm)<br />

Figura 26. Distribuição de frequencies de Comprimento da T. vitrirostris amostrada nos<br />

meses de Março e Julho, mostrando uma estrutura bimodal, sendo primeira moda em<br />

Julho constituida de indivíduos de tamanho menor (7 cm).<br />

81


CPUE (Kg/rede/dia)<br />

CPUE (Kg/rede/dia)<br />

CPUE (Kg/rede/dia)<br />

CPUE (Kg/rede/dia)<br />

CPUE (Kg/rede/dia)<br />

25<br />

20<br />

15<br />

10<br />

5<br />

0<br />

1<br />

1998<br />

120<br />

100<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

1<br />

1998<br />

120<br />

100<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

1<br />

1998<br />

350<br />

300<br />

250<br />

200<br />

150<br />

100<br />

50<br />

0<br />

1<br />

1998<br />

140<br />

120<br />

100<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

1<br />

1998<br />

5 9 1<br />

1999<br />

5 9 1<br />

1999<br />

5 9 1<br />

1999<br />

5 9 1<br />

1999<br />

5 9 1<br />

1999<br />

5 9 1<br />

2000<br />

5 9 1<br />

2000<br />

5 9 1<br />

2000<br />

5 9 1<br />

2000<br />

5 9 1<br />

2000<br />

5 9 1<br />

2001<br />

5 9 1<br />

2001<br />

5 9 1<br />

2001<br />

5 9 1<br />

2001<br />

5 9 1<br />

2001<br />

5 9 1<br />

2002<br />

5 9 1<br />

2002<br />

5 9 1<br />

2002<br />

5 9 1<br />

2002<br />

5 9 1<br />

2002<br />

TVI Mogincual - CPUE mensal<br />

5 9 1<br />

2003<br />

82<br />

Mês [1998-2007]<br />

TVI Angoche - CPUE mensal<br />

5 9 1<br />

2003<br />

Mês [1998-2008]<br />

TVI Moma - CPUE mensal<br />

5 9 1<br />

2003<br />

Mês [1998-2007]<br />

TVI Pebane - CPUE mensal<br />

5 9 1<br />

2003<br />

Mês [1998-2007]<br />

TVI Beira - CPUE mensal<br />

5 9 1<br />

2003<br />

Mês [1998-2007]<br />

5 9 1<br />

2004<br />

5 9 1<br />

2004<br />

5 9 1<br />

2004<br />

5 9 1<br />

2004<br />

5 9 1<br />

2004<br />

5 9 1<br />

2005<br />

5 9 1<br />

2005<br />

5 9 1<br />

2005<br />

5 9 1<br />

2005<br />

5 9 1<br />

2005<br />

5 9 1<br />

2006<br />

5 9 1<br />

2006<br />

5 9 1<br />

2006<br />

5 9 1<br />

2006<br />

5 9 1<br />

2006<br />

5 9 1<br />

2007<br />

5 9 1<br />

2007<br />

5 9 1<br />

2007<br />

5 9 1<br />

2007<br />

5 9 1<br />

2007<br />

Figura 27. Variação mensal de CPUE de Thryssa vitrirostris nos distritos de Mogincual,<br />

Angoche, Moma, Pebane e Beira entre 1998 à 2007.<br />

5 9<br />

5 9<br />

5 9<br />

5 9<br />

5 9

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