01.06.2013 Views

Sumário - Núcleo de Estudos da Antiguidade - UERJ

Sumário - Núcleo de Estudos da Antiguidade - UERJ

Sumário - Núcleo de Estudos da Antiguidade - UERJ

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

- Informativo <strong>de</strong> História Antiga – Jan, Fev, Mar <strong>de</strong> 2011 – <strong>Núcleo</strong> <strong>de</strong> <strong>Estudos</strong> <strong>da</strong> Antigui<strong>da</strong><strong>de</strong> – <strong>UERJ</strong> 7<br />

RESUMO: Normalmente templos<br />

famosos, pirâmi<strong>de</strong>s misteriosas, e<br />

tumbas magníficas são as gran<strong>de</strong>s<br />

atrações no Egito. Alguém já se<br />

perguntou qual era a dieta dos egípcios?<br />

Como era o café pela manhã?<br />

Percebemos que alguns alimentos<br />

po<strong>de</strong>riam fazer parte <strong>da</strong> nossa mesa e<br />

outros nem tanto, mas através do que<br />

bebemos (ou bebíamos) e comemos (ou<br />

comíamos) é possível i<strong>de</strong>ntificar práticas<br />

culturais, sociais e relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r.<br />

PALAVRAS-CHAVE: Egito, alimentação,<br />

cotidiano, socie<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Normalmente templos famosos,<br />

pirâmi<strong>de</strong>s misteriosas, e tumbas<br />

magníficas são as gran<strong>de</strong>s atrações no<br />

Egito. São elas que nos seduzem diante<br />

<strong>da</strong> Terra dos Faraós, mas gostaria <strong>de</strong><br />

tratar <strong>de</strong> um assunto pouco explorado...<br />

Alguém já se perguntou qual era a dieta<br />

dos egípcios? Como era o café pela<br />

manhã? E o almoço? O que bebiam,<br />

além <strong>de</strong> água, é claro? Quais eram as<br />

frutas? Po<strong>de</strong>mos dizer que as refeições<br />

e os alimentos eram parecidos com as<br />

nossas? Po<strong>de</strong>mos analisar práticas<br />

culturais e sociais através <strong>de</strong> um estudo<br />

<strong>da</strong> alimentação?<br />

Apesar <strong>de</strong> diversas pesquisas <strong>da</strong> vi<strong>da</strong><br />

cotidiana ain<strong>da</strong> não está bem claro<br />

quantas refeições os egípcios faziam e a<br />

que horas. Entretanto, sabemos que<br />

pela manhã os egípcios comiam pão nas<br />

mais varia<strong>da</strong>s combinações tendo o trigo<br />

e a ceva<strong>da</strong> como base.<br />

Além do pão, que po<strong>de</strong>ria ter outros<br />

complementos, frutas como a tâmara e<br />

provavelmente variações do melão<br />

também estariam no cardápio, além <strong>de</strong><br />

uma carne que podia ser <strong>de</strong> ave, peixe<br />

ou gado. Evi<strong>de</strong>ntemente os menos<br />

favorecidos <strong>de</strong>veriam ter só pão, um<br />

peixe e frutas como tâmaras. Os mais<br />

abastados podiam ter na sua mesa<br />

frutas mais ricas como o figo que<br />

representava o seio <strong>de</strong> Isis. De fato,<br />

existiam outras formas <strong>de</strong> figos, mas que<br />

não chegaram ao oci<strong>de</strong>nte como a fruta<br />

<strong>da</strong> árvore Sicômoro <strong>de</strong>dicado a <strong>de</strong>usa<br />

Hathor.<br />

Tanto na refeição matutina quanto<br />

nas outras uma coisa os egípcios não<br />

dispensavam: uma boa cerveja! Que<br />

pela manhã seria o substituto do nosso<br />

“café-com-leite” Ao que parece nas<br />

outras refeições, além do que já foi<br />

relatado, os egípcios faziam uso <strong>de</strong><br />

grãos tais como o grão <strong>de</strong> bico e<br />

lentilhas, e conheciam condimentos<br />

como canela, manjericão, cuminho e<br />

mostar<strong>da</strong>. Aparentemente a pimenta foi<br />

introduzi<strong>da</strong> pelos gregos por volta do<br />

século V ou III a.C.<br />

Bem, percebemos que alguns<br />

alimentos po<strong>de</strong>riam fazer parte <strong>da</strong> nossa<br />

mesa e outros nem tanto, mas através<br />

do que bebemos (ou bebíamos) e<br />

comemos (ou comíamos) é possível<br />

i<strong>de</strong>ntificar práticas culturais, sociais e<br />

relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r. Certos valores são<br />

euforizados (valorizados) pela<br />

alimentação. Imaginários sociais e<br />

relações simbólicas po<strong>de</strong>m ser<br />

i<strong>de</strong>ntifica<strong>da</strong>s. Status, po<strong>de</strong>r e prestígio<br />

po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>monstrados pelos<br />

banquetes e a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> dos alimentos e<br />

bebi<strong>da</strong>s e finalmente práticas mágicoreligiosas<br />

também po<strong>de</strong>m ser analisa<strong>da</strong>s<br />

pelas oferen<strong>da</strong>s votivas e funerárias, e<br />

interdições alimentares. Assim sendo<br />

quando verificamos na socie<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

egípcia a relação do figo com a <strong>de</strong>usa<br />

Isis, do figo do sicômoro com a <strong>de</strong>usa<br />

Hathor ou do grão <strong>de</strong> bico com o <strong>de</strong>us<br />

Hórus estamos diante <strong>da</strong> expressão<br />

material <strong>de</strong> uma <strong>da</strong><strong>da</strong> cultura e valores<br />

simbólicos e mágicos que se tornam<br />

assim objeto <strong>de</strong> pesquisa, e neste<br />

sentido po<strong>de</strong>mos salientar que:<br />

Na alimentação humana se<br />

materializa a estrutura <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, se<br />

atualiza a interação social e<br />

socioambiental, as representações<br />

socioculturais (crenças, normas, valores)<br />

que dão significado à ação social [...] dos<br />

que têm em comum uma mesma cultura.<br />

A abstração conceitual <strong>da</strong> cultura se<br />

concretiza no prato. (MILLÁN, 2002<br />

Apud MACIEL E MENASCHE, 2007, p.<br />

2).<br />

Desta forma ao estu<strong>da</strong>r as práticas<br />

alimentares, <strong>de</strong> uma cultura ou<br />

socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, estamos partindo <strong>de</strong> uma<br />

análise particular para uma situação<br />

macro. Diante <strong>de</strong>ste ponto práticas<br />

econômicas, políticas e as relações com<br />

o meio-ambiente po<strong>de</strong>m ser percebi<strong>da</strong>s<br />

por uma análise cultural e social a partir<br />

<strong>de</strong> um pano <strong>de</strong> fundo — compreendido<br />

aqui como Cultura Material —, que<br />

neste caso em particular, se relaciona as<br />

práticas alimentares.<br />

Referências Bibliográficas<br />

RODRIGUEZ CIVITELLO, Lin<strong>da</strong>. Cusine<br />

and Culture. New Jersey: WILEY, 2008.<br />

MACIEL, Maria Eunice Maciel e<br />

MENASCHEL, Renata Menasche1.<br />

Alimentação e cultura, i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> e<br />

ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia. Você tem fome <strong>de</strong> quê?<br />

Curitiba: IBASE, 2007<br />

Acesso<br />

em: 26 <strong>de</strong>zembro 2010<br />

MILLÁN, Amado. Malo para comer,<br />

bueno para pensar: crisis en la<br />

ca<strong>de</strong>na socioalimentaria. In: ARNAIZ,<br />

Mabel Gracia (coord.). Somos lo que<br />

comemos: estudios <strong>de</strong> alimentación y<br />

cultura en España. Barcelona: Ariel,<br />

2002.<br />

TALLET, Pierre. História <strong>da</strong><br />

Alimentação no Egito Antigo. São<br />

Paulo:SENAC, 2002<br />

Prof. Dr.<br />

Julio Cesar<br />

Gralha<br />

Prof. Dr. Julio Gralha<br />

Professor Adjunto <strong>de</strong> História Antiga e<br />

Medieval <strong>da</strong> UFF-PUCG. Coor<strong>de</strong>nador<br />

do <strong>Núcleo</strong> <strong>de</strong> <strong>Estudos</strong> <strong>de</strong> História<br />

Medieval, Antiga e Arqueologia<br />

Transdisciplinar (NEHMAAT). Professor<br />

colaborador do NEA-<strong>UERJ</strong> e<br />

coor<strong>de</strong>nador do CEHAM<br />

PHILÍA - ISSN 1519-6917

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!