um compositor brasileiro na broadway - Biblioteca Digital de Teses ...
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seus ingressos caros 7 com outras formas <strong>de</strong> entretenimento gratuitos (como por<br />
exemplo, as rádios que ofereciam programas <strong>de</strong> Varieda<strong>de</strong>s) faziam com que o<br />
público <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>sse mais dos conselhos e indicações da crítica.<br />
Na questão mais polêmica <strong>de</strong> todas, a história <strong>de</strong> Magdale<strong>na</strong>, se Hawkins conseguiu<br />
perceber <strong>um</strong> significado real mais profundo nesta do que aparentemente se<br />
percebia, já Atkinson a julga incompreensível e chama o libreto <strong>de</strong> pavoroso<br />
incluindo as letras <strong>de</strong> Wright e Forrest. A nosso ver, a severida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse autor para<br />
com Magdale<strong>na</strong> foi <strong>de</strong>sproporcio<strong>na</strong>l e injusta. O fato nos leva historicamente à<br />
estréia <strong>de</strong> Pal Joey <strong>de</strong> Rodgers e Hart em 1940, a que Atkinson se referiu<br />
acidamente e chamou as letras <strong>de</strong> Hart <strong>de</strong> "obsce<strong>na</strong>s":<br />
Pal Joey, que foi levada ontem à noite no Ethel Barrymore, oferece tudo<br />
menos bons momentos. [...] Embora Pal Joey tenha sido habilmente feita,<br />
po<strong>de</strong>-se tirar água doce <strong>de</strong> <strong>um</strong>a fonte suja? (ATKINSON, 1940, apud<br />
FERNANDEZ, 1999).<br />
No entanto, doze anos mais tar<strong>de</strong>, no reavivamento do musical, Atkinson reformulou<br />
o seu julgamento, dizendo que o musical havia quebrado com velhos padrões<br />
trazendo o gênero à maturida<strong>de</strong> e chama as letras <strong>de</strong> Hart <strong>de</strong> "perfeitas" 8<br />
(Fernán<strong>de</strong>z, 1999). Face a essa radical mudança <strong>de</strong> postura, <strong>de</strong>paramo-nos como<br />
<strong>um</strong>a questão: e se Magdale<strong>na</strong> tivesse sido reavivada, não quarenta anos <strong>de</strong>pois em<br />
<strong>um</strong> concerto, mas <strong>um</strong>a ou duas década <strong>de</strong>pois, quando Atkinson e outros críticos<br />
contrários pu<strong>de</strong>ssem ter tido a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> assistí-la <strong>um</strong>a outra vez? Será que<br />
algo semelhante não teria acontecido? Po<strong>de</strong>mos ape<strong>na</strong>s supor a resposta a essa<br />
pergunta baseando-nos no fato <strong>de</strong> que, em 1965, ao produzir o reavivamento <strong>de</strong><br />
Kismet no Lincoln Center, Richard Rodgers comentou com Wright e Forrest que<br />
"Magdale<strong>na</strong> estava 25 anos à frente <strong>de</strong> seu tempo" (WRIGHT; FORREST., s.d.).<br />
Nós acreditamos que Rodgers estava certo.<br />
Howard Taubman lembrou-se da obra quando, em outubro <strong>de</strong> 1961, escreveu no<br />
7<br />
Robert Wahls comenta que <strong>de</strong> acordo com os produtores <strong>de</strong> Magdale<strong>na</strong>, o musical teria que lotar o<br />
teatro Ziegfeld por <strong>um</strong> ano com os ingressos a US$6,00 e US$6.80 cada, a fim <strong>de</strong> pagar os custos da<br />
sua produção, 2 dólares a mais do que o Theatre Guild (Wahls, 1948b).<br />
8<br />
Hart ficara arrasado <strong>na</strong> época com essa crítica. Faleceu em 1943, sem po<strong>de</strong>r presenciar essa<br />
retratação pública <strong>de</strong> Atkinson.<br />
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