Edição (PDF) - Cândido
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sileira da Universidade Federal de Santa<br />
Catarina (UFSC) Tânia Regina Oliveira<br />
Ramos diz entender a lógica do<br />
mercado. “O romance permite a leitura<br />
intervalar, o marcar a página, o voltar,<br />
o esquecer, o desejo que a história não<br />
chegue ao fim”, analisa. Na opinião de<br />
Tânia, o conto é um pequeno romance.<br />
“Mas ele [o conto] exige a atenção<br />
sem intervalo. Quem não lembra de um<br />
bom conto? Quem não tem na memória<br />
um bom conto para contar?”, questiona<br />
a professora da UFSC, acrescentando<br />
que — apesar da particularidade<br />
de cada um dos gêneros [romance e<br />
conto] — do ponto de vista do mercado<br />
editorial o romance é mais fácil para<br />
consagrar um autor. “E autor consagrado<br />
vende mais.”<br />
Ivan Pinheiro Machado, da<br />
L&PM, sabe — na prática — que autores<br />
consagrados movimentam o negócio.<br />
Ele publica, entre outros romances,<br />
O cortiço, de Aluísio Azevedo, O jogador,<br />
de Fiodor Dostoiévski e Lucíola, de José<br />
de Alencar. Mas Pinheiro Machado<br />
não acredita que o romance tenha, necessariamente,<br />
mais apelo de venda do<br />
que o conto, sobretudo quando se trata<br />
de obras de autores contemporâneos.<br />
“O romance está em baixa”, dispara. “Só<br />
nos cadernos de cultura que o romance<br />
contemporâneo está em alta. Quem, de<br />
fato, lê essas longas narrativas produzidas<br />
no tempo presente? Talvez os jornalistas<br />
culturais”, opina o editor e proprietário<br />
do selo gaúcho.<br />
Painéis, pessoas e abismo<br />
1922 foi o ano em que o romance<br />
virou uma página. Para nunca mais voltar<br />
atrás. Depois da publicação de Ulisses,<br />
de James Joyce, tudo o que era regra<br />
consolidada linha após linha, século depois<br />
de século, começou a se desmanchar.<br />
Lucia Rebello, da UFRGS, acredita<br />
nisso. “A literatura pós-Ulisses trouxe<br />
A professora da UFRGS Lucia<br />
Rebello acredita que Roberto<br />
Bolaño, Chico Buarque e<br />
Jonathan Franzen podem<br />
ser considerados bons<br />
autores porque nos fazem<br />
buscar o entendimento de<br />
uma literatura que não veio<br />
para substituir a antiga, mas<br />
para propor a diversidade<br />
através da fusão de vozes<br />
de personagem e criador<br />
e da relação entre ficção e<br />
realidade.<br />
JORNAL DA BIBLIOTECA PÚBLICA DO PARANÁ | CÂNDIDO 23