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Rio que mora no mar...<br />
Por<br />
Elizabeth<br />
<strong>de</strong> Mattos<br />
Dias*<br />
O sabor carioca começou nos<br />
quitutes dos escravos, nas cozinhas<br />
familiares e se expandiu<br />
para as casas <strong>de</strong> pasto -<br />
freqüenta<strong>da</strong> por negociantes,<br />
ourives e lojistas, no século<br />
XIX. Passou pelas petisqueiras<br />
<strong>de</strong> comi<strong>da</strong> farta (lembro<br />
<strong>de</strong> meus avós que gostavam<br />
<strong>de</strong> ir almoçar em petisqueiras,<br />
pra comer ensopado <strong>de</strong><br />
cabrito!), e <strong>de</strong>u muitas voltas<br />
por guloseimas, sorvetes,<br />
petiscos, salgados, doces...<br />
Com suas vitrines repletas <strong>de</strong><br />
porções <strong>de</strong> mingaus coloridos,<br />
coalha<strong>da</strong>s, arroz-doce, ambrosia,<br />
as leiterias fizeram sucesso.<br />
E ain<strong>da</strong> serviam <strong>de</strong>liciosos<br />
cafés com leite, sanduíches,<br />
sorvetes e refeições a baixos<br />
preços.<br />
Esse binômio bom e barato<br />
transformou as leiterias em<br />
ponto <strong>de</strong> alimentação muito<br />
freqüentado. Boêmios, notívagos,<br />
celebri<strong>da</strong><strong>de</strong>s entravam e<br />
Houve um tempo<br />
<strong>de</strong> leiterias...<br />
Boêmios, notívagos, celebri<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />
entravam e saíam <strong>de</strong>sses<br />
estabelecimentos para provarem e se<br />
<strong>de</strong>liciarem com seus sabores, que<br />
faziam bem ao pala<strong>da</strong>r e ao bolso.<br />
saíam <strong>de</strong>sses estabelecimentos<br />
para provarem e se <strong>de</strong>liciarem<br />
com seus sabores, que faziam<br />
bem ao pala<strong>da</strong>r e ao bolso.<br />
As mais famosas foram a Mineira,<br />
a Bol e a Silvestre, no<br />
Centro <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>. Encontravam-se<br />
outras no largo <strong>de</strong> São<br />
Francisco, na Lapa e por to<strong>da</strong> a<br />
ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, on<strong>de</strong> elas já foram<br />
mais <strong>de</strong> duzentas.<br />
A Leiteria Mineira teve seu<br />
primeiro en<strong>de</strong>reço no interior<br />
<strong>da</strong> Galeria Cruzeiro – quando<br />
ain<strong>da</strong> tinha o nome “Leitaria.”.<br />
Em <strong>de</strong>liciosa crônica <strong>de</strong><br />
1973, veicula<strong>da</strong> em O Globo,<br />
Jota Efegê fala <strong>de</strong> um músico,<br />
o harpista Paschoal, que minis-<br />
trou aulas <strong>de</strong> harpa à Princesa<br />
Isabel e que tocava na Leiteria<br />
Palmira. Mais do que isso, ele<br />
conta o <strong>de</strong>saparecimento <strong>da</strong>s<br />
leiterias clássicas, e retrata<br />
bem seus ambientes <strong>de</strong> “sereni<strong>da</strong><strong>de</strong>...<br />
sem falatório atordoante,<br />
sem risa<strong>da</strong>s estri<strong>de</strong>ntes”.<br />
Outros tempos.<br />
________________________<br />
* Elizabeth <strong>de</strong> Mattos Dias é <strong>de</strong>signer<br />
gráfica e pesquisadora, criadora do<br />
ejornal mensal “Rio que mora no<br />
mar...” e editora do blog <strong>de</strong> mesmo<br />
nome (www.rioquemoranomar.<br />
blogspot.com), com curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong>s cariocas.<br />
Autora dos livros “Confeitaria<br />
Colombo”, “On<strong>de</strong> Morou” e<br />
“Guia Quente para Viver o Frio”, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
a edição passa<strong>da</strong> é nossa mais recente<br />
colaboradora.<br />
Ano 2 - Nº 13<br />
NOVEMBRO/2008<br />
9<br />
A primeira foto, extraí<strong>da</strong> do site “Rio que<br />
passou”, mostra a entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> Leiteria Mineira,<br />
quando ain<strong>da</strong> ficava na Galeria Cruzeiro<br />
(on<strong>de</strong> hoje está o <strong>Ed</strong>ifício Aveni<strong>da</strong><br />
Central). A Galeria Cruzeiro (foto acima)<br />
era passagem obrigatória para quem vinha<br />
ao “Centro <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong><strong>de</strong>”, mas isso contaremos<br />
em outra edição. Quanto à Leiteria<br />
Mineira, ela existe até hoje. Com a <strong>de</strong>molição<br />
do prédio <strong>da</strong> Galeria Cruzeiro, o estabelecimento<br />
se mudou para outro en<strong>de</strong>reço,<br />
quase em frente, só que do lado oposto<br />
<strong>da</strong> Rio Branco, na Rua <strong>da</strong> Aju<strong>da</strong>.