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Florestan Fernandes e a contemporaneidade latino-americana

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apropriação de terras, de trabalho escravo ou mesmo livre, que asseguravam<br />

os custos mais baixos possíveis de produção e provocavam, ao mesmo tempo,<br />

extrema concentração de renda). (...) (FERNANDES, 2005, p. 39).<br />

Evidencia-se então, sumariamente, as razões que levaram à constituição das<br />

extensas lavouras canavieiras voltadas à exportação e a polarização da sociedade brasileira<br />

em senhores de engenho e escravos nos princípios da colonização brasileira. Tal estrutura<br />

tinha efeito dinâmico sobre a organização e o desenvolvimento da economia metropolitana<br />

(e por consequência outras economias européias), que caminhava para assentar-se sobre<br />

móveis tipicamente capitalistas. Essa relação da colônia com a metrópole, todavia, não fez<br />

com que os móveis capitalistas fossem absorvidos de maneira positiva internamente.<br />

(…)… graças à posição marginal que ocupava no circuito externo de<br />

mercantilização dos produtos exportados (mesmo a Metrópole não<br />

participava das principais fases desse circuito, que se desenrolavam fora de<br />

Portugal), as funções econômicas do senhor de engenho quase equivaliam, no<br />

âmbito desse circuito, às dos administradores e beneficiários das feitorias.<br />

Assim, as influências dinâmicas que o capitaismo comercial poderia exercer,<br />

em outras condições, sobre a organização e o desenvolvimento da economia<br />

interna, eram pura e simplesmente neutralizadas (FERNANDES, 2005, p. 39-<br />

40).<br />

Contrariamente, os móveis capitalistas absorvidos internamente foram antes<br />

negativos e regressivos que estimulantes e positivos. Isso em virtude de três fatores.<br />

Primeiramente em decorrência da própria natureza do sistema colonial, que fazia com que<br />

a parte da renda gerada pelo processo de produção na colônia que ficava nas mãos do<br />

agente interno fosse muito pequena, se comparada à absorvida de fora. Em segundo lugar,<br />

o típico senhor de engenho era ao mesmo tempo agente humano da conquista e agente<br />

portencialmente econômico e, dada a grandeza de sua aventura e audácia, tornava-se um<br />

autêntico soldado da fortuna que via nas plantações canavieiras uma “mina de ouro”.<br />

Finalmente, não se pode ignorar que o sistema colonial fôra organizado legal, política,<br />

fiscal e financeiramente com fins de drenar as riquezas aqui produzias em direção à<br />

Metrópole, limitando grandemente o fluxo interno de renda.<br />

Desses fatores resultava que apesar do constante incremento da produção colonial,<br />

a mesma se dava horizontalmente (pois as principais fases dos processos econômicos não<br />

se desenrolavam na colônia), e o produtor não era inserido num processo de capitalização,<br />

mas sim se tornava um “rentista”, ou melhor, um agente remunerado pela parcela da<br />

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