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1 Cleide Tavares de Oliveira Araripe UNISO (Universidade de ...

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<strong>Clei<strong>de</strong></strong> <strong>Tavares</strong> <strong>de</strong> <strong>Oliveira</strong> <strong>Araripe</strong><br />

<strong>UNISO</strong> (Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Sorocaba – Sorocaba/SP)<br />

HÁBITOS DE LEITURA EM ESTUDANTES DE GRADUAÇÃO<br />

Resumo<br />

Este trabalho apresenta os resultados <strong>de</strong> uma pesquisa realizada com graduandos <strong>de</strong><br />

uma instituição particular <strong>de</strong> ensino superior, na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Roque/SP, na qual os<br />

alunos apontaram seus hábitos e motivações para a leitura. A análise dos dados<br />

buscou refletir uma formação continuada para leitura, assim como, formas <strong>de</strong> lidar<br />

cotidianamente com a leitura, a fim <strong>de</strong> que a ação <strong>de</strong> ler possa representar um convite<br />

ao estudante na graduação.<br />

Palavras-chave: ensino superior, leitura, escrita.<br />

Esta pesquisa surgiu quando, no segundo semestre <strong>de</strong> 2004, apresentamos<br />

resultados <strong>de</strong> trabalhos realizados, na disciplina Seminários Avançados, no curso <strong>de</strong><br />

graduação em Pedagogia (Gestão Escolar), numa Instituição particular <strong>de</strong> ensino<br />

superior, na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Roque/SP. Fora solicitado, pela professora da matéria,<br />

resultados <strong>de</strong> pesquisas da relação com a leitura, em alunos da educação infantil, do<br />

ensino fundamental, do ensino médio e na educação <strong>de</strong> jovens e adultos. A dimensão<br />

do trabalho pautava nas palavras <strong>de</strong> FREIRE (2003): “a leitura do mundo prece<strong>de</strong> a<br />

leitura da palavra, daí que a posterior leitura <strong>de</strong>sta não possa prescindir da continuida<strong>de</strong><br />

da mesma”. (FREIRE, 2003: 11).<br />

Enquanto nossa atenção está exclusivamente voltada para o apren<strong>de</strong>r a ler e<br />

escrever, em razão da gran<strong>de</strong> maioria que compõe a turma <strong>de</strong> graduandos em<br />

Pedagogia, ser formada por professores da educação básica, inquietou-me, na ocasião,<br />

o fato da solicitação da professora não contemplar os hábitos <strong>de</strong> leituras em estudantes<br />

da graduação, consi<strong>de</strong>rando que fazia parte do ambiente <strong>de</strong>sses estudantes.<br />

Silva (2002) é enfático ao ressaltar que “A inquietação gera a dúvida; a dúvida<br />

pe<strong>de</strong> resposta; a resposta gera a reflexão” (SILVA, 2002: 50).<br />

Com esse pressuposto, procurou-se a aproximação dos graduandos que<br />

pu<strong>de</strong>ssem oferecer sua contribuição, tendo como base diferentes formações<br />

acadêmicas.<br />

1


A pesquisa teve como o objetivo geral: Verificar os hábitos que o estudante da<br />

graduação possui com a leitura. Alguns objetivos específicos também foram<br />

estabelecidos: I<strong>de</strong>ntificar a formação básica dos graduandos; i<strong>de</strong>ntificar fatores que<br />

incentivam a leitura; i<strong>de</strong>ntificar fatores que contribuem para o (<strong>de</strong>s) estímulo à leitura.<br />

Diante da aparente crise <strong>de</strong> leitura na instituição <strong>de</strong> ensino superior pesquisada,<br />

buscamos a certificação <strong>de</strong> que<br />

A falta <strong>de</strong> pesquisas sobre leitura é contrabalançada pela ausência <strong>de</strong><br />

bibliotecas escolares <strong>de</strong>vidamente equipadas, isto é, com local<br />

apropriado, bibliotecário formado e atualização do acervo. O<br />

<strong>de</strong>senvolvimento do chamado “hábito <strong>de</strong> leitura” muitas vezes fica no<br />

nível do i<strong>de</strong>alismo pela falta <strong>de</strong> livros e profissionais que atendam aos<br />

leitores. Por outro lado, <strong>de</strong> pouco valem as pesquisas sobre os interesses<br />

<strong>de</strong> leitura nas diversas séries, quando não se sabe que esses interesses<br />

não serão alimentados através <strong>de</strong> obras diversificadas e <strong>de</strong> fácil acesso.<br />

(SILVA, 2002:49)<br />

Na função exclusiva <strong>de</strong> investigar, levantar informações e analisar dados, esta<br />

pesquisa contou com o tipo <strong>de</strong> pesquisa <strong>de</strong>scritiva bibliográfica, conforme Santos, Rossi<br />

e Jardilino (2000).<br />

A abordagem foi efetuada por meio <strong>de</strong> estudo <strong>de</strong> caso. A coleta <strong>de</strong> dados foi<br />

efetuada pelo instrumento <strong>de</strong> questionário semi-estruturado e os dados foram<br />

analisados através do método <strong>de</strong> análise <strong>de</strong> conteúdo.<br />

Participaram <strong>de</strong>ste estudo setenta e oito graduandos, que correspon<strong>de</strong>m a 10%<br />

do total <strong>de</strong> alunos matriculados na instituição particular <strong>de</strong> ensino superior.<br />

Voluntariamente, os estudantes que respon<strong>de</strong>ram ao questionário estão assim<br />

distribuídos nos cursos: Administração <strong>de</strong> Empresas 23,0%; Ciências Contábeis 19,2%;<br />

Pedagogia 26,9% e Tecnologia <strong>de</strong> Sistemas <strong>de</strong> Informação 30,9%.<br />

Na caracterização da amostra contamos com 49% do sexo masculino e com<br />

51% do sexo feminino. As ida<strong>de</strong>s dos graduandos distribuem-se nas escalas: <strong>de</strong> 18 a<br />

19 anos com 9,0%; <strong>de</strong> 20 a 29 anos com 45,0%; <strong>de</strong> 30 a 39 anos com 29,0% e <strong>de</strong> 40 a<br />

49 anos com 17,0%. A formação básica (da Educação Infantil ao Ensino Médio) dos<br />

graduandos pesquisados <strong>de</strong>u-se da seguinte maneira: 79% sempre estudou em escola<br />

públicas e 21% estudou mais da meta<strong>de</strong> do tempo em escola pública.<br />

O procedimento utilizado na pesquisa compôs-se <strong>de</strong> diferentes etapas. Na<br />

primeira etapa realizou-se a elaboração do questionário e solicitação <strong>de</strong> autorização<br />

aos coor<strong>de</strong>nadores dos cursos oferecidos pela instituição particular <strong>de</strong> ensino, para<br />

aplicação dos mesmos. Na segunda etapa, no mês <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2005, efetuou-se a<br />

aplicação dos questionários. A partir das respostas obtidas, na terceira etapa, efetuouse<br />

a análise estatística da caracterização da amostra e na quarta etapa e última etapa,<br />

2


ealizou-se a interpretação do conteúdo das categorias, buscando-se uma<br />

compreensão das respostas manifestas pelos pesquisados.<br />

Com essa pesquisa realizada com 78 estudantes <strong>de</strong> graduação, chegamos a<br />

alguns resultados relevantes para compreen<strong>de</strong>r as relações entre graduandos/leitura.<br />

Dos pesquisados, 7,7% respon<strong>de</strong>ram que não lêem nenhum livro por ano. Nas <strong>de</strong>mais<br />

respostas referentes à quantida<strong>de</strong> média <strong>de</strong> livros lidos por ano, encontram: 1 livro<br />

para 18,0%, 2 livros para 34,6%, 3 livros para 14,1%, 4 livros para 5,1%, 5 livros para<br />

7,7%, 6 livros para 7,7%, 10 livros para 1,3% e 12 livros para 3;8% das respostas.<br />

Seguem a este resultado outras características referentes aos hábitos <strong>de</strong> leitura<br />

dos pesquisados. Informamos as respostas do tipo <strong>de</strong> leitura favorita, ressaltando que<br />

alguns entrevistados assinalaram mais <strong>de</strong> uma opção: leitura <strong>de</strong> jornal com 89,7%,<br />

revistas técnicas com 30,8%, revistas <strong>de</strong> notícias com 52,7%, livros técnicos com<br />

28,0%, literatura estrangeira com 18,0% e literatura brasileira com 25,6% das<br />

preferências.<br />

No que se refere à procedência dos livros lidos, os resultados para as opções<br />

apresentadas, foram <strong>de</strong>: 30,3% para principalmente compra, 51,5% para principalmente<br />

empréstimo da biblioteca, 15,2% para principalmente empréstimo <strong>de</strong> amigos/familiares,<br />

3,0% para principalmente xerocópia.<br />

Para a pergunta <strong>de</strong> qual livro o estudante está lendo no momento, encontramos:<br />

nenhum livro para 35,9%, livros referentes à área <strong>de</strong> formação para 24,4% e temas<br />

diversos para 39,7% nas respostas dos pesquisados.<br />

Ao serem questionados sobre o que eles consi<strong>de</strong>ram como principal incentivo à<br />

leitura, a análise dos dados fez imergir algumas categorias explicitadas pelos<br />

entrevistados: adquirir conhecimento parece ser a preocupação principal dos<br />

entrevistados (51,5%). Obtivemos respostas como: “atualização profissional”, “apren<strong>de</strong>r<br />

mais”, “aumentar a cultura”, “aprofundamento dos conteúdos abordados nas aulas”,<br />

“envolver-se com os temas estudados”, “melhor informado tecnicamente e<br />

culturalmente”, “aprendizagem para evolução profissional, pessoal e financeira”,<br />

“apren<strong>de</strong>r a ler e escrever corretamente”.<br />

Tais respostas levaram-nos a reflexão “Apren<strong>de</strong>r é a maior prova da<br />

maleabilida<strong>de</strong> do ser humano, porque, mais que se adaptar à realida<strong>de</strong>, passa a nela<br />

intervir”. (DEMO, 2002:47).<br />

Outra categoria que <strong>de</strong>stacamos é o incentivo à leitura <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a infância (15,2%):<br />

“minha família foi a maior incentivadora”, “sempre tive contato com os livros, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a<br />

minha infância”.<br />

Contrapondo-se a esse quadro, há estudantes que consi<strong>de</strong>ram como incentivo à<br />

leitura, quando o assunto for <strong>de</strong> interesse (9,1): obtivemos respostas como “só leio se o<br />

assunto for do meu interesse”, ou ainda, “se a obra for da minha área <strong>de</strong> interesse”.<br />

3


Mesmo havendo estudantes que concebem a leitura como prazerosa, que lhes<br />

permite viver situações imaginárias ou <strong>de</strong> <strong>de</strong>scanso, convém levar em conta que se<br />

trata <strong>de</strong> um número reduzido - apenas 6,1%.<br />

A pesquisa revelou que a leitura traz também outros significados para os<br />

estudantes (18,1%). Como fontes incentivadoras foram apontadas: “livros bem<br />

estruturados”, “a divulgação”, “aumentar a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> leitura”, “a exigência da<br />

faculda<strong>de</strong>”, “o próprio hábito <strong>de</strong> ler” e “livros <strong>de</strong> fácil compreensão”.<br />

Em relação ao questionamento sobre o que eles consi<strong>de</strong>ram como maior<br />

<strong>de</strong>sestímulo à leitura, os problemas apontados foram: o preço dos livros (33,3%).<br />

Destacamos alguns relatos: “o alto custo dos livros”, “os livros não são acessíveis para<br />

a minha realida<strong>de</strong>”, falta <strong>de</strong> tempo (12,1%), livros técnicos <strong>de</strong> difícil compreensão<br />

(15,2%), assuntos que não são <strong>de</strong> interesse (15,1%), quando não houve incentivo na<br />

família (6,1%), a competição com os computadores (9,1%) e ainda, a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

textos para leitura que a graduação impõe (3,1%): “são tantos textos, <strong>de</strong> todas as<br />

matérias, que não tenho condições <strong>de</strong> ler o que gosto”, a falta <strong>de</strong> propaganda e<br />

anúncios <strong>de</strong> livros (3,0%), falta <strong>de</strong> lugar a<strong>de</strong>quado para ler (3,0%): “o barulho me<br />

atrapalha”, não tenho local tranqüilo para leituras “.<br />

Nas respostas dos graduandos, apenas dois motivos para <strong>de</strong>sestímulo à leitura,<br />

referem-se aos professores, porém, enten<strong>de</strong>mos ser <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância a reflexão<br />

<strong>de</strong> que<br />

O que se reserva aos professores <strong>de</strong> hoje, a partir inclusive <strong>de</strong> sua<br />

formação profissional, é a divulgação <strong>de</strong> livros, a <strong>de</strong>cifração <strong>de</strong><br />

significados, a intermediação e o patrocínio do consumo <strong>de</strong> textos<br />

impressos. E só muito inci<strong>de</strong>ntalmente, e como que por acréscimo, a<br />

iniciação <strong>de</strong> jovens na leitura, talvez porque, em nossa tradição cultural, a<br />

leitura, como prática coletiva, só existia muito esgarçadamente. (LAJOLO,<br />

2004:105).<br />

Os resultados obtidos remetem-nos a constatação <strong>de</strong> que, a amostra<br />

pesquisada, não é constituída <strong>de</strong> leitores assíduos e concordamos com a afirmação<br />

Se o estudante apren<strong>de</strong> a mobilizar-se no universo da leitura, a leitura<br />

passará a mover-se por si mesma, ou seja, uma leitura levará à outra e,<br />

<strong>de</strong>ssa forma, o aluno-leitor se retroalimentará <strong>de</strong> múltiplas leituras,<br />

inclusive a acadêmica. Acreditamos que o estudante, tendo a<br />

oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cultivar a leitura amplamente, lerá não apenas como<br />

quem lê para trabalhos e provas a serem cumpridos, mas como quem<br />

percebe a possibilida<strong>de</strong> do diálogo com os textos, tratando-os como<br />

4


partícipes do construir do conhecimento <strong>de</strong> si próprio e do mundo.<br />

(REZENDE, 2005: 8).<br />

A relação entre leitura e estudantes <strong>de</strong> graduação permanece à espera <strong>de</strong> uma<br />

pesquisa mais abrangente. Assim como a relação entre leitura e a instituição <strong>de</strong> ensino<br />

precisa ser discutida e tratada como fato da maior importância do ser humano integral.<br />

Afinal, como po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>finir um leitor? No anseio <strong>de</strong> encontrar respostas para uma<br />

educação abrangente e formadora <strong>de</strong> leitores críticos, encerramos com a afirmação <strong>de</strong><br />

que...<br />

(...) leitores são simplesmente pessoas que sabem usufruir os diferentes<br />

tipos <strong>de</strong> livros, as diferentes “literaturas” – científicas, artísticas, didáticoinformativas,<br />

religiosas, técnicas, entre outras. Conseguem, portanto,<br />

diferenciar uma obra literária e artística <strong>de</strong> um texto científico; ou uma<br />

obra filosófica <strong>de</strong> uma informativa. Leitores po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>scritos como<br />

pessoas aptas a utilizar textos em benefício próprio seja por motivação<br />

estética, seja para receber informações, seja como instrumento para<br />

ampliar sua visão <strong>de</strong> mundo seja por motivos religiosos, seja por puro e<br />

simples entretenimento. (AZEVEDO, 2004: 38).<br />

Que todas as fontes <strong>de</strong> conhecimento convertam-se em significados para<br />

aqueles que as lêem!<br />

REFERÊNCIAS<br />

AZEVEDO, Ricardo. Formação <strong>de</strong> leitores e razões para a literatura. In: SOUZA,<br />

Renata J. (Org.). Caminhos para a formação do leitor. São Paulo: DCL, 2004.<br />

DEMO, Pedro. Saber pensar. São Paulo: Cortez: Instituto Paulo Freire, 2002.<br />

FREIRE, Paulo. A importância do ato <strong>de</strong> ler. São Paulo: Cortez, 2003.<br />

LAJOLO, Marisa. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. São Paulo: Ática,<br />

2004.<br />

REZENDE, Lucinea A. Leitura na graduação: para apalpar as intimida<strong>de</strong>s do mundo. In:<br />

REZENDE, Lucinea A. (Org.). Leitura e visão <strong>de</strong> mundo: peças <strong>de</strong> um quebra-cabeça.<br />

Londrina: Atrito Art Editorial, 2005<br />

SANTOS, G.T. dos, ROSSI, G., JARDILINO, J.R.L. Orientações Metodológicas para<br />

elaboração <strong>de</strong> trabalhos acadêmicos. São Paulo: Gion Editora e Publicida<strong>de</strong>, 2000,<br />

2ª edição.<br />

5


SILVA, Ezequiel T. da. O ato <strong>de</strong> ler: fundamentos psicológicos para uma nova<br />

pedagogia da leitura. São Paulo: Cortez, 2002.<br />

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