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Boletim - Sociedade de Reumatologia do Rio de Janeiro

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Consi<strong>de</strong>rada <strong>de</strong> Utilida<strong>de</strong> Pública<br />

Lei nº 2.951 <strong>do</strong> Governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong><br />

REDAÇÃO:<br />

Se<strong>de</strong> Própria: Rua Barata Ribeiro 391 / sl. 801<br />

CEP 22040-000 <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong> RJ<br />

Telefax 21 2549-4114<br />

www.reumatorj.com.br / reumatologia@reumatorj.com.br<br />

DIRETORIA DO BIÊNIO 2005-2007<br />

Presi<strong>de</strong>nte Blanca Elena <strong>Rio</strong>s Gomes Bica<br />

Presi<strong>de</strong>nte Eleito Roger Abramino Levy<br />

Vice- Presi<strong>de</strong>nte Mauro Goldfarb<br />

Secretário Geral Adriana Danowski<br />

Primeiro Secretário Márcia Sion<br />

Segun<strong>do</strong> SecretárioAndréa Ferreira Pinheiro<br />

Tesoureiro Geral Reno Martins Coelho<br />

Segun<strong>do</strong> Tesoureiro Francisco Nascimento<br />

Diretor Científico Geral<strong>do</strong> da Rocha Castelar Pinheiro<br />

<strong>Boletim</strong> - Editor Francinne Macha<strong>do</strong> Ribeiro<br />

e Roger Abramino Levy<br />

Comissão Editorial Alessandra Car<strong>do</strong>so Pereira<br />

Ana Clara Vianna<br />

Carlos Capistrano<br />

Laura Maria Carvalho <strong>de</strong> Men<strong>do</strong>nça<br />

Coor<strong>de</strong>nação <strong>do</strong> Clube <strong>do</strong> Reumatismo<br />

Elisa Martins das N. <strong>de</strong> Albuquerque<br />

Nocy Honorato Leite<br />

Biblioteca - Diretor João Luiz Pereira Vaz<br />

Joaquim Jaguaribe Nava Ribeiro<br />

Comissão <strong>de</strong> Ensino Swami José Guimarães<br />

Conselho Fiscal Hilton Seda<br />

Ronal<strong>do</strong> Baptista<br />

Elisa Martins N. <strong>de</strong> Albuquerque<br />

Washington Alves Bianchi<br />

Evandro Men<strong>de</strong>s Klumb<br />

Mário Newton Leitão <strong>de</strong> Azeve<strong>do</strong><br />

Conselho <strong>de</strong> Ética Mauro Goldfarb<br />

Sueli Coelho da Silva Carneiro<br />

Ueliton Vianna<br />

Coor<strong>de</strong>nação <strong>do</strong>s Encontros <strong>de</strong> Leigos<br />

Wanda Heloísa Rodrigues Ferreira<br />

Conceição Monique Dares<br />

Stella <strong>de</strong> Carli Oliveira<br />

Maria Aparecida Capistrano<br />

Comissão <strong>de</strong> Divulgação<br />

Comissão <strong>do</strong> Interior<br />

Ieda Ribeiro<br />

Sônia Azeve<strong>do</strong><br />

Dalva Danowski<br />

Jaime Sansom Danowski<br />

Flávio Fernan<strong>do</strong> Nogueira <strong>de</strong> Melo<br />

José Augusto Car<strong>do</strong>so <strong>de</strong> Sá Jr.<br />

Luiz Clóvis Bittencourt<br />

As matérias assinadas, bem como suas respectivas fotos <strong>de</strong> conteú<strong>do</strong> científico,<br />

são <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s autores, não refletin<strong>do</strong> necessariamente<br />

a posição da editora.<br />

Este boletim é envia<strong>do</strong> a to<strong>do</strong>s os reumatologistas <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>, à SBR<br />

e às <strong>de</strong>mais <strong>Socieda<strong>de</strong></strong>s Regionais.<br />

Solicita-se permuta. On prie l'échange. Se solicita el cange. Si prega lo<br />

scambio. Exchange is kindly requested. Man bitted un Austaush.<br />

<strong>Boletim</strong><br />

DA SOCIEDADE DE REUMATOLOGIA<br />

DO RIO DE JANEIRO<br />

Informativo Oficial da SRRJ • Vol. 34 • nº 122 • Outubro a Dezembro <strong>de</strong> 2006<br />

Cria<strong>do</strong> na Gestão <strong>de</strong> Rubem Le<strong>de</strong>rman<br />

Periodicida<strong>de</strong>: Trimestral<br />

Palavra da Presi<strong>de</strong>nte .......................................................... 2<br />

Editorial .................................................................................. 3<br />

História da <strong>Reumatologia</strong>..................................................... 4<br />

A Convivência <strong>de</strong> Miguel Torga com sua Doença (Parte 4)<br />

Artigo Original ....................................................................... 7<br />

Está na Hora <strong>de</strong> Prescrever Calcitonina e Bifosfonatos para Porta<strong>do</strong>res <strong>de</strong> Osteoartrose/<br />

Osteoartrite (OA)?<br />

Artigo <strong>de</strong> Revisão .................................................................. 9<br />

Doença <strong>de</strong> Paget<br />

Aconteceu ............................................................................ 12<br />

Clube <strong>do</strong> Reumatismo ......................................................... 14<br />

Reumateste ......................................................................... 23<br />

LETRACAPITAL EDITORA<br />

Editor João Baptista Pinto, Revisão SRRJ, Projeto Gráfico Luiz Henrique<br />

Sales, Editoração Luiz Henrique Sales, Produção Editorial e Gráfica Letra<br />

Capital Editora, Av. <strong>Rio</strong> Branco, 257 gr. 401/402 Centro CEP 22040-009 <strong>Rio</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong> RJ Telefax 21 2215-3781 / 2224-7071<br />

letracapital@letracapital.com.br / www.letracapital.com.br<br />

<strong>Boletim</strong> da SRRJ • Nº 122/2006 1


Queri<strong>do</strong>s colegas,<br />

Senhoras e senhores,<br />

Estamos chegan<strong>do</strong> ao final <strong>de</strong> nosso mandato à<br />

frente da SRRJ, o qual tivemos a satisfação <strong>de</strong> tê-lo<br />

exerci<strong>do</strong> integralmente.<br />

Este sentimento <strong>de</strong> satisfação foi evoca<strong>do</strong> pela certeza <strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>ver cumpri<strong>do</strong> e, especialmente, pelo apoio incondicional<br />

recebi<strong>do</strong> <strong>de</strong> toda a minha Diretoria, não só a executiva, mas<br />

também <strong>do</strong> corpo <strong>de</strong> associa<strong>do</strong>s <strong>de</strong> nossa <strong>Socieda<strong>de</strong></strong>, VOCÊS!<br />

Ao longo <strong>do</strong>s últimos <strong>do</strong>is anos, vivenciamos uma entida<strong>de</strong><br />

mais forte, privilegian<strong>do</strong> as realizações científicas, mas<br />

fazen<strong>do</strong> da confraternização o veículo a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> para a sedimentação<br />

<strong>do</strong> espírito <strong>de</strong> equipe que nos permitiu cumprir<br />

tu<strong>do</strong> aquilo que planejamos <strong>de</strong> maneira harmoniosa<br />

e produtiva.<br />

Tivemos o privilégio <strong>de</strong> comemorar<br />

o 48° aniversário <strong>de</strong><br />

nossa <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> e o XXº ano <strong>do</strong><br />

Clube <strong>do</strong> Reumatismo num evento<br />

inesquecível, no qual pu<strong>de</strong>mos<br />

viajar pela história da entida<strong>de</strong><br />

e homenagear gran<strong>de</strong>s<br />

nomes da <strong>Reumatologia</strong> carioca<br />

e brasileira, responsável pela<br />

construção <strong>do</strong> acervo moral, ético,<br />

científico e social que hoje a<br />

nossa <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> abriga.<br />

Além <strong>de</strong>sse importante momento,<br />

vários outros po<strong>de</strong>riam ser<br />

cita<strong>do</strong>s no <strong>de</strong>correr das jornadas e<br />

congressos ocorri<strong>do</strong>s durante esses<br />

<strong>do</strong>is anos. Não po<strong>de</strong>ria <strong>de</strong>ixar<br />

<strong>de</strong> lembrar a nossa Jornada <strong>Rio</strong>-<br />

São Paulo, realizada em Búzios há<br />

exatos 12 meses. A ousadia <strong>de</strong> promover<br />

um evento fora da capital, <strong>de</strong> alto nível científico e<br />

carrea<strong>do</strong> <strong>de</strong> surpresas no seu formato, provocou uma formidável<br />

miscigenação entre a ciência e <strong>de</strong>scontração tão importante<br />

na vida <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s nós, e muitas vezes, <strong>de</strong>ixada <strong>de</strong><br />

la<strong>do</strong>. Estou certa que aqueles dias ficarão na memória <strong>de</strong><br />

to<strong>do</strong>s os participantes.<br />

Além disso, estivemos atuan<strong>do</strong> junto aos órgãos públicos<br />

como a SES e o MS implementan<strong>do</strong> a formação <strong>de</strong> câmaras<br />

técnicas e fomentan<strong>do</strong> iniciativas para a obtenção <strong>do</strong> tratamento<br />

i<strong>de</strong>al para os nossos pacientes.<br />

Lamentavelmente o nosso “banco <strong>de</strong> idéias” não cabe no<br />

exíguo tempo que um mandato eletivo disponibiliza. Entre-<br />

2<br />

<strong>Boletim</strong> da SRRJ • Nº 122/2006<br />

PALAVRA DA PRESIDENTE<br />

Dra. Blanca Bica, presi<strong>de</strong>nte da SRRJ.<br />

tanto, o trabalho coletivo, incentiva<strong>do</strong> pelos associa<strong>do</strong>s e realiza<strong>do</strong><br />

pelo corpo diretor, há <strong>de</strong> prosseguir, agora sob a regência<br />

<strong>do</strong> nosso colega Roger Lévy.<br />

Consi<strong>de</strong>ro-me uma privilegiada por agra<strong>de</strong>cer a muitas<br />

pessoas e várias entida<strong>de</strong>s no final <strong>de</strong> minha gestão.<br />

Afinal, honraram-me com a sua ajuda, não só os nossos<br />

afilia<strong>do</strong>s e diretores, mas, <strong>de</strong> maneira especial, a Indústria<br />

Farmacêutica, ao <strong>de</strong>cidir sedimentar uma parceria que nos<br />

trouxe inestimável fruto científico e um crescente respeito<br />

ético-profissional, em ações conjuntas, que enriqueceram<br />

os serviços presta<strong>do</strong>s à <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>do</strong> nosso esta<strong>do</strong> e<br />

aos que nos acompanharam.<br />

Finalmente, dizer obrigada a<br />

to<strong>do</strong>s é muito pouco. Esta palavra<br />

não reflete toda a gran<strong>de</strong>za<br />

<strong>de</strong> propósito e <strong>de</strong> espírito a nós<br />

<strong>de</strong>monstrada, nem o respeito e a<br />

confiança que nos foi <strong>de</strong>positada.<br />

Não po<strong>de</strong>ria, contu<strong>do</strong>, <strong>de</strong>ixar<br />

<strong>de</strong> agra<strong>de</strong>cer aos meus familiares,<br />

em especial aos meus filhos,<br />

Rafael e André, pela compreensão<br />

nas minhas ausências, e ao<br />

Célio, fiel companheiro e<br />

apoia<strong>do</strong>r nesta jornada;<br />

Obrigada aos meus colegas e<br />

alunos da UFRJ, pelo incentivo<br />

constante;<br />

Obrigada aos colegas <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s<br />

os Serviços <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong> <strong>do</strong> RJ<br />

que não só apoiaram nossas iniciativas,<br />

mas também correram os<br />

riscos ao nosso la<strong>do</strong>;<br />

Meu especial obriga<strong>do</strong> a Adriana, nossa incansável secretária<br />

que foi, indubitavelmente, meu braço direito.<br />

Resta-nos, então, dizer parabéns a vocês, membros da<br />

SRRJ, porque, realmente foram os gran<strong>de</strong>s alvos <strong>do</strong> carinho<br />

e <strong>de</strong>dicação recebida por mim enquanto exercen<strong>do</strong> a presidência<br />

da nossa entida<strong>de</strong> neste mandato.<br />

Apresento meus sinceros votos <strong>de</strong> sucesso ao Dr. Roger e<br />

<strong>de</strong>sejo que a força da nossa união continue impulsionan<strong>do</strong><br />

o crescimento <strong>de</strong> nossa socieda<strong>de</strong>.<br />

Obrigada a to<strong>do</strong>s pela atenção,<br />

Blanca Elena R. G. Bica


E<br />

terminamos mais um ano e<br />

mais um ciclo no boletim...<br />

Este número encerra o biênio<br />

2005-2006, quan<strong>do</strong> tivemos o prazer<br />

<strong>de</strong> trabalhar com a diretoria da Dra.<br />

Blanca Bica, que muito nos apoiou e<br />

prestigiou. A ela só temos a dizer:<br />

obriga<strong>do</strong> pela confiança! Pu<strong>de</strong>mos<br />

também, neste perío<strong>do</strong>, acompanhar<br />

o crescente reconhecimento da <strong>Socieda<strong>de</strong></strong><br />

<strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Janeiro</strong> pelas <strong>de</strong>mais socieda<strong>de</strong>s médicas,<br />

pelos serviços da especialida<strong>de</strong><br />

em to<strong>do</strong> o Brasil e, principalmente,<br />

pelos médicos em formação. Vimos<br />

crescer a freqüência <strong>do</strong> Clube <strong>do</strong> Reumatismo<br />

ainda mais, com a certeza <strong>de</strong><br />

EDITORIAL<br />

que ele é hoje uma referência para to<strong>do</strong>s<br />

que querem e gostam <strong>de</strong> discutir<br />

<strong>de</strong>mocraticamente um caso clínico.<br />

Agra<strong>de</strong>cemos imensamente toda<br />

a comunida<strong>de</strong> médica que acompanha<br />

e colabora com nossa publicação<br />

e aproveitamos para convidar to<strong>do</strong>s<br />

a participarem <strong>do</strong> boletim, seja comparecen<strong>do</strong><br />

ao clube, seja envian<strong>do</strong><br />

artigos. Guardamos um agra<strong>de</strong>cimento<br />

muito especial ao Prof. Hilton Seda,<br />

profissional maior, que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sempre,<br />

colabora conosco e consegue manter<br />

o entusiasmo com o nosso queri<strong>do</strong><br />

boletim. É com satisfação que já recebemos<br />

suas contribuições para os próximos<br />

números. A ele, nosso tributo...<br />

Certos <strong>de</strong> que ainda há muito a<br />

fazer por esta publicação, aceitamos<br />

o convite <strong>do</strong> Dr Roger para a continuação<br />

<strong>do</strong> trabalho. Esperamos aumentar<br />

a oferta <strong>de</strong> artigos, relatos <strong>de</strong><br />

casos e, com isso, melhorar ainda mais<br />

a qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong> que é ofereci<strong>do</strong> a<br />

vocês, nossos amigos leitores.<br />

Para encerrar, reproduziremos<br />

uma crônica <strong>do</strong> Prof. Nelson Vaz, que<br />

servirá <strong>de</strong> ref lexão para to<strong>do</strong>s nós.<br />

Neste momento <strong>de</strong> confraternização,<br />

é interessante parar para refletir: para<br />

on<strong>de</strong> vamos?<br />

Feliz Natal e até 2007!<br />

Comissão editorial<br />

Quo vadis?<br />

Nos dias abafa<strong>do</strong>s e infernalmente quentes e abafa<strong>do</strong>s <strong>do</strong> verão <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>,<br />

precisávamos muitas vezes transportar camun<strong>do</strong>ngos <strong>de</strong> um laboratório a outro -<br />

geralmente <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> a Niterói. Quarenta; cinqüenta camun<strong>do</strong>ngos eram reuni<strong>do</strong>s em uma<br />

só gran<strong>de</strong> gaiola para o transporte. Iniciada a viagem, inquietos com o calor, os animais<br />

procuravam inicialmente <strong>de</strong>itar espalha<strong>do</strong>s contra o chão metálico da gaiola, afastan<strong>do</strong><br />

as raspas <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira. Mas quan<strong>do</strong> o calor subia mais e os fazia suar, levantavam-se to<strong>do</strong>s<br />

aflitos e, subitamente, como a um sinal, disparavam to<strong>do</strong>s a correr vertiginosamente pelo<br />

teto e pelas pare<strong>de</strong>s da gaiola, no mais trágico “globo da morte” que já presenciei. Em<br />

alguns segun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> terror estavam to<strong>do</strong>s quietos, mortos, encharca<strong>do</strong> <strong>de</strong> suor. O calor<br />

a mais da corrida liquidara seus cérebros.<br />

Isso não ocorre mais, já não se transportam camun<strong>do</strong>ngos assim. Mas não esqueço<br />

daquela louca corrida final, toda a gana <strong>de</strong> sobreviver jogada <strong>de</strong> um só golpe que - não<br />

fosse o homem e suas gra<strong>de</strong>s - traria o ar fresco, o alívio, o fim <strong>do</strong> pesa<strong>de</strong>lo.<br />

É preciso cuidar <strong>de</strong> nós, saber que existem limites além <strong>do</strong>s quais tu<strong>do</strong> se arrisca. Nessa<br />

hora, nada é mais importante que mudar. Em décadas passadas, muitos estu<strong>do</strong>s<br />

neurobiológicos eram feitos em um “axônio gigante” <strong>de</strong> crustáceos. Nesses animais, que<br />

não possuem mielina, a velocida<strong>de</strong> <strong>do</strong> impulso nervoso <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>do</strong> diâmetro da fibra<br />

nervosa - quanto mais grossa, mais rápida a transmissão. Esse “axônio gigante” pertence<br />

a uma fibra que transmite quase tão rapidamente quanto é possível nestes animais.<br />

Quan<strong>do</strong> acionada, essa fibra dispara uma súbita extensão <strong>do</strong> corpo <strong>do</strong> animal pelo<br />

acionamento <strong>de</strong> uma forte musculatura extensora. O movimento faz com que o animal<br />

salte para longe, mas não é um movimento dirigi<strong>do</strong>; apenas tira o animal <strong>de</strong> on<strong>de</strong> está.<br />

Quan<strong>do</strong> acua<strong>do</strong>s, sapos, rãs e pererecas também saltam sem uma direção <strong>de</strong>finida,<br />

apenas para saírem <strong>de</strong> on<strong>de</strong> estão.<br />

Atualmente, estamos to<strong>do</strong>s assoberba<strong>do</strong>s, apressa<strong>do</strong>s, no <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> múltiplas<br />

tarefas simultâneas, em uma inquietu<strong>de</strong> como a que antecedia o “estouro” <strong>do</strong>s<br />

camun<strong>do</strong>ngos em sua corrida para a morte. Essa aceleração, que atinge to<strong>do</strong>s os aspectos<br />

da vida, transparece na propaganda televisiva, cada vez mais rápida e violenta. Lembrome<br />

da agitação punitiva <strong>do</strong>s camun<strong>do</strong>ngos agonia<strong>do</strong>s com o calor e penso em levantar<br />

uma antiga pergunta em Latim: “Quo vadis?” - On<strong>de</strong> vais?<br />

Nelson Vaz<br />

<strong>Boletim</strong> da SRRJ • Nº 116/2005 122/2006 3


4<br />

<strong>Boletim</strong> da SRRJ • Nº 122/2006<br />

HISTÓRIA ARTIGO DA DE REUMATOLOGIA<br />

REVISÃO<br />

A Convivência <strong>de</strong> Miguel Torga<br />

com sua Doença (Parte 4)<br />

Dedica<strong>do</strong> ao Professor Dr. Mário Viana <strong>de</strong> Queiroz<br />

M<br />

iguel Torga continuou registran<strong>do</strong> em<br />

seu Diário XVI 1 , suas angústias e seu<br />

pessimismo, ao la<strong>do</strong> <strong>do</strong> sofrimento provoca<strong>do</strong><br />

por sua <strong>do</strong>ença:<br />

“Não ter futuro. Nem sequer o <strong>do</strong> dia <strong>do</strong> amanhã<br />

Viver indiferente à vida, <strong>de</strong> mão no pulso à espera <strong>do</strong><br />

<strong>do</strong>bre da última pancada <strong>do</strong> coração” (Coimbra, 22 <strong>de</strong><br />

julho <strong>de</strong> 1991).<br />

Em 19 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1991, em Coimbra, volta a falar <strong>de</strong><br />

transfusão: “Mais sangue alheio <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> mim. Por este<br />

andar, qualquer dia não sou eu que me vejo no espelho”.<br />

Novamente interna<strong>do</strong>, no dia vinte e cinco <strong>de</strong> novembro<br />

<strong>de</strong> 1991:<br />

“Interna<strong>do</strong>.<br />

- Que os <strong>de</strong>uses o não <strong>de</strong>samparem, roga-me alguém.<br />

Mas, infelizmente, <strong>de</strong>sampararam”.<br />

E, no dia seguinte, ainda no Hospital <strong>de</strong> Coimbra: “E<br />

aqui estou na vala comum <strong>de</strong> uma enfermaria a ver agonizar<br />

outros infelizes à minha volta. Passei a vida a tratar<br />

<strong>do</strong>entes, e fi-lo com todas as veras da alma. Não fiquei a<br />

<strong>de</strong>ver humanida<strong>de</strong> a nenhum. Mas faltava-me a prova suprema<br />

<strong>de</strong> sofrer sem esperança numa coma ao la<strong>do</strong> <strong>de</strong>les”.<br />

No outro dia: “Estou no meio <strong>de</strong>les, e, como eles, mina<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> mesmo mal incurável. Com a diferença apenas<br />

<strong>de</strong> que a ignorância lhes permite alimentar um absur<strong>do</strong><br />

fio <strong>de</strong> esperança, que eu, por sabe<strong>do</strong>ria profissional, não<br />

posso compartilhar”.<br />

Ainda no hospital, a insistência e o impulso em registrar<br />

(vinte e oito <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1991): “Não há dúvida.<br />

Perdi. Ou ganhei, quem sabe lá? Talvez a perda tu<strong>do</strong> é<br />

que se ganhe tu<strong>do</strong>. De qualquer maneira acabo venci<strong>do</strong>.<br />

Nada <strong>do</strong> que fiz valeu a pena, me serve agora <strong>de</strong> lenitivo<br />

nestes tormentosos dias finais, que vou sofren<strong>do</strong> em silêncio,<br />

crucifica<strong>do</strong> na cama, a fazer esforços sobre-humanos<br />

para minorar aos olhos das visitas, e aos meus, o espetáculo<br />

constrange<strong>do</strong>r da minha miséria. A respirar oxigênio<br />

por um tubo e sem forças para erguer uma palha, nem<br />

mesmo assim a encanização da escrita me <strong>de</strong>ixa em paz.<br />

Hilton Seda*<br />

Às duas por três, sinto a tentação <strong>de</strong> registrar miudamente<br />

estas horas <strong>de</strong> agonia. Mas tenho <strong>de</strong> me ren<strong>de</strong>r à evidência.<br />

A caneta cai-me da mão aos primeiros rabiscos. E<br />

ainda bem. Nasci para cantar a glória da vida e não para<br />

cronista da humilhação da morte”.<br />

Em <strong>do</strong>is <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1992, Miguel Torga foi transferi<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> hospital em Coimbra: “Transferi<strong>do</strong> <strong>do</strong> hospital,<br />

agora para uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cuida<strong>do</strong>s intensivos. Vejo o<br />

coração pulsar num ecrã, engulo carradas <strong>de</strong> comprimi<strong>do</strong>s,<br />

e <strong>de</strong>ixo correr as horas melancolicamente, resigna<strong>do</strong><br />

a este fim inglório que sempre temi, enquanto alimentava<br />

a secreta esperança <strong>de</strong> que fosse da plenitu<strong>de</strong>, areja<strong>do</strong> e<br />

altivo no cimo <strong>de</strong> uma serra, esgota<strong>do</strong> através das perdizes.<br />

Mas estava guarda<strong>do</strong> para isto. Para esta expiação <strong>de</strong><br />

me ver, sentir e pensar em negativo, sem a perspectiva <strong>de</strong><br />

qualquer grata surpresa <strong>do</strong> dia <strong>de</strong> amanhã, e a memorar<br />

frustrações”.<br />

A referência <strong>de</strong> Torga às perdizes diz respeito a uma<br />

das suas preferidas distrações: caçar.<br />

Depois <strong>de</strong> prolongada estada em hospitais, finalmente<br />

volta para casa no dia treze <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1992: “Finalmente<br />

em casa, meio moribun<strong>do</strong>, meio ressuscita<strong>do</strong>, a tentar<br />

integrar-me no ambiente familiar”. Mas sua permanência<br />

com a família foi curta, pois no dia onze <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1992:<br />

“Outra vez hospitaliza<strong>do</strong>. Po<strong>de</strong>-se enganar a vida. A morte<br />

é que não. Há muito consciente disso, teimo, contu<strong>do</strong>,<br />

em trocar as voltas à minha, numa espécie <strong>de</strong> birra <strong>de</strong><br />

menino <strong>de</strong>satina<strong>do</strong>. Sei que acabará por levar a melhor.<br />

Mas vou ganhan<strong>do</strong> tempo”.<br />

A gran<strong>de</strong> frustração <strong>de</strong> Miguel Torga em relação ao<br />

seu consultório: “Visita fúnebre <strong>de</strong> <strong>do</strong>is administra<strong>do</strong>res<br />

<strong>do</strong> banco e meu senhorio <strong>do</strong> consultório. Querem-me na<br />

rua, para fazer obras no prédio e aumentar o rendimento.<br />

Pareciam fantasmas agoirentos a anunciar-me ainda em<br />

vida o meu enterro e o <strong>do</strong> meu passa<strong>do</strong>...” (vinte <strong>de</strong> maio<br />

<strong>de</strong> 1992).<br />

Num outro poema <strong>de</strong> sete <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1992 fala da<br />

vida e da morte:<br />

* Professor Titular <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong> da PUC-<strong>Rio</strong>. Da Aca<strong>de</strong>mia Brasileira <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong>. Presi<strong>de</strong>nte da <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> Brasileira <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong> (1968-1970)


“ Mea Culpa<br />

Vida!<br />

Como eu te quero<br />

Agora que te sei perdida!<br />

Foste a minha riqueza<br />

Desbaratada.<br />

Em vez <strong>de</strong> te poupar,<br />

Gastei-te sem saber o que fazia.<br />

E não vivi.<br />

Morri<br />

Em cada hora cega que “vivia “<br />

Depois <strong>do</strong> encontro com seu proprietário, Miguel Torga<br />

acabou por <strong>de</strong>sfazer-se <strong>do</strong> consultório em oito <strong>de</strong> junho<br />

<strong>de</strong> 1992.<br />

Em “Solidão” (vinte <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1992), a sensação <strong>de</strong><br />

aban<strong>do</strong>no:<br />

“Pouco a pouco, vamos fican<strong>do</strong> sós<br />

Esqueci<strong>do</strong>s ou lembra<strong>do</strong>s<br />

Como nome <strong>de</strong> ruas secundárias<br />

Que a custo recordamos<br />

.......<br />

.......<br />

Mortos sem ter morri<strong>do</strong>,<br />

Lúci<strong>do</strong>s <strong>de</strong>funtos,<br />

Vemos a vida pertencer aos outros”<br />

......<br />

......<br />

Ao receber seu relatório <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> escreveu: “Entregoume<br />

profissionalmente a fotocópia <strong>do</strong> relactório oficial <strong>do</strong><br />

meu esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, e, <strong>de</strong>pois, <strong>do</strong>irou humanamente a cruelda<strong>de</strong><br />

científica. Aconselhou-me alguns dias <strong>de</strong> férias numa<br />

estância termal <strong>de</strong> Trás-os-Montes. Descanço e águas medicinais.<br />

Assim farei, se conseguir vencer a distância. Serão provavelmente<br />

as últimas, as a vagabundagem neste mun<strong>do</strong>, e<br />

particularmente no português, há-<strong>de</strong> apetecer-me até o <strong>de</strong>rra<strong>de</strong>iro<br />

alento” (Trinta <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1992, Coimbra).<br />

Seguiu o conselho e voltou, mais uma vez, a Chaves, no<br />

dia 26 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1992: “Cá cheguei e cá an<strong>do</strong>. Mas<br />

inseguro, aéreo, a ver tu<strong>do</strong> sonambulantemente, com a sensação<br />

<strong>de</strong> ser um embrulho humano que veio <strong>de</strong>spacha<strong>do</strong><br />

por aí acima com o rótulo <strong>de</strong> “muito frágil”. Vamos ver se<br />

me consoli<strong>do</strong>, e a realida<strong>de</strong> se consolida <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> mim”.<br />

Permaneceu em Chaves até 6 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1992,<br />

mas no dia 1 foi hospitaliza<strong>do</strong> <strong>de</strong> urgência: “Arrefeceu,<br />

comecei a sentir falta <strong>de</strong> ar, e, às tantas, esgana<strong>do</strong>, tive <strong>de</strong><br />

me ren<strong>de</strong>r. E aqui estou a respirar oxigênio engarrafa<strong>do</strong> e<br />

a bendizer to<strong>do</strong>s quantos abnegadamente procuraram<br />

valer-me. A secura afectiva que estiola a nossa civilização<br />

não chegou felizmente a estas benditas terras<br />

transmontanas. Médicos, enfermeiras e simples serventes<br />

são feitos <strong>do</strong> mesmo barro quente e fraterno”.<br />

No último dia no hospital <strong>de</strong> Chaves reconheceu<br />

que “Necessitava <strong>de</strong> continuar hospitaliza<strong>do</strong> mais algum<br />

tempo, a convalescer. Mas tenho <strong>de</strong> me por a caminho.<br />

Cabra manca não tem sesta, ensina o povo. E eu<br />

sou precisamente essa cabra manca, com horas marcadas<br />

<strong>de</strong> aflição. E lá vou ao encontro da festa da agonia que<br />

me espera em Coimbra”.<br />

Mas antes <strong>de</strong> chegar a Coimbra passou por São<br />

Martinho <strong>de</strong> Anta (8 <strong>de</strong> setembro): “Mesmo a cair aos<br />

boca<strong>do</strong>s, teimei em passar aqui. É que nenhuma hora da<br />

minha vida tem significa<strong>do</strong> sem esta referência”.<br />

“A muito custo, ergui-me da cama, on<strong>de</strong> espero também<br />

pela minha hora, e fui dizer-lhe o último a<strong>de</strong>us. E<br />

tive pela primeira vez consciência <strong>de</strong> que às vezes vale a<br />

pena morrer. Estava <strong>de</strong>ita<strong>do</strong> no caixão na paz eterna <strong>do</strong>s<br />

justos. E surpreen<strong>de</strong>ntemente revela<strong>do</strong>. Nunca nenhum<br />

amigo lhe tinha conheci<strong>do</strong> tão puras e nobres feições”<br />

(Coimbra, 6 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1992).<br />

Em 11 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1993, analisa seu último diário: “À<br />

medida que os dias passam, mais nocturno vai sen<strong>do</strong> este<br />

diário. Bem contra a minha vonta<strong>de</strong>, que não queria, <strong>de</strong><br />

maneira nenhuma, que ele fosse um testamento <strong>de</strong> <strong>de</strong>silusão.<br />

Mas tu<strong>do</strong> se conjugou, e conjuga, para que em cada<br />

página venha à tona o eu <strong>de</strong>sespero. Envelheci rui<strong>do</strong>samente.<br />

Deu-se a viragem da História. To<strong>do</strong>s os valores em<br />

que acreditava, e ainda acredito, foram postos em causa...”<br />

Ao completar 86 anos comenta: “Oitenta e seis anos.<br />

Mas os amigos adiaram a comemoração para <strong>de</strong>pois <strong>de</strong><br />

amanhã. E a mim tanto me faz. Chegar a esta ida<strong>de</strong> era<br />

bonito se fosse em plenitu<strong>de</strong> física e mental. Mas, assim<br />

inváli<strong>do</strong> por fora e por <strong>de</strong>ntro, sobrevivo, to<strong>do</strong>s os dias<br />

me são iguais, porque em to<strong>do</strong>s com apenas o triste<br />

espectáculo <strong>de</strong> uma teimosia vital insólita, que só espanta<br />

e causa pena” (Coimbra, 12 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1993).<br />

E lá vem mais um poema angustia<strong>do</strong> em 20 <strong>de</strong> setembro<br />

<strong>de</strong> 1993:<br />

“Expiação<br />

.......<br />

.......<br />

Pois sabias<br />

Que os poetas jura<strong>do</strong>s,<br />

Humanas heresias,<br />

Nascem con<strong>de</strong>na<strong>do</strong>s<br />

A morrer afoga<strong>do</strong>s<br />

To<strong>do</strong>s os dias<br />

No tormentoso mar <strong>do</strong>s seus peca<strong>do</strong>s”.<br />

Novamente a falar <strong>de</strong> seu tratamento: “Radioterapia.<br />

As mezinhas a que a nossa pobre condição tem recorri<strong>do</strong><br />

através <strong>do</strong>s tempos para mitigar o sofrimento! Des<strong>de</strong> as<br />

benzeduras e a víbora da infusão, aos ópios e raios invisíveis<br />

da ciência, tu<strong>do</strong> foi experimenta<strong>do</strong>. E a <strong>de</strong>sgraça é<br />

que as <strong>do</strong>ses continuam a crucificar-nos, e só o triste pranto<br />

<strong>de</strong> sempre nos alivia. As lágrimas irreprimíveis <strong>do</strong> fatídico<br />

<strong>de</strong>sespero humano, chaga viva <strong>do</strong> corpo e da alma,<br />

sem possível explicação e sem cura” Coimbra, 18 <strong>de</strong> outubro<br />

<strong>de</strong> 1993).<br />

A morte vem à cena novamente em 22 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong><br />

1993: “Penso e repenso dia e noite na morte. Na morte<br />

que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> criança, nunca <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> se manter presente<br />

no meu corpo e no meu espírito, ora aberta, ora<br />

veladamente...”.<br />

<strong>Boletim</strong> da SRRJ • Nº 122/2006 5


Mais um poema <strong>de</strong>pressivo, cantan<strong>do</strong> a morte (3 <strong>de</strong><br />

novembro <strong>de</strong> 1993):<br />

6<br />

“Termo<br />

Para, imaginação<br />

Não há mais aventura, nem poesia.<br />

A hora é <strong>de</strong> fina<strong>do</strong>s,<br />

Com versos apaga<strong>do</strong>s<br />

Na lareira on<strong>de</strong> a fogueira ardia.<br />

.....”<br />

“Conto os dias que passam e eu passo com eles, na<br />

maior parte sem <strong>de</strong>ixar sinais <strong>de</strong> mim. Sem um poema,<br />

sem uma idéia, sem um gesto significativo. Perco a vida<br />

num cansaço abúlico, <strong>do</strong> corpo e <strong>do</strong> espírito. De vagamente<br />

<strong>de</strong> que já fui um homem váli<strong>do</strong>, activo, prestável,<br />

que não concebia tempos vazios na existência. Que os<br />

enchia to<strong>do</strong>s <strong>de</strong> esforço e <strong>de</strong> esperança. Mas cheguei a<br />

uma miséria tal que nem sauda<strong>de</strong>s tenho <strong>de</strong>sse outro que<br />

tanto batalhou e sofreu para nada e me parece agora uma<br />

ficção” (Coimbra, 14 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1993).<br />

Apesar <strong>de</strong> se sentir sem uma idéia, ainda fará um <strong>de</strong>rra<strong>de</strong>iro<br />

poema.<br />

Em 9 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1993, Miguel Torga diz: “E chega<br />

ao fim com este volume, um livro que comecei a escrever<br />

um pouco estouvadamente há sessenta anos, e acabo<br />

agora com mais assento. Como é sabi<strong>do</strong>, ninguém conhece<br />

o dia <strong>de</strong> amanhã, e, pelo que me diz respeito, fui um<br />

mártir <strong>de</strong>ssa incerteza. E iniciei o presente tomo quase<br />

seguro <strong>de</strong> que não o terminaria. O resulta<strong>do</strong> está à vista:<br />

um estendal <strong>de</strong> dúvidas e gemi<strong>do</strong>s. Mesmo assim, talvez<br />

valha a pena que se junte aos outros, como seu natural<br />

remate. Mais <strong>do</strong> que páginas <strong>de</strong> meditação, são gritos <strong>de</strong><br />

alma irreprimíveis dum mortal que torceu mas não quebrou,<br />

que, sem po<strong>de</strong>r, pô<strong>de</strong> até à exaustão. E se <strong>de</strong>spe<strong>de</strong><br />

<strong>do</strong>s seus semelhantes sem azedume e sem ressentimentos,<br />

1. Torga M: Diário vols IX a VVI, Publicações Dom Quixote,<br />

Lisboa, 1999.<br />

<strong>Boletim</strong> da SRRJ • Nº 122/2006<br />

REFERÊNCIAS<br />

na paz <strong>de</strong> ter procura<strong>do</strong> vê-los e compreendê-los na exata<br />

medida. E que confia no juízo da posterida<strong>de</strong>, que certamente<br />

lhe vai relevar os muitos <strong>de</strong>feitos e ter em conta as<br />

poucas mas sofridas virtu<strong>de</strong>s. De alguma coisa não hão<br />

<strong>de</strong> valer as cicatrizes <strong>de</strong> <strong>de</strong>fensor incansável <strong>do</strong> amor da<br />

verda<strong>de</strong> e da liberda<strong>de</strong>, a tría<strong>de</strong> bendita que justifica a<br />

passagem <strong>de</strong> qualquer homem por este mun<strong>do</strong>”.<br />

Esta foi sua última página, apesar <strong>de</strong> ter dito: “Não.<br />

Nunca hei-<strong>de</strong> escrever a última página. Ficará sempre<br />

uma inédita na minha aflição” (25 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1979).<br />

Miguel Torga, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> cinco longos meses <strong>de</strong> agonia<br />

no Instituto <strong>de</strong> Oncologia <strong>de</strong> Coimbra, morreu no dia 17<br />

<strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1995 2 , mas, no dia 10 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong><br />

1993, portanto mais <strong>de</strong> um ano antes <strong>de</strong> falecer, escreveu,<br />

na <strong>de</strong>rra<strong>de</strong>ira página <strong>de</strong> seu Diário XVI, o seu próprio<br />

réquiem:<br />

Réquiem por mim<br />

Aproxima-se o fim.<br />

E tenho pena <strong>de</strong> acabar assim,<br />

Em vez <strong>de</strong> natureza consumada,<br />

Ruína humana.<br />

Inváli<strong>do</strong> <strong>do</strong> corpo<br />

E tolhi<strong>do</strong> da alma.<br />

Morto em to<strong>do</strong>s os órgãos e senti<strong>do</strong>s.<br />

Longo foi o caminho e <strong>de</strong>smedi<strong>do</strong>s<br />

Os sonhos que nele tive,<br />

Mas ninguém vive<br />

Contra as leis <strong>do</strong> <strong>de</strong>stino<br />

E o <strong>de</strong>stino não quis<br />

Que eu me cumprisse como?,<br />

E caísse <strong>de</strong> pé, num <strong>de</strong>safio.<br />

<strong>Rio</strong> feliz a ir <strong>de</strong> encontro ao mar<br />

Desaguar<br />

E, em largo oceano, eternizar<br />

O seu esplen<strong>do</strong>r torrencial <strong>de</strong> rio.<br />

2. Leme CC: Miguel Torga morreu há <strong>de</strong>z anos. Cultura, 17<br />

<strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2005, p36.


A<br />

pesar <strong>de</strong> sua gran<strong>de</strong> prevalência e <strong>do</strong> seu<br />

importante impacto econômico-social, a<br />

OA não <strong>de</strong>spertava no passa<strong>do</strong> gran<strong>de</strong><br />

interesse entre os pesquisa<strong>do</strong>res, que se voltavam, preferencialmente,<br />

para patologias mais atraentes, como a artrite<br />

reumatói<strong>de</strong> e as <strong>do</strong>enças difusas <strong>do</strong> teci<strong>do</strong> conjuntivo.<br />

Pouco a pouco esse quadro se modificou, principalmente<br />

nas duas últimas décadas, passan<strong>do</strong> a OA a ser bastante<br />

investigada. Como conseqüência, houve gran<strong>de</strong> progresso<br />

no conhecimento <strong>de</strong> sua etiopatogenia e, como resulta<strong>do</strong>,<br />

novas estratégias para o seu tratamento, com o aparecimento<br />

<strong>de</strong> fármacos que preten<strong>de</strong>m modificar sua evolução.<br />

Des<strong>de</strong> o trabalho pioneiro <strong>de</strong> MVL Foss e PD Byers 1 -<br />

que <strong>de</strong>monstrou a associação da OA <strong>de</strong> quadril com a<br />

presença <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> mineral óssea acima da média e<br />

sugeriu que essa <strong>do</strong>ença po<strong>de</strong>ria ser inicialmente óssea –<br />

tem havi<strong>do</strong> algum empenho no estu<strong>do</strong> da participação<br />

<strong>do</strong> osso em sua patogenia. EL Radin 2 propôs que a OA<br />

adviria da cicatrização <strong>de</strong> microfraturas trabeculares<br />

subcondrais geran<strong>do</strong> osso mais rígi<strong>do</strong> não eficaz na absorção<br />

<strong>de</strong> choques, tornan<strong>do</strong> a cartilagem mais suscetível<br />

à <strong>de</strong>gradação. J Dequeker 3 , entretanto, apresentou nova<br />

hipótese, contrastan<strong>do</strong> com a <strong>de</strong> Radin, em que afirmava<br />

que a rigi<strong>de</strong>z <strong>do</strong> osso subcondral fazia parte <strong>de</strong> uma alteração<br />

mais generalizada <strong>do</strong> osso e não da simples cicatrização<br />

<strong>de</strong> microfraturas. Recentemente tem havi<strong>do</strong> gran<strong>de</strong><br />

interesse em discutir esse assunto 4 , ten<strong>do</strong> em vista que<br />

po<strong>de</strong> ter implicações terapêuticas. Diante <strong>de</strong>ssas possibilida<strong>de</strong>s,<br />

não seria <strong>de</strong>scabi<strong>do</strong> especular que, se a baixa <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong><br />

óssea evita o aparecimento <strong>de</strong> OA, a prescrição <strong>de</strong><br />

medicação para preservar ou aumentar a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> óssea<br />

po<strong>de</strong>ria elevar o risco <strong>de</strong> OA, mas ocorre exatamente o<br />

contrário: estratégias usadas para prevenir osteoporose<br />

(estrógenos na menopausa e vitamina D) associaram-se a<br />

diminuição <strong>de</strong> risco <strong>de</strong> OA 5,6 .<br />

Nos últimos 10 a l5 anos, têm surgi<strong>do</strong> trabalhos experimentais,<br />

clínicos e <strong>de</strong> revisão, avalian<strong>do</strong> a possibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> os bifosfonatos e a calcitonina terem ação benéfica na<br />

ARTIGO ORIGINAL<br />

Está na Hora <strong>de</strong> Prescrever Calcitonina e<br />

Bifosfonatos para Porta<strong>do</strong>res <strong>de</strong> Osteoartrose/<br />

Osteoartrite (OA)?<br />

Hilton Seda*<br />

OA. DS Howell e RD Altman publicaram em 1993 cuidada<br />

revisão sobre reparo da cartilagem, incluin<strong>do</strong> a utilização<br />

<strong>de</strong> etidronato e calcitonina, mostran<strong>do</strong> que os resulta<strong>do</strong>s<br />

preliminares com o uso <strong>de</strong>sses fármacos, em mo<strong>de</strong>los<br />

experimentais e culturas, revelaram algum valor 7 . SL Myers<br />

et al, em 1999, utilizan<strong>do</strong>-se <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo experimental canino,<br />

avaliaram o efeito <strong>de</strong> um bifosfonato (NE 10035),<br />

concluin<strong>do</strong> que o agente emprega<strong>do</strong> no estu<strong>do</strong> reduziu<br />

efetivamente o “turnover” <strong>do</strong> osso subcondral na junta<br />

OA e não teve efeito sobre a formação <strong>de</strong> osteófitos, não<br />

afetan<strong>do</strong> a gravida<strong>de</strong> das lesões cartilaginosas 8 . T Hayman<br />

et al, em 2004, estudaram o efeito <strong>do</strong> alendronato na <strong>de</strong>gradação<br />

da cartilagem e formação <strong>de</strong> osteófitos em mo<strong>de</strong>lo<br />

experimental <strong>de</strong> rato (ACTL – anterior cruciate<br />

ligament transection) concluin<strong>do</strong> que esse bifosfonato teve<br />

efeito condroprotetor, conforme <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> por critério<br />

histológico e marca<strong>do</strong>res da <strong>de</strong>gradação <strong>do</strong> colágeno 9 .<br />

Usan<strong>do</strong> um novo marca<strong>do</strong>r para avaliar a <strong>de</strong>generação<br />

cartilaginosa (CTX II – colágeno tipo II C-telopeptí<strong>de</strong>o),<br />

HJ Lehmann et al mostraram que sua excreção urinária<br />

diminuiu significativamente em resposta a <strong>do</strong>is<br />

bifosfonatos – alendronato e ibandronato – sugerin<strong>do</strong> que<br />

esses fármacos po<strong>de</strong>m ter efeito condroprotetor no homem<br />

10 . DL Carbone et al, em 2004, avaliaram os efeitos<br />

<strong>do</strong> uso <strong>de</strong> medicamentos antirreabsortivos ósseos (estrógenos,<br />

raloxifeno e alendronato) na OA <strong>de</strong> joelho em 818<br />

mulheres na pós-menopausa, através <strong>de</strong> ressonância magnética<br />

(RM) da articulação, sen<strong>do</strong> que 214 <strong>de</strong>las (26,2%)<br />

estavam receben<strong>do</strong> a medicação. O uso <strong>de</strong> alendronato,<br />

mas não <strong>de</strong> estrógenos, associou-se a menor gravida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>do</strong>r nos joelhos, através <strong>de</strong> avaliação pelo WOMAC (Western<br />

Ontário and McMaster University Osteoarthritis In<strong>de</strong>x). Tanto<br />

alendronato quanto estrógenos, produziram efeitos<br />

benéficos sobre o osso e anormalida<strong>de</strong>s e<strong>de</strong>ma-símiles da<br />

medula óssea, constata<strong>do</strong>s por RM. Os autores concluíram<br />

que seu estu<strong>do</strong> sugere que alendronato e estrógenos<br />

po<strong>de</strong>m evitar o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> anormalida<strong>de</strong>s ósseas<br />

que ocorrem na OA <strong>de</strong> joelho e oferecer efeitos benéfi-<br />

* Professor Titular <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong> da PUC-<strong>Rio</strong> (1969-2006). Presi<strong>de</strong>nte da <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> Brasileira <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong> (1968-1970), da Aca<strong>de</strong>mia Brasileira <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong>.<br />

<strong>Boletim</strong> da SRRJ • Nº 122/2006 7


cos na evolução da <strong>do</strong>ença 11 . Em 1999, D-H Manicourt et<br />

al mostraram que a calcitonina reduziu significativamente<br />

a gravida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lesões precoces <strong>de</strong> OA em mo<strong>de</strong>lo experimental<br />

canino, concluin<strong>do</strong> que esta terapêutica po<strong>de</strong>ria<br />

ser benéfica em casos <strong>de</strong> trauma recente <strong>de</strong> joelho 12 . Em<br />

2005, trabalho <strong>de</strong> YZ Bagger et al, usan<strong>do</strong> forma oral <strong>de</strong><br />

calcitonina <strong>de</strong> salmão, em estu<strong>do</strong> controla<strong>do</strong> com 152 mulheres<br />

na pós-menopausa, com ida<strong>de</strong>s entre 55 e 85 anos,<br />

ten<strong>do</strong> como parâmetro <strong>de</strong> avaliação a excreção urinária <strong>de</strong><br />

CTX II, corrigida para eliminação <strong>de</strong> creatinina, concluíram<br />

que o fármaco, na <strong>do</strong>se <strong>de</strong> 1mg por dia, induziu significativa<br />

redução da excreção urinária <strong>de</strong> CTX II, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong>, além<br />

<strong>de</strong> seu pronuncia<strong>do</strong> efeito sobre a ressorção óssea, reduzir a<br />

<strong>de</strong>gradação cartilaginosa e, assim, oferecer benefícios<br />

terapêuticos em termos <strong>de</strong> condroproteção 13 . Em 2006, BC<br />

Son<strong>de</strong>rgaard et al mostraram, em laboratório, que calcitonina<br />

atenua diretamente a <strong>de</strong>gradação <strong>do</strong> colágeno tipo II através<br />

da inibição da expressão <strong>de</strong> metaloproteinases da matriz<br />

e ativida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s condrócitos articulares. Observaram, pela<br />

primeira vez, expressão <strong>de</strong> receptor para calcitonina nos<br />

condrócitos articulares e também que os efeitos<br />

condroprotetores da calcitonina po<strong>de</strong>riam envolver inibição<br />

da expressão <strong>de</strong> metaloproteinases. Concluíram que seus<br />

1. Foss MVL, Byers PD: Bone <strong>de</strong>nsity,<br />

osteoarthritis of the hip, and<br />

fracture of the upper end of the<br />

femur. Annals Rheum Dis 31:259-<br />

264, 1972.<br />

2. Radin EL, Paul IL, Tolkoff MJ:<br />

Subchondral bone changes in<br />

patients with early <strong>de</strong>generative joint<br />

disease. Arthritis Rheum 13:400-405,<br />

1970.<br />

3. Dequeker J: Osteoporosis protect<br />

against the <strong>de</strong>velopment of osteoarthritis.<br />

Rev Bras Reumatol 34: 215-<br />

219, 1994.<br />

4. Felson DT, Neogi T: Osteoarthritis:<br />

is it a disease of cartilage or of bone?<br />

(editorial). Arthritis Rheum 50:341-<br />

344, 2004.<br />

5. Hannan MT, Felson DT, An<strong>de</strong>rson<br />

JJ et al: Estrogen use and radiographic<br />

osteoarthritis of the knee in<br />

women. Arthritis Rheum 33:525-532,<br />

1990.<br />

6. Spector TD, Nandra D, Hart DJ,<br />

Doyle DV: Is hormone replacement<br />

therapy protective for hand and<br />

knee osteoarthritis in women? The<br />

Chingford study. Annals Rheum<br />

Dis 56:432-434, 1997.<br />

8<br />

<strong>Boletim</strong> da SRRJ • Nº 122/2006<br />

REFERÊNCIAS<br />

7. Howell DS, Altman RD: Cartilage<br />

repair and conservation in osteoarthritis.<br />

Rheum Dis Clin North<br />

Am 19:713-724, 1993.<br />

8. Myers SL, Brandt KD, Burr DB et<br />

al: Effects of a biphosphonate on<br />

bone histomorphometry and<br />

dynamics in the canine cruciate<br />

<strong>de</strong>ficiency mo<strong>de</strong>l of osteoarthritis.<br />

J Rheumatol 26:2645-2653, 1999.<br />

9. Hayami T, Pickarski M, Wesolowski<br />

GA et al: The role of subchondral<br />

bone remo<strong>de</strong>ling in osteoarthritis:<br />

reduction of cartilage <strong>de</strong>generation<br />

and prevention of osteophyte<br />

formation by alendronate in the rat<br />

anterior cruciate ligament transaction<br />

mo<strong>de</strong>l. Arthritis Rheum<br />

50:1193-1206, 2004.<br />

10. Lehmann HJ, Mouritzen U, Christgan<br />

S et al: Effect of bisphosphonates<br />

on cartilage turnover assessed<br />

with a newly <strong>de</strong>veloped assay for<br />

collagen type II <strong>de</strong>gradation products.<br />

Annals Rheum Dis 61:530-<br />

533, 2002.<br />

11. Carbone LD, Nevitt MC, Wildy K<br />

et al: The relationship of antiresorptive<br />

drug use to structural findings<br />

and symptoms of knee osteoarthritis.<br />

Arthritis Rheum 50:<br />

3516-3525, 2004.<br />

estu<strong>do</strong>s oferecem evidências que tratamento com calcitonina<br />

tem notável efeito potencial condroprotetor para prevenção<br />

e tratamento da OA 14 . Em revisão, também <strong>de</strong> 2006, MA<br />

Karsdal et al, afirmam que várias linhas in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong><br />

evidências (mo<strong>de</strong>los in vitro, in vivo e ensaios clínicos) sugerem<br />

efeito condroprotetor direto da calcitonina em adição<br />

ao já bem estabeleci<strong>do</strong> efeito sobre a ressorção óssea. A<br />

calcitonina <strong>de</strong> salmão <strong>de</strong>monstrou ter diversas proprieda<strong>de</strong>s<br />

que sugerem que possa ser um importante agente<br />

terapêutico para a OA. Suas proprieda<strong>de</strong>s analgésicas<br />

po<strong>de</strong>m aliviar os sintomas e suas ações regula<strong>do</strong>ras sobre<br />

a cartilagem e osso subcondral po<strong>de</strong>rão oferecer benefícios<br />

clínicos <strong>de</strong> longo prazo 15 .<br />

Esta pequena revisão que fizemos permite uma conclusão<br />

fora <strong>de</strong> dúvidas: não há nenhum inconveniente nem<br />

contra-indicação para a prescrição <strong>de</strong> bifosfonatos visan<strong>do</strong> o<br />

controle da osteoporose em pacientes com OA. Pelo exposto,<br />

também é permiti<strong>do</strong> ver nos bifosfonatos e na calcitonina<br />

uma perspectiva promissora no tratamento <strong>de</strong>ssa <strong>do</strong>ença.<br />

Apesar das evidências já oferecidas, talvez seja pru<strong>de</strong>nte aguardar<br />

novos ensaios clínicos controla<strong>do</strong>s para a inclusão <strong>de</strong>finitiva<br />

<strong>de</strong>sses fármacos na terapêutica da OA, ten<strong>do</strong> em vista<br />

o acréscimo <strong>de</strong> custos no tratamento.<br />

12. Manicourt D-H, Altman RD,<br />

Williams JM et al: Treatment<br />

with calcitonin suppresses the<br />

responses of bone, cartilage,<br />

and synovium in the early stages<br />

of canine experimental osteoarthritis<br />

and significantly reduces<br />

the severity of cartilage lesions.<br />

Arthritis Rheum 42:1159-<br />

1167, 1999.<br />

13. Bagger YZ, Tanko LB, Alexan<strong>de</strong>rses<br />

P et al: Oral salmon calcitonin<br />

induced suppression of urinary<br />

collagen type II <strong>de</strong>gradation in<br />

postmenopausal women: a new<br />

potential treatment of osteoarthritis.<br />

Bone 37:425-430, 2005.<br />

14. Son<strong>de</strong>gaard BC, Wulf H, Henriksen<br />

K et al: Calcitonin directly attenuates<br />

collagen type II <strong>de</strong>gradation<br />

by inhibition of matrix metalloproteinase<br />

expression and<br />

activity in articular chondrocytes.<br />

Osteoarthritis Cartilage 14:759-<br />

768: 2006.<br />

15. Karsdal MA, Tanko LB, Riis BJ et<br />

al: Calcitonin is involved in cartilage<br />

homeostasis: is calcitonin a treatment<br />

for OA? Osteoarthritis<br />

Cartilage 14:617-624, 2006.


A<br />

<strong>do</strong>ença <strong>de</strong> Paget (DP) <strong>do</strong> osso acomete<br />

o esqueleto <strong>de</strong> forma focal sen<strong>do</strong><br />

caracterizada por um turnover ósseo<br />

muito acelera<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> tanto a reabsorção quanto a formação<br />

<strong>do</strong> esqueleto, excessivas 1 . A incidência da <strong>do</strong>ença<br />

é <strong>de</strong>sconhecida, pois a gran<strong>de</strong> maioria <strong>do</strong>s <strong>do</strong>entes é<br />

assintomática. No entanto estu<strong>do</strong>s envolven<strong>do</strong> necropsias<br />

e radiografias, obtidas na internação <strong>de</strong> pacientes aleatórios<br />

em gran<strong>de</strong>s hospitais, <strong>de</strong>tectam a DP em aproximadamente<br />

3 a 4 % da população acima <strong>de</strong> 40 anos. A<br />

incidência aumenta com a ida<strong>de</strong> e parece ser maior em<br />

homens 2,3 . Vale lembrar que apesar <strong>de</strong> ser chamada Doença<br />

<strong>de</strong> Paget Juvenil, a hipofosfatasia idiopática é uma<br />

síndrome diferente daquela encontrada em adultos, mas<br />

foi assim <strong>de</strong>nominada porque também leva a fragilida<strong>de</strong><br />

e <strong>de</strong>formida<strong>de</strong>s ósseas 4 .<br />

A etiologia da DP é <strong>de</strong>sconhecida, mas acredita-se que<br />

haja participação <strong>de</strong> agentes virais e genéticos, basea<strong>do</strong> em<br />

alguns estu<strong>do</strong>s que comprovam agregação familiar da enfermida<strong>de</strong><br />

e em outros que mostram partículas virais diversas<br />

presentes no citoplasma <strong>de</strong> osteoclastos <strong>de</strong> pacientes<br />

pagéticos, mas não em pessoas normais 6,7 . Quanto a sua<br />

distribuição, a DP é mais presente em pessoas da raça<br />

caucasiana, principalmente em países com gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>scendência<br />

anglo-saxã, sen<strong>do</strong> raro na Ásia e na Escandinávia.<br />

Histologicamente lesão inicial na DP mostra um aumento<br />

da reabsorção óssea em áreas focais <strong>do</strong> esqueleto conten<strong>do</strong><br />

um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> osteoclastos multinuclea<strong>do</strong>s anormais.<br />

Em seguida, passa a existir recrutamento <strong>de</strong> osteoblastos<br />

aparentemente normais (embora haja divergências quanto a<br />

isso), mas também em gran<strong>de</strong> número, ten<strong>do</strong> início a fase<br />

<strong>de</strong> formação rápida <strong>de</strong> osso novo. Esse osso, porém têm excesso<br />

<strong>de</strong> teci<strong>do</strong> conjuntivo fibroso e vasos. Assim, o intenso<br />

turnover gera o chama<strong>do</strong> padrão trabecular em mosaico,<br />

grosseiro e <strong>de</strong>sorganiza<strong>do</strong>, diferente <strong>do</strong> osso normal 8 , que<br />

po<strong>de</strong>rá levar aos sintomas da <strong>do</strong>ença relata<strong>do</strong>s adiante. Eventualmente<br />

hipercelularida<strong>de</strong> local po<strong>de</strong> involuir com o tempo,<br />

<strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> apenas osso esclerótico no local, curiosamente<br />

com baixa ativida<strong>de</strong> metabólica.<br />

A maioria <strong>do</strong>s <strong>do</strong>entes pagéticos é assintomática. Normalmente<br />

um acha<strong>do</strong> bioquímico ou radiográfico, em exames<br />

solicita<strong>do</strong>s para outros fins, levanta a suspeita <strong>do</strong> diag-<br />

ARTIGO DE REVISÃO<br />

Doença <strong>de</strong> Paget<br />

Bruno Schau*<br />

nóstico. Os sintomas da DP variam <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a extensão<br />

da <strong>do</strong>ença (número <strong>de</strong> ossos), local on<strong>de</strong> ossos são acometi<strong>do</strong>s<br />

e a relação das áreas <strong>do</strong>entes com as estruturas adjacentes.<br />

Apesar <strong>de</strong> qualquer parte <strong>do</strong> esqueleto po<strong>de</strong>r estar<br />

envolvida, as áreas mais afetadas são: pelve, crânio, vértebras,<br />

fêmur e tíbias. As duas manifestações clínicas mais comuns<br />

são <strong>do</strong>r e <strong>de</strong>formida<strong>de</strong> óssea nas áreas comprometidas, mas<br />

fraturas, tumores ósseos, neuropatias e cardiopatias, assim<br />

como anormalida<strong>de</strong>s no metabolismo <strong>do</strong> cálcio e <strong>do</strong> fosfato<br />

po<strong>de</strong>m ocorrer.<br />

A <strong>do</strong>r po<strong>de</strong> ser originada diretamente pelo osso <strong>do</strong>ente<br />

ou indiretamente por relação <strong>de</strong>feituosa com a articulação<br />

próxima, com formação <strong>de</strong> osteoartrite secundária, compressão<br />

nervosa ou tumoração óssea. A <strong>do</strong>r pagética piora no<br />

perío<strong>do</strong> noturno e com sobrecarga <strong>do</strong> osso. A causa da <strong>do</strong>r<br />

é provavelmente relacionada à lesão/distensão <strong>do</strong> periósteo<br />

adjacente. Po<strong>de</strong> associar-se também à hiperemia e<br />

microfraturas. As <strong>de</strong>formida<strong>de</strong>s ósseas têm relação com o crescimento<br />

e enfraquecimento <strong>do</strong> osso, principalmente em ossos<br />

longos que suportam peso e no crânio, com aumento da<br />

circunferência <strong>do</strong> mesmo.<br />

A complicação mais comum na <strong>do</strong>ença <strong>de</strong> Paget são as<br />

fraturas, tanto traumáticas quanto patológicas. A recuperação<br />

<strong>de</strong> um osso pagético é normal, porém dada à intensa<br />

vascularização po<strong>de</strong> haver um sangramento maciço <strong>de</strong>corrente<br />

<strong>de</strong> uma fratura aparentemente simples em uma primeira<br />

impressão. A incidência <strong>de</strong> tumores ósseos é notadamente<br />

superior nos pacientes com DP, porém esta complicação<br />

só acontece em 1% <strong>do</strong>s casos 9 . O osteossarcoma é a lesão<br />

mais comum e manifesta-se com aumento da <strong>do</strong>r ou como<br />

uma massa na região pagética afetada. O prognóstico é geralmente<br />

sombrio, com sobrevida <strong>de</strong> 10% em cinco anos e<br />

morte <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> metástases pulmonares principalmente.<br />

As complicações neurológicas são causadas por compressão<br />

nervosa ou por interferência na irrigação sanguínea,<br />

originadas a partir <strong>do</strong> crescimento anormal <strong>do</strong> osso <strong>do</strong>ente.<br />

Um exemplo comum é a compressão <strong>do</strong> oitavo nervo craniano<br />

geran<strong>do</strong> sur<strong>de</strong>z ou a paralisia facial por envolvimento<br />

<strong>do</strong> sétimo nervo 10 . Envolvimento da coluna vertebral po<strong>de</strong><br />

levar à radiculopatias, estenose <strong>de</strong> canal medular ou a isquemia<br />

por seqüestro <strong>do</strong> sangue pelo osso <strong>do</strong>ente muito vasculariza<strong>do</strong>.<br />

Apesar <strong>de</strong> muito raras são <strong>de</strong>scritas complicações<br />

* Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Ambulatório <strong>de</strong> Doenças Osteometabólicas <strong>do</strong> Serviço <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong> <strong>do</strong> Hospital Universitário Pedro Ernesto - UERJ. Médico da <strong>Socieda<strong>de</strong></strong><br />

Beneficiente Portuguesa <strong>de</strong> Niterói – Hospital Santa Cruz.<br />

<strong>Boletim</strong> da SRRJ • Nº 122/2006 9


cardíacas com insuficiência cardíaca <strong>de</strong> alto débito em pacientes<br />

com mais <strong>de</strong> 20% <strong>do</strong> esqueleto envolvi<strong>do</strong> por DP. As<br />

medidas <strong>de</strong> cálcio e fósforo estão geralmente normais nos pacientes<br />

com DP, exceto quan<strong>do</strong> ocorre imobilização prolongada<br />

ou uma fratura patológica levan<strong>do</strong> a hipercalcemia. Esta,<br />

porém, quan<strong>do</strong> encontrada, <strong>de</strong>ve levantar a hipótese <strong>de</strong> uma<br />

segunda <strong>do</strong>ença como o hiperparatireoidismo primário que<br />

é mais freqüente, por razões <strong>de</strong>sconhecidas, em até 20 vezes<br />

nos pacientes pagéticos 11 .<br />

Os marca<strong>do</strong>res bioquímicos estão altera<strong>do</strong>s na DP, principalmente<br />

em pacientes com <strong>do</strong>ença poliostótica. São importantes<br />

para avaliação da ativida<strong>de</strong> e eficácia <strong>de</strong> tratamento.<br />

Marca<strong>do</strong>res úteis <strong>de</strong> reabsorção óssea são a piridinolina,<br />

hidroxiprolina e N-telopeptí<strong>de</strong>o urinário assim como Ctelopeptí<strong>de</strong>o<br />

sérico. Da<strong>do</strong> o baixo custo a fosfatase alcalina<br />

(FA), um marca<strong>do</strong>r <strong>de</strong> formação óssea, é mais frequentemente<br />

<strong>do</strong>sada e utilizada na prática clinica. To<strong>do</strong>s os marca<strong>do</strong>res<br />

ten<strong>de</strong>m a elevar-se juntos em caso <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> ou a baixar<br />

em caso <strong>de</strong> tratamento, pois as fases <strong>de</strong> formação e a<br />

reabsorção <strong>do</strong> osso pagético se superpõe no mesmo paciente<br />

especialmente àqueles poliostóticos 12 . No entanto é possível<br />

encontrarmos pacientes em que os marca<strong>do</strong>res <strong>de</strong><br />

reabsorção recuam um pouco antes daqueles <strong>de</strong> formação<br />

óssea após o tratamento. O diagnóstico da DP inclui história,<br />

exame físico e medições <strong>de</strong> fosfatase alcalina e cálcio. O<br />

diagnóstico <strong>de</strong> DP <strong>de</strong>ve ser sempre lembra<strong>do</strong> em pacientes<br />

i<strong>do</strong>sos, com FA elevada, cálcio normal e sem hepatopatia. A<br />

cintigrafia óssea é o méto<strong>do</strong> mais sensível para i<strong>de</strong>ntificar<br />

lesões pagéticas pelo esqueleto, sen<strong>do</strong> que o exame <strong>de</strong>ve ser<br />

segui<strong>do</strong> <strong>de</strong> radiografias simples <strong>do</strong>s focos hipercaptantes.<br />

Isso porque as radiografias mostrarão lesões envolven<strong>do</strong> articulações,<br />

presença <strong>de</strong> fraturas ou lesões líticas (neoplasias)<br />

e <strong>de</strong>formida<strong>de</strong>s. Repetidas investigações com méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

imagem são <strong>de</strong>snecessárias a não ser que haja progressão<br />

nítida <strong>do</strong>s sintomas 13 .<br />

A maioria <strong>do</strong>s pacientes com DP é assintomática e nunca<br />

procurarão atendimento médico para o problema. Porém as<br />

principais indicações <strong>de</strong> tratamento são para alívio <strong>de</strong> sintomas<br />

(ex. <strong>do</strong>r) e prevenção <strong>de</strong> complicações, ou cuida<strong>do</strong> com<br />

estas, caso já existam. Sintomas que indicam e melhor respon<strong>de</strong>m<br />

ao tratamento medicamentoso são <strong>do</strong>r óssea,<br />

hipercalcemia (<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> imobilização) e compressão nervosa.<br />

Deformida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> hipoacusia dificilmente são reversíveis.<br />

Lembrar que a artralgia por lesão pagética justa articular é<br />

normalmente originada por osteoartrite secundária, respon<strong>de</strong>n<strong>do</strong><br />

melhor ao tratamento <strong>de</strong>sta enfermida<strong>de</strong>, e não com<br />

drogas para a DP 14 . O tratamento é controverso para <strong>do</strong>entes<br />

pagéticos assintomáticos e com alterações laboratoriais<br />

(ex. elevação <strong>de</strong> FA), pois não se sabe o quanto que o uso <strong>de</strong><br />

medicação po<strong>de</strong>rá impedir o surgimento <strong>de</strong> <strong>de</strong>formida<strong>de</strong>s,<br />

se é que elas acontecerão. Dessa forma, em geral quan<strong>do</strong><br />

existe uma elevação <strong>de</strong> FA pelo menos igual ou maior que<br />

três vezes o valor normal, e as lesões ósseas encontram-se em<br />

crânio, vértebras ou ossos <strong>de</strong> sustentação <strong>de</strong> peso, indicamos<br />

tratamento com drogas. Profilaxia para hemorragia em pacientes<br />

em pré-operatório ortopédico visan<strong>do</strong> diminuir a<br />

vascularização <strong>do</strong> osso <strong>do</strong>ente também é indicação para uso<br />

<strong>de</strong> drogas. A medição da FA para controle da resposta tera-<br />

10<br />

<strong>Boletim</strong> da SRRJ • Nº 122/2006<br />

pêutica po<strong>de</strong> ser mensal ou bimestral após aplicação <strong>do</strong> tratamento,<br />

com avaliação apenas semestral ou anual quan<strong>do</strong><br />

for alcançada a redução esperada <strong>do</strong> metabolismo ósseo, que<br />

<strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong> 50% aproximadamente, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a droga<br />

utilizada.<br />

Todas as drogas aprovadas para tratamento <strong>de</strong> DP são<br />

fundamentalmente supressoras da ativida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s osteoclastos.<br />

São elas a calcitonina humana ou <strong>de</strong> salmão subcutânea,<br />

pamidronato e zoledronato venosos e alendronato,<br />

risendronato, tiludronato e etidronato orais. O marca<strong>do</strong>r <strong>de</strong><br />

eficiência mais importante é a clínica <strong>do</strong> paciente (ex. alívio<br />

da <strong>do</strong>r) e avaliação laboratorial com regularização <strong>do</strong>s<br />

marca<strong>do</strong>res <strong>de</strong> metabolismo ósseo.<br />

A calcitonina subcutânea é uma opção para o tratamento,<br />

mas não a apresentação intra-nasal, pois esta não é aprovada<br />

para DP. A <strong>do</strong>se inicial é <strong>de</strong> 100 unida<strong>de</strong>s à noite por<br />

duas a seis semanas. Depois <strong>de</strong>ssa fase a <strong>do</strong>se <strong>de</strong>ve ser reduzida<br />

progressivamente até 50 unida<strong>de</strong>s em dias alterna<strong>do</strong>s.<br />

Espera-se uma redução <strong>de</strong> marca<strong>do</strong>res bioquímicos em torno<br />

<strong>de</strong> 50%. Po<strong>de</strong> haver diminuição das lesões líticas em três<br />

a seis meses assim como melhora <strong>do</strong>s déficits neurológicos e<br />

auditivos 15 . Estu<strong>do</strong>s apontam remissão da DP por até um<br />

ano com esse esquema 16 . O tratamento po<strong>de</strong> ser intermitente<br />

ou contínuo por toda vida, porém alguns pacientes (20%)<br />

que utilizam calcitonina <strong>de</strong> salmon <strong>de</strong>senvolvem anticorpos<br />

anti-calcitonina e acabam resistentes à droga. Quan<strong>do</strong> a<br />

calcitonina humana é aplicada, a formação <strong>de</strong> anticorpos é<br />

menor, porém também a potência <strong>do</strong> tratamento, obrigan<strong>do</strong><br />

a utilização <strong>de</strong> <strong>do</strong>ses maiores (100-200 unida<strong>de</strong>s). Os efeitos<br />

colaterais mais comuns são náuseas, rash, paladar metálico,<br />

diarréias, <strong>do</strong>res ab<strong>do</strong>minais e reações alérgicas. O uso noturno<br />

da droga diminui esses paraefeitos assim como a continuida<strong>de</strong><br />

<strong>do</strong> tratamento.<br />

Os bisfosfonatos são análogos <strong>do</strong>s pirofosfatos e inibem a<br />

reabsorção óssea. Eles também inibem, embora mais lentamente,<br />

a formação <strong>do</strong> osso. Seu efeito se dá progressivamente,<br />

com pico <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> três a seis meses. Eles são mal absorvi<strong>do</strong>s<br />

via gastrintestinal. A maiores diferenças entre as drogas<br />

<strong>de</strong>ssa classe se refere à potência e toxicida<strong>de</strong>. O etidronato foi<br />

a primeira droga entre os bisfosfonatos a ser estudada e tem<br />

eficácia comparada à calcitonina. O tiludronato tem efeito<br />

semelhante. Ambos são pouco usa<strong>do</strong>s atualmente para tratamento<br />

da DP da<strong>do</strong> seus paraefeitos (diminuição da<br />

mineralização óssea) e baixa potência. O alendronato e o<br />

risendronato são drogas para tomada oral. São mais potentes<br />

que os bisfosfonatos <strong>de</strong> primeira geração, com maior po<strong>de</strong>r<br />

para reduzir <strong>do</strong>r e marca<strong>do</strong>res bioquímicos <strong>do</strong> metabolismo<br />

<strong>do</strong> osso, sen<strong>do</strong> mais bem tolera<strong>do</strong>s, sem o inconveniente da<br />

diminuição <strong>de</strong> mineralização óssea 17,18 . A <strong>do</strong>se <strong>de</strong> alendronato<br />

<strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong> 40mg/dia enquanto o risendronato necessita <strong>de</strong><br />

30mg/dia para levar a uma boa resposta terapêutica. A eficácia<br />

é <strong>do</strong>se <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte em ambos os casos. Vale lembrar que<br />

é importante a administração <strong>de</strong>ssas drogas em jejum e com<br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água em torno <strong>de</strong> 250ml, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> o paciente<br />

manter-se senta<strong>do</strong> ou <strong>de</strong> pé por pelo menos 30 minutos<br />

após a tomada, sem ingerir mais nada nesse perío<strong>do</strong> exceto<br />

outras medicações permitidas. Além <strong>de</strong> esofagite, maior<br />

limitante <strong>de</strong>ssa terapêutica, que po<strong>de</strong> ser aliviada com os


cuida<strong>do</strong>s já cita<strong>do</strong>s, essas substâncias po<strong>de</strong>m gerar artralgias,<br />

diarréia e cefaléia. O pamidronato e o áci<strong>do</strong> zoledrônico são<br />

medicações para administração venosa, sen<strong>do</strong> mais potentes<br />

que as outras drogas citadas. O segun<strong>do</strong> é ainda mais potente<br />

que o primeiro. Nesses caso conseguimos remissão da<br />

<strong>do</strong>ença por até 12 até 18 meses. Retratamentos são tão eficazes<br />

quanto o primeiro. O paraefeito mais encontra<strong>do</strong> são<br />

sintomas flu-like após a primeira infusão principalmente, que<br />

é aliviada com infusão lenta e diluída para 500ml <strong>de</strong> soro<br />

fisiológico e uso posterior <strong>de</strong> paracetamol se necessário, por<br />

até <strong>do</strong>is dias. A hipocalcemia é relativamente comum e prevenida<br />

com ingestão <strong>de</strong> um grama <strong>de</strong> cálcio elementar diariamente<br />

por 2-4 semanas. A <strong>do</strong>se preconizada <strong>de</strong> pamidronato<br />

varia entre infusões <strong>de</strong> 60-90mg, repetidas por até quatro<br />

semanas se necessário 19 . Conjuntivites, uveítes e episclerites<br />

são relata<strong>do</strong>s com essa droga. O áci<strong>do</strong> zoledrônico, inicialmente<br />

<strong>de</strong>scrito para tratamento <strong>de</strong> <strong>do</strong>ença óssea metastática,<br />

foi aprova<strong>do</strong> recentemente para a DP. É o amino bisfosfonato<br />

1. Rongstad, KM, Wheeler, DL,<br />

Enneking, WF. A comparison of the<br />

amount of vascularity in pagetic and<br />

normal human bone. Clin Orthop<br />

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5. Cundy, T, Heg<strong>de</strong>, M, Naot, D, et al.<br />

A mutation in the gene TNFRSF11B<br />

encoding osteoprotegerin causes an<br />

idiopathic hyperphosphatasia<br />

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11:2119<br />

6. Siris, ES, Ottoman, R, Flaster, E,<br />

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Paget’s disease of bone. J Bone<br />

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osteoclasts in Paget’s bone disease.<br />

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8. Meunier, P, Comdre, J, E<strong>do</strong>uard,<br />

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15. Singer, FR. Clinical efficacy of<br />

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of bone. Calcif Tissue Int 1991;<br />

49(Suppl 12):57.<br />

16. Avrami<strong>de</strong>s, A, Flores, A, DeRose, J,<br />

Wallach, S. Paget’s disease of bone:<br />

Observations after cessation of long-<br />

mais potente que se conhece e <strong>de</strong>ve ser aplica<strong>do</strong> em infusão<br />

única <strong>de</strong> 5mg. A taxa <strong>de</strong> normalização <strong>de</strong> marca<strong>do</strong>res<br />

bioquímicos e da <strong>do</strong>r é a maior que se obteve com<br />

bisfosfonatos, com reinfusões necessárias apenas 18 meses<br />

após a primeira 20 . São mais freqüentes paraefeitos específicos<br />

<strong>de</strong>ssa droga a cefaléia, mialgia, náusea e <strong>do</strong>r óssea.<br />

Existem relatos que o nitrato <strong>de</strong> gálio, usa<strong>do</strong> em<br />

hipercalcemia paraneoplásica têm efeito quan<strong>do</strong> usa<strong>do</strong> no<br />

tratamento da DP resistente ao tratamento convencional,<br />

porém sua eficácia e <strong>do</strong>se i<strong>de</strong>al não foram ainda estuda<strong>do</strong>s e<br />

paraefeitos graves, como insuficiência renal, foram rapidamente<br />

encontra<strong>do</strong>s 21 . Outras terapias para DP incluem cirurgia<br />

para colocação <strong>de</strong> próteses articulares em pacientes<br />

com osteoartrite secundária e <strong>de</strong>scompressão neurológica<br />

intratável com medicações 22 . Lembro que, se possível, o uso<br />

<strong>de</strong> drogas antireabsortivas <strong>de</strong>ve ser feito três meses antes <strong>de</strong><br />

qualquer procedimento cirúrgico no osso pagético, para evitar<br />

o sangramento excessivo <strong>do</strong> osso hipervasculariza<strong>do</strong>.<br />

term synthetic salmon calcitonin<br />

treatment. J Clin En<strong>do</strong>crinol Metab<br />

1976; 42:459.<br />

17. Reid, IR, Nicholson, GC, Weinstein,<br />

RS, et al. Biochemical and radiologic<br />

improvement in Paget’s disease of<br />

bone treated with alendronate: a<br />

ran<strong>do</strong>mized, placebo-controlled<br />

trial. Am J Med 1996; 101:341.<br />

18. Siris, ES, Chines, AA, Altman, RD,<br />

et al. Risedronate in the treatment<br />

of Paget’s disease of one: an open<br />

label, multicenter study. J Bone<br />

Miner Res 1998; 13:1032.<br />

19. Stuckey, BG, Gutteridge, DH,<br />

Stewart, GO, et al. Intravenous<br />

pamidronate in Paget’s disease -<br />

Response is <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt on<br />

radiographic and biochemical<br />

severity. Semin Arthritis Rheum<br />

1994; 23:286.<br />

20. Reid, IR, Miller, P, Lyles, K, et al.<br />

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zoledronic acid with risedronate for<br />

Paget’s disease. N Engl J Med 2005;<br />

353:898.<br />

21. Bockman, RS, Bosco, B. Treatment<br />

of patients with advanced Paget’s<br />

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gallium nitrate. Semin Arthritis<br />

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22. Kaplan, F. Paget’s disease of bone:<br />

orthopedic complications. Semin<br />

Arthritis Rheum 1994; 23:250.<br />

<strong>Boletim</strong> da SRRJ • Nº 122/2006 11


Platéia.<br />

12<br />

<strong>Boletim</strong> da SRRJ • Nº 122/2006<br />

ACONTECEU<br />

Encontro com pacientes reumáticos<br />

30 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 2006<br />

No final <strong>de</strong> setembro, ocorreu mais um encontro para<br />

pacientes reumáticos. Desta vez, os contempla<strong>do</strong>s foram<br />

os porta<strong>do</strong>res <strong>de</strong> vasculites. O evento foi organiza<strong>do</strong> pela<br />

Dra Alexandra Villa-Forte, <strong>do</strong> HUPE-UERJ e contou com<br />

inúmeros pacientes e familiares.<br />

9:00-9:10h ABERTURA<br />

9:10-10:30h PAINEL 1<br />

Palestra 1: O que é vasculite? Quais são os tipos? Como<br />

é feito o diagnóstico?<br />

Palestra 2: Tratamento das vasculites<br />

Parabéns ao nosso queri<strong>do</strong> Ricar<strong>do</strong> Name pela chegada<br />

<strong>de</strong> Sophia, sua primeira netinha, filha <strong>de</strong> Gabriela!!!<br />

10:40-11:55h PAINEL 2<br />

Palestra 2: Os rins nas vasculites<br />

Palestra 3: Os pulmões nas vasculites<br />

Palestra 4: Neuropatia periférica nas vasculites<br />

13:00-14:00h PAINEL 3<br />

Palestra 1: Acompanhamento <strong>do</strong> paciente com<br />

vasculite: como manter a <strong>do</strong>ença em remissão?<br />

Palestra 2: Viven<strong>do</strong> com vasculite: o que esperar<br />

<strong>do</strong> futuro?<br />

Participação <strong>de</strong> falecimento:<br />

É com pesar e consternação que noticiamos o falecimento<br />

<strong>do</strong> Dr. Evandro Vieira Cesar, da Paraíba,<br />

um <strong>do</strong>s pioneiros da <strong>Reumatologia</strong> no esta<strong>do</strong>.<br />

Figura conhecida e respeitada na história da<br />

<strong>Reumatologia</strong> Brasileira, o Dr. Evandro faleceu no<br />

último sába<strong>do</strong>, dia 25 <strong>de</strong> novembro. Aos 21 <strong>de</strong><br />

janeiro <strong>de</strong> 2007 completaria 74 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>.<br />

A SRRJ envia, com pesar, as con<strong>do</strong>lências <strong>de</strong> toda<br />

a família reumatológica carioca.


F<br />

oi com chave <strong>de</strong> ouro que a SRRJ<br />

encerrou seus trabalhos em 2006:<br />

a Jornada ocorreu em uma tar<strong>de</strong><br />

agradável no belíssimo casarão <strong>do</strong><br />

Espaço Julieta <strong>de</strong> Serpa, Praia <strong>do</strong> Flamengo.<br />

Os assuntos foram distribuí<strong>do</strong>s em mesas interativas,<br />

on<strong>de</strong> o público participava através <strong>de</strong> aparelhos<br />

eletrônicos <strong>de</strong> votação sobre os temas: Artrite reumatói<strong>de</strong><br />

III JORNADA DA SRRJ<br />

8 DE DEZEMBRO DE 2006<br />

inicial, Nefrite lúpica e Osteoporose.<br />

Em seguida, fomos brinda<strong>do</strong>s com uma emocionante e<br />

contun<strong>de</strong>nte palestra <strong>do</strong> Prof Leopol<strong>do</strong> <strong>de</strong> Meis.<br />

Na assembléia, elegemos como presi<strong>de</strong>nte para o<br />

biênio 2009-2010, o Dr Reno Coelho. O evento foi<br />

encerra<strong>do</strong> com os discursos <strong>de</strong> <strong>de</strong>spedida da Dra Blanca<br />

e o <strong>de</strong> posse <strong>do</strong> Dr Roger, além <strong>de</strong> um ótimo jantar <strong>de</strong><br />

confraternização.<br />

Momentos da III Jornada da SRRJ<br />

realizada na Casa <strong>de</strong> Cultura Julieta <strong>de</strong> Serpa<br />

no dia 8 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2006.<br />

<strong>Boletim</strong> da SRRJ • Nº 122/2006 13


SETEMBRO DE 2006<br />

14<br />

1º CASO CLÍNICO<br />

Apresentação<br />

Francinne Macha<strong>do</strong> Ribeiro<br />

Hospital da Lagoa<br />

Caso: RSR, 39 anos, masc. Foi interna<strong>do</strong><br />

em 24/07 com quadro <strong>de</strong><br />

8m com hemorragia digestiva alta<br />

<strong>de</strong> repetição: 3 episódios com hemotransfusão<br />

e EDA mostran<strong>do</strong> gastrite<br />

antral e úlcera gástrica e duo<strong>de</strong>nal<br />

em ativida<strong>de</strong>. Des<strong>de</strong> então,<br />

refere e<strong>de</strong>ma vespertino <strong>do</strong>s membros<br />

inferiores e síndrome consuptiva,<br />

com perda <strong>de</strong> 20kg. Foi trata<strong>do</strong><br />

com mebendazol, metronidazol,<br />

omeprazol e pró-cinéticos. EDA<br />

<strong>de</strong> controle mostrava lesões cicatrizadas,<br />

mas ex. complementares al-<br />

Preza<strong>do</strong> leitor,<br />

<strong>Boletim</strong> da SRRJ • Nº 122/2006<br />

CLUBE DO REUMATISMO<br />

tera<strong>do</strong>s motivaram internação. Seu<br />

exame físico mostrava mucosas hipocoradas<br />

(3+/4+), PA 130/90 mm/Hg<br />

e mbos inferiores com e<strong>de</strong>ma mole,<br />

frio, com cacifo e simétrico (+/4+).<br />

Laboratório: Hb 6,6, ht 17%, VCM<br />

85, RDW 18%, linfócitos atípicos;<br />

4210 leucócitos (1-6=0-0-4-57=20-12),<br />

117.000 plaquetas, VHS 134; GGT<br />

37, FAL 287, TGO 21, TGP 9, BT<br />

0,7, LDH 1281, Uréia 114, Cr 4,1, K<br />

6,5 Na 140 Ca 11 lactato 1,5 GA:<br />

aci<strong>do</strong>se metabólica compensada, proteínas<br />

totais 10 (alb 3,5/ glob 6,5);<br />

EAS: ptn: traços, 15-20 leuco p/c,<br />

>100 hem p/c. também realizou: Raio<br />

X <strong>de</strong> tórax normal, Raio X <strong>de</strong> coluna,<br />

crânio e bacia com osteopenia difusa<br />

e homogênea; US ab<strong>do</strong>minal: rim D<br />

e E 94mm, com perda da dissociação<br />

córtico-medular, ecocardiograma com<br />

disfunção diastólica; clearance 14ml/<br />

min, proteinúria 800mg/24h; hematoscopia:<br />

presença <strong>de</strong> fenômeno <strong>de</strong><br />

rouleaux em gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong>, aspira<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> MO: > 10% <strong>de</strong> plasmócitos.<br />

Diante <strong>do</strong>s acha<strong>do</strong>s <strong>de</strong>scritos, foi<br />

feita a hipótese <strong>de</strong> mieloma múltiplo e<br />

o paciente foi submeti<strong>do</strong> à quimiotera-<br />

O <strong>Boletim</strong> da <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong><br />

é feito para você. Participe, envian<strong>do</strong>-nos suas sugestões e<br />

comentários através <strong>do</strong> en<strong>de</strong>reço:<br />

boletim@reumatorj.com.br<br />

Agra<strong>de</strong>cemos sua colaboração,<br />

Conselho Editorial<br />

pia com <strong>do</strong>xorrubicina, vincristina<br />

e altas <strong>do</strong>ses <strong>de</strong> <strong>de</strong>xametasona. Um<br />

exame <strong>de</strong> cortesia mostrou hipergamaglobulinemia<br />

policlonal; IgG 2450,<br />

IgM 223, IgA 1710, ca<strong>de</strong>ias kappa<br />

927 e lambda 503. Após 1m <strong>de</strong> acompanhamento<br />

ambulatorial, o paciente<br />

foi reinterna<strong>do</strong> com psicose.<br />

Discussão: Dr Evandro lembrou a<br />

importância da biópsia renal e Dra<br />

Alexandra perguntou se o FAN foi<br />

realiza<strong>do</strong>.<br />

Evolução: os exames mostravam as<br />

mesmas alterações anteriores e não<br />

havia sinais laboratoriais <strong>de</strong> distúrbio<br />

metabólico grave. Células LE negativa,<br />

Coombs negativo, reticulócitos<br />

1,1%, FAN negativo; TC crânio<br />

normal; LCR: manometria<br />

45cm/H 2 O, água <strong>de</strong> rocha, G 106<br />

8 cél (100% MN), látex negativo<br />

para meningo, pneumo e hemófilos,<br />

Gram com ausência <strong>de</strong> germes,<br />

BAAR negativo, Nanquim: positivo<br />

para criptococos; sorologia para<br />

HBV e HCV negativa, anti-HIV positivo<br />

(sg e LCR). O paciente foi<br />

trata<strong>do</strong> com anfotericina B, com<br />

melhora <strong>do</strong>s sintomas.


2º CASO CLÍNICO<br />

Apresentação<br />

Maria Cecília da Fonseca Salga<strong>do</strong><br />

Hospital Gaffrée e Guinle - UNIRIO<br />

Caso: 57 anos, masc, Foi diagnostica<strong>do</strong><br />

como porta<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Hepatite C<br />

em 2001. Em setembro <strong>de</strong> 2004 iniciou<br />

tratamento com Peg Interferon.<br />

Após seis meses <strong>de</strong> tratamento haviam<br />

surgi<strong>do</strong> lesões eritematosas na<br />

face, couro cabelu<strong>do</strong> e torax, além <strong>de</strong><br />

outras acrômicas na região escrotal e<br />

3º CASO CLÍNICO<br />

Apresentação<br />

Isabel Maria Nogueira Teixeira<br />

HUCFF - UFRJ<br />

Caso: CSP, fem, 20 anos, foi admitida<br />

na emergência <strong>do</strong> HUCFF com<br />

quadro <strong>de</strong> <strong>do</strong>r torácica posterior, mal<br />

estar geral, febre baixa (38º C) e poliartralgia<br />

há 2 meses, que evoluiu nas<br />

últimas 48h com dispnéia aos médios<br />

esforços e DPN. Exame físico: PA<br />

inguinal e posteriormente no abdômen.<br />

Também apresentava áreas <strong>de</strong> acromia<br />

no local on<strong>de</strong> fazia a injeção <strong>do</strong> Interferon.<br />

Exames da época: TGO 18,<br />

TGP16, Gama GT 47, TAP100%, PTT<br />

83 (controle: 25); FAN, FR, anti-Ro, La<br />

e RNP negativos; PCR negativa para o<br />

virus C após 09 meses (resposta sustentada);<br />

anti-tireoglobulina:1213, anti-<br />

TPO: 42, anticorpos para fíga<strong>do</strong> negativos.<br />

As biópsias <strong>de</strong> pele nas regiões<br />

inguinal, face e tórax foram inconclusivas.<br />

No mesmo perío<strong>do</strong> surgiram hematomas<br />

nos membros inferiores ao mínimo<br />

esforço, alguns <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> volume.<br />

Foi avalia<strong>do</strong> pela Hematologia, que<br />

solicitou: fator VIII: 0,1%, fator IX:<br />

0,5%, fator <strong>de</strong> Von Willebrand: 327<br />

(N=50 a 150), anticardiolipina IgG e<br />

IgM e anticoagulante lúpico negativos,<br />

<strong>do</strong>sagem <strong>do</strong> inibi<strong>do</strong>r <strong>de</strong> fator<br />

VIII: 4096 Bed. Apesar da solicitação<br />

da suspensão da medicação, o paci-<br />

140x90 mmHg, FR 30 irpm, FC 120<br />

bpm, Tax 38,2º C; hipocorada (++/+4),<br />

acianótica; RCR 2T, bulhas hipofonéticas,<br />

sem sopros; AR: MV diminuí<strong>do</strong><br />

em 1/3 inferior bilateralmente. Laboratório:<br />

Hb 7.4, Ht 28%, 2500 leucócitos<br />

sem <strong>de</strong>svio, Plaq 105000, VHS 115,<br />

PCR positiva; coagulograma, avaliação<br />

hepática e bioquímica normais; ECG<br />

com taquicardia sinusal, Raio x <strong>de</strong> tórax<br />

com aumento significativo da área<br />

cardíaca e <strong>de</strong>rrame pleural bilateral, ecocardiograma<br />

com <strong>de</strong>rrame pericárdico<br />

<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> monta, função sistólica<br />

preservada; sorologias <strong>de</strong> hepatites virais<br />

negativas, FR negativo, FAN 1/640<br />

(padrão pontilha<strong>do</strong>), anti-DNA negativo,<br />

anti-Sm positivo, anti-La positivo (1/<br />

180) e anti-Ro positivo (1/12500). A<br />

paciente teve diagnóstico <strong>de</strong> LES em<br />

ativida<strong>de</strong>, sen<strong>do</strong> transferida para a Unida<strong>de</strong><br />

Coronariana, on<strong>de</strong> foi submeti-<br />

ente insistiu no uso <strong>de</strong> Interferon<br />

até o fim <strong>do</strong> 12º mês, mesmo com<br />

hematomas, alguns <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> monta.<br />

Após a retirada <strong>do</strong> medicamento,<br />

as lesões <strong>de</strong> pele foram diminuin<strong>do</strong>,<br />

mas as hemorragias persistiram,<br />

ten<strong>do</strong>, inclusive, hematúria. Foi<br />

inicia<strong>do</strong> tratamento com prednisona<br />

(60 mg/dia), azatioprina (100<br />

mg/dia) e tacrolimus tópico, com<br />

<strong>de</strong>saparecimento da hematúria e diminuição<br />

progressiva das lesões <strong>de</strong><br />

pele. Discussão: Dra Sueli Carneiro<br />

comentou os acah<strong>do</strong>s histopatológicos<br />

e houve gran<strong>de</strong> discussão<br />

sobre o diagnóstico diferencial entre<br />

vitiligo e LE discói<strong>de</strong>. Diagnóstico:<br />

Paciente porta<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Hepatite<br />

C com múltiplos fenômenos autoimunes<br />

após o uso <strong>de</strong> Interferon:<br />

1-Lupus Discói<strong>de</strong> ?, 2-Vitiligo ?, 3-<br />

Anticorpos para a tireói<strong>de</strong>, 4- Hemofilia<br />

adquirida.<br />

da a pulsoterapia com metilprednisolona,<br />

e posteriormente, para a enfermaria<br />

da <strong>Reumatologia</strong> usan<strong>do</strong><br />

prednisona 60mg/dia. Após 30 dias,<br />

teve alta hospitalar, com regressão<br />

total <strong>do</strong> quadro, ainda com prednisona<br />

(1mg/kg/dia) e azatioprina<br />

(100 mg/dia). Com <strong>do</strong>is meses <strong>de</strong><br />

acompanhamento apresenta exames<br />

positivos para gestação. Foi encaminhada<br />

para o pré-natal que evoluiu<br />

sem intercorrências. Após 15 dias <strong>do</strong><br />

nascimento, o bebê apresenta rash eritêmato-<strong>de</strong>scamativo<br />

na face tipo “máscara<br />

<strong>de</strong> avia<strong>do</strong>r”, que <strong>de</strong>sapareceu<br />

espontaneamente 6 meses <strong>de</strong>pois.<br />

Discussão: as Dras Kátia Lino e Blanca<br />

Bica comentaram sobre a síndrome<br />

<strong>de</strong> LES neonatal, que também<br />

po<strong>de</strong> ocorrer em pacientes com síndrome<br />

<strong>de</strong> Sjögren.<br />

Diagnóstico: Lúpus Neonatal.<br />

<strong>Boletim</strong> da SRRJ • Nº 122/2006 15


16<br />

4º CASO CLÍNICO<br />

Apresentação<br />

Bernar<strong>do</strong> Cunha<br />

HUPE - UERJ<br />

Caso: AS, 57 anos, fem. QP: “inchaço<br />

nos pés”. Cerca <strong>de</strong> 3meses<br />

antes da internação, apresentou aumento<br />

<strong>de</strong> volume, calor, rubor e <strong>do</strong>r<br />

nos pés, associada anódulos subcutâneos<br />

e parestesias. Houve evolução<br />

rápida com flictenas hemorrágicas<br />

nos MMII com progressão para necrose<br />

após 12 dias. Três semanas<br />

após, notou cianose das polpas digitais<br />

da mão direita, febre alta e evolução<br />

rápida para necrose, além <strong>de</strong><br />

perda pon<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> 4 kg em 3 meses.<br />

Teve consulta com reumatologista<br />

que prescreveu prednisolona (60<br />

mg/dia) e nifedipina (40 mg/dia).<br />

Na história, referia tabagismo 20<br />

maços/ano, alergia a AAS e que vinha<br />

fazen<strong>do</strong> uso <strong>de</strong> “cogumelo <strong>do</strong><br />

CASO CLÍNICO-RADIOLÓGICO<br />

Apresentação<br />

Mariana Schaefers<br />

Hospital Copa D'Or<br />

<strong>Boletim</strong> da SRRJ • Nº 122/2006<br />

sol” há alguns meses. Negava hemotransfusões.<br />

Exame físico: hipocorada<br />

(++/4), hidratada, acianótica. PA: 110<br />

x 70 mmHg; ACV e AR sem alterações;<br />

membros superiores: lesão necrótica<br />

nos <strong>de</strong><strong>do</strong>s indica<strong>do</strong>r e médio, cianose<br />

das extremida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os <strong>de</strong><strong>do</strong>s à<br />

D, MSE sem alterações, pulsos palpáveis<br />

e cheios, Raynaud bilateral; membros<br />

inferiores: nódulo subcutâneo na<br />

coxa esquerda, <strong>de</strong> 2 cm <strong>de</strong> diâmetro;<br />

ulceração rasa no <strong>do</strong>rso <strong>do</strong> pé esquer<strong>do</strong><br />

e flictena hemorrágica no maléolo<br />

medial direito, pulso pedioso direito<br />

reduzi<strong>do</strong>, restante sem alterações; neurológico:<br />

redução acentuada da sensibilida<strong>de</strong><br />

em ambos os pés, na região<br />

plantar e pé D com disestesias em bota<br />

até o nível <strong>do</strong>s maléolos bilateralmente.<br />

Exames realiza<strong>do</strong>s previamente à<br />

internação: VHS 78, PCRt 12,9; FAN<br />

negativo, FR látex 47,7, WR 1:32, anticardiolipina<br />

2,5 GPL e 2,9 MPL, anti-<br />

Sm 1,7 e anti-RNP 3,8, c-ANCA 1:160;<br />

eletroforese <strong>de</strong> proteínas séricas: pico<br />

monoclonal, pesquisa <strong>de</strong> crioglobulinas<br />

negativa, e sorologia para HCV<br />

negativa. Exames da internação: Ht<br />

29%, Hb 9,6 12800 leucócitos (1/0/<br />

0/0/4/62/22/6), plaq 593000; G 91,<br />

uréia 48, creatinina 1,26, Ca 9,1, INR<br />

1,15, PTT com rel 0,81; EAS com 15-<br />

20 hem p/c, 8-10 pió p/c, sem cilindros.<br />

Discussão: Dra Francinne Macha<strong>do</strong><br />

lembrou que alguns linfomas<br />

também cursam com gamopatia<br />

monoclonal e vasculites, Dra Sueli<br />

questionou a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> farmaco<strong>de</strong>rmia.<br />

Evolução: mantida<br />

prednisona (60 mg/dia) e nifedipina<br />

(40 mg/dia) e prescrito pentoxifilina<br />

e sil<strong>de</strong>nafil. Realizou:<br />

EAS com pesquisa <strong>de</strong> dismorfismo<br />

eritrocitário: leuc 90000 e hem<br />

70000 com 30% <strong>de</strong> dismorfismo;<br />

Creatinina 1,61, Uréia 60; TC <strong>de</strong><br />

seios da face e tórax sem anormalida<strong>de</strong>s;<br />

US <strong>do</strong>s rins e vias urinárias<br />

com aumento da ecogenicida<strong>de</strong><br />

<strong>do</strong> parênquima; pesquisa <strong>de</strong><br />

crioglobulinas e proteinúria <strong>de</strong><br />

Bence-Jones negativa, eletroforese<br />

<strong>de</strong> proteínas urinárias sem alterações;<br />

aspira<strong>do</strong> e bx <strong>de</strong> MO normais;<br />

imunoeletroforese: Componente<br />

M < 2,0 g/dl, Gamopatia<br />

monoclonal tipo IgG/kappa. Foi<br />

tratada com pulsoterapia <strong>de</strong> metilprednisolona<br />

e ciclofosfamida oral<br />

(100mg/dia), com melhora das<br />

parestesias, receben<strong>do</strong> alta hospitalar.<br />

A biópsia renal realizada mostrou<br />

GN proliferativa necrosante<br />

com 29% <strong>de</strong> crescentes, IF positiva<br />

para C 3 . Após 3 semanas, houve<br />

normalização da creatinina, <strong>do</strong><br />

hematócrito e VHS.<br />

Diagnóstico: Granulomatose<br />

<strong>de</strong> Wegener e Gamopatia monoclonal<br />

<strong>de</strong> significa<strong>do</strong> in<strong>de</strong>termina<strong>do</strong>.<br />

Caso: 83 anos, masc, porta<strong>do</strong>r <strong>de</strong> cirrose alcoólica, foi interna<strong>do</strong> por<br />

insuficiência renal crônica agudizada. Na HPP, referia duas fraturas<br />

prévias atraumáticas (fêmur e clavícula). No exame físico havia<br />

<strong>de</strong>formida<strong>de</strong> <strong>do</strong>lorosa clavícula. Laboratório: Hb 9,0, Ht 28%, 82000<br />

plaquetas, FAL 3248, TGO 110, TGP 88, albumina 2,7, GGT 235; Ctx<br />

2,24 (até 0,85), Cálcio 1,1, PSA total 397 e PSA livre 124, clearance <strong>de</strong><br />

creatinina


OUTUBRO DE 2006<br />

1º CASO CLÍNICO<br />

Apresentação<br />

Ana Paula Soares <strong>de</strong> Barros<br />

Santa Casa <strong>de</strong> Misericórdia <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong><br />

Caso: EFC, 41 anos, fem, internada<br />

na 29ª enfermaria <strong>de</strong> Dermatologia<br />

em abril <strong>de</strong> 2006, com história<br />

<strong>de</strong> úlceras nos MMII, acompanhada<br />

<strong>de</strong> e<strong>de</strong>ma e cianose das extremida<strong>de</strong>s,<br />

iniciadas 2 semanas após parto<br />

2º CASO CLÍNICO<br />

Apresentação<br />

Ingrid Ban<strong>de</strong>ira Moss<br />

HUCFF - UFRJ<br />

Caso: LFNSJ 2 anos, masc, apresentou<br />

quadro <strong>de</strong> diarréia, vômitos,<br />

febre e a<strong>de</strong>nite cervical. Foi <strong>de</strong>tectada<br />

sinusite e trata<strong>do</strong> com cefaclor,<br />

mas evoluiu com aumento <strong>do</strong> linfono<strong>do</strong><br />

e surgimento <strong>de</strong> aglomeração<br />

ganglionar <strong>do</strong>lorosa e trismo.<br />

Procurou otorrinolaringologista<br />

que prescreveu nimesulida, com<br />

cesáreo. Na história pregressa apresentava<br />

três perdas fetais espontâneas, tabagismo<br />

<strong>de</strong> 30 maços/ano. Foi tratada<br />

com prednisona, heparina profilática<br />

e vasodilata<strong>do</strong>res. Seus exames mostravam:<br />

leucocitose e neutrofilia, VHS 99;<br />

FR, FAN, anti-DNA, anti-Ro, aCL, LAC,<br />

ANCA, crioglobulinas negativos; biópsia<br />

<strong>de</strong> pele: vasculite leucocitoclástica;<br />

e eco<strong>do</strong>ppler normal. O parecer da<br />

<strong>Reumatologia</strong> sugeriu vasculite necrosante<br />

e associação <strong>de</strong> ciclofosfamida,<br />

e o da Cirurgia vascular sugeriu<br />

arteriografia para confirmar<br />

Tromboangeíte obliterante. Recebeu<br />

alta com prednisona e vasodilata<strong>do</strong>res,<br />

mas evoluiu com piora da <strong>do</strong>r<br />

no pé D, que apresentava cianose <strong>do</strong><br />

5º <strong>de</strong><strong>do</strong> e necrose <strong>do</strong> calcanhar. A<br />

<strong>de</strong>speito da negativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> novos<br />

melhora da a<strong>de</strong>nite e da febre, mas a<br />

mãe notou distensão ab<strong>do</strong>minal e hepatomegalia<br />

<strong>do</strong>lorosa (LE) e apresentou<br />

episódio <strong>de</strong> vômito e taquipnéia.<br />

Após 4 dias <strong>de</strong> evolução houve queda<br />

<strong>do</strong> esta<strong>do</strong> geral e foi leva<strong>do</strong> à Emergência,<br />

on<strong>de</strong> realizou rotina <strong>de</strong> ab<strong>do</strong>men<br />

agu<strong>do</strong> que mostrava infiltra<strong>do</strong><br />

pulmonar à D com velamento <strong>do</strong><br />

seio costo-frênico; hemograma com<br />

9900 leucócitos (1 meta e 1 mielócito),<br />

TGO e TGP 400; FA 640; bilirrubinas<br />

normais, sen<strong>do</strong> interna<strong>do</strong> com<br />

suspeita <strong>de</strong> hepatite medicamentosa.<br />

Na US <strong>de</strong> ab<strong>do</strong>men havia hepatomegalia<br />

homogênea, líqui<strong>do</strong> livre na cavida<strong>de</strong>,<br />

vesícula hidrópica com pare<strong>de</strong><br />

espessada. Na internação apresentava<br />

hiperemia conjuntival bilateral,<br />

febre com sinais <strong>de</strong> toxemia, taquipnéia<br />

e esforço respiratório. Foi realizada<br />

drenagem torácica, com saída <strong>de</strong><br />

líqui<strong>do</strong> sero-hemorrágico, Gram <strong>do</strong><br />

líqui<strong>do</strong> pleural negativo; BAAR negativo<br />

e inicia<strong>do</strong> esquema com cef-<br />

autoanticorpos, foi tratada com ciclofosfamida<br />

oral e pulsoterapia <strong>de</strong><br />

metilprednisolona, com melhora<br />

progressiva <strong>do</strong>s sintomas. Realizada<br />

arteriografia, que mostrou aorta<br />

ab<strong>do</strong>minal, ilíacas, femorais e poplíteas<br />

sem alterações; artéria tibial<br />

anterior e fibular ocluídas no terço<br />

médio; tibial posterior ocluída<br />

no terço distal; artéria tibial anterior<br />

ocluída em sua origem; fibular<br />

<strong>de</strong> fino calibre ocluída no terço<br />

médio da perna; tibial posterior<br />

ocluída no terço distal da perna;<br />

e arco plantar não contrasta<strong>do</strong>.<br />

Foi tratada com cilostazol e estimulação<br />

da <strong>de</strong>ambulação.<br />

Diagnóstico: Doença arterial obstrutiva<br />

infra-patelar com <strong>de</strong>ságüe distal<br />

comprometi<strong>do</strong> bilateralmente.<br />

triaxone e oxacilina. No 2º dia <strong>de</strong><br />

internação, apresentou e<strong>de</strong>ma das<br />

mãos, pés e bolsa escrotal, hipoalbuminemia,<br />

anemia, plaquetas<br />

157000, PCR 48, TGO 364; TGP<br />

303 e FA 435. Durante a evolução<br />

foi observada hiperemia <strong>de</strong> lábios,<br />

melhora da conjuntivite, mãos e<br />

pés muito hiperemia<strong>do</strong>s e pruriginosos.<br />

Exames: ecocardiograma<br />

com insuficiência mitral leve e disfunção<br />

<strong>de</strong> VE; Hb 8,6, Ht 26,2%,<br />

leucócitos 8500 (0-1-0-0-20-56-20-<br />

3), plaquetas 385000, VHS 105;<br />

PCR 48, TGP 134, FA 292, GGT<br />

112; Sorologias para EBV, CMV,<br />

Herpes, Toxoplasmose, Rubéola,<br />

HAV, HCV negativas. No 19ºDIH<br />

voltou a apresentar febre e aumento<br />

<strong>do</strong> volume das IFP, e mantinha<br />

elevação das VHS e PCR. Não conseguia<br />

fechar as mãos (IFP com aumento<br />

<strong>de</strong> volume); Hb 9,4; HTC<br />

29,6%; leucócitos 6200 (0-5-0-0-2-<br />

54-38-1); plaquetas 508000; VHS<br />

<strong>Boletim</strong> da SRRJ • Nº 122/2006 17


130; PCR 12, USG – redução da<br />

hepatomegalia; vesícula normal,<br />

ECO – melhora da disfunção; sem<br />

IM. Recebeu o diagnóstico <strong>de</strong><br />

Doença <strong>de</strong> Kawasaki e foi trata<strong>do</strong><br />

com imunoglobulina (IgIV). Em-<br />

Caso: LASB, 37 anos, masc, apresentava<br />

quadro <strong>de</strong> tosse com expectoração<br />

mucói<strong>de</strong> e dispnéia há<br />

5 meses com perda pon<strong>de</strong>ral <strong>de</strong><br />

10 Kg no perío<strong>do</strong>. Há 3 meses,<br />

tosse e <strong>do</strong>r pleurítica anterior esquerda,<br />

mo<strong>de</strong>rada intensida<strong>de</strong>,<br />

irradiação para axila e para o <strong>do</strong>rso,<br />

febre vespertina intermitente<br />

(38°C), cerca <strong>de</strong> 2 x/semana, com<br />

su<strong>do</strong>rese noturna. Referia 4 episódios<br />

<strong>de</strong> conjuntivite em 8 anos;<br />

pseu<strong>do</strong>-aneurisma <strong>do</strong> tronco braquiocefálico<br />

há 8 anos, aborda<strong>do</strong><br />

cirurgicamente com hemotransfusão<br />

na ocasião. Ao exame físico:<br />

RCR, BNF, P2 > A2, sopro sistólico<br />

+/6+ em FT, mais audível durante<br />

a inspiração; pulsos braquial<br />

e radial direitos palpáveis, com<br />

amplitu<strong>de</strong> diminuída em relação<br />

ao MSE. Exames laboratoriais <strong>de</strong><br />

admissão mostravam Hb 11, VCM<br />

= 63, 6400 leucócitos (0-3=0-1-<br />

65=25-6), 519000 plaquetas, VHS<br />

48; Uréia 31, Cr 0,9. Exames trazi<strong>do</strong>s<br />

pelo paciente: TC <strong>de</strong> tórax:<br />

18<br />

3º CASO CLÍNICO<br />

Apresentação<br />

Rafael Monteiro<br />

HUPE - UERJ<br />

<strong>Boletim</strong> da SRRJ • Nº 122/2006<br />

bora tenha apresenta<strong>do</strong> melhora inicial,<br />

houve recidiva após uma seman.<br />

Foi feita pulsoterapia com metilprednisolona,<br />

com evolução satisfatória.<br />

Nove semanas após a IgIV,<br />

estava clinicamente bem, sem quei-<br />

imagens nodulares pequenas, contornos<br />

assimétricos, não calcificadas,<br />

localizadas nos lobos superiores (2<br />

<strong>de</strong> cada la<strong>do</strong>) e 2 no lobo inferior<br />

direito; ECO TT: Imagem sugestiva<br />

<strong>de</strong> trombo ou vegetação a<strong>de</strong>rida à<br />

base <strong>do</strong> folheto anterior da valva tricúspi<strong>de</strong>,<br />

móvel; função <strong>do</strong> VE normal;<br />

e cisto pericárdico; ECO TE:<br />

massa heterogênea com áreas hipoecóicas:<br />

hemorragia intramassa localizada<br />

na ponta, extensão para via<br />

<strong>de</strong> saída <strong>de</strong> VD, <strong>de</strong> aspecto tumoral;<br />

massa <strong>de</strong> mesmo aspecto a<strong>de</strong>rida<br />

aos folhetos da valva tricúspi<strong>de</strong>,<br />

esten<strong>de</strong>n<strong>do</strong>-se até átrio e VCI.<br />

BAAR no escarro induzi<strong>do</strong> negativo<br />

e PPD reator. Realizou Broncoscopia<br />

com BAL: negativos para células<br />

neoplásicas, BAAR e fungo; sorologiaspara<br />

paracoco, Histoplasma<br />

e HIV 1+2 Negativas; USG <strong>de</strong> ab<strong>do</strong>me<br />

e bolsa escrotal normais; biópsia<br />

<strong>de</strong> linfono<strong>do</strong> inguinal: linfa<strong>de</strong>nite<br />

crônica inespecífica; arteriografia<br />

pulmonar: oito aneurismas,<br />

sen<strong>do</strong> à direita: volumosos nos ramos<br />

<strong>do</strong> lobo médio (4 aneurismas)<br />

e ramos látero-basal e póstero-basal<br />

(1 em cada ramo), à esquerda: nos<br />

ramos apical superior e póstero-basal<br />

(1 em cada ramo); arteriografia<br />

cerebral: carótida direita não visualizada,<br />

ausência <strong>do</strong> tronco braquiocefálico<br />

a partir <strong>de</strong> sua origem, carótida<br />

esquerda sem anormalida<strong>de</strong>s,<br />

com circulação para hemisfério cerebral<br />

direito, vertebral esquerda fornecen<strong>do</strong><br />

circulação para as art. vertebral<br />

e basilar direitas; arteriografia<br />

torácica e ab<strong>do</strong>minal normais; ca-<br />

xas. O ecocardiograma <strong>de</strong> controle<br />

mostrava aneurisma gigante na<br />

CD e outros 2 na CE, o que motivou<br />

a redução da <strong>do</strong>se <strong>do</strong> AAS<br />

para 100 mg/dia e troca<strong>do</strong> dipiridamol<br />

por clopi<strong>do</strong>grel.<br />

teterismo Cardíaco: DA com oclusão<br />

total proximal opacifican<strong>do</strong>-se<br />

por colaterais, CX apresentan<strong>do</strong> ectasia<br />

no 1° ramo marginal com<br />

oclusão distal e múltiplos aneurismas,<br />

oclusão total <strong>do</strong> ramo póstero-lateral,<br />

CD com oclusão total no<br />

1/3 médio.<br />

Diagnóstico: Doença <strong>de</strong> Behçet e<br />

síndrome <strong>de</strong> Hughes-Stovin.<br />

Evolução: Evi<strong>de</strong>nciada úlcera no<br />

<strong>do</strong>rso da língua; eco TT posterior<br />

com aumento <strong>de</strong> VE com hipocinesia<br />

difusa e presença <strong>de</strong> vegetação<br />

na face ventricular da valva tricúspi<strong>de</strong><br />

e vegetação pedunculada,<br />

muito móvel, na valva pulmonar.<br />

Exames: aCL, LAC, FR e anti HIV<br />

1 + 2 negativos, FAN < 1/40, PCR<br />

4,8mg%; exame oftalmológico normal;<br />

e hemoculturas negativas para<br />

germes comuns e fungos. Foi suspensa<br />

a antibioticoterapia no 14°<br />

dia e iniciada prednisona 1mg/<br />

kg/dia. O ecocardiograma evolutivo<br />

mostrava acentuada redução<br />

nas dimensões das massas nas valvas<br />

tricúspi<strong>de</strong> e pulmonar, principalmente<br />

nesta última, que praticamente<br />

<strong>de</strong>sapareceu, disfunção<br />

mo<strong>de</strong>rada a grave <strong>de</strong> VE; ressonância<br />

magnética cardíaca foi compatível<br />

com infartos em territórios distintos<br />

sugerin<strong>do</strong> envolvimento<br />

multivascular, ausência <strong>de</strong> viabilida<strong>de</strong><br />

na pare<strong>de</strong> lateral, viabilida<strong>de</strong><br />

preservada nos segmentos septais<br />

e presença <strong>de</strong> necrose na pare<strong>de</strong><br />

apical <strong>do</strong> VD associada a<br />

trombo a<strong>de</strong>ri<strong>do</strong>.


4º CASO CLÍNICO<br />

Apresentação<br />

Eduar<strong>do</strong> <strong>de</strong> Oliveira <strong>de</strong> Ayres Pinto<br />

Hospital <strong>do</strong>s Servi<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><br />

Caso: NAS, 54 anos, fem, foi atendida<br />

com quadro <strong>de</strong> <strong>do</strong>r lombar alta<br />

5º CASO CLÍNICO<br />

Apresentação<br />

Gustavo Alexandre Caetano Corrêa<br />

Santa Casa <strong>de</strong> Misericórdia - RJ<br />

Caso: MSF, 33 anos, masc, apresenta<br />

quadro <strong>de</strong> início há cerca <strong>de</strong><br />

um mês, com febre alta intermitente<br />

(atingin<strong>do</strong> 40ºC), diária, precedida<br />

por calafrios e com remissão<br />

em su<strong>do</strong>rese, sem horário característico,<br />

odinofagia, mialgia, artralgia<br />

generalizada e lesões máculo-papulosas<br />

eritematosas não pruriginosas<br />

no tronco e região proximal <strong>do</strong>s<br />

membros superiores. Após cerca <strong>de</strong><br />

5 dias progrediu com anorexia,<br />

náuseas e vômitos pós-prandiais,<br />

além <strong>de</strong> mudança <strong>do</strong> hábito intestinal,<br />

com aproximadamente <strong>do</strong>is<br />

episódios <strong>de</strong> evacuações líquidas<br />

com mo<strong>de</strong>rada quantida<strong>de</strong>, não<br />

subaguda, sem irradiação, constante,<br />

com piora aos movimentos e intensida<strong>de</strong><br />

progressiva, refratária aos analgésicos<br />

comuns, AINES e miorrelaxantes.<br />

Negava outros sinais e sintomas.<br />

Nos antece<strong>de</strong>ntes patológicos,<br />

referia ser diabética há 11 anos em<br />

tratamento com hipoglicemiantes<br />

orais, além <strong>de</strong> esteatose hepática. Ao<br />

exame físico apresentava-se corada,<br />

hidratada, afebril, acianótica, com<br />

sobrepeso, em bom esta<strong>do</strong> geral; caminhan<strong>do</strong><br />

sem alterações sobre as<br />

pontas <strong>do</strong>s pés e calcanhares; ref lexos<br />

presentes, simétricos e normais;<br />

acompanhada <strong>de</strong> <strong>do</strong>r ab<strong>do</strong>minal, sangue,<br />

muco ou pus. Procurou nosso<br />

serviço após investigações frustradas<br />

em duas unida<strong>de</strong>s básicas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e<br />

foi então interna<strong>do</strong>. Per<strong>de</strong>u 10 kg<br />

nesse perío<strong>do</strong>. Na história social, um<br />

familiar relatou uso <strong>de</strong> cocaína e etilismo<br />

social; mora<strong>do</strong>r <strong>de</strong> zona rural,<br />

on<strong>de</strong> tem contato com carrapatos;<br />

relato recente <strong>de</strong> viagem a trabalho<br />

para região norte <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas<br />

Gerais e limpeza <strong>de</strong> uma fossa<br />

cerca <strong>de</strong> 10 dias antes <strong>do</strong> início <strong>do</strong><br />

quadro. Exame físico: Tax 39,5 ºC,<br />

rash cutâneo maculo-papular; MV audível<br />

bilateralmente, sem ruí<strong>do</strong>s adventícios;<br />

RCR, 2T, BNF, sem sopros;<br />

abdômen sem alterações; e e<strong>de</strong>ma bilateral<br />

(++/4+), até os joelhos, com<br />

cacifo, frio, in<strong>do</strong>lor. Exames laboratoriais<br />

na admissão: RX tórax e Ab<strong>do</strong>me<br />

normais; Hb: 9,9g%, Ht: 30%,<br />

13200 leucócitos (0-1=0-0-7-70=21-1);<br />

TAP (INR): 1,16, PTT: 31,2 seg; VHS:<br />

121mm/h, PCR: 6,8; TGO: 92, TGP:<br />

133, FA: 283, Cr: 0,7, U: 132; EAS normal;<br />

EPF - Strongyloi<strong>de</strong>s stercoralis.<br />

Durante a internação, não apresentou<br />

diarréia ou vômitos, mas surgiram<br />

<strong>do</strong>rsalgia, artralgia cumulativa e<br />

assimétrica <strong>de</strong> início nos joelhos pro-<br />

manobra <strong>de</strong> Lasègue negativa; e <strong>do</strong>r<br />

ao fletir, exten<strong>de</strong>r e lateralizar a coluna,<br />

com permanência da lor<strong>do</strong>se<br />

lombar, mesmo ao fletir o tronco.<br />

O restante <strong>do</strong> exame físico era<br />

normal. Exames laboratoriais: Hb<br />

12.2, VCM 90, 9750 leucócitos<br />

com diferencial normal, plaquetas<br />

237.000; Cr 0.7, AST 57, ALT 101,<br />

fosfatase alcalina 142, eletrólitos<br />

normais, glicose 180, PPD 24mm.<br />

Realiza<strong>do</strong> Rx simples e TC <strong>de</strong> coluna<br />

que foram compatíveis com<br />

Expondilodisciíte.<br />

Diagnóstico: Expondilodisciíte.<br />

gredin<strong>do</strong> para punhos, ombros, cotovelos,<br />

tornozelos, coluna cervical<br />

e quirodáctilos, culminan<strong>do</strong> em artrite<br />

<strong>do</strong>s ombros e punhos; rash maculopapular<br />

pre<strong>do</strong>minan<strong>do</strong> em<br />

tronco, exacerban<strong>do</strong>-se durante os<br />

episódios febris, quan<strong>do</strong> atingia região<br />

proximal <strong>do</strong>s membros; surgimento<br />

<strong>de</strong> linfono<strong>do</strong>megalia <strong>do</strong>lorosa<br />

assimétrica axilar e inguinal que<br />

se manteve por <strong>do</strong>is dias; anemia<br />

progressiva, com piora da leucocitose.<br />

Exames complementares: Eco<br />

sem alterações; USG: baço no limite<br />

superior da normalida<strong>de</strong>; hemocultura<br />

negativa em 3 amostras; urinocultura<br />

negativa; sorologias para<br />

HIV, HBV, HCV, leptospirose e sífilis<br />

negativas, HAV positiva para<br />

IgG, assim como Lyme; ASLO: 139,<br />

FR: 14,5, FAN, anti-Sm negativos;<br />

ferritina 35.935 ng/ml.<br />

Diagnóstico: Doença <strong>de</strong> Still <strong>do</strong><br />

Adulto.<br />

Evolução: foi trata<strong>do</strong> inicialmente<br />

com in<strong>do</strong>metacina, obten<strong>do</strong> resposta<br />

parcial, quan<strong>do</strong> foi associada<br />

prednisolona 60mg/dia, com regressão<br />

gradual <strong>do</strong>s sintomas e<br />

anemia. Recebeu alta com artralgia<br />

discreta e rash leve.<br />

<strong>Boletim</strong> da SRRJ • Nº 122/2006 19


NOVEMBRO DE 2006<br />

20<br />

1º CASO CLÍNICO<br />

Apresentação<br />

Marcos Veloso Moitinho<br />

Hospital Universitário Gaffrée e Guinle -<br />

UNIRIO<br />

Caso: Adulto, fem, há 1 mês com<br />

episódios <strong>de</strong> febre e calafrio, evoluin<strong>do</strong><br />

há 2 semanas com tosse não<br />

produtiva, emagrecimento <strong>de</strong> 3kg,<br />

intolerância aos esforços <strong>de</strong> padrão<br />

progressivo e astenia. Procurou atendimento<br />

médico on<strong>de</strong> se constatou<br />

anemia, pequeno <strong>de</strong>rrame pleural à<br />

esquerda e EAS com proteinúria e<br />

hematúria. Foi transferida para o<br />

HUGG fazen<strong>do</strong> uso <strong>de</strong> 60 mg <strong>de</strong><br />

prednisona/dia, assintomática. Ao<br />

exame <strong>de</strong> chegada, notou-se petéquia<br />

2º CASO CLÍNICO<br />

Apresentação<br />

Tatiana Melo Fernan<strong>de</strong>s<br />

Hospital Naval Marcílio Dias<br />

<strong>Boletim</strong> da SRRJ • Nº 122/2006<br />

na conjuntiva bulbar <strong>do</strong> olho esquer<strong>do</strong>;<br />

PA 110X60mmHg; FC:90bpm; RCR,<br />

2T, SS +3/+6 FAo, irradian<strong>do</strong> para o<br />

pescoço e SD +1/+6 FM; e e<strong>de</strong>ma maleolar<br />

bilateral. Nos exames, havia: Hb<br />

10, Ht 30,7, Leuco 9600, Linf 969, Plaquetas<br />

131000, VHS 45; U 75, Cr 2,2;<br />

TGO, TGP, FAL, GGT, Bilirrubinas,<br />

TAP: normais; Alb 2,6; VDRL negativo,<br />

C3 25, C4 13 ; EAS: ptn 2+, 8-10<br />

hem p/c, 15-20 leuco p/c, cilindros<br />

hialinos e granulosos, clearance 36 ml/<br />

min, proteinúria 731mg; Urinocultura<br />

negativa, hemoculturas (6 amostras) negativas;<br />

US ab<strong>do</strong>minalcom pequena<br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> líqui<strong>do</strong> na cavida<strong>de</strong> peritoneal,<br />

hepatomegalia homogênea; TC<br />

<strong>de</strong> ab<strong>do</strong>me e crânio normais; ecocardiograma<br />

transtorácico: válvula mitral<br />

com folheto anterior espessa<strong>do</strong>; válvula<br />

aórtica com massa <strong>de</strong> ecogenicida<strong>de</strong><br />

variável no folheto coronariano direito,<br />

F.E:65%; <strong>do</strong>ppler com insuficiência<br />

aórtica mo<strong>de</strong>rada, <strong>de</strong>rrame pericárdico<br />

mo<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>; FAN, anti-DNA, Sm,<br />

RNP, aCL IgM e IgG negativos, LAC<br />

positivo; ecocardiograma transesofágico:<br />

válvula aórtica com presença <strong>de</strong><br />

Caso: Homem <strong>de</strong> 77 anos, relata início<br />

insidioso <strong>de</strong> <strong>do</strong>r tóraco-lombar aos<br />

médios esforços há cerca <strong>de</strong> 3 meses,<br />

sem limitação funcional, associada a <strong>do</strong>r<br />

nas extremida<strong>de</strong>s, além <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong><br />

para efetuar relações sexuais com a<br />

parceira. Porta<strong>do</strong>r <strong>de</strong> prótese peniana<br />

há 15 anos e <strong>de</strong>seja troca-lá. Ao exame<br />

físico: hipocora<strong>do</strong> (+2/+4), restante sem<br />

alterações. Exames: Hb:10,7 Ht: 38,6%,<br />

10.200 leucócitos (2% bastões), plaquetas:<br />

342.000; FA: 653, TGO: 45, TGP:<br />

38, albumina: 3,7, globulina: 4,5, GGT:<br />

126, PSA: 711, VHS: 145; Raio X da<br />

coluna vertebral com espondiloartrose<br />

massa fixa e heterogênea nos folhetos<br />

coronarianos D e E; FE 60% e<br />

IAo grave. Permaneceu clinicamente<br />

estável, com picos ocasionais <strong>de</strong><br />

febre até 3 semanas após início <strong>de</strong><br />

antibioticoterapia empírica. No acompanhamento<br />

laboratorial houve normalização<br />

da função renal, bem como<br />

aumento <strong>do</strong>s linfócitos e plaquetas.<br />

Foi transferida para o ICL para cirurgia.<br />

Discussão: O Dr Jaime Barros<br />

comentou que a presença <strong>de</strong> calafrios<br />

sugere etiologia infecciosa e a<br />

Dra Blanca sugeriu en<strong>do</strong>cardite <strong>de</strong><br />

Libman-Sacks. Dr Leonar<strong>do</strong> Romeiro<br />

comentou que autoanticorpos po<strong>de</strong>m<br />

ocorrer como epifenômeno na<br />

en<strong>do</strong>cardite. Evolução: Relato cirúrgico:<br />

vegetações gran<strong>de</strong>s com perfurações<br />

nos folhetos coronarianos D e<br />

E; presença <strong>de</strong> abscesso subcomissural<br />

na pare<strong>de</strong> septal, em direção à artéria<br />

pulmonar. Lau<strong>do</strong> histopatológico:<br />

processo inflamatório com infiltra<strong>do</strong><br />

linfocítico, material amorfo<br />

e fibrina. Presença <strong>de</strong> cocos gram<br />

negativos. Diagnóstico: En<strong>do</strong>cardite<br />

infecciosa.<br />

e discopatia em C5,C6, D10, D11,<br />

D12 e L1-L5, lesões osteoblásticas nos<br />

corpos vertebrais <strong>de</strong> D11,D12 e L4,<br />

on<strong>de</strong> há acentuada redução da altura<br />

vertebral; Raio X <strong>do</strong>s osso longos:<br />

<strong>de</strong>formida<strong>de</strong> em varo <strong>do</strong> fêmur esquer<strong>do</strong><br />

com espessamento da cortical,<br />

aumento <strong>de</strong> volume e áreas <strong>de</strong><br />

esclerose pre<strong>do</strong>minan<strong>do</strong> na região<br />

distal; cintilografia óssea: hipercaptação<br />

difusa acentuada <strong>do</strong> radiofármaco,<br />

<strong>de</strong> aspecto heterogêneo nos<br />

ossos <strong>do</strong> crânio, cabeças umerais,<br />

bordas laterais e espinhas das escápulas,<br />

coluna lombo-sacra , diáfise


distal e proximal <strong>de</strong> tíbia direita<br />

e distal <strong>de</strong> fêmur ipsilateral, hipercaptação<br />

difusa <strong>do</strong> radiotraça<strong>do</strong>r<br />

no fêmur esquer<strong>do</strong>, que se encontra<br />

arquea<strong>do</strong> e com aumento das<br />

dimensões; TC <strong>de</strong> abdômen e pelve<br />

com linfono<strong>do</strong>megalia pélvica<br />

; US <strong>de</strong> próstata: próstata localizada<br />

anatomicamente, simétrica,<br />

3º CASO CLÍNICO<br />

Apresentação<br />

Roberta Monteiro <strong>de</strong> Abreu<br />

HUAP - UFF<br />

Caso: MFC, 11 anos é interna<strong>do</strong><br />

com quadro <strong>de</strong> febre alta, náuseas,<br />

rash, mialgia, não responsivos<br />

à amoxacilina. Ao exame: hipocora<strong>do</strong><br />

(+/4+), com rash papular na<br />

face, hiperemia conjuntival e escleral,<br />

língua em “fambroesa”,<br />

gengivorragia e sangramento na<br />

comissura labial, além <strong>de</strong> tosse<br />

com contornos regulares e peso aumenta<strong>do</strong><br />

(109 g), aumento <strong>do</strong> volume<br />

pós miccional. Discussão: Dr<br />

José Vertzman sugeriu mieloma múltiplo,<br />

Dr Mauro Goldfarb complicações<br />

vasculares e Dra Alexandra Villa-Forte,<br />

metástases ósseas <strong>de</strong> tumor<br />

prostático. Dr Leonar<strong>do</strong> Romeiro<br />

comentou o uso <strong>de</strong> zolendronato no<br />

com expectoração; FC 100bpm, FR<br />

28 irpm; linfono<strong>do</strong>megalia cervical<br />

anterior bilateral, móvel e in<strong>do</strong>lor;<br />

<strong>do</strong>r muscular à mobilização <strong>do</strong>s<br />

MMII.. Seu hemograma da internação<br />

mostrava leuco e plaquetopenia,<br />

VHS 12 e o EAS, proteinúria (2+).<br />

Como o paciente persistia neutropênico,<br />

foi trata<strong>do</strong> com cefepime e<br />

vancomicina, mas ele evoluiu com<br />

alteração <strong>do</strong> sensório (Glasgow 11)<br />

e piora das enzimas hepáticas. A<br />

bx da medula óssea mostrou redução<br />

leve das três séries hematopoiéticas,<br />

maturação preservada, eosinofilia<br />

leve e ocasionais histiócitos,<br />

raros erirtroblastos com morfologia<br />

sugestiva <strong>de</strong> infecção por Parvovírus;<br />

PAS, Wa<strong>de</strong>, Grocott: negativos.<br />

A <strong>do</strong>sagem <strong>de</strong> triglicerí<strong>de</strong>os era <strong>de</strong><br />

251 (30-150). Foi iniciada gamaglobulina<br />

e anfotericina B (candidíase<br />

oral). O parecer da Dermato sugeriu<br />

vasculite cutânea. Houve piora<br />

tratamento <strong>do</strong> Paget e das metástases<br />

ósseas.<br />

Evolução: realizou biópsia <strong>de</strong><br />

próstata, que mostrou a<strong>de</strong>nocarcinoma<br />

pouco diferencia<strong>do</strong> (escala<br />

<strong>de</strong> Gleason 9).<br />

Diagnóstico: A<strong>de</strong>nocarcinoma<br />

<strong>de</strong> próstata + Doença <strong>de</strong> Paget<br />

polióstotica.<br />

clínica, com insuficiência respiratória<br />

e renal, mucosite com sangramento,<br />

anasarca, apesar <strong>do</strong> tratamento<br />

<strong>de</strong> suporte. As sorologias<br />

virais e culturas foram negativas.<br />

A biópsia <strong>de</strong> pele foi sugestiva<br />

<strong>de</strong> lúpus eritematoso, e a hepática<br />

foi inconclusiva; FAN<br />

1:640, pontilha<strong>do</strong>, anti-DNA, Ro<br />

positivos, aCL 55GPL, IgM


22<br />

4º CASO CLÍNICO<br />

Apresentação<br />

Isabel Maria Nogueira Teixeira<br />

HUCFF - UFRJ<br />

Caso: ESM, 48 anos, é atendida com<br />

quadro <strong>de</strong> parestesias em “bota” nos<br />

pés há 5 anos, associada a febre bai-<br />

5º CASO CLÍNICO<br />

Apresentação<br />

Ingrid Ban<strong>de</strong>ira Moss<br />

HUCFF - UFRJ<br />

Caso: ACS, 17 anos, fem, referia<br />

quadro <strong>de</strong> poliartralgia migratória,<br />

que em 24h se localizou no joelho<br />

D, sem flogose, mas com dificulda<strong>de</strong><br />

para <strong>de</strong>ambular. Fez uso <strong>de</strong> paracetamol,<br />

compressas e diclofenaco,<br />

sem melhora. Após 6 dias notou<br />

febre <strong>de</strong> 38°C. Nega história <strong>de</strong><br />

traumatismo. Procurou Hospital <strong>de</strong><br />

Emergência com persistência <strong>do</strong><br />

quadro <strong>de</strong> claudicação e febre, on<strong>de</strong><br />

realizou exames e foi internada<br />

(26/6). Exames na admissão: Hb<br />

<strong>Boletim</strong> da SRRJ • Nº 122/2006<br />

xa, poliatralgia, mialgia e perda pon<strong>de</strong>ral<br />

<strong>de</strong> 8 kg nos primeiros 6 meses. Evolui<br />

alternadamente com perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

melhora e piora <strong>do</strong>s sintomas, mas há<br />

cerca <strong>de</strong> 1 ano, houve recidiva associada<br />

a parestesias nas mãos e disúria. Familiar<br />

falecida aos 42 anos com amiloi<strong>do</strong>se.<br />

Ao exame, encontrava-se hipocorada<br />

(++/+4), com parestesia em “bota<br />

e luva”, sem outras alterações. Exames<br />

complementares: Hb:10,4, Ht:32,1%,<br />

6500 leucócitos (0-4=0-0-2-50=37-7),<br />

plaq: 294.000, VHS: 65 mm/h; proteínas<br />

totais: 7.6, eletroforese <strong>de</strong> proteínas<br />

normal; TGP: 14 TGO: 26 FAL:<br />

62, GGT: 16; C3: 107, C4: 26, CH<br />

100: 130,09; proteinúria: 330mg/24h;<br />

Rx tórax e US <strong>de</strong> abdômen sem alterações;<br />

ENMG: alterações compatíveis<br />

12,5, Leucócitos 10600 (1-3=0-0-18-<br />

46=20-12), plaquetas 235000; VHS 83;<br />

EAS: 30-40 piócitos, 10-12 hem; PCR<br />

21,3; hormônios tireoi<strong>de</strong>anos normais;<br />

WR negativo; sorologias para<br />

HBV e HCV negativas; Raio X joelhos<br />

“normal”; e urinocultura com crescimento<br />

<strong>de</strong> Klebsiella pneumoniae. Mesmo<br />

após a alta a <strong>do</strong>r não ce<strong>de</strong>u totalmente<br />

e durante a internação apresentou<br />

<strong>do</strong>r na virilha por 4 dias. Foi encaminhada<br />

ao ambulatório <strong>de</strong> <strong>Reumatologia</strong><br />

<strong>do</strong> HUCFF para investigação.<br />

Ao exame físico, notava-se claudicação<br />

à D; geno valgo à D; discreta atrofia<br />

da panturrilha D; aumento <strong>de</strong> volume<br />

e temperatura <strong>do</strong> joelho D; limitação<br />

da abdução <strong>do</strong> quadril à D restante<br />

sem alterações. A US <strong>do</strong> joelho foi<br />

normal. Uma semana após, permanecia<br />

sem alterações evolutivas e no novo<br />

Raio X havia <strong>de</strong>smineralização óssea<br />

da CFD e redução <strong>do</strong> espaço articular<br />

principalmente à D; cintilografia óssea<br />

sugestiva <strong>de</strong> processo inflamatório/infeccioso<br />

articular, sem <strong>de</strong>scartar<br />

necrose asséptica em fase reacional no<br />

quadril. Discussão: Dr Mauro Goldfarb<br />

sugeriu artrite reativa, Prof. Seda<br />

com polineuropatia sensitivo-motora<br />

<strong>de</strong> caráter axonal. Discussão: Dr<br />

Dante questionou se havia espessamento<br />

<strong>do</strong>s nervos periféricos e Dr<br />

João Vaz comentou sobre a forma não<br />

ususal <strong>de</strong> abertura <strong>do</strong> quadro <strong>de</strong> Síindrome<br />

<strong>de</strong> Sjögren, com neuropatia<br />

periférica. Evolução: biópsia <strong>do</strong> nervo<br />

sural com proliferação <strong>de</strong> conjuntivo<br />

en<strong>do</strong> e perineural, observan<strong>do</strong>se<br />

<strong>de</strong>pósito <strong>de</strong> material eosinofílico<br />

na pare<strong>de</strong> <strong>do</strong>s vasos en<strong>do</strong>neurais,<br />

que se mostram positivo na coloração<br />

para amilói<strong>de</strong> (vermelho <strong>do</strong> Congo);<br />

coloração para amilói<strong>de</strong> (vermelho<br />

<strong>do</strong> Congo) positiva.<br />

Diagnóstico: Polineuropatia amiloidótica<br />

familiar. A apresenta<strong>do</strong>ra fez<br />

uma breve revisão <strong>do</strong> assunto.<br />

tuberculose, e Dr José Vertzman a<br />

etiologia estafilocócica, apesar da pouca<br />

reação óssea apresentada nesta<br />

caso. Foi internada para investigação,<br />

e novos exames mostravam Hb 14,9,<br />

Htc 40%, Leuco 6920 (1-11-0-0-1-34-<br />

43-10), plaq 202000, VHS 26; PPD<br />

15 mm; Sorologias (HBV, HCV, HIV)<br />

negativas; eletroforese <strong>de</strong> proteínas<br />

com hipergamaglobulinemia policlonal;<br />

EAS: normal; Raio X tórax e ecocardiograma<br />

normais; urinocultura<br />

negativa; pesquisa para gonococo no<br />

swab <strong>de</strong> orofaringe, vaginal e retal<br />

negativa e hemoculturas negativas.<br />

Evouliu com gonalgia à D e piora da<br />

claudicação, sen<strong>do</strong> submetida à biópsia<br />

sinovial (em vigência <strong>de</strong> 11 dias<br />

<strong>de</strong> antibiótico), que mostrou apenas<br />

sinovite (hipertrofia). Evolução: No<br />

pós-operatório, apresentou abscesso<br />

na região da ferida cirúrgica. A TC<br />

da articulação CF evi<strong>de</strong>nciou osteomielite<br />

<strong>do</strong> fêmur D. Após 28 dias <strong>de</strong><br />

antibiótico venoso, foi mantida com<br />

sulfametoxazol-trimetoprin até completar<br />

6 semanas. Sua realiação posterior,<br />

mostrava exame físico e laboratorial<br />

normal.


1 O fator reumatói<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser<br />

encontra<strong>do</strong> em cada uma das<br />

seguintes condições, exceto:<br />

a) Doença <strong>de</strong> Still <strong>do</strong> adulto<br />

b) En<strong>do</strong>cardite bacteriana subaguda<br />

c) Síndromes <strong>de</strong> vasculite<br />

d) Sarcoi<strong>do</strong>se<br />

e) Síndrome <strong>de</strong> Sjögren<br />

2 Todas as <strong>do</strong>enças metabólicas<br />

estão associadas à <strong>do</strong>ença <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>posição <strong>de</strong> cristais <strong>de</strong><br />

pirofosfato <strong>de</strong> cálcio, exceto:<br />

a) Hipotireoidismo<br />

b) Gota<br />

c) Hemocromatose<br />

d) Hiperparatireóidismo<br />

e) Hiperoxalúria primária<br />

3 Qual das opções abaixo não po<strong>de</strong><br />

ser atribuída à possível efeito<br />

colateral <strong>do</strong> uso <strong>de</strong> Metotrexato,<br />

em <strong>do</strong>se baixa semanal para tratamento<br />

<strong>de</strong> Artrite Reumatói<strong>de</strong>?<br />

a) Trombocitopenia<br />

b) Estomatite<br />

c) Nefropatia<br />

d) Alopecia<br />

e) Leucopenia<br />

4 Das drogas abaixo, utilizadas<br />

para tratamento da osteoporose,<br />

qual apresenta duplo mecanismo<br />

<strong>de</strong> ação?<br />

a) Raloxifeno<br />

b) Alendronato <strong>de</strong> sódio<br />

c) Risedronato <strong>de</strong> sódio<br />

d) Ranelato <strong>de</strong> estrôncio<br />

e) Nenhuma das anteriores<br />

REUMATESTE<br />

5 Um menino <strong>de</strong> 14 anos torceu o<br />

tornozelo esquer<strong>do</strong> durante um<br />

jogo <strong>de</strong> futebol. O exame e as<br />

radiografias iniciais eram normais.<br />

Após duas semanas o paciente<br />

se queixa <strong>de</strong> intensa <strong>do</strong>r<br />

em queimação no pé traumatiza<strong>do</strong>.<br />

O pé está discretamente frio,<br />

mas os pulsos po<strong>do</strong>dáctilos estavam<br />

íntegros. Uma outra avaliação,<br />

on<strong>de</strong> foram incluídas<br />

novas radiografias, estu<strong>do</strong>s vasculares<br />

e eletrofisiológicos, não<br />

mostrou alterações significativas.<br />

Diante disso, qual a sua<br />

principal hipótese diagnóstica?<br />

a) Vasculite<br />

b) Algoneurodistrofia<br />

c) Neuropatia <strong>de</strong> pequenas fibras<br />

d) Fibromialgia<br />

e) Neuropatia peroneal<br />

6 Qual das opções abaixo é mais<br />

característica da polimialgia<br />

reumática?<br />

a) Mulheres em ida<strong>de</strong> fértil<br />

b) Elevação das enzimas musculares<br />

c) VHS eleva<strong>do</strong><br />

d) Fraqueza e <strong>do</strong>r muscular distal<br />

e) Nenhuma das anteriores<br />

7 Homem 72 anos comparece à consulta<br />

com queixa <strong>de</strong> início gradual<br />

<strong>de</strong> <strong>do</strong>r crescente nas regiões<br />

inguinal e glútea ao longo <strong>do</strong>s últimos<br />

três meses. Foi submeti<strong>do</strong> à<br />

cirurgia para colocação <strong>de</strong> prótese<br />

total <strong>de</strong> quadril há cerca <strong>de</strong> sete<br />

anos. As radiografias <strong>de</strong>monstram<br />

múltiplas áreas císticas no<br />

acetábulo e canal femoral. O paciente<br />

apresenta 12.000 leucócitos<br />

e uma VHS <strong>de</strong> 45mm/h.<br />

Qual a causa mais provável das<br />

lesões císticas apresentadas pelo<br />

paciente?<br />

a) Infecção<br />

b) Osteólise por <strong>de</strong>bris forma<strong>do</strong>s pelo<br />

<strong>de</strong>sgaste<br />

c) Remo<strong>de</strong>lação óssea<br />

d) Afrouxamento da fixação<br />

e) Neoplasia<br />

8 Qual a etiologia da uveíte que<br />

po<strong>de</strong> ter como droga <strong>de</strong> escolha<br />

o Clorambucil oral?<br />

a) Granulomatose <strong>de</strong> Wegener<br />

b) Doença <strong>de</strong> Behçet<br />

c) Síndrome <strong>de</strong> Reiter<br />

d) Síndrome <strong>de</strong> Vogt-Koyanagi-<br />

Harada<br />

e) Sarcoi<strong>do</strong>se<br />

9 Em qual das opções abaixo encontramos<br />

níveis séricos eleva<strong>do</strong>s<br />

da enzima conversora <strong>de</strong><br />

angiotensina?<br />

a) Silicose<br />

b) Beriliose<br />

c) Asbestose<br />

d) Sarcoi<strong>do</strong>se<br />

e) Todas acima<br />

10 Qual das opções abaixo não é<br />

um fator <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ante e/ou<br />

agravante da psoríase?<br />

a) Trauma<br />

b) Infecção<br />

c) Corticoterapia sistêmica<br />

d) Beta-bloquea<strong>do</strong>res<br />

e) Nenhuma das anteriores<br />

1) letra A; 2) letra E; 3) letra C; 4) letra D; 5) letra B; 6) letra C; 7) letra B; 8) letra B; 9) letra E; 10) letra E<br />

RESPOSTAS<br />

<strong>Boletim</strong> da SRRJ • Nº 122/2006 23


24<br />

<strong>Boletim</strong> da SRRJ • Nº 122/2006<br />

EVENTOS REUMATOLÓGICOS<br />

2007 2007<br />

Eventos Nacionais 2007<br />

CONGRESSO INTERNACIONAL DE IMUNOLOGIA<br />

21 a 25 <strong>de</strong> agosto<br />

www.imunorio2007.org.br<br />

XIX JORNADA NORTE/NORDESTE DE REUMATOLOGIA<br />

21 a 24 <strong>de</strong> março<br />

Fortaleza, CE<br />

rejanevieira@terra.com.br<br />

XVI JORNADA CENTRO-OESTE DE REUMATOLOGIA<br />

Data: 28 a 30 <strong>de</strong> abril<br />

Mato Grosso<br />

sorems@bol.com.br<br />

XIII ENCONTRO AVANÇADO DE REUMATOLOGIA<br />

24 a 26 <strong>de</strong> maio<br />

Mato Grosso<br />

sorems@bol.com.br<br />

XVI JORNADA CONE SUL DE REUMATOLOGIA E<br />

XIX JORNADA BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA<br />

28 a 30 <strong>de</strong> setembro<br />

Santa Catarina<br />

jemoura@fub.br<br />

XVII ENCONTRO RIO-SÃO PAULO DE REUMATOLOGIA E<br />

XIX JORNADA PAULISTA DE REUMATOLOGIA<br />

06 a 08 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro<br />

São Paulo, SP<br />

reumatologiasp@uol.com.br<br />

2008<br />

Eventos Internacionais 2008<br />

XV CONGRESO PANAMERICANO DE REUMATOLOGIA<br />

(PANLAR)<br />

13 a 16 <strong>de</strong> agosto<br />

Guatemala<br />

asoguareuma@gmail.com<br />

www.agreuma.org<br />

Eventos Internacionais 2007<br />

XXXV CONGRESO MEXICANO DE REUMATOLOGIA<br />

08 a 13 <strong>de</strong> fevereiro<br />

Chiuahua, México<br />

congreso@colmexreuma.org.mx<br />

12 TH INTERNATIONAL CONGRESSO N ANTIPHOSPHOLIPID<br />

ANTIBODIES<br />

18 a 20 abril<br />

Florença, Itália<br />

secretaria@antiphospholipid.net<br />

www.antiphospholipid.net<br />

THE 8 TH INTERNATIONAL CONGRESSO N SLE<br />

16 a 20 <strong>de</strong> maio<br />

Shangai, China<br />

www.chinamed.com.cn/lupus2007<br />

II CONGRESSO PAN-AMERICANO DE ESPONDILOARTROPATIAS<br />

18 e 19 <strong>de</strong> maio<br />

Buenos Aires, Argentina<br />

www.reumatologia.org.ar<br />

XI CONGRESSO ASOCIACION CENTROAMERICA CARIBE Y ANDINA<br />

23 a 27 <strong>de</strong> maio<br />

San Salva<strong>do</strong>r, El Salva<strong>do</strong>r<br />

www.medicos<strong>de</strong>elsalva<strong>do</strong>r.com/asociacion/reumatologia<br />

PUERTO RICAN RHEUMATOLOGISTS ASSOCIATION<br />

INTERNATIONAL MEETING<br />

24 a 28 <strong>de</strong> maio<br />

São Juan, Puerto Rico<br />

eventos@pharmaconpr.com<br />

8 TH EULAR CONGRESS<br />

13 a 16 <strong>de</strong> junho<br />

Barcelona, Espanha<br />

eular.org<br />

XI CONGRESO COLOMBIANO DE REUMATOLOGIA<br />

16 a 19 <strong>de</strong> agosto<br />

Me<strong>de</strong>llín, Colombia<br />

www.asoreuma.org

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