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Ed. 013 - Agenda da Dança de Salão

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Rio que mora no mar...<br />

Por<br />

Elizabeth<br />

<strong>de</strong> Mattos<br />

Dias*<br />

O sabor carioca começou nos<br />

quitutes dos escravos, nas cozinhas<br />

familiares e se expandiu<br />

para as casas <strong>de</strong> pasto -<br />

freqüenta<strong>da</strong> por negociantes,<br />

ourives e lojistas, no século<br />

XIX. Passou pelas petisqueiras<br />

<strong>de</strong> comi<strong>da</strong> farta (lembro<br />

<strong>de</strong> meus avós que gostavam<br />

<strong>de</strong> ir almoçar em petisqueiras,<br />

pra comer ensopado <strong>de</strong><br />

cabrito!), e <strong>de</strong>u muitas voltas<br />

por guloseimas, sorvetes,<br />

petiscos, salgados, doces...<br />

Com suas vitrines repletas <strong>de</strong><br />

porções <strong>de</strong> mingaus coloridos,<br />

coalha<strong>da</strong>s, arroz-doce, ambrosia,<br />

as leiterias fizeram sucesso.<br />

E ain<strong>da</strong> serviam <strong>de</strong>liciosos<br />

cafés com leite, sanduíches,<br />

sorvetes e refeições a baixos<br />

preços.<br />

Esse binômio bom e barato<br />

transformou as leiterias em<br />

ponto <strong>de</strong> alimentação muito<br />

freqüentado. Boêmios, notívagos,<br />

celebri<strong>da</strong><strong>de</strong>s entravam e<br />

Houve um tempo<br />

<strong>de</strong> leiterias...<br />

Boêmios, notívagos, celebri<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

entravam e saíam <strong>de</strong>sses<br />

estabelecimentos para provarem e se<br />

<strong>de</strong>liciarem com seus sabores, que<br />

faziam bem ao pala<strong>da</strong>r e ao bolso.<br />

saíam <strong>de</strong>sses estabelecimentos<br />

para provarem e se <strong>de</strong>liciarem<br />

com seus sabores, que faziam<br />

bem ao pala<strong>da</strong>r e ao bolso.<br />

As mais famosas foram a Mineira,<br />

a Bol e a Silvestre, no<br />

Centro <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>. Encontravam-se<br />

outras no largo <strong>de</strong> São<br />

Francisco, na Lapa e por to<strong>da</strong> a<br />

ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, on<strong>de</strong> elas já foram<br />

mais <strong>de</strong> duzentas.<br />

A Leiteria Mineira teve seu<br />

primeiro en<strong>de</strong>reço no interior<br />

<strong>da</strong> Galeria Cruzeiro – quando<br />

ain<strong>da</strong> tinha o nome “Leitaria.”.<br />

Em <strong>de</strong>liciosa crônica <strong>de</strong><br />

1973, veicula<strong>da</strong> em O Globo,<br />

Jota Efegê fala <strong>de</strong> um músico,<br />

o harpista Paschoal, que minis-<br />

trou aulas <strong>de</strong> harpa à Princesa<br />

Isabel e que tocava na Leiteria<br />

Palmira. Mais do que isso, ele<br />

conta o <strong>de</strong>saparecimento <strong>da</strong>s<br />

leiterias clássicas, e retrata<br />

bem seus ambientes <strong>de</strong> “sereni<strong>da</strong><strong>de</strong>...<br />

sem falatório atordoante,<br />

sem risa<strong>da</strong>s estri<strong>de</strong>ntes”.<br />

Outros tempos.<br />

________________________<br />

* Elizabeth <strong>de</strong> Mattos Dias é <strong>de</strong>signer<br />

gráfica e pesquisadora, criadora do<br />

ejornal mensal “Rio que mora no<br />

mar...” e editora do blog <strong>de</strong> mesmo<br />

nome (www.rioquemoranomar.<br />

blogspot.com), com curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong>s cariocas.<br />

Autora dos livros “Confeitaria<br />

Colombo”, “On<strong>de</strong> Morou” e<br />

“Guia Quente para Viver o Frio”, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

a edição passa<strong>da</strong> é nossa mais recente<br />

colaboradora.<br />

Ano 2 - Nº 13<br />

NOVEMBRO/2008<br />

9<br />

A primeira foto, extraí<strong>da</strong> do site “Rio que<br />

passou”, mostra a entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> Leiteria Mineira,<br />

quando ain<strong>da</strong> ficava na Galeria Cruzeiro<br />

(on<strong>de</strong> hoje está o <strong>Ed</strong>ifício Aveni<strong>da</strong><br />

Central). A Galeria Cruzeiro (foto acima)<br />

era passagem obrigatória para quem vinha<br />

ao “Centro <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong><strong>de</strong>”, mas isso contaremos<br />

em outra edição. Quanto à Leiteria<br />

Mineira, ela existe até hoje. Com a <strong>de</strong>molição<br />

do prédio <strong>da</strong> Galeria Cruzeiro, o estabelecimento<br />

se mudou para outro en<strong>de</strong>reço,<br />

quase em frente, só que do lado oposto<br />

<strong>da</strong> Rio Branco, na Rua <strong>da</strong> Aju<strong>da</strong>.

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