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As contribuições de Marcel Mauss para uma sociologia - Unifap

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No entanto, ao ser abordada como um bem irredutivelmente social (Taylor,<br />

2002), como <strong>uma</strong> dádiva, a educação constitui-se como um elemento ativo <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>mocratização das relações sociais. Exatamente, por isso, a formação do indivíduo<br />

como cidadão, tem sido um dos objetivos da educação <strong>de</strong>mocrática.<br />

Consi<strong>de</strong>rações Finais<br />

Do ponto <strong>de</strong> vista do <strong>para</strong>digma da dádiva, <strong>de</strong>mocracia e educação necessitam-<br />

se e vivificam-se reciprocamente. A educação e suas re<strong>de</strong>s atuam como nutrientes da<br />

vida <strong>de</strong>mocrática (Dabas, 2001; Chadi, 2000). A construção do espaço público<br />

comporta um processo <strong>de</strong> formação da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> social, mediante <strong>uma</strong> socialização<br />

complexa no âmbito da cultura política. Mas se a <strong>de</strong>mocracia constitui o meio<br />

institucional <strong>para</strong> a formação e a ação dos sujeitos, o “espírito <strong>de</strong>mocrático” precisa<br />

estar presente também nas organizações encarregadas <strong>de</strong> formar os indivíduos.<br />

<strong>As</strong>sim, assegurar o acesso universal aos serviços escolares é a primeira condição<br />

<strong>para</strong> <strong>uma</strong> relação a<strong>de</strong>quada entre educação escolar e <strong>de</strong>mocracia. Não obstante, o acesso<br />

escolar, em si mesmo, não garante o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>mocratização social. Fazem-se<br />

necessárias disposições, formas <strong>de</strong> ser que propiciem a incorporação mesma dos valores<br />

<strong>de</strong>mocráticos, pois a <strong>de</strong>mocratização não acontece em um vácuo. Nessa perspectiva, a<br />

legitimida<strong>de</strong> da instituição escolar na atualida<strong>de</strong> implica a realização <strong>de</strong> <strong>uma</strong> função<br />

formativa distinta da lógica transmissora <strong>de</strong> conhecimentos úteis, transformando as<br />

regras e os métodos <strong>de</strong> aprendizagem (Charlot, 2001).<br />

Tomada no sentido estrito <strong>de</strong> um “aparelho”, a escola não consegue oferecer um<br />

enquadramento a<strong>de</strong>quado <strong>para</strong> a experiência i<strong>de</strong>ntitária dos sujeitos, que são obrigados a<br />

construírem por si mesmos o sentido <strong>de</strong> suas experiências sociais, o que termina por<br />

produzir <strong>uma</strong> dissociação entre as instituições <strong>de</strong> ensino e as <strong>de</strong>mais re<strong>de</strong>s sociais<br />

encarregadas <strong>de</strong> promover a relação social com os saberes. No âmbito do sistema<br />

teórico da dádiva, essa situação po<strong>de</strong> ser compreendida pela própria natureza da<br />

instituição escolar na mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>. Ao produzir <strong>uma</strong> cisão entre os vínculos cognitivos<br />

e os vínculos <strong>de</strong>rivados da sociabilida<strong>de</strong>, ela contribuiu <strong>para</strong> o <strong>de</strong>scolamento das esferas<br />

sociais primárias e secundárias.<br />

"Sob a orientação da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, insistiu-se tanto na importância da<br />

autonomia e da liberda<strong>de</strong> do indivíduo como ser in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da<br />

comunida<strong>de</strong>, alertou-se tanto sobre os perigos externos e internos que<br />

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