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A solução de problemas segundo Pozo - Ufrgs.br

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39<<strong>br</strong> />

4.3 A <strong>solução</strong> <strong>de</strong> <strong>problemas</strong> <strong>segundo</strong> <strong>Pozo</strong><<strong>br</strong> />

Na década <strong>de</strong> noventa, a publicação organizada por <strong>Pozo</strong> [19] nos dá<<strong>br</strong> />

uma visão mais atual da re<strong>solução</strong> <strong>de</strong> <strong>problemas</strong>. A o<strong>br</strong>a sai um pouco do uni-<<strong>br</strong> />

verso Matemático <strong>de</strong>stacado por Polya e vai mais para o campo da Educação.<<strong>br</strong> />

Aponta como responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> todos os componentes curriculares o trabalho com<<strong>br</strong> />

a <strong>solução</strong> <strong>de</strong> <strong>problemas</strong>. Há um maior <strong>de</strong>staque para a aprendizagem da <strong>solução</strong> <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>problemas</strong>.<<strong>br</strong> />

No trabalho organizado por <strong>Pozo</strong>, percebemos uma evolução no conceito<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> re<strong>solução</strong> <strong>de</strong> <strong>problemas</strong> apontado por Polya, a reflexão, a respeito do tema,<<strong>br</strong> />

proposta na o<strong>br</strong>a é bem mais a<strong>br</strong>angente. Seguir os passos já apontados por Polya<<strong>br</strong> />

não é suficiente para que se consiga resolver um problema. Outros fatores são<<strong>br</strong> />

apontados para que o sucesso na <strong>solução</strong> <strong>de</strong> <strong>problemas</strong> seja alcançado: a diferença<<strong>br</strong> />

entre exercícios e <strong>problemas</strong>, os diversos significados <strong>de</strong> “resolver um problema” em<<strong>br</strong> />

Matemática, tipos <strong>de</strong> <strong>problemas</strong> no ensino <strong>de</strong> Matemática, o ensino e a aprendizagem<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> processo <strong>de</strong> <strong>solução</strong> <strong>de</strong> um problema matemático, ensinar a resolver <strong>problemas</strong>.<<strong>br</strong> />

Destaca a importância dos diversos componentes curriculares trabalha-<<strong>br</strong> />

rem com a re<strong>solução</strong> <strong>de</strong> <strong>problemas</strong> e suas particularida<strong>de</strong>s. A <strong>solução</strong> <strong>de</strong> <strong>problemas</strong><<strong>br</strong> />

é vista como uma forma <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r a apren<strong>de</strong>r.<<strong>br</strong> />

“Ensinar a resolver <strong>problemas</strong> não consiste somente em dotar os<<strong>br</strong> />

alunos <strong>de</strong> habilida<strong>de</strong>s e estratégias eficazes, mas também em criar<<strong>br</strong> />

neles o hábito e a atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> enfrentar a aprendizagem como um<<strong>br</strong> />

problema para o qual <strong>de</strong>ve ser encontrada uma resposta. Não<<strong>br</strong> />

é uma questão <strong>de</strong> somente ensinar a resolver <strong>problemas</strong>, mas<<strong>br</strong> />

também <strong>de</strong> ensinar a propor <strong>problemas</strong> para si mesmo, a transformar<<strong>br</strong> />

a realida<strong>de</strong> em um problema que mereça ser questionado e<<strong>br</strong> />

estudado. (...) a aprendizagem da <strong>solução</strong> <strong>de</strong> <strong>problemas</strong> somente<<strong>br</strong> />

se transformará em autônoma e espontânea se transportada para<<strong>br</strong> />

o âmbito do cotidiano, se for gerada no aluno a atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> procurar<<strong>br</strong> />

respostas para suas próprias perguntas/<strong>problemas</strong>, se ele se<<strong>br</strong> />

habituar a questionar ao invés <strong>de</strong> receber respostas já elaboradas<<strong>br</strong> />

por outros...”(<strong>Pozo</strong> [19, p. 14])


40<<strong>br</strong> />

Assim, <strong>Pozo</strong> <strong>de</strong>staca a importância da <strong>solução</strong> <strong>de</strong> <strong>problemas</strong> como uma<<strong>br</strong> />

forma <strong>de</strong> “resolver para apren<strong>de</strong>r e apren<strong>de</strong>r para resolver”.<<strong>br</strong> />

4.3.1 Exercícios e Problemas<<strong>br</strong> />

A Matemática é comumente associada à re<strong>solução</strong> <strong>de</strong> <strong>problemas</strong>. Mas<<strong>br</strong> />

cabe ressaltar que nem toda ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvida numa aula <strong>de</strong> Matemática é <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

fato um problema.<<strong>br</strong> />

Encontramos nas outras áreas do conhecimento a concepção <strong>de</strong> que um<<strong>br</strong> />

aluno que vai bem em matemática é dotado <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas capacida<strong>de</strong> intelectuais.<<strong>br</strong> />

Esta concepção reflete o pensamento formalista e i<strong>de</strong>alista <strong>de</strong> Platão, <strong>segundo</strong> a<<strong>br</strong> />

qual o estudo <strong>de</strong> aritmética tem um efeito positivo so<strong>br</strong>e os indivíduos na medida<<strong>br</strong> />

em que eles são o<strong>br</strong>igados a raciocinar. Teríamos aqui uma justificativa para que<<strong>br</strong> />

se ensine matemática: ela representa um treinamento <strong>de</strong> estratégias <strong>de</strong> raciocínio<<strong>br</strong> />

e <strong>de</strong> pensamento que, supostamente, po<strong>de</strong>riam ser generalizadas a outras áreas do<<strong>br</strong> />

currículo e à vida diária.<<strong>br</strong> />

Temos também a concepção mais utilitária da matemática que tem<<strong>br</strong> />

origem no pensamento <strong>de</strong> que a matemática estaria a serviço das outras ciências.<<strong>br</strong> />

Sempre que a ativida<strong>de</strong> proposta se basear no uso <strong>de</strong> habilida<strong>de</strong>s e<<strong>br</strong> />

rotinas automatizadas como conseqüência <strong>de</strong> uma prática contínua, estaremos diante<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> um exercício. Já um problema é uma situação nova ou diferente do que já foi<<strong>br</strong> />

aprendido, que requer a utilização estratégica <strong>de</strong> técnicas já conhecidas.<<strong>br</strong> />

A <strong>de</strong>terminação ou classificação <strong>de</strong> uma ativida<strong>de</strong> como exercício ou<<strong>br</strong> />

problema é bastante <strong>de</strong>licada. Uma mesma ativida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser para um <strong>de</strong>terminado<<strong>br</strong> />

sujeito um exercício e para outro um problema. E, algumas vezes, um problema<<strong>br</strong> />

passa a ser um exercício, pois a estratégica técnica envolvida na sua <strong>solução</strong> passa<<strong>br</strong> />

a não ser mais uma novida<strong>de</strong> e sim uma rotina.


41<<strong>br</strong> />

Tanto a re<strong>solução</strong> <strong>de</strong> exercícios quanto a re<strong>solução</strong> <strong>de</strong> <strong>problemas</strong> exige<<strong>br</strong> />

dos sujeitos envolvidos a ativação <strong>de</strong> diferentes atitu<strong>de</strong>s, motivações e conceitos.<<strong>br</strong> />

Certamente a maior <strong>de</strong>manda cognitiva e motivacional está na re<strong>solução</strong> <strong>de</strong> proble-<<strong>br</strong> />

mas. Segundo <strong>Pozo</strong>, sujeitos que não estão acostumados a trabalhar numa proposta<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> trabalho que privilegie a re<strong>solução</strong> <strong>de</strong> <strong>problemas</strong>, mostram-se inicialmente mais<<strong>br</strong> />

reticentes e procuram reduzi-los a exercícios rotineiros.<<strong>br</strong> />

4.3.2 Os diversos significados <strong>de</strong> “resolver <strong>problemas</strong>” em Matemática<<strong>br</strong> />

Apesar <strong>de</strong> termos apontado dois aspectos diferentes que refletem o sig-<<strong>br</strong> />

nificado <strong>de</strong> resolver <strong>problemas</strong> em Matemática, não é assim que a maioria dos alunos<<strong>br</strong> />

percebe. A concepção <strong>de</strong>les é <strong>de</strong> que a matemática é uma ciência fechada e acabada<<strong>br</strong> />

em si mesma. Acabam estudando para dar respostas às propostas feitas pelos pro-<<strong>br</strong> />

fessores. A questão procedimental é vista <strong>de</strong> uma forma limitada. Os procedimentos<<strong>br</strong> />

são usados para resolver os <strong>problemas</strong> propostos e não há uma reflexão maior e mais<<strong>br</strong> />

a<strong>br</strong>angente que os leve a sair do contexto escolar e <strong>de</strong> fato enxergar a matemática<<strong>br</strong> />

nas suas vidas ou levar tais conhecimentos e procedimentos para outras áreas do<<strong>br</strong> />

conhecimento.<<strong>br</strong> />

4.3.3 O ensino e a aprendizagem do processo <strong>de</strong> <strong>solução</strong> <strong>de</strong> um<<strong>br</strong> />

problema matemático<<strong>br</strong> />

Acreditava-se que bastava a apropriação <strong>de</strong> estratégias e aplicação <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

rotinas para resolver <strong>problemas</strong>. Há outros fatores que precisam ser levados em<<strong>br</strong> />

conta para que se ensine e se aprenda a resolver <strong>problemas</strong>.<<strong>br</strong> />

O próprio problema po<strong>de</strong> ser um obstáculo. O entendimento do pro-<<strong>br</strong> />

blema é fundamental para que haja a mobilização para resolvê-lo.<<strong>br</strong> />

a linguagem seja acessível ao resolvedor.<<strong>br</strong> />

É necessário que


42<<strong>br</strong> />

“Compreen<strong>de</strong>r um problema não significa somente que o aluno<<strong>br</strong> />

possa compreen<strong>de</strong>r e compreenda a linguagem e as expressões<<strong>br</strong> />

através das quais a sua proposição é expressa ou que seja capaz<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> reconhecer os conceitos matemáticos aos que se faz referência.<<strong>br</strong> />

Além <strong>de</strong>sses fatores, é preciso que o sujeito assimile o problema<<strong>br</strong> />

ao conhecimento que possui armazenado em sua memória. Ou<<strong>br</strong> />

seja, <strong>de</strong>ve relacionar o problema atual com os conceitos e idéias<<strong>br</strong> />

que armazenou e organizou na sua memória. Essa relação permite<<strong>br</strong> />

que a informação inicial seja transformada numa informação que<<strong>br</strong> />

o aluno possa usar.” ([13, p. 53]).<<strong>br</strong> />

Na Matemática a linguagem tem um significado muito preciso. Há que<<strong>br</strong> />

se ter cuidado com o uso da linguagem para que sejam evitadas as ambigüida<strong>de</strong>s.<<strong>br</strong> />

Na linguagem corrente temos um contexto que nos ajuda a saber com que sentido<<strong>br</strong> />

tal palavra está sendo colocada, já na Matemática, precisamos tomar cuidado pois<<strong>br</strong> />

uma mesma palavra po<strong>de</strong> ter significados bem diferentes. As diferenças lingüísticas<<strong>br</strong> />

po<strong>de</strong>m levar a soluções diferentes <strong>de</strong> um mesmo problema.<<strong>br</strong> />

Alguns fatores não matemáticos que influenciam na dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> tra-<<strong>br</strong> />

dução <strong>de</strong> <strong>problemas</strong> matemáticos [13, p.53]):<<strong>br</strong> />

• Diferenças no significado <strong>de</strong> uma mesma expressão na linguagem co-<<strong>br</strong> />

tidiana (mais ambígua e contextual) e na linguagem matemática (mais<<strong>br</strong> />

precisa).<<strong>br</strong> />

• Diferentes significados matemáticos <strong>de</strong> uma mesma expressão ou pala-<<strong>br</strong> />

vra, por exemplo, “é”.<<strong>br</strong> />

• Or<strong>de</strong>m e forma da apresentação dos dados.<<strong>br</strong> />

• Presença <strong>de</strong> dados irrelevantes para a <strong>solução</strong> do problema.<<strong>br</strong> />

• Caráter hipotético dos <strong>problemas</strong> matemáticos (“dados matemáticos”<<strong>br</strong> />

diferentes <strong>de</strong> “dados reais”).<<strong>br</strong> />

• Diferença entre as teorias pessoais e as teorias matemáticas.<<strong>br</strong> />

matemáticos ([13, p.59]:<<strong>br</strong> />

Algumas técnicas que ajudam a compreen<strong>de</strong>r melhor os <strong>problemas</strong>


43<<strong>br</strong> />

• Expressar o problema com outras palavras.<<strong>br</strong> />

• Explicar aos colegas em que consiste o problema.<<strong>br</strong> />

• Representar o problema com outro formato (gráfico, diagramas, <strong>de</strong>se-<<strong>br</strong> />

nhos, com objetos, etc.).<<strong>br</strong> />

• Indicar qual é a meta do problema.<<strong>br</strong> />

• Apontar on<strong>de</strong> resi<strong>de</strong> a dificulda<strong>de</strong> da tarefa.<<strong>br</strong> />

• Separar os dados relevantes dos não relevantes.<<strong>br</strong> />

• Indicar os dados com os quais contamos para resolver a tarefa.<<strong>br</strong> />

• Indicar quais são os dados que não estão presentes mas que são neces-<<strong>br</strong> />

sários para resolver a tarefa.<<strong>br</strong> />

• Procurar um problema semelhante que já tenhamos resolvido.<<strong>br</strong> />

• Analisar inicialmente alguns exemplos concretos, quando o problema é<<strong>br</strong> />

muito geral.<<strong>br</strong> />

• Procurar diferentes situações (cenários, contextos, tarefas, etc.) nas<<strong>br</strong> />

quais esse problema possa ter lugar.<<strong>br</strong> />

Além <strong>de</strong>stes fatores, temos também questões mais relacionadas com o<<strong>br</strong> />

sujeito, ou seja, seu conhecimento prévio e sua concepção a respeito da Matemática<<strong>br</strong> />

(idéias ou teorias prévias).<<strong>br</strong> />

ao se <strong>de</strong>parar com uma situação-problema.<<strong>br</strong> />

4.3.4 Ensinar e resolver <strong>problemas</strong><<strong>br</strong> />

É possível que essas idéias ou teorias influenciem o sujeito<<strong>br</strong> />

O ato <strong>de</strong> resolver <strong>problemas</strong> tem sido usado como sinônimo <strong>de</strong> Mate-<<strong>br</strong> />

mática, no entanto, nem tudo que se trabalha no ensino da Matemática é <strong>de</strong> fato um<<strong>br</strong> />

problema. <strong>Pozo</strong> [19] <strong>de</strong>staca que <strong>de</strong>sta forma a <strong>solução</strong> <strong>de</strong> <strong>problemas</strong> matemáticos<<strong>br</strong> />

constitui, ao mesmo tempo, um método <strong>de</strong> aprendizagem e um objetivo do mesmo.


44<<strong>br</strong> />

“ É um método <strong>de</strong> aprendizagem na medida em que gran<strong>de</strong> parte<<strong>br</strong> />

do conteúdo da Matemática escolar trata <strong>de</strong> habilida<strong>de</strong>s, técnicas,<<strong>br</strong> />

algoritmos ou procedimentos heurísticos que po<strong>de</strong>m ser usados<<strong>br</strong> />

em diversos contextos (cotidiano, científico, etc.). Para alcançar<<strong>br</strong> />

uma aprendizagem significativa <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> técnicas é necessário<<strong>br</strong> />

apren<strong>de</strong>r a usá-las no contexto <strong>de</strong> diversos <strong>problemas</strong>. É um objetivo<<strong>br</strong> />

da aprendizagem na medida em que não é possível apren<strong>de</strong>r<<strong>br</strong> />

a solucionar <strong>problemas</strong> in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da aprendizagem <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

conceitos e conhecimentos <strong>de</strong> Matemática e que, ao mesmo tempo,<<strong>br</strong> />

como vimos, a <strong>solução</strong> <strong>de</strong> <strong>problemas</strong> exige o acionamento e a coor<strong>de</strong>nação<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> muitos processos complexos.”(<strong>Pozo</strong> [13, p. 63]).<<strong>br</strong> />

<strong>Pozo</strong> [19] coloca que diversos projetos e programas que se basearam<<strong>br</strong> />

apenas nas técnicas <strong>de</strong> re<strong>solução</strong> <strong>de</strong> <strong>problemas</strong> usando como suporte teórico Polya<<strong>br</strong> />

[18], por exemplo, só tiveram sucesso em <strong>de</strong>terminados contextos em que foram<<strong>br</strong> />

aplicados. O que comprova que não há nenhuma utilida<strong>de</strong> em ensinar <strong>de</strong>terminadas<<strong>br</strong> />

técnicas fora do contexto <strong>de</strong> sala <strong>de</strong> aula sem levar em consi<strong>de</strong>ração os diferentes<<strong>br</strong> />

conteúdos matemáticos.<<strong>br</strong> />

em conta:<<strong>br</strong> />

Ao ensinar a resolver <strong>problemas</strong> alguns aspectos precisam ser levados<<strong>br</strong> />

• Avaliar quais são os conhecimentos conceituais e procedimentais que<<strong>br</strong> />

possuímos, quais são os conhecimentos dos quais precisamos e como<<strong>br</strong> />

combinar todos esses conhecimentos com o conteúdo do problema.<<strong>br</strong> />

• O professor é um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> comportamento. Como o professor auto-<<strong>br</strong> />

matizou esse tipo <strong>de</strong> conhecimento, não torna explícitas as estratégias<<strong>br</strong> />

e técnicas que utiliza. Ou seja, não fica explícita a relação entre co-<<strong>br</strong> />

nhecimentos e procedimentos. Assim, é fundamental e conveniente o<<strong>br</strong> />

professor indicar todos os passos que estão sendo dados. Cabe ressaltar<<strong>br</strong> />

que o aluno não tem metaconhecimento ou controle dos seus próprios<<strong>br</strong> />

recursos <strong>de</strong> re<strong>solução</strong>. Cabe ao professor prestar auxílio <strong>de</strong> modo a<<strong>br</strong> />

tornar explícitas as estratégias que o aluno dispõe e sua utilida<strong>de</strong> na<<strong>br</strong> />

re<strong>solução</strong> do problema.


45<<strong>br</strong> />

• As discussões dos procedimentos usados por diferentes alunos para re-<<strong>br</strong> />

•<<strong>br</strong> />

solver o problema são fundamentais no uso <strong>de</strong>sta metodologia. Como<<strong>br</strong> />

já foi dito, a maioria dos alunos acredita que só há uma forma possível<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> resolver os <strong>problemas</strong> propostos. A visão que têm da Matemática é<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> uma ciência acabada e fechada em si mesma, na qual não há pos-<<strong>br</strong> />

sibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> inovação. A<strong>br</strong>ir espaço na sala <strong>de</strong> aula para apresentar e<<strong>br</strong> />

discutir como diferentes alunos chegaram a dar <strong>solução</strong> à tarefa po<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

contribuir para que<strong>br</strong>ar essa imagem e para mostrar a utilização das<<strong>br</strong> />

mesmas técnicas em diferentes estratégias. A discussão com os colegas<<strong>br</strong> />

o<strong>br</strong>iga o aluno a tornar explícita e a justificar a forma <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r<<strong>br</strong> />

uma tarefa, as ferramentas e as técnicas com as quais procura abordá-<<strong>br</strong> />

la, o objetivo para o qual se propõe utilizar cada uma das técnicas e a<<strong>br</strong> />

or<strong>de</strong>m nas quais as usará.<<strong>br</strong> />

É um processo complexo no qual diversos componentes estão em jogo<<strong>br</strong> />

e a aprendizagem <strong>de</strong> <strong>solução</strong> <strong>de</strong> <strong>problemas</strong> é uma tarefa a longo prazo.<<strong>br</strong> />

• Os erros não <strong>de</strong>vem ser tratados como fracasso, mas como fonte <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

informação para o professor na sua tarefa <strong>de</strong> “treinador” e para a auto-<<strong>br</strong> />

avaliação do aluno. A análise dos erros cometidos pelos alunos po<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

revelar as dificulda<strong>de</strong>s do aluno ou suas crenças com as quais ele <strong>de</strong>ve<<strong>br</strong> />

lidar em um <strong>de</strong>terminado momento.<<strong>br</strong> />

4.3.5 Consi<strong>de</strong>rações finais<<strong>br</strong> />

Percebemos no trabalho <strong>de</strong> <strong>Pozo</strong> [19] uma evolução em relação ao tra-<<strong>br</strong> />

balho <strong>de</strong> Polya [18]. Há uma base teórica inicialmente baseada no que Polya apre-<<strong>br</strong> />

senta, entre outros, mas uma reflexão mais profunda em relação a aspectos como<<strong>br</strong> />

ensino e aprendizagem. <strong>Pozo</strong> <strong>de</strong>staca que a re<strong>solução</strong> <strong>de</strong> <strong>problemas</strong> não po<strong>de</strong> ser<<strong>br</strong> />

vista apenas como uma técnica a ser ensinada. São feitas consi<strong>de</strong>rações a respeito do<<strong>br</strong> />

ensino <strong>de</strong> Re<strong>solução</strong> <strong>de</strong> Problemas como um conteúdo procedimental da Educação<<strong>br</strong> />

Básica [20]. Como já <strong>de</strong>stacamos acima, há processos complexos envolvidos. Fica


46<<strong>br</strong> />

clara a necessida<strong>de</strong> do professor conhecer os fundamentos do que ensina bem como o<<strong>br</strong> />

processo <strong>de</strong> construção dos conceitos envolvidos para que possa auxiliar seu aluno na<<strong>br</strong> />

construção <strong>de</strong>sse conhecimento. Usando uma linguagem freiriana 2 , o professor seria<<strong>br</strong> />

um mediador nesse processo <strong>de</strong> construção do conhecimento. Ou seja, é o aluno que<<strong>br</strong> />

constrói o conhecimento, mas o professor precisa ter consciência do seu papel nessa<<strong>br</strong> />

construção. O <strong>de</strong>staque para o trabalho com re<strong>solução</strong> <strong>de</strong> <strong>problemas</strong> nas outras<<strong>br</strong> />

áreas do conhecimento é enriquecedor no sentido <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> um sujeito capaz<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> continuar a apren<strong>de</strong>r, ou, como coloca <strong>Pozo</strong> [19], um aluno capaz <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r a<<strong>br</strong> />

apren<strong>de</strong>r. Esse <strong>de</strong>staque é importante pois, coloca como responsabilida<strong>de</strong> não ape-<<strong>br</strong> />

nas da Matemática, mas <strong>de</strong> todos os componentes curriculares o <strong>de</strong>senvolvimento<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> uma competência tão importante nos dias <strong>de</strong> hoje.<<strong>br</strong> />

2 O termo freiriana se refere a Paulo Freire.

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