01.06.2013 Views

Ependimoma supratentorial em criança - SPR

Ependimoma supratentorial em criança - SPR

Ependimoma supratentorial em criança - SPR

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

<strong>Ependimoma</strong> <strong>supratentorial</strong> <strong>em</strong> <strong>criança</strong> / Santa Anna TKB et al.<br />

<strong>Ependimoma</strong> <strong>supratentorial</strong> <strong>em</strong> <strong>criança</strong>:<br />

relato de caso<br />

Tatiana Kelly Brasileiro de Santa Anna 1 , Izanne Martins Neves 2 , Clóvis Simão Trad 3 ,<br />

Aguinaldo Cunha Zuppani 4<br />

Descritores:<br />

<strong>Ependimoma</strong>; Neoplasias supratentoriais;<br />

Neoplasias encefálicas; Neoplasias dos<br />

ventrículos cerebrais.<br />

Recebido para publicação <strong>em</strong> 28/4/2009. Aceito,<br />

após revisão, <strong>em</strong> 15/7/2009.<br />

Trabalho realizado no Hospital Santa Marcelina,<br />

São Paulo, SP.<br />

1<br />

Médica Residente <strong>em</strong> Radiologia e Diagnóstico<br />

por Imag<strong>em</strong> do Hospital Santa Marcelina.<br />

2 Médica Residente <strong>em</strong> Radiologia e Diagnóstico<br />

por Imag<strong>em</strong> da Clínica CEDIRP de Ribeirão Preto,<br />

SP.<br />

3<br />

Médico Radiologista da Clínica CEDIRP de Ribeirão<br />

Preto, Professor Doutor pela Faculdade de<br />

Medicina de Ribeirão Preto – Universidade de São<br />

Paulo (FMRP-USP).<br />

4<br />

Médico Radiologista, Coordenador do Setor de<br />

Radiologia e Diagnóstico por Imag<strong>em</strong> do Hospital<br />

Santa Marcelina.<br />

Correspondência: Dra. Tatiana Kelly Brasileiro de<br />

Santa Anna. Rua Teixeira da Silva, 654, ap. 142,<br />

Paraíso. São Paulo, SP, 04002-033. E-mail:<br />

tatianakelly@hotmail.com<br />

Relato de Caso<br />

Resumo<br />

O ependimoma é um tumor glioneural do grupo neuroepitelial que se origina no epêndima, de crescimento<br />

lento e localização infratentorial <strong>em</strong> dois terços dos casos. Os infratentoriais são mais<br />

comuns <strong>em</strong> <strong>criança</strong>s e os supratentoriais, nos adultos. O presente relato descreve um caso na infância,<br />

<strong>supratentorial</strong>, <strong>em</strong> íntimo contato com o ventrículo lateral, predominant<strong>em</strong>ente cístico, com<br />

áreas sólidas, pequeno efeito expansivo regional, sendo evidenciado, pela anatomopatologia, tratar-se<br />

de um subtipo infrequente nesta faixa etária, o subependimoma.<br />

Os ependimomas correspond<strong>em</strong> a 3%–9% de todas as neoplasias neuroepiteliais<br />

e 6%–12% das neoplasias cerebrais da infância, sendo de localização preferencial<br />

na fossa posterior nesta faixa etária [1] . O ependimoma <strong>supratentorial</strong> corresponde<br />

a 0,3%–6% de todas as neoplasias intracranianas primárias, sendo habitualmente<br />

diagnosticado <strong>em</strong> adultos [2] .<br />

O quadro clínico, <strong>em</strong> geral, pode incluir cefaléia, convulsão e déficit neurológico<br />

focal [1] . As características radiológicas são variáveis, porém sua localização intra<br />

ou periventricular, b<strong>em</strong> como o comportamento pouco agressivo e a presença<br />

de componente h<strong>em</strong>orrágico, áreas císticas ou calcificações auxiliam no diagnóstico.<br />

O prognóstico geralmente é bom [1] .<br />

Relatamos um caso de ependimoma <strong>supratentorial</strong> na infância, que apesar de<br />

não ser sua localização preferencial nesta faixa etária, deve ser incluído no diagnóstico<br />

diferencial.<br />

RELATO DO CASO<br />

W.R.S., sexo masculino,12 anos de idade, apresentando cefaléia crônica, refratária<br />

a tratamento clínico, com piora progressiva. Ao exame físico apresentava-se<br />

<strong>em</strong> bom estado geral, orientado, afebril, s<strong>em</strong> déficits focais.<br />

Foi realizada tomografia computadorizada (TC) de crânio, s<strong>em</strong> e com contraste<br />

(Fig. 1), que evidenciou lesão expansiva intra-axial medindo 5 × 7 × 4 cm localizada<br />

na substância branca adjacente ao corno anterior do ventrículo lateral direito, b<strong>em</strong><br />

delimitada, predominant<strong>em</strong>ente cística com áreas sólidas parietais que realçaram<br />

após administração de contraste, associada a pequeno componente h<strong>em</strong>ático. Havia<br />

compressão do corno anterior do ventrículo lateral direito e discreto efeito compressivo<br />

com desvio da linha média. Foi realizado, <strong>em</strong> seguida, exame por ressonância<br />

magnética (RM) do encéfalo, que evidenciou alterações com as mesmas características<br />

já descritas na TC, além de discreto ed<strong>em</strong>a perilesional, confirmando<br />

Rev Imag<strong>em</strong> 2008;30(4):163–165<br />

163


Santa Anna TKB et al. / <strong>Ependimoma</strong> <strong>supratentorial</strong> <strong>em</strong> <strong>criança</strong><br />

também o componente h<strong>em</strong>ático, b<strong>em</strong> como a íntima<br />

relação com o sist<strong>em</strong>a ventricular <strong>supratentorial</strong> (Figs.<br />

2 e 3).<br />

O paciente foi submetido a procedimento cirúrgico<br />

para exérese da neoplasia. A análise anatomopatológica<br />

caracterizou pseudorrosetas perivasculares, permitindo<br />

o diagnóstico de ependimoma <strong>supratentorial</strong>.<br />

Os controles evolutivos pós-operatórios não evidenciaram<br />

sinais de recidiva ou resíduo tumoral.<br />

DISCUSSÃO<br />

164<br />

<br />

O ependimoma é um tumor que se origina no epêndima,<br />

de crescimento lento, geralmente de localização<br />

ventricular ou periventricular. Pode ser infratentorial<br />

(60%–70%) ou <strong>supratentorial</strong> (30%–40%) [1,3] . O tipo <strong>supratentorial</strong><br />

que cresce fora do ventrículo, também conhecido<br />

como subependimoma, é mais comum <strong>em</strong><br />

adultos (18–24 anos) e t<strong>em</strong> melhor prognóstico que o<br />

infratentorial. O paciente pode apresentar cefaleia, convulsão<br />

e déficit neurológico focal [1] .<br />

A apresentação de imag<strong>em</strong> é variável. Calcificações<br />

puntiformes ou grosseiras estão presentes <strong>em</strong> 50% [3] .<br />

Áreas císticas ocorr<strong>em</strong> <strong>em</strong> 50%, sendo mais comuns no<br />

<strong>supratentorial</strong> [2] . Na TC s<strong>em</strong> contraste pod<strong>em</strong> ser isoatenuantes,<br />

discretamente hipoatenuantes ou até hiperatenuantes<br />

<strong>em</strong> relação ao parênquima [2] . Seu aspecto à<br />

RM é também variável, sendo iso-hipointenso <strong>em</strong> T1 e<br />

hiperintenso <strong>em</strong> T2 [1,3] . H<strong>em</strong>orragia ocorre <strong>em</strong> até<br />

10% [3] . O realce após contraste é variável, de moderado<br />

a intenso, geralmente com áreas centrais de necrose [1] .<br />

Fig. 1 – TC axial de crânio s<strong>em</strong><br />

contraste (A) e com contraste<br />

(B) evidencia lesão expansiva<br />

intra-axial medindo 5 × 7 × 4<br />

cm localizada na substância<br />

branca adjacente ao corno anterior<br />

do ventrículo lateral direito,<br />

b<strong>em</strong> delimitada, predominant<strong>em</strong>ente<br />

cística com áreas<br />

sólidas parietais que realçam<br />

após contraste, exercendo discreto<br />

efeito de deslocamento<br />

sobre a linha média. Notam-se,<br />

<strong>em</strong> (A), focos parietais hiperdensos<br />

com atenuação sugestiva<br />

de componente h<strong>em</strong>ático (seta).<br />

Fig. 2 – RM do encéfalo axial T1 (A), axial T1 com contraste (B) e sagital<br />

T1 com contraste (C) d<strong>em</strong>onstra a lesão sólido-cística com realce<br />

do componente sólido e de suas paredes, localizada na substância<br />

branca adjacente ao corno anterior do ventrículo lateral direito, com<br />

efeito de massa sobre este e discreto desvio da linha média para a<br />

esquerda (setas).<br />

Rev Imag<strong>em</strong> 2008;30(4):163–165


O diagnóstico diferencial de lesões supratentoriais<br />

<strong>em</strong> <strong>criança</strong>s deve incluir: xantoastrocitoma pleomórfico<br />

— <strong>em</strong> geral cursa com convulsão pela sua localização<br />

preferencial no lobo t<strong>em</strong>poral, t<strong>em</strong> base meníngea <strong>em</strong><br />

até 70%, formações císticas <strong>em</strong> 30%–50%, realce periférico<br />

e das porções sólidas, sendo incomum h<strong>em</strong>orragia<br />

ou calcificação [5] ; PNET — tumor agressivo com alta taxa<br />

de recorrência, que pode apresentar formações císticas,<br />

h<strong>em</strong>orragia e calcificações <strong>em</strong> 50%–70%, sendo hiperatenuante<br />

na TC s<strong>em</strong> contraste, realça de forma heterogênea,<br />

podendo ter localização periventricular, entre<br />

outras [5] ; ganglioglioma — cursa com convulsões, igualmente<br />

pela sua localização preferencial no lobo t<strong>em</strong>poral,<br />

apresentando crescimento lento, com r<strong>em</strong>odelamento<br />

ósseo, calcificações <strong>em</strong> 30%, cístico <strong>em</strong> 38%–50%<br />

e componente sólido com realce [4,5] ; abscesso — caracterizado<br />

por múltiplas lesões na junção substância branca/cinzenta<br />

quando por diss<strong>em</strong>inação h<strong>em</strong>atogênica<br />

(mais comum), ou lesão próxima ao sítio de entrada se<br />

for por extensão direta de sinusite, otite, mastoidite, etc.,<br />

possuindo efeito de massa significativo, ed<strong>em</strong>a, realce<br />

anelar ou parietal <strong>em</strong> 90% [5] .<br />

O tratamento de escolha é a ressecção total, com<br />

taxa livre de doença acima de 50% <strong>em</strong> cinco anos. O<br />

prognóstico <strong>em</strong> geral é bom, exceto <strong>em</strong> <strong>criança</strong>s com<br />

menos de três anos de idade e com história clínica menor<br />

que um mês [1] .<br />

<strong>Ependimoma</strong> <strong>supratentorial</strong> <strong>em</strong> <strong>criança</strong> / Santa Anna TKB et al.<br />

Fig. 3 – RM do encéfalo axial T1 (A), T2 (B) e coronal FLAIR (C) d<strong>em</strong>onstra área com isossinal <strong>em</strong> T1, marcado hipossinal <strong>em</strong> T2 e FLAIR,<br />

correspondendo a componente h<strong>em</strong>ático. Nota-se discreto ed<strong>em</strong>a perilesional (setas brancas).<br />

Agradecimentos: À equipe de oncologia pediátrica e ao<br />

Dr. Moacyr Rigueiro (anatomia patológica).<br />

REFERÊNCIAS<br />

1. Mermuys K, Jauris W, Vanhoenacker PK, Van Hoe L, D’Haenens<br />

P. Best cases from the AFIP: <strong>supratentorial</strong> ependymoma.<br />

RadioGraphics 2005;25:486–90.<br />

2. Armington WG, Osborn AG, Cubberley DA, Harnsberger HR,<br />

Boyer R, Naidich TP, et al. Supratentorial ependymoma: CT appearance.<br />

Radiology 1985;157:367–72.<br />

3. Spoto GP, Press GA, Hesselink JR, Solomon M. Intracranial<br />

ependymoma and subependymoma: MR manifestations. AJR Am<br />

J Roentgenol 1990;154:837–45.<br />

4. Koeller KK, Henry JM. From the Archives of the AFIP: superficial<br />

gliomas: radiologic-pathologic correlation. RadioGraphics<br />

2001;21:1533–56.<br />

5. Grossman RI, Yous<strong>em</strong> DM. Neuroradiology: the requisites. Philadelphia,<br />

PA: Elsevier; 2003. p. 119–39.<br />

Abstract. Supratentorial ependymoma in child: a case report.<br />

Ependymoma is a neuroepithelial tumor of the glioneural group<br />

which originates in the ependima, with slow growth and infratentorial<br />

location in 2/3 of the cases. The infratentorials are more<br />

common in children and the <strong>supratentorial</strong>s in adults. This report<br />

describes a case in childhood, <strong>supratentorial</strong>, in close contact with<br />

the lateral ventricle, predominantly cystic, with solid areas, little<br />

regional expansive effect and evidenced by the pathology as an<br />

infrequent subtype in this age group, the subependymoma.<br />

Keywords: Ependymoma; Supratentorial neoplasms; Brain neoplasms;<br />

Cerebral ventricle neoplasms.<br />

Rev Imag<strong>em</strong> 2008;30(4):163–165 165

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!