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Cromoscopia com lugol - SOBED - Sociedade Brasileira de ...

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Projeto Diretrizes<br />

<strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> Endoscopia Digestiva<br />

Gestão 2007-2008<br />

Presi<strong>de</strong>nte: Dr. Artur A. Parada<br />

<strong>Cromoscopia</strong> <strong>com</strong> <strong>lugol</strong> na <strong>de</strong>tecção do câncer <strong>de</strong> esôfago<br />

Comissão <strong>de</strong> Diretrizes :<br />

Presi<strong>de</strong>nte: Edivaldo Fraga Moreira<br />

Membros:<br />

Lix Alfredo <strong>de</strong> Oliveira<br />

Paulo Roberto Alves <strong>de</strong> Pinho<br />

Walton Albuquerque<br />

Elaboração final: 10 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2008<br />

Participantes - Capítulo <strong>SOBED</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais:<br />

Edivaldo Fraga Moreira<br />

Simone Diniz Carvalho<br />

José Celso Cunha Guerra Pinto Coelho<br />

Descrição do método <strong>de</strong> coleta dos estudos baseados em evidências:<br />

1- Busca bibliográfica nas bases <strong>de</strong> dados MEDLINE, COCHRANE LIBRARY e<br />

LILACS/BIREME através <strong>de</strong> <strong>de</strong>scritores gerais e específicos relacionados ao tema;<br />

2- Revisão manual das citações dos artigos selecionados;<br />

3- Classificação dos trabalhos selecionados segundo grau <strong>de</strong> re<strong>com</strong>endação e força <strong>de</strong><br />

evidência 1 :<br />

A- Estudos experimentais e observacionais <strong>de</strong> melhor consistência<br />

B- Estudos experimentais e observacionais <strong>de</strong> menor consistência<br />

C- Relatos ou séries <strong>de</strong> casos<br />

D- Publicações baseadas em consensos ou opiniões <strong>de</strong> especialistas<br />

Objetivos:<br />

Estabelecer orientações e re<strong>com</strong>endações práticas quanto à cromoscopia <strong>com</strong> <strong>lugol</strong> na<br />

<strong>de</strong>tecção do câncer <strong>de</strong> esôfago(Carcinoma <strong>de</strong> células escamosas-CCE):<br />

1- I<strong>de</strong>ntificar os pacientes <strong>com</strong> risco aumentado <strong>de</strong> CCE <strong>de</strong> esôfago (grupos <strong>de</strong> risco);<br />

2- Avaliar se justifica o uso rotineiro da cromoscopia <strong>com</strong> <strong>lugol</strong> para a <strong>de</strong>tecção do<br />

CCE esofágico.<br />

Introdução:<br />

O câncer <strong>de</strong> esôfago é a oitava neoplasia <strong>de</strong> maior incidência no mundo 2 (B), sendo<br />

o carcinoma <strong>de</strong> células escamosas (CCE) o tipo histológico predominante em 95% dos<br />

casos 3,4 (B) 5,6 (C) 7,8 (B).


A incidência do câncer <strong>de</strong> esôfago varia consi<strong>de</strong>ravelmente em relação à localização<br />

geográfica. As maiores taxas ocorrem no norte da China, Irã e áreas da Ásia Central, on<strong>de</strong> a<br />

prevalência po<strong>de</strong> chegar até a 760 casos por 100.000 habitantes 5,6 (C) 8,9 (B). Nos países<br />

oci<strong>de</strong>ntais, a taxa média <strong>de</strong> incidência é <strong>de</strong> 1 a 5 casos por 100.000 habitantes 9,10 (B). No<br />

Brasil, o câncer <strong>de</strong> esôfago consta entre as <strong>de</strong>z neoplasias mais inci<strong>de</strong>ntes e as maiores<br />

taxas são observadas no estado do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul 4 (B) 5 (C). Segundo dados do Instituto<br />

Nacional do Câncer (INCA), a estimativa do número <strong>de</strong> casos novos <strong>de</strong> câncer <strong>de</strong> esôfago<br />

para o ano <strong>de</strong> 2006 foi <strong>de</strong> 10.580, sendo 7.970 e 2.610 casos ocorridos, respectivamente,<br />

em homens e em mulheres 11 (D).<br />

O CCE <strong>de</strong> esôfago predomina no sexo masculino (3,6:1) e entre a 5ª e 7ª décadas <strong>de</strong><br />

vida 3,9 (B) 12 (D). É uma das neoplasias <strong>de</strong> pior prognóstico <strong>de</strong>vido à <strong>de</strong>tecção tardia, pois<br />

90% dos casos se encontram em estado avançado quando se manifestam os sintomas, e os<br />

resultados terapêuticos são ruins nesta fase, <strong>com</strong> taxa <strong>de</strong> sobrevida em 5 anos abaixo <strong>de</strong><br />

15%. No sul do Brasil, a taxa <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> é <strong>de</strong> 14,3 e <strong>de</strong> 4,2 para cada 100.000<br />

habitantes, respectivamente para homens e mulheres 4 (B), e, segundo dados do Ministério<br />

da Saú<strong>de</strong>, <strong>de</strong> 1979 a 2004, a taxa <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> por câncer <strong>de</strong> esôfago em homens<br />

brasileiros aumentou em 11,52% 13 (D). O prognóstico, por outro lado, melhora<br />

significativamente quando se faz o diagnóstico em estágios precoces da doença, <strong>com</strong> taxas<br />

<strong>de</strong> sobrevida em 5 anos <strong>de</strong> até 95% 2-4 (B) 6 (C) 7-10 (B) 12 (D) 14, 16 (B).<br />

Existem diversos fatores <strong>de</strong> risco <strong>de</strong>scritos para o CCE do esôfago entre eles, a<br />

ida<strong>de</strong> avançada e história familiar <strong>de</strong> câncer, sexo masculino, exposição a nitrosaminas,<br />

injúria térmica por bebidas quentes, <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> micronutrientes (riboflavina, retinol,<br />

ácido ascórbico, alfatocoferol, selênio, magnésio, zinco), dieta pobre em frutas e vegetais<br />

frescos e radiação. O abuso <strong>de</strong> álcool e tabaco, a associação <strong>com</strong> doenças conhecidas, tais<br />

<strong>com</strong>o tumores primários <strong>de</strong> cabeça e pescoço, lesões cáusticas do esôfago, acalasia, tilose e<br />

Síndrome <strong>de</strong> Plummer-Vinson são os fatores <strong>de</strong> risco mais frequentemente analisados nos<br />

trabalhos científicos 2,3 (B) 6 (C) 8-10 (B) 12 (D) 14 (B) 18 (C) 19 (B) 20 (D).<br />

O gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio é estabelecer o diagnóstico do câncer precoce <strong>de</strong> esôfago em<br />

pacientes assintomáticos, nos quais as alterações macroscópicas são difíceis <strong>de</strong> serem<br />

encontradas, assim <strong>com</strong>o avaliar os métodos <strong>de</strong> rastreamento em indivíduos <strong>com</strong> maior<br />

predisposição ao aparecimento do câncer, já que o screening para esta neoplasia na<br />

população geral não é justificável. A <strong>de</strong>tecção precoce do câncer <strong>de</strong> esôfago permite<br />

equacionar alternativas terapêuticas endoscópicas ou cirúrgicas, tendo em vista a cura da<br />

doença 9 (B) 12 (D) 16 (B) 20 (D) 21 (B).<br />

Diagnóstico endoscópico do câncer <strong>de</strong> esôfago:<br />

A endoscopia digestiva alta tem sido indicada para o diagnóstico <strong>de</strong> displasia e <strong>de</strong><br />

câncer precoce <strong>de</strong> esôfago em pacientes <strong>com</strong> risco aumentado, embora estas lesões se<br />

apresentem <strong>com</strong>o alterações sutis <strong>de</strong> cor e/ou relevo da mucosa, na maioria das vezes<br />

imperceptíveis ao exame convencional 7,14 (B) 17 (C) 21 (B). Contudo a acurácia diagnóstica<br />

do exame melhora <strong>de</strong> modo significativo quando são associadas técnicas <strong>com</strong>plementares<br />

<strong>com</strong>o a cromoscopia 2,4,7,8,10 (B) 12 (D) 16 (B) 18 (C) 21 (B) 22 (C) 23 (B) 24 (C).<br />

A cromoscopia realizada durante a endoscopia correspon<strong>de</strong> a técnica <strong>de</strong> aplicação<br />

tópica <strong>de</strong> corantes na superfície mucosa, sob visão direta e através <strong>de</strong> cateter inserido no


canal acessório do aparelho, permitindo evi<strong>de</strong>nciar alterações mínimas da arquitetura<br />

epitelial, <strong>de</strong>finir corretamente seus limites e orientar as biópsias endoscópicas. É técnica<br />

segura, <strong>de</strong> fácil realização, eficaz e <strong>de</strong> baixo custo. O corante a ser utilizado <strong>de</strong>ve ser<br />

escolhido <strong>de</strong> acordo <strong>com</strong> suas proprieda<strong>de</strong>s físico-químicas e <strong>com</strong> os objetivos do exame<br />

endoscópico 4,7,10,21 (B) 25 (D).<br />

<strong>Cromoscopia</strong> <strong>com</strong> <strong>lugol</strong><br />

Técnica<br />

O corante mais utilizado para a avaliação diagnóstica do CCE <strong>de</strong> esôfago é o <strong>lugol</strong>,<br />

uma a solução obtida através <strong>de</strong> diluição <strong>de</strong> partes iguais <strong>de</strong> iodo livre (1,2%) e <strong>de</strong> io<strong>de</strong>to <strong>de</strong><br />

potássio (2,4%) em água bi<strong>de</strong>stilada (c.s.p. 100 ml), <strong>com</strong> concentração final entre 2 e 3%,<br />

preferencialmente. O <strong>lugol</strong> é um corante <strong>de</strong> absorção (vital) que penetra no meio<br />

intracelular através <strong>de</strong> difusão e absorção pela membrana e reage <strong>com</strong> o glicogênio contido<br />

nas células do epitélio escamoso não queratinizado do esôfago, corando-as em tonalida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> marrom <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rada a forte intensida<strong>de</strong>. Áreas <strong>com</strong> displasia ou câncer, que são pobres<br />

em glicogênio, não se coram ou se apresentam mal coradas ao exame (áreas iodo-claras ou<br />

iodo-negativas), tornando-se alvos <strong>de</strong> biópsias orientadas para esclarecimento diagnóstico.<br />

Deve-se lembrar que algumas lesões não neoplásicas po<strong>de</strong>m também não apresentar<br />

coloração clássica ao <strong>lugol</strong>, motivo <strong>de</strong> redução da especificida<strong>de</strong> do método, <strong>com</strong>o nas<br />

erosões, ulcerações, epitélio <strong>de</strong> regeneração, hiperceratose, e<strong>de</strong>ma, atrofia, mucosa gástrica<br />

ectópica e epitélio <strong>de</strong> Barrett 17 (C) 21 (B) 25 (D) 26 (B).<br />

A solução <strong>de</strong> <strong>lugol</strong> foi utilizada inicialmente por Schiller, em 1933, para diagnóstico<br />

<strong>de</strong> carcinomas cervicais uterinos em estágios iniciais, já que o epitélio normal do colo<br />

uterino, que contém glicogênio, corava-se fortemente <strong>de</strong> marrom, enquanto que, diante <strong>de</strong><br />

processos patológicos, havia áreas claras ou não coradas cujas biópsias levavam ao<br />

diagnóstico anátomo-patológico da lesão 27 (B). O uso do <strong>lugol</strong> em endoscopia digestiva,<br />

por sua vez, foi introduzido em 1966 <strong>com</strong>o um importante artifício técnico para o<br />

diagnóstico precoce do câncer esofágico e <strong>de</strong> suas lesões precurssoras em pacientes <strong>com</strong><br />

maior predisposição à doença 28 (C), embora, nos dias atuais, a técnica ainda não seja <strong>de</strong> uso<br />

corriqueiro na prática clínica 19 (B).<br />

A técnica da cromoscopia <strong>com</strong> <strong>lugol</strong> consiste nas seguintes etapas 17 (C) 21 (B) 25 (D)<br />

26 (B):<br />

1. avaliação endoscópica cuidadosa da mucosa antes da aplicação do corante;<br />

2. instilação <strong>de</strong> água na luz esofágica para retirada <strong>de</strong> muco e secreções, sem<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uso <strong>de</strong> mucolíticos;<br />

3. passagem <strong>de</strong> cateter tipo spray pelo canal do endoscópio e instilação <strong>de</strong> 10 a 50<br />

ml <strong>de</strong> solução <strong>de</strong> <strong>lugol</strong> (média = 20 ml), em concentração <strong>de</strong> 1 a 3% (a maioria<br />

dos estudos emprega solução a 2%), iniciando a aplicação próximo à junção<br />

esofagogástrica, <strong>com</strong> progressão retrógrada até esôfago proximal, o que permite<br />

distribuição homogênea do corante sobre a mucosa;<br />

4. aguardar 2 minutos após aplicação, lavar <strong>com</strong> água a mucosa para retirada do<br />

excesso <strong>de</strong> corante e aspirá-lo;


5. avaliação da mucosa para i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> áreas iodo-claras ou iodo-negativas,<br />

que <strong>de</strong>vem ser biopsiadas (mínimo <strong>de</strong> dois fragmentos) <strong>com</strong> pinça endoscópica<br />

para confirmação histológica.<br />

Vantagens 7,8,10 (B) 12 (D) 17 (C) 21 (B) 22 (C)<br />

1. técnica simples, rápida, segura e <strong>de</strong> baixo custo;<br />

2. alta sensibilida<strong>de</strong> (77-100%) 2 (B) 4,5 (C) 7,8 (B) 16 (B) 17 (C) e alto valor preditivo<br />

negativo (95,8%) 4 (C) da técnica para i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> lesões displásicas e<br />

neoplásicas, características que a torna método a<strong>de</strong>quado para rastreamento <strong>de</strong><br />

doenças;<br />

3. auxilia na melhor <strong>de</strong>finição das margens e extensão da lesão;<br />

4. orienta a realização <strong>de</strong> biópsias endoscópicas.<br />

Desvantagens<br />

1. indicação precisa e impacto do método ainda não foram amplamente<br />

estabelecidos 8,26 (B);<br />

2. baixa especificida<strong>de</strong> (15-63%) 2 (B) 5 (C) 7,8 (B) 16 (B) 17 (C) <strong>de</strong>vido à alta<br />

prevalência <strong>de</strong> alterações inflamatórias esofágicas <strong>de</strong>correntes da doença do<br />

refluxo 26 (B) que po<strong>de</strong>m se apresentar <strong>com</strong>o áreas iodo-claras ou iodo-negativas.<br />

Efeitos adversos 16, 21, 23 (B) 24 (C)<br />

1. pirose;<br />

2. <strong>de</strong>sconforto e/ou dor retroesternal;<br />

3. erosões e/ou ulcerações no esôfago e/ou estômago;<br />

4. espasmo esofagiano imediatamente após aplicação do corante;<br />

5. broncoespasmo, se instilação do corante próximo ao esfíncter esofágico superior<br />

e conseqüente aspiração;<br />

6. contra-indicação relativa em pacientes <strong>com</strong> hipersensibilida<strong>de</strong> ao iodo ou em<br />

doença tireoi<strong>de</strong>ana <strong>de</strong>s<strong>com</strong>pensada.<br />

Os efeitos irritativos do corante sobre a mucosa esofágica são minimizados <strong>com</strong> o<br />

uso da solução <strong>de</strong> <strong>lugol</strong> mais diluída (1%) ou instilação endoscópica <strong>de</strong> 20 ml <strong>de</strong> solução <strong>de</strong><br />

tiossulfato <strong>de</strong> sódio a 5% sobre a mucosa, imediatamente após término do procedimento 23<br />

(B).<br />

É aconselhável a proteção <strong>de</strong> vias aéreas se houver necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estudo minucioso<br />

do esôfago proximal 21 (B).


Grupos <strong>de</strong> risco para câncer <strong>de</strong> esôfago(CCE) e avaliação <strong>de</strong><br />

benefícios da cromoscopia <strong>com</strong> o <strong>lugol</strong> no diagnóstico:<br />

Câncer primário <strong>de</strong> cabeça e pescoço<br />

Os pacientes <strong>com</strong> tumores malignos primários da região <strong>de</strong> cabeça e pescoço estão<br />

mais predispostos à ocorrência <strong>de</strong> uma segunda neoplasia primária no trato aerodigestivo,<br />

fenômeno este explicado pela exposição repetida a carcinógenos, principalmente álcool e<br />

tabaco, que levam a mutações genéticas repetidas e ao surgimento <strong>de</strong> lesões tumorais<br />

29,30 (B) 31 (C).<br />

Estudos prospectivos em pacientes <strong>com</strong> tumores malignos primários da região <strong>de</strong><br />

cabeça e pescoço submetidos à endoscopia mostram que a incidência <strong>de</strong> neoplasia <strong>de</strong><br />

esôfago sincrônica e/ou metacrônica é relativamente elevada, variando <strong>de</strong> 2,5 a 13,9%, e<br />

explicada, em parte, pela presença <strong>de</strong> fatores <strong>de</strong> risco <strong>com</strong>uns a estes dois tipos <strong>de</strong> tumores<br />

6 (C) 13 (D) 18 (C) 23 (B) 32 (B) 33,34 (C).<br />

A taxa <strong>de</strong> sobrevida dos pacientes <strong>com</strong> tumores malignos primários da região <strong>de</strong><br />

cabeça e pescoço dois anos após o diagnóstico <strong>de</strong> um segundo tipo <strong>de</strong> neoplasia, em<br />

especial <strong>de</strong> esôfago ou pulmão, é em torno <strong>de</strong> 10%, justificada pelo estágio avançado <strong>de</strong>stas<br />

lesões quando são <strong>de</strong>scobertas 35 (C).<br />

O uso da cromoscopia <strong>com</strong> <strong>lugol</strong> para estudo do esôfago em pacientes <strong>com</strong> tumores<br />

malignos primários da região <strong>de</strong> cabeça e pescoço foi pioneiramente realizado por Shiozaki<br />

et al (1990) 30 (B), em estudo prospectivo <strong>com</strong> 178 pacientes tratados do tumor inicial. Foi<br />

realizada endoscopia <strong>com</strong> uso <strong>de</strong> <strong>lugol</strong> e observada ocorrência <strong>de</strong> carcinoma superficial do<br />

esôfago em 5,1% dos casos. A partir daí, vários autores têm re<strong>com</strong>endado o uso da<br />

endoscopia digestiva alta associada à coloração <strong>com</strong> <strong>lugol</strong> em portadores <strong>de</strong> tumores<br />

malignos primários da região <strong>de</strong> cabeça e pescoço <strong>de</strong>vido à alta sensibilida<strong>de</strong> do método<br />

para diagnóstico <strong>de</strong> displasia ou carcinoma esofágico quando presentes.<br />

Ina et al (1994) 33 submeteram 127 homens <strong>com</strong> câncer <strong>de</strong> cavida<strong>de</strong> oral e/ou <strong>de</strong><br />

orofaringe a cromoscopia <strong>com</strong> <strong>lugol</strong>, i<strong>de</strong>ntificando oito casos <strong>de</strong> câncer esofágico<br />

assintomático (6,3%), sendo que cinco <strong>de</strong>les (62,5%) não foram <strong>de</strong>tectados pela endoscopia<br />

convencional, sugerindo o uso da solução <strong>de</strong> <strong>lugol</strong> para <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> câncer precoce<br />

esofágico neste grupo <strong>de</strong> pacientes 33 (C). Tincani et al (2000), em estudo prospectivo no<br />

nosso meio <strong>com</strong> 60 pacientes <strong>com</strong> tumores <strong>de</strong> cabeça e pescoço avaliados através da<br />

cromoscopia <strong>com</strong> <strong>lugol</strong>, evi<strong>de</strong>nciaram áreas iodo-claras no esôfago em 55% dos casos (n =<br />

42 lesões), sendo que 5 <strong>de</strong>las (8,3%) eram <strong>com</strong>patíveis <strong>com</strong> carcinomas superficiais, outras<br />

5 lesões (8,3%) <strong>com</strong> displasias e as restantes 32 lesões tratavam-se <strong>de</strong> esofagite (n = 22),<br />

epitélio <strong>de</strong> Barrett (n = 3) e achados inespecíficos (n = 7) 17 (C). O screening endoscópico<br />

<strong>com</strong> solução <strong>de</strong> <strong>lugol</strong> evi<strong>de</strong>nciou carcinoma e displasia <strong>de</strong> esôfago em 12,7% e 6,6%,<br />

respectivamente, em 134 pacientes <strong>com</strong> tumores primários <strong>de</strong> cabeça e pescoço no estudo<br />

<strong>de</strong> Tanabe et al (2001) 31 (C). No estudo <strong>de</strong> Muto et al (2002), em 389 pacientes <strong>com</strong><br />

tumores malignos primários da região <strong>de</strong> cabeça e pescoço, 54 (13,9%) tinham câncer<br />

esofágico sincrônico. Daqueles que apresentavam lesões esofágicas <strong>de</strong> formato irregular e<br />

maiores que 10 mm <strong>de</strong> diâmetro ao exame endoscópico (18,8%), esta incidência elevava<br />

para 54,8%. Das lesões esofágicas sincrônicas diagnosticadas através do uso <strong>de</strong> <strong>lugol</strong>, 94%


<strong>de</strong>las lesões eram superficiais 18 (C). Hashimoto et al (2005) 7 mostraram que a endoscopia<br />

convencional foi semelhante à cromoscopia <strong>com</strong> <strong>lugol</strong> para a <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> câncer avançado<br />

do esôfago em pacientes <strong>com</strong> tumores primários <strong>de</strong> cabeça e pescoço, porém <strong>com</strong><br />

sensibilida<strong>de</strong> muito baixa para diagnóstico <strong>de</strong> neoplasia intra-epitelial <strong>de</strong> alto e baixo graus,<br />

respectivamente <strong>de</strong> 55% e <strong>de</strong> 33% 7 (B).<br />

Em estudo multicêntrico, Dubuc et al (2006) 16 (B) avaliaram 1095 pacientes através<br />

da cromoscopia <strong>com</strong> solução <strong>de</strong> <strong>lugol</strong>, sendo 393 <strong>de</strong>les portadores <strong>de</strong> tumores primários <strong>de</strong><br />

cabeça e pescoço ou traqueobrônquicos. A prevalência <strong>de</strong> lesões esofágicas cancerosas e<br />

displásicas neste grupo foi <strong>de</strong> 9,9% (39/392). Houve <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> lesões adicionais após a<br />

cromoscopia <strong>com</strong> <strong>lugol</strong> em 17 <strong>de</strong>stes 39 pacientes(43.5%), em especial <strong>de</strong> lesões<br />

displásicas <strong>de</strong> baixo e alto graus(83%), ou seja, 15 lesões a mais em um total <strong>de</strong> 18<br />

<strong>de</strong>tectadas. Neste estudo, observou-se maior acurácia diagnóstica do método quanto mais<br />

precoces eram as lesões esofágicas favorecendo melhora do prognóstico através <strong>de</strong><br />

tratamento precoce e/ou a<strong>com</strong>panhamento a<strong>de</strong>quado 16 (B). Este aumento da sensibilida<strong>de</strong><br />

da endoscopia digestiva associada ao <strong>lugol</strong> para <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> displasia <strong>de</strong> alto grau e <strong>de</strong><br />

câncer (CCE) justificaria, segundo os autores, a inclusão <strong>de</strong>ste grupo <strong>de</strong> pacientes em<br />

programas <strong>de</strong> rastreamento endoscópico <strong>com</strong> o uso do <strong>lugol</strong> 16 (B).<br />

Nestes pacientes portadores <strong>de</strong> tumores primários <strong>de</strong> cabeça e pescoço, a historia <strong>de</strong><br />

etilismo e tabagismo, a frequencia <strong>de</strong> associação <strong>de</strong> doenças hepáticas e problemas<br />

respiratórios e <strong>de</strong> tratamento radioterápico, são fatores que certamente reduzem as<br />

possibilida<strong>de</strong>s terapêuticas no CCE <strong>de</strong> esôfago. No entanto, o prognóstico <strong>de</strong>stes pacientes<br />

quando submetidos ao screening endoscópico parece ser melhor que nos não submetidos.<br />

O tratamento endoscópico minimamente invasivo po<strong>de</strong> ser realizado. Também,<br />

negligenciar a associação do CCE <strong>de</strong> esôfago após um tratamento intensivo <strong>de</strong>stes<br />

pacientes <strong>com</strong> câncer <strong>de</strong> cabeça e pescoco parece ilógico. Apesar <strong>de</strong> favorecer o<br />

tratamento, não há dados significativos do efeito <strong>de</strong>ste screening na mortalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stes<br />

pacientes. 16 (B).<br />

Segundo o gui<strong>de</strong>line da ASGE( American Society for Gastrointestinal Endoscopy) 65<br />

publicado em 2006, sobre conduta em lesões pré-neoplásicas do trato gastrointestinal, a<br />

vigilância endoscópica <strong>com</strong> cromoscopia <strong>com</strong> <strong>lugol</strong> nos pacientes portadores <strong>de</strong> tumores<br />

primários malignos da região <strong>de</strong> cabeça e pescoço é útil em <strong>de</strong>tectar câncer precoce e<br />

displasia no esôfago. No entanto, não existem trabalhos suficientes para re<strong>com</strong>endar esta<br />

vigilância <strong>de</strong> rotina .Uma única endoscopia po<strong>de</strong>ria ser indicada para i<strong>de</strong>ntificar câncer<br />

esofágico sincrônico nestes pacientes. Ainda neste gui<strong>de</strong>line, afirma-se que apesar <strong>de</strong> pouca<br />

evidência do benefício em especial na sobrevida, vários autores re<strong>com</strong>endam endoscopias<br />

periódicas nestes pacientes. 65 (B).<br />

Etilismo-Tabagismo<br />

O álcool e o tabaco são os principais fatores <strong>de</strong> risco para CCE <strong>de</strong> esôfago. O<br />

consumo <strong>com</strong>binado <strong>de</strong>stas drogas é freqüente e apresenta efeito sinérgico para<br />

<strong>de</strong>senvolvimento do tumor e proporcional à freqüência e à duração do hábito 9,10 (B) 22(C)<br />

36-38 (B). O risco relativo para a ocorrência do câncer <strong>de</strong> esôfago em indivíduos que fazem<br />

uso con<strong>com</strong>itante <strong>de</strong> álcool e tabaco é mais elevado (44 vezes), em <strong>com</strong>paração ao uso<br />

isolado <strong>de</strong> cada um (6 vezes) 37 (B).


O uso crônico do álcool predispõe ao surgimento <strong>de</strong> neoplasia <strong>de</strong> esôfago por<br />

diferentes mecanismos, entre eles 36,39 (B):<br />

1. lesão da mucosa pelo álcool, favorecendo maior absorção <strong>de</strong> carcinógenos;<br />

2. indução <strong>de</strong> enzimas microssomais, entre elas o citocromo P-450, e ativação<br />

metabólica dos carcinógenos;<br />

3. ação dos carcinógenos intrínsecos do álcool;<br />

4. co-fator nas <strong>de</strong>ficiências nutricionais presentes no etilista pesado, as quais agem <strong>de</strong><br />

modo sinérgico <strong>com</strong> outros fatores <strong>de</strong> risco para propiciar o aparecimento do câncer<br />

esofágico.<br />

O tabaco não é fator <strong>de</strong> risco obrigatório para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> lesões displásicas e<br />

neoplásicas no esôfago <strong>de</strong> etilistas pesados, porém estes indivíduos ten<strong>de</strong>m a ser também<br />

fumantes, favorecendo esta relação sinérgica 3 (B). A exposição ao fumo apresenta risco 10<br />

vezes maior <strong>de</strong> CEE <strong>de</strong> esôfago em fumantes pesados (> 30 cigarros/dia), quando<br />

<strong>com</strong>parados a não fumantes 40 (B).<br />

Os indivíduos etilistas e tabagistas são consi<strong>de</strong>rados um grupo <strong>de</strong> risco para o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> CCE <strong>de</strong> esôfago. O benefício do uso da cromoscopia <strong>com</strong> solução <strong>de</strong><br />

<strong>lugol</strong> <strong>com</strong>o método <strong>de</strong> screening para a <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong>ste tumor em etilistas pesados que se<br />

submeterão à endoscopia <strong>de</strong>ve ser avaliado. Em estudo <strong>de</strong> coorte <strong>com</strong> 629 homens<br />

alcoólatras (média <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> 125 g/dia <strong>de</strong> álcool por 28 anos), submetidos à<br />

cromoscopia <strong>com</strong> <strong>lugol</strong>, 25,8% apresentaram áreas iodo-claras no esôfago (162/629), sendo<br />

que em 3,3% <strong>de</strong>stes pacientes (21/629) estas lesões foram <strong>com</strong>patíveis <strong>com</strong> câncer (todos<br />

superficiais). Vale salientar que o consumo con<strong>com</strong>itante <strong>de</strong> tabaco ocorreu em mais <strong>de</strong><br />

86% dos casos (média <strong>de</strong> 24 cigarros/dia por 33 anos) 3 (B). Meyer et al (1997) 22 avaliaram<br />

153 pacientes <strong>com</strong> consumo <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 80 g/dia <strong>de</strong> álcool por mais <strong>de</strong> 15 anos ou mais <strong>de</strong><br />

40 g/dia <strong>de</strong> álcool associados a consumo <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 15 pacotes <strong>de</strong> cigarro/ano, nos quais<br />

foi i<strong>de</strong>ntificada uma prevalência <strong>de</strong> câncer <strong>de</strong> esôfago <strong>de</strong> 8,2%. Neste estudo, o valor<br />

diagnóstico da cromoscopia <strong>com</strong> <strong>lugol</strong> foi quase idêntico ao da ví<strong>de</strong>oendoscopia<br />

convencional. Por outro lado a cromoscopia <strong>com</strong> o <strong>lugol</strong> foi bastante útil para avaliação<br />

precisa dos limites e extensão das lesões suspeitas 22 (C). Em nosso meio, Fagun<strong>de</strong>s et al<br />

(1999) 4 , <strong>com</strong> o objetivo <strong>de</strong> avaliar o uso do <strong>lugol</strong> para rastreamento <strong>de</strong> CCE <strong>de</strong> esôfago,<br />

selecionaram 190 homens expostos por mais <strong>de</strong> 10 anos a três fatores <strong>de</strong> risco conhecidos<br />

para este câncer: álcool (ingestão acima <strong>de</strong> 80 g/dia <strong>de</strong> álcool), tabaco (consumo superior a<br />

10 cigarros/dia) e mate (usuário <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 500 ml <strong>de</strong> mate/dia). Cerca <strong>de</strong> 91,5% <strong>de</strong>stes<br />

pacientes apresentaram endoscopia sem alterações ao exame convencional. Áreas iodonegativas<br />

foram i<strong>de</strong>ntificadas à cromoscopia em 12,2% <strong>de</strong>ste grupo (23/188), <strong>com</strong> presença<br />

<strong>de</strong> displasia em seis pacientes (6/23). Lesões esofágicas iodo-claras apresentaram 7,97<br />

vezes mais chance <strong>de</strong> serem displásicas, quando <strong>com</strong>paradas às áreas bem coradas após o<br />

uso do <strong>lugol</strong>. A cromoscopia <strong>com</strong> biópsias múltiplas dos grupos <strong>com</strong> (n=23) e sem áreas<br />

iodo-claras (n=165) mostrou sensibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 46%, especificida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 90%, valor preditivo<br />

positivo <strong>de</strong> 26% e valor preditivo negativo <strong>de</strong> 95,8% para o rastreamento do CCE esofágico<br />

neste trabalho 4 (B). No estudo multicêntrico <strong>de</strong> Dubuc e col. (2006), foram avaliados<br />

pacientes <strong>com</strong> pancreatite alcoólica (n = 76), <strong>com</strong> cirrose alcoólica (n = 218) e em uso<br />

con<strong>com</strong>itante <strong>de</strong> álcool e tabaco (n = 408). O screening endoscópico permitiu o diagnóstico<br />

<strong>de</strong> carcinoma em 3,2% dos pacientes <strong>com</strong> cirrose alcoólica (7/218) e em 1,7% do grupo<br />

usuário <strong>de</strong> álcool e tabaco (7/408). Displasia <strong>de</strong> alto grau foi evi<strong>de</strong>nciada em nenhum <strong>de</strong>stes


grupos estudados, enquanto displasia <strong>de</strong> baixo grau esteve presente em 4,1% (9/218) e em<br />

1,2% (5/408) dos pacientes <strong>com</strong> cirrose alcoólica e nos etilistas-tabagistas,<br />

respectivamente. Após a cromoscopia <strong>com</strong> <strong>lugol</strong>, houve <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> lesões adicionais em<br />

apenas 2% <strong>de</strong>stes pacientes (14/702).<br />

Os autores concluem então, que se no grupo <strong>de</strong> pacientes <strong>com</strong> tumores primários <strong>de</strong><br />

cabeça e pescoço, <strong>de</strong>vido à maior prevalência <strong>de</strong> carcinoma e/ou displasia <strong>de</strong> alto grau<br />

(9,9% <strong>de</strong>ste grupo X 4,5% do grupo <strong>de</strong> etilistas/ etilistas-tabagistas), po<strong>de</strong> haver beneficios<br />

do rastreamento endoscópico através <strong>de</strong> cromoscopia <strong>com</strong> <strong>lugol</strong>, no grupo isolado <strong>de</strong><br />

pacientes etilistas/tabagistas, não há benefícios 16 (B).<br />

Tilose<br />

A tilose é uma doença rara, do tipo autossômica dominante, cujo <strong>de</strong>feito genético<br />

encontra-se alocado na região cromossômica 17q25. É caracterizada por espessamento das<br />

superfícies palmar e plantar associado a lesões orais e mostra penetrância <strong>com</strong>pleta em<br />

torno <strong>de</strong> 20 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> 20,41 (B) 42 (D).<br />

O <strong>de</strong>feito genético afeta a estrutura filamentar do epitélio escamoso estratificado, o<br />

que justifica o fenótipo <strong>de</strong> hiperceratose palmoplantar, assim <strong>com</strong>o alteração da integrida<strong>de</strong><br />

do esôfago e maior suscetibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste órgão aos agentes carcinogênicos ambientais 41 (B)<br />

42 (D).<br />

São <strong>de</strong>scritas duas apresentações clínicas da doença: tilose tipo A, <strong>de</strong> início tardio,<br />

entre 5 e 15 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, associada à incidência elevada <strong>de</strong> câncer <strong>de</strong> esôfago (27%), e<br />

tilose tipo B, <strong>de</strong> aparecimento precoce, no primeiro ano <strong>de</strong> vida, não associada à doença<br />

maligna 43 (C).<br />

A incidência estimada <strong>de</strong> CCE <strong>de</strong> esôfago em pacientes <strong>com</strong> tilose do tipo A é <strong>de</strong><br />

95% quando atingem 65 anos 44 (C). A média <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> surgimento do tumor é <strong>de</strong> 45<br />

anos, <strong>com</strong> localização preferencial no esôfago distal 43,44 (C).<br />

Estudo <strong>de</strong> Ashworth et al 41 em 29 pacientes portadores <strong>de</strong> tilose, seguidos<br />

regularmente <strong>com</strong> endoscopia e biópsia, mostrou que a inflamação aguda é a alteração<br />

predominante no epitélio esofágico, evi<strong>de</strong>nciada em faixa etária mais jovem, ao contrário<br />

da displasia, observada nos casos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> mais avançada 41 (B).<br />

Ainda não existem estudos na literatura que <strong>de</strong>finem a melhor estratégia para<br />

seguimento <strong>de</strong>ste grupo, embora alguns autores re<strong>com</strong>en<strong>de</strong>m a investigação endoscópica a<br />

partir dos 30 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> a cada 1 a 3 anos, nem tampouco para re<strong>com</strong>endar o uso<br />

rotineiro <strong>de</strong> cromoscopia <strong>com</strong> <strong>lugol</strong> para screening <strong>de</strong> CCE <strong>de</strong> esôfago nestes pacientes<br />

42 (D) 43,44 (C).<br />

Esofagite cáustica<br />

Cerca <strong>de</strong> 1 a 4% dos pacientes <strong>com</strong> câncer <strong>de</strong> esôfago apresentam história <strong>de</strong><br />

ingestão <strong>de</strong> substâncias corrosivas, principalmente soda cáustica 47 (C). Estudo <strong>de</strong> Kirivanta<br />

48<br />

mostrou que a incidência <strong>de</strong> neoplasia esofágica é <strong>de</strong> 21% após 24 anos da ingestão e <strong>de</strong><br />

31% após 30 anos <strong>de</strong> ingestão 48 (B).


A média <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> dos casos <strong>de</strong> CCE <strong>de</strong> esôfago secundários à ingestão cáustica é<br />

mais baixa, em torno <strong>de</strong> 50 anos, quando <strong>com</strong>parada aos <strong>de</strong>mais pacientes sem este fator <strong>de</strong><br />

risco 45 (B) 46 (C).<br />

O período entre a ingestão <strong>de</strong> corrosivos e o aparecimento do carcinoma esofágico<br />

varia <strong>de</strong> 10 a 71 anos, <strong>com</strong> média entre 30 e 40 anos 45 (B) 46,47,49 (C). O menor intervalo <strong>de</strong><br />

tempo (10 anos) refere-se a uma criança que ingeriu ácido muriático aos 10 meses <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>,<br />

indo a óbito após esofagectomia <strong>de</strong>vido à progressão da doença 49 (C). Pacientes <strong>com</strong><br />

estenose esofágica <strong>de</strong> etiologia cáustica <strong>de</strong>senvolvem tumor cerca <strong>de</strong> 46 anos após a<br />

ingestão, sendo que não há correlação entre o grau <strong>de</strong> estenose e a chance <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver o<br />

câncer 50 (C).<br />

O diagnóstico <strong>de</strong>ve ser pensado em pacientes <strong>com</strong> aci<strong>de</strong>nte cáustico que, após<br />

período latente assintomático ou oligossintomático, iniciam <strong>com</strong> disfagia, apresentam<br />

resposta ruim ao tratamento endoscópico <strong>com</strong> dilatação e/ou <strong>de</strong>senvolvem sintomas<br />

respiratórios. Mais <strong>de</strong> 80% <strong>de</strong>stes tumores são encontrados na área <strong>de</strong> bifurcação bronquial<br />

do esôfago, provavelmente <strong>de</strong>vido à estase alimentar e lesão do epitélio que ocorrem ao<br />

nível do segmento estenosado. A infiltração traqueobronquial predispõe à ocorrência <strong>de</strong><br />

fístula traqueoesofágica 47 (C).<br />

O prognóstico do CCE <strong>de</strong> esôfago secundário à ingestão <strong>de</strong> corrosivos é melhor do que<br />

o dos <strong>de</strong>mais tumores <strong>de</strong> esôfago e se <strong>de</strong>ve a 45 (B):<br />

1. ida<strong>de</strong> mais jovem dos pacientes;<br />

2. diagnóstico mais precoce, já que os sintomas obstrutivos aparecem mais<br />

rapidamente <strong>de</strong>vido ao esôfago estenosado;<br />

3. a estenose esofágica é circundada por tecido cicatricial, que dificulta a disseminação<br />

do tecido tumoral.<br />

Até o momento, ainda não há na literatura orientação consensual para abordagem <strong>de</strong>stes<br />

pacientes, inclusive quanto ao emprego da cromoscopia <strong>com</strong> <strong>lugol</strong>. Hirota et al<br />

re<strong>com</strong>endam que o seguimento endoscópico convencional neste grupo <strong>de</strong>ve-se iniciar 15 a<br />

20 anos após a ingestão cáustica, <strong>com</strong> exames periódicos a cada 1 a 3 anos 20 (D).<br />

Acalasia esofagiana<br />

A prevalência <strong>de</strong> CCE <strong>de</strong> esôfago em pacientes <strong>com</strong> acalasia varia <strong>de</strong> 0,4 a 9,2%,<br />

sendo o risco <strong>de</strong> aparecimento do tumor neste grupo <strong>de</strong> 7 a 33 vezes maior que na<br />

população geral 51,52 (B) 53-55 (C).<br />

A explicação fisiopatológica para a ocorrência do câncer <strong>de</strong> esôfago na acalasia está<br />

na esofagite crônica secundária à estase prolongada e consequente supercrescimento<br />

bacteriano 54 (C). Estudo <strong>de</strong> Pajecki et al 55 (C) mostrou que os microrganismos<br />

Staphylococcus sp, Corynebacterium sp, Peptostreptococcus sp e Veillonella sp<br />

i<strong>de</strong>ntificados no líquido <strong>de</strong> estase são aqueles capazes <strong>de</strong> reduzir os nitritos ingeridos na<br />

dieta em nitratos. Estes, por sua vez, reagem <strong>com</strong> aminas e amidas também provenientes da<br />

dieta, e acumuladas no conteúdo <strong>de</strong> estase e levam à formação <strong>de</strong> <strong>com</strong>postos N-nitrosos <strong>de</strong><br />

ação mutagênica. A maior incidência <strong>de</strong> tumor em megaesôfagos mais dilatados justifica-se<br />

<strong>de</strong>ste modo, embora haja necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mais estudos para confirmar esta afirmação.


O câncer <strong>de</strong> esôfago é diagnosticado tardiamente nestes pacientes <strong>de</strong>vido à<br />

atribuição dos sintomas apenas à acalasia por longo período <strong>de</strong> tempo e, quando<br />

<strong>de</strong>scobertos, geralmente são irressecáveis 53,54 (C). A duração da sintomatologia da acalasia,<br />

antes da confirmação do tumor esofágico, é no mínimo <strong>de</strong> 15 anos, <strong>com</strong> média <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> ao<br />

diagnóstico entre 48 e 71 anos 55 (C).<br />

Ainda não há consenso quanto ao risco preciso da <strong>de</strong>generação maligna na acalasia<br />

esofagiana e qual seria o a<strong>com</strong>panhamento mais a<strong>de</strong>quado para estes pacientes.<br />

Meijssen et al 1 (B) a<strong>com</strong>panharam por 15 anos 195 pacientes <strong>com</strong> acalasia tratados<br />

através <strong>de</strong> dilatação endoscópica pneumática. Três pacientes(1.5%) <strong>de</strong>senvolveram CCE <strong>de</strong><br />

esôfago, <strong>com</strong> média <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 68 anos. O período entre o início da disfagia e o<br />

diagnóstico do tumor foi <strong>de</strong> 17 anos, enquanto que o tempo entre o diagnóstico da acalasia<br />

e do câncer esofágico foi <strong>de</strong> 5,7 anos. Sandler et al 52 (B), avaliando 1062 pacientes <strong>com</strong><br />

acalasia, mostraram que o câncer <strong>de</strong> esôfago ocorreu em 24 <strong>de</strong>les(2.3%), <strong>com</strong> média <strong>de</strong><br />

ida<strong>de</strong> ao diagnóstico <strong>de</strong> 71 anos. Embora tenha sido observado risco elevado <strong>de</strong> câncer<br />

esofágico neste grupo, os autores questionam se o seguimento endoscópico melhoraria<br />

sobrevida <strong>de</strong>stes pacientes.<br />

Streitz et al 53 (C) encontraram uma prevalência <strong>de</strong> câncer <strong>de</strong> esôfago em 241<br />

pacientes <strong>com</strong> acalasia <strong>de</strong> 3,7%, incidência <strong>de</strong> 88:100.000 indivíduos e risco <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolver o tumor 14,5 vezes maior que na população geral. Devido à baixa sobrevida<br />

pós-ressecção do tumor e ao diagnóstico tardio do mesmo nos pacientes <strong>com</strong> acalasia, o<br />

estudo re<strong>com</strong>enda seguimento endoscópico ou citológico neste grupo.<br />

Loviscek et al 54 (C), <strong>de</strong>ntre 76 pacientes <strong>com</strong> acalasia, realizaram cromoscopia <strong>com</strong><br />

<strong>lugol</strong> nos 18 casos que apresentavam megaesôfago e doença <strong>com</strong> mais <strong>de</strong> 10 anos <strong>de</strong><br />

evolução. Áreas iodo-negativas foram encontradas em 10 dos 18 pacientes, sendo que em 4<br />

<strong>de</strong>les observou-se carcinoma. Nos 58 pacientes restantes do grupo estudado, câncer<br />

esofágico foi <strong>de</strong>tectado em 3 casos, sendo dois <strong>de</strong>les em estágio avançado. A prevalência<br />

global <strong>de</strong> câncer <strong>de</strong> esôfago no estudo foi <strong>de</strong> 9,2% e, entre os casos <strong>de</strong> acalasia prolongada,<br />

foi <strong>de</strong> 18,9%. Os autores concluem que a acalasia <strong>com</strong> mais <strong>de</strong> 20 anos <strong>de</strong> evolução e<br />

megaesôfago <strong>com</strong> estase alimentar significativa <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>rados fatores <strong>de</strong> risco<br />

para <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> câncer esofágico e, neste grupo, o a<strong>com</strong>panhamento endoscópico<br />

<strong>com</strong> <strong>lugol</strong> ou citologia é justificado 54 (C). Portanto, <strong>com</strong> este nível <strong>de</strong> evidência científica,<br />

não se po<strong>de</strong> re<strong>com</strong>endar a cromoscopia <strong>de</strong> rotina neste pacientes.<br />

Yamamuro et al 56 (C) realizaram também cromoscopia <strong>com</strong> <strong>lugol</strong> em 64 pacientes<br />

<strong>com</strong> acalasia. A endoscopia convencional não evi<strong>de</strong>nciou lesões displásicas nesta série, no<br />

entanto, o uso do <strong>lugol</strong> permitiu <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> áreas iodo-claras em 11 dos 64 pacientes,<br />

sendo que em um <strong>de</strong>les o diagnóstico foi <strong>de</strong> neoplasia intra-epitelial. A cromoscopia <strong>com</strong><br />

<strong>lugol</strong> permitiu realização <strong>de</strong> biópsias dirigidas nas áreas iodo-claras e, segundo os autores,<br />

este procedimento foi útil para evi<strong>de</strong>nciar o câncer precoce <strong>de</strong> esôfago.<br />

Em 2006, Yamamuro et al 57 estudaram 20 peças <strong>de</strong> esofagectomia <strong>de</strong> pacientes <strong>com</strong><br />

acalasia e <strong>com</strong>pararam os achados macroscópicos da mucosa corada <strong>com</strong> <strong>lugol</strong> <strong>com</strong> as<br />

alterações histológicas encontradas nos espécimes. À macroscopia, sem <strong>lugol</strong>, foi<br />

observado irregularida<strong>de</strong> da mucosa em 19 dos 20 casos, sendo dois <strong>de</strong>les <strong>com</strong>patíveis<br />

<strong>com</strong> tumor avançado. Após uso do <strong>lugol</strong>, áreas iodo-negativas foram <strong>de</strong>tectadas em 5 das<br />

19 peças, macroscopicamente <strong>de</strong>finidas <strong>com</strong>o úlcera (1 caso), irregularida<strong>de</strong> superficial da<br />

mucosa (2 casos) e neoplasia (2 casos). À avaliação histológica, observaram-se uma caso


<strong>de</strong> úlcera, dois <strong>de</strong> câncer <strong>de</strong> células escamosas, 1 <strong>de</strong> epitélio <strong>de</strong> Barrett e outro <strong>de</strong> esofagite.<br />

A histologia do restante da mucosa corada das peças <strong>de</strong> esofagectomia revelou focos<br />

mínimos <strong>de</strong> neoplasia intra-epitelial em 4 casos. Os autores concluem que o exame<br />

macroscópico da mucosa esofágica <strong>com</strong> <strong>lugol</strong> falhou em i<strong>de</strong>ntificar focos diminutos <strong>de</strong><br />

câncer precoce. A mucosa corada não exclui risco <strong>de</strong> câncer <strong>de</strong> esôfago nos pacientes <strong>com</strong><br />

acalasia 57 (C). Segundo o gui<strong>de</strong>line da ASGE( American Society for Gastrointestinal<br />

Endoscopy) 65 (C) publicado em 2006, sobre conduta em lesões pré-neoplásicas do trato<br />

gastrointestinal, a vigilância endoscópica nos pacientes <strong>com</strong> acalasia é controversa e apesar<br />

<strong>de</strong> não haver <strong>de</strong>monstração evi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> benefício, vários autores re<strong>com</strong>endam endoscopia<br />

periódica após 15 anos <strong>de</strong> sintomas.<br />

Síndrome <strong>de</strong> Plummer-Vinson<br />

A Síndrome <strong>de</strong> Plummer-Vinson ou Paterson-Kelly é <strong>de</strong>finida pela tría<strong>de</strong> clássica<br />

<strong>de</strong> disfagia, anemia ferropriva e membrana esofagiana. A incidência e prevalência da<br />

síndrome ainda são pouco conhecidas, sendo extremamente rara nos dias atuais, mas o seu<br />

reconhecimento é importante porque i<strong>de</strong>ntifica um grupo <strong>de</strong> pacientes <strong>com</strong> risco elevado <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolver CCE <strong>de</strong> esôfago e <strong>de</strong> faringe 58 (D).<br />

A maioria dos pacientes é constituída por mulheres brancas <strong>com</strong> ida<strong>de</strong> entre a 4ª e 7ª<br />

décadas, apesar <strong>de</strong> já ter sido <strong>de</strong>scrita em crianças e adolescentes 58 (D).<br />

A disfagia é geralmente <strong>de</strong> leve intensida<strong>de</strong>, intermitente e insidiosa, limitada a<br />

sólidos e algumas vezes associada à perda <strong>de</strong> peso corporal. Sintomas atribuídos à anemia,<br />

<strong>com</strong>o fraqueza, mal estar, pali<strong>de</strong>z e taquicardia, po<strong>de</strong>m dominar o quadro clínico. Outros<br />

achados nestes pacientes são glossite, queilite angular e aumentos <strong>de</strong> fígado e tireói<strong>de</strong><br />

58 (D).<br />

A patogênese da doença é <strong>de</strong>sconhecida e o fator etiológico mais provável é a<br />

<strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> ferro, que levaria a perda <strong>de</strong> enzimas ferro-<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>vido ao turnover<br />

celular rápido, <strong>com</strong> <strong>de</strong>generação da mucosa e formação <strong>de</strong> membranas, embora outros<br />

estudos mostrem que esta <strong>de</strong>ficiência não é obrigatória na formação das membranas. Outros<br />

fatores etiológicos envolvidos são a <strong>de</strong>snutrição, predisposição genética ou processo autoimune<br />

58 (D).<br />

A síndrome é um fator <strong>de</strong> risco para CCE <strong>de</strong> esôfago em 3 a 15% dos pacientes, em<br />

geral nas mulheres entre 15 e 50 anos 59 (D). Seguimento endoscópico anual <strong>de</strong>ste grupo <strong>de</strong><br />

pacientes é sugerido por Hoffmann e Jaffe 60 (C), embora a eficácia <strong>de</strong>sta re<strong>com</strong>endação<br />

necessite <strong>de</strong> maiores estudos, inclusive para indicar uso rotineiro ou não <strong>de</strong> cromoscopia<br />

<strong>com</strong> <strong>lugol</strong> neste grupo.<br />

Mate e bebidas quentes<br />

O uso <strong>de</strong> mate ou chimarrão, uma infusão quente popular feita <strong>com</strong> folhas secas da<br />

erva Ilex paraguayensis, é um possível fator <strong>de</strong> risco para câncer do trato aerodigestivo na<br />

América do Sul, on<strong>de</strong> taxas elevadas <strong>de</strong> incidência são observadas, <strong>com</strong>o no sul do Brasil,<br />

Uruguai e nor<strong>de</strong>ste da Argentina. Este hábito é <strong>com</strong>um em áreas <strong>com</strong> maior incidência <strong>de</strong><br />

câncer esofágico e não é <strong>com</strong>um nas outras áreas <strong>com</strong> menor incidência 61-64 (B).


Há dois prováveis mecanismos etiopatogênicos envolvidos no aumento do risco <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolver câncer <strong>de</strong> esôfago em usuários <strong>de</strong> mate. O extrato da planta contém substâncias<br />

carcinogênicas ou promotoras intrínsecas, além <strong>de</strong> já terem sido i<strong>de</strong>ntificados <strong>de</strong>rivados<br />

fenatrênicos, incluindo o benzopireno, nas frações químicas do mate, que se mostraram<br />

mutagênicos. A outra hipótese é a ação da injúria térmica no esôfago, <strong>de</strong>corrente do<br />

consumo crônico <strong>de</strong> bebidas muito quentes, que potencializa a carcinogênese na mucosa<br />

esofágica, especialmente quando associada ao álcool e tabaco 61-64 (B). Um fator em que<br />

ainda não se observou um consenso na literatura é a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mate consumido, assim<br />

<strong>com</strong>o a já referida temperatura da infusão 62 (B).<br />

Jotz et al 64 (B) <strong>com</strong>pararam a histologia da mucosa aerodigestiva <strong>de</strong> 65 ratos que<br />

ingeriram mate em temperatura ambiente <strong>com</strong> um grupo controle e observaram alterações<br />

estatisticamente significativas nos exames anátomo-patológicos entre os grupos, indicando<br />

que o consumo <strong>de</strong> mate afeta o epitélio do trato aerodigestivo.<br />

Ronco et al 61 (B), em entrevista a 350 pacientes <strong>com</strong> diagnóstico <strong>de</strong> câncer <strong>de</strong><br />

esôfago, selecionaram 73 casos <strong>de</strong> pacientes consumidores <strong>de</strong> mate e que não eram etilistas<br />

ou tabagistas. Neste grupo <strong>de</strong> pacientes <strong>com</strong> câncer <strong>de</strong> esôfago, 50 casos eram <strong>de</strong><br />

carcinoma <strong>de</strong> células escamosas e diagnosticados através <strong>de</strong> exame endoscópico<br />

convencional.O mate foi um fator <strong>de</strong> risco in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte para câncer esofágico, pois se<br />

excluiu os possíveis fatores <strong>de</strong> confusão do consumo do álcool e tabaco.<br />

Castellsague et al 63 (B) <strong>com</strong>pararam 830 usuários <strong>de</strong> bebidas quentes, incluindo o<br />

mate (mais <strong>de</strong> 1 litro/dia), <strong>com</strong> 1779 casos controles e relataram risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver<br />

câncer <strong>de</strong> esôfago 2 a 7 vezes maior nos indivíduos que ingeriam mais <strong>de</strong> 1,5 litro/dia <strong>de</strong><br />

mate em temperatura elevada e 2 a 4 vezes maior naqueles que faziam uso <strong>de</strong> outras<br />

bebidas quentes, quando <strong>com</strong>parados ao grupo controle.<br />

Estudo <strong>de</strong> Barros et al 62 (B), através <strong>de</strong> entrevistas em uma amostragem <strong>de</strong><br />

população sob risco para CCE <strong>de</strong> esôfago, sem investigação endoscópica, pesquisaram os<br />

hábitos da ingestão da infusão <strong>de</strong> mate. A maioria dos indivíduos entrevistados bebia mate<br />

diariamente (97,2%), em consumo médio diário <strong>de</strong> 1265 ml e a temperatura média <strong>de</strong> 63,4<br />

°C. Foi possível evi<strong>de</strong>nciar no estudo que o mate é consumido em gran<strong>de</strong>s volumes e em<br />

alta temperatura, po<strong>de</strong>ndo este último fator estar contribuindo para a carcinogênese<br />

esofágica.<br />

Freitag et al 5 (B), avaliaram um grupo <strong>de</strong> 1160 pacientes do sul do Brasil <strong>com</strong> risco<br />

aumentado <strong>de</strong> CCE <strong>de</strong> esôfago através <strong>de</strong> citologia esfoliativa obtida <strong>com</strong> o uso <strong>de</strong> balão<br />

específico esofágico. Destes pacientes, 96 assintomáticos mas <strong>com</strong> achado <strong>de</strong> alterações<br />

citológicas(atipias) foram selecionados para endoscopia <strong>com</strong> cromoscopia <strong>com</strong> <strong>lugol</strong>. Os<br />

fatores <strong>de</strong> risco para neoplasia, sem quantificar, foram: ingesta <strong>de</strong> mate quente em<br />

87(90.6%) pacientes, tabagismo em 53(55.2%) e etilismo diário em 22(22.9%). Áreas<br />

iodo-negativas foram observadas em 64/96(66.7%) e <strong>com</strong> alto índice <strong>de</strong> diagnóstico <strong>de</strong><br />

displasia em 7/64(10.9%).Importante relatar que a endoscopia convencional prévia<br />

mostrava mucosa normal em 44 <strong>de</strong>stes 64 pacientes(69%). Nos mesmos 96 pacientes<br />

quando as biópsias foram realizadas em áreas homogeneamente coradas diagnosticou-se<br />

displasia em apenas 2.1%, <strong>com</strong> valor preditivo negativo <strong>de</strong> 98%. Os autores concluiram que<br />

a cromoscopia <strong>com</strong> <strong>lugol</strong> <strong>de</strong>veria ser consi<strong>de</strong>rada nestes pacientes <strong>de</strong> risco <strong>de</strong> CCE <strong>de</strong><br />

esôfago.


<strong>Cromoscopia</strong> <strong>com</strong> <strong>lugol</strong> na <strong>de</strong>tecção do câncer <strong>de</strong> esôfago<br />

Re<strong>com</strong>endações:<br />

1. A cromoscopia <strong>com</strong> <strong>lugol</strong> apresenta alta sensibilida<strong>de</strong> (77-100%) e alto valor<br />

preditivo negativo (95,8%) para i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> lesões displásicas e neoplásicas<br />

esofágicas(B, C).<br />

2. A técnica apresenta baixa especificida<strong>de</strong> (15-63%) <strong>de</strong>vido à alta prevalência <strong>de</strong><br />

lesões não neoplásicas que po<strong>de</strong>m também não apresentar coloração clássica ao<br />

<strong>lugol</strong>(áreas iodo-negativas) principalmente as erosões, ulcerações, epitélio <strong>de</strong><br />

regeneração, mucosa gástrica ectópica e epitélio <strong>de</strong> Barrett (B, C).<br />

3. No grupo <strong>de</strong> risco para o CCE <strong>de</strong> esôfago constituido pelos pacientes portadores <strong>de</strong><br />

tumores primários malignos da região <strong>de</strong> cabeça e pescoço, o seguimento<br />

endoscópico <strong>com</strong> cromoscopia <strong>com</strong> <strong>lugol</strong>, apesar <strong>de</strong> controverso em função <strong>de</strong><br />

pouca evidência do benefício em especial na sobrevida, é re<strong>com</strong>endado por vários<br />

autores em função <strong>de</strong>:<br />

• Incidência elevada <strong>de</strong> segunda neoplasia maligna sincrônica e/ou<br />

metacrônica nestes pacientes, em especial <strong>de</strong> câncer <strong>de</strong> esôfago (2,5-<br />

13,9%) (B, C);<br />

• Acurácia no diagnóstico do câncer precoce e displasia (B, C)<br />

possibilitando tratamento mais precoce das lesões e <strong>com</strong> melhora do<br />

prognóstico.<br />

4. Nos outros grupos <strong>de</strong> risco:etilistas-tabagistas, tilose, esofagite cáustica, síndrome<br />

<strong>de</strong> Plummer-Vinson, acalasia esofagiana e usuários <strong>de</strong> chá mate, não há evidência<br />

científica que fundamente o uso rotineiro da cromocopia <strong>com</strong> <strong>lugol</strong> para <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong><br />

câncer precoce <strong>de</strong> esôfago(CCE) <strong>de</strong>vido à ausência na literatura <strong>de</strong> estudos<br />

consistentes <strong>com</strong> número significativo <strong>de</strong> casos estudados (B, C).<br />

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